Quinta da Torre: Estórias de uma Casa com história

A região do Minho, situada no noroeste de Portugal, é conhecida pela sua rica herança cultural e histórica, que ao longo dos séculos exerceu influência significativa no país, com uma identidade única, desde a sua geografia e clima até às tradições populares, artesanato, gastronomia e vinhos, cultura e desenvolvimento económico e social. A influência cultural […]
A região do Minho, situada no noroeste de Portugal, é conhecida pela sua rica herança cultural e histórica, que ao longo dos séculos exerceu influência significativa no país, com uma identidade única, desde a sua geografia e clima até às tradições populares, artesanato, gastronomia e vinhos, cultura e desenvolvimento económico e social. A influência cultural e histórica do Minho contribuiu decididamente para a formação da identidade de Portugal e consolidou a sua importância contínua no cenário nacional.
A história da região do Minho remonta à época pré-romana, com vestígios de povoados e fortificações que datam da Idade do Ferro. Durante a ocupação romana, a região foi uma importante produtora de vinho e cereais, beneficiando-se da localização estratégica junto ao rio Minho. No período medieval, o Minho foi palco de várias disputas entre cristãos e mouros, culminando na Reconquista. A região foi então dividida em pequenos condados e senhorios feudais, cada um com sua própria identidade cultural e social. Durante os séculos seguintes, o Minho foi marcado por desenvolvimentos agrícolas e comerciais, e pela influência de diferentes reinados e governantes, moldando sua evolução até os dias de hoje.
Este território caracteriza-se também pela extraordinária oferta de “casas solarengas” com origens na Idade Média, quando as famílias nobres começaram a construir casas fortificadas para se protegerem das invasões. Ao longo dos séculos, essas construções evoluíram para os Solares que conhecemos hoje, com influências arquitetónicas góticas, renascentistas e barrocas. A evolução dos solares no (Alto) Minho está intimamente ligada à ascensão e queda das famílias nobres que os habitavam, refletindo as mudanças políticas e sociais que ocorreram na região ao longo dos séculos. Pode-se, ainda, encontrar em perfeito estado de conservação, outras construções características da arquitetura regional tradicional – as casas abastadas de lavradores e casas agrícolas humildes, localizadas nos espaços rurais e nas aldeias que no Minho abundam, constituindo um quadro perfeito de paisagem, usos, costumes e tradições. Muito deste património, para felicidade do mundo do turismo, encontra-se a funcionar para receber hospedes que aí podem pernoitar e provar o que de melhor tem a região para oferecer em cultura, gastronomia e vinhos.
Numa manhã de sol exuberante que me impelia a sair de casa e a viver a vida, decidi viajar até ao paraíso vínico da sub-Região de Monção e Melgaço e aproveitar o que de melhor o território tinha para me proporcionar, para me fazer feliz. Nunca me canso de fazer um périplo por este destino, também de enoturismo, pelas paisagens, pela história, mas sobretudo pelo Vinho, esse néctar que nos transforma, que nos faz pensar, que nos faz rir e chorar, que nos eleva o ser e a alma. Algo “divino” aconteceu.
O Homem sonhou e a obra nasceu…
Imbuído da missão de me proporcionar felicidade, fui visitar a Quinta da Torre, localizada na freguesia de Moreira, concelho de Monção, propriedade de Anselmo Mendes – um dos mais importantes enólogos deste país, conhecido pelo “Senhor Alvarinho” – e de sua mulher, Fernanda Grilo, responsável por grande parte da gestão da empresa.
Na realidade há Homens cuja importância para o sector e para a região onde gravitam, valem mais que as suas próprias obras. No caso de Anselmo Mendes, o cuidado e a sabedoria que deposita em tudo o que faz é tanta, que acaba por criar uma legião de seguidores e admiradores naturais que o seguem por todo lado, faça o que fizer. Apesar de fazer enologia em vários pontos do país e no estrangeiro, é em Monção que ele se “despe” de corpo e alma e se atira a uma casta, Alvarinho, que domina em toda a sua dimensão.
A Quinta da Torre, nome adotado nos dias de hoje, é um sonho concretizado por Anselmo Mendes, remetendo para as suas recordações de infância, quando vindimava esta terra e acreditava que este era o terroir de excelência, sobretudo, para o icónico Alvarinho.
A Casa da Torre, Paço Quinta da Bemposta (pela boa exposição), como se designava no passado, cheia de estórias e de histórias, foi sendo vivenciada por famílias Nobres. Payo Gomes Pereira e Isabel Soares são os primeiros a habitá-la. Após várias sucessões na família, a partir dos séculos XVII e XVIII, a casa intensificou a produção de vinho, cultivo do milho, do linho, tinha dois moinhos que permitiam elaborar azeite, era um “feudo” agrícola de grande importância para a região. No final da primeira década deste século, Anselmo Mendes começa por tratar os 12 ha de vinhas desta quinta ligeiramente abandonada pelos proprietários da altura. Percebe de imediato que estava perante um terroir (ou vários) que iria permitir elaborar vinhos de grande nível. Entretanto, ao longo dos anos, ainda na modalidade de aluguer, vai plantar mais 30 ha de vinha. Vem a adquirir a Quinta da Torre em 2016. Possui, neste momento, 50 ha de vinha numa dimensão total de 62 ha.
Os solos em aluviões proporcionam vinhos mais florais, mais cheios, mais densos. A vinha do rio (uma delas) proporciona vinhos mais aromáticos, talvez por ter mais matéria orgânica. Os vinhos das parcelas da Rainha e do Olival provêm de solos com mais argila e são mais densos, mais estruturados, apesar de estarem no mesmo vale. Nas vinhas das encostas os vinhos são mais frutados e tensos, salienta orgulhosamente. Esta paleta orgânica que a Quinta da Torre possui permite, a Anselmo Mendes, criar vinhos com enorme capacidade de espera, de guarda, alicerçada na casta Alvarinho. O desafio neste estudo permanente é de elaborar vinhos cada vez mais complexos e diferenciados, permitindo estudar melhor cada uma das parcelas e os vinhos que pode proporcionar, isoladas ou em conjunto.
Na sequência deste mosaico de solos, um dos atrativos é o “Centro de Experiências”, onde se pode aprender tudo sobre a vinificação, estágio em inox por vinha, visionar as diferentes texturas de solos e verificar os estágios em garrafas com vinhos das diferentes parcelas.
