Bairrada vai aos Jogos Olímpicos de Tóquio

E os seus atletas são um espumante, um branco e um tinto. A Bairrada volta a ser a região vínica convidada a representar Portugal nos Jogos Olímpicos, cuja 32ª edição acontece em Tóquio, de 24 de Julho a 9 de Agosto. À semelhança da iniciativa promovida em 2016, a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), a […]
E os seus atletas são um espumante, um branco e um tinto. A Bairrada volta a ser a região vínica convidada a representar Portugal nos Jogos Olímpicos, cuja 32ª edição acontece em Tóquio, de 24 de Julho a 9 de Agosto. À semelhança da iniciativa promovida em 2016, a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), a Associação Rota da Bairrada (ARB) e o Comité Olímpico de Portugal (COP) voltaram, este ano, a formalizar uma parceria que visa a criação de edições especiais vínicas. O trio de vinhos seguirá com a comitiva para os Jogos, mas também será comercializado em Portugal.
Pedro Soares, presidente da CVB, e Jorge Sampaio, presidente da Rota da Bairrada, assumem que a renovação deste protocolo deixa a Bairrada bastante satisfeita e reforçam que “é um orgulho podermos associar aquilo que é a promoção dos nossos produtos endógenos a uma marca como a do Comité Olímpico de Portugal”.
“A missão Olímpica Portuguesa vai apresentar em Tóquio o melhor que o país tem, em vários sectores, nomeadamente no cultural e comercial. Esta parceria com a região vitivinícola da Bairrada é um pretexto e uma oportunidade para mostrarmos o que de melhor o país produz nesta área.”, afirma José Manuel Constantino, presidente do COP.
Fladgate declara Vintage das suas quatro casas

As quatro casas históricas de vinho do Porto do grupo The Fladgate Partnership – Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn – acabam de anunciar a sua decisão de declarar Vintage 2017. Para além destes quatro Vintage clássicos, há ainda dois engarrafamentos de vinhas velhas: Taylor’s Vargellas Vinha Velha e Croft Sērikos. Estes dois últimos, de quantidades […]
As quatro casas históricas de vinho do Porto do grupo The Fladgate Partnership – Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn – acabam de anunciar a sua decisão de declarar Vintage 2017. Para além destes quatro Vintage clássicos, há ainda dois engarrafamentos de vinhas velhas: Taylor’s Vargellas Vinha Velha e Croft Sērikos.
Estes dois últimos, de quantidades muito reduzidas e sujeitos a alocação, são referências bastante raras. O Vargellas Vinha Velha 2017 é um Vintage produzido com uvas das vinhas mais antigas da Quinta de Vargellas, sendo apenas o oitavo lançamento da sua espécie. Já o Croft Sērikos 2017 é uma estreia, um vinho proveniente das vinhas velhas da Quinta da Roêda. O seu nome significa “seda” em grego, numa referência ao período pós-filoxera da Quinta da Roêda, altura em que a devastação da vinha levou à plantação de amoreiras para produção de seda.
Adrian Bridge, director-geral da The Fladgate Partnership, comenta: “Após o longo intervalo que seguiu a declaração do Vintage 2011, é com grande satisfação que vemos os muito aclamados Vintage 2016 serem sucedidos pelos excepcionais vinhos de 2017. Todas as nossas casas e as suas quintas produziram vinhos extraordinários que impressionam pela sua densidade, profundidade e potencial aromático”.
E enólogo e director técnico do grupo, David Guimaraens, revelou alguns pormenores sobre os vinhos: “As uvas perfeitamente maduras, com as suas películas muito espessas, produziram vinhos densos, muito bem estruturados e profundos, exibindo grandes reservas de aroma. Alguns vinhos apresentam uma agradável dimensão mineral que confere um toque de elegância e sobriedade ao frutado muito intenso e poderoso.”
Os Vintage 2017 do grupo The Fladgate Partnership estarão disponíveis no Outono.
Onde o vinho e a ciência se encontram

Há uma plataforma que partilha informação científica sobre vinho, com todos os interessados, e o seu nome é Science & Wine. Criado por Paula Silva, professora e investigadora no ICBAS, este é um projecto de comunicação científica em que, semanalmente e ao domingo, é publicado um artigo sobre vinho, escrito de forma simples, com informação […]
Há uma plataforma que partilha informação científica sobre vinho, com todos os interessados, e o seu nome é Science & Wine.
Criado por Paula Silva, professora e investigadora no ICBAS, este é um projecto de comunicação científica em que, semanalmente e ao domingo, é publicado um artigo sobre vinho, escrito de forma simples, com informação validada cientificamente. Investigadores de diferentes partes do mundo têm contribuído com artigos.
