O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior. A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do […]
O programa da 12ª edição do evento inclui, para além do reconhecido Concurso de Vinhos do Douro Superior, provas comentadas de vinhos e azeites, um colóquio e mostras de produtos regionais do Douro, Trás os Montes e Beira Interior.
A abertura do Festival do Vinho do Douro Superior está marcada para as 17:00 horas do dia 23 de Maio, sexta-feira, sendo a abertura oficial com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, João Paulo Sousa às 18:00h. Neste primeiro dia, os visitantes poderão assistir à prova comentada dos “Grandes tintos do Douro Superior”, por Valéria Zeferino, crítica da revista Grandes Escolhas, e ainda ao espetáculo David Antunes e The Midnight Band (22h00).
No sábado, dia 24, o destaque vai para o Concurso de Vinhos do Douro Superior, que reúne, durante a manhã, especialistas e outros profissionais reconhecidos, incluindo importadores dos Paises Baixos e Alemanha. Este é um concurso que se tem revelado importante para a afirmação dos vinhos da região, com a participação de grandes, médios e, sobretudo, pequenos produtores.
Em simultâneo ao concurso de vinhos, no dia 24, às 10:00 horas, decorrerá um Colóquio dirigido aos produtores da região e outros interessados com o tema “A hora dos vinhos brancos: o potencial do Douro Superior e as repostas na vinha e na adega”. Participam com intervenções e com a prova de alguns dos seus vinhos os enólogos Alvaro Van Zeller, Duarte da Costa, João Perry Vidal, Luciano Madureira e Mateus Nicolau de Almeida
No sábado dia 24, a feira abre portas para a população em geral pelas 15h00, estando reservadas, para este dia, duas provas comentadas, uma de “Azeites do Douro Superior e Trás-os-Montes”, por Francisco Pavão, Presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), e outra dedicada aos “Grandes brancos do Douro Superior”, pelo crítico Luis Antunes da Grandes Escolhas. Matias Damásioe e Mickael Carreira fecham a noite, com um concerto às 22h00.
No último dia do evento será possível assistir ao anúncio dos resultados do Concurso de Vinhos do Douro Superior e à última prova comentada, desta vez sobre “Vinho do Porto”, por Luís Antunes. A complementar o programa de atividades, os visitantes do festival poderão provar e comprar os diversos vinhos e produtos locais na zona dos expositores, onde também se encontram tasquinhas com diferentes opções gastronómicas.
O Festival do Vinho do Douro Superior é organizado pela Câmara Municipal de Foz Côa e pela revista Grandes Escolhas, com o objectivo apoiar os produtores e mostrar o trabalho desenvolvido na região.
O Lisbon Bar Show apresentou, no Hotel Locke de Santa Joana, em Lisboa, as primeiras novidades da sua 10ª edição. Com mais de 120 expositores confirmados, o evento deste ano vai decorrer na Meo Arena nos dias 20 e 21 de Maio, e destaca a produção nacional. Outra das grandes apostas do evento, este ano, […]
O Lisbon Bar Show apresentou, no Hotel Locke de Santa Joana, em Lisboa, as primeiras novidades da sua 10ª edição. Com mais de 120 expositores confirmados, o evento deste ano vai decorrer na Meo Arena nos dias 20 e 21 de Maio, e destaca a produção nacional.
Outra das grandes apostas do evento, este ano, é a evolução do conceito de bar sem álcool, que ganha um novo protagonismo após ter sido testado na edição anterior. Haverá, assim, um conjunto alargado de expositores dedicados a destilados não alcoólicos, tendência em forte crescimento, com alternativas a gins, tequilas e outras bebidas espirituosas.
O Lisbon Bar Show volta a acolher também o Congresso Ibérico de Bartenders, que celebra a sua 3ª edição no dia 20 de Maio, entre as 13h e as 20h. Esta plataforma de debate e networking é dedicada à Península Ibérica e promove a partilha de experiências entre profissionais do sector. Entre os oradores convidados estão Danil Nevsky (Indie Bartender), Antonio Naranjo (Especiarium), Bruno Santos (International Bartenders Association), Carlos Santiago (The Royal Cocktail Club), Wilson Pires e Tiago Oliveira (In’Verso) e Javier Caballero (Brand Ambassador Perrier).
