Ode Phosphorus: de Pessac-Leognan ao Vale de Franschhoek, a Hunter Valley e à região Tejo…

Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de […]
Acredito sinceramente que a casta Sémillon é merecedora de uma audiência maior no mundo vínico e enófilo, pois consegue originar vinhos deliciosos e extremamente acessíveis na sua juventude e desenvolve múltiplas nuances e grande complexidade ao longo da sua vida em garrafa. De origem francesa, é conhecida por estrelar os reverenciados vinhos brancos doces de Sauternes e os secos de Pessac-Leognan, da região de Bordeaux, de que é exemplo o icónico Chateau Haut-Brion, cujo lote é composto por Sémillon e Sauvignon Blanc, com ligeira predominância da primeira.
Mas diz-se ter sido na Austrália, no Hunter Valley, estado da Nova Gales do Sul, a norte de Sydney, que a Sémillon encontrou o seu terroir de eleição, onde, aliás, se encontra plantada desde o século XIX (1830) até aos dias de hoje. Na verdade, tal como a Chenin Blanc, no Vale do Loire, a Pinot Noir, na Borgonha ou a Nebbiolo, na região do Piedmonte, não existem muitos outros sítios no mundo onde a Sémillon produza resultados tão excepcionais como no Hunter Valley.
A versatilidade da casta manifesta-se na facilidade com que se adapta tanto a climas quentes como frios. No calor, ela apresenta aromas e sabores suculentos de frutas amarelas e tropicais como pêssego, manga e papaia, e produz vinhos com maior teor alcoólico e bom potencial de envelhecimento. No frio, os vinhos são mais frescos, com aromas e sabores de frutas cítricas, maçã, pêra e melão. São exemplares com mais acidez e menos álcool.
Em Portugal é uma das castas autóctones do Douro, por exemplo, tendo sido, inclusivamente, uma das mais utilizadas pelos viticultores da região, que a conheciam pelo nome de Boal. Só quando foi “importada” para o nosso País se descobriu que Sémillon e Boal são a mesma casta.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico
A casta Sémillon no Tejo
A ODE Winery, Farm & Living é uma adega com história, localizada em Vila Chã de Ourique, freguesia do Município do Cartaxo, distrito de Santarém, a apenas 50 minutos de Lisboa.
Totalizando 96 hectares, começa a operar em 2022 pelo grupo Immerso Collective, criado com foco no luxo e sustentabilidade por David Clarkin e Andrew Homan, que têm mais de trinta anos de experiência em investimento e desenvolvimento imobiliário de futuro nos mercados asiático e australiano, bem como em gestão de fundos de investimento imobiliário. O objectivo foi criar um projecto que trouxesse a merecida visibilidade à região Tejo e à sua extensa cultura do vinho.
A Ode Winery integra a adega e vinhos ODE, produzidos numa unidade de vinificação de última geração, que manteve a sua beleza e origem históricas, que remontam ao ano de 1902.
Jim Cawood, australiano de nascença e com uma vasta experiência em todas as vertentes do negócio do vinho, tendo sido sommelier, importador, distribuidor e retalhista, e também produtor em Espanha, é o “director of Wines and Good Times” da ODE. Anfitrião por excelência, apaixonado pelo projecto e pelo terroir ODE, desde logo identificou várias semelhanças entre o terroir calcário onde está inserida a empresa e o clima e ph dos solos de Hunter Valley. Mas foi um feliz acaso que levou a Sémillon até à ODE Winery. Ou talvez não tenha sido totalmente um acaso. Em conjunto com a enóloga Maria Vicente, com mais de 20 colheitas no seu percurso profissional quando assumiu o projecto ODE, nas inspecções iniciais às vinhas, Jim constatou algo de esquisito na parcela onde estava registada e plantada a casta Viognier.
De um lado era Viognier, sem qualquer dúvida, mas, do outro, de certeza absoluta que Viognier não era. Eram simplesmente duas plantas diferentes. A outra era Sémillon!
Os motivos que levaram os antigos proprietários (Vale d’Algares) a registar tudo como Viognier não sabemos. Podemos apenas especular que fosse por a Sémillon não ser uma casta autorizada na região Tejo, na altura em que foi plantada, ou simplesmente por engano do viveirista. A verdade é que não sabemos. O que sabemos é que Maria e Jim, perante a realidade das coisas, decidiram apostar na casta, e em boa hora o fizeram, já que os resultados se têm revelado excelentes.
Potencial para envelhecer
Para adicionar textura e definição, cerca de 15% desse vinho envelheceu em barricas novas de 500 l de carvalho francês durante cinco meses. Seco e cítrico, com notas de limão, lima, maçã verde, e um final de boca mineral, na sua juventude será um vinho que harmoniza com facilidade com marisco, por exemplo, mas tendo potencial para envelhecer em garrafa até 10 ou mais anos. Envelhecido, será um vinho perfeito para acompanhar um assado de porco ou aves, como o faisão por exemplo.
Produzido a partir de algumas das melhores uvas Sémillon, fermentadas e envelhecidas durante 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 l, apresentou-se-nos um vinho elegante, texturado e extremamente gastronómico. O Ode Phosphorus junta-se, assim, às 12 referências Ode já disponíveis no mercado. Pois seja bem vindo!
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Vinilourenço: Pai Horácio 1945, De filho para pai… a celebração do legado

Foi sem dúvida um dia de emoções fortes, uma cerimónia preparada pela família, com a presença dos amigos de sempre e todos os colaboradores da empresa que o “Pai Horácio” criou, impulsionou e que o filho Jorge fez crescer. E não faltaram à mesa os pratos preferidos do Sr. Horácio, seja a “torradinha com azeite”, […]
Foi sem dúvida um dia de emoções fortes, uma cerimónia preparada pela família, com a presença dos amigos de sempre e todos os colaboradores da empresa que o “Pai Horácio” criou, impulsionou e que o filho Jorge fez crescer. E não faltaram à mesa os pratos preferidos do Sr. Horácio, seja a “torradinha com azeite”, o bacalhau “que ele tanto apreciava de qualquer forma” ou o fabuloso “cabritinho assado no forno com um não menos delicioso arroz de miúdos”, “tudo pratos que o meu pai gostava” disse, com emoção, Jorge Lourenço. Almoço excecional, acompanhado por alguns dos grandes vinhos da casa e, claro está, pela estrela maior, o Pai Horácio 1945, lançado no dia em que faria 80 anos – um tinto de contemplação.
Regresso às origens
O lançamento ocorreu na sede da Vinilourenço, em Poço do Canto, Meda, onde se localiza também a adega, a loja e casa da família. Atualmente, a Vinilourenço possui uma área própria de 50 hectares de vinha, repartidos pelos concelhos da Meda e Vila Nova de Foz Côa, cujas altitudes variam entre os 130m e os 700m. Ficam sobre solos de xisto e granito, têm orientações solares e declives muito variáveis e uma diversidade de micro terroirs que permite explorar o melhor de cada casta e apresentar vinhos de perfis diversos. O portfolio é bastante extenso, onde talvez as marcas D. Graça e Fraga da Galhofa sejam as de maior notoriedade no mercado.
Destaque igualmente para a coleção castas, onde os monovarietais Samarrinho, Donzelinho, Casculho, Gouveio, diferentes abordagens ao Viosinho, entre outras, representam o regresso às origens, resultando em vinhos com perfil singular, evidenciando o carácter da casta versus terroir. Toda a produção é acompanhada e gerida pelo produtor, Jorge Lourenço, de 43 anos, que desempenha a função de enólogo principal. Embora o forte contributo do professor Virgílio Loureiro, sobretudo nos primeiros anos da Vinilourenço tenha sido evidente, hoje é Jorge que se encarrega da enologia.

A Dona Graça e o apego à Terra
Horácio Lourenço, desde muito jovem mudou-se para Cascais, em busca de melhores condições e, com apenas 15 anos, já trabalhava na Câmara Municipal. Outros tempos, é claro… Aos 18 anos e finda a recruta militar foi para Angola, onde conheceu a algarvia Dona Graça, que viria a ser sua esposa e empresta o nome à talvez mais emblemática marca do extenso portfolio da Vinilourenço. Com a vida totalmente estabelecida em África, tal como muitos outros portugueses, foi forçado a regressar a Poço de Canto com muito pouco na bagagem, mas o suficiente para se iniciar na construção civil. Contudo, a sua grande paixão sempre foi a terra e, não tardou muito, começou a plantar vinhas.
Foi no final dos anos 70, princípio dos anos 80. “Estou aqui hoje para homenagear o grande patrono deste projeto, um homem fascinante, com uma enorme paixão pela terra. Eu também tinha essa paixão, mas a começar na adega. Com o Sr. Horácio era o contrário, ele queria estar nas vinhas e a adega era para os outros. Aprendi muito com ele”, refere o professor Virgílio Loureiro. No início as uvas eram vendidas para a adega cooperativa. Mas na viragem para o século XXI, Jorge Lourenço, que herdou a paixão pelas terras e pelas vinhas do seu Pai, tornou-se num trabalhador ávido por aprender e começou a demonstrar um grande espírito de liderança. Não surpreende, pois, que após concluir o ensino secundário tenha pretendido aperfeiçoar as suas características, fazendo um curso de jovem agricultor e, mais tarde, uma pós-graduação em Enoturismo.