O sucesso alcançado, durante o primeiro ano, motivou a criação dos Wine Science Cafés, que consistem numa tertúlia sobre um tema em que informação científica é debatida em ambiente informal. A temática é sempre o vinho, mas são exploradas várias áreas, como a viticultura, enologia, biologia, saúde, economia, indústria, marketing, história, entre outras. Os Wine Science Cafés acontecem uma vez por mês, de preferência na última quinta-feira e em lugares diferentes sendo que, a cada dois meses, têm lugar no Porto. São de frequência gratuita (o participante apenas paga o que consome), começando com uma conversa expositiva sobre o tema entre dois convidados que dura 20 minutos e, após um pequeno intervalo, inicia-se a sessão de perguntas.
Os primeiros três eventos foram realizados no Porto e em Vila Real, mas a próxima paragem é já amanhã (23 Abril), em Aveiro, na Latina Adega, sob o tema “Desenvolvimento de metodologias para a substituição do anidrido sulfuroso em vinhos”.
Mais informação aqui.
Esporão Reserva tinto 2016: novo e com rótulo de Albuquerque Mendes

O Esporão acaba de lançar o Esporão Reserva Tinto 2016 com rótulo de Albuquerque Mendes, o artista português convidado para ilustrar as novas colheitas do Esporão Reserva e Private Selection. Já é tradição a descoberta dos novos rótulos destes dois vinhos, frutos da aposta da empresa num design original e de autor para estas referências. […]
O Esporão acaba de lançar o Esporão Reserva Tinto 2016 com rótulo de Albuquerque Mendes, o artista português convidado para ilustrar as novas colheitas do Esporão Reserva e Private Selection.

Já é tradição a descoberta dos novos rótulos destes dois vinhos, frutos da aposta da empresa num design original e de autor para estas referências. Isto já acontece desde 1985, variando colheita após colheita, consoante a abordagem do artista convidado.
O pintor e performer que, em 1974, construiu um tapete gigante de flores, que foi distribuindo no caminho do Porto a Coimbra, usou a sua vivência pessoal com o vinho para criar o rótulo do Esporão Reserva tinto 2016: o seu pai vinificava uvas que amigos lhe entregavam e criava os seus próprios rótulos à mão. “Havia sempre vinho em minha casa e desde criança que sei como se faz vinho. E a partir de certa altura comecei também a experimentar e a apreciar, principalmente o vinho tinto. Não gosto de mais nenhuma bebida alcoólica e penso que gosto de vinho não só pelo seu sabor, mas pelo respeito que tenho pela sua história. Nunca perco a moderação, não quero que aquele momento de prazer se perca no meu corpo, no meu cérebro e na minha memória”, conta Albuquerque Mendes.
A estória deste rótulo é contada pelo artista, num vídeo do Esporão:
Abrem-se horizontes em Monforte

Alto Alentejo, zona de transição para a serra de S. Mamede, vinhos que combinam a frescura da altitude com a força de uma terra quente. Património, gastronomia, gentes que abrem a porta. Passado, presente e futuro. E uma paisagem a perder de vista. TEXTO Luís Francisco FOTOS Ricardo Palma Veiga Terras férteis, ribeiras que drenam […]
Alto Alentejo, zona de transição para a serra de S. Mamede, vinhos que combinam a frescura da altitude com a força de uma terra quente. Património, gastronomia, gentes que abrem a porta. Passado, presente e futuro. E uma paisagem a perder de vista.
TEXTO Luís Francisco
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Terras férteis, ribeiras que drenam a face sul da serra de S. Mamede, ali ao fundo na linha do horizonte, e uma localização geográfica estratégica – a meio caminho entre Mérida, a capital da província ibérica, e Lisboa. Os romanos encontraram em Monforte território acolhedor e rico, instalando-se por ali há mais de dois mil anos. Hoje, as ruínas de Torre de Palma levantam o véu sobre o que seria a vida nesta luxuosa villa, que dominava o extenso planalto agrícola. A família Basilii, nome que chegou até nós numa inscrição encontrada no local, marca o início da história registada de uma região com muito passado e que tenta não perder o comboio do futuro.
Monforte fica junto a um eixo rodoviário principal, o IP2, a meio caminho entre Estremoz e Portalegre, e não será a dificuldade dos acessos a explicar o seu despovoamento. Falamos de uma das regiões do país com menos gente e neste concelho vivem agora pouco mais de 3000 pessoas – eram para cima de 8000 na década de 1950. Com 7,9 pessoas por quilómetro quadrado, não espanta que a Natureza e os grandes espaços sejam a marca de água deste município. A agricultura e a pecuária são pujantes, há pedreiras de granito. E faz-se vinho. Do bom.
