Enoturismo de Outono: Depois da vindima, o descanso…

Numa altura em que as vindimas ou já acabaram, ou estão quase no fim (dependendo da região e do tipo de vinho), chegou uma nova fase do enoturismo: relaxar, de copo na mão. As vantagens do enoturismo no Outono e Inverno são várias, sobretudo porque estamos em “época baixa”, o que se traduz em menos […]
Numa altura em que as vindimas ou já acabaram, ou estão quase no fim (dependendo da região e do tipo de vinho), chegou uma nova fase do enoturismo: relaxar, de copo na mão. As vantagens do enoturismo no Outono e Inverno são várias, sobretudo porque estamos em “época baixa”, o que se traduz em menos gente e preços geralmente mais baixos, mas também por toda a magia que só estas estações podem trazer, como a paleta de cores quentes, do vermelho ao castanho, que invade as vinhas, ou o cheiro a lareira e fumeiro que paira no ar, e também a paz que transmite o descanso dos vinhos numa sala de barricas ou de tonéis. Aqui ficam cinco sugestões de destino, com e sem alojamento, para os enófilos “fugirem” do buliço do dia-a-dia, nesta época que agora se inicia.
Texto: Mariana Lopes Fotos: D.R.
VINHO VERDE
Quinta da Lixa/Monverde Wine Experience Hotel
O Monverde Wine Experience Hotel pertence à Quinta da Lixa (Vila Cova da Lixa, concelho de Felgueiras) e localiza-se apenas a 2,5km desta, em linha recta, na Quinta de Sanguinhedo, em Telões, Amarante. Embora a Quinta da Lixa tenha já um bom programa de provas e visitas, é no Monverde que a oferta premium de enoturismo tem lugar, com a vantagem de estarmos perante um alojamento de luxo, que inclui SPA (centrado na vinoterapia) e um restaurante ao mesmo nível. Aqui, há seis provas de vinho — que vão dos 18 aos 60 euros por pessoa — e cinco experiências, mas apenas uma, bastante “family friendly”, está disponível na época Outono/Inverno.
PROVAS
- Wines with Character (€18 pax): prova de 3 vinhos, harmonizada com produtos regionais, que pretende contar a história da cultura vinícola da região dos Vinhos Verdes.
- Taste the Vine (€25 pax): prova de 5 vinhos varietais, para reforçar o conhecimentos sobre o perfil das castas tradicionais da região.
- Notes of Legacy & Terroir (€30 pax): prova de 5 vinhos “ícone” da casa, que convidam a mergulhar na história da família proprietária e a conhecer a actual geração.
- Winemaker Barrel & Vine Sessions (€40 pax): prova centrada na visão do enólogo da Quinta da Lixa, onde são apresentados “vinhos de barrica, de edição limitada, e de vinhas específicas, que representam alguns dos projectos mais ambiciosos de Carlos Teixeira”.
- Exclusive Limited Editions (€60 pax): prova com 3 vinhos de edições muito limitadas, que “mostram uma nova era na produção de vinho da região, a que resiste à urgência de consumo de novas colheitas”.
- Family Tasting Experience (€15 por adulto, €3 por criança até aos 12 anos): prova dedicada à família, 3 vinhos para os adultos e, para as crianças, sumos com os aromas dos vinhos apresentados.
EXPERIÊNCIA DE OUTONO
- Wine Blending & Sensory Experience (€40 pax): a clássica experiência “enólogo por um dia”, onde o visitante cria o seu próprio vinho. Começa no Túnel dos Aromas, um espaço para aprender sobre os aromas dos vinhos da região, seguindo-se prova de cada casta isolada, para depois medir quantidades e misturar. No final, o visitante engarrafa e rolha o seu vinho, coloca a cápsula e personaliza o rótulo.
Monverde Wine Experience Hotel

Website: www.monverde.pt
Localização: Quinta de Sanguinhedo 166, Castanheiro Redondo
4600-761 Telões, Amarante
Contactos: +351255143100 / geral@monverde.pt
DOURO
Quinta de Ventozelo
No concelho de São João da Pesqueira, entre o Pinhão e Ervedosa do Douro, a Quinta de Ventozelo estende-se por uma totalidade de 400 hectares, 200 de vinha. Nos últimos anos, a empresa tem feito grandes investimentos não só a nível da produção, mas também na sua oferta hoteleira e de enoturismo. Hoje, a propriedade tem 29 quartos (recentemente reabilitados, distribuídos por sete edificações distintas), o restaurante e wine bar Cantina de Ventozelo (consultoria do chef Miguel Castro e Silva), provas de vinho (com preços dos 14 aos 40 euros), 7 percursos pedestres com extensões e graus de dificuldade variados e audio-guia (€25), experiências na natureza e actividades cinegéticas, como caçadas fotográficas. No Outono, é também possível participar na apanha da azeitona. Mas é no mais recente Centro Interpretativo/Núcleo Museológico que reside a individualidade e inovação do enoturismo da Quinta de Ventozelo…
CENTRO INTERPRETATIVO/NÚCLEO MUSEOLÓGICO
Este centro, inserido num edifício da quinta construído no século XVIII, foi criado para proporcionar aos visitantes um conhecimento mais aprofundado da região do Douro — do seu património natural, material e imaterial — através de uma experiência sensorial de descoberta de Ventozelo e da sua história. Natalia Fauvrelle, museóloga responsável pelo Centro Interpretativo, explica: “Procurou-se um discurso expositivo, que combinasse o lúdico com o conhecimento e com o rigor científico. Por exemplo, os retratos dos proprietários da Quinta no século XVIII são expostos mostrando o cuidado que houve no seu estudo e restauro. Depois, temos experiências tão simples como andar, a subir e descer dentro do percurso da exposição, de modo a ter a perceção dos declives de que é feita a quinta, e toda a região. Segue-se o mais tradicional desafio de apreensão de aromas e um espaço onde o visitante se pode sentar e contemplar o céu ao longo do dia. Também há um espaço onde se pode ouvir Ventozelo, o silêncio e os seus sons característicos”. Segue-se um passeio que contempla também a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, os lagares e a adega, o alambique, as hortas biológicas, os pomares e o jardim das aromáticas, onde também se pode provar o Gin de Ventozelo). Tudo isto é feito com audio-guia e inclui prova de dois vinhos do Porto e um do Douro.
PROVAS
- Descoberta: prova de 3 (€14 pax) ou 6 vinhos (€22 pax), para descobrir Ventozelo, com vinhos varietais e de entrada de gama.
- 200 Hectares: prova de 4 (€17 pax) ou 8 vinhos (€28 pax) varietais.
- Reserva: 5 vinhos (€23 pax) da categoria Reserva, um rosé, dois brancos e dois tintos.
- Prova Especial de Vinhos DOC Douro: 4 vinhos ícone de Ventozelo (€40 pax).
- Enigma: prova cega de 4 vinhos da casa (€20 pax).
- Prova das Cores de Vinho do Porto: 4 vinhos do Porto da marca Porto Cruz (€21 pax).
- Prova Especial de Vinhos do Porto: 5 vinhos do Porto de gamas superiores e das marcas Dalva, Porto Cruz e Quinta de Ventozelo (€40 pax).
- Cominação Ventozelo: prova de um branco, um tinto e um rosé, harmonizada com três sabores da quinta, azeite, azeitonas e pão (€20 pax).
Quinta de Ventozelo
Website: www.quintadeventozelo.pt
Localização: Ervedosa do Douro
5130-135 S. João da Pesqueira
Contactos Enoturismo: +351254732167 / hotel@quintadeventozelo.pt
LISBOA
Quinta do Sanguinhal/Quinta das Cerejeiras
No Bombarral, a família Pereira da Fonseca detém três propriedades desde o início do século XX, totalizando 140 hectares, sob a “umbrela” Companhia Agrícola do Sanguinhal: Quinta do Sanguinhal, Quinta das Cerejeiras e Quinta de S. Francisco. Nestas três propriedades, a família sempre produziu vinho, vinificando as quintas separadamente, nas respectivas adegas. Mais recentemente, a empresa criou programas de enoturismo para as Quintas do Sanguinhal e das Cerejeiras, focados em proporcionar uma descoberta não só de carácter vínico, mas também histórico, religioso e arquitectónico. Todos os programas podem ser reservados e pagos directamente no website da Companhia Agrícola do Sanguinhal, o que é muito prático.
QUINTA DO SANGUINHAL
Esta propriedade proporciona uma visita completa e guiada (+ prova de vinhos), que passa pelos jardins do século XIX, pelas vinhas, pela destilaria do séc. XIX (onde se produziram aguardentes vínicas e bagaceiras durante 100 anos), por “um dos maiores e mais antigos lagares da Península Ibérica” (com prensas de fuso e vara, a mais antiga a datar de 1871), e pela cave de envelhecimento, “uma das mais antigas da região de Lisboa ainda em utilização” com 36 tonéis de carvalho português e mogno. Aqui, há duas variações do programa:
- Visita e prova (€30 pax): com duração de uma hora e meia, a visita antecede uma prova de 6 vinhos Sanguinhal — brancos, rosés, tintos e um licoroso — acompanhada de tostas, queijo de mistura regional e mini pastel de nata.
- Visita, prova e refeição (€60 pax): semelhante à anterior, mas com uma refeição servida em buffet, confeccionada pela equipa da quinta. Por mais €6,50, poderá alterar-se a ementa base consoante intolerâncias ou dietas específicas. A duração é de 3 horas.
QUINTA DAS CEREJEIRAS
A visita, com prova de vinhos, da Quinta das Cerejeiras, contempla o exterior da casa de Abel Pereira da Fonseca (fundador da Companhia Agrícola do Sanguinhal), projetada pelo arquitecto Norte Junior (primeira metade do século XX), a capela Madre de Deus (século XVI) com as paredes e abóbada forradas a azulejos do século XVII, o jardim da casa e o núcleo museológico, composto por uma adega com tonéis de carvalho e vários objectos e equipamentos antigos, ligados à história da produção de vinho da empresa. No momento da escrita deste artigo, estava disponível uma modalidade: visita guiada e prova de 2 vinhos da Quinta das Cerejeiras, com duração de 30 a 45 minutos (€5 pax).

