Correção do Grau Alcoólico

As regiões de clima frio e húmido limitam a concentração de açúcar na uva madura. Neste caso é muitas vezes necessário recorrer ao aumento do grau alcoólico no vinho. TEXTO João Afonso O Grau Alcoólico e o Clima Climas quentes, com estio prolongado e muitas horas de sol, produzem vinhos alcoólicos e escuros que, por […]

As regiões de clima frio e húmido limitam a concentração de açúcar na uva madura. Neste caso é muitas vezes necessário recorrer ao aumento do grau alcoólico no vinho.

TEXTO João Afonso

O Grau Alcoólico e o Clima
Climas quentes, com estio prolongado e muitas horas de sol, produzem vinhos alcoólicos e escuros que, por norma, necessitam de correção da acidez. Pelo contrário, climas frios, húmidos, de estio curto e com poucas horas de sol produzem vinhos de cor aberta, com elevada acidez, que necessitam de correção do grau alcoólico.

O Grau Alcoólico e o Vinho
Há três métodos de aumento do grau alcoólico no vinho: Chaptalização, Adição de mosto concentrado e Adição de aguardente vínica ao mosto em fermentação.

A Chaptalização
Criada pelo químico e ministro de Napoleão Jean Antoine Chaptal, consiste na adição de açúcar de beterraba ao mosto. Por cada 17 gramas de açúcar aumenta-se 1% Vol. de álcool provável no vinho final. A prática não é permitida em Portugal.

Adição de Mosto Concentrado
Esta prática é permitida no nosso país e é totalmente neutra na formação dos aromas finais do vinho feito. Um litro de mosto concentrado tem cerca de 800 gramas de açúcar, ou seja, um potencial alcoólico de 47% Vol.

Adição de Aguardente ou Fortificação
Método usado no fabrico de vinhos generosos. Consiste na adição de aguardente a um pré-estabelecido momento da fermentação alcoólica com o propósito de a interromper e parar, de modo a produzir um vinho doce (com maior ou menor teor de açúcar residual) e com elevada graduação alcoólica.

Os 4 passos da correção de grau alcoólico
Se 17 g/l de açúcar equivalem à formação de 1% Vol. de álcool e 1 litro de mosto concentrado contém 800 gramas de açúcar ou 47% Vol. de álcool potencial, então subtraímos o grau inicial ao grau final pretendido; multiplicamos este valor pelo volume de vinho a corrigir em litros; e dividimos o resultado pela diferença entre o grau do mosto concentrado e o grau final pretendido.

Exemplo de 2.000 litros de vinho com 12% Vol. que queremos aumentar para 13,5% Vol.
13,5 – 12 = 1,5
1,5 x 2.000 = 3.000
47 – 13,5 = 33,5
3000 ÷ 33,5 = 89,55 litros de mosto concentrado que devemos adicionar aos 2.000 litros do nosso vinho.

Eliminar nódoas de vinho, like a pro

Nódoas de vinho? De arrepiar, só de pensar, principalmente de vinho tinto. Felizmente, um pouco de sabedoria popular, misturada com alguns produtos da modernidade e uma pitada de sal (literalmente), podem acabar com o pesadelo. Qualquer que seja o método escolhido, há uma regra imperativa: ser muito rápido. Adereçar imediatamente a questão é garantir que […]

Nódoas de vinho? De arrepiar, só de pensar, principalmente de vinho tinto. Felizmente, um pouco de sabedoria popular, misturada com alguns produtos da modernidade e uma pitada de sal (literalmente), podem acabar com o pesadelo. Qualquer que seja o método escolhido, há uma regra imperativa: ser muito rápido. Adereçar imediatamente a questão é garantir que a nódoa sai civilizadamente, ao passo que deixá-la secar é meio caminho andado para o fracasso.

 

TEXTO Mariana Lopes                    FOTO Ricardo Palma Veiga

 

Para manchas ainda húmidas:
1. Sal

Pulverize uma camada espessa de sal sobre a totalidade da zona manchada. O sal absorve o vinho e é fácil de retirar depois. Esta técnica é ideal para “acidentes” durante aqueles jantares fora de casa, onde os recursos são diminutos e a paciência também. É eficaz nos dois primeiros minutos, pois o vinho ainda não foi totalmente absorvido pelo tecido.

