Alexandre Cabrita, do restaurante Al Sud (uma estrela Michelin) do Palmares Ocean Living & Golf, em Lagos, venceu, aos 28 anos, a 36.ª edição do maior e mais antigo concurso nacional de cozinha e é o Chefe do Ano de 2025. A final do concurso decorreu no Centro Multiusos de Lamego. Numa final muito disputada, […]
Alexandre Cabrita, do restaurante Al Sud (uma estrela Michelin) do Palmares Ocean Living & Golf, em Lagos, venceu, aos 28 anos, a 36.ª edição do maior e mais antigo concurso nacional de cozinha e é o Chefe do Ano de 2025. A final do concurso decorreu no Centro Multiusos de Lamego.
Numa final muito disputada, o novo Chefe do Ano conquistou o júri com um menu composto por Açorda de tomate e espargos com gema de codorniz (Entrada Vegetariana), Bacalhau com grão e emulsão de colagénio e pimentos (Prato Bacalhau), Borrego com cenoura algarvia e arroz de forno (Prato de Carne com Arroz) e Mousse de laranja com texturas de azeite e aromas de poejo (Sobremesa com Azeite). Nesta edição, os candidatos enfrentaram o desafio de criar um menu completo que valorizasse as raízes da gastronomia portuguesa e privilegiasse os produtos de origem nacional.
“Ganhar o Chefe do Ano é inexplicável. Estou muito feliz! Foram meses de trabalho e dedicação para esta prova, para ter um bom desempenho e orgulhar-me do meu trabalho. E foi isso que aconteceu”, disse o vencedor. Nascido em Portimão, começou o seu percurso a sul, nos restaurantes F e O Rafaiol. Em 2020 integra o Vista, no Hotel Bela Vista com o chefe João Oliveira. Dois anos depois junta-se ao Al Sud, Palmares Ocean Living & Golf, sob a batuta do chefe Louis Anjos. Hoje exerce no restaurante a função de sub-chefe júnior. A equipa do Al Sud passa assim a integrar três vencedores do concurso, depois de Louis Anjos (vencedor em 2012) e Jeferson Dias (vencedor em 2023).
A avaliar a prova final estiveram os chefes António Bóia (JNcQUOI World e Presidente de Júri), Luís Gaspar (Sala de Corte; Chefe do Ano 2017), Marlene Vieira (Marlene, uma estrela Michelin), António Loureiro (A Cozinha, uma estrela Michelin; Chefe do Ano 2014), Andreia Moutinho (Chefe Pasteleira), Rui Martins (Chefe do Ano 2016), Dieter Koschina (Vila Joya; duas estrelas Michelin), Paulo Pinto (ACPP) e Diogo Novais Pereira (Porinhos; Chefe do Ano 2024), como jurado observador.
Jorge Bolito, do The Yeatman, e Vítor Miranda, do Pena Park Hotel e do Biclaque Trajano ficaram em 2.º e 3.º lugares, respetivamente, nesta edição do Chefe do Ano. A final contou ainda com a participação de Afonso Alves, do Mezze, Bruno Garcia, da Fortaleza do Guincho e Mário Santos, do Rossio Gastrobar.
O chefe de cozinha David Jesus juntou-se à Quinta do Vallado para liderar novo projeto gastronómico na Ribeira do Porto e renovar proposta dos hotéis de enoturismo. A parceria entre a Quinta do Vallado e David Jesus origina um novo capítulo na vertente gastronómica da Quinta do Vallado, que inclui os hotéis da Régua e […]
O chefe de cozinha David Jesus juntou-se à Quinta do Vallado para liderar novo projeto gastronómico na Ribeira do Porto e renovar proposta dos hotéis de enoturismo.
A parceria entre a Quinta do Vallado e David Jesus origina um novo capítulo na vertente gastronómica da Quinta do Vallado, que inclui os hotéis da Régua e de Foz Côa e o mais recente projeto na Ribeira do Porto.
O chefe português, actualmente chef e proprietário do restaurante Seiva, em Leça da Palmeira, conhecido pela sua cozinha vegetariana e sustentável, irá assinar a carta do Wine Bar e Restaurante do novo projeto da Quinta do Vallado, além de renovar as cartas dos dois hotéis com criações que respeitam as raízes do Douro, mas com uma identidade inovadora.