Website: www.sanguinhal.pt
Localizações:
2540-216 Bombarral
Quinta das Cerejeiras
2544-909 Bombarral
Contactos Enoturismo: +351262609199 / +351914493231 / enoturismo@sanguinhal.pt / ana.reis@sanguinhal.pt
PENÍNSULA DE SETÚBAL
Casa Museu José Maria da Fonseca
A José Maria da Fonseca foi fundada há mais de 180 anos, estando hoje na sétima geração da família Soares Franco. A sua Casa Museu, em Vila Nogueira de Azeitão, actual local do enoturismo da empresa, foi residência da família até aos anos 70, tendo sido construída no século XIX e restaurada em 1923, pelo arquitecto suíço Ernesto Korrodi. Visitá-la, é também entrar em toda a mística da produção e estágio dos moscatéis, onde os cheiros e e as madeiras velhas combinam na perfeição com a estação outonal. Há muitas e distintas provas disponíveis, e todas incluem a visita, que tem início na Sala Museu, com uma breve explicação sobre a história da empresa, seguindo-se passagem pelo jardim e descoberta das três adegas: a Adega da Mata, onde estagia o vinho Periquita; a Adega dos Teares Novos, palco da Confraria do Periquita; e a Adega dos Teares Velhos, onde repousam os moscatéis mais antigos da José Maria da Fonseca.
Há várias modalidades de prova que conjugam vinhos brancos, tintos e Moscatéis de Setúbal: as Premium, dos 8 aos 19 euros; e as Super Premium, dos 18 aos 36 euros. Mas são as Provas Especiais, o Programa Família e a Experiência “Um dia com a nossa Família”, que se destacam neste Outono.
PROVAS ESPECIAIS (incluem visita):
- 3 Moscatéis de Setúbal (€18 pax): prova de 3 vinhos Moscatel de Setúbal da Colecção Privada do enólogo Domingos Soares Franco. Um Roxo, um Moscatel com Armagnac e um Moscatel com Cognac.
- 3 Tintos/3 Regiões (€29 pax): 3 tintos super premium, um da Península de Setúbal, um do Alentejo e um do Douro).
- Moscatéis Especiais (€100 pax): prova de 3 Moscatéis de Setúbal de topo, Alambre 20 Anos, Alambre 40 Anos e Trilogia (um blend dos anos 1900, 1934 e 1965).
- Sabores da Terra (€50 pax): prova de 2 brancos premium, 2 tintos premium e 1 Moscatel de Setúbal premium, acompanhada de caldo verde com broa de milho ou gaspacho, patês variados, queijos e enchidos, tortas de Azeitão, “esses” de Azeitão, pães e tostas. Com vinhos super premium, o valor passa para €57.
PROGRAMA FAMÍLIA:
- Visita guiada, seguida de prova de 2 vinhos premium para os adultos (1 tinto e 1 Moscatel) e 2 sumos para as crianças, acompanhados de queijos, enchidos, azeite e pão regional, com oferta de lápis de cor e desenhos para os mais pequenos. O preço para 2 adultos + 2 crianças (dos 2 aos 17 anos) é €35, com possibilidade de adulto extra por €12 ou criança extra por €5.
EXPERIÊNCIA “UM DIA COM A NOSSA FAMÍLIA”:
- O programa mais exclusivo de todos (preço sob consulta), que contempla visita guiada à Casa Museu, seguida de prova de 6 vinhos e almoço ou jantar na presença de um dos elementos da família Soares Franco. O menu da refeição é escolhido pelo cliente, e inclui “welcome drink”, entrada, prato e sobremesa, com selecção de vinhos personalizada.
Casa Museu José Maria da Fonseca

Website: www.jmf.pt
Localização: Rua José Augusto Coelho 12A
2925-538 Azeitão
Contactos Enoturismo: +351212198940 / enoturismo@jmfonseca.pt
ALENTEJO
Herdade do Rocim
A Herdade do Rocim é já uma referência incontornável da região da Vidigueira, quer pela qualidade e diversidade dos vinhos como pela beleza da propriedade e da sua moderna (mas perfeitamente integrada na paisagem) adega. A oferta de enoturismo do Rocim, por sua vez, convida a imergir na cultura vitivinícola tradicional alentejana, com propostas muito interessantes e originais, entre as quais se destaca a Amphora Wine Tour e a sugestão do produtor para esta estação: Brunch de Outono ou Bucha Alentejana de Outono.
PROVAS:
- Prova de vinhos com tábua alentejana (€25 pax): 4 vinhos Herdade do Rocim, acompanhados de selecção de queijos e enchidos alentejanos.
- Vinhos de ânfora/talha com tábua alentejana (€30 pax): uma prova para conhecer os métodos tradicionais e modernos de produção de vinhos de talha, com uma selecção de queijos e enchidos alentejanos.
- Bucha alentejana com vinhos Herdade do Rocim (€40): uma experiência vínica com selecção de petiscos tradicionais alentejanos em buffet.
BRUNCH DE OUTONO OU BUCHA ALENTEJANA DE OUTONO:
- Programa para degustar a paisagem e desfrutar de um brunch de Outono (€30 pax, mín. 2 pessoas), com iguarias típicas da época, harmonizadas com vinhos inspirados no Chapim, uma ave colorida que visita diariamente o Rocim. Está disponível nos sábados de Outubro, Novembro e Dezembro, a partir das 11h.
AMPHORA WINE TOUR:
- Neste novo programa (€115 pax), a Herdade do Rocim leva os visitantes num tour, entre Cuba e Vidigueira, pelos produtores de Vinho de Talha que, segundo a empresa, “mantêm a essência deste método secular de produção de vinhos”. Pelo meio, provam-se os vinhos e os petiscos da região.
Herdade do Rocim
Website: www.rocim.pt
Localização: Estrada Nacional 387
7940-909 Cuba
Contactos Enoturismo: enoturismo@herdadedorocim.com / +351935683517
19|90 Premium Wines: Santar volta ao mapa

A 19|90 Premium Wines, divisão de vinhos topo de gama da Global Wines, assina agora o mais recente projecto de enoturismo do grupo, no Dão: WineX, um conjunto de experiências que promete fazer de Santar a nova coqueluche da região. Texto: Mariana Lopes Fotos:1990 Premium Wines Quem conhece a vila e a zona de Santar, […]
A 19|90 Premium Wines, divisão de vinhos topo de gama da Global Wines, assina agora o mais recente projecto de enoturismo do grupo, no Dão: WineX, um conjunto de experiências que promete fazer de Santar a nova coqueluche da região.
Texto: Mariana Lopes Fotos:1990 Premium Wines
Quem conhece a vila e a zona de Santar, até se pergunta “como é que isto não está cheio de gente?”. A resposta é simples: por muito bonita que seja a paisagem, natural e urbana, se não houver actividades interessantes e chamativas, as pessoas não chegam a saber que o sítio existe. Foi com consciência disto mesmo que a 19|90 Premium Wines — divisão de vinhos topo de gama da Global Wines, que integra as marcas Vinha do Contador e Casa de Santar (Dão), Encontro (Bairrada) e Saturno (Alentejo) — decidiu agir. Com direcção-geral de Vítor Castanheira, também administrador da Global Wines, a 19|90 contratou, recentemente, Marisol Benites para o cargo de directora da unidade de negócio e responsável de enoturismo. Contratação de peso, Marisol tem no currículo passagens por casas como o grupo Vranken-Pommery Monopole (que detém a Rozès), Symington Family Estates ou Sandeman (antes desta ser adquirida pela Sogrape), onde geriu marcas e integrou equipas de enoturismo. Sob a sua coordenação, a 19|90 Premium Wines começou a desenvolver um novo projecto de enoturismo, sério e profissionalizado, mas sobretudo adaptado ao perfil de enoturista que consome vinhos e experiências segmento premium, condizentes com o potencial de Santar. “Autenticidade com patine e requinte”, resume assim Marisol Benites as WineX (Wine Experiences), que são uma das fases de investimento da 19|90 no enoturismo, (a par da construção de um “wine center”) e nas instalações de vinificação e estágio, que serão reabilitadas gradualmente.
Girando em torno das adegas e vinhas da Casa de Santar (são cerca de 113 hectares, de um total de 200 no Dão), e das vinhas e do restaurante do Paço dos Cunhas — antiga casa senhorial com quatro séculos — as WineX dividem-se pelos níveis Standard, Prestige, Gold e Platinum, e não incluem apenas as habituais provas de vinho e espumantes (da enologia de Osvaldo Amado) e visitas às adegas. Essas também há, a começar nos 20 euros por pessoa, mas as estrelas são, por exemplo, o programa Santar Gold (€90 pax), com visita guiada aos jardins do Paço dos Cunhas e à emblemática Vinha do Contador, passeio de jipe pelas vinhas da Casa de Santar e até ao alto da Vinha dos Amores, um local tão romântico quanto o nome sugere, e prova de vários vinhos Casa de Santar harmonizados com tábua beirã; o Pic-Nic Beirão (€55 pax), actividade intimista com iguarias do chef Henrique Ferreira (responsável pelo restaurante Paço dos Cunhas) que também inclui visita guiada ao Paço e passeio de jipe ao redor da Casa de Santar; ou o Almoço Beirão no Sobreiro (€120 pax, mínimo de 10), uma luxuosa, mas autêntica, refeição de 5 horas à sombra do centenário sobreiro que faz companhia às vinhas do produtor, preparada pelo chef Henrique, com o seu sub-chef Alberto Correia, que explica que este almoço é inspirado “no que se trazia para comer no trabalho da vinha, e feito com produtos locais, de fornecedores próximos”. Para servir os vinhos da 19|90 Premium Wines, entra em cena André João, sommelier e chefe de sala do restaurante Paço dos Cunhas. Igualmente, esta experiência inclui a visita e passeio de jipe, que culmina na chegada ao sobreiro.
Adicionalmente, o restaurante do Paço dos Cunhas de Santar inaugurou a carta de Verão que, além das opções à carta — onde constam reinvenções das estivais Sardinhas Assadas com Pimentos, dos Peixinhos da Horta e da Bifana no Pão; ou pratos de peixe como Massa Fresca de Lingueirão à Bolhão Pato, Arroz Caldoso de Polvo e Caldeirada de Peixes; e os de carne Frango do Campo de Fricassé, Barriga de Porco com Beterraba e Couve ou Bife de Cebolada — apresenta três menus de degustação: “Origens” (€27,50 pax ou €36,50 com harmonização de vinhos), “Santar” (€35 ou €50) e o menu “Do Chef” (€57,50 ou €82,50).
“Nesta área do enoturismo, o nosso objectivo foi criar experiências que permitissem avaliar o vinho no seu contexto original, perceber as suas diferenças, a sua história e a sua personalidade, associando-o à gastronomia, ao património, à cultura e à riqueza da região. Queremos que os nossos clientes conheçam bem os nossos vinhos, associando-os a experiências inesquecíveis”, esclarece Vítor Castanheira. Também a Quinta do Encontro, na Bairrada, e a Herdade Monte da Cal, no Alentejo, foram, e serão, alvo de investimento nesta área.
(Artigo publicado na edição de Setembro de 2022)
Six Senses Douro Valley inaugura novos quartos, suites e villas