É surpreendente consultar o sistema de navegação do carro e perceber que estamos a cerca de 350 metros de altitude, rondando os 400 em alguns locais. Não é o planalto das Beiras, mas aqui já estamos na meseta ibérica, esse bloco primordial da península que transforma Espanha num dos países europeus com altitude média mais elevada. Para os vinhos, isto é extraordinário: as amplitudes térmicas são muito significativas, as brisas sopram com mais frequência e a exposição solar é quase uniforme, dada a suavidade da orografia. Alie-se a isto a tal terra fértil e abundância de água que tanto seduziu os romanos (e outros antes deles, que os vestígios de povoamento remontam ao Neolítico) e temos uma receita garantida para uvas de grande qualidade. Ainda com um extra: a surpreendente mineralidade proporcionada pela influência do granito no subsolo.
Por tudo isto, e muito mais, Monforte é terra que merece uma visita. Para quem vem até aqui, as opções são muitas e – coisa surpreendente no Alentejo… – não ficam longe. Olhando apenas para um raio de uns 30km em redor da vila, podemos encontrar as fortalezas de Elvas, os encantos de Vila Viçosa, a monumentalidade de Estremoz, os cavalos de Alter, as águas da barragem do Caia, os encantos “alpinos” e históricos de Portalegre, Castelo de Vide e Marvão. É muito para absorver. Mas não vale a pena ter pressa. Saboreie devagar este Portugal preservado no tempo. E com um copo na mão, já agora. Nós ensinamos o caminho.
Se há um sítio onde o passado, o presente e o futuro desta região se encontram, ele é o Torre de Palma Wine Hotel, uma unidade hoteleira de cinco estrelas com 19 quartos, restaurante onde o chefe Filipe Ramalho é assumido candidato à estrela Michelin e um conjunto de mordomias de excelência. Ali ao lado, as ruínas da villa da família Basilii (o nome adoptado pelo restaurante do hotel), são um legado, mas também uma inspiração.
A ideia é replicar o que os romanos faziam por aqui: um hotel emula a hospedaria dos primeiros séculos desta era, o spa recorda as termas, os cavalos continuam a tradição dos puro-sangue Lusitano (cuja origem pode bem estar nestas terras), o restaurante. E os vinhos, claro, assinados originalmente pelo enólogo Luís Duarte e agora nas mãos de Duarte de Deus. As vinhas estão mesmo ali ao lado, a adega limita num dos cantos o enorme quadrilátero de construções dominado, ao meio, pela torre medieval (data de 1338).
Tudo aqui é limpo, bonito, arranjado, elegante. Mas sem que jamais se perca a matriz rústica de um hotel rural. Ao traço arquitectónico de João Mendes Ribeiro junta-se a decoração de Rosarinho Gabriel e o seu trabalho conjunto funde-se com uma paisagem grandiosa, de longínquos horizontes em tonalidades de verde. Ao longe, as silhuetas da serra de S. Mamede (1025m), de um lado, e da serra de Ossa (653m), do outro. O pôr-do-sol visto do alto da torre, onde se pode saborear a “welcome drink” oferecida aos hóspedes, é qualquer coisa de mágico. Mas vale sempre a pena o esforço de subir umas boas dezenas de degraus. A qualquer hora.
Já que estamos por aqui, olhemos com atenção para o que nos rodeia. A piscina, a horta biológica, a vinha, o pomar, o bosque de pinheiros, as pastagens sem fim pontilhadas de vacas, o picadeiro e as boxes dos cavalos, as cegonhas de se saúdam matraqueando os bicos, os dois grandes terreiros cercados de construções térreas. As que têm telhas são recuperadas, as cobertas com placas de cimento foram acrescentadas ao complexo (casos do restaurante e da loja/adega). O hotel abriu em Maio de 2014 e neste momento já inverteu a tendência inicial e acolhe mais portugueses (60%) do que estrangeiros.
Mas é nos detalhes que está o maior encanto. A piscina interior, os quartos luxuosos, a incrível decoração da loja (que parece transportar-nos para o imaginário do Faroeste…), o notável Cristo esculpido em cortiça que encontramos na capela, as obras de arte e peças de artesanato espalhadas pelos salões do edifício principal, o enorme forno comunitário, a adega moderna cujo visual faz lembrar uma catedral. Há por aqui muita coisa para fazer e desfrutar, mas, por agora, fiquemo-nos por aqui, em silêncio, de copo na mão enquanto sol doura a paisagem.