No coração da Ribeira do Porto, o novo espaço da Quinta do Vallado inclui uma loja de vinhos e sala de provas. Trata-se de um projeto assinado pelo arquitecto Francisco Vieira de Campos, que irá ocupar quatro pisos de um edifício histórico do século XVIII, restaurado em 2024.
Com vista privilegiada sobre o Douro e traços arquitetónicos originais, como arcadas em pedra, vitrais, tectos trabalhados e azulejos históricos, o novo projeto pretende ser um tributo ao Douro e à sua identidade.
Os três vinhos galardoados com o melhor vinho foram Vala da Barca 2022 de Maçanita Vinhos entre os vinhos brancos, Costureiro Garrafeira 2019 nos tintos e o Porto Vale da Tábua 50 Anos entre os vinhos fortificados. De um total de 92 vinhos em prova, o Júri de 10 elementos, composto por jornalistas especializados e […]
Os três vinhos galardoados com o melhor vinho foram Vala da Barca 2022 de Maçanita Vinhos entre os vinhos brancos, Costureiro Garrafeira 2019 nos tintos e o Porto Vale da Tábua 50 Anos entre os vinhos fortificados.
De um total de 92 vinhos em prova, o Júri de 10 elementos, composto por jornalistas especializados e representantes do comércio de retalho, sommeliers e restaurantes, apreciou brancos, tintos e vinhos fortificados, dividindo-se estes entre Moscatel do Douro e Portos.
Sendo este concurso parte integrante da feira Vinhos & Sabores dos Altos, organizada pelo Município de Alijó e com produção da Grandes Escolhas, em rigor da verdade nem todos os vinhos concorrentes traduzem com rigor a sua origem “nos altos”, referindo-se esta expressão aos que são produzidos no planalto de Alijó, uma vez que os limites do concelho vão muito para além do referido planalto e chegam às margens do Douro e Tua. De igual modo também foram admitidos na feira e no concurso outros “altos”, provenientes dos municípios vizinhos de Carrazeda de Ansíães, Murça e Vila Flor.
Apurados os resultados, foram atribuídos um total 26 medalhas entre ouro e prata, para além da eleição do melhor vinho em cada categoria.
Segue a lista de todos os vinhos premiados.
Categoria Vinho BRANCO
Melhor Vinho
Vale da Barca 2022
Maçanita Vinhos
Medalha de Ouro
Casttêdo Valley Oaked Reserva 2022
Casttêdo Valley – Maria Luísa Seixas Pinto Marantes
A Câmara Municipal de Anadia, como organizadora do Millèsime, que mais uma vez contou com a colaboração da Grandes Escolhas, está de parabéns e presta um serviço assinalável aos vinhos portugueses! Dificilmente se encontra uma simbiose mais perfeita entre localização, cenários, ambiente, festa e o objecto do evento, neste caso os espumantes, do que aqui. […]
A Câmara Municipal de Anadia, como organizadora do Millèsime, que mais uma vez contou com a colaboração da Grandes Escolhas, está de parabéns e presta um serviço assinalável aos vinhos portugueses!
Dificilmente se encontra uma simbiose mais perfeita entre localização, cenários, ambiente, festa e o objecto do evento, neste caso os espumantes, do que aqui. Pelo terceiro ano consecutivo no emblemático Hotel Palace da Curia, que evoca em cada um dos seus traços a época gloriosa do turismo termal das primeiras décadas do século XX, os espumantes portugueses encontraram o seu lugar de afirmação e demonstraram, aos milhares de visitantes que ocorreram à Curia, uma qualidade já transversal a muitas regiões do país.
Esta será, talvez, a primeira constatação que o visitante pode verificar in loco, perante a exposição de mais de uma centena e meia de referências que os 49 expositores (record absoluto) deram a provar.
Produzem-se hoje, em Portugal, espumantes de grande qualidade em quase todas regiões vitivinícolas. É verdade que a Bairrada continua a dominar em número produtores e em volume e jogava em casa e aproveitou a oportunidade para mostrar uma pluralidade de estilos e apostas que demonstram uma vitalidade crescente. É também verdade que Távora-Varosa não perdeu o ensejo de confirmar que tem um terroir único para a produção de grandes espumantes. Mas por todo o lado, do Minho ao Alentejo, das Beiras ao Tejo, do Dão à Península de Setúbal, o Millesime comprovou o interesse maior que os espumantes nacionais têm despertado nos consumidores, com o consequente aumento sustentável do seu consumo e a afirmação consistente da sua qualidade.