A partir do dia 1 de Julho, no hotel Six Senses Douro Valley, passará a ser possível ficar em villas de um quarto ou de dois, com vista para a vinha, bem como num dos nove quartos e suites Valley, situados no edifício que originalmente era o armazém de vinhos produzidos na propriedade. Na área […]
A partir do dia 1 de Julho, no hotel Six Senses Douro Valley, passará a ser possível ficar em villas de um quarto ou de dois, com vista para a vinha, bem como num dos nove quartos e suites Valley, situados no edifício que originalmente era o armazém de vinhos produzidos na propriedade.
Na área de estar à entrada do edifício, com uma lareira como elemento central, está disponível um pequeno almoço continental para os hóspedes que acordam bem cedo para fazer, por exemplo, actividades desportivas. Mas, depois disso, é servido o pequeno almoço principal na Open Kitchen. Segundo o Six Senses, “durante o resto do dia, esta sala é ideal para tomar um copo de vinho, o qual se pode escolher na Enomatic (dispensadora de vinho a copo) e, ao pôr do sol, um barman estará aqui a preparar cocktails”.
Já os jardins e a piscina — equipada com uma máquina de natação contra-corrente — estendem-se por terraços em diferentes níveis integrados na paisagem de vinhas circundante. Nesta zona encontra-se também o Pool Garden Bar, uma piscina de hidromassagem e um jardim de ervas aromáticas. As duas pérgulas que proporcionam sombra, uma de cada lado da piscina, são o local ideal para descansar durante nas horas mais quentes.
As duas Pool Villas, por sua vez, têm elementos decorativos e arquitectónicos de inspiração portuguesa, valorizados com comodidades modernas. As Villas, com um e dois quartos, têm ambas uma cozinha totalmente equipada, zonas de estar e de refeições separadas, lareira e frigorífico de vinhos. Ambas têm, também, entradas separadas a partir do exterior, piscina aquecida com máquina de natação contra-corrente, e um deck para apanhar sol com vista para as vinhas. É ainda possível desfrutar de uma refeição, preparada por um dos chefs do Six Senses, no conforto e privacidade da Villa.
Durante a estadia, o Six Senses Douro Valley garante ainda “um GEM (Guest Experience Maker), que irá tratar de todas as marcações e fazer sugestões de actividades”.
À mesa do Tejo, de copo na mão

Com trabalho, dedicação e muita qualidade, os vinhos do Tejo continuam a dar os passos que precisam para recuperar a grandeza e o prestígio de outrora. Com um aliado de peso nas boas mesas que vão surgindo um pouco por toda a região. À boleia dos prémios anuais da CVR local, este é um roteiro […]
Com trabalho, dedicação e muita qualidade, os vinhos do Tejo continuam a dar os passos que precisam para recuperar a grandeza e o prestígio de outrora. Com um aliado de peso nas boas mesas que vão surgindo um pouco por toda a região. À boleia dos prémios anuais da CVR local, este é um roteiro do que de melhor se come e bebe pelas margens do grande rio.

Texto: Luís Francisco
Fotos: Ricardo Palma Veiga
Há muitos séculos que se produz vinho no vale do Tejo, onde, aliás, muitos historiadores situam o epicentro da expansão desta cultura trazida pelos povos que nos visitavam vindos do Mediterrâneo. Deste caldo de influências nasceu também uma cozinha rica e intensa, alimentada pelo mar, pela água doce, pela fertilidade dos terrenos agrícolas e pelas coutadas de caça que a fidalguia de outros tempos instituiu. Mas a última metade do século XX pareceu trazer uma nuvem cinzenta sobre este panorama, com muitos vinhos a apontarem para a quantidade em detrimento da qualidade e as mesas a perderem alma. Fica a boa notícia: esses tempos já são passado.
“O grande problema da região é a percepção de qualidade que existe no público – e que é errada. Muitos produtores ainda insistem em colocar os seus vinhos nas prateleiras dos preços mais baixos… Acho que muitos dos nossos vinhos batem-se com outros, de outras regiões, dois ou três euros mais caros.” O diagnóstico é traçado por Luís Santos, distinguido este ano pela Comissão Vitivinícola do Tejo como Enólogo do Ano. E é também ele quem destaca a metade cheia do copo: “O rio é o grande normalizador climático desta região. É quente, mas as noites são frescas – no Verão chegamos a ter amplitudes térmicas de 30 graus! E isso é muito bom para o vinho. Outro factor positivo é haver muita gente com qualidade e saber.”
“Temos potencialidade para fazer volume e vinhos de nicho, com concentrações brutais ou grande delicadeza”, continua o enólogo. “Temos castas de qualidade reconhecida e somos uma região aberta. Por isso, temos de deixar de trabalhar pelo preço e ganhar a confiança de procurar maior valorização.” Um bom sinal desse processo é o crescente entusiasmo dos críticos e Luís, à semelhança do que acontecerá ao longo do nosso périplo com outros interlocutores, dá como exemplo os 94+ pontos Robert Parker conseguidos por um vinho da região, o Vinha do Convento Reserva tinto 2017, produzido pela Falua. “Ajuda a puxar a região para cima.”
Muito e bom
Luís fala-nos na adega da Quinta do Casal Monteiro, perto de Almeirim e local de nascimento de vinhos que a esmagadora maioria dos portugueses desconhece, porque “99 por cento vão para a exportação”. Lá fora, “Tejo” não tem estigma. Ao sabor da conversa, provamos três vinhos deste produtor. O Quinta do Casal Monteiro Chardonnay e Arinto é um branco fino, não muito exuberante no nariz, mas untuoso e comprido na boca.
A seguir apreciamos um tinto, o Clavis Aurea 2018, um field blend maioritariamente de castas portuguesas (tourigas Nacional e Franca, Tinta Roriz) que o enólogo cria, não directamente de uma vinha misturada, mas selecionando as uvas e juntando-as na adega. Muito equilíbrio, taninos ainda a mostrar juventude, temos vinho para durar no tempo. Finalmente, encerramos com o Quinta do Casal Monteiro Grande Reserva 2008, fruto das melhores parcelas de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah da quinta, com produção controlada – 4 a 5 toneladas por hectare, “o que nesta região é mesmo muito controlado”, explica o enólogo. Redondo, complexo, taninos domados e nítida vocação gastronómica.
São belos exemplos do trabalho deste enólogo nascido na Mealhada e formado em Agropecuária na Universidade de Coimbra, que já trabalhou no Dão, na Bairrada, em Itália, e que “chegou” ao Tejo em 2015. Para, aos 37 anos, ser reconhecido pelos seus pares com a distinção de Enólogo do Ano 2021. “Ainda sou demasiado novo para estes prémios”, desabafa.
Pousamos os copos e saímos para uma volta pelas vinhas, uma imensidão de 70 hectares em terreno plano, de aluvião, onde a extrema fertilidade desmente outras ideias feitas. “A Fernão Pires pode atingir aqui produções de 30 a 40 toneladas por hectare e isso não potencia a qualidade, claro. Mas há castas brancas que, mesmo perto das 20 toneladas por hectare, têm muita qualidade”, explica Luís Santos. Ou seja, “as pessoas podem mesmo viver da viticultura”. Há séculos que o fazem, a bem da verdade. E nós vamos partir à descoberta do que de bom por aqui se faz. Mas à mesa, que se está melhor.
Abrantes
Começamos por Abrantes, mais exactamente em Alferrarede, juntando a mestria gastronómica do chef Vítor Felisberto à longa tradição de qualidade dos vinhos Casal da Coelheira. A empatia é total – e também explica que restaurante e produtor tenham criado um vinho juntos, o Raízes, cuja primeira versão tinto (1500 garrafas) esgotou em seis meses. Vai regressar, agora acompanhado de um branco.
A Casa Chef Vítor Felisberto (distinguida pela CVR Tejo com o prémio Melhor Harmonização) cumpriu três anos de existência no Verão passado. Na cozinha, um homem que aos 18 anos já lavava pratos em Andorra, depois estagiou em França e rumou a Londres para oficiar em restaurantes de prestígio, alguns com estrela Michelin. “Muito stress, muita pressão dos proprietários… Aqui soltei-me mais!”, explica. Virou-se para os pratos tradicionais – o forno a lenha e os recipientes de barro são as imagens de marca da casa. “Mantêm a comida quente mais tempo, o que permite conversar à mesa, sem pressas.”