TORRE DE PALMA WINE HOTEL
Herdade da Torre de Palma, Monforte
Tel: 245 038 890
Mail: reservas@torredepalma.com
Web: www.torredepalma.com
GPS: 39º 4’ 6’’N | 7º 29’ 20’’W
Os preços começam (época baixa, dias de semana) nos 145 euros do quarto duplo, 185 euros para o duplo superior, 185 euros para o quarto familiar e 345 euros para a master suíte. Restaurante, spa (com tratamentos e massagens), visitas à adega, provas de vinhos ou workshops de cozinha são algumas actividades disponíveis no interior do hotel. No exterior, temos passeios de balão, bicicletas, observação de estrelas, passeios a cavalo, aulas de equitação. E recomenda-se a visita às ruínas romanas.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 3
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 3
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 19,5
Ali a poucos quilómetros, na estrada para Arronches, o roteiro enoturístico continua com a visita a um produtor que já faz mais de 500 mil garrafas anuais, a que se juntam outras 100.000 oriundas da região de Arraiolos (do Monte do Pintor, na posse do mesmo grupo de investidores chineses sediados em Macau). Estamos na Herdade do Perdigão, 40 hectares de vinha rodeando o edifício da adega e o complexo habitacional, a casa principal decorada com a réplica de uma torre medieval.
As ondulações suaves do terreno dão um encanto especial à vinha, por agora ainda sem verde, mas emolduradas por linhas de arvoredo. Da estrada, somos convidados a entrar por um pórtico de paredes brancas e barras amarelas, um sobreiro de cada lado, uma estrada que se estende até à linha do horizonte. Imagens icónicas de um Alentejo que se reinventa sem perder o contacto com as raízes.
Chegamos à adega, passamos pela sala de provas maior, onde pontifica uma mesa comprida e as paredes estão “decoradas” com alvéolos de cimento onde se arrumaram as garrafas que fazem o arquivo vivo da casa. O rendilhado das etiquetas e cápsulas foram um efeito visual muito interessante. Uma curiosidade: apesar de a propriedade se chamar Herdade do Perdigão, os vinhos perderam a contracção da preposição e do artigo, chamando-se apenas Herdade Perdigão. Uma disparidade que poderá, quiçá, dar uma boa história para ouvir de copo na mão.
Porque aqui é do contacto directo com o visitante que se faz, também, a magia da visita. Depois de descermos à zona de trabalho, onde pontificam os depósitos em inox, e de passearmos pela bonita nave das barricas, voltamos a subir, para uma outra sala de provas, onde as garrafas já estão sobre a mesa. Cá fora, um generoso sol de Inverno vai afastando o frio (mais uma vez, as grandes amplitudes térmicas marcando o carácter da região), os cães ladram lá ao longe abanando as caudas, os sons do campo ecoam pelas colinas e pelo complexo de construções, que inclui, num plano mais próximo, uma pequena capela. Lá dentro, o vinho começa a passar pelos copos.
Fala-se da história recente da herdade, de como foi adquirida por Carlos Gonçalves, empresário ligado às tecnologias bancárias, que um dia decidiu voltar ao seu ramo, abrindo espaço ao mais significativo investimento chinês no sector vitivinícola em Portugal. Mudou isso, mas manteve-se o padrão de fazer vinhos de qualidade a partir das vinhas velhas que se alinham pelos campos em redor à espera que a Primavera as faça voltar à vida, num círculo mágico que desafia o tempo.
HERDADE DO PERDIGÃO
Herdade do Perdigão, Monforte
Tel: 967 304 941
Mail: schaves@herdadeperdigao.pt
Web: www.herdadeperdigao.pt
O enoturismo funciona aos dias de semana, entre as 8h30 e as 17h30, e é possível optar por três provas distintas, variando a gama dos vinhos apresentados: “As nossas tradições” – 11 euros por pessoa, com quatro vinhos; “O Terroir dentro do Terroir” – 14 euros por pessoa, com quatro vinhos; “A Melhor expressão do nosso Terroir” – 19 euros por pessoa, três vinhos. Em qualquer dos casos, com o mínimo de dois participantes.
Originalidade (máx. 2): 1,5
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 2
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2,5
Arquitectura (máx. 3): 2
Ligação à cultura (máx. 3): 2
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 16,5
Curiosamente, umas das primeiras imagens que retemos do nosso destino seguinte é também uma torre, vigiando do alto de uma colina as bandas de vinha que se estendem num sobe e desce que tão depressa esconde como revela a paisagem circundante. É uma construção moderna, com fins tão prosaicos como servir de depósito para as alfaias agrícolas, mas fornece um miradouro fantástico sobre a propriedade. Estamos na Quinta de S. Sebastião, outrora domínio do Marquês da Praia e Monforte, agora sede da empresa Lima Mayer.