Foi assim que Jorge Lourenço deu continuidade ao sonho do pai, criando a empresa ViniLourenço, à qual se dedica integralmente há mais de duas décadas. “Felizmente, hoje temos já uma equipa de 18 pessoas, a quem eu também muito agradeço, e o lançamento deste vinho muito especial é também para dignificar aquilo que é o nosso trabalho conjunto, honrando a memória e o legado do meu pai”, remata Jorge. O legado está assim perpetuado no vinho de homenagem Pai Horácio 2021 tinto Grande Reserva Edição Especial. Trata-se de uma produção limitada de 1945 (ano de nascimento de Horácio Lourenço) garrafas, em caixa individual. Resultou de um blend da seleção de parcelas, plantadas pelo próprio Horácio Lourenço, com base no estudo dos terroirs, ao longo das últimas décadas e da interpretação dos mesmos por Jorge Lourenço.
Cada detalhe foi pensado meticulosamente, com destaque para o rótulo duplo com dedicatória do filho para o pai, ou a tira de couro que envolve a garrafa, simbolizando o compromisso entre pai e filho, a família e a amizade. Um package realmente bonito e singular! Como Jorge Lourenço referiu, um vinho à imagem de seu pai, “forte, com muita estrutura e muita alma”.
Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Enoturismo: Madeira – Uma oferta com qualidade e diversidade

Concluímos aqui o relato do nosso périplo pelo enoturismo da Madeira, começado na edição de Fevereiro. Se pudéssemos resumir a impressão geral que esta visita de quatro dias nos deixou em três palavras chave, não tenho dúvidas que “surpresa” seria a primeira que me viria à mente, tão inesperado foi o impacto causado pela realidade […]
Concluímos aqui o relato do nosso périplo pelo enoturismo da Madeira, começado na edição de Fevereiro. Se pudéssemos resumir a impressão geral que esta visita de quatro dias nos deixou em três palavras chave, não tenho dúvidas que “surpresa” seria a primeira que me viria à mente, tão inesperado foi o impacto causado pela realidade que observei na ilha, logo seguida pela “diversidade” e “qualidade”. O breve registo, necessariamente telegráfico, das visitas aos restantes cinco empreendimentos visitados, ajuda a perceber esta avaliação.
Socalco Nature Calheta
Visto de cima, do miradouro do Museu de Arte Contemporânea no Estreito da Calheta, a paisagem é deslumbrante. Em baixo a praia artificial, feita a partir de areias trazidas de longe, surpreende pelo inusitado. Um pouco mais acima, avistam-se socalcos primorosamente compostos, em que as vinhas alinhadas e as casas de traço moderno se abraçam num cenário que deixa antever existir ali algo de muito especial.
Não nos enganámos. E quando demos de frente com o portão do Socalco Nature após uma agradável descida a pé pela encosta, percebemos que nada ali foi deixado ao acaso. Estamos em presença de um Agroturismo inaugurado em plena pandemia, no final de 2020. São apenas 10 quartos mais 10 casinhas, suites premium com kitchenette encaixadas nos socalcos, entre fileiras de vinhas postas como se de um jardim se tratasse, mais um restaurante e uma piscina, com o mar azul brilhante em pano de fundo.
É um projecto de Octávio Freitas, chefe de cozinha com uma estrela Michelin no celebrado Desarma, no Funchal, que aqui ergueu um refúgio onde a sofisticação consegue parecer simples e casual. Dirigida pela sua irmã, Nélia Freitas, o empreendimento aproveitou umas velhas ruínas do século XVI, já inseridas nos socalcos, que a mão competente de um arquitecto transformou numa unidade exemplar. O restaurante Razão tem vida própria e está aberto a não hóspedes, funcionando também para eventos e outras actividades, como ateliers de cozinhas e masterclasses. Com uma cozinha aprimorada, com práticas sustentáveis e adepto da política “zero desperdício” e ingredientes “Km 0”, ganhou, em 2023, o Prémio Nacional de Turismo na categoria de Turismo Gastronómico. Como nos disse Nélia, o conceito é o de um restaurante com quartos. Foi no Razão que tivemos a oportunidade de provar os vinhos da casa, que são o visível orgulho do chef Octávio Freitas, para além de um inspirado almoço preparado pelo chef residente, André Gonçalves. Feitos a partir das uvas das vinhas alinhadas à nossa volta, regadas por uma levada, e de outra vinha, provámos diversas variações em torno das castas Verdelho, Boal, Malvasia Fina e Terrantez.
Foi em 2021 que apareceu o primeiro vinho, Galatrixa, a que se seguiu uma segunda marca em 2022, Cagarra, e mais recentemente, a Massaroco, em 2023, todos vinificados na Adega de São Vicente. O portefólio de Octávio Freitas contempla ainda um rosé e um clarete, feitos a partir de tinta Negra e Merlot. São belos vinhos, com uma personalidade muito própria, plenos de frescura marítima, salinidade e com excelente aptidão gastronómica.
Socalco Nature Calheta
Morada: Caminho do Lombo do Salão, 13, Calheta
Email: info@socalconature.com
Tel.: + 351 291 146 910/925 975 844
Aberto todo o ano. Preço/noite a partir de 125€
Quinta do Barbusano
Não é fácil chegar à Quinta do Barbusano, situada no município de São Vicente, na encosta norte da Madeira, estando a propriedade entalada entre montes e vales, como dizia o poeta, e sendo servida por uma estrada sinuosa. Mas para o enófilo ou gastrónomo é um percurso que vale a pena fazer e um pretexto para ter uma experiência gratificante e usufruir de prazeres simples que nos reconciliam com o melhor da vida. O nome Barbusano vem de uma espécie vegetal endémica inserida na Floresta Laurissilva, Património Mundial Natural, reconhecida pela UNESCO. António Oliveira, o proprietário, é hoje, e de longe, o maior possuidor de área de vinha, tendo 25 hectares na ilha da Madeira, 12 dos quais na quinta que visitamos, mais umas parcelas em Ponta Delgada, em São Vicente, na Ribeira da Janela, em Porto Moniz e ainda no conselho de Santana. Não satisfeito, ainda adquiriu três hectares na Ilha de Porto Santo, onde a casta branca Caracol tem a sua maior expressão. Na Barbusano, as vinhas estão espalhadas pela encosta em socalcos, conduzidas em latada, como é tradicional.
Tudo começou em 2006, com a plantação da primeira vinha, mas António já tinha bastante experiência acumulada em lidar com viticultores, vinhas e uvas mercê da sua actividade anterior, de venda de produtos fitofármacos. Foi aí que nasceu o bichinho que hoje ocupa grande parte do seu tempo e o faz verdadeiramente feliz: produzir os seus próprios vinhos onde, com a ajuda e orientação do enólogo Paulo Laureano, consegue já ter uma mão cheia de referências no mercado.
As castas que trabalha dividem-se entre o Verdelho, que é base dos seus belos brancos, e a Tinta Negra, com que faz um rosé muito interessante. Mas também tem uns poucos hectares de uva Arnsburger, de origem alemã, que usa para temperar os seus lotes. Os seus vinhos tintos são feitos sobretudo a partir da Touriga Nacional e Aragonez. No total, António Oliveira produz hoje mais de 100 mil garrafas por ano de vinho não fortificado, o que é absolutamente notável e inédito na ilha.
O que o visitante pode encontrar na Quinta do Barbusano é a paz e tranquilidade de um passeio pelos socalcos das vinhas, a prova de vinhos que revelam um forte carácter e grande singularidade, para além de uma refeição servida no restaurante com capacidade para 100 comensais. Mas desengane-se quem esperar uma ementa sofisticada. Ali a especialidade que todos querem provar é a espetada madeirense em pau de louro, salpicada com sal grosso e grelhada sobre as brasas que o próprio António maneja como ninguém. O acompanhamento são batatas e salada. O tradicional bolo do caco, barrado a manteiga e alho, previamente servido, já nos tinham acalmado o estômago. Nada mais simples, nada tão autêntico e gratificante.
Quinta do Barbusano
Morada: Caminho Agrícola, 26, São Vicente
Email: geral@barbusano.pt
Tel.: + 351 926 637 730
Visita guiada às vinhas e prova de seis referências: 20€. Visita, prova e almoço: 65€
Terrabona Nature & Vineyards
Paz, tranquilidade, silêncio e natureza e respeito absoluto pela sua privacidade, são a garantia que os hóspedes alojados no Terrabona têm como adquirido. O projecto, fundado pelo casal Marco Noronha e Maria João Velosa em 2014, em Boaventura, no concelho de São Vicente, é singular e exclusivo, dirigindo-se a um perfil de clientes particularmente exigentes na sofisticação dos serviços prestados e com alto poder de compra. Não espanta, por isso, que sejam visitantes estrangeiros os quase exclusivos clientes do empreendimento.
O trabalho no sector da banca, no Funchal, permitiu ao casal ter um conhecimento privilegiado de terrenos e propriedades rurais disponíveis nos cantos mais escondidos da ilha. Assim, em 2014 surgiu a oportunidade de adquirir uma propriedade inserida em plena Floresta Laurissilva, na pequena localidade de Boaventura. Inicialmente a ideia era fazer um agroturismo de luxo com sete casas encaixadas nos socalcos. Hoje estão construídas apenas quatro vilas, para além da recepção, mas a produção de vinho próprio passou também a constituir uma prioridade do projecto. As vinhas espalham-se pelos socalcos, rodeando as habitações, cuidadas como um jardim. As variedades passam pela já falada casta branca alemã Arnsburger, obtida do cruzamento de clones de Riesling, trabalho feito nos anos 30 pelas autoridades locais quando se estudava o potencial de castas para a produção do vinho fortificado.