Começamos com umas molejas (pedacinhos de uma glândula, o timo) fritas em pedacinhos estaladiços. No copo, o Casal da Coelheira Private Colection branco, um 100% Verdelho – “Numa casa de blends, este é uma das excepções”, explica Nuno Falcão Rodrigues, representante da terceira geração à frente desta casa do Tramagal (do outro lado do rio) com 64 hectares de vinha própria e que este ano foi distinguida pela CVR Tejo com o Prémio Excelência.
O vinho seguinte, o Raízes tinto 2017, também é um varietal, este de Alicante Bouschet e a sua força bem domada acompanha a preceito um cachaço de porco cozinhado durante longas horas e com toque final no forno de lenha. Envolvida pelo molho (cuja acidez é surpreendente) e, entre outras maravilhas, castanhas, favas e dois tipos de batata-doce, a carne desfaz-se em suculência.
A fechar, uma rica sobremesa (fondant, doce de ovos, sorvete de frutos vermelhos, também presentes ao vivo) e um copo de Mythos, o topo de gama do Casal da Coelheira. Feito com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e “um pouquinho” de Touriga Franca, é o ponto final perfeito para uma refeição que aliou uma mesa onde é crescente “a aposta em produtos locais” a um produtor que representa a tradição e a excelência dos vinhos do Tejo.
Torres Novas
Hugo Antunes tinha um bar em Torres Novas, mas o espaço deixou de estar disponível ganhou força e a ideia de criar um restaurante moderno e de qualidade. No próximo dia 26 de Dezembro cumpre-se o sexto aniversário do De’Gustar, um espaço onde o próprio Hugo lidera a cozinha. Assume-se como autodidacta – “aprendi ali dentro, a sofrer” – e conta com a ajuda da companheira, Carla Rosa, que trata das sobremesas. Desta vez, têm a companhia dos vinhos da Enoport, uma das maiores empresas privadas da região, trazidos em mão por Maria José Viana, a quem a CVR Tejo atribuiu o prémio Carreira.

Actualmente, Maria José está na direcção de Marketing e Relações Públicas, mas ao longo de 30 anos já fez um pouco de tudo, da enologia à gestão, da viticultura à representação institucional. “A única coisa que nunca fiz foi a parte comercial pura e dura”, ri-se. Advoga que os vinhos do Tejo “têm de conquistar notoriedade” e tem em Hugo Antunes um aliado: “A nossa carta terá uns 90% de vinhos do Tejo. As pessoas tendem a pedir o que já conhecem, mas nós gostamos de sugerir o vinho, se não gostarem, trocamos.”
À mesa chega, entretanto, um carabineiro, sobre uma pequena cama de algas e com molho espesso a preencher o prato. Recebe-o um copo de Cabeça de Toiro Grande Reserva branco 2019 (Fernão Pires, Chardonnay e Sauvignon Blanc). A seguir, um prato complexo, que Hugo apresenta como “o porco que se apaixonou pela perdiz” e que junta a bochecha do primeiro à perna da segunda, tudo cozinhado a baixa temperatura. O Quinta S. João Batista Grande Reserva tinto 2014 (Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Touriga Franca e Alicante Bouschet) faz as honras no copo. Nasceu aqui bem ao lado, no concelho de Torres Novas.
O De’Gustar foi distinguido com o prémio Melhor Apresentação e os primeiros pratos já se tinham mostrado à altura, mas a sobremesa parece uma composição artística. Explode cor e sabores no prato (bavaroise de maracujá, disco laranja, chocolate, caramelo, manga, sorbet de baunilha…) e a sua incrível persistência e complexidade no palato serve para acolher o Quinta S. João Batista Reserva tinto 2016 (Touriga Franca e Alicante Bouschet) numa despedida em grande estilo.
Tomar
O restaurante Manjar dos Templários, que venceu o prémio Prova Teórica, uma iniciativa da CVR Tejo, fica a poucos quilómetros de Tomar. À nossa espera, uma casa que serve leitão assado (entre outras preciosidades, claro) e um produtor com muitas histórias para contar. José Vidal, trouxe da Quinta Casal das Freiras três vinhos, entre os quais um com 14 anos que há-de revelar-se um portento. Lá iremos.
Em 2015, Silvano Vaz sucedeu aos pais na gestão de um restaurante com 30 anos, que ganhou novo fôlego mas manteve a tradição. Do leitão, para começar. “O meu pai começou em França e o cozinheiro era da Mealhada… Aprendeu a assar leitões e quando veio para Portugal continuou a fazê-lo. Na altura era dos poucos sítios fora da Bairrada onde se servia leitão assado no forno!”

A história do Casal das Freiras, cujas vinhas, em linha recta, não ficam a mais de dois quilómetros da mesa onde nos sentamos, remonta a 1882, quando o avô de José Vidal, natural de Ovar, se instalou junto a Tomar. O primeiro vinho que abrimos, o Casal das Freiras Reserva 2007 é, acima de tudo, uma homenagem à neta, que nasceu nesse ano. “Achei que tinha de fazer alguma coisa de especial…” E como o fez! Rico, fresco e muito equilibrado, este vinho prova a capacidade do Tejo para trabalhar a longevidade. Acaba por nos acompanhar ao longo de toda a refeição.
Avançamos com o bacalhau na broa, esta é feita no restaurante com milho amarelo e chega à mesa inteira, com couve salteada e lascas do fiel amigo no interior. Ainda passamos pelo polvo assado antes de aterrarmos no leitão – comprado a produtores locais – e percebermos que a pele estaladiça, a carne suculenta e a apresentação em pequenos nacos homenageiam a tradição da Bairrada. Com uma novidade: o molho tem pimenta branca, não preta.
Desta vez, e porque o “ancião” de 2007 teima em não nos deixar o copo, não há um vinho para cada prato, mas todos se dão muito bem. Provamos um branco, o Casal das Freiras Reserva 2019 Vinhas Velhas, e um varietal tinto, o Casal das Freiras Syrah 2015, este nascido por inspiração de um vinho provado numa feira em França. “Fomos os primeiros da região a plantar Syrah!”, orgulha-se José Vidal, distinguido pela CVR Tejo com o prémio Carreira. Finalizamos com uma sobremesa típica, as fatias de Tomar.
Santarém
Desde as décadas de 1960 e 70 que o avô de Manuel Vargas servia petiscos aos amigos num espaço informal junto a Santarém. Consta que assava leitões muito bem, mas só nos anos 1980 o Oh Vargas se assumiu como restaurante e ganhou nova vida em 2019, quando, após profundas obras de remodelação, Manuel Vargas reabriu em grande estilo uma casa que é já uma referência na região – foi considerado pela CVR Tejo o Melhor Restaurante e arrecadou nada menos do que outros cinco prémios.
“Gostamos de nos considerar um restaurante tradicional, com grande âncora nas carnes grelhadas”, explica Manuel Vargas. Mas há muito mais. A carta de vinhos abriu com umas 200 referências – sempre a apontar para as gamas mais altas, como facilmente se percebe pela estante que enche uma das paredes – e agora já serão mais do dobro. Cerca de um quarto da lista (uns 100 vinhos) são do Tejo. Com destaque evidente para um vizinho, a Falua, instalada do outro lado do rio.

Adquirida pelo grupo francês Roullier em 2017, a empresa foi criada em 1994 e, a par do foco na qualidade dos vinhos, sempre teve muita atenção às questões da sustentabilidade. “A adega construída em 2004 deu o sinal disso mesmo, em 2010/11 instalámos painéis solares, fomos os primeiros a ter uma ETAR própria…”, enumera Antonina Barbosa, directora-geral e de enologia da Falua. O que justifica plenamente o prémio Sustentabilidade atribuído pela CVR Tejo. “Está no nosso ADN e faz parte dos nossos objectivos anuais.” As próximas novidades surgirão nas poupanças com o vidro.
Na mesa, começa por brilhar estratosfericamente uma rica canja de robalo, acompanhada pelo Falua Reserva Unoaked 2019 branco, um 100% Fernão Pires sem madeira, como o nome indica. A seguir, uma costeleta maturada de carne barrosã divide a atenção com a versão tinta 2018 do Unoaked (varietal de Touriga Nacional) e o Conde Vimioso Reserva tinto do mesmo ano (percentagens semelhantes de Castelão, Cabernet Sauvignon, Aragonês e Touriga Nacional). No final, aproveitando o balanço e à boleia de uma tábua de queijos, ainda se prova o “tal” vinho que está a assumir-se como “ponta de lança” da região, o Vinha do Convento Reserva tinto 2017. Sublime.
Aveiras de Cima
Em Aveiras há uma marisqueira de referência, mas que está longe de servir apenas frutos do mar. Luís Rodrigues pegou no negócio do pai, que abriu portas há 37 anos, e transformou-o numa casa moderna e funcional, sem cortar na tradição, mas com a preocupação de se mostrar mais ao exterior. Nos últimos anos, ganhou estatuto de referência sem perder o ambiente familiar – ganhou o prémio para Melhor Atendimento. No final da refeição, a mãe de Luís ainda nos brinda com uma prova das suas compotas, uma das quais (de romã) ainda a apurar na panela…
Para acompanhar a comida, a Adega Cooperativa de Almeirim (prémio Empresa Dinamismo) traz-nos três vinhos, que mostram a sua capacidade para fazer vinhos brancos de grande circulação sem comprometer a qualidade. “Fazemos 15 milhões de litros de vinho anualmente, dos quais 12 milhões vão para garrafa. Somos das maiores adegas cooperativas do país”, resume Romeu Herculano, enólogo residente. Há pouco mais de uma década, o granel representava a fatia de leão, mas agora vale apenas 20% do total.