Se a torre é recente, o que não falta por aqui são testemunhos do passado, com destaque para a igreja visigótica do século XI, uma de várias construções que nos falam da matriz religiosa do complexo, que acolheu em tempos uma comunidade de frades. A profusão de nascentes deu origem a um dédalo de fontes, canais, barragens, aquedutos e tanques – e esta generosidade da Natureza ajuda a explicar a longa história de ocupação humana destas terras: há por aqui vestígios pré-históricos.
O monte propriamente dito é constituído por um terreiro central rodeado de alvas edificações térreas bordejadas a amarelo, a que se acede por um pórtico vigiado por um enorme e caloroso cão de gado transmontano. No recinto murado, já houve veados, mas descobriram forma de saltar e agora vagueiam pelas terras em redor, enriquecendo um santuário natural onde, entre muitas outras espécies, nidificam grifos e águias-reais.
Descendo uma escadaria exterior com vista para a piscina acedemos à sala de provas, decorada de forma rústica, mas acolhedora e encavalitada sobre os muros que dominam a horta em socalcos. Lá ao fundo, do outro lado deste pequeno vale pontilhado por planos de água, está a adega. Num terreno contíguo, pasta um cavalo puro-sangue Lusitano. À volta, 20 hectares de vinhas plantadas em 2000 sobre areias graníticas, que conferem aos vinhos da casa, feitos pelo enólogo Rui Reguinga, um carácter muito especial.
A produção anda à roda das 150 mil garrafas e o proprietário, Thomaz de Lima Mayer, não esconde a filosofia de exclusividade que impõe aos seus vinhos. “Produzimos pouco, muito bom e caro!” E essa matriz elitista também se aplica ao enoturismo: todas as visitas têm o próprio produtor como anfitrião e carecem de marcação antecipada. “Mais do que apenas dar provas de vinho, gosto de receber.” O calor humano, a paisagem surpreendente e a qualidade do que temos no copo fazem da visita à Quinta de S. Sebastião uma experiência muito especial. E, à saída, pode sempre contar com “um preço mais simpático” nos vinhos da casa.
LIMA MAYER
Quinta de São Sebastião, Monforte
Tel: 245 573 450 / 964 053 243
Mail: info@limamayer.com
Web: www.limamayer.com
GPS: 39° 0.120′ | -7° 28.130′
Todas as visitas carecem de marcação prévia, com preço sob consulta. O proprietário recebe pessoalmente, apresenta a propriedade, explica na vinha as técnicas de viticultura e na adega os processos de vinificação. A prova de vinhos inclui amostras de barrica. O programa inclui refeição no final.
Originalidade (máx. 2): 2
Atendimento (máx. 2): 2
Disponibilidade (máx. 2): 1
Prova de vinhos (máx. 3): 2,5
Venda directa (máx. 3): 2
Arquitectura (máx. 3): 3
Ligação à cultura (máx. 3): 3
Ambiente/Paisagem (máx. 2): 2
AVALIAÇÃO GLOBAL: 17,5ESTAÇÃO DE SERVIÇO
Encontrar bons sítios para “reabastecer” à mesa não é tarefa complicada no Alentejo, mas às vezes precisamos de uma pequena ajudinha para acabar com as dúvidas. Por isso, aqui ficam três sugestões, noutros tantos registos diferentes: desde o estilo directo da Churrascaria Tapadão ao ambiente típico do Solar do Forcado, passando pelo intimismo da Taberna Tintos e Petiscos. Saciedade garantida.
CHURRASCARIA TAPADÃO – Rua do Assomar, nº2, Monforte | 963 391 952
SOLAR DO FORCADO – Rua Cândido dos Reis 14, Portalegre | 245 330 866
TINTOS E PETISCOS – Rua Dr. António Sardinha, nº2, Vaiamonte | 960 248 138
Edição nº23, Março 2019
António Saramago: 56 anos de Castelão

É o mais antigo enólogo em actividade, em Portugal. Com 56 anos de dedicação ao vinho, António Saramago é artífice da uva Castelão, bandeira da Península de Setúbal, conhecendo-a como a palma da sua mão. Agora, foca-se somente no seu próprio projecto, na terra que o viu nascer, sem planos para cessar. TEXTO Mariana Lopes […]
É o mais antigo enólogo em actividade, em Portugal. Com 56 anos de dedicação ao vinho, António Saramago é artífice da uva Castelão, bandeira da Península de Setúbal, conhecendo-a como a palma da sua mão. Agora, foca-se somente no seu próprio projecto, na terra que o viu nascer, sem planos para cessar.