O Millèsime é festa, espalha uma alegria contagiante e consegue a proeza de comunicar e satisfazer as espectativas dos vários públicos que o visitam, sejam consumidores ou profissionais. Tem visitas institucionais de peso, como o Ministro Adjunto e Coesão Territorial, o Secretário de Estado do Turismo e outras individualidades. Tem diversão, animação e evocação do passado charmoso, entretendo os que se deixam seduzir pelo lado lúdico da festa. Tem boa oferta gastronómica, provando que os espumantes são dos vinhos mais transversais em termos de harmonização, e também provas comentadas de vinhos e harmonizações para os que querem saber mais e experimentar novos sabores e sensações. E tem um lado profissional que ficou patente no seu prolongamento a segunda feira de manhã (uma novidade desta edição), período exclusivamente reservado a compradores, e no almoço de convívio que se seguiu e na conversa entre enólogos e produtores proporcionada pelo convite a Marta Lourenço, enóloga da Murganheira e da Raposeira, que partilhou a sua experiência e saber na produção de espumantes com alguns dos seus colegas.
Duas conclusões se podem tirar desta edição 2025 do Millèsime: os espumantes portugueses estão a vencer a velha batalha contra a sazonalidade do seu consumo e têm um futuro auspicioso pela frente. Tchiiim!
O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior. A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do […]
O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior.
A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do dia 23 de Maio, sexta-feira, sendo a abertura oficial com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, João Paulo Sousa às 18:00h. Neste primeiro dia, os visitantes poderão assistir à prova comentada dos “Grandes tintos do Douro Superior”, por Valéria Zeferino, crítica da revista Grandes Escolhas, e ainda ao espetáculo David Antunes e The Midnight Band (22h00).
No sábado, dia 24, o destaque vai para o Concurso de Vinhos do Douro Superior, que reúne, durante a manhã, especialistas e outros profissionais reconhecidos, incluindo importadores dos Paises Baixos e Alemanha. Este é um concurso que se tem revelado importante para a afirmação dos vinhos da região, com a participação de grandes, médios e, sobretudo, pequenos produtores.
Em simultâneo ao concurso de vinhos, no dia 24, às 10:00 horas, decorrerá um Colóquio dirigido aos produtores da região e outros interessados com o tema “A hora dos vinhos brancos: o potencial do Douro Superior e as repostas na vinha e na adega”. Participam com intervenções e com a prova de alguns dos seus vinhos os enólogos Alvaro Van Zeller, Duarte da Costa, João Perry Vidal, Luciano Madureira e Mateus Nicolau de Almeida
No sábado dia 24, a feira abre portas para a população em geral pelas 15h00, estando reservadas, para este dia, duas provas comentadas, uma de “Azeites do Douro Superior e Trás-os-Montes”, por Francisco Pavão, Presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), e outra dedicada aos “Grandes brancos do Douro Superior”, pelo crítico Luis Antunes da Grandes Escolhas. Matias Damásioe e Mickael Carreira fecham a noite, com um concerto às 22h00.
No último dia do evento será possível assistir ao anúncio dos resultados do Concurso de Vinhos do Douro Superior e à última prova comentada, desta vez sobre “Vinho do Porto”, por Luís Antunes. A complementar o programa de atividades, os visitantes do festival poderão provar e comprar os diversos vinhos e produtos locais na zona dos expositores, onde também se encontram tasquinhas com diferentes opções gastronómicas.
O Festival do Vinho do Douro Superior é organizado pela Câmara Municipal de Foz Côa e pela revista Grandes Escolhas, com o objectivo apoiar os produtores e mostrar o trabalho desenvolvido na região.