Estava abandonada há mais de 20 anos. Mas foi de Marco e Maria João a ideia peregrina de plantar Loureiro, caso único em toda a ilha, como forma de homenagem à Laurissilva. Em 2016 fazem a primeira experiência de vinificação na adega comunitária de São Vicente. Agradavelmente surpreendidos com o resultado, decidem expandir as vinhas. Introduzem o Terrantez e o Verdelho e começam a produzir em modo biológico, sendo o primeiro produtor com vinhas licenciadas em produção integrada.
Outras experiências incluem o estágio dos vinhos em barrica e em ânforas de terracota, uma originalidade de aromas e sabores que surpreendeu os proprietários e os hóspedes. A boa recepção que os primeiros vinhos tiveram levou a que Marco e Maria João se aventurassem a enviar amostras para concursos como o IWC, e a revistas como a Decanter e Robert Parker, com resultados que superaram as suas expectativas. A integração da cultura do vinho num turismo rural de luxo é hoje uma marca do Terrabona Nature & Vineyards.
Terrabona Nature & Vineyards
Morada: Estrada do Cardo 117, Boaventura
Email: comercial@terrabonawine.com
Tel.: + 315 925 864 904
Alojamento numa das quatro suites a partir de 370€
Vinhos Barbeito
Não é hoje possível falar do vinho da Madeira e ignorar o trabalho desenvolvido nos últimos anos nos Vinhos Barbeito, tal como falar em Barbeito sem referir o nome de Ricardo Diogo. Criatividade e inovação são a marca que o neto do fundador, Mário Barbeito, imprimiu aos vinhos produzidos com a sua chancela, desde que tomou conta da enologia da casa em 1991. Com quase 80 anos de actividade, a empresa localizada em Câmara de Lobos conta hoje com cerca de 70 viticultores a quem compra uvas.
O que permite fazer, não só os prestigiados vinhos fortificados, como, desde 2017, vinhos tranquilos. Para a produção dos vinhos da Madeira, as castas nobres tradicionais como o Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia constituem a base dos seus Colheitas, a que se juntam a Tinta Negra, aqui submetida ao envelhecimento em canteiro, que dá origem ao Single Harvest, para além do Bastardo. Nos últimos tempos a casa tem lançado novos vinhos, que vão dos Colheitas antigos aos Frasqueiras (com estágio em cascos com um mínimo de 20 anos) e vários monovarietais. Só os vinhos entrada de gama, feitos a partir de Tinta Negra, são submetidos à técnica de estufagem, em que os vinhos são aquecidos em grandes tanques por um período de três meses a temperaturas entre 47 e 50 graus centígrados. Este método de envelhecimento forçado, que permite lançar, no mercado, vinhos a preços muito mais acessíveis que os envelhecidos lentamente pelo método clássico, é comum a todos os produtores de Madeira.
Mas o que lançou verdadeiramente o nome de Barbeito para a atenção dos mercados, das revistas da especialidade e dos consumidores mais exigentes foram os seus notáveis vinhos velhos, de lote, com 40 e 50 anos, vinhos especiais, alguns deles estagiados em garrafões de vidro, lançados em quantidades reduzidas e com preços naturalmente elevados, que aguçam o apetite daqueles para quem o vinho da Madeira é algo de único e inigualável. Todas as vicissitudes deste processo de produção são convenientemente explicadas ao visitante que percorre as recentes instalações da Adega Barbeito, numa visita guiada disponível em várias línguas.
No dia em que estivemos no Barbeito tivemos oportunidade de presenciar alguns passos de uma numerosa excursão de visitantes da Bulgária, onde, num inglês fluente, o guia conseguiu passar a sua mensagem com um entusiasmo contagiante. que se traduziu depois em bastantes compras na loja da Adega. O visitante tem, assim ao seu dispor, visitas guiadas agendadas a diferentes horários conforme as línguas, que terminam na sala de provas com a possibilidade de experimentar vários vinhos. Um prova Gold com um vinho branco tranquilo e três vinhos Madeira tem o preço de 15€, enquanto uma prova Platinum, composta por um branco e seis vinhos Madeira de diferentes idades, custa 28€.
Vinhos Barbeito
Morada: Estrada da Ribeira Garcia, Parque Empresarial da Câmara de Lobos, Lote 8, Câmara de Lobos
Email: info@vinhosbarbeito.com.pt
Tel.: + 351 291 761 829
Visita e provas de vinhos desde 15€ por pessoa. Encerra ao Sábado e Domingo
Blandy’s Wine Lodge
A Blandy’s é uma das marcas mais conhecidas entre os vinhos Madeira e integra hoje o universo da Madeira Wine Company, o maior produtor de vinho Madeira. O seu centro de visitas está localizado na baixa do Funchal e é um autêntico museu vivo da história deste fortificado. Os vetustos edifícios que compõem o Lodge são datados dos séculos XVII e XVIII e foram adquiridos pela família Blandy, de origem inglesa, em meados do século XIX.
Em instalações modelares, repletas de história, memórias e objectos que vão desde instrumentos de trabalho, testemunhos de todas as fases do processo produtivo, até documentos raros, onde se pode descobrir, por exemplo, cartas de Winston Churchill, o visitante tem oportunidade de mergulhar a fundo no conhecimento sobre o vinho da Madeira, suas características e diferentes variedades, por entre pipas e cascos que albergam mais de 700.000 litros de vinho. Não pense, contudo, que é apenas esta a quantidade de vinho da Madeira armazenado ou a envelhecer pela Blandy’s. Um novo armazém, construído na zona do Caniçal, perto do aeroporto dispões de quase cinco milhões de litros e permitiu tirar, do centro da cidade, o tráfego pesado e a actividade laboral, libertando as velhas instalações para o seu destino nobre: serem a verdadeira sala de visitas do vinho da Madeira.
Amparados por uma visita guiada, orientada por pessoal muito competente e conhecedor, o visitante facilmente se deslumbra perante a nobreza do que lhe é revelado. No final, na bonita e espaçosa sala de provas, decorada por centenas de estantes com garrafas de todos os anos, o conhecimento sobre os vinhos da Madeira, e também sobre os vinhos tranquilos de que a Blandy’s foi pioneira, é aprofundado com uma prova didática e esclarecedora. Com preços a partir de 10,50€, variando conforme a quantidade e qualidade dos vinhos servidos, todo um universo de aromas inebriantes se desenrola diante dos nossos sentidos. História e cultura viva em movimento!
Blandy’s Wine Lodge
Morada: Avenida Arriaga, 28,Funchal
Email: seclodges@madeirawinecompany.com
Tel.: + 351 291 228 978
Visitas de Segunda a Sábado, disponíveis em cinco línguas
Comer na Madeira
Durante a nossa visita de quatro dias, a convite do Turismo da Madeira, tivemos oportunidade de comer em vários restaurantes, o que permitiu perceber que a ilha tem hoje uma farta oferta, com opções de qualidade de vários estilos e tipos de cozinha e para diferentes orçamentos.
Eis aqueles que achámos mais significativos:
Adega do Pomar
Rua Maria Ascensão, Camacha. Tel.: +351 938 799 379
Restaurante de cozinha tradicional, com decoração rústica, onde se pode provar pratos típicos como Sopa de Trigo à Antiga, Açorda Madeirense, Sopa de Tomate e Ovo, Espetada Madeirense, Atum, etc. O restaurante está ligado à produção da Sidra Quinta da Moscadinha, cujas diversas variedades também se posem provar e comprar no local.
Akua by chef Júlio Pereira
Rua das Murças, 6, Funchal; Tel.: + 351 938 034 758
Situado na baixa funchalense, é um restaurante de cozinha de autor em que a oferta predominante se baseia nos peixes e mariscos. Ambiente cosmopolita, desde as entradas aos pratos principais, o sabor e apresentação são cuidados ao pormenor.
Kampo
Rua da Alfândega, 74, Funchal; Tel.: +351 924 438 080
Também na baixa da cidade e do mesmo proprietário e chefe do anterior, este espaço de linhas modernas e atraentes, onde se privilegia o conforto à mesa e a apresentação tentadora das iguarias, é dedicado sobretudo ao universo das carnes e outros sabores campestres.
Audax
Rua Imperatriz Dona Amélia 104, Funchal. Tel.: +351 291 147 850
Define-se a si próprio como “progressive madeiran cuisine” e isso ajuda a perceber que estamos em presença de um restaurante de fine dinning, com interpretações modernas e por vezes ousadas de sabores tradicionais. Tem uma boa carta de vinhos, com possibilidade de provar a copo velhas raridades de vinhos da Madeira, com um serviço apropriado.