No espaço da quinta pode encontrar-se, ainda, nos dias de hoje, corvos, perdizes, faisões, cegonhas, javalis e veados. As oliveiras com mais de mil anos, são, de per si, um atrativo.
A Quinta da Torre, criada para originar vinhos de excelência e proporcionar experiências inesquecíveis na área do enoturismo, localiza-se freguesia de Moreira, concelho de Monção. É fácil de chegar: no local deparamo-nos com um enorme e bonito portão à moda antiga, com o muro típico em granito desta região, onde se pode ler Quinta da Torre.
Entrando, deparamos com um acervo de património cultural construído impressionante, que “transpira” história e se impõe pela beleza e imponência. Existem dois espigueiros e uma eira que nos transportam para os usos, costumes e tradições destas terras, onde o trabalho do milho, do linho, era uma constante, e onde se matava o porco e dele se extraía tudo para se fazer os diversos pratos bem típicos de Monção e do Minho.
Olhando para a esquerda, contigua aos espigueiros, encontra-se uma loja de vinhos contemporânea franqueada com uma enorme esplanada para os vários torrões de vinha que a quinta possui. Uma paisagem de cortar a respiração de tão idílica que é, e de beleza natural que possui. A vontade de pegar num copo e provar um excelente Alvarinho à temperatura correta, provocou em mim pensamentos e devaneios incontroláveis para quem adora esta casta como eu. Por debaixo da loja temos uma sala de provas com capacidade para 25 pessoas, onde se fazem as provas livres e programadas.
Na loja encontram-se devidamente e criteriosamente expostos todos os vinhos que Anselmo Mendes que produz na Região dos Vinhos Verdes, sobretudo na sub-Região de Monção e Melgaço e na Sub-Região do Lima. Em conjunto, o enólogo já faz a gestão de 130 ha de vinha, 50 ha em Monção e mais 70 ha no Lima.
As experiências de turismo e vinhos
A conduzir a visita estava a Sandra Além. Responsável pelo Enoturismo da Quinta, nascida a pouco mais de 700 metros, desperta de imediato a atenção pela sua alegria, simplicidade, genuinidade e profissionalismo. Pode haver a sorte de encontrar o enólogo Anselmo Mendes na Quinta, e ele nunca recusa uma explicação suplementar. Eu tive essa sorte. Todas as provas são acompanhadas com produtos gastronómicos locais e regionais. Na esplanada também se fazem provas. É nesse espaço que a visita começa com uma explicação criteriosa da história da casa e as características da Quinta. O storytelling nunca é o mesmo, pois há muito para dar a conhecer, e a espontaneidade da Sandra, com um sotaque delicioso, rapidamente nos embala para um passado glorioso sem perder o norte da visita, provar vinhos e ter uma experiência turística memorável.
Na visita completa, cerca de hora e meia e “mais uns pozinhos”, calcorreamos a quinta com paragem obrigatória nas oliveiras com mais de mil anos, onde orgulhosamente se realça o histórico e a tradição na produção de azeite na Quinta da Torre, conhecida na terra pelo Paço – Quinta da Bemposta. Os exteriores milimetricamente organizados com um gosto requintado, onde tudo está no sítio certo, remetem-nos para o imaginário do passado onde o tempo durava muito, onde a vida calma e mais prazerosa permitia o disfrute de tal espaço romantizado. Respira-se cultura, natureza, paisagem, que faz-nos sentir em casa e desejar ficar para uns dias de deleite.
Em frente às famosas oliveiras localizam-se cinco suites, num corpo contiguo e construído para o efeito de alojamento turístico, devidamente equipadas, de bom gosto decorativo e qualidade irrepreensível. Nota-se que tudo foi pensado para proporcionar momentos especiais.
Em seguida descemos, perante a fachada sul da casa onde se localizam pormenores arquitetónicos de grande valor, que merecem reflexão, para conhecer o exclusivo e único Centro de Experiências da Região, uma adega de onde, no século XVI, saiam vinhos para Inglaterra e Norte da Europa. Anselmo Mendes guarda todos os anos 1000 litros de vinho por cada uma das oito as parcelas, oito solos diferentes no mesmo vale. Este centro está inteligentemente organizado: o chão mostra a rocha mãe da região – o granito, e dos lados a pedra rolada, 8 cubas em inox com vinhos em estágio por parcela, 16 barricas onde estagiam mais alguns vinhos e uma garrafeira com os vinhos em estágio. Este Centro de Experiências permite constituir também uma mostra do que se faz na Adega que a empresa tem em Melgaço.
Na companhia do Anselmo Mendes, esqueça o tempo porque a conversa flui pelos tempos da história, das castas, da terra, dos usos e costumes e sobretudo das tradições.
No andar acima do Centro de Experiências existe uma biblioteca bem apetrechada de aventuras, factos e ciência, com especial atenção para o vinho, e ainda tem uma suite para uso da família. Contudo, no corpo central encontramos a sala vip que permitirá a realização de eventos mais privados, quer para o produtor quer para quem dela necessita para realizar uma ação mais exclusiva. No andar de cima, o corpo central da casa, existe uma sala de jantar para uso comum e uma cozinha que os hospedes podem de igual forma usar.
Na Torre perto das oliveiras existem três suites para alojamento turístico com todo o conforto digno de espaços celestiais que nos remetem para a história de “príncipes e princesas”, bem localizadas, pois podemos admirar o “mar” calmo das vinhas. Na parte de trás da casa, com a fachada virada para as vinhas, temos um pomar para apreciação e “prova” de alguns frutos tirados diretos da árvore.

Na Quinta da Torre, estão plantados 50 ha de Alvarinho. E, numa propriedade vizinha, mais 7 ha de castas tintas (Alvarelhão, Pedral, Verdelho-Feijão). Mas para completar o conhecimento e refletir as viagens que Anselmo faz pelo mundo vínico, a Quinta possui 1 ha vinha, que constitui um raro “Jardim das Castas Brancas”, para proporcionar, de igual forma, mais conhecimento a quem a visita. Das várias existentes destacam-se variedades brancas internacionais como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Viognier, Gewurztraminer, Pinot Gris, Assyrtiko, Furmint, Godello, Fiano e, entre as castas nacionais, Encruzado, Viosinho, Azal, Arinto, entre outras.
