La Rioja – A arquitectura do vinho

As obras de arquitectura, quase sempre vanguardista, criadas por famosos arquitectos reconhecidos mundialmente, estão a tornar-se um elemento preponderante na paisagem espanhola de La Rioja, uma região com nome de vinho.

TEXTO E FOTOS Luís Ramos

As novas bodegas de Rioja têm vindo a apostar numa arquitectura diferenciadora, seja por razões directamente relacionadas com práticas sustentáveis de produção do vinho, seja pelas suas estruturas adjacentes nas áreas da cultura e do turismo, como hotéis, restaurantes ou museus. Naturalmente que o marketing, só por si, é uma razão suficientemente forte para a entrega de projectos a afamados arquitectos como Frank Gehry, Zaha Hadid ou Santiago Calatrava. A realidade é que as peças de arquitectura contemporânea têm vindo, progressivamente, a tomar conta da paisagem riojiana, com as chamadas bodegas de autor. O negócio do vinho deixou, há muito, de se resumir à simples venda da bebida que se julga ter começado a ser produzida no Cáucaso, há cerca de 8000 anos, e que rapidamente se espalhou por todo o mundo. A quantidade de visitantes, tanto nacionais como estrangeiros, que qualquer uma destas estruturas recebe diariamente impressiona e remete-nos para uma significativa fonte de receitas para além do negócio central que é, naturalmente, a produção de vinho de elevada qualidade. Naturalmente que, sem ela, qualquer um destes projectos não terá viabilidade económica nem futuro traçado no horizonte. O grandioso projecto arquitectónico e empresarial das Bodegas Darien, entretanto falido, é disso um exemplo a reter.

La Rioja

La Rioja é um território com cerca de 100km de comprimento, um grande vale protegido pelas serras de Cantábria a norte e da Demanda a sul, que se estende ao longo do rio Ebro, com uma enorme aptidão para o cultivo da vinha. Trata-se de uma zona de microclimas, condicionada pela orografia que determina a predominância dos ventos e que faz combinar o clima atlântico, graças à vizinhança cantábrica, com o mediterrânico, próprio da zona do vale do Ebro. A isto junta-se a variedade da composição dos terrenos argilo-calcários na zona alta e argilo-ferrosos e aluviais junto aos rios, dando assim origem a um terroir bastante diversificado, que constitui a grande riqueza da região. De certa forma poderá dizer-se que o Rioja beneficiou, no séc. XIX, do aparecimento da filoxera, a praga que devastou progressivamente a vinha em toda a Europa. Com efeito, ela aparece em França logo no início dos anos 1860, mas só chega a Espanha em 1878 (em Portugal, a partir de 1872). Confrontados com a quebra de produção vinícola no seu país, os negociantes de vinho franceses mudam-se para La Rioja e começam a implementar os seus métodos de produção tecnologicamente mais evoluídos, dando origem a um enorme incremento na produção vinícola na região.

Adegas de autor

Nas adegas de autor combina-se a produção com o enoturismo, ou seja, a visita às instalações, a degustação e a venda do vinho ao público
e, por vezes, também a hotelaria, a restauração, os cursos de provas e os museus temáticos. Geralmente localizadas junto às próprias vinhas, as adegas são quase sempre subterrâneas, preservando a paisagem numa área que poderá ser ocupada por vinha. Esta opção arquitectónica permite ainda
aproveitar a gravidade enquanto parte do processo produtivo, sem necessidade de recorrer à utilização de bombas contribuindo, assim, para uma prática sustentável na elaboração do vinho e para uma maior integridade da uva à chegada às cubas de fermentação. Igualmente importante é a possibilidade de assim se conseguirem ao longo do ano, naturalmente, condições equilibradas de humidade e temperatura, decisivas para uma perfeita evolução do vinho em estágio. Os Rioja, comercializados como Crianza ou Reserva, têm obrigatoriamente um estágio em barricas bordalesas, com capacidade de 225 litros, em carvalho francês, a maior parte, e em carvalho americano 20% a 25%, variando conforme o produtor. Os Rioja são sobretudo tintos (85%) e a casta dominante é a Tempranillo – que, em Portugal, toma o nome de Tinta Roriz, no Douro; e Aragonês, no Alentejo. Poderão ainda encontrar-se na composição destes vinhos outras castas autóctones, como Graciano, Garnacha, Mazuelo ou Maturana tinta. Em viagem recente a La Rioja visitámos seis adegas de média/média-grande produção, que julgamos ilustrativas das várias tendências levadas a cabo na região, resultando todas, embora de forma diferenciada, em projectos de sucesso.