TEXTO Mariana Lopes
NOTAS DE PROVA Mariana Lopes e Luís Lopes
FOTOS Ricardo Gomez
António Saramago tem 70 anos. O andar sereno e o olhar plácido não deixam esconder a bagagem que traz, nem transparecer o que lhe vai na mente. Quem o conhece, sabe que é mesmo assim, a postura não fraqueja. Mas a sua casa, em Azeitão, na Península de Setúbal, tem sempre a porta aberta. Afinal, Saramago tem muito para contar.
Foi com apenas quatorze anos que entrou para a José Maria da Fonseca (JMF), a cinco de Maio de 1962. Teve de o fazer tão cedo, pois a vida não era folgada. Sob a orientação de António Porto Soares Franco viu, ouviu, aprendeu, ajudou e executou, mostrando apetência para as coisas do vinho e capacidade de trabalho. Na altura, com o apoio António Francisco Avillez, a JMF enviou António Saramago para Bordéus quando este tinha 24 anos, para uma formação em enologia. Também um curso de francês, em Setúbal, foi incentivado pela empresa. A aposta era óbvia, e o jovem aprendiz sentia-se acarinhado. À data, Domingos e António Soares Franco (actuais proprietários e administradores da JMF), eram bastante novos, e o enólogo consultor era Manuel Vieira (pai), acabando Saramago por se estabelecer como chefe de serviço de enologia, cargo hoje comummente apelidado de enólogo residente. António Francisco Avillez, Manuel Vieira e António Porto Soares Franco são, assim, nomes que António Saramago não deixa de mencionar quando conta a sua história: “São as pessoas que mais me marcaram na profissão. Primeiro, porque gostavam de mim, depois, porque achavam que eu tinha jeito para isto. Tive sorte de ter trabalhado numa casa como aquela, que mesmo hoje continua a ser uma verdadeira escola”, confessou. Saramago acabou por sair da JMF em 2001, após uma longa estada na casa.
Curiosamente, a emancipação enológica do azeitonense ocorreu no Alentejo e não na região de origem. Nos anos 80 era já consultor da Adega do Fundão e da Granja Amareleja e, um pouco mais tarde, da Herdade de Coelheiros e Adega Cooperativa do Redondo. “Quando comecei no Alentejo, ninguém lá trabalhava com barricas novas, fui pioneiro nisso. Incentivei, na Granja Amareleja, que se começasse a usar e acabámos por adquirir dez barricas de carvalho novo de 225 litros”, contou. Foi daqui que nasceu a marca, criada por José Leal Sobrado e António Saramago, chamada Terras do Suão, que acabou por “explodir” nos restaurantes de Lisboa. É também curioso que o vinho Tapada de Coelheiros, tenha surgido em seguimento isto: Joaquim Silveira, então proprietário da Herdade de Coelheiros, costumava ir almoçar ao Gambrinus todos os fins-de-semana. Pelo sommelier do restaurante lisboeta, foi-lhe apresentado o Terras do Suão como sendo um dos melhores vinhos do Alentejo. A verdade é que, na altura, os vinhos alentejanos de elevada qualidade contavam-se pelos dedos de uma mão. Aí, Silveira abordou Saramago para que este criasse em Coelheiros um vinho que estivesse ao mesmo nível, e este aceitou o desafio. Apesar de já tratar a uva Castelão por “tu”, António sabia bem que esta, mesmo sendo a casta mais plantada no Alentejo naquela década, não era ideal naquele terroir de Arraiolos, e começou por arrancar todo o que lá havia. Plantou mais Cabernet Sauvignon (incentivado pela paixão bordalesa de Joaquim Silveira), um pouco de Trincadeira e Aragonez, e reforçou a área de Chardonnay. Por esta última opção, foi apelidado de várias coisas. Mas não era António Saramago se não mantivesse a sua posição, sem vacilar. “Coelheiros foi o projecto que mais me marcou, a seguir a José Maria da Fonseca. Foi-me dada toda a liberdade de actuação, e isso é o sonho de qualquer enólogo”, revelou Saramago.
Conhecer bem a casta; ter grande experiência em como ela deve ser trabalhada na adega; aceder a uvas de uma vinha já com alguma idade. Estas são as premissas do versado em Castelão. António Saramago dedicou a sua vida a conhecer a uva: “É das mais difíceis do cardápio português. É muito sensível a doenças na vinha, gera muita “bagoinha” (pequenos bagos verdes que não vingam) e as suas maturações fenólicas são bastante irregulares”, explicou. Quando o enólogo iniciou a actividade, a Castelão representava 95% nas plantações da Península de Setúbal. No entanto, com o tempo os produtores e os agricultores foram preferindo uvas de trato mais fácil, como a Syrah, por exemplo, e o protagonismo da Castelão foi-se perdendo.