A quinta possui ainda uma coleção de 400 camélias, que são tratadas com o maior cuidado já que a família adora esta espécie. Este é o cenário ideal para desfrutar de uma prova de vinhos ímpar, repleta de identidade e autenticidade e rodeado pelas vinhas que lhes dão origem, num terroir único, perfeito para a casta rainha da região. A experiência turística é inolvidável.
Os desafios enfrentados, como as mudanças climáticas e as tendências de mercado, têm sido oportunidades para inovar e reafirmar a identidade e notoriedade dos vinhos produzidos nesta quinta. Com várias certificações de qualidade ISO22001 e ISO14001, caminham a passos largos para a obtenção do selo da Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola do IVV. Um espaço de Enoturismo a visitar para ser (muito) feliz.
Nota: o autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
(Artigo publicado na edição de Agosto de 2024)
Quinta da Atela aposta ainda mais no enoturismo

A Quinta da Atela, produtor de vinho da região vitivinícola do Tejo, acaba de lançar um novo programa de enoturismo que promete conquistar os amantes de vinho e os entusiastas do turismo rural, que procuramum refúgio no coração do país. Com uma história que remonta ao século XIV, apropriedade de Alpiarça abre agora as suas […]
A Quinta da Atela, produtor de vinho da região vitivinícola do Tejo, acaba de lançar um novo programa de enoturismo que promete conquistar os amantes de vinho e os entusiastas do turismo rural, que procuramum refúgio no coração do país.
Com uma história que remonta ao século XIV, apropriedade de Alpiarça abre agora as suas portas para oferecer uma experiência imersiva, onde os visitantes podem explorar as vinhas e a Reserva Natural do Paul da Gouxa em buggy todo-o-terreno ou no reboque do trator, participar em qualquer uma das três provas de vinhos disponíveis e conhecer de perto o processo de produção. Nesta aventura por paisagens a perder de vista, a Quinta da Atela convida adescobrir pontos de interesse natural e arqueológico como o maior Salgueiro Negral da Península Ibérica ou o Cabeço da Bruxa. São 600 hectares de natureza no seu estado mais puro.
E para quem vem de longe, ou apenas quer passar a noite na calmaria do campo, a restaurada casa centenária, ainda com a “traça” original, oferece quatro suítes e piscina exterior. Para juntar estadia e experiências de enoturismo, a Quinta da Atela sugere um dos dois pacotes que incluem uma noite, tour pela propriedade, prova ou piquenique e um momento cultural ou de visita à adega.
Quinta da Atela
Estrada Nacional 118, km78 – 2090-219 Alpiarça
Enoturismo: Vinilourenço – No Douro mais intenso

Já muito se escreveu sobre o Douro, mas nunca me canso de o ler, de o visitar, de o ver, de o cheirar e de o apreciar. A região demarcada do Douro oferece sempre sensações diferentes. A cada visita uma nova história. Na realidade não existe um só Douro, existe um território que vislumbra várias […]
Já muito se escreveu sobre o Douro, mas nunca me canso de o ler, de o visitar, de o ver, de o cheirar e de o apreciar. A região demarcada do Douro oferece sempre sensações diferentes. A cada visita uma nova história. Na realidade não existe um só Douro, existe um território que vislumbra várias cenografias naturais, que nos instiga constantemente a visitar, a ficar, a calcorrear os caminhos tão belos como desafiantes, alicerçado em mirantes e miradouros que testemunham a sua própria magnitude.
No Douro há uma relação umbilical entre vinho e território, uma relação que não é meramente física, mas muito envolvida na cultura e nas pessoas. Ser do Douro é motivo de orgulho que só quem lá vive sente. Este casamento entre vinho e território identifica as origens, o vinho torna-se num embaixador único, levando uma mensagem sobre a terra, as gentes e a cultura. Se há destino onde se adormece e acorda a pensar em vinho e em tudo o que rodeia é exatamente nesta região.
Na realidade visitar o Douro é uma experiência única para os verdadeiros amantes de vinho. Aqui têm a oportunidade de provar excelentes vinhos, mas também de explorar uma paisagem deslumbrante, rica em história, cultura e tradição vinícola. Se pensarmos em toda a história do Douro e das suas gentes só me ocorre uma palavra – notável.
O Douro é também um território de produção onde a origem conta. Com condições climáticas muito próprias, um solo que exige um trabalho árduo e um modo ímpar de trabalhar a terra, o Douro forma uma paisagem magnífica e torna-se berço de vinhos memoráveis com uma enorme capacidade de guarda quer no âmbito dos tranquilos e espumantes, quer no âmbito dos fortificados, Portos e Moscatéis. Não foi por acaso. Foi com muito mérito que o Alto Douro Vinhateiro fez e faz parte do património da UNESCO, desde 2001, como paisagem cultural evolutiva e viva.
Na realidade e à medida que se vai percorrendo este destino turístico e vinhateiro, sente-se que os vinhos e os territórios formam um ser único, de vasos comunicantes, de montanhas “encorpadas”, de aromas estonteantes, paisagens deslumbrantes, onde “taninos” complexos e elegantes, constituem os néctares que vamos provando. Este casamento virtuoso entre vinha, vinho e turismo, que designamos de enoturismo, faz deste território um destino de visita obrigatória.
A interacção entre territórios funcionalmente distintos, mas interdependentes e, por isso, mais fortes na sua presença e afirmação no mundo, constitui o mote para a visita que alegremente fizemos ao Douro Superior. Confesso, o meu Douro preferido.
Por estas terras os solos são, na sua quase globalidade, derivados de xistos e algum granito. As amplitudes térmicas são um pouco mais acentuadas do que em locais de clima mediterrânico típico, com mais precipitação e temperaturas mais amenas. Assiste-se a vinhas plantadas em altitude que contribuirão para a elaboração de vinhos mais frescos, com acidez desafiante. Por estas razões e sobretudo pela admiração que tenho pelo Douro, decidi realizar esta viagem de cheiros e sabores que me levaram a um produtor de vinhos do Douro – Vinilourenço, que expressa na perfeição as sensações que acabei de descrever.