2. Água com gás
A ideia é ir despejando, aos poucos, a água com gás para cima da nódoa, até a cor desta desvanecer quase por completo. A carbonatação e o baixo ph deste tipo de bebida são características conhecidas por ajudar a levantar os pigmentos das manchas frescas. Mas não utilize água com gás com sabores, essa contém açúcar, o que pode piorar a situação.

3. Sal e água com gás, em conjunto
Primeiro o sal, depois a água, pelos mesmos processos descritos acima. Quanto utilizados em sinergia, a eficácia é dobrada.

4. Leite
Mais demorado, o leite demora cerca de uma hora a actuar. Entorne o líquido copiosamente sobre a nódoa e cubra com papel de cozinha, deixando ensopar. Não esfregue o papel sobre a mancha, isso iria alargá-la. Outra opção é colocar o tecido numa taça com leite, submergindo-o, no caso de a nódoa ser muito grande.

5. Areia de gato
Sim, areia de gato. Deite uma camada de cerca de 1,20 cm sobre a mancha. Faça pressão com os dedos sobre a areia para que esta absorva o vinho. Remova com um aspirador. A areia de gato contém químicos altamente absorventes e, tal como o sal, deve utilizar-se nos primeiros dois minutos. Este método também funciona bem a nível psicológico, pois o leitor (caso tenha um gato) vai sentir-se muito melhor perante a elevada renda mensal que este produto representa.

6. Água a ferver
Se não tiver nenhuma das opções acima, use água a ferver. Coloque o tecido dentro do lava-louça, suba para um banco ou uma cadeira e vá despejando a água a ferver na mancha, de uma altura de aproximadamente um metro. Depois lave a peça. Este procedimento não é aconselhado em lã ou seda.

Para manchas já secas:
1. Espuma de barbear

Pulverize a espuma sobre a nódoa e achate com a parte de trás de uma colher, antes de lavar o tecido normalmente. A textura espessa e espumosa, combinada com os componentes de limpeza do produto, funciona muito bem, saturando e levantando a nódoa.

2. Vodka ou gin
Deite uma destas bebidas sobre a mancha, cubra com um pano e entorne mais um pouco. Lave depois. As antocianinas, os pigmentos de cor presentes no vinho tinto, são dissolvidas pelo elevado volume de álcool.

3. Bicarbonato de sódio e vinho branco
Em bruto ou na forma de sais de fruto (Eno, por exemplo), o bicarbonato de sódio é eficaz quando utilizado em conjunto com vinho branco. Primeiro, ensope a nódoa com o vinho branco, para diluir a cor do tinto e prevenir que este assente novamente. Depois, misture três partes de bicarbonato de sódio com uma de água até se formar uma pasta. Coloque essa pasta na nódoa e espere uma hora, pulverizando-a periodicamente com água para manter a mistura húmida. De seguida, lave normalmente a peça.

Existem produtos próprios para o efeito, como o Wine Away, à venda em Portugal, mas não são tão fáceis de encontrar. Algumas garrafeiras online têm-no em stock, como a Garrafeira Tio Pepe, a um preço de €7,50. Apesar de, estatisticamente, estas “receitas” terem provado funcionar, a Grandes Escolhas não se responsabiliza por camisas ou tapetes definitivamente escangalhados. É a vida de um enófilo, meus senhores.

Os seus vinhos no Verão à temperatura correcta

No Verão aparece um inimigo figadal dos vinhos: o calor. E não estamos a falar tanto do estágio mas sobretudo do serviço. Felizmente existem várias soluções para impedir que o excesso de temperatura prejudique seriamente a apreciação dos nossos preciosos vinhos e o prazer que temos em degustá-los. Vamos ver quais.   TEXTO António Falcão […]

No Verão aparece um inimigo figadal dos vinhos: o calor. E não estamos a falar tanto do estágio mas sobretudo do serviço. Felizmente existem várias soluções para impedir que o excesso de temperatura prejudique seriamente a apreciação dos nossos preciosos vinhos e o prazer que temos em degustá-los. Vamos ver quais.

