Geographic Wines: Uma entrada à la volée

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O projecto Geographic Wines nasce da vontade de Nuno Morais Vaz em viver o mundo do vinho todos os dias de forma intensa. Quem o conhece, seja a fazer lotes, a acompanhar a vindima, ou a promover os seus vinhos, não fica com dúvidas, tanto é o seu entusiasmo. Quis o sentido da vida que […]

O projecto Geographic Wines nasce da vontade de Nuno Morais Vaz em viver o mundo do vinho todos os dias de forma intensa. Quem o conhece, seja a fazer lotes, a acompanhar a vindima, ou a promover os seus vinhos, não fica com dúvidas, tanto é o seu entusiasmo. Quis o sentido da vida que se juntasse a Daniela Matias, enóloga que, quando se conheceram, trabalhava no projecto Villa Oeiras, da responsabilidade da Câmara Municipal de Oeiras. Nuno e Daniela fazem o par dinâmico que suporta a criatividade da Geographic Wines, numa relação que se estende à a vida pessoal e familiar. Nuno é o mentor do projecto, faz dezenas de milhares de quilómetros por ano, tanto na busca das melhores vinhas, como na promoção entusiasta dos vinhos que concebe, desde os rótulos (bonitos, modernos e engraçados) aos lotes finais. Daniela acredita na ciência e no estudo, adora o trabalho da adega, mas sempre preferindo intervenções minimalistas. Ambos dizem que procuram criar vinhos únicos, tendo por base a autenticidade, a sustentabilidade social e ambiental, e a preservação e divulgação dos diferentes terroirs. Até aqui tudo muito bem… e, naturalmente, aplaudimos. Como aplaudimos também o facto de a empresa produzir vinhos em várias regiões do país, permitindo, assim, uma espécie de viajem dentro do país vitivinícola, mas com enfoque no Norte, mais concretamente na Bairrada, Douro e Vinhos Verdes.

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Há cerca de um ano, provámos as primeiras edições dos vinhos, da colheita de 2021, criados por este jovem casal e centrados na marca Landcraft, um Sauvignon Blanc da Bairrada (de uma vinha próxima de Sangalhos) e dois Vinhos Verdes, um Alvarinho e um Loureiro. Esse trio repete-se agora na colheita de 2022, juntando-se ao portfólio a gama Lento — com um rótulo de belo efeito à semelhança de todos os produtos da empresa — na versão branco (surgirá um tinto que está a estagiar), e dois espumantes bairradinos, um branco e um rosé. Os Vinhos Verdes confirmaram as boas impressões da colheita anterior, apesar do ano difícil de 2022, com o Alvarinho, desta vez, em destaque. O Lento é produzido a partir de uvas de vinhas velhas, em field blend (com Rabigato, Síria, Folgazão, Viosinho, Malvasia, entre outras), de solos tendencialmente arenosos e com muito quartzo, e oferece uma versão duriense de um branco sofisticado e com patine (perfeito para fine-dining), a um preço muito ajustado. Todavia, foram mesmos os espumantes que deslumbraram, ambos a um nível muito alto, sendo a versão rosé absolutamente imperdível.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2023)

O-PORT-UNIDADE: 30 produtores de vinho do Porto unem-se em Vintage solidário

O-PORT-UNIDADE

Exactamente uma década depois do início do O-PORT-UNIDADE, a segunda edição do projecto é agora lançada. A primeira, em 2013, reuniu 25 das mais importantes empresas de vinho do Porto, para juntas produzirem um Vintage de qualidade superior. Com este vinho, o projecto angariou 100 mil euros, que foram posteriormente transferidos para a Associação Bagos […]

Exactamente uma década depois do início do O-PORT-UNIDADE, a segunda edição do projecto é agora lançada. A primeira, em 2013, reuniu 25 das mais importantes empresas de vinho do Porto, para juntas produzirem um Vintage de qualidade superior. Com este vinho, o projecto angariou 100 mil euros, que foram posteriormente transferidos para a Associação Bagos d’Ouro, cumprindo-se, assim, o grande objectivo desta aventura. Esta é uma IPSS que, desde 2010, promove a educação de crianças e jovens do Douro, que vivem em situação de carência económica, como forma de inclusão social no território.