Barbusano
Quinta do Barbusano, Caminho Agrícola, 26, São Vicente. Tel.: +351 926 637 730
Aqui não há que enganar. A entrada é bolo do caco e o prato é espetada madeirense grelhada em pau de louro, acompanhada por batatas. Acrescente-se que a carne vem dos Açores, é de excelente qualidade e é grelhada nas brasas pelo proprietário. O espaço é amplo, ruidoso e informal, num ambiente campestre com as vinhas e a montanha em frente a compor o cenário.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Foz Côa celebrou o Douro Superior e distinguiu os melhores vinhos

O Festival de Vinho do Douro Superior regressou a Foz Côa e comprovou a importância deste evento na afirmação desta sub-região como um dos terroirs de referência para a produção de vinhos de grande nível não só no Douro mas de todo o país. Isso mesmo foi testemunhado pelas mais de cinco mil pessoas que […]
O Festival de Vinho do Douro Superior regressou a Foz Côa e comprovou a importância deste evento na afirmação desta sub-região como um dos terroirs de referência para a produção de vinhos de grande nível não só no Douro mas de todo o país. Isso mesmo foi testemunhado pelas mais de cinco mil pessoas que nos 3 dias do evento passaram pelo pavilhão da Expocôa.
De igual modo, o Concurso de Vinhos do Douro Superior que habitualmente se realiza no âmbito do Festival confirmou esta notável pujança e consagrou os melhores vinhos ali expostos à prova. O painel de 22 jurados, constituído por 22 especialistas nacionais e internacionais, incluindo compradores, sommeliers, críticos, jornalistas e representantes de garrafeiras e wine bares, avaliou as 178 amostras em prova nas categorias de vinhos brancos, tintos e vinhos do Porto e proclamou os vencedores, divididos entre medalhas de ouro e prata, para além do anúncio dos melhores vinhos em cada uma daquelas categorias.

Foram assim anunciados os vinhos Duas Quintas Reserva 2023 (Adriano Ramos Pinto Vinhos), nos brancos, o Avô Escrivão Grande Reserva 2021 (Vinilourenço), nos tintos, e o Barão de Vilar Colheita 1976 (Van Zeller Wine Collection SA), nos vinhos do Porto. Para além destes três grandes vencedores, foram ainda atribuídas 18 medalhas de ouro (6 para brancos, 10 para tintos e 2 para vinhos do Porto) e 37 medalhas de prata, num leque abrangente de produtores e estilos que evidenciam a diversidade e inovação da região. (ver lista completa no final).
“Orgulhamo-nos de poder constatar, mais uma vez, que a região continua a produzir vinhos de excelente qualidade, que nos continuam a surpreender, ano após ano. À semelhança da edição anterior, o painel do júri contou com a avaliação de compradores internacionais, reforçando a aposta na internacionalização do evento e nas oportunidades de exportação dando visibilidade global aos vinhos do Douro Superior”, mesmo aqueles de pequenas produções, oriundos de empresas familiares”, refere Luís Lopes, diretor da revista Grandes Escolhas que presidiu ao Júri do concurso.
O Festival contou com 90 expositores, entre vinhos e sabores regionais, como azeites da região, amêndoas, mel, queijos, charcutaria, pão e doçaria diversa e tasquinhas. O conjunto de actividades paralelas como provas comentadas de brancos, tintos, vinhos do Porto e de azeites, um colóquio sobre a oportunidade que o aumento do consumo dos vinhos brancos oferece à região, visitas a quintas, reuniões entre importadores e produtores, para além da habitual animação musical com concertos muito participados nas noites de sexta e sábado, completaram a oferta diversificada de um evento que “fala” com diversos tipos de público.
Nas palavras do presidente do Município de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa, era evidente a satisfação com os objectivos atingidos. “Este é seguramente um dos melhores festivais de vinho do país”, disse, orgulhoso. E não deixou de vincar durante a cerimónia de inauguração, perante uma plateia recheada de convidados institucionais, que o Douro Superior reclama maior atenção por parte dos poderes públicos para poder desenvolver plenamente as suas imensas potencialidades. A qualidade dos vinhos do Douro Superior aí estão para o provar.
Concurso dos vinhos do Douro Superior
Três grandes vencedores entre mais de 178 referências. De todos os vinhos avaliados, três conquistaram o júri pela sua elegância, estrutura e autenticidade,
representando o que de melhor se faz no Douro Superior. No final, o colectivo elegeu como Melhores Vinhos do Douro Superior 2025:
Duas Quintas Reserva 2023 (Adriano Ramos Pinto Vinhos) – BRANCO
Avô Escrivão Grande Reserva 2021 (Vinilourenço) – TINTO
Barão de Vilar Colheita 1976 (Van Zeller Wine Collection SA) – PORTO
Além dos prémios principais, foram ainda atribuídas 18 medalhas de ouro (6 para brancos, 10 para tintos e 2 para vinhos do Porto) e 37 medalhas de prata, num leque abrangente de produtores e estilos que evidenciam a diversidade e inovação da região.
VINHOS BRANCOS
Medalhas de Ouro
Duorum Vinha dos Muros 2024
Duvalley Reserva 2023
Fonte Videira 2024
Soulmate Grande Reserva 2019
Vale da Veiga Reserva 2019
Vineadouro Vinhas Antigas 2021
Medalhas de Prata
Alto do Pocinho 2023
Arribas do Côa Rabigato Reserva 2023
Cadão Reserva 2024
Crasto Superior 2019
EspadaCinta Códega do Larinho Grande Reserva 2023
Pai Horácio Grande Reserva 2021
Vinha da Migalha by Palato do Côa 2017
Quinta das Mós Grande Reserva 2022
Soulmate Alvarinho Grande Reserva 2021
Terras do Grifo Grande Reserva 2019
Vale da Teja Reserva 2020
Vale Marianes Reserva 2020
VINHOS TINTOS
Medalhas de Ouro
Quinta da Leda 2021
Cortes do Reguengo Reserva 2020
Crasto Superior Syrah 2022
Duvalley Grande Reserva 2016
Moinhos do Côa Reserva 2020
Palato do Côa Grande Reserva 2017
Quinta de Ervamoira 2021
Quinta do Gravançal Grande Reserva 2021
Quinta do Monte Xisto 2022
Xisto 2019
Medalhas de Prata
40 Castas Reserva 2023
All Ways 2021
Arribas do Côa Reserva 2020
Cadão Grande Reserva 2018
Casa Agrícola Rebelo Afonso Reserva 2022
Duorum 2023
EspadaCinta Grande Reserva 2021
Fonte Videira 2021
Montes Ermos Garrafeira dos Sócios 2020
Quinta da Bulfata Reserva 2021
Quinta da Ribeira Teja Reserva 2022
Quinta das Mós Grande Reserva 2020
Quinta de Canivães 2020
Remisi’us Grande Reserva 2021
Segredos do Côa Grande Reserva 2019
Senhor Abel Reserva 2020
Sétimo Bago Grande Reserva 2018
Soulmate Touriga Franca Grande Reserva 2021
Vale da Veiga Reserva 2017
ZOM Garrafeira 2015
VINHOS DO PORTO
Medalhas de Ouro
Cortes do Reguengo Tawny 20 anos
Quinta de Ervamoira Vintage 2005
Medalhas de Prata
Barão de Vilar Vintage 2015
Burmester Tawny 20 Anos
Dona Antónia Tawny 10 Anos
Quinta da Silveira Tawny 20 anos
Quinta do Grifo Vintage 2015
Quinta da Boavista: Expressões de um terroir duriense

O local onde decorreu o evento não poderia ser mais aprazível, o 1638 Restaurant & Wine Bar By Nacho Manzano, o bar de vinhos e restaurante de cozinha de autor do novo hotel Tivoli Kopke, em Gaia, que abre oficialmente em Maio. A vista sobre o rio Douro e a zona velha do Porto, enquadrada […]
O local onde decorreu o evento não poderia ser mais aprazível, o 1638 Restaurant & Wine Bar By Nacho Manzano, o bar de vinhos e restaurante de cozinha de autor do novo hotel Tivoli Kopke, em Gaia, que abre oficialmente em Maio. A vista sobre o rio Douro e a zona velha do Porto, enquadrada pelas paredes dos antigos armazéns de vinhos do Porto agora transformados para albergar os quartos deste cinco estrelas, é imperdível, e acrescentou um pouco de sedução ao evento de apresentação das novas colheitas da Quinta da Boavista, da Sogevinus. Decorreu na companhia de uma refeição criada por Nacho Manzano, consultor gastronómico do hotel e chefe de cozinha asturiano que recebeu, no ano passado, a sua terceira estrela Michelin na Casa Marcial, o restaurante que fundou na casa da sua família em 1993.
Texturas, aromas e sabores
Durante o repasto, feito de pratos compostos por dois a quatro elementos cozinhados na perfeição, sentiu-se que tudo o que o que criou, e apresentou na mesa, foi certamente desenhado para a companhia dos vinhos da Quinta da Boavista servidos, pela forma como as suas texturas, aromas e sabores se foram equilibrando ao longo do repasto, o que nem sempre tem acontecido em apresentações similares onde vou.
Gostei sobretudo da aparente simplicidade e da qualidade dos ingredientes e temperos dos pratos, tudo muito bem conjugado para potenciar os seus aromas e sabores e a ligação aos vinhos. Evidência, em particular, para o Lagostim com beurre blanc e pinhões, a que o suco das cabeças acrescentou uma ligação praticamente perfeita com o Quinta da Boavista Vinho do Levante 2022, o branco lançado nesse dia. Também para o Polvo braseado com puré de abóbora e molho de amêijoas, na só pela textura e sabor do polvo, que estava inexcedível, mas também pela forma como o conjunto de um prato aparentemente simples, se harmonizou com o vinho selecionado, o Boavista Reserva 2021, um tinto com estrutura, fruta e um toque de madeira. A estes juntaram-se um monovarietal de Alicante Bouschet, um vinho cheio de personalidade acrescentado à linha de monovarietais desta casa, para além dos dois ícones, o Vinha do Oratório e o Vinha do Ujo, todos da colheita de 2021, ou seja, de um ano de verão seco. Segundo Ricardo Macedo, o enólogo dos vinhos Douro da casa, a vindima da primeira, uma vinha velha cujas castas principais, entre 56 variedades, são a Touriga Franca, a Tinta Pinheira e o Rufete, é feita patamar a patamar, o que implica que sejam “feitas 14 fermentações desta vinha, para se identificar os melhores vinhos que ela produz” em cada ano.