O Lisbon Bar Show apresentou, no Hotel Locke de Santa Joana, em Lisboa, as primeiras novidades da sua 10ª edição. Com mais de 120 expositores confirmados, o evento deste ano vai decorrer na Meo Arena nos dias 20 e 21 de Maio, e destaca a produção nacional. Outra das grandes apostas do evento, este ano, […]
O Lisbon Bar Show apresentou, no Hotel Locke de Santa Joana, em Lisboa, as primeiras novidades da sua 10ª edição. Com mais de 120 expositores confirmados, o evento deste ano vai decorrer na Meo Arena nos dias 20 e 21 de Maio, e destaca a produção nacional.
Outra das grandes apostas do evento, este ano, é a evolução do conceito de bar sem álcool, que ganha um novo protagonismo após ter sido testado na edição anterior. Haverá, assim, um conjunto alargado de expositores dedicados a destilados não alcoólicos, tendência em forte crescimento, com alternativas a gins, tequilas e outras bebidas espirituosas.
O Lisbon Bar Show volta a acolher também o Congresso Ibérico de Bartenders, que celebra a sua 3ª edição no dia 20 de Maio, entre as 13h e as 20h. Esta plataforma de debate e networking é dedicada à Península Ibérica e promove a partilha de experiências entre profissionais do sector. Entre os oradores convidados estão Danil Nevsky (Indie Bartender), Antonio Naranjo (Especiarium), Bruno Santos (International Bartenders Association), Carlos Santiago (The Royal Cocktail Club), Wilson Pires e Tiago Oliveira (In’Verso) e Javier Caballero (Brand Ambassador Perrier).
Ao longo dos dois dias do evento, o público poderá assistir a palestras e apresentações conduzidas por 30 oradores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam Sebastian Atienza e Lucila Calichio (Tres Monos), Sorrel Moseley-Williams (Sorol Wines), Matteo Mosetii (Giffard), Mário Cruz (Restaurante Marlene), Pablo Straubel (Bar Badassery), Damià Mulà (100% Barman), Domingos Soares Franco (José Maria da Fonseca), Georgi Radev (Laki Kane), Tom Dyer (Flair Camp), Martha May Markham (Swift), Bertílio Gomes (Taberna Albricoque), Camille Vidal (La Maison Wellness), Iván Saldaña (Casa Lumbre), Flavi Andrade (Rossio Gastrobar), Pedro Duarte (Curioso Cocktail Bar), Daniel Marques (Adamus Gin), António Cuco (Sharish Gin), Flávio Próspero (Maré), Jared Brown e Anistatia Miller (historiadores de cocktails), Júlio Bermejo (Tommy’s Mexican Restaurant), Esteban Morales (Casa Endémica), Iain McPherson (Panda & Sons), Marcio Silva (Eximia), Liam Scandrett (Wine & Spirit Education Trust), Norberto Carvalho (Bebericando), Penelope Vaglini (Coqtail), Rui Mota (Ciências Gastronómicas), Nikos Theodorakopoulos e Alex Tselepis (The Bar in Front of the Bar).
O evento volta a acolher, este ano, concursos como o Vintage Cocktail Competition e o Concurso de Cachaça 51, que trazem criatividade, técnica e inspiração ao centro da acção.
No evento decorrerá também a cerimónia dos Prémios Lisbon Bar Show, que distingue os melhores do sector em 11 categorias. Os vencedores serão revelados na cerimónia de encerramento do evento, no dia 21 de Maio, pelas 19h15.
Segundo Alberto Pires, fundador do Lisbon Bar Show, “esta é uma edição muito especial, em que queremos dar um forte destaque ao que é português, incluindo produtos, profissionais e inovação, sem deixar de manter a diversidade e a qualidade internacional que sempre marcaram este evento”. O Lisbon Bar Show realiza-se nos dias 20 e 21 de Maio de 2024, na Sala Tejo, no Meo Arena, em Lisboa, das 12h às 20h. Os bilhetes estão disponíveis em pré-venda por 33€ até 16 de maio, passando para 43€ nos dias do evento.
A presença humana nestes territórios perde-se na memória dos tempos, remontando ao neolítico o cultivo agrícola e a pastorícia. A terra convidava a “assentar”, a criar laços comunitários. Afinal, são os solos mais produtivos da Beira, dotados de condições excecionais para o plantio da vinha, dada a qualidade dos solos e abundância de água. Hoje, […]
A presença humana nestes territórios perde-se na memória dos tempos, remontando ao neolítico o cultivo agrícola e a pastorícia. A terra convidava a “assentar”, a criar laços comunitários. Afinal, são os solos mais produtivos da Beira, dotados de condições excecionais para o plantio da vinha, dada a qualidade dos solos e abundância de água.