Bodega Marqués de Térran

A Bodega Marqués de Terán, em Ollauri, do arquitecto riojiano Javier Arizcuren, projecto pioneiro a nível mundial baseado na geotermia, consegue uma magnífica simbiose entre a área construída e a morfologia do terreno, resultando num projecto muito harmonioso de integração na paisagem. Na realidade, ela só é totalmente visível do ar, já que 80% da sua área foi implantada num espaço escavado numa colina vizinha da aldeia de Ollauri. A sua arquitectura modernista, com a área envidraçada de recepção da uva na zona mais elevada e uma magnífica vista sobre a povoação e a vinha circundante, faz-nos adivinhar a utilização de novas tecnologias na elaboração dos seus crianzas e reservas. Foi a primeira adega, em todo o mundo, considerada eco-friendly por usar a energia geotérmica no processo de elaboração do vinho. Esta tecnologia, que se serve da temperatura do interior
da crosta terrestre, tem a capacidade de gerar calor no Inverno e frio no Verão, permitindo controlar a temperatura dos depósitos de fermentação
e a temperatura e humidade das caves onde são envelhecidos os vinhos, em barris e, posteriormente, engarrafados. Consegue-se, assim, uma redução de 80% no consumo de energia eléctrica e de emissões de CO2 para a atmosfera. Também na adega, olhando para dentro das cubas de fermentação em inox – que na altura da nossa visita estavam vazias – pudemos observar que estão equipadas com um sistema inovador de pisa da uva. São uma espécie de pás que, ao moverem-se, originam o esmagamento suave e uniforme da massa, evitando também, desta forma, o recurso a bombas para a remontagem.

 

Bodega López de Heredia – Viña Tondonia

A surpreendente estrutura criada pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid – falecida em 2016 – colocada estrategicamente à entrada da Bodega López de Heredia Viña Tondonia serve de sala de visitas, sala de provas e loja da mais antiga adega da cidade de Haro. É, antes de tudo, uma sensual peça de design, mas também uma primorosa obra de arquitectura contemporânea, representando um enorme decanter. A peça revela toda a sua beleza quando a luz ténue do fim de tarde deixa sobressair a sua própria iluminação. Aí surge, em todo o seu esplendor, não só a forma exterior como também o seu interior, que aparece realçado, albergando uma jóia que se destaca no espaço e nos transporta para outro tempo, num sublime diálogo com a modernidade da sua envolvente. A jóia é o stand em madeira que Rafael Lopez de Heredia, com a colaboração do arquitecto J. Cabrera y Latorre, concebeu para apresentação dos seus vinhos na Exposição Universal de Bruxelas, em 1910.
Para comemorar o 125º aniversário de Viña Tondónia, os herdeiros de D. Rafael decidiram mandar restaurar o antigo stand, para ser exibido na Feira Alimentária de Barcelona, mas depararam-se com o problema de a peça ter de ser exposta ao ar livre, o que não era minimamente conveniente. Foi então que pensaram que a solução passaria por criar uma estrutura que a pudesse acolher no seu interior. Zaha Hadid foi escolhida pela família para a projectar. Admirada pela espectacularidade e plasticidade das suas obras, a arquitecta foi convida¬da a criar algo escultórico que serviria mais tarde de base a uma estrutura fixa, a instalar junto à entrada da adega, num inovador edifício entretanto criado pela própria Zaha Hadid.
Mais tarde, ao descer à adega, escavada na rocha e separada da vinha pelo rio Ebro, temos a sensação de ter retrocedido no tempo. Os carris continuam assentes no chão do labirinto de túneis que chegam a ter 200 metros de comprimento. Foram aí colocados pelos mineiros para poderem deslocar as vagonetas carregadas com a pedra extraída a 10 metros de profundidade. Hoje servem de guias para fazer rolar as bar¬ricas bordalesas ao longo da adega subterrânea de quase 3500m2, embora já não as façam chegar à estação de caminho-de-ferro contígua, entretanto desactivada, poronde era escoado o vinho produzido na adega.

 