A Adega tem 190 sócios, 1200 hectares de vinha, equipas profissionalizadas em todos os sectores e continua a investir para acompanhar as exigências do mercado. Um bom exemplo disso são os 200 mil euros que custou o equipamento que permite injectar uma bolha mais fina e elegante no frisante Cacho Fresco, que abre as hostilidades no copo, ao lado de uma travessa de marisco.
Segue-se o Varandas branco 2020, um 100% Fernão Pires, oriundo da região da Charneca – genericamente, o Tejo divide-se em três grandes zonas: Campo (zona contígua ao rio), Bairro (nos terrenos mais montanhosos da margem direita) e Charneca (margem direita, terrenos mais arenosos). Acompanha a preceito o bacalhau com torricado e lapardana (pão e batata) de beldroegas. A seguir, uma costoleta Tomahawk Black Angus – “Esta é pequena, só tem 900g…”, explica Luís Rodrigues – espaldada por cogumelos, bata frita e grelos, a justificar um vinho mais volumoso e personalizado. Como a Adega de Almeirim é uma casa de brancos, venha então o Varandas Chardonnay/Arinto 2020, que se mostra à altura.
O Tejo esconde muitas surpresas…
(Artigo publicado na edição de Dezembro de 2021)
Uma nova Malhadinha Nova

Mais de 20 anos depois da sua inauguração, e a sensação de atravessar a entrada da Herdade da Malhadinha Nova mantém-se com a certeza de se antecipar bons momentos. Seja pelas grandes cegonhas sentadas que nos miram, de forma serena, mesmo por cima do pórtico da Herdade, seja pela vastidão da planície e clima ameno […]
Mais de 20 anos depois da sua inauguração, e a sensação de atravessar a entrada da Herdade da Malhadinha Nova mantém-se com a certeza de se antecipar bons momentos. Seja pelas grandes cegonhas sentadas que nos miram, de forma serena, mesmo por cima do pórtico da Herdade, seja pela vastidão da planície e clima ameno (por estes dias, que daqui a poucos meses o calor vai imperar), ou pela forma calorosa como somos recebidos.
Texto: Rita Martins
Fotos: Malhadinha Nova
O ar que se respira é diferente de outros lugares do país, diferente porque nos encontramos em pleno Alentejo, com a perspectiva do calor quente e dourado a que estas terras já nos habituaram e, sobretudo, porque todo o ambiente dentro da Herdade apela à tranquilidade. Junto à nova recepção do hotel ficamos em contacto com os cavalos da propriedade; são trinta e dois Puro-Sangue Lusitano no total… Desde 2008, que a Herdade da Malhadinha Nova se dedica à criação desta espécie para treino, competição da modalidade de dressage e comercialização. Em paralelo, habitam também os cavalos de passeio integrados no turismo equestre da Malhadinha.
A recepção e a nova loja são espaços recentes da Herdade, criados a partir das antigas cavalariças. O ‘check in’ dos hospedes é feito nesse novo edifício onde podemos passear pela loja que vende vinhos, mel e produtos biológicos, todos produzidos na propriedade ou até passar algum tempo no bonito winebar, chamado Taberna, para provar os vinhos. O staff prima pela simpatia, simplicidade e o acolhimento é feito de forma descontraída, onde nos explicam todas as atividades possíveis de realizar (e são muitas!), os horários do restaurante, mapas da propriedade que são bem necessários tendo em conta que estamos perante 450 hectares….
A deslocação a pé dentro da Herdade é exigente a não ser que estejamos com ideia de andar por horas ou fazer grandes passeios, jogging ou trekking. Felizmente, o staff disponibiliza-se a qualquer momento para nos ir buscar de jeep onde estivermos e deixam-nos onde queremos; têm também à disposição dos hóspedes pequenos buggys elétricos e bicicletas para quem quiser. A distância entre os diversos alojamentos pode ser grande, bem como entre os restaurantes para o pequeno-almoço ou para as refeições, para as piscinas ou até mesmo para fazer um pic-nic ou um passeio nas vinhas (duas das muitas actividades organizadas pela Herdade). No entanto é bom reforçar que andar a pé é algo que se deve mesmo fazer quando se está na Malhadinha, por isso se o calor não apertar em demasia e se estiver para aí virado, força! Tem caminhos infinitos para explorar.
Um dos passeios que aconselhamos é a observação das vacas alentejanas, animais de grande porte, que nos deixam aproximar e nos olham com um ar pacífico enquanto pastam e comunicam entre si como se não estivéssemos ali. A pastagem ao ar livre, a partir dos recursos naturais existentes é a base para a criação de animais como as vacas alentejanas, porco preto e a ovelha merina que se alimentam exclusivamente de produtos naturais, com a denominação de origem protegida (DOP). A sustentabilidade ambiental é fundamental para o projecto, por isso a aposta na criação de raças autóctones, o tratamento de resíduos e a consciente gestão e aproveitamento dos recursos naturais como a água. Neste momento estão a ser concluídos 400m2 de painéis solares que irão reduzir em cerca de 35% o consumo energético de toda a propriedade.
Cozinha e alojamento de excelência
Para além dos 80 hectares de vinha, o olival e a produção de mel biológico são grandes apostas já reconhecidas da Herdade da Malhadinha. Desde 2016 que a Malhadinha é totalmente biológica desde a vinha, as pastagens dos animais, o olival as hortas e os pomares que fornecem o restaurante e o incrível pequeno-almoço que se guarda na memória. Joachim Koerper (estrelado pela Michelin, e um dos sócios do Restaurante Eleven em Lisboa), está à frente da cozinha da Malhadinha com a sua equipa liderada pelo chefe residente, Rodrigo Madeira, auxiliado por Vitalina Santos, cozinheira de mão cheia que conhece como ninguém as iguarias tradicionais alentejanas. Por sua vez, o jovem sommelier Andrii Pokryshko tem a cargo todo o serviço de vinhos e Cintia Koerper encarrega-se da pastelaria e nada do que faz nos deixa indiferentes.
São cinco os alojamentos que estão totalmente integrados na paisagem da Herdade da Malhadinha Nova dentro de cada um existem várias possibilidades de quartos e suites, com a finalidade de proporcionar aos hóspedes uma experiência única e em constante contacto com a natureza. A recente integração no prestigiadíssimo universo da Relais & Châteaux – colecção internacional de restaurantes gastronómicos e hotéis de luxo – foi a cereja no topo do bolo. Distinção há muito esperada e, dizemos nós, há muito merecida.
O contraste entre a inspiração rural e objetos de design nacional e internacional é grande, mas está totalmente pensado para uma convivência perfeita. Podemos encontrar peças originais desenhadas por artesãos, cadeiras feitas à mão em harmonia com peças de iluminação desenhadas por Philippe Starck. Os quartos são todos diferentes com cores e apontamentos diferentes, com aromas pensados para cada um, mas com o mesmo conforto e bom gosto…
A Herdade da Malhadinha Nova apostou recentemente na nova imagem gráfica que ficou a cargo do Studio Eduardo Aires. Na apresentação do projecto foi-nos explicado todo o novo conceito que foi aplicado à assinatura institucional, rótulos dos vinhos, site, cartas do restaurante e carta dos vinhos, logotipos nos quartos, fardas e aventais. Uma nova imagem para um refresh, mantendo a identidade e imagem de marca da Malhadinha. O novo logotipo da Herdade da Malhadinha Nova corresponde a uma demarcação tipográfica sobre a paisagem alentejana. A nova sigla HMN é disposta segundo a ordem de um plano cartesiano que assinala os quadrantes do tempo (12h, 15h, 18h, 21h) e as coordenadas espaciais (Norte, Sul, Este e Oeste). Procurou-se assim representar a prioridade do projecto Malhadinha que é não mais do que garantir a sustentabilidade ambiental respeitando o equilíbrio entre o humanizado e o Natural. Nos novos rótulos dos vinhos demarcou-se o tempo, espaço de cultivo, vindima e fermentação. Na imagem, tal como desde o início, cumpre-se a tradição da família Soares que deixa a cargo da terceira geração a ilustração de espécies da avifauna protegida, os cavalos ou os insetos. Para além dos elementos mais novos da família Soares serem os autores de muitas das ilustrações, também crianças da região contribuíram para a elaboração dos novos desenhos.
Acolhimento em família
Ao longo dos anos os irmãos João e Paulo Soares juntamente com a Rita e a Margaret Soares – o núcleo duro – habituaram-nos à sua maneira afável, calorosa e genuína como recebem. Preocupam-se com todos os detalhes e dedicam-se de corpo e alma à Herdade da Malhadinha Nova que emprega já uma grande camada dos moradores da terra. A isso mesmo, a família Soares chama de sustentabilidade social, e é bem bonito de se ver no terreno as caras felizes dos que ali trabalham.
Para a família Soares é tempo de desfrutar. 22 anos depois da compra dos terrenos, o projecto agora sim está acabado, no sentido de que não se irá aumentar a capacidade hoteleira nem a capacidade de vinificação. Actualmente são 75ha de vinha na Malhadinha Nova mais 5ha bem próximos em Vale Travesso (que começaram por ser 1,5ha de vinha muito velha) e não há pretensão para mais, pelo menos no que respeita ao Baixo Alentejo. Para este desfecho, foram feitas várias mudanças como vimos, mas, tal como disse o Paulo com uma lágrima bem gorda no olho quando fazia a apresentação do novo projecto “É preciso que tudo mude, para que tudo fique igual”.
Eu não acho Paulo…. Eu acho que ficou ainda melhor!!!