Hoje, é a maior mancha contínua de vinha da região do Dão que nos surge defronte dos olhos na nobre e histórica Vila de Santar. São mais de 110 hectares de vinhedos que se estendem por um vale encimado pela Vinha dos Amores e Alto dos Amores. É nesta parcela da Vinha dos Amores que nascem os mais exclusivos vinhos da Global Wines, proprietária também da Quinta de Cabriz e Paço dos Cunhas de Santar, no Dão, da Quinta do Encontro, na Bairrada, e da Herdade do Monte da Cal, no Alentejo.
Com recentes mudanças na direção de enologia, agora liderada por Paulo Prior, bairradino oriundo do Centro de Vinificação da Sogrape, em São Mateus, Anadia, e, na direção comercial, com Nuno Abreu, que deixou a Sogevinus para se juntar ao grupo sedeado em Carregal do Sal, sopram novos ventos em Santar, ainda que refreados pelo cariz clássico a que a marca se impõe, tendo, nessa conceção, a principal forma de afirmação no mercado nos últimos anos.
Paulo Prior, director de enologia da Global Wines, empresa proprietária da Casa de Santar.
A VINHA DOS AMORES COMO CHANCELA
A Vinha dos Amores surge no promontório Norte de uma propriedade que se estende por mais de 100 hectares. Do alto, a uma cota de 400 metros, a vinha estende-se por 13,5 hectares, num ligeiro declive com exposição a Norte, o que a torna a mais valiosa parcela da Casa de Santar.
O seu crescimento foi progressivo, como foi progressivo o seu plantio, iniciado em 1997 e apenas terminando em 2017. Ali, as parcelas vão sendo divididas por setores, priorizando as características dos solos à escolha das castas com maior potencial para cada um dos talhões. Estamos no coração do Dão e, vai daí, o encepamento destaca as duas grandes castas atuais da região: a Touriga Nacional, nas tintas, e a Encruzado, nas brancas, sendo estas as mais relevantes nos vinhos de exceção de Santar.
A Alfrocheiro começa a surgir timidamente nas contas da Casa de Santar. É nas cotas mais elevadas, sobretudo no Alto dos Amores, que ela melhor se expressa, beneficiando da altitude e da maior exposição à influência da Serra da Estrela, que se ergue frondosa a Sul de Santar.
Apesar de se ter expandido para Sul, estendendo-se às regiões do Alentejo, Tejo e Palmela, é no Dão que encontra o seu território natural. Não obstante ser uma uva vigorosa e muito produtiva, carece de cuidados frequentes e atentos, dada a sua propensão natural ao oídio e podridão cinzenta. Nesta região, é-lhe reconhecida a elegância, cor bastante acentuada e um notável equilíbrio entre álcool, taninos e acidez, conferindo, aos vinhos, uma frescura que tantas vezes está ausente nos vinhos mais estruturados e densos do Dão. Aromaticamente, funde-se no território e na envolvência, fazendo sobressair os aromas a bagas silvestres e nuances de mato rasteiro.
São essas características que Paulo Prior pretende que se tornem mais evidentes nos vinhos nascidos no Alto dos Amores, encontrando-se em curso um trabalho de estudo dos stocks de vinhos da casta existentes na Casa, de modo a encontrar algo que se diferencie e possa vir a aumentar, com uma dotação qualitativa, a família das referências especiais Vinha dos Amores, podendo mesmo ir além de mais que uma vertente. Aguardemos pelo que o futuro nos reserva…
Afinal, não tem sido despicienda a influência da casta nos vinhos das terras de granito nos últimos mais de 150 anos, crendo-se que a sua disseminação com êxito tenha ocorrido nas replantações pós-filoxera. Nos anos 90 do século passado, a casta ganha um evidente estrelato, e inicia um caminho ascendente de popularidade junto de um conjunto de produtores regionais, entre os quais a Casa de Santar.
“…a Alfrocheiro pode aportar maior complexidade cosmopolita aos vinhos, em detrimento da concentração clássica.”