Produtor familiar
Foi com Horácio Lourenço que tudo começou, com a plantação das primeiras vinhas há cerca de quatro décadas, impulsionando a base da empresa. O amor à terra e o gosto pela agricultura obrigaram-no a embrenhar-se no mundo da vinha e do vinho, concretizando o sonho que sempre teve de ser viticultor. A sua actividade principal, a construção civil, não lhe permitia uma dedicação a tempo inteiro. Começou por isso, a incentivar o seu filho Jorge Lourenço para a missão de ir mais além do que só comercializar as uvas que colhiam. Desde logo procurou que assumisse os destinos e a estratégia da empresa de fazer os seus próprios vinhos, criando as suas marcas.
Imbuído do espírito empreendedor do pai, ávido de aprender e de levar a “bom porto” o negócio da família, Jorge Lourenço, de temperamento vivo, assume de forma abnegada as rédeas da empresa. Entendeu que os ensinamentos do pai, apesar de importantes, necessitavam se ser complementados com mais conhecimento técnico. Aprender mais e de forma consistente passou a ser mote que lhe veio proporcionar as qualificações mínimas necessárias perante a “empreitada” que tinha pela frente. Concluiu o ensino secundário com mérito, inscreve-se num curso de jovem empresário e mais tarde numa pós-graduação em Enoturismo. Irrequieto e irreverente, é Jorge Lourenço quem hoje assume a administração da Vinilourenço, de corpo e alma, e já lá vão duas décadas, para felicidade do pai, que vê no seu filho a concretização do sonho que teve há 40 anos.
A adega, construída em 2003, situa-se na localidade do Poço do Canto, Concelho da Meda. Tem vindo a ter várias ampliações. É em 2020 que sofre uma remodelação profunda, aumentando a capacidade de produção de vinho e armazenagem para cerca de 800.000 litros. Nesta altura já Jorge Lourenço estava convicto que o turismo seria importante fonte de rentabilidade complementar à comercialização do vinho. Nasceu assim a actividade de enoturismo na empresa.
A família Lourenço sempre respeitou os métodos ancestrais, mas percebeu em boa hora que o mercado consumidor estava a mudar. Neste sentido, dotou a adega de todos os equipamentos necessários à produção de vinhos de qualidade, aliando a metodologia tradicional da utilização dos lagares de granito, à mais moderna vinificação em cubas de aço inox, algumas delas concebidas pelos técnicos da empresa em parceria com o sector das metalomecânicas. Cientes da tradição do Douro de colocar vinhos em estágios médios e prolongados, utilizam barricas de carvalho para os seus grandes vinhos.
A adega e as vinhas
A adega dispõe-se por quatro pisos, adaptados à orografia do local: no piso “0”, está localizada uma loja de vinhos para venda directa, armazém de apoio, escritórios, e um espaço para provas e eventos vínicos, com cerca de 100m2, equipada com cozinha e um terraço panorâmico para se poder desfrutar da ampla vista da paisagem rural, e um vidro suspenso com vista para a sala de barricas; o piso -1 está destinado a estágio de vinhos em cubas de aço inoxidável de diferentes capacidades, que permitem realizar os lotes pretendidos em grande ou pequeno volume e o estágio de vinhos em barricas de carvalho, utilizadas para os vinhos de qualidade superior; o piso -2 destina-se a receção das uvas, vinificação, engarrafamento e rotulagem; por fim, no piso -3, a adega dispõe das condições ideais para estágio e conservação, com capacidade de armazenamento de produto acabado.
As vinhas da empresa totalizam cerca de 50 ha e estão dispersas por várias parcelas, que chegam a distar entre si mais de duas dezenas de quilómetros, nas freguesias do Poço do Canto, Meda, Vale da Teja, Sebadelhe e Pocinho. Este facto tem o inconveniente de não permitir adoptar o conceito de “Quinta” e de elevar, significativamente, os custos de produção, mas em contrapartida tem a enorme vantagem de dispor de vinhas com uma grande diversidade de condições ambientais, que permitem explorar as castas de forma muito criativa e produzir vinhos com os mais variados estilos.
As cotas dos vinhedos variam entre os 130 e 700 m, tanto em terrenos de encosta com forte declive, como em zonas planálticas, levemente onduladas. Há vinhas armadas em patamares de uma, duas ou mais filas de videiras, com orientações solares muito variáveis, e vinhas contínuas, planas ou de declive suave, com uma única exposição.
Os solos de origem xistosa – típicos do Douro – ocorrem nas zonas de cota mais baixa, junto ao rio Douro, na maior parte das zonas de cota intermédia e, ainda, em algumas cotas altas da freguesia do Poço do Canto. Os solos de transição, com origem no xisto e granito, e os de origem granítica – típicos da Beira – ocorrem nas zonas altas, já na fronteira do Douro Superior com a Beira Interior. Os solos xistosos, de maior fertilidade e menor acidez, têm maior capacidade de retenção de água e dão origem, em regra, a maiores produtividades, proporcionando menor stress hídrico às videiras em anos secos e quentes. Os solos de origem granítica, de menor fertilidade, dão origem a grandes vinhos, particularmente quando há ocorrência de alguma chuva em setembro.
O desafio é entender não um, mas os vários terroirs que a empresa possui, e perceber, de forma empírica, mas também científica e técnica, o resultado dos mostos que originam para fazer blends de várias castas, de várias proveniências, altitudes, exposição solar, produção por parcela, etc.
Turismo de vinho
O enoturismo é a mais recente aposta da Vinilourenço, alicerçada numa estratégia ligada à autenticidade do atendimento das gentes deste Douro (Superior) e no serviço dos produtos mais genuínos. O espaço possui uma loja de vinhos para compra imediata e possibilidade de envio para o domicílio do visitante. Tem ainda um armazém de apoio e um espaço para provas e eventos vínicos, com cerca de 100m2, onde se pode degustar os produtos locais e regionais e ainda, sob reserva, realizar refeições. Neste sentido, o espaço tem uma cozinha equipada para a promoção da gastronomia duriense e um terraço panorâmico para poder desfrutar da ampla vista da paisagem rural que rodeia a adega.
O que mais me impressionou foi a recepção afável e profissional com que fui brindado. É fácil chegar à Vinilourenço, numa viagem pelas paisagens deslumbrantes do Douro. Tive a sorte de me “perder” pelo caminho, já que usufruí da beleza natural do meio envolvente de um mundo rural ainda preservado. O GPS recomenda-se.