Com ainda mais participantes e apoiantes, do sector e da produção do vinho do Porto, o intuito da segunda edição do O-PORT-UNIDADE é “obter uma excelente fotografia de todos os produtores, juntos no lagar, engarrafar um Porto Vintage único que reflicta a personalidade de todo o vale do Douro e, mais uma vez, angariar fundos para apoiar a Bagos d’Ouro“, declara Axel Probst, autor de World of Port e impulsionador do projecto. Antigo piloto da força aérea alemã — que deixou em 2011 com o posto de tenente-coronel, para se dedicar a uma carreira no mundo do vinho — Axel Probst é apaixonado por Portugal e pelo vinho do Porto, categoria donde se especializou e onde é unanimemente considerado o mais influente wine writer a nível mundial.

O-PORT-UNIDADE

Nesta edição do O-PORT-UNIDADE, participarão os seguintes produtores: Alves de Sousa, Andresen, Bulas, Churchill Graham, Combro, Quinta do Crasto, Dalva, DR, Quinta de la Rosa, Messias, Menin, Mourão, Niepoort, Quinta Nova, Quinta do Noval, Poças, Quinta do Portal, Quevedo, Ramos Pinto, Rozès, Sogevinus, Sogrape, Symington Family Estates, Quinta do Tedo, Quinta Vale D. Maria, Quinta do Vale Meão, Quinta do Vallado, Vallegre, Van Zellers & Co e Wine&Soul.

“É quase impossível não engarrafar algo com qualidade muito acima da média, quando se trata de produtores e apoiantes tão prestigiados, e todos estão a divertir-se muito com isto. Naturalmente, é necessário alguém de fora para os reunir e aproximar, contudo, este projecto não teria sido possível sem o fantástico apoio do Dirk Niepoort”, conclui Axel Probst.

Lagoalva: Fernão Pires de primeira linha

Quinta da Lagoalva

A quinta possui cerca de 42 hectares de vinha (num total de 5.500 hectares com muitos outros cultivos e produções, desde cortiça a azeite, passando por cavalos), plantados junto ao rio Tejo e constituídos por uma grande variedade de castas, nacionais e mundiais. Como não poderia deixar de ser, dada a região onde está, as […]

A quinta possui cerca de 42 hectares de vinha (num total de 5.500 hectares com muitos outros cultivos e produções, desde cortiça a azeite, passando por cavalos), plantados junto ao rio Tejo e constituídos por uma grande variedade de castas, nacionais e mundiais. Como não poderia deixar de ser, dada a região onde está, as vinhas mais velhas são de Fernão Pires e têm cerca de 70 anos, sendo de destacar também as vinhas de Syrah, plantadas em 1984, das primeiras em Portugal. A longa tradição da Quinta da Lagoalva como produtora de vinho é atestada em 1888, na Exibição Portuguesa de Indústria, onde esteve presente com 600 cascos de vinho. Todavia, é mesmo a referida data de 1989 que consagra o primeiro registo como produtor engarrafador no IVV, então com a marca “Cima” (aliás, a propriedade girou muitos anos com a marca Lagoalva de Cima), com a primeira certificação atribuída pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo a ocorrer pouco depois, em 1992, então já como “Quinta da Lagoalva”. Mais de 3 décadas volvidas, e já com uma história significativa no universo vitivinícola português, elegeu 2023 como um ano de mudança. Essa mudança foi materializada, desde logo, no rebranding do logótipo e dos rótulos do seu portefólio de vinhos, que vão chegar ao mercado até ao final do ano, à medida que são lançadas novas colheitas. Actualmente, a produção de vinhos ronda as 650 mil garrafas, a representar cerca de 1,5 milhões de euros de faturação em 2022. As vendas em Portugal correspondem a 65% do negócio, sendo os restantes 35% alocados a mercados de exportação, com maior destaque para Alemanha, Bélgica, Brasil, China e Polónia.