O novel enólogo de Santar está consciente de que não haverá nenhum movimento disruptivo no classicismo dos vinhos, hoje reconhecidos e com uma marca forte nos mercados nacional e internacional. Contudo, o mundo continua a girar e os movimentos que buscam perfis de maior leveza, elegância, profunda frescura e menor presença de álcool não podem ser descurados. E, aí, há uma forte crença que, a par da Touriga Nacional, a Alfrocheiro pode aportar maior complexidade cosmopolita aos vinhos, em detrimento da concentração que se impôs nas últimas décadas.
“Hoje, é a maior mancha contínua de vinha da região do Dão que nos surge defronte dos olhos na nobre e histórica Vila de Santar.”
O TERRITÓRIO E A SUSTENTABILIDADE
O dito terroir da Vinha dos Amores, crê Paulo Prior, é, por si próprio, um fator de diferenciação que, por isso mesmo, deve ser potenciado de modo diferente dos restantes vinhos da chancela Casa de Santar.
A exposição, a barreira elevada e o declive protegem a Vinha dos Amores das geadas de inverno sob forte influência da Serra, do mesmo modo que também a preservam da inclemência das elevadas temperaturas do Verão, uma vez que beneficia de menos horas de exposição direta ao sol. São condições que lhe beneficiam o equilíbrio da maturação, dando origem a mostos mais ricos, profundos e complexos.
As cotas mais elevadas são definitivamente relevantes, do mesmo modo que o é toda a envolvência e proteção das três serras que circundam Santar: Estrela, Caramulo e Bussaco. A composição de solos – arenosos com pouca retenção de água, algum xisto e maioritariamente granito – não valida a retenção de água, forçando as raízes a penetrarem os solos a maior profundidade, buscando a matéria orgânica e nutrientes que escasseiam. A mecanização e a rega monitorizada colmatam a pobreza dos solos.
A sustentabilidade, aqui, é muito mais que um chavão de retórica. Hoje, uma exigente auditoria, realizada de modo independente por cinco empresas, confere à Global Wines, Sociedade Agrícola de Santar, que detém a Casa de Santar e Paço de Santar, sediadas no Dão, Quinta do Encontro, na Bairrada, e Herdade Monte da Cal, no Alentejo, o referencial nacional de sustentabilidade. Esta certificação nacional vem demonstrar que todas cumprem os requisitos legais relacionados com os domínios da sustentabilidade, designadamente, gestão e melhoria contínua, e contribuem ativamente para o bem-estar social, económico e ambiental das comunidades envolventes e das diferentes regiões onde atuam.
“…o encepamento destaca as duas grandes castas atuais da região: a Touriga Nacional,nas tintas, e a Encruzado, nas brancas,…”
Este Referencial Nacional, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal, abrange, neste caso, a produção total de 235 hectares (165ha no Dão, 67ha no Alentejo e 3ha na Bairrada). Um novo selo de sustentabilidade irá ser brevemente adotado nas rotulagens das marcas Casa de Santar, Paço dos Cunhas de Santar, Cabriz, Quinta do Encontro e Herdade Monte da Cal, o que, para o consumidor, representa uma garantia de que estão implementadas práticas sustentáveis em todas estas organizações e marcas do universo Global Wines.
Hoje já é comum observarem-se, pelos vinhedos de Santar, enormes rebanhos de ovelhas que, no âmbito da produção integrada, fazem o corte da erva das entrelinhas de um modo rudimentar, nivelam as leguminosas ali semeadas, com a vantagem de ainda contribuírem para a nutrição dos solos.
Com o encepamento das tintas a representar 65% das vinhas e as brancas 35%, a realidade da Casa de Santar estende-se hoje muito para além da Touriga Nacional e Encruzado. O passado está bem presente nas 20 castas existentes, em produção ou ensaios que visando reabilitar variedades quase extintas e recuperar aquelas que já tiveram grande preponderância na região, como é o caso da Baga. Santar vinca a altitude e atitude de continuar, na mudança, a criar os vinhos mais nobres do Dão.