Existe um conjunto interessante de programas que possibilitam e preconizam uma experiência inesquecível. A visita inicia pela apresentação do ADN da empresa, a sua história, a adega, os vinhos e os terroirs que possui. De seguida realiza-se o percurso pela adega, que termina na tradicional prova de vinhos, que varia de acordo com o programa escolhido. Aconselho vivamente a visita a algumas das vinhas que a empresa possui, pois é lá que o vinho nasce, é aí que se percebe a complexidade dos vinhos deste produtor. E se for na companhia do Jorge Lourenço (é muito provável que aconteça) vai sentir-se, no seu entusiasmo, o amor que tem pela terra e pela história que a família Lourenço foi construindo nos últimos 50 anos. Mas para um enófilo e gastrónomo que se preze, provar (e beber) sem comer a experiência não será completa, pelo que sugiro um programa que inclua Wine & Food no terraço.
Para quem necessitar de realizar algum evento empresarial ou eventualmente agendar uma experiência com um grupo de turistas, o espaço está preparado para grupos de 10, 20 e 30 pessoas sentadas. Existe ainda, como motivo de interesse, a visita aos 12 ha de olival e 0,5 ha de amendoal. Para além dos programas estabelecidos, a Vinilourenço está actualmente a criar todas as condições para poder oferecer alojamento turístico, Spa nature e espaço de restaurante no meio de uma das vinhas, num quadro natural que vai fazer as delícias dos privilegiados que conseguirem viver a experiência de comer, beber e dormir em perfeita sintonia com o mundo rural. Um local para ser muito feliz!
CADERNO DE VISITA
COMODIDADES
– Carregamento para carros elétricos
– Kids friendly
– Línguas faladas: espanhol, inglês e francês
– Loja de vinhos com espaço de bar / provas / refeições
– 40 lugares sentados
– Parque para automóveis
– Provas livres e comentadas (ver programas)
– Possibilidade de realizar refeições
– Turismo acessível
– Wifi disponível
– Visita à adega
– Visita às vinhas
– Visita ao Douro
EVENTOS*
- Almoços de família, lançamento de um produto, aniversários e datas especiais
- Eventos Team Building
- Festas particulares
- Jantar de empresa ou de negócios
- Possibilidade de criar o próprio evento
- Possibilidade de fazer eventos de empresas para os seus colaboradores
- Possibilidade de fazer Provas cegas
- Reuniões
- Workshops
* sob reserva
EXPERIÊNCIAS À MEDIDA*
– Cursos de introdução ao vinho
– Pic nic vínico
– Seja enólogo por um dia
* sob reserva
PROGRAMAS
Prova Colheitas:
– Dois Vinhos Douro DOC (opção de escolha marca D. Graça ou Fraga da Galhofa); Preço de prova: €10 por pessoa; Nº de pessoas: mínimo duas.
Prova Blend:
– Um Espumante Blend e três vinhos Reserva (Fraga da Galhofa Tinto Reserva, Fraga da Galhofa Branco Reserva, D. Graça Tinto Grande Reserva Vinhas Antigas); Preço de prova: €25 por pessoa; Nº de pessoas: mínimo duas.
Prova Cega Terroir:
– Cinco vinhos Monovarietais; Preço de prova: €35 por pessoa; N.º de pessoas: mínimo duas.
Full turn – visita a vinhas, adega e prova de vinhos:
Ponto de encontro na Vinilourenço; Transporte providenciado pela Vinilourenço; Visita guiada às vinhas; Brinde nas vinhas com um dos vinhos da casa; Visita guiada à adega; Surpresa.
Duração: 1h30
Idiomas: Português e Inglês.
Disponível: De Segunda a Sexta das 11h00 – 18h00 e sábados das 9h30 – 12h30.
Hora de início: 11:00 horas, 14:00 horas, 16:30 horas.
Nº de pessoas:(sob consulta)
Preço: €40 (por pessoa)
Esta actividade inclui guia, visita guiada, prova de vinhos, loja de vinhos.
HORÁRIO
Segunda a Sexta das 9h00 – 18h00
Sábado 9h30 – 19h00
VINILOURENÇO
EN324 – Poço do Canto
Meda 6430-335
Telefone: 279 883 504
e-mail: geral@vinilourenco.com
site: www.vinilourenco.com
(Artigo publicado na edição de Julho de 2024)
Adega José de Sousa cria programa de vindimas tipicamente alentejano

O programa pode ter início na vinha, onde os visitantes têm a oportunidade de cortar os cachos ou, se a vindima estiver numa fase avançada, na adega com a prova de mosto ou com a pisa a pé. Adicionalmente, os participantes podem participar nas atividades a decorrer. Este programa inclui, ainda, uma visita às duas […]
O programa pode ter início na vinha, onde os visitantes têm a oportunidade de cortar os cachos ou, se a vindima estiver numa fase avançada, na adega com a prova de mosto ou com a pisa a pé. Adicionalmente, os participantes podem participar nas atividades a decorrer. Este programa inclui, ainda, uma visita às duas adegas – a Adega Nova e a Adega dos Potes – com uma prova de vinhos e degustação de produtos regionais. E para aqueles que desejam encerrar o dia com uma experiência completa, há a opção de desfrutar de um almoço exclusivo, com os sabores típicos do Alentejo: gaspacho, empadas de galinha, queijos e enchidos, acompanhados de vinhos José de Sousa.
O programa está disponível mediante disponibilidade e marcação prévia. Pode fazer a sua reserva antecipada pelo e-mail josedesousa@jmfonseca.pt ou pelo contacto telefónico através do número 918 269 569.
Programa de vindimas Adega José de Sousa
Datas: 15 de Agosto a 15 de Setembro
OPÇÃO SEM ALMOÇO:
11h00 – Welcome drink
11h15 – Visita guiada à Adega Nova e Adega dos Potes, com participação nas atividades a decorrer*
12h15 – Prova de 3 vinhos e degustação de produtos regionais (enchidos, queijo, pão e azeite)
13h00 – Final do programa
Oferta de t-shirt e chapéu da vindima
Programa disponível de 2 a 16 pessoas
Preço por pessoa: 28 euros (IVA incluído)
Crianças até 10 anos: grátis (sem oferta de t-shirt e chapéu)
Jovens dos 11 aos 17 anos: 13,00 euros
Preço família (2 adultos + 2 jovens): 74,00 euros
OPÇÃO COM ALMOÇO:
11h00 – Welcome drink
11h15 – Visita guiada à Adega Nova e Adega dos Potes, com participação nas atividades a decorrer*
12h15 – Almoço de petiscos regionais: gaspacho, empadas de galinha, folhados de carne, queijos, enchidos variados, azeite, pão regional, azeitonas, compota, biscoitos tradicionais e fruta da época, acompanhado por vinhos José de Sousa.