Quinta da Lagoalva

A nova imagem foi desenvolvida pela agência portuguesa OM Design, em estreita colaboração com as equipas de enologia, comercial e enoturismo da Quinta da Lagoalva, num processo que demorou um ano a concretizar. Isso mesmo nos confirmou Pedro Pinhão, o actual coordenador de enologia do projecto que já leva 2 décadas ao serviço da Lagoalva, e que, desde há pouco tempo, beneficia da ajuda do jovem enólogo Luís Paulino. Os novos rótulos retratam a casa e palácio, e procuram homenagear o legado da icónica propriedade, com 830 anos de história e 660 hectares contíguos, e beneficiaram de contributos de toda a família (assumindo o legado histórico, os rótulos passaram a integrar a menção “Circa 1193”, data do primeiro registo da Quinta da Lagoalva).

A par deste rebranding foi lançado um vinho em estreia absoluta, nada menos nada mais do que um Grande Reserva Fernão Pires da colheita de 2021. As uvas deste Fernão Pires provêm da referida vinha velha com 70 anos, sujeitas a prensagem dos cachos inteiros, e fermentação em barricas usadas (de 2.º, 3.º e 4.º anos) de carvalho francês com capacidade 500 litros, nelas estagiando durante 12 meses com bâtonnage semanal durante 2 meses. A surpresa não vem propriamente do uso da casta, que é maioritária aliás na região, mas no facto de ser usada em estreme e logo posicionada como topo de gama, algo menos comum na região do Tejo, mas que é de aplaudir. Tanto mais que este lançamento se insere no âmbito do movimento de promoção desta casta, promovido pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, a nível nacional e internacional, movimento que se aplaude com entusiasmo.

Foi também tempo de conhecermos as novas de parte do portefólio do produtor, caso dos colheitas do Lagoalva branco, rosé e tinto; Lagoalva Sauvignon Blanc; Lagoalva Reserva branco e tinto (ambos bi-varietais). Revelaram-se todos muito atraentes, sendo de destacar uma clara tendência para redução do álcool (vários vinhos abaixo dos 12%) e maior percepção da acidez (com uma excepção, todos os vinhos acima dos 6 g/L), aspectos que muito nos agradaram, e que revelam a atenção do produtor às novas tendência de consumo.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)

Cerveja MUSA renova imagem e abre espaço em Colares

Cerveja Musa

Com 7 anos acabados de completar, a marca de cerveja artesanal MUSA apresenta-se com posicionamento e imagem renovados, depois de convocar 8 artistas — da ilustração ao design gráfico, passando pela pintura e pela street art, do Porto a Nova Iorque — a reinterpretar os rótulos das suas cervejas mais icónicas. “AKACORLEONE renasce a Born […]

Com 7 anos acabados de completar, a marca de cerveja artesanal MUSA apresenta-se com posicionamento e imagem renovados, depois de convocar 8 artistas — da ilustração ao design gráfico, passando pela pintura e pela street art, do Porto a Nova Iorque — a reinterpretar os rótulos das suas cervejas mais icónicas.

“AKACORLEONE renasce a Born in the IPA, Amargo rocka a Red Zeppelin, André da Loba dança a Twist and Stout, Bráulio Amado atende a Blondie Ale, D’Uma Ova ginga a Peste e Sidra, Inês Machado orquestra a Frank APA, Mantraste fantasia a Psycho Pilsner e Mariana Malhão faz o incomparável a Saison O’Connor”, descreve a empresa. Sob o mote “sabe a livreza”, a directora de marketing Bárbara Simões afirma que a “nova” Musa é “livre, experimental, com a leveza do século XXI”.

A nova imagem da marca de cerveja vem, ainda, no seguimento da abertura de um novo bar: Musa da Praia, situado na Aldeia da Praia, em Colares, com os olhos postos no mar. Este espaço soma-se aos de Marvila e Bica, em Lisboa, e ao das Virtudes, no Porto.

Cerveja Musa

Mas quanto a novidades, a MUSA não se fica por aqui. A sua mais recente identidade surge também em lata, pela primeira vez. Para já, este novo formato assume uma edição super-limitada mas, num futuro próximo, as latas farão parte dos formatos disponíveis no portefólio da cervejeira.