Nota: o autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
Muito provavelmente, a primeira recordação de qualquer português sobre a história do nosso território, anterior à nacionalidade, está ligada à palavra da antiga professora ou professor da escola primária, hoje denominada primeiro ciclo de escolaridade. Atualmente, os manuais digitais e os quadros multimédia substituíram os livros com magras ilustrações e o quadro negro com letras […]
Muito provavelmente, a primeira recordação de qualquer português sobre a história do nosso território, anterior à nacionalidade, está ligada à palavra da antiga professora ou professor da escola primária, hoje denominada primeiro ciclo de escolaridade. Atualmente, os manuais digitais e os quadros multimédia substituíram os livros com magras ilustrações e o quadro negro com letras gordas desenhadas pela letra irrepreensível da professora. Ainda assim, dependendo do maior ou menor virtuosismo profissional e da atenção dos alunos, há algo que não mudou: a boca semiaberta ou os olhos bem despertos pela surpresa e admiração dos discentes quando ouvem falar pela primeira vez dos tempos do Conde D. Henrique, do Condado Portucalense e da sua descendência. Os edifícios deste período histórico nem sempre são de fácil acesso a todos os alunos de Portugal. Mas o Norte do país continua a apresentar inúmeros pontos de referência dos tempos que ficaram perdidos nos interstícios da história de Portugal. Um magnífico exemplo é a Casa-solar dos Azevedo, datada do século XI, localizada na freguesia de Lama, próximo de Barcelos, que foi utilizada pela primeira vez por D. Guido Viegas de Azevedo, rico-homem do tempo do conde D. Henrique.
A Casa-solar dos Azevedo foi, literalmente, o berço ancestral desta família que governou um vasto território que se estendia desde o além Cávado até Braga e Lanhoso. Desta família despontaram cavaleiros que ajudaram a construir e consolidar o reino de Portugal, depois em África e na Índia. Mais tarde, geraram altos embaixadores que firmaram alianças e tratados nas várias cortes europeias. No século XX, o brilho histórico começou a desvanecer-se e, em 1936, o Solar foi vendido em hasta pública.
De ruína, a quinta imponente
Em 1982, a Sogrape adquiriu o Solar, pela mão de Fernando Guedes. Estava praticamente em ruínas, e compreendia a torre do século XI, reedificada no primeiro quartel do século XVI, o corpo residencial do século XVIII, com a varanda colunada sobre o jardim e o edifício do século XIX.
Durante quatro anos, Fernando Guedes e a sua mulher, auxiliados pelo arquiteto Eduardo Rangel, dirigiram as obras de restauro e decoração do solar utilizando mobiliário e peças do século XVII e XVIII. O esforço e o desvelo aplicados na requalificação do imóvel pela família Guedes foram de tal ordem que este rapidamente se transformou, como referiu Fernando da Cunha Guedes, neto de Fernando Guedes e atual líder da Sogrape, “na menina dos olhos do meu avô que manteve e obrigava a manter em perfeito estado de conservação”.
Foi igualmente realizado um estudo profundo sobre a adaptação das castas aos 23 hectares dos terrenos iniciais da propriedade, tendo-se optado por um primeiro encepamento alicerçado nas castas Loureiro e Arinto que, em 2007, contabilizava 11,7 hectares. Atualmente, e depois de várias replantações, a Quinta de Azevedo tem 24 hectares de vinha, de um total de 34, alicerçada em duas castas: Loureiro e Alvarinho. A primeira ocupa a maior área de plantação, 23 hectares, e a segunda apenas 10 hectares. Existe ainda um campo experimental com cerca de um hectare que congrega, nas palavras do enólogo Diogo Sepúlveda, “um lote de seis castas mais aptas a resistir às alterações climáticas: Arinto e Sauvignon Blanc, entre outras”.