Plantada em patamares horizontais pré-filoxéricos, suportados por pequenos muros de xisto, a Vinha do Ujo fica entre os 180-210 metros de altitude, um pouco mais longe do rio que a do Oratório, e inclui 26 castas. A sua vindima é manual, e a fermentação das uvas decorre em barricas de madeira francesa de 500 e 600 litros. Após um período de maceração, o vinho resultante continua o seu estágio durante pelo menos 16 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês antes de ser engarrafado.
Vinha muito velha
Jean-Claude Berrouet, um grande defensor da expressão dos terroirs e enólogo do Château Pétrus durante mais de 40 anos, é o consultor da Quinta da Boavista desde 2013, e está sempre presente nas principais decisões enológicas. A propriedade tem actualmente 80 hectares, dos quais 36 ha de vinha, uma parte significativa da qual de vinha velha dos períodos de antes e do pós-filoxera. Reconhecida desde a primeira demarcação da região vinícola do Douro, datada de 1756, a propriedade está também assinalada nas plantas de Joseph James Forrester, o Barão de Forrester, do século XIX. Depois da sua morte foi comprada pelo Barão de Viamonte, seu herdeiro. No século seguinte, esteve nas mãos de vários proprietários, até ser adquirida, em 2020, pelo Grupo Sogevinus.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
Companhia Agrícola do Sanguinhal: Vinhos com história e terroir

A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de […]
A loja da Quinta das Cerejeiras, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fica nos antigos escritórios da empresa e proporciona, pela forma como está decorada, uma viagem para outro tempo, o da fundação da empresa, quando naquele local trabalhavam as suas primeiras pessoas. É o início de uma visita pela sua história, da família e de fazer o vinho, a um pequeno museu que nos leva a apetecer saber um pouco mais sobre esta casa.
Diogo Reis é o representante da 4ª geração da família à frente da Companhia Agrícola do Sanguinhal, fundada pelo seu bisavô, Abel Pereira da Fonseca, em 1928, para gerir três quintas no Bombarral, Quinta das Cerejeiras, Quinta do Sanguinhal e Quinta de S. Francisco. Todas estão integradas na DOC Óbidos e ficam a apenas alguns quilómetros umas das outras no concelho do Cadaval.
Abel Pereira da Fonseca tinha montado um negócio de distribuição de vinho e outros produtos no início do século 20, que fundou em 1906 com sede na zona de Marvila, em Lisboa. Criou depois as lojas Vale do Rio, para venda de vinho e, mais tarde, começou a comprar as propriedades, para assegurar a produção para abastecimento da empresa em Lisboa. Foi assim criada a Companhia Agrícola do Sanguinhal, que explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha. O resto é floresta, árvores de fruto e instalações.
Influência atlântica
Segundo Diogo Reis, a vinha da casa privilegia as castas autóctones da Região de Lisboa. “Com base nelas, o que tentamos exprimir, nos nossos vinhos, é o terroir da DOC Óbidos, que fica num anfiteatro bem exposto à influência Atlântica”, salienta o responsável.
Miguel Móteo, 59 anos, enólogo da Companhia Agrícola do Sanguinhal com responsabilidade também na viticultura há mais de 30 anos, conta, por seu turno, que o primeiro desafio que teve, quando chegou à empresa, foi identificar as castas de menor valor enológico das suas vinhas, com o objectivo de as reestruturar e modernizar. Foi o início de um processo que levou à reconversão de mais de 70 hectares de vinha das três quintas nos últimos 30 anos. Para além da empresa ter apostado em castas regionais e nacionais, como as brancas Arinto, Vital e Fernão Pires, foram plantadas algumas internacionais “que poderiam contribuir para a valorização dos nossos vinhos não só no mercado nacional, mas também no internacional”, explica o enólogo. É o caso da casta Chardonnay “que se adaptou muito bem aos solos e clima da região e propriedade”, para além do Sauvignon Blanc e de uma pequena parcela de Viognier.
Nas tintas foi dada a primazia a castas específicas para a região, “que valorizam os nossos vinhos”, como o Castelão, a Tinta Roriz e a Touriga Nacional. Além delas foram plantadas variedades francesas, “como a Syrah, que se adaptou muito bem ao nosso terroir e, segundo a minha opinião, a toda a região dos vinhos de Lisboa”, salienta Miguel Móteo. Quando começou a trabalhar, as castas brancas já originavam vinhos com bastante acidez, ou seja, “com as características específicas para o que se pretende num vinho branco”. Mas percebeu, na altura, que nem todas as tintas seriam as melhores para as exigências do mercado e as consequências das alterações climáticas. “Por isso foi necessário fazer uma aposta forte na reconversão da vinha”, conta.
Os solos das três quintas são bastante diferentes e houve necessidade de se escolher correctamente os porta-enxertos e, a partir daí, fazer um trabalho quase de precisão ao nível da viticultura, “tendo em conta a condução da vinha, o controlo de vigor e as operações em verde e em seco”. Foi essencial, acima de tudo, escolher, no início das plantações, as castas e os porta-enxertos melhor adaptadas para os solos e sistemas de drenagem, tendo em conta as características desejadas para os vinhos produzidos. Com esse objectivo, as castas brancas estão plantadas nas zonas mais frescas, de várzea, e as tintas em encostas. “As nossas produções são relativamente baixas em relação à média da região, porque procuramos potenciar a valorização da matéria-prima”, explica Miguel Móteo.
Cinco semanas de vindima
A reconversão não teve apenas, como objectivo, a mudança de castas, mas também a modernização e mecanização de uma vinha com uma área já significativa, alteração essencial numa altura em que os custos de produção tem crescido cada vez mais e a mão-de-obra é cada vez mais escassa. São factores que têm levado “a constantes adaptações nas vinhas, quer ao nível dos sistemas de condução, que nas operações em verde e seco”, revela o enólogo. Diz, também, que a Região de Lisboa tem tudo para crescer e que tem sido surpreendente ver a evolução da qualidade da matéria-prima, essencialmente nos tintos.
Como as quintas da Companhia Agrícola do Sanguinhal distam a cerca de 10 km umas das outras, a produção foi centralizada na adega da Quinta de S. Francisco. As castas da empresa estão plantadas nas três, que têm características de solos diferentes, o que origina comportamentos diferentes das plantas, incluindo períodos de maturação diversos.
Segundo Miguel Móteo, as vindimas começam habitualmente na Quinta do Sanguinhal e na Quinta das Cerejeiras, e pelas castas mais precoces, como o Chardonnay, o Sauvignon Blanc e o Fernão Pires. “Nos primeiros anos vindimávamos a partir de meados de setembro e, agora, a partir de meio de agosto, também para conseguirmos apanhar as uvas com mais frescura e menor teor de açúcar”, conta, acrescentando que a principal dificuldade da vindima, que decorre durante cinco semanas, é conjugar os trabalhos em propriedades diferentes no mesmo dia, principalmente quando a colheita é feita à mão, o que acontece sobretudo para as castas brancas mais nobres.
Depois de os procedimentos feitos na adega para todas as uvas da empresa, que são colhidas casta a casta em cada quinta, é feita uma análise rigorosa a todas as 40 a 50 referências resultantes do processo para se poder definir, em função das suas características físico-químicas e organolépticas, “quais são os vinhos que vão para barrica, para as gamas quinta, Regional Lisboa no segmento médio e médio mais, num trabalho de precisão para cada perfil definido”, conta Miguel Móteo.
A Companhia Agrícola do Sanguinhal explora hoje 200 hectares de terra, dos quais 100 hectares de vinha
Referências centenárias
Mais de 30% do vinhos produzidos pela empresa são vendidos para exportação, tanto para o canal ontrade como no offtrade, tanto com marcas diferenciados como com coincidentes. “A nossa preocupação é mantermos uma presença nacional e regional forte, com as marcas que também exportamos”, explica Diogo Reis, acrescentando que “é esse equilíbrio que nos permite ter o reconhecimento do mercado, após muitos anos a trabalhar o sector, com marcas e rótulos históricos”, numa casa que tem algumas referências centenárias. “É algo que também nos diferencia, até porque há, no país, poucos casos em que isso acontece”.
Segundo Diogo Reis, essa manutenção, ao longo de tantos anos, tem sido um caminho desafiante, com alguns choques entre gerações, como acontece por vezes nas famílias e nas empresas, “mas, aquilo que sentimos, é que é pelo classicismo que temos tido os nossos resultados”, afirma. Defende, também, que a sua empresa não precisa de se empenhar agora no aumento das produções em volume, mas sim na valorização daquilo que já tem. “Essa é a estratégia que temos vindo a seguir, e com excelentes resultados, porque temos muitos vinhos com indicação de data de colheita recorrentemente em ruptura, o que acontece um bocado em contraciclo com o que se está a passar no sector a nível nacional e mundial.” Diz também que é uma aposta na fidelização, que já está a acontecer e tem proporcionado a conquista de mais clientes. “Se estivermos sempre a mudar a imagem, mais dificilmente as marcas serão reconhecidas. Não é isso que nos interessa”, explica.