Outra das boas-novas é a entrada de André de Carvalho, antigo director-geral da Red Bull Portugal, enquanto director-geral da Musa, sucedendo a Bruno Carrilho, co-fundador e CEO da empresa durante os 7 anos da sua existência.

Quanto ao posicionamento actual no mercado, Bárbara Simões declara que a MUSA se encontra “muito bem posicionada para continuar a prossecução do seu plano estratégico, alavancando o aumento de capacidade e de competências produtivas, continuando a crescer através do canais on trade, off trade, exportação e dos bares próprios, protegendo e expandindo a liderança da sua marca, e ‘profissionalizando’ a sua equipa de gestão e processos internos”. E conclui que “se o negócio em 2022 era de aproximadamente €2,5 milhões de euros, estamos agora bem posicionados para continuar um crescimento sustentável para €3,5 milhões, em 2023″.

Dos Santos: Um novo player no Vinho do Porto

Dos Santos

Criar uma empresa de Vinho do Porto é uma aventura difícil de concretizar, face às exigências legais, em termos de stock obrigatório de 75 000 litros. Se juntarmos a isso a necessidade de criação de entreposto alfandegário e os efeitos da lei do terço que só autoriza que se comercialize por ano um terço do […]

Criar uma empresa de Vinho do Porto é uma aventura difícil de concretizar, face às exigências legais, em termos de stock obrigatório de 75 000 litros. Se juntarmos a isso a necessidade de criação de entreposto alfandegário e os efeitos da lei do terço que só autoriza que se comercialize por ano um terço do que se tem em stock, percebe-se que o investimento inicial é tremendo e isso tem sido um factor impeditivo do surgimento de novas empresas no sector. Por tudo isto, é sempre uma boa notícia o anúncio de um novo operador. Alexandre Botelho é então o rosto desta nova empresa e o negócio faz-se, como referiu, “pelos contactos com produtores da região e com o recurso a uma adega em Alijó onde, em prestação de serviços, conseguimos vinificar, estagiar, lotar e engarrafar os vinhos.” Neste momento o stock contempla cerca de 60% vinho tinto e o resto, branco. Como ainda não dispõe de entreposto, Alexandre usou as instalações e o entreposto da Quinta do Portal para poder começar a comercializar. A situação é provisória e de horizonte curto já que, refere, “sei que dentro de, no máximo, um ano, tenho de ter tudo regularizado”. A procura de armazém continua, entretanto, mas se vai ser em Gaia ou no Douro ainda não está definido. E as chamadas “dores de crescimento” já por aqui deram sinais, porque na vindima de 2022, confessa, “vou ter 15000 litros e vou precisar desesperadamente de local onde possa ter tudo. Já é muita coisa!”

 

O foco da nova empresa são os vinhos das gamas de entrada, Tawny e Ruby, Tawny com indicação de idade e Late Bottled Vintage. O Vintage surgirá a seu tempo.

Dos Santos
O foco da nova empresa são os vinhos das gamas de entrada, Tawny e Ruby, tawnies com indicação de idade e Late Bottled Vintage; como nos disse, o Vintage surgirá a seu tempo e neste momento apenas o LBV foi apresentado.
A marca teve origem no séc. XIX, quando Joaquim Ferreira Pinto decidiu criar uma empresa de Vinho do Porto tendo em vista o abastecimento do mercado brasileiro. O nome Dos Santos era o apelido de sua mulher. O negócio foi depois continuado pelos descendentes, não da melhor forma e chegados a 1920 coube a uma descendente, Margarida dos Santos, pôr ordem no caos, liquidar as contas e vender a empresa. No Dicionário Ilustrado do Vinho do Porto a empresa é omissa, tal como a marca emblemática que se vendia no Brasil – Dona Othilia – que ilustra este texto.
Foi em 2022 que Alexandre Antas Botelho, bisneto de Margarida dos Santos, recriou a marca Porto dos Santos. Sem vinhas e sem stock de família, só com muita vontade de continuar uma tradição familiar. Alexandre não esconde que “sou filho da região, o Douro é a minha prioridade e esta empresa é tudo o que tenho, não é um assunto acessório”, como que a sublinhar o empenho total neste projecto. Alexandre assume-se como enólogo e blender e tem a apoiá-lo um amigo de longa data e com créditos firmados no sector do vinho do Porto, Jaime Costa que, actualmente é técnico na Vasques de Carvalho e foi durante anos o enólogo da Burmester. Por ora, não está no negócio dos DOC Douro e na apresentação do projecto, para além dos vinhos agora lançados, provaram-se três lotes de Porto com origem em três zonas diferentes – Valdigem, Tedo (ambos margem esquerda e letra A) e Roncão, também letra A mas margem direita. A ideia era ensaiar um lote, partindo-se das diferenças de estilo de cada um dos vinhos. No fundo, uma brincadeira que procura reproduzir a tarefa do master blender que, tentativa após tentativa, tem de, em primeiro lugar, encontrar o equilíbrio do lote final e, em segundo, fazer com que esse lote corresponda depois ao “estilo da casa”, algo que no caso da Porto dos Santos é ainda um work in progress.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)