Podemos separar a Castelão em dois “tipos”: a de solo argilo-calcário, da zona da Arrábida, que origina vinhos mais leves, frescos e elegantes, com menos concentração e menos álcool, e a de solos arenosos, de Palmela, que dá vinhos mais estruturados e concentrados. Com o passar dos anos, a parte da Arrábida foi praticamente diluída, mas na zona de Palmela isso não se verificou tanto. Neste momento, até já se começou a replantar Castelão, também porque os jovens produtores e enólogos recuperaram o interesse na casta. “A Castelão é a nossa identidade”, afirmou António Saramago, que usa nos seus vinhos uvas dos solos de areia de Palmela. Quando interrogado sobre a razão da preferência, foi peremptório na resposta. “Para mim, não há lugar para Castelão dos dois solos. A Castelão deve ser plantada em solos arenosos. No solo argilo-calcário, a videira não tem estrutura para se aguentar, pois em vez de as raízes afundarem, acabam por se encaminhar lateralmente e a escassa profundidade, onde encontram a água pouco abaixo da superfície. Nos arenosos, as videiras afundam muito as suas raízes à procura de água, o que lhes dá mais estrutura e concentração ao vinho. Além disso, no pico do Verão, em terrenos de areia é mais fácil fixar o calor à superfície”.
Aqui há uma questão que se coloca: Numa altura onde começa a haver mercado para vinhos menos concentrados, mais leves e com menos álcool, não será possível fazer um Castelão de perfil diferente, mais na linha da elegância? Foi aqui que António Saramago nos surpreendeu com um plot twist. “Há lugar para esses vinhos de Castelão, mas acredito que eles possam surgir dos solos de areia e não dos argilo-calcários”, disse. Aliás, está nos planos do enólogo a criação de um vinho com esse perfil, das vinhas velhas em areia que explora, apenas com uma abordagem enológica diferente. “Será um dos meus últimos trabalhos”, declarou, um novo desafio nesta fase mais avançada da vida profissional.
Azeitão é a sua terra e a Península de Setúbal a sua região e, por isso, Saramago sempre quis criar vinhos ali, onde se sente em casa, com a casta da sua vida. Assim, iniciou o seu projecto pessoal em 2002, a pequena empresa familiar António Saramago Vinhos. “O objectivo foi fazer coisas boas, em pequenas quantidades”, contou. O filho António está também envolvido, trabalhando a enologia e a área comercial, bem como a esposa Ausenda. São referências como Risco (base de gama) António Saramago Reserva, António Saramago Superior, A.S. (topo de gama), JMS Moscatel de Setúbal Superior e António Saramago Moscatel de Setúbal Reserva. Também produz no Alentejo, onde se destaca a marca Dúvida. São 150 mil garrafas no total, cerca de metade em cada região. Incansável, Saramago criou agora um vinho de edição única, o Sucessão, dedicado aos seus três netos e dividido em partes iguais pelos mesmos. Em breve, entrará na Beira Interior e em Lisboa.
Não tem adega própria (alugando espaço de vinificação em Catralvos), nem vinhas próprias, mas explora em regime de arrendamento e compra uvas e vinho, utilizando a sua experiência para escolher o que há de melhor. Algumas dessas vinhas, de Palmela, são tão velhas e têm produções tão baixas que tem de pagar valores muito elevados pelas uvas, sob risco de o proprietário desistir da vinha e decidir arrancá-la. Visitámos uma delas. A paisagem é impressionante, uma planície de areia com cepas velhas imponentes e deixadas em liberdade, onde o sol mostra uma luz mais brilhante e onde o vento nos fustiga o cabelo. António Saramago coloca a sua mão sobre um dos braços de uma videira, como se fosse sua amiga: “Terei em breve 71 anos, mas enquanto estiver nas minhas plenas faculdades, vou continuar. Ao fim destes anos todos, continuo a gostar muito daquilo que faço. É paixão. E isso é uma coisa que nasceu comigo e que comigo vai morrer”.