Bodega y Fundación Vivanco

Temos a sensação de estar a chegar a um enorme parque temático quando, já na Rioja Alta, deixamos Briones à nossa esquerda e entramos na alameda ladeada de ciprestes que dá acesso aos estacionamentos e à majestosa entra¬da da Bodega y Fundación Vivanco. Trata-se de um projecto monumental de estilo neoclássico, da autoria do arquitecto Jesús Marino Pascual, que alberga o fabuloso Museo de la Cultura del Vino – já considerado pela UNESCO o melhor museu do vinho, do mundo –, a adega e o restaurante. Este museu temático é uma referência em pintura, escultura e arqueologia. Descreve a história do vinho desde a sua descoberta, hipoteticamente acidental, até ao actual controlo laboratorial nas adegas, mostra prensas usadas ao longo de séculos, a maior colecção de saca-rolhas que é conhecida (mais de seis mil) e, no exterior, uma vinha com um conjunto de mais de 200 castas de todo o mundo.
A dinastia Vivanco vai agora na sua quarta geração de pessoas dedicadas de corpo e alma ao vinho, como gostam de realçar. Os seus representantes actuais são os irmãos Rafael, enólogo, formado em Bordéus que trata da produção do vinho; e Santiago, poeta, coleccionador e responsável pela fundação e pelo museu.
Para entender o espírito da família Vivanco e do legado que pretendem deixar à humanidade, são reveladoras algumas frases extraídas de uma recente entrevista a Santiago Vivanco: “Para mim o vinho sempre tinha sido muito mais do que aromas, sabores e texturas. Muito mais do que as vinhas e os terrenos onde o meu avô e o meu pai me levavam. Interessava-me o lado humano que havia por trás do vinho e dos 8000 anos de história que tinha partilhado com o Homem” […] “Sentimo-nos agradecidos ao vinho porque ele nos dá de comer e porque há uma cultura em volta do vinho fascinante. O nosso trabalho é dá-la a conhecer.”
Já Rafael Vivanco admite seguir as pegadas do avô Santiago, reflectindo o seu espírito vitivinícola pioneiro. Faz da investigação e experimentação – tanto dos métodos de cultivo, como do processamento, utilizando castas minoritárias, ou optando pela escolha de diferentes origens da madeira de carvalho para a construção das barricas bordalesas – as ferramentas para criar a personalidade dos seus vinhos.

 

Ciudad del Vino Marqués de Riscal

A Bodega e Hotel Marqués de Riscal, em Elciego, é o exemplo maior de um projecto adjacente – o hotel e restaurante da autoria do arquitecto canadiano Frank Gehry (autor, entre outros, do famoso Museu Guggenheim de Bilbao) – que veio dar uma enorme visibilidade às adegas.
A unidade hoteleira, bem implantada entre a vinha, as bodegas já existentes (propriedade da família desde o século XIX) e a povoação medieval de Elciego, colocou o maior dos produtores que visitámos – seis milhões de garrafas por ano – nos lugares de liderança do enoturismo mundial. O conjunto tem agora o nome pomposo de La Ciudad del Vino, mas vive essencialmente da fama do arrojado edifício projectado pelo genial Gehry.
Ao visitá-lo sentimos a importância que tem o projecto arquitectónico de Gehry na atracção de um número extraordinário de turistas nacionais e estrangeiros. Poderíamos dizer que aqui se invertem os papéis, passando aquilo que normalmente seria adjacente, a parte hoteleira, a ser a estrela da companhia, embora, naturalmente, sustentada por uma produção vinícola de qualidade, mas massificada.
A Ciudad del Vino, segundo os seus promotores, pretende ser o château espanhol do século XXI. Tenta harmonizar a nível estético e servir de ponte, a nível de conceito, entre as antigas instalações e as mais recentes. As previamente existentes, da autoria do arquitecto Ricardo Bellsola, datadas de 1858, integram uma famosa garrafeira, com exemplares desde a primeira colheita, datada de 1862. Foram completadas por uma nova unidade, permitin¬do a utilização de tecnologias mais avançadas, capazes de garantir a qualidade e uniformidade dos seus vinhos.
O edifício de Gehry compreende um hotel de luxo, um restaurante – com duas estrelas Michelin – e um bistrô, entregues ao mais famoso chef riojiano, Francis Paniego; uma enoteca, um centro de conferências e um SPA (Salute per Aquam) de vinoterapia, que mais adequadamente se deveria chamar SPV (Salute per Vinum).
Com as suas formas características a construção, coberta por chapas de titânio, baseia-se nas três cores que o arquitecto atribui à Marqués de Riscal: o rosa avermelhado do vinho tinto, o dourado da malha característica que envolve as garrafas da marca e o prateado das suas cápsulas.
Conta-se que o repto lançado pelos herdeiros da casa a Frank Gehry para desenvolvimento do projecto de arquitectura terá sido feito perante uma garrafa especialmente aberta para o momento, de Marqués de Riscal de 1929, o seu ano de nascimento. Consta que o gesto terá deixado o arquitecto sem argumentos para refutar o convite.