A qualidade e o perfil dos vinhos são mantidos com o trabalho do Miguel Móteo. “É essencial, para nós, que o perfil de cada um dos nossos vinhos se mantenha, mesmo que as suas características variem com os anos de colheita, com excepção dos licorosos, dos quais fazemos blends de média de anos, como um 20 anos, por exemplo”, salienta Diogo Reis, acrescentando que de vez em quando surge uma inovação, como um novo colheita tardia, que deverá surgir para breve.
Para além dos vinhos da Quinta das Cerejeiras, do Sanguinhal e de S. Francisco, que são colocados todos com data de colheita, de licorosos e de aguardentes, a empresa produz e comercializa a marca Casa Abel, trabalhada sobretudo para o canal ontrade, a Sotal, um branco leve da Quinta do Sanguinhal, cujo Moscatel Graúdo é de vinhas com quatro décadas da Quinta do Sanguinhal, apesar de ter Arinto das outras quintas.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
KOPKE: A casa dos Porto Colheita

Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação […]
Falar da Kopke é falar da mais antiga empresa de vinho do Porto, remontando a 1638 o registo da marca. É também falar de um nome que os consumidores portugueses associam com vinhos do Porto velhos (tawny), e sempre numa garrafa personalizada, que se mantém até hoje. Nestes tawnies velhos destacam-se os que têm indicação de idade – 10, 20, 30, 40, 50 anos – e os Colheita, vinhos que obrigatoriamente têm de estagiar pelo menos sete anos em casco antes de serem engarrafados, ostentam data de colheita e indicam a data do engarrafamento. Mas antes de falarmos dos Colheita da Kopke, vamos dar uma espreitadela à história da empresa.
As antigas e velhas empresas do vinho do Porto começaram por estar normalmente associadas a famílias, ora nacionais ora estrangeiras, que se estabeleceram como negociantes e exportadores de vinho. O caso da Kopke não é diferente. O fundador foi Nicolau Kopke, que chegou a ser cônsul das cidades hanseáticas em Lisboa e se estabeleceu, mais tarde, no Porto como negociante de vinho. Os Kopke continuaram a dirigir a firma e adquiriram a quinta de Roriz em 1781. Em 1836, um dos descendentes, Cristiano Nicolau Kopke, foi agraciado com o título de Barão de Vilar. A gestão familiar manteve-se até 1870, quando foi vendida. Os novos proprietários adquiriram a quinta de S. Luiz em 1922 e, em 1953, a Kopke é adquirida pela Barros Almeida. Ambas passam a integrar a Sogevinus a partir de 2006.
Hoje a Kopke é a empresa premium, emblemática do grupo, muito forte nos tawnies e Colheita datados mas, segundo Carlos Alves, enólogo da casa, está em crescendo de importância também no estilo ruby. Como nos disse, as marcas Kopke e Burmester colocam-se em 3º lugar em Porto LBV’s. Com este nome – Kopke – a Sogevinus procura apenas a excelência. Num segundo plano, porque menos famosa, vem a Burmester e depois a Cálem, Barros e Velhotes. Esta última, ainda que muitas vezes associada à Cálem, é uma marca própria.
Integrante do grupo há ainda as quintas da Boavista, situada na margem direita do rio (e que hoje origina excelentes DOC Douro), no Cima Corgo, a quinta do Bairro, na margem direita, no Baixo Corgo (só para vinhos brancos), Arnozelo, no Douro Superior, e S. Luiz, no Cima Corgo (margem esquerda), exclusivamente focada na marca Kopke, em DOC Douro e Porto.
No entanto, tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém uma relação com lavradores a quem adquire uvas. São cerca de 450, número a crescer, com quem mantém uma relação estreita. É também por isto que existe na empresa um técnico que, desde 2015, tem a única função de acompanhar, ao longo do ano, todos estes lavradores que fornecem uvas à empresa. Por isso, acrescenta o enólogo, “conhecemos as vinhas e há um historial com tudo documentado e quando a uva entra na adega, sabemos a casta, a parcela, a quantidade, já sabemos o potencial e temos logo a noção para que fim se destinará.” Falamos então, no total, de 450 ha de terra e 220 ha de vinhas próprias. É área para alargar? Pedro Braga, director-geral e há 25 anos na empresa, comenta: “não estamos compradores, mas estamos atentos, sobretudo a parcelas que possam estar ao lado das nossas quintas e que tenham interesse para nós”.
Tal como acontece com as outras grandes casas, a Sogevinus ainda mantém a sua relação com os lavradores a quem adquire uvas
O Colheita sem mistérios, sigamos-lhe o rasto
Há por vezes algumas ideias feitas sobre o funcionamento desta categoria. Antigamente o Colheita obrigava a uma conta-corrente própria por cada ano. Veja-se o exemplo: na vindima de 2000 uma qualquer empresa destina 50 000 litros para Porto Colheita. Ao fim do prazo de lei (7 anos) engarrafa 5 000 litros e, nos anos seguintes, outras quantidades. Isto faria que, na conta-corrente controlada pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a quantidade fosse diminuindo até zero, sempre com provas de três em três anos para confirmar os parâmetros. Foi assim até 2004 e mantém-se assim para os Colheita anteriores a essa data. Para anos posteriores, a situação é menos restritiva. Desde que a empresa tenha registo de vinhos de um ano, pode sempre fazer Colheita e, por isso, de cada vez que engarrafa, os parâmetros podem ser diferentes da edição anterior. Na Sogevinus determina-se, na vindima, a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende. Depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas. No caso da Kopke, estamos a falar de 150.000 litros por ano e faz-se todos os anos. Como nos referiu o enólogo, “pode faltar para outras marcas, mas tem sempre de haver para a Kopke”, o que mostra a importância e peso da marca no grupo. Como insistentemente salientou na conversa que tivemos, só se engarrafam os Colheita à medida das encomendas, que podem ser de uma ou 1000 garrafas. Nunca se engarrafam quantidades grandes exactamente, para evitar que haja depois Colheita no mercado de engarrafamentos antigos.
Vamos seguir o rasto ao Porto Colheita, da vindima até à garrafa. O mais provável é que seja vinificado nas instalações de Sabrosa (São Martinho de Anta), onde a Sogevinus tem um grande espaço de vinificação e armazenamento exclusivamente dedicado a vinho do Porto. Alguma parte pode ser vinificada em S. Luiz; de seguida o vinho vai para balseiros ficando normalmente no Douro nos primeiros cinco a seis anos. Depois vem para Gaia e vai para cascos. Como a Sogevinus só comercializa Colheita com pelo menos 10 anos, os vinhos ainda passam uns bons anos nas caves de Gaia. Ali são sujeitos a trasfegas anuais: passagens a limpo, voltam para uma cuba de inox, se necessário são feitos os ajustes (refrescos) de aguardente e regressam aos cascos. Todos os anos a mesma música, uma música muito custosa em termos financeiros, exigente em termos de mão-de-obra, com perdas por evaporação e perspectiva de se ir vender apenas 5 ou 10% do que se tem em cave.
Carlos Alves tem a noção clara de que se perde um pouco a identidade do ano com o Colheita, uma vez que o vinho é muito trabalhado e acompanhado ao longo da vida. Mas é uma categoria emblemática de que não abdicam. Finalmente, a pedido do mercado, engarrafam-se os Colheita da edição mais recente ou das anteriores, dependendo das encomendas. A data do engarrafamento, indicada na garrafa, é a segurança do consumidor. E, quanto mais recente, melhor!
Na vindima determina-se a quantidade de vinho que se vai destinar a Colheita desta e daquela marca, conforme o perfil que se pretende; depois disso é sempre desse stock que se usam vinhos para as diferentes marcas.
Projectos e novidades
O enoturismo ganha cada vez mais força. Por um lado, as visitas às caves de Gaia – sobretudo Cálem e Burmester – representam 550.000 visitantes/ano, com gastos por pessoa na ordem dos €20/25, gerando mais de um milhão de euros de lucro/ano. O mini hotel da quinta de S. Luiz já está em pleno e a quinta recebeu, em 2024, cerca de 120.000 visitantes. Ali, no restaurante, há três pairings de pratos com vinho do Porto e são os mais pedidos. O novo Tivoli/Kopke hotel será oficialmente inaugurado em Maio (investimento de 50 milhões de euros, com 150 quartos) e dá a possibilidade de visita às caves com prova de Vintage – alguns deles velhos – que não estarão disponíveis em mais lado nenhum. Segundo Pedro Braga, as obras na quinta da Boavista arrancarão em 2026/27, para transformar algumas das casas existentes na quinta em apartamentos com fim de enoturismo. Enoturismo em Arnozelo, no Douro Superior, não está nos planos a curto prazo. Ainda em Gaia, as caves da Burmester, que ficam ao lado da ponte D. Luis, serão objecto de renovação para poderem receber visitas.