 

TEXTO António Falcão FOTOS Cortesia dos fabricantes

TODA a gente já percebeu que a temperatura a que um vinho é servida pode ser determinante na sua apreciação. Um moderno tinto encorpado e alcoólico que vai para a mesa a 20 ou 22 graus di­ficilmente dará o seu melhor. Acontecerá o mesmo a um branco a 2 ou 3 graus. Um está demasiado quente, outro demasiado frio. Um fica pastoso e enjoativo, o outro não mostra aromas e pode facilmente ‘gelar’ o palato.

Por isso, quem não tem uma cave climatizada ou uma fresca cave subterrânea, terá que usar vários métodos para colocar os vinhos à temperatura correcta. De segui­da apresentamos as nossas sugestões para situações con­sideradas ‘normais’, em que o consumo fica em casa. Para casos de piqueniques e refeições no exterior, ou ainda em casos de emergência, veja o texto anexo.

A importância de ter um termómetro

Nada do que se disse até agora tem grande significado se o enó­filo tiver dificuldade em avaliar temperaturas. E para isso não há melhor do que usar termómetros. Porquê no plural? Porque, mui­to simplesmente, o ideal é medir duas temperaturas: a do vinho e a do ambiente. Pode parecer muito trabalho mas de facto é até engraçado, e rápido. Quando comecei a interessar-me sobre o assunto, há décadas, adquiri uma estação que mede a temperatura ambiente (e dá ainda outras infor­mações, como a humidade e pres­são atmosférica). Comecei logo a perceber outras coisas, como, por exemplo, de que não durmo bem quando a temperatura do quarto excede os 28 graus. O termómetro para o vinho já existia e consulto­-o com alguma regularidade, para me “auto-calibrar”. Nenhum des­tes equipamentos é caro e prova­velmente custa menos do que uma boa garrafa de vinho. Use e abuse. Vai ver que em pouco tempo con­segue avaliar as temperaturas com mínimas margens de erro. Nos tin­tos, a minha margem de erro tem sido, no máximo, 2 graus.

Os tintos e os generosos em casa
Em casa, quando começa o calor, costumo conservar ape­nas duas ou três garrafas no frigorífico. Isto para evitar conflitos familiares. Se vou jantar com um tinto, e se a sala estiver a cerca de 25 graus, coloco a garrafa cá fora uma meia hora antes. Se a sala estiver na faixa dos 30 graus, baixe para apenas 20 minutos. Se estiver na ordem dos 20 graus, não precisa de colocar a garrafa no frio: basta colocá-la uns 15 minutos antes no frigorífico ou colocar­-lhe uma manga refrigeradora uns minutos antes de servir.

Agora suponhamos que alguém chega repentinamente para jantar ou lhe apetece, à última hora, beber o tinto x ou y. Se a garrafa estiver à temperatura ambiente e ainda tiver tempo, use também o frigorifico. Nesta estação do ano, em dias quentes, note que um tinto leva cerca de 1 hora a baixar para os 14 a 18 graus, temperatura que lhe irá permitir desenvolver plenamente os seus aromas. Se o colocar no congelador, esse tempo desce para cer­ca de 10 minutos. Afine consoante a temperatura a que estava o vinho. Mas nunca se esqueça de que um tinto pode ir para a mesa a 18 graus mas se a sala estiver a 28 graus, ele irá subir de temperatura e os segundos servi­ços desse vinho arriscam-se a ficarem demasiado quen­tes. Uma manga de frio resolve rapidamente o problema. Neste sentido, não se esqueça de que é muito mais fácil aquecer um pouco um vinho tinto (até com as mãos, já no copo) do que refrigerá-lo. Assim, em salas muito quentes, é preferível arrefecer o tinto até aos 12-14 graus, ou ainda menos.

Quanto aos generosos, na generalidade dos casos apli­cam-se os mesmos métodos, embora com mais intensida­de. Desde logo porque, pelo teor mais elevado de álcool, são servidos a temperaturas mais baixas que os tintos.

Sabia que…
• É muito mais fácil aquecer um pouco um vinho (até com as mãos, já no copo) do que refrigerá-lo?