Finalmente, os vinhos… e é caso para dizer, cada vez mais frescos e vibrantes. A aposta é clara na frescura através de castas mais aptas à região. Vinhos que se pretendem firmes e tensos, e que possam brilhar à mesa, diz-nos Nuno Gonzalez, enólogo residente que conhece todos os cantos à casa (à adega, entenda-se) e que, em conjunto com o experiente Luís Duarte, assina os vinhos. A par de algumas novidades dentro do portefólio já existente, como a aposta em vinhos com a mesma casta, mas de vinhas diferentes, uma revelação está para breve e respeita à aquisição de uma propriedade com 4 hectares de vinha no Alto Alentejo, mais propriamente junto a Portalegre e tudo já também em modo biológico. Mais novidades em breve, portanto, e – antevemos – mais razões para a família Soares continuar a sorrir…
Herdade da Malhadinha Nova
7800-601 Albernoa – Beja
GPS – 37° 49’ 50. 60” N, 7° 59’ 20. 91” W
Hotel: 284 965 432 / Adega: 284 965 210 / Restaurante: 284 965 210
https://www.malhadinhanova.pt/
(Artigo publicado na Edição de Outubro 2021)
Um imenso Alentejo para descobrir

Das altitudes de Portalegre às planuras de Beja. Da influência atlântica do Sudoeste até às estepes semi-desérticas do Guadiana. A diversidade do Alentejo só tem paralelo na sua dimensão e este é um mundo inteiro para descobrir. De copo na mão, claro. Texto: Luís Francisco Foto: Ricardo Palma Veiga Cinco colunas de vidro com exemplos […]
Das altitudes de Portalegre às planuras de Beja. Da influência atlântica do Sudoeste até às estepes semi-desérticas do Guadiana. A diversidade do Alentejo só tem paralelo na sua dimensão e este é um mundo inteiro para descobrir. De copo na mão, claro.
Texto: Luís Francisco
Foto: Ricardo Palma Veiga
Cinco colunas de vidro com exemplos de diferentes tipos de solos. Seis painéis de vídeo que passam imagens do quotidiano em paisagens e ambientes completamente distintos. Uma extensa galeria de caixas de vinho, identificadas com os logotipos dos produtores e com garrafas para descobrir. O Alentejo em toda a sua diversidade. E está tudo aqui, na Sala de Provas da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, em Évora, praticamente à porta da velha Sé, datada do século XIII e a maior catedral medieval do país.
No Alentejo a história está por todo o lado, tantas vezes preservada de forma quase pristina – a dimensão do território, a fraca densidade demográfica e o “esquecimento” a que a região foi votada durante longos períodos ajudam a explicar esta realidade. É como se o passado tivesse sido protegido pelo próprio tempo – que, como é sabido, passa mais devagar nestas paragens banhadas pelo sol do Grande Sul. E também a história do vinho alentejano é longa e recheada de altos e baixos.
Os detalhes fundamentais estão explicados na “sala de visitas” da CVRA, que sonha agora com a retoma do movimento turístico “congelado” pela pandemia no último ano. Tartessos, Fenícios, Gregos, todos viram no território português – e, nomeadamente nas terras quentes do Alentejo – o potencial para cultivar a vinha, muito provavelmente introduzindo variedades mediterrânicas.
Quando os Romanos chegaram, encontraram uma cultura do vinho já bem difundida entre as populações locais e, como era seu timbre, desenvolveram-na de forma a torná-la mais organizada e mais produtiva. A marca romana continua hoje bem evidente na cultura dos vinhos de talha, uma tradição milenar que nos últimos anos ganhou notoriedade pública, mas que nunca deixou de ser acarinhada pelos produtores locais.
Seguiram-se as invasões bárbaras e, depois, o domínio muçulmano. A islamização do território implicou o abandono de muitas vinhas, que só começaram a recuperar quando terminaram as guerras da reconquista e o reino de Portugal se estendeu até ao Algarve. Durante a era dos Descobrimentos, os vinhos de Évora ganharam fama e correram mundo nos porões das naus e caravelas portuguesas. Era mais um ponto alto, nesta montanha-russa de sucessos e apagamentos. Seguiu-se novo período difícil, com a Guerra da Restauração, primeiro, e a criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, em 1756, por decisão do Marquês de Pombal. O poder administrativo puxava para Norte o epicentro da produção vitivinícola nacional e os vinhos do Alentejo voltaram a perder visibilidade.
Muito por onde escolher
Já no século XIX, a “febre” voltou e as vinhas regressaram ao grande território alentejano, mas depressa a filoxera deitou tudo a perder e, já no século XX, os políticos voltaram a entrar em cena: o Estado Novo decretou que o Alentejo era terra de produção de cereais e as vinhas passaram a ser residuais, de auto-subsistência. Décadas depois, as adegas cooperativas e uma mão-cheia de produtores privados conseguiram voltar a pôr o vinho alentejano no mapa e em 1989 foi finalmente criada a Comissão Vitivinícola Nacional Alentejana – o que torna esta região uma das mais recentes em Portugal. Mas, em poucos anos, o sucesso foi estrondoso: hoje, com mais de 22.000 hectares de vinhas, o Alentejo tem cerca de dez por cento da área plantada, mas a sua quota no mercado interno ronda os 40 por cento.
Os vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC) do Alentejo estão divididos em oito sub-regiões – Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos, Évora, Vidigueira, Granja-Amareleja e Moura – e a sua variedade espelha o enorme mosaico de solos e micro-climas que encontramos nos distritos de Portalegre, Évora e Beja. Um território vasto e recheado de sedutoras propostas para qualquer viajante, num cardápio em que o vinho e a comida estão no centro das opções. Naturalmente, a oferta enoturística é, também ela, variada e cativante.
Os safaris fotográficos na Herdade do Sobroso (junto ao Alqueva, entre Moura e Vidigueira), as ruínas romanas na atmosfera casual-chic do Torre de Palma Wine Hotel (Monforte), o requinte e a vastidão de horizontes da Herdade da Malhadinha Nova (Beja), a organização e política ambiental do Esporão (Reguengos), os arrojos arquitectónicos da Adega Mayor (Campo Maior) ou da Herdade do Freixo (Redondo), o silêncio e a beleza pura da paisagem na Herdade Monte do Vau (Serpa), as ligações à cultura na Cartuxa (Évora) ou na Quinta do Quetzal (Vidigueira). E podíamos continuar por aí fora…
Com tantas opções – e num território onde as principais localidades estão, na maior parte das vezes, separadas por dezenas de quilómetros – dá muito jeito poder planear a nossa rota. E a CVRA disponibiliza a ferramenta ideal para o fazer: na Sala de Provas, em Évora, foi instalado um ecrã onde podemos definir as características dos locais que pretendemos visitar, seleccioná-los, traçar os itinerários e enviar a informação para o nosso e-mail. Isto, claro, contando sempre com a colaboração das pessoas que ali trabalham e podem dar uma ajuda preciosa.

Um templo escondido
Iniciemos antão, também nós, uma pequena jornada de descoberta do que o Alentejo tem para oferecer. Desta vez, a tarefa de desenhar um percurso coube à própria CVRA, mas há um verdadeiro mundo de oportunidades entre as sete dezenas de produtores que incluem a Rota dos Vinhos alentejana. Uma profusão de experiências vínicas que não se excluem do contexto circundante: o Alentejo dos vinhos funde-se com o Alentejo da gastronomia, com o Alentejo do património histórico, o Alentejo da cultura, o Alentejo do lazer.
E, nem de propósito, a nossa primeira paragem não é um projecto vitivinícola. Uma pequena caminhada pela velha cidade património mundial da UNESCO, que agora começa a redescobrir a animação dos tempos pré-covid, leva-nos até um edifício de três andares, numa ruela insuspeita. À porta, uma placa em latim: In Acqua Veritas. Vamos entrar nuns banhos romanos.
Laura Martins e Pedro Branco são dois dos quatro sócios (os outros são os seus respectivos cônjuges) que há dois anos abriram as portas deste verdadeiro templo do bem-estar. A inspiração veio dos banhos árabes, mas a realidade de Évora, onde a herança romana é notável, levou a algumas adaptações. Quando entramos, numa recepção arejada e elegante, começamos a ter uma ideia do que nos espera quando olhamos para as incríveis abóbodas em tijolo (havemos depois de descobrir que são seis, todas diferentes umas das outras) que pairam por cima da nossa cabeça. Mas nem isso nos prepara para a atmosfera extraordinária da zona de banhos. Três piscinas – água morna (31ºC), água quente (40º), água fria(16º) –, zona de massagens, bar ao fundo com mesas e cadeiras. E tudo isto entre paredes seculares, onde tijolo antigo e pedra se vão cruzando, arcos embutidos em sucessivas eras de construção, recantos, nichos.
As termas abriram há dois anos, após um longo período de obras com acompanhamento arqueológico, mas é como se estivessem agora a entrar numa segunda vida – como quase tudo em Portugal, foram obrigadas a fechar por força da pandemia. Neste momento, por razões de segurança e higiene, funcionam apenas mediante marcação e os preços começam nos 39 euros da Experiência Banhos (máximo duas horas), mas o menu inclui ainda as opções Degustação (vinhos, queijos, enchidos, fruta) e Massagem. No Inverno é acolhedor e quentinho, no Verão “é dos sítios mais frescos de Évora”, salienta Pedro. E está a ser um sucesso. “Há quem venha a Évora de propósito para nos visitar”, explica Laura. E assim a cidade ganhou mais um argumento turístico.
A caminho de Estremoz
Seguimos viagem, agora percorrendo por auto-estrada as três dezenas de quilómetros que nos separam de Estremoz, vencendo o desnível dos contrafortes da Serra de Ossa (altitude máxima: 653m) e perdendo o olhar na silhueta fortificada de Évora Monte. Até que o horizonte se enche com as muralhas e o casario de Estremoz, rodeados de vinhas. Não deve haver por todo o Alentejo tamanha concentração de projectos vitivinícolas numa área tão restrita – veteranos como João Portugal Ramos e “jovens lobos” como Tiago Cabaço; grandes produtores como a Herdade das Servas ou projectos de nicho como o Monte Branco, enfim, há de tudo um pouco (quase duas dezenas de referências) à volta da monumental cidade alentejana, também conhecida pelos seus mármores.