14h30 – final do programa
Oferta de t-shirt e chapéu da vindima
Programa disponível de 2 a 16 pessoas.
Preço por pessoa: 62 euros (IVA incluído)
Preço crianças (4-8anos): 16,00 €
Jovens dos 9 aos 17 anos: 30,00 euros
Preço família (2 adultos + 2 jovens): 166,00 euros
* A atividade a desenvolver depende da data e da fase em que a vindima se encontrar.
Quinta do Bomfim: “Merenda na Vinha” regressa com o sol e o calor

Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington. As visitas guiadas à Quinta […]
Com as temperaturas a subir e os dias cada vez mais longos, a Quinta do Bomfim – propriedade da família Symington, reconhecida pela produção dos vinhos do Porto Dow’s – reabre o espaço “Merenda na Vinha”, um local para desfrutar de piqueniques, petiscos e de uma seleção de vinhos Symington.
As visitas guiadas à Quinta do Bomfim são uma oportunidade de conhecer os espaços e os “segredos” do vinho ali produzido. Conduzidas por guias, as visitas revelam a história da propriedade, não esquecendo o presente e o futuro, com passagem pelas adegas e pelo armazém, uma construção de 1896 onde o velho contrasta com o novo, homenageando o legado da quinta.
No final do passeio não pode faltar um refresco ou um piquenique para retemperar energias, e a sugestão da família Symington passa pela “Merenda na Vinha”. O espaço, inaugurado em 2023, oferece todas as condições necessárias para momentos de lazer e repouso. Este ano, os cocktails e o menu de petiscos são novidade, sendo possível desfrutar de diversas opções, como o sortido de enchidos, crackers e espetada de queijo com tomate cherry, ou uma taça de amêndoas e batatas fritas.
O menu de piquenique, elaborado pela equipa do restaurante da propriedade – Bomfim 1896 with Pedro Lemos (Guia Michelin 2024) –, pode ser desfrutado de segunda-feira a domingo, das 13h00 às 17h00. Uma seleção de pão, sopa fria de tomate coração-de-boi, salada de verduras, carapau de escabeche, covilhetes e queijo curado são as escolhas para o menu, que conta ainda com fruta da época e toucinho do céu para sobremesa. A garrafa de Altano Branco (para duas pessoas) e um copo de vinho do Porto Dow’s Tawny 10 Anos ou LBV complementam o piquenique do Bomfim, com um custo de 40 euros por pessoa. Opções vegetarianas são também uma possibilidade, com broa de milho e pão de centeio a integrarem a seleção de pão, juntamente com covilhetes de legumes, legumes assados e queijo merendeira.
A reserva das visitas e restantes atividades é aconselhada, sendo necessário reservar os piqueniques com 48 horas de antecedência. As reservas podem ser realizadas por e-mail (quintadobomfim@symington.com). As visitas estão disponíveis todos os dias da semana, das 10h00 às 17h30.
Quinta Dona Matilde: A âncora da família Barros

Quem vai da Régua para o Pinhão pela estrada que acompanha o curso do rio, não pode mesmo deixar de ver a Quinta Dona Matilde, na margem direita, imponente na sua longa frente de rio, com casario de perfil antigo mas cuidadosamente restaurado. Está na posse da família Barros desde 1927. Apetece dizer (ou pensar) […]
Quem vai da Régua para o Pinhão pela estrada que acompanha o curso do rio, não pode mesmo deixar de ver a Quinta Dona Matilde, na margem direita, imponente na sua longa frente de rio, com casario de perfil antigo mas cuidadosamente restaurado. Está na posse da família Barros desde 1927. Apetece dizer (ou pensar) que é a quinta a visitar. A ideia vai agora ganhar forma com a existência de 5 quartos e com serviço de pequeno-almoço. A resposta ao “porquê só pequeno-almoço” é, infelizmente, fácil de dar: a região tem um gravíssimo problema de mão-de-obra, falta gente para a vinha, para a vindima e, como se imagina, com formação hoteleira ainda mais difícil é. Um passo de cada vez é o que procura.
A quinta esteve, durante muitas décadas, ligada à empresa Barros Almeida e apenas vocacionada para a produção de uvas para Vinho do Porto, situação generalizada a quase todas as quintas de região. A empresa foi vendida à Sogevinus mas Manuel Ângelo tomou a decisão de recomprar, regressando assim à posse da família. É por ser quinta inicialmente vocacionada para a produção de Porto que as vinhas mais velhas da quinta têm um plantio em field blend, ou seja, todas as castas misturadas na vinha. Só com o movimento dos DOC Douro, que começou nos anos 90 do século passado, é que se iniciou o plantio por casta. Essas vinhas velhas dão muito mais dores de cabeça do que uvas e por isso a decisão de as manter é sempre uma ousadia que não vale a pena prosseguir se o preço a que se vendem os vinhos feitos com uvas das vinhas velhas não compensar.

O motivo principal desta apresentação foi o lançamento do tinto Vinha do Pinto, precisamente feito com uvas da vinha centenária. O responsável da viticultura, José Carlos Oliveira, salienta o carácter especial que estas vinhas têm, com enorme capacidade de resistir às variações climáticas e os seus vinhos trazem o selo do local, apesar da baixíssima produção por cepa, que se situa nos 300 ou 400 gramas por videira, com trabalho de vinha feito a macho, vindima manual e uma poda que exige inspecção cepa a cepa para se perceber o que se deve manter e cortar.
Este Vinha do Pinto, de uvas com exposição nascente, foi vinificado em inox onde permaneceu por 18 meses no inox e sobre borras finas com alguma bâtonnage. Foi este tempo que lhe permitiu adquirir mais complexidade, tentando no inox aquilo que por norma se procura no estágio em madeira. João Pissarra, enólogo, reconheceu que esta opção é original na região, sobretudo tratando-se de vinhas velhas. Levanta-se assim o debate relacionado com o tema: pode fazer-se um topo de gama tinto sem madeira?