Brancos, rosés e espumantes em casa
Os maiores problemas que as altas temperaturas do Ve­rão colocam aos vinhos ficam exacerbados nos brancos e rosés e, pior ainda, nos espumantes. Felizmente, mui­ta gente coloca-os antes no frigorifico e assim o assunto fica (quase) resolvido. O ‘quase’ tem a ver com dias muito quentes: um branco ou espumante sairá do frio a cerca de 4 graus; como a sala onde irá ficar está a, suponha­mos, 28 graus, esse branco irá começar imediatamente a aquecer. Quando chegar aos copos estará provavelmente a 9 ou 10 graus. No segundo serviço, poderá estar a 14 graus, temperatura já demasiado elevada. Se falarmos de espumante, pior ainda… Para dias mais quentes, uma das soluções é usar a conhecida manga refrigeradora. A outra é colocar antes a garrafa no congelador durante uns 15 ou 20 minutos, fazendo baixar a temperatura para junto dos 0 graus. Há quem diga que não é boa politica colo­car um vinho no congelador, que o choque térmico pode prejudicar a saúde do vinho. A minha experiência – e a de muita gente, aliás – diz-me que não é bem assim. Salvo se se esquecer da garrafa e o vinho congelar. Aí pode acon­tecer o desastre…

Sabia que…
• O melhor amigo do enófilo é o termómetro. Use também um de sala e habitue-se a consultar os dois. Vai ver que se auto-calibra em pouco tempo

Como transportar vinhos no Verão?
Para além de transportar garrafas do frio para o copo, muitas vezes temos de as mover connosco para outros lo­cais. O caso das férias é paradigmático. No entanto, sabia que, em dias muito quentes, a temperatura no interior de um carro deixado ao sol pode chegar, em pouco tempo, acima dos 50 graus? Esta temperatura pode ser facilmen­te mortal para a maior parte dos vinhos, especialmente se a exposição for prolongada (muitas horas, por exemplo). As soluções para obviar isto passam sobretudo por co­locar os vinhos, previamente arrefecidos em casa, numa geleira com tampa. Junte-lhe ainda gelo ou aqueles blo­cos térmicos que se compram à parte e se conservam no congelador. Os seus vinhos chegam assim em condições ao destino. É fácil, dá pouco trabalho e é barato. Que mais podemos pedir?

As temperaturas correctas para os tipos de vinho

Onde comprar?

A maior parte das boas garrafeiras vende toda a es­pécie de sistemas para arrefecer o vinho e os res­pectivos termómetros. Outras soluções passam pe­las boas lojas especializadas em artigos de cozinha. Note que mangas refrigeradoras e frapês (também chamados de champanheiras), valem normalmen­te o que custam. Nas mangas prefira as que são ajustáveis com elástico, porque se adaptam melhor ao vidro e não caem quando levantamos a garrafa. Quanto aos frapês, os de acrílico costumam ser mais baratos que os de inox. Mas duram menos… Por ou­tro lado, pode sempre visitar estas lojas on-line, mas note que a escolha não é exaustiva:
https://gifts4wine.com
https://brilato.pt
www.decantervinho.com
www.mimocook.com

Finalmente, os termómetros de sala (alguns são au­tênticas estações meteorológicas) podem ser ad­quiridos em boas lojas de electrodomésticos ou em grandes sites de compras. Basta fazer uma rápida pesquisa… Os preços começam nas duas dezenas de euros e vão até às centenas, para modelos muito completos, com toda a espécie de medidas interio­res e exteriores (temperatura, humidade, pressão at­mosférica, velocidade do vento, etc).

Cá fora e em caso de emergência: água e gelo

Combina um almoço com enófilos e um amigo traz duas garrafas, mas chegam muito quentes. Vai fazer uma refei­ção cá fora mas a temperatura está acima dos 30 graus. Nestes casos, a maneira mais fácil e rápida de arrefecer uma garrafa (e mantê-la fresca) é com gelo e/ou água ge­lada. Um recipiente (frapé, geleira, etc) com pedras de gelo e água (meio por meio) é o método mais rápido. Um tinto pode chegar á temperatura ideal em 6 a 8 minutos, e 12/15 minutos chegam para os brancos e rosés. A água melhora muito o contacto com o vidro e acelera a transfe­rência de temperatura. Tenha apenas atenção aos tintos e generosos, para não ficarem demasiado frios.