Real Companhia Velha certificada pela Sustainable Winegrowing Portugal

Real Companhia Velha Sustainable

A Real Companhia Velha acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade serem reconhecidas, com a certificação pela Sustainable Winegrowing Portugal, no âmbito do Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal. Com reconhecimento a nível internacional, esta certificação foi a […]

A Real Companhia Velha acaba de ver as suas práticas de sustentabilidade serem reconhecidas, com a certificação pela Sustainable Winegrowing Portugal, no âmbito do Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal.

Com reconhecimento a nível internacional, esta certificação foi a primeira a ser atribuída pela APCER – Associação Portuguesa de Certificação, entidade auditora que desenvolveu um trabalho de exaustiva avaliação, em estreita colaboração com um grupo interno criado para o efeito.

Pedro Silva Reis, presidente da Real Companhia Velha, reconhece o empenho e esforço de toda a equipa de sustentabilidade da empresa, numa task force liderada por Catarina Lemos — administradora com os pelouros de produção e qualidade — que acabou por alcançar a certificação de nível A, a mais elevada.

Symington abre Rebel Port Club, um bar pop-up que não é para avozinhos

Rebel Port Club

O bar pop-up Rebel Port Club acaba de abrir na baixa do Porto, e a sua criadora Symington Family Estates promete que este não é “your grandfather’s Port club” (“o clube de vinho do Porto do teu avô”). O bar estará aberto, durante todo o Verão, na loja LOT – Labels of Tomorrow, numa pequena […]

O bar pop-up Rebel Port Club acaba de abrir na baixa do Porto, e a sua criadora Symington Family Estates promete que este não é “your grandfather’s Port club” (“o clube de vinho do Porto do teu avô”). O bar estará aberto, durante todo o Verão, na loja LOT – Labels of Tomorrow, numa pequena capela localizada no jardim que é uma extensão deste espaço conceptual.

Rebel Port Club

Com cocktails que custam dos 9 aos 12 euros, criados em colaboração com o bar e restaurante Eleven Lab, o Rebel Port Club foi desenvolvido pela geração mais jovem da família Symington, que pretende, segundo a própria, “através de uma variedade de Portos disruptivos – como a Blend Series da Graham’s, ou os Tails of the Unexpected da Cockburn’s – chegar a um público para o qual o vinho do Porto nem sempre é uma escolha óbvia”. Não faltarão, também, vários eventos especiais, incluindo sessões de cinema ao ar livre, noites de bingo e workshops de cocktails de vinho do Porto.

Rebel Port Club

Charlotte Symington, gestora de marketing da Symington Family Estates, lembra que, tradicionalmente, o vinho do Porto é associado a contextos de maior formalidade: “O objectivo do Rebel Port Club é pegar nesta associação e virá-la de pernas para o ar. Queremos proporcionar um ambiente diferente e acolhedor para explorar a diversidade de Portos que existe”. E acrescenta, “ao longo dos últimos anos, temos assistido a uma onda de entusiasmo pelo vinho do Porto. É com grande satisfação que, através do Rebel Port Club, podemos continuar a apresentá-lo a uma nova geração de amantes de vinho”.