Mas os projectos também se relacionam com as vinhas. Enquanto em S. Luiz tudo está já “fechado” em termos de reconversão, está ainda por fazer a geolocalização das vinhas velhas. Na Boavista foi feito o estudo de geolocalização e identificação de todas as castas das vinhas do Ujo (26 castas) e Oratório (56 variedades). Concluiu-se que a casta mais plantada ali é a Touriga Francesa mas, talvez inesperadamente, identificaram-se muitas cepas de Alicante Bouschet, ali presente, segundo Carlos Alves “provavelmente para dar mais cor aos vinhos, porque nestas vinhas velhas também havia muitas castas brancas”. Na Boavista, no tempo em que pertencia à Sogrape, apenas se fazia Porto, hoje só se faz DOC Douro e nada de Porto, mas a explicação é clara. “Quando adquirimos a quinta, era o DOC Douro que estava a ser a imagem da quinta e não quisemos alterar isso”, diz Pedro Braga. No entanto, o gestor não descarta a possibilidade de vir a fazer Porto na Boavista. Nela está ainda a proceder-se ao rearranjo das parcelas, para rentabilizar e tirar mais partido do uso de maquinaria. Vindimas à máquina? Onde for possível, no futuro não haverá alternativa, como concluiu Carlos.

Tawny sim, mas Vintage também
Num universo de 8.500.000 garrafas de Porto da Sogevinus cabem muitas categorias, marcas e estilos diversos. Numa época em que há uma espécie de “nuvem negra” sobre o generoso – o facto de ser doce e ter uma graduação elevada – associada a quebras no consumo e quebras nas categorias standard, as empresas tentam reinventar-se para fazer face às novas tendências: descobrir novas formas de consumo e novos mercados. Carlos confirma que “a aposta na China foi um fracasso, mas a Coreia do Sul está a revelar-se muito interessante, tal como a Nigéria e a Índia”. Quanto às novas formas de consumo, por exemplo a categoria rosé, que nunca “descolou”, tem-se revelado muito adaptada a consumo em cocktails e long drinks nas instalações das caves de Gaia, sobretudo da Cálem (as mais visitadas).
O universo Kopke contempla (sempre aqui falando só em tawnies), além das categorias standard e dos ruby (onde estão as categorias especiais de Vintage e LBV), os vinhos com indicação de idade, quer em tintos quer em brancos. Estes últimos, recorde-se, não se podem chamar Tawny, que é uma categoria reservada a tintos envelhecidos em casco e, por isso, têm de se chamar, por exemplo, 40 Years Old White. Mais recentemente foram lançadas novas categorias – 50 anos – em Old White e Tawny.
Na categoria Ruby, a Kopke tem alguma tradição e fama. Recordo, por exemplo, que o vintage 1985 se revelou, com o passar do tempo, como um dos melhores dessa declaração, inicialmente tida como estrondosa, mas em que muitos vinhos acabaram por evoluir muito mal. Não foi o caso do Kopke, e ainda hoje é possível adquiri-lo na loja. Outro vintage famoso, mas com história desconhecida da maioria dos consumidores, foi o 1945. Diz-nos Carlos que esse vintage foi adquirido à Niepoort, que precisava de liquidez e vendeu parte do seu 45. Não há muitos anos, Carlos e Dirk Niepoort provaram os dois, copo com copo, e foi óbvio, diz-me, que seriam o mesmo vinho. Na garrafeira histórica da Kopke repousa também o vintage mais antigo – 1922 – mas também há 1927, o celebérrimo ano que conjugou duas características anormais: grande qualidade e muita produção. Começar a vendê-lo em 1929 – ano da Grande Depressão – foi o que se imagina: não se vendeu, foi-se acumulando nas caves e, por isso, chegou até hoje!
À produção de Porto, a Sogevinus junta 1.100.000 garrafas de DOC Douro, distribuídas pelas várias marcas: residual na Cálem (marca Curva, muito usada no enoturismo das caves), ausente na Barros (só Porto) e forte na Kopke e Burmester.
Ancorada no grupo bancário Abanca (que entre outros negócios é dona da Pescanova), a Sogevinus traça planos quinquenais sempre com a aprovação de Juan Carlos Escotet, CEO do banco e muito interessado em vinhos. “Todos os meses está cá presente nas reuniões do Conselho de Administração; é muito exigente, mas dá-nos outra segurança”, como nos lembrou Pedro Braga.
O enólogo recomenda
Carlos Alves está na Sogevinus desde 2006, tendo feito a primeira vindima em 2004. A sua função é, sobretudo na época da vindima, de verdadeiro bombeiro, a correr de um lado para o outro, “dezasseis a dezassete horas por dia, sete dias por semana, porque a janela da vindima é muito curta e tudo tem de ser feito sem falhas porque os erros aqui comprometerão todo o negócio”. Uma vez acabada a vindima começa todo o trabalho, quer em Gaia quer nas quintas, acompanhando os vinhos.
Destinam-se para Colheita, no caso da Kopke, muito mais do que para outras marcas. Por exemplo na Cálem, o Colheita poderá representar apenas 10% dos 150.000 litros da Kopke. A Barros é a segunda marca mais forte em Colheitas, sobretudo no mercado interno. Desde 2002 que se faz Colheita na Kopke todos os anos.
Como lidar com um Porto Colheita? Carlos explica: “Aos nossos consumidores aconselhamos a que seja comprado o engarrafamento mais recente, bastando, para isso, ver a data que vem na garrafa (é obrigatório), porque são vinhos mais frescos e límpidos.” Para muitos consumidores persiste a ideia do quanto mais velho melhor e mais caro, mas no caso dos Colheita isso não é verdade. Pode ser válido para os vinhos que estão em casco, mas não para os que estão na garrafa e usam rolha bartop (cortiça com tampa de plástico). Mas Carlos não tem dúvidas: “a rolha bartop não veda como a rolha natural e também por isso dizemos que a garrafa tem de ser conservada em pé. E se o vinho estiver engarrafado há muitos anos, é importante decantar antes de servir. Logo ao fim de dois ou três anos poderá haver alguma turvação”. O manuseamento cuidadoso é, por isso, recomendável.
Nos Colheita mais velhos é inevitável a concentração de açúcar: o 1937 pode ter 150 gr/açúcar/litro enquanto o 2015 poderá ter 85 gr (tendência actual). O açúcar ajuda a envelhecer, mas com pouco açúcar também se sente muito o álcool. Há, por isso, que jogar num compromisso.
Lidar com 22 milhões de litros de stock exige dedicação. Disso não temos dúvida. E quando o stock de um ano ou marca chega aos mínimos, “deixamos de comercializar e fica ali a ver o que acontece, quem sabe para uma comemoração”. Quanto ao consumo, Carlos recomenda: garrafa no frio antes de servir, na própria garrafa ou em decanter.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
-
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1934 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1937 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1941 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1957 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1966 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1975 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1985 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 1998 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2005 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2010 -
Kopke
Fortificado/ Licoroso - 2015
Adega de Penalva: Um exemplo diferenciador

Olhando para um passado com quase 65 anos cumpridos, a Adega de Penalva podia ser apenas mais uma das cooperativas surgidas com o eclodir do fenómeno, no final dos anos 50 do século passado. Fundada em 1960 por 43 associados, conta atualmente com mais de 950 sócios e uma capacidade de vinificar mais de 12 […]
Olhando para um passado com quase 65 anos cumpridos, a Adega de Penalva podia ser apenas mais uma das cooperativas surgidas com o eclodir do fenómeno, no final dos anos 50 do século passado. Fundada em 1960 por 43 associados, conta atualmente com mais de 950 sócios e uma capacidade de vinificar mais de 12 milhões de litros, processando, por ora e em média, sete milhões de quilos de uva por ano. O crescimento nos vinhos engarrafados ganha cada vez maior preponderância na economia desta Adega, correspondendo hoje a mais de dois milhões de garrafas/ano, com um crescimento anual de cerca de 10%, algo notável e em contraciclo com a realidade atual do setor. A única quebra sentida pela cooperativa nos anos mais recentes é no bag-in-box, crendo-se que por influência malévola da entrada em Portugal de vinhos oriundos da UE, especialmente de Espanha, a preços absolutamente incomportáveis para uma cooperativa que privilegia a qualidade no mercado.
Perante a dimensão destes números, podíamos ser tentados a imaginar que nesta Adega vale sobretudo o grande volume. Contudo, tal como nos produtores médios ou de menor dimensão, todo o processo inicia-se com um cuidado muito especial na vinha, sendo a sua permanente vigilância e peregrinação quase diária, prática perfeitamente enraizada no diretor de enologia da Adega, António Pina.
A dimensão média das propriedades por associado rondará os cinco e sete hectares, havendo, entre destes, alguns com mais de 15 ou 20 hectares. Não descurando ninguém, a Adega também recebe uva daqueles que não possuem mais de três ou quatro mil metros quadrados. Na campanha de 2024 foram cerca de 650 os associados que entregaram uva, estando muitos em processo de renovação das vinhas.
No total, a Adega recebe uva de uma área correspondente a 1100 hectares de vinha, estendidas entre os municípios de Penalva do Castelo, Satão e Mangualde.
De todo o modo, mais de 80% das vinhas situam-se no concelho de Penalva do Castelo. Em Satão, em parcelas de maior altitude e, consequentemente, mais frescas, predominam as castas brancas, com principal destaque para o Encruzado, que beneficia da composição dos solos mais graníticos, alcançando ali uma maior acidez e frescura. No concelho de Mangualde já não predomina tanto o granito. Os solos caracterizam-se por serem mais vermelhos, maioritariamente argilosos, ideais para tintos robustos e concentrados, nomeadamente de Touriga Nacional, que ali encontra condições para uma maior maturação.