A resposta cabe a cada um dar após a prova do vinho. Esta é a segunda edição, da primeira (2019) existem raras garrafas mas uma foi dada à prova e pudemos confirmar que o vinho se encontra ainda em fase ascendente e apesar de ter nascido no ano mais generoso da década, as vinhas velhas, sempre contidas na produtividade, originaram um tinto que se mostra capaz de desafiar o tempo. Além deste existe outro vinho de parcela – Vinha dos Calços Largos – já objecto de prova em anteriores lançamentos.
(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2023)
Vindimas no Alentejo: 13 programas para participar na colheita de 2023

Rota dos Vinhos do Alentejo, Évora Na Rota dos Vinhos do Alentejo, um espaço com a assinatura da CVRA, é possível, não só fazer uma prova de seis vinhos distintos, como desenhar um roteiro à medida para conhecer a fundo a arte de fazer o vinho na região. Morada: Rua Cinco de Outubro no 88, […]
Rota dos Vinhos do Alentejo, Évora
Na Rota dos Vinhos do Alentejo, um espaço com a assinatura da CVRA, é possível, não só fazer uma prova de seis vinhos distintos, como desenhar um roteiro à medida para conhecer a fundo a arte de fazer o vinho na região.
Morada: Rua Cinco de Outubro no 88, 7000-854 Évora
Preço: €5 por prova
Sem necessidade de reserva
Fita Preta, Évora
A partir de 20 de agosto, a Fita Preta convida a vindimar com a máxima frescura, num programa que tem início bem cedo, ainda de madrugada. Para além da vindima, o convite inclui atividades de enologia na adega e um almoço no Paço Medieval com degustação de cinco vinhos.
Morada: Paço do Morgado de Oliveira, EM527 Km10, Nossa Senhora da Graça do Divor, 7000-016 Évora
Preço: A partir de €125 por pessoa (p.p.)
Reservas: enoturismo@fitapreta.com ou (+351) 918 266 993
Adega José de Sousa, Reguengos de Monsaraz
As atividades na Adega José de Sousa vão estender-se até 3 de setembro, com a possibilidade de escolher entre um programa com ou sem almoço. A visita à Adega Nova e à Adega dos Potes e a prova de três vinhos acompanhados de produtos regionais fazem parte do programa sem almoço. Já a refeição inclui gaspacho, empadas de galinha, queijos e outras iguarias alentejanas.
Morada: Rua de Mourão 1, 7200-291 Reguengos de Monsaraz
Preço: €28 (sem almoço) e €60 (com almoço) p.p.
Reservas: josedesousa@jmfonseca.pt ou (+351) 918 269 569
Tapada de Coelheiros, Arraiolos
De 17 de agosto a 18 de setembro será possível acompanhar e experimentar todas as fases da vindima na Tapada de Coelheiros. A visita inicia-se no campo para compreender os diferentes estados de maturação da uva e perceber quando estão perfeitas para ser colhidas e inclui um tour pela propriedade, onde se poderá observar parte da fauna e flora. Segue-se uma visita à adega e uma prova de cinco vinhos, harmonizada com uma tábua de petiscos e produtos típicos da região.
Morada: Tapada de Coelheiros 7040-202 Igrejinha, Arraiolos
Preço: €70 p.p.
Reservas: enoturismo@coelheiros.pt ou (+351) 266 470 000
Santa Vitória, Beja
Durante duas horas, o produtor de Beja, vai dar a conhecer os vinhos Santa Vitória. A alvorada é pelas 11h00, momento em que são entregues os kits vindima e se avança para um passeio pelas vinhas com direito a explicação e apanha da uva. Mais tarde, os participantes podem contar com uma visita à adega, dirigida pela enóloga Marta Maia e, antes de terminar a manhã, está planeada uma visita à cave das barricas e uma prova de vinhos acompanhada por petiscos regionais.
Morada: Sociedade Agro-Industrial, SA Herdade da Malhada 7800-730 Santa Vitória
Preço: A partir de €35 p.p.
Reservas: campo@vilagale.com ou (+351) 284 970 100
Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz
Em ano de comemoração dos 50 anos, o Esporão celebra a vindima com um programa que inclui visitas, apanha de uvas, provas de vinho, almoço e kit vindima. A 1 de setembro, a Herdade do Esporão recebe os participantes a partir das 10 horas com um café de boas-vindas e entrega do kit vindima. Segue-se uma visita à vinha com apanha de uva e às adegas e cave. Posteriormente, os participantes têm direito a uma prova de vinhos acompanhada com queijos e enchidos regionais. O programa pode terminar ou continuar com um almoço no Wine Bar.
Morada: Herdade do Esporão 7200-207 Reguengos de Monsaraz
Preço: €60 p.p. (sem almoço) ou €115 p.p. (com almoço)
Reservas: reservas@esporao.com
Mainova, Arraiolos
“Moinante” é aquele que dorme durante o dia, porque esteve a noite toda na farra e é também o nome da experiência de vindima da adega Maionova. A Moinante Experience, disponível nos dias 25 de agosto, 1 e 8 de setembro, propõe uma vindima noturna, com um programa que começa às 22 horas com a receção aos convidados com um welcome drink e kit de boas-vindas. Segue-se uma visita à adega e a preparação dos participantes com coletes refletores, lanternas e tesouras de poda. A vindima dura até à 1 hora, momento em que é servida a ceia com degustação de vinhos.
Morada: Herdade da Fonte Santa Estrada Nacional372-1, 7040-669 Vimieiro, Arraiolos
Preço: €120 p.p.
Reservas: enoturismo@mainova.pt ou (+351) 910732526 (vagas limitadas)
Herdade do Rocim, Cuba
Na Herdade do Rocim há a possibilidade de optar por dois programas. O “Uma bucha na vindima do Rocim” que tem o custo de 35 euros, decorre de terça a sábado durante todo o mês de agosto, e leva o visitante a conhecer o processo de vindima, terminando com uma bucha variada composta por produtos locais. Ou o “Pisa a pé com Embalo” que decorre a 9 de setembro, tem o custo de 65 euros e início às 11 horas com uma prova de vinhos, acompanhados por queijos e enchidos alentejanos, seguindo-se uma visita à vinha para conhecer o processo de vindima. Este programa inclui ainda almoço e termina com a pisa a pé ao som de cante alentejano.