O Rebel Port Club — localizado na Rua José Falcão — abre portas de quarta a sexta-feira, entre as 16h00 e as 20h00; aos sábados, das 14h00 às 20h00; e aos domingos, das 14h00 às 19h00.

Livro português “VITI, VINI, VICI” premiado pela OIV

VITI VINI VICI

O enólogo Thomaz Vieira da Cruz acaba de ver o livro da sua autoria, “VITI, VINI, VICI”, ser distinguido na categoria “Literatura” dos prémios do OIV (Organisme International de la Vigne et du Vin). Os OIV Awards — atribuídos anualmente, desde 1930, por um júri internacional de personalidades do mundo vitivinícola — tiveram, este ano, […]

O enólogo Thomaz Vieira da Cruz acaba de ver o livro da sua autoria, “VITI, VINI, VICI”, ser distinguido na categoria “Literatura” dos prémios do OIV (Organisme International de la Vigne et du Vin).

Os OIV Awards — atribuídos anualmente, desde 1930, por um júri internacional de personalidades do mundo vitivinícola — tiveram, este ano, 76 candidatos de 27 países, resultando em 13 Prémios e 8 Menções Especiais.
Lançado em Agosto de 2022, o “VITI, VINI, VICI” é definido por Thomaz Vieira da Cruz como “um romance-técnico- filosófico em que o protagonista é o vinho, sem ser um livro sobre vinho, mas sim um livro pelo vinho”.

O autor explica, ainda, que “ao longo de 456 páginas, o objectivo foi ‘descomplicar’ o que muitas vezes é apresentado como não simples, desde o sonho de plantar uma vinha e concretização desse sonho, passando por todo o processo vitícola e de vinificação, da planta ao fruto, da uva esmagada em mosto ao rolhar do vinho e guarda da garrafa esperando o momento certo de abrir, até à maior vitória que pode ter uma cepa e os seus cachos de uva: cair no copo do bebedor transformados em vinho”.

O livro “VITI, VINI, VICI” (€25,00) pode ser encomendado directamente ao autor, através do e-mail zamohtvc@gmail.com, e encontrado, de norte a sul, em pequenas livrarias, lojas de vinho ou unidades de enoturismo.

Alentejo prevê aumento de produção na vindima de 2023

Alentejo vindima 2023

A vindima já arrancou no Alentejo e, segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), as estimativas para 2023 são positivas, apontando para um crescimento entre 5% e 10%, em comparação com a campanha do ano anterior. Isto traduz-se numa produção estimada de 112 a 118 milhões de litros de vinho, resultantes da colheita deste ano. […]

A vindima já arrancou no Alentejo e, segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), as estimativas para 2023 são positivas, apontando para um crescimento entre 5% e 10%, em comparação com a campanha do ano anterior. Isto traduz-se numa produção estimada de 112 a 118 milhões de litros de vinho, resultantes da colheita deste ano.

Estas estimativas são produto de um estudo da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para a CVRA, e do contacto continuado da Comissão Vitivinícola com os produtores da região.

“As uvas colhidas são sãs, o que se reflectirá em mais um ano de qualidade garantida, o que – considerando que estamos a crescer, no estrangeiro, 8% em volume e em valor – é sinal que continuaremos a oferecer ao mercado a excelência já reconhecida de todas as regiões e sub-regiões alentejanas”, afirma Francisco Mateus, presidente da CVRA.

Trois: 1, 2, 3, Setúbal nasce outra vez

Trois Setúbal

Filipe Cardoso, Luís Simões e José Caninhas são os Trois, e querem mudar o Mundo. Pode não ser o Mundo inteiro, mas o mundo onde nasceram, cresceram e hoje trabalham: a Península de Setúbal. Além de uma amizade bonita, à qual a enternecedora diferença de idades confere carácter, o trio partilha uma visão muito única […]

Filipe Cardoso, Luís Simões e José Caninhas são os Trois, e querem mudar o Mundo. Pode não ser o Mundo inteiro, mas o mundo onde nasceram, cresceram e hoje trabalham: a Península de Setúbal. Além de uma amizade bonita, à qual a enternecedora diferença de idades confere carácter, o trio partilha uma visão muito única para os vinhos locais, sobretudo os não-fortificados, campo onde acredita haver potencial para se fazer muito melhor do que o ”bom vinho a bom preço” por que afina grande parte da região. E esta não é uma visão qualquer, mas sim a de três enólogos que falam com propriedade e que fazem, ou já fizeram, parte das equipas técnicas (e das famílias, nalguns casos) de importantes casas da Península de Setúbal, como Quinta do Piloto, Casa Horácio Simões, Quinta Brejinho da Costa ou Sociedade Vinícola de Palmela.