Edição Nº23, Março 2019
Região dos Vinhos Verdes com nova Comissão Executiva

Acaba de tomar posse a nova Comissão Executiva da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) para o triénio 2019 – 2021, após um processo eleitoral que terminou a 2 de Abril, reconduzindo Manuel Pinheiro (ao centro na foto) na Presidência da instituição e elegendo Óscar Meireles (à esquerda na foto) – Quinta […]
Acaba de tomar posse a nova Comissão Executiva da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) para o triénio 2019 – 2021, após um processo eleitoral que terminou a 2 de Abril, reconduzindo Manuel Pinheiro (ao centro na foto) na Presidência da instituição e elegendo Óscar Meireles (à esquerda na foto) – Quinta da Lixa – e Armando Fontaínhas (à direita na foto) – Adega Cooperativa Regional de Monção – como representantes do Comércio e da Produção, respectivamente.
Óscar Meireles, Administrador da Quinta da Lixa – Sociedade Agrícola Lda. desde 1986, tem uma vasta experiência no sector e na Região dos Vinhos Verdes com funções de Direcção em organizações como a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) ou a Associação de Produtores Engarrafadores de Vinho Verde (APEVV), para além de cargos técnicos de Direcção no Centro de Vinificação da Sociedade de Vinhos Borges & Irmão, S.A. na década de 80 e de Conselheiro Geral da CVRVV desde 2005. Assume agora o lugar de Vogal do Comércio na Região dos Vinhos Verdes, representando armazenistas engarrafadores e ANCEVE, cooperativas engarrafadoras e associações de produtores-engarrafadores.
Armando Fontaínhas, Presidente da Direcção da Adega Cooperativa Regional de Monção, CRL, desde 2014, lidera a Cooperativa com 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237ha e produções na ordem dos 8 milhões de quilogramas anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho. Forte representante da sub-Região de Monção e Melgaço desempenhou, entre 2001 e 2013 o cargo de Vice-presidente da Direcção daquela Adega Cooperativa, com funções Comerciais e Financeiras. Foi Vereador da Câmara Municipal de Monção entre 2005 e 2008 e é Presidente da Assembleia Municipal de Monção desde 2018. É membro do Conselho Geral da CVRVV desde 2004 e acaba de ser eleito Vogal da Produção na Região dos Vinhos Verdes, representando cooperativas, associações de viticultores e associações de viticultores-engarrafadores da Região.
Com mais de uma década na liderança da CVRVV, Manuel Pinheiro mantém as funções na Presidência da Comissão Executiva da Região, definindo para este mandato linhas de orientação como o crescimento do Vinho Verde em valor para além do aumento de volume de vendas, o reposicionamento das castas tintas como produto de nicho, maior fiscalização da produção para aumento da qualidade dos vinhos ou a aposta no Enoturismo da Região como alavanca do produto Vinho Verde.
Symington doa ambulância e entrega bolsas de estudo

A Symington Family Estates tem, nos últimos anos, desenvolvido um projeto de responsabilidade social e apoio à educação de forma a assegurar o futuro da região. Esta aposta contínua já se materializou na doação de uma ambulância aos Bombeiros Voluntários da corporação de Sanfins do Douro e na entrega das primeiras bolsas de estudos a […]
A Symington Family Estates tem, nos últimos anos, desenvolvido um projeto de responsabilidade social e apoio à educação de forma a assegurar o futuro da região. Esta aposta contínua já se materializou na doação de uma ambulância aos Bombeiros Voluntários da corporação de Sanfins do Douro e na entrega das primeiras bolsas de estudos a dois estudantes da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD), em Vila Real.
Na verdade, 2019 marca o décimo primeiro ano em que a Symington Family Estates apoia os Bombeiros Voluntários que, além de fornecerem um apoio vital à comunidade local no caso de emergências médicas, também combatem os incêndios florestais que ocorrem regularmente no Douro durante os meses secos do Verão. Até ao momento já foram contempladas, com a oferta de uma ambulância, corporações das seguintes regiões: Pinhão, São João da Pesqueira, Provesende, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Régua, Vila Nova de Foz Côa, Tabuaço, Vila Flor, Sabrosa e, agora, Sanfins do Douro. Também a aquisição de equipamento médico de suporte de vida para o hospital de Alijó e de equipamento médico específico de cardiologia para a Cruz Vermelha de Sabrosa, já tiveram lugar.
No ano passado, a Symington anunciou a atribuição de duas bolsas de estudo em cada ano lectivo no seguimento de um protocolo com a UTAD. Estas seriam destinadas a estudantes dos cursos de Engenharia Agronómica e Enologia, preferencialmente naturais da Região Demarcada do Douro, e cobririam o pagamento integral das propinas dos três anos da licenciatura. Estas foram agora entregues, uma das bolsas reservada ao aluno com melhor média e a outra ao jovem que, de outra forma, não conseguiria prosseguir os estudos.