 

Bodega Viña Real

A marca Viña Real deve o nome à proximidade das suas vinhas com o antigo Camino Real. Da actual estrada apenas é visível a parte superior de uma construção circular em madeira de cedro escuro, da cor do vinho, em forma de tonel com 30.000m2, implantado numa encosta do Cerro de la Mesa, a cerca de 5km da cidade de Logroño, capital de La Rioja.
É, entre todos os projectos que visitámos, aquele em que o brilhantismo arquitectónico do seu autor, o francês Philippe Maziéres, melhor conseguiu reunir as componentes de harmonia estética, integração no meio ambiente e funcionalidade. O facto de as instalações se situarem a meio da encosta permitiu que fossem escavados na rocha dois túneis gémeos, cada um com capacidade para cinco milhões de garrafas ou 14.000 barris, criando assim as condições de humidade e temperatura ideais para uma boa evolução destes vinhos.
É um projecto que, de uma forma ambientalmente sustentada, servindo-se de equipamento inovador e tecnologia de ponta, visa manter ao longo de todo o processo de produção a elevada qualidade da uva quando vindimada, moldando-a através dos métodos de vinificação e envelhecimento em madeira.
Aqui, a arquitectura serve a actividade – (quase) tudo é feito utilizando a força da gravidade. O edifício, em forma de tonel, com vários andares, alberga a sala de fermentação e constitui o coração da adega. Após a recepção e seu desengaçamento, a uva é depositada nuns grandes depósitos móveis de forma cónica em inox que, por graça, aqui lhes chamam OVI (Objectos Volantes Identificados). O enorme edifício, que constitui a nave de vinificação, com a sua forma redonda permite que uma grua central erga os OVI e os manobre circular e longitudinalmente até os colocar sobre as bocas das cubas de fermentação, também em inox, para que seja feita a transferência da massa. Após a fermentação alcoólica, o vinho é transferido para depósitos de cimento ou para barricas. Como se percebe, todas as fases do processo, até à chegada do vinho às barricas bordalesas, são realizadas utilizando a gravidade, sendo apenas a inicial deslocação dos OVI feita mecanicamente, pela referida grua.

 

Bodega Ísyos

A primeira bodega de autor construída na região, em plena Rioja Alavesa, é visível de muito longe, como se de uma enorme escultura se tratasse. O edifício, de forma alongada, projectado pelo arquitecto valenciano Santiago Calatrava, tem uma impressionante fachada de 196 metros de comprimento, integralmente revestida a madeira de cedro e rematada por uma reluzente cobertura ondulante, em alumínio.
Assim como houve o propósito de prestar uma homenagem aos deuses egípcios relacionados com o mundo do vinho, Isis e Osíris, criando o nome Ísyos, também a arquitectura presta uma homenagem ao vinho na sua fachada em madeira, como os barris, e na cobertura de forma ondulante, como a linha que se pode imaginar delineada ao longo das bases ou dos topos das barricas quando, vistas de frente, se encontram deitadas e alinhadas lado a lado na adega.
A primorosa implantação da Bodega Ísyos, tendo como fundo a serra de Cantábria e de frente para a colina onde se encontra a belíssima povoação medieval de La Guardia, em plena Rioja Alavesa, faz com que, ainda distantes, tenhamos de nos deter na estrada para a admirarmos.
No edifício, de um dos lados no piso superior, é feita a recepção da uva que depois entra para a adega, obrigando a um procedimento em que, certamente, a arquitectura poderia ter dado um melhor contributo para agilizar o processo produtivo. A partir daqui já o trajecto que o produto percorre até à expedição, na outra extremidade do edifício, é feito em vários níveis. É deslumbrante a adega onde estagia a maior parte do vinho, em barricas bordalesas. Uma majestosa catedral com o tecto formado por enormes traves de madeira de abeto da Escandinávia dispostas, também, de forma ondulante. Um incrível vão amplo, sem qualquer pilar ou viga de sustentação a interromper um espaço onde o silêncio nos permite, de tempos a tempos, sentirmos os aspersores a funcionar para, de uma forma, diga¬mos, artificial regularem a temperatura e a humidade do lugar.
As barricas bordalesas em carvalho francês, na sua grande parte, mas com algumas também em carvalho americano, que o enólogo Roberto Vicente escolhe criteriosamente, conferem importantes características aos seus vinhos. A madeira de carvalho, embora impermeável, permite a circulação de oxigénio através dos seus poros, mas não é toda igual. Na realidade, as pipas que ali podemos observar são encomendadas a tanoeiros espanhóis ou franceses. Muitas vezes determinados lotes de árvores estão reservados desde a sua plantação por determinado tanoeiro, já que este ou aquele terroir onde irão crescer lhes irá conferir qualidades que o enólogo irá escolher mais tarde para imprimir características especiais ao vinho que está a criar.
Como vimos, o vinho constitui um maravilhoso mundo feito de diversos pormenores que, no fim, fazem toda a diferença. Por isso, aquelas roseiras à beira da vinha não foram plantadas apenas pela sua beleza. Trata-se efectivamente de uma planta mais sensível às pragas (sobretudo oídio e míldio), que facilmente irá denunciar uma doença que, de seguida, se não forem tomadas medidas atempadamente, atacará a vinha. São as guardiãs da vinha, à roda da Bodega Ísyos.

Edição Nº24, Abril 2019

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