É convicção dos Trois que a região pode produzir, utilizando as vinhas certas e combinando de forma inteligente os métodos tradicionais e ancestrais com o conhecimento científico de hoje, grandes vinhos brancos e tintos, capazes de resistir ao teste do tempo e que espelhem verdadeiramente o carácter da Península de Setúbal e dos vários terroirs que a caracterizam. Para o comprovar, o primeiro vinho da Trois – Vinhos com Identidade, um Castelão de 2015, foi lançado em 2016, e a partir daí, ninguém os parou. O foco do projecto é, precisamente, esta casta tinta e a branca Fernão Pires, e também nas vinhas velhas, dos próprios e de viticultores com quem o trio mantém estreita relação. Estas estão localizadas em diferentes zonas e terroirs da região, desde as areias de Palmela às de Melides, passando pelos solos argilosos e calcários da Arrábida, mas, porque nem tudo é tão linear assim, e como explica Filipe Cardoso, “as zonas de transição também existem”, e algumas destas vinhas situam-se precisamente nesses locais.

Trois Setúbal

Agora, saem para o mercado mais três vinhos, as novas colheitas dos dois DOC Palmela Trois Curtimenta Fernão Pires e Trois Castelão, de 2021 e 2018, e um Moscatel Roxo de 2017, da marca de “entrada” Flor de Trois. O Fernão Pires (vinha com 40 anos), fermentado em lagar com curtimenta total e estagiado 12 meses em barricas de carvalho francês usadas, é o resultado da convicção destes enólogos de que a casta atinge o seu auge quando sujeita a vinificações mais tradicionais. Mas com uma advertência. “Um branco de curtimenta não tem de ter características de oxidação e cor dourada. Temos a sensação de que a generalidade das pessoas acha que é assim que deve ser um branco deste tipo, mas acreditamos que a curtimenta, como os nossos antepassados faziam, pode conferir coisas positivas e que não são necessariamente essas”, sublinha José Caninhas. O Castelão, de vinhas velhas, fermenta também em lagar e estagia um ano em barricas de carvalho francês usadas, e 6 meses, no mínimo, em garrafa. No copo, consegue-se sentir o seu lado clássico vinoso, mas num perfil de elegância e precisão que se coaduna com as exigências do mercado moderno. Era esse o objectivo com este vinho, e foi indubitavelmente cumprido. O Moscatel Roxo de Setúbal, por sua vez, vem responder à necessidade de um vinho deste género na gama Flor de Trois, com preço competitivo mas, de acordo com o trio, a mostrar alguma complexidade e sem se cair na tentação (frequente) de carregar na doçura.

Ao assistir à dinâmica entre os três enólogos, percebe-se que são pessoas muito diferentes, unidas por uma causa, e é isso — além dos excelentes vinhos que têm colocado no mercado, obviamente — que dá graça ao grupo. José Caninhas, uma década mais novo do que Filipe e Luís e com passado no sector agro-alimentar, assume-se como “rato de laboratório” e é nele que encontra conforto. A par disso, curiosamente, é através das emoções que sente os vinhos e admite que estes podem transportar-nos para locais e momentos específicos, “como a casa dos avós”. O copo do laboratório é o seu melhor amigo, e é neste que mais gosta de provar os vinhos. Por outro lado, Luís Simões imprime no grupo uma componente enológica “pura e dura”, fala sem rodeios e com a experiência que acumulou ao longo de anos na área. Já Filipe Cardoso harmoniza em si os dois lados, cruzando a experiência com a emoção, o que resulta no sorriso e boa disposição que apresenta onde quer que vá. Todos concordam: “Tentar dar o exemplo numa região, tem tanto de duro como de gratificante…”.

(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)