Mas, como que para reforçar mais uma vez a ideia de diversidade do vinho alentejano, paramos bem dentro do núcleo urbano, num projecto que tem sede em Estremoz mas glorifica as uvas de Portalegre. O enólogo David Baverstock nasceu na Austrália, em Barossa Valley (terra da Shiraz, Syrah na sua denominação oficial em Portugal), casou com uma portuguesa e vive por cá desde 1982. Um dia conheceu o empreendedor britânico Howad Bilton, que vive em Hong Kong e manifestou interesse nos vinhos alentejanos feitos por David (no Esporão, nomeadamente). Em 2002, uniram forças num projecto conjunto, a que chamaram Howard’s Folly.
Têm uma vinha na região de Portalegre e é lá também que compram uvas a pequenos produtores, cujas vinhas velhas constituem um património cada vez mais apreciado (e cobiçado) no universo do vinho português. Mas a sede nasceu em Estremoz, num edifício adquirido em 2018 e onde funcionara o Grémio da cidade. Dentro daquelas imponentes paredes brancas encontramos agora a adega, uma galeria de arte (ligada à fundação, a Sovereign Art Foundation, que ajuda crianças desfavorecidas e vítimas de maus-tratos) e um restaurante de atmosfera divertida (o nome Folly dá o mote) onde os vinhos da casa (que incluem também um Alvarinho feito com uvas de Melgaço) encontram os seus parceiros à mesa.
Provam-se os vinhos da adega, invariavelmente caracterizados pela especial frescura e complexidade das vinhas velhas em altitude que povoam as encostas da Serra de S. Mamede, conversa-se sobre Portugal e o mundo, as castas e a bem portuguesa arte de as combinar na garrafa, o património histórico e a tradição gastronómica de Estremoz, que muita gente classifica como “Cascais do Alentejo”, pela sua atmosfera cosmopolita. Com tudo isto, a fome aperta e sentamo-nos à mesa, para uma refeição de grande nível que combina um traço moderno com os produtos tradicionais da região.


Um “château” no Alentejo
Por mais que nos custe, temos mesmo de nos levantar e fazer ao caminho. Mas esta deslocação é curta: em poucos minutos, nos limites da área urbana da cidade, passamos um apertado portão e o olhar perde-se na contemplação do imenso terreiro central da Quinta D. Maria. De um lado, primeiro, uma série de casinhas geminadas tradicionalmente ocupadas pelos trabalhadores da propriedade, depois a torre, a capela, o edifício principal, silhueta branca debruada a verde das trepadeiras que se prolonga até aos muros ao fundo, atrás dos quais o jardim e a horta se fundem numa atmosfera romântica muito peculiar. Do outro lado, os edifícios de serviço, entre os quais a sala das talhas, a adega, armazéns, a sala de provas, a loja. E, no meio deste rectângulo do tamanho de um campo de futebol, relvados verdejantes.
Este verdadeiro “château” no coração do Alentejo nasceu por vontade do rei D. João V, que a mandou construir uma elegante casa de campo para oferecer a uma cortesã, D. Maria, por quem estava tomado de paixões. A quinta é de 1718, a capela foi edificada em 1752 e devotada a Nossa Senhora do Carmo, o que explica o outro nome por que é conhecida este impressionante e belíssimo palacete: Quinta de Nossa Senhora do Carmo. Júlio Bastos, o proprietário e um dos nomes mais respeitados do panorama vitivinícola alentejano, guia-nos na visita por alguns dos espaços. A impressionante sala das talhas, que em breve serão usadas para fazer um vinho da casa ao velho estilo dos Romanos. A adega com os seus belos lagares em mármore. A sala de barricas onde estagiam os néctares que nos próximos anos nos chegarão ao copo. A sala de provas, preparada para nos dar a conhecer alguns dos vinhos deste produtor com longa tradição e um cuidado sempre especial com a elegância e o requinte das suas propostas vínicas.

Quem quiser pode optar pela versão completa da visita, incluindo uma refeição no interior da casa principal, onde elegantes painéis de azulejo embelezam as paredes e a atmosfera nos faz esquecer o mundo lá fora. Quanto a nós, a visita era para ter acabado a meio da tarde, mas o regresso a Lisboa faz-se já de faróis ligados. O grande génio da Física Albert Einstein lançou muitas ideias que só décadas mais tarde puderam ser confirmadas pela ciência. Uma delas é que “o tempo é relativo e não pode ser medido do mesmo modo e por toda a parte”. Mas isso já os alentejanos sabiam há muito…
(Artigo publicado na edição de Junho 2021)
Palácio Condes de Anadia: Um “château” no Dão

Um magnífico palácio setecentista, localizado bem no centro de Mangualde, é a porta de entrada para um outro mundo. A história e a cultura, a arquitectura e a decoração, a vinha, os jardins e a mata, envolvem-nos, encantam-nos e fazem-nos recuar três séculos como se estivéssemos numa máquina do tempo. No topo deste requintado e […]
Um magnífico palácio setecentista, localizado bem no centro de Mangualde, é a porta de entrada para um outro mundo. A história e a cultura, a arquitectura e a decoração, a vinha, os jardins e a mata, envolvem-nos, encantam-nos e fazem-nos recuar três séculos como se estivéssemos numa máquina do tempo. No topo deste requintado e aristocrático bolo, os vinhos são a cereja resplandecente.
Texto: Luís Lopes
Fotos: Anabela Trindade
Imagine um palácio, com tudo o que é expectável encontrar num palácio: grandiosidade, imponência, luxo, história, cultura. À sua volta, tente conceber 30 hectares rodeados por um muro, e lá dentro vinhas que são jardins (uns e outros confundem-se, na verdade) e uma mata densa, selvagem, com árvores muitas vezes centenárias e, aqui e ali, deliciosos recantos de pedra talhada onde, se fecharmos os olhos, visualizamos os folguedos das damas e cavalheiros de outrora. Agora, situe esse palácio + jardim + vinha + mata no centro (mesmo no centro!) de uma cidade. Em Portugal, só existe um assim, é o Palácio dos Condes de Anadia, em Mangualde, um extraordinário conjunto arquitectónico e paisagístico que é, ao mesmo tempo, uma casa de família. E que está aberto ao público, para visitas guiadas, desde 2018.

O nome Anadia pode confundir os mais distraídos e levá-los até à cidade homónima, na Bairrada. A razão para Anadia aparecer por aqui, explicarei mais adiante. Mas é mesmo da Beira Alta, da região vinícola do Dão e da cidade de Mangualde que estamos a falar.
O território que corresponde ao actual concelho de Mangualde foi até ao século XIX conhecido por Azurara da Beira. Como muitas vezes acontece, os topónimos destas terras ancestrais assentam em lendas cuja base de verdade é difícil de apurar. No caso, terá sido o nome de Zurara, suposto governador de um eventual castelo muçulmano edificado no alto do monte da Senhora do Castelo (monte, esse sim, bem real) que terá estado na origem da Azurara da Beira. À localidade foi, em 1102, concedido foral pelo Conde D. Henrique e sua esposa D. Teresa, pais do primeiro rei de Portugal.
Para chegar onde queremos na história de Mangualde e do Palácio dos Condes de Anadia, saltemos para o século XVI. Segundo o Numeramento de 1527 (os primeiros censos realizados em Portugal) a população do território era, na época, de 5.838 habitantes. E em finais desse século a família Paes do Amaral era já o expoente máximo do poder económico e político local. A Casa Paes do Amaral foi engrandecida a partir de 1644, quando Gaspar Paes do Amaral, Capitão-Mor de Mangualde, instituiu em vínculo a Capela que possuía nos termos da vila, localizada defronte do senado e consagrada a S. Bernardo.
O Palácio que hoje podemos admirar, tem as suas raízes no primeiro quartel do séc. XVIII, quando Simão Paes do Amaral, mandou reedificar a antiga residência de campo da família. As obras seriam continuadas por seu filho Miguel Paes do Amaral, Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, e Senhor Donatário da Vila de Abrunhosa, entre outros títulos nobiliárquicos. Estas obras monumentais prolongaram-se ao longo de quase um século, só sendo concluídas no início da década de 1800. A urbe, hoje cidade, foi desde então crescendo em torno do Palácio, dos jardins e da mata.