QUINTA DA VINHA VELHA
Com cerca de 12 hectares, a Quinta da Vinha Velha bem pode ser apresentada como o “andar modelo” das propriedades com que trabalha a Adega. É nela que existe uma das mais significativas áreas de vinhas velhas, muitas delas com mais de 50 anos, tendo as parcelas mais recentes já cerca de 40 anos. O notável, nesta belíssima propriedade, foi mesmo o modo como se segmentaram, há mais de cinco décadas, as parcelas por castas, plantando-se cada uma delas tendo em conta a composição do solo, a maior ou menor exposição e, naturalmente, a sua aptidão para mais precoces ou tardias maturações. A exposição é encantadora, com toda a vinha a beneficiar dos dias soalheiros do nascer ao pôr do sol.
É aqui e nas áreas limítrofes, numa zona que forma um anfiteatro voltado a Sul, para a serra da Estrela, que se encontra o coração das vinhas que abastecem a Adega de Penalva, numa manta de retalhos e parcelas monovarietais rodeadas de florestas e mato, elemento da paisagem que confere, aos vinhos, uma marca de identidade muito própria, muito Dão no seu estado mais puro.
AS CASTAS DE PENALVA
Neste lado do Dão, Jaen e Tinta Roriz levam a dianteira na área de vinha, logo seguidas da Touriga Nacional, Tinta Pinheira e Alfrocheiro, esta com tendência a diminuir.
A Touriga Nacional é a casta que mais cresce no plantio na região do Dão. Nas vinhas da região e nas propriedades dos associados da Adega, as tintas ainda são quem mais ordena, superando com larga vantagem as uvas brancas, cabendo, às primeiras, 80% do encepamento e apenas 20% às brancas. Nas preferências de vinificação, pela sua enorme identidade varietal e expressão da região, surgem a Tinta Pinheira e o Alfrocheiro, curiosamente as mais sensíveis à podridão e, por isso, nem todos os anos possuem a qualidade que se exige à coleção dos monovarietais da Adega. As brancas são escassas. O mercado pede-as cada vez mais, e há necessidade de incentivar a produção, aumentando-a, pelo menos, em 10%, como refere José Clemente, presidente da Adega e ele próprio viticultor, cuja experiência e conhecimento muito têm beneficiado a cooperativa.
O classicismo, e até algum conservadorismo da região, provoca o receio nos produtores de plantar mais uva branca, presumindo que a tendência que hoje se verifica possa ser tão-somente uma moda e, como todas as modas, meramente passageira. Como o Encruzado não é uma casta muito produtiva e, por isso, não muito apetecível para o agricultor, a Adega bonifica a uva, pagando um valor mais elevado ao quilo. Nas tintas há também uma maior bonificação da Tinta Pinheira, Alfrocheiro e Touriga Nacional, desde que atinjam os níveis de cor desejados e grau alcoólico. A Adega regozija-se de pagar a uva a preços acima da média, como refere José Clemente com justificado orgulho e, em contrapartida, os associados tratam a vinha com denodo, entregando a matéria-prima de qualidade que permite criar os vinhos mais diferenciados da Adega, como são os monovarietais brancos e tintos.
A Baga é um curioso caso no universo da Adega de Penalva. De casta mais plantada no Dão no século XIX, tornou-se cada vez mais rara na região, sendo hoje residual e surgindo somente nas vinhas muito velhas, algumas centenárias. O cadastro das vinhas inicia-se a partir de 1930. E é a partir desses registos que se constata que, à data, a Baga compunha cerca de 20% de todo o encepamento do Dão. O seu arranque foi uma inevitabilidade provocada pela alteração do critério de pagamento ao viticultor. Se antes era pela quantidade e, aí, a Baga mostrava-se apetecível porque era muito produtiva, aquando da alteração para o pagamento por teor alcoólico, deixou de ser tão atrativa porque apresentava sérios problemas de maturação quando era deixada uma carga muito elevada na videira. É nessa altura que se dá o despontar da Touriga Nacional, antes conhecida como Tourigo ou Touriga Antiga, muito mais atraente às boas maturações e produções substanciais, sobretudo a partir da sua seleção clonal, ocorrida nos anos 80. A partir daí a Baga começa a ser arrancada e substituída por castas tintas de maturação equilibrada para vindima mais precoce. Não está fora das cogitações da Adega fomentar o plantio da Baga, não obstante a sua fragilidade à podridão, equacionando-a na elaboração de espumantes, uma vez que a Malvasia Fina, com que são elaborados os topos de gama em Método Clássico da Adega, começa a sofrer de uma constante e gradual perda significativa de acidez, razão pela qual os mais recentes espumantes já beneficiam da introdução do Encruzado e Uva-Cão.
Outra casta que está a merecer especial atenção da enologia é o Cerceal-Branco, que traz uma frescura muito surpreendente, revelando um comportamento que, quase sempre, se superlativiza em relação ao Encruzado. Do mesmo modo, assiste-se a um renascimento do Bical, no Dão conhecida como Borrado das Moscas, cuja potenciação é realizada através de novos conceitos de vindima e vinificação. Esta é, já hoje, vindimada em duas fases: uma mais precoce, com cerca de 11% de teor alcoólico provável e, mais tarde, uma segunda vindima com índices de maturação mais elevados, criando-se, a partir daí, um blend que beneficia da frescura incisiva do mosto da primeira vindima e da exuberância aromática e doçura da segunda, encontrando o vinho o melhor de dois mundos.
ESTUDAR CASTAS AUTÓCTONES
A vertente do estudo profundo das castas é uma prática deixada pelo antecessor de António Pina, o Prof. Virgílio Loureiro, que criou, no seu pupilo, essa vontade de elevar o conhecimento. Pina é natural de Penalva do Castelo, tendo realizado o seu primeiro estágio na Adega em 2008. Seguiu-se depois a passagem por projetos de menor dimensão e, já em 2017, é convidado a regressar à Adega. A par dos vinhos de maior envergadura que constituem o grosso da produção da Adega, é seduzido pelo exaustivo estudo dos solos, parcelas e castas, numa constante busca pela afirmação de cada uma delas, gostando de as trabalhar isolada e parcelarmente, de modo a descobrir o local mais perfeito para a maturação qualitativa de cada uma. A mesma casta tem, em solos distintos e altitudes diferentes, um comportamento diferente. Encontrar o local ideal para cada uma demorou vários anos e há sempre novas descobertas e conclusões vindima após vindima.
O projeto dos monovarietais Adega de Penalva nasce em 2016. E, desde aí, tem-se desenvolvido e ampliado, com diferentes castas a surgirem em novas referências.
Essencial para a produção de uva de qualidade e elaborar os vinhos monovarietais que tanta notoriedade têm trazido à Adega, é a equipa de monitorização. É aqui que também surgem reticências de alguns viticultores, avessos a novas tendências e ao controlo, por parte de terceiros, do modo como promovem os cuidados e tratamentos das suas vinhas. Mas a maioria dos viticultores já está recetiva a seguir as demandas da Adega, consciente que o resultado de um maior acompanhamento técnico, e de base mais científica, é benéfico para alcançar a produção de uva mais sã. Tem sido fundamental a colaboração de proximidade, até a nível da própria sustentabilidade, eliminando-se tudo o que é nocivo para os solos. Naturalmente, isso tem custos acrescidos e a Adega cumpre essa responsabilidade ambiental com a valorização dessa uva. Dentro dos associados já há cerca de 60 hectares em produção biológica, outra das bandeiras hasteadas por José Clemente e António Pina.
O dia-a-dia da Adega de Penalva também é feito de novidades! Tinta Amarela e Tinta Carvalha são as mais recentes descobertas no encepamento da Quinta da Vinha Velha e já estão em curso experiências de vinificação, podendo sair delas novas e boas surpresas. Provado foi ainda um rosado de Malvasia Roxa, casta existente em ínfimas quantidades nas vinhas velhas que possui, como característica, uma uva de cor roxa esbatida. Dá origem a mostos naturalmente rosados, mesmo após prensagem e maceração. Um aturado e exaustivo processo de pesquisa deu também origem a uma curiosidade traduzida em 1000 litros de vinho, vinificado ao longo de quatro anos. É isto que, hoje, melhor caracteriza uma Adega que se desprendeu de um passado monolítico para se afirmar numa contemporaneidade que deve ser um exemplo nacional.
Nota: o autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
(Artigo publicado na edição de Abril de 2025)
-
ADEGA DE PENALVA
Branco - 2022 -
ADEGA DE PENALVA 60 ANOS EDIÇÃO COMEMORATIVA
Tinto - 2018 -
ADEGA DE PENALVA
Tinto - 2020 -
ADEGA DE PENALVA
Tinto - 2020 -
ADEGA DE PENALVA
Tinto - 2022 -
ADEGA DE PENALVA
Tinto - 2022 -
ADEGA DE PENALVA
Tinto - 2020 -
FLOR DE PENALVA
Tinto - 2022 -
MILÉNIO
Tinto - 2020 -
MILÉNIO
Espumante - 2021 -
ADEGA DE PENALVA
Rosé - 2023 -
ADEGA DE PENALVA
Branco - 2023 -
ADEGA DE PENALVA
Branco - 2021