Morada: Estrada Nacional 387 Apartado 64, 7940-909 Cuba
Preço: A partir de €35 p.p.
Reservas: enoturismo@herdadedorocim.com
Torre de Palma, Monforte
Respeitando as raízes romanas em Torre de Palma, celebra-se o vinho na “Lusitânia”, tal como no período romano. A “vinalia rústica” marca o início das vindimas em meados de agosto, bem como o início do programa de vindimas e termina em finais de setembro, celebrando a “meditrinalia”, data em que o mosto é consagrado. O programa inclui as boas-vindas à Torre de Palma, entrega do kit vindima, visita às vinhas e colheita manual da uvas e seleção, prova de mostos, almoço ou jantar no Restaurante Palma com bebidas incluídas.
Morada: Torre de Palma Wine Hotel – Monforte
Preço: €60 p.p.
Reservas: reservas@torredepalma.com ou (+351) 245 038 890
João Portugal Ramos, Estremoz
O Nature’ing with Wine começa com uma visita ao miradouro, onde se observa a extensa planície de vinhas, seguindo-se a ida para a vinha e a apanha da uva. Regressando à adega, o visitante é desafiado a experimentar a tradicional pisa a pé em lagares de mármore. O programa de quatro horas e meia continua com uma visita à adega e às caves e termina com um almoço de vindima com dois menus distintos, harmonizados com vinhos João Portugal Ramos.
Morada: Vila Santa, Estrada Nacional 4, 7100-149 Estremoz
Preço: €80 p.p. (Mínimo quatro pessoas)
Reservas: https://www.jportugalramos.com/pt/natureing-with-wine/
Adega de Vidigueira, Cuba e Alvito, Vidigueira
O programa de seis horas inclui a visita às vinhas dos associados e a descoberta da arte de vindimar. A meio da manhã está agendada uma pausa para a “bucha”, recheada de algumas iguarias da região, como o pão da Vidigueira, paio de porco preto, queijos, azeitonas e torresmos. Depois do petisco é hora de regressar à adega e conhecer de perto o processo de vinificação e a atividade termina com um almoço de degustação na Casa das Talhas.
Morada: Bairro Industrial 7960-305 Vidigueira
Preço: €60 p.p. (Mínimo quatro pessoas)
Reservas: https://adegavidigueira.pt
Adega Mayor, Campo Maior
De 13 de agosto a 18 de setembro, a Adega Mayor promove diferentes programas de enoturismo, dependentes de marcação prévia e com número limitado de 12 participantes por grupo. O programa “Vindima Mayor” tem o custo de 45 euros por pessoa e, além da visita à vinha e à adega, inclui prova de mosto e um workshop com prova de quatro vinhos do produtor.
Morada: Herdade da Argamassas, 7370-171 Campo Maior, Portugal
Preço: €45 p.p.
Reservas: enoturismo@adegamayor.pt
Quinta da Fonte Souto, Portalegre
A Quinta da Fonte Souto tem dois programas distintos. Os “Dias Abertos” que são gratuitos e decorrem nas manhãs de 19 de agosto, 17 de setembro e 22 de outubro. Estes dias com reservas limitadas oferecem a possibilidade de passear pelas vinhas e provar néctares da Quinta da Fonte Souto. Já os programas de vindimas completos, incluem uma visita guiada à quinta, um passeio na vinha, a prova de três vinhos e a participação nas atividades de vindima. O programa pode terminar por aqui e tem o custo de 20 euros ou incluir piquenique e aí terá o valor de 40 euros.
Morada: Estrada de Alegrete, Reguengo e São Julião, 7300-404
Preço: A partir de €20 p.p.
Reservas: reservas@fontesouto.com ou (+351) 910 104 292
Wine&Soul: Passe um dia na vinha e crie o seu blend

Ambas as ofertas proporcionam experiências únicas, desde a criação de rótulos personalizados a passeios pelas vinhas com direito a um almoço exclusivo na quinta. Estas são sugestões para uma escapadinha rumo ao Douro, na companhia de amigos e família. O programa “Wine Blending” convida todos enófilos a conhecerem mais sobre a arte de enologia. A […]
Ambas as ofertas proporcionam experiências únicas, desde a criação de rótulos personalizados a passeios pelas vinhas com direito a um almoço exclusivo na quinta. Estas são sugestões para uma escapadinha rumo ao Douro, na companhia de amigos e família.
O programa “Wine Blending” convida todos enófilos a conhecerem mais sobre a arte de enologia. A experiência começa com uma visita à adega, onde é possível ficar a saber mais sobre o processo de vinificação. Posteriormente, aos visitantes é dada a oportunidade de colocar a teoria em prática e de serem enólogos por um par de horas para, assim, criar o próprio blend. No final, é possível personalizar o rótulo e levar a garrafa do vinho para casa. A experiência pode ser acompanhada por um dos enólogos do projeto. Para participar é necessária uma inscrição de grupo, entre 8 a 12 pessoas, e marcação prévia. O programa tem o valor de 100€ p/pessoa e uma duração média de 3 horas.
O programa “Um Dia na Vinha” arranca com uma visita à adega. De seguida, os visitantes seguem de jeep para a Quinta de Manoella, onde têm a oportunidade de realizar um trilho pedestre. A caminhada, durante a qual é explicada a origem desta propriedade histórica, tem fim junto à casa, por baixo da ramada, onde é realizado um almoço acompanhado de uma prova de vinhos da gama Manoella. A experiência poderá também ser personalizada, através da presença de um dos enólogos, mediante disponibilidade e marcação. O programa tem o valor de 175€ p/pessoa, exigindo no mínimo 8 pessoas. Com uma duração de cerca de 5 horas.
Localizada na margem esquerda do rio Pinhão, a Quinta da Manoella é uma das mais históricas e singulares propriedades do Douro. Com cerca de 60 hectares, está nas mãos da família Borges desde há 5 gerações, tendo sido adquirida em 2009 pelo casal Jorge Borges e Sandra Tavares da Silva, fundadores da Wine&Soul.
Todos os programas estão sujeitos a marcação prévia, e mediante disponibilidade, com um mínimo de 48h de antecedência. Para mais informações e reservas: enoturismo@wineandsoul.com | +351 910 433 683 | +351 254 738 486