A família vivia em Lisboa, no Palácio Paes do Amaral, às Portas de Santo Antão e, como era habitual na época, rumava a Mangualde para passar o verão. Até princípios do século XIX, o Palácio de Mangualde era conhecido por Casa dos Paes do Amaral mas, pelo casamento de Manuel Paes do Amaral de Almeida e Vasconcelos Quifel Barbarino, 10.º Senhor da Casa de Mangualde, com sua sobrinha D. Maria Luiza de Sá Pereira de Menezes de Mello Sottomayor, 3.ª Condessa de Anadia, passou a ser conhecido por “Palácio Anadia”. E, agora, finalmente, está explicado o nome.
O edifício é um dos mais importantes palácios barrocos em Portugal, caracterizando-se por uma marcante fachada ocidental, por uma fachada sul ao estilo italiano e por uma fachada nascente acastelada. No interior, o mobiliário de época, os azulejos setecentistas e as obras de arte encantam os visitantes. De tal forma que, com apenas dois anos de abertura ao público, sob a curadoria activa e empenhada de D. Maria Mafalda Paes do Amaral, é já uma das atracções turísticas de referência na zona centro do país, tendo alcançado em 2019 e 2020 o prémio excelência do Trip Advisor, acumulando com a distinção Travellers Choice 2020.

Uma casa agrícola beirã
Um Palácio pode continuar a sê-lo, sendo ao mesmo tempo uma casa agrícola. A transformação de Casa em Palácio e residência de veraneio, com os seus espectáculos, festas e bailes, não tentou esconder a sua ancestral vocação agrícola. Contíguos à extensa mata de 20 hectares murados, que foi no século XVIII território de caça da casa senhorial, os magníficos jardins com os seus lagos, fontes, estátuas, são também hortas, pomares, espaços de floricultura e de criação de aves, vinhas, tudo organizado e arrumado entre sebes de buxo. A vinha e o vinho sempre existiram na propriedade (a adega com os antigos lagares ali estão para o confirmar) mas esta componente foi ainda mais reforçada na segunda metade do século XX. D. Manuel Maria de Sá Paes do Amaral (falecido em junho do corrente ano) era um grande apaixonado pela casa de Mangualde e pelo negócio agrícola, especialmente a componente vitícola. Foi ele que reactivou a produção de vinho com a plantação, nos anos 60, de uma pequena vinha, a “Vinha do Conde”, sem outro propósito que não fosse produzir um vinho ao seu gosto, para consumir na sua casa com os seus amigos. Este modelo manteve-se até 2010, quando o seu filho Miguel Paes do Amaral, iniciou a plantação de cerca de 10 hectares de vinhedos nos solos graníticos da propriedade, fazendo da vinha o elemento central dos jardins do Palácio. Com base nesta vinha, situada a 550 metros de altitude e plantada com as castas Touriga Nacional (50%), Alfrocheiro (40%) e Jaen (10%), foram lançados a partir de 2015 os primeiros vinhos engarrafados, os Casa Anadia rosé, tinto e reserva tinto e o tinto Palácio Anadia. Integrados nos jardins, com vista para a serra da Estrela, os vários talhões da vinha estão separados por sebes de buxo e rodeados pela floresta de pinheiros, cedros, carvalhos, num enquadramento paisagístico ao mesmo tempo invulgar e de grande impacto visual, mas que também impõe condições vitícolas particulares e desafiantes.
Desafios, no entanto, não têm faltado a esta casa. Em 2018, Miguel Paes do Amaral resolveu iniciar um novo ciclo, com objetivos bastante ambiciosos para a propriedade: abrir ao público o Palácio, os jardins e a mata da família e tornar o turismo cultural ali praticado uma referência no centro do país – missão, diga-se, já alcançada com sucesso; e relançar o projecto dos vinhos de quinta num conceito de “Château” do Dão, criando produtos de valor, reconhecidos no mercado nacional e internacional, objectivo que, independentemente do potencial do terroir ou dos talentos envolvidos, leva sempre mais algum tempo a realizar.

Coube a Cláudia Paiva liderar os dois projectos, turístico e vitivinícola, e para este último trouxe com ela uma nova estratégia e novos protagonistas, com destaque para o enólogo Luis Leocádio. Apesar de só terem passado dois anos, esta equipa já mudou muita coisa em diversas vertentes, desde as marcas e comunicação até ao perfil dos vinhos passando, necessariamente, pelo local onde tudo começa e onde os resultados mais tardam em aparecer: a vinha.
Aqui, a intervenção ocorreu a vários níveis. Num terreno relativamente fértil e com disponibilidade de água, é muito fácil produzir quantidade. Mas como o propósito é obter qualidade, a vinha tem vindo a ser trabalhada no sentido de baixar acentuadamente a produção para colher apenas matéria prima de excelência. Do mesmo modo, a menos que o terroir o impeça, nos dias de hoje, e sobretudo no Dão, não faz sentido uma vinha só de tintos. Já em 2015 se tinha iniciado o processo de reenxertia de alguns talhões em branco, com as castas Encruzado, Gouveio, Cerceal-Branco e Uva Cão. Este processo é para continuar, aumentando assim progressivamente a área de uvas brancas. Quanto ao perfil dos vinhos, Luis Leocádio tem apontado para um estilo moderno e sumarento nos Colheita, buscando um Dão mais austero e “clássico” nos Reserva. Nesse sentido, o peso da barrica também diminuiu nos vinhos mais recentes, utilizando-se madeiras finas, com menos tosta e de maior capacidade (500 litros). A vinificação continua a ser feita numa adega alugada nas proximidades, sendo o estágio efectuado na propriedade.

Nas marcas e comunicação, mudou praticamente tudo. Cláudia Paiva, tal como muitos apreciadores, tinha a percepção de que o nome Casa Anadia poderia remeter para vinhos da Bairrada. Assim, esta marca acabou nos vinhos (manteve-se nos azeites que a família produz em Alferrarede) e nasceu a referência Condes de Anadia, com a palavra Dão em lugar de destaque na rotulagem. Foi também uma forma de homenagear D. Manuel Paes do Amaral, 7º Conde de Anadia, com quem a actual equipa teve ainda oportunidade de privar e dele recolher o conhecimento e as histórias deste terroir. O portefólio centra-se assim, exclusivamente, na marca Condes de Anadia, em vários segmentos de qualidade e preço. A ideia de Claúdia é solidificar e reforçar esta marca e só depois começar a diversificar. Para o dia em que for lançado o vinho icónico da casa, está já reservada a marca Palácio dos Condes de Anadia.
Entre as novidades agora apresentadas existe um espumante, que surge como a concretização de uma ideia já iniciada há alguns anos. Feito de Touriga Nacional vinificada em branco, para o vinho base utilizou-se uma “assemblage” de três colheitas, 2014, 2015 e 2016. Na vindima de 2018, nasceu outro produto novo, um branco também de Touriga Nacional, uma espécie de “dois em um”, pois resulta num vinho diferenciador enquanto “branco de tintas” e, ao mesmo tempo, atenua a escassez de uvas brancas na vinha da propriedade. Com os Colheita e Reserva Conde de Anadia (com destaque para o notável Grande Reserva branco), o portefólio evidencia-se pela consistência qualitativa e, sobretudo, pela sua genuinidade, com o carácter Dão bem vincado.
Ao elevado nível dos vinhos associa-se, de forma indelével, à excelência do conjunto patrimonial. Como diz Cláudia Paiva: “Com apenas dez hectares de vinha temos de fazer diferente. Nós não vendemos vinho. O que disponibilizamos ao apreciador é um ‘pacote’ absolutamente único, constituído por vinho, palácio, jardins, mata. No fundo, vendemos cultura e história.”
(Artigo publicado na Edição de Dezembro 2020)
Fundação Eugénio de Almeida terá novo “Dia Aberto”

Será nos dias 1, 2 e 3 de Outubro que a Fundação Eugénio de Almeida receberá os cidadãos e visitantes da cidade de Évora no seu “Dia Aberto”, já na nona edição, convidando-os para um programa de actividades gratuitas concebidas para dar a conhecer os espaços, as equipas e os projectos educativos, culturais e de […]
Será nos dias 1, 2 e 3 de Outubro que a Fundação Eugénio de Almeida receberá os cidadãos e visitantes da cidade de Évora no seu “Dia Aberto”, já na nona edição, convidando-os para um programa de actividades gratuitas concebidas para dar a conhecer os espaços, as equipas e os projectos educativos, culturais e de desenvolvimento social que a fundação promove. Esta iniciativa — que terá como palcos o Enoturismo Cartuxa, Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, Centro de Arte e Cultura, Páteo de São Miguel, Centro de Inovação Social e a “natureza” — enquadra-se no Dia Europeu de Fundações e Doadores, que se celebra no dia 1 de Outubro.
O “Dia Aberto” é “um momento especial de proximidade e de partilha com a comunidade, que permite aprofundar o conhecimento sobre o projecto singular criado por Vasco Maria Eugénio de Almeida, há 58 anos, um projecto institucional de filantropia, de serviço à comunidade que continua vivo e activo, profundamente comprometido com a promoção do bem comum”, refere Francisco José Senra Coelho, presidente do Concelho de Administração da Fundação Eugénio de Almeida.
Devido ao actual contexto pandémico, a Fundação Eugénio de Almeida garante que as medidas preventivas de higiene, segurança e distanciamento social serão asseguradas em todas as actividades, sendo por isso necessária inscrição prévia, excepto para as visitas livres ao património e equipamentos culturais.
Consulte o programa completo do “Dia Aberto” da Fundação Eugénio de Almeida AQUI.