Curiosamente, a aquisição da propriedade, em 1982, e posterior requalificação da Quinta do Azevedo marcou o início de uma longa e famosa lista de compras de inúmeros projetos vínicos nacionais e internacionais. Pouco tempo depois, em 1987, a Sogrape adquiriu, num sonante e muito mediatizado negócio, a empresa A. A. Ferreira, marcando a entrada no setor do vinho do Porto e passou a integrar, no seu portefólio os vinhos, já muito reconhecidos e ambicionados pelos consumidores, da simbólica e histórica Casa Ferreirinha. Em 1995, a Sogrape integrou a Forrester, detentora da marca Offley, reforçando a sua presença no setor do Vinho do Porto e guindando-se a uma das maiores empresas exportadoras do setor. Dois anos depois completa a aquisição da Herdade do Peso, no Alentejo e da Finca Flichman, localizada na Argentina, mais propriamente na região de Mendoza. Com este último passo iniciou-se uma estratégia aquisitiva de cariz verdadeiramente internacional. O novo milénio consolidou a presença da empresa no setor do vinho do Porto e a sua estratégia internacional com a aquisição da marca Sandeman, que incluía vinhos do Porto, Jerez e Brandy. Em 2008 adquiriu a Viña Los Boldos, no Chile e, em 2012, estendeu as operações a Espanha com a aquisição das Bodegas LAN que, para além da operação principal, na região de Rioja, se estendeu às Rías Baixas, Rueda e Ribera del Duero.
Diogo Sepúlveda, líder dos departamentos de enologia de Mateus, Vinhos Verdes, Dão e Lisboa da Sogrape
Uma nova imagem e filosofia para os novos vinhos da Quinta de Azevedo
A apresentação dos novos vinhos da Quinta de Azevedo decorreu, como não podia deixar de ser, no piso térreo da torre original do atual solar, onde tínhamos à nossa espera Fernando da Cunha Guedes, diretor executivo da Sogrape. Este apresentou o enólogo Diogo Sepúlveda como alguém que “detém um conhecimento de mais de 15 anos do setor, com percurso profissional que inclui vasta experiência internacional, com projetos desenvolvidos em Portugal e no estrangeiro” e, por isso, assumiu a liderança dos departamentos de enologia de Mateus, Vinhos Verdes, Dão e Lisboa.
Os novos vinhos apresentados representam um reposicionamento para a marca Quinta de Azevedo, dotando-a de maior ambição, e possuem diversas características em comum. Em primeiro lugar, as uvas utilizadas em todas as referências foram produzidas em conformidade com as diretrizes de produção integrada de agricultura sustentável, definidas pela Organização Internacional de Luta Biológica contra Organismos Nocivos. A segunda característica é ostentarem a classificação Regional Minho. “Esta nomenclatura foi muito debatida internamente e acabou por ser a adotada”, referiu Diogo Sepúlveda. Por último, as referências apresentadas revelaram uma nova rotulagem mais cuidada e apelativa para o consumidor.
Começámos a prova pelo Quinta de Azevedo Loureiro Escolha, da colheita de 2022. O enólogo relembrou que “foi um ano com acumulados de precipitação inferiores à média dos últimos três anos e com uma primavera e verão muito quentes”. As uvas foram prensadas suavemente a baixas temperaturas e o vinho estagiou durante seis meses sobre as borras com batonnage frequente. Parte do lote estagiou em barricas usadas de carvalho francês.
Em seguida provou-se o Quinta do Azevedo Escolha Alvarinho, do ano 2023 que, segundo as palavras do enólogo, “foi fruto de um inverno bastante chuvoso, que depois se revelou muito seco, conduzindo a uma vindima muito precoce”. Uma pequena parte do lote estagiou em toneis e barricas usadas de carvalho francês.
Para o final estava reservada a estrela do trio. Trata-se de um vinho de lote composto por 70% de Alvarinho e 30% da casta Loureiro, do ano de 2023. Após a fermentação alcoólica, estagiou durante oito meses em toneis de 1200 litros e barricas de 500 litros de carvalho francês de primeira e segunda utilização. Uma pequena parte do lote estagiou sobre borras em depósito de inox para preservação de toda a frescura. Este verdadeiro topo de gama (€30), até agora inexistente no portefólio Quinta de Azevedo, mostra-se um vinho ainda muito jovem, seco e revela um perfil capaz de compaginar untuosidade e frescura.
Os vinhos agora chegados ao mercado espelham a ambição da Sogrape na região dos Verdes onde, com a marca Gazela, é um “player” de referência nos vinhos de maior volume e pretende claramente sê-lo também nas categorias mais exclusivas. Assim, a vetusta Casa-solar dos Azevedo, agora renovada e vestida de vinhedos, volta a inscrever o seu nome na história, desta vez na narrativa vínica do país e do mundo pela mão da maior empresa nacional do setor.
*Nota: O autor escreve de acordo com o novo acordo ortográfico.