Ao longo dos dois dias do evento, o público poderá assistir a palestras e apresentações conduzidas por 30 oradores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam Sebastian Atienza e Lucila Calichio (Tres Monos), Sorrel Moseley-Williams (Sorol Wines), Matteo Mosetii (Giffard), Mário Cruz (Restaurante Marlene), Pablo Straubel (Bar Badassery), Damià Mulà (100% Barman), Domingos Soares Franco (José Maria da Fonseca), Georgi Radev (Laki Kane), Tom Dyer (Flair Camp), Martha May Markham (Swift), Bertílio Gomes (Taberna Albricoque), Camille Vidal (La Maison Wellness), Iván Saldaña (Casa Lumbre), Flavi Andrade (Rossio Gastrobar), Pedro Duarte (Curioso Cocktail Bar), Daniel Marques (Adamus Gin), António Cuco (Sharish Gin), Flávio Próspero (Maré), Jared Brown e Anistatia Miller (historiadores de cocktails), Júlio Bermejo (Tommy’s Mexican Restaurant), Esteban Morales (Casa Endémica), Iain McPherson (Panda & Sons), Marcio Silva (Eximia), Liam Scandrett (Wine & Spirit Education Trust), Norberto Carvalho (Bebericando), Penelope Vaglini (Coqtail), Rui Mota (Ciências Gastronómicas), Nikos Theodorakopoulos e Alex Tselepis (The Bar in Front of the Bar).
O evento volta a acolher, este ano, concursos como o Vintage Cocktail Competition e o Concurso de Cachaça 51, que trazem criatividade, técnica e inspiração ao centro da acção.
No evento decorrerá também a cerimónia dos Prémios Lisbon Bar Show, que distingue os melhores do sector em 11 categorias. Os vencedores serão revelados na cerimónia de encerramento do evento, no dia 21 de Maio, pelas 19h15.
Segundo Alberto Pires, fundador do Lisbon Bar Show, “esta é uma edição muito especial, em que queremos dar um forte destaque ao que é português, incluindo produtos, profissionais e inovação, sem deixar de manter a diversidade e a qualidade internacional que sempre marcaram este evento”. O Lisbon Bar Show realiza-se nos dias 20 e 21 de Maio de 2024, na Sala Tejo, no Meo Arena, em Lisboa, das 12h às 20h. Os bilhetes estão disponíveis em pré-venda por 33€ até 16 de maio, passando para 43€ nos dias do evento.
A presença humana nestes territórios perde-se na memória dos tempos, remontando ao neolítico o cultivo agrícola e a pastorícia. A terra convidava a “assentar”, a criar laços comunitários. Afinal, são os solos mais produtivos da Beira, dotados de condições excecionais para o plantio da vinha, dada a qualidade dos solos e abundância de água. Hoje, […]
A presença humana nestes territórios perde-se na memória dos tempos, remontando ao neolítico o cultivo agrícola e a pastorícia. A terra convidava a “assentar”, a criar laços comunitários. Afinal, são os solos mais produtivos da Beira, dotados de condições excecionais para o plantio da vinha, dada a qualidade dos solos e abundância de água.
Hoje, é a maior mancha contínua de vinha da região do Dão que nos surge defronte dos olhos na nobre e histórica Vila de Santar. São mais de 110 hectares de vinhedos que se estendem por um vale encimado pela Vinha dos Amores e Alto dos Amores. É nesta parcela da Vinha dos Amores que nascem os mais exclusivos vinhos da Global Wines, proprietária também da Quinta de Cabriz e Paço dos Cunhas de Santar, no Dão, da Quinta do Encontro, na Bairrada, e da Herdade do Monte da Cal, no Alentejo.
Com recentes mudanças na direção de enologia, agora liderada por Paulo Prior, bairradino oriundo do Centro de Vinificação da Sogrape, em São Mateus, Anadia, e, na direção comercial, com Nuno Abreu, que deixou a Sogevinus para se juntar ao grupo sedeado em Carregal do Sal, sopram novos ventos em Santar, ainda que refreados pelo cariz clássico a que a marca se impõe, tendo, nessa conceção, a principal forma de afirmação no mercado nos últimos anos.
Paulo Prior, director de enologia da Global Wines, empresa proprietária da Casa de Santar.
A VINHA DOS AMORES COMO CHANCELA
A Vinha dos Amores surge no promontório Norte de uma propriedade que se estende por mais de 100 hectares. Do alto, a uma cota de 400 metros, a vinha estende-se por 13,5 hectares, num ligeiro declive com exposição a Norte, o que a torna a mais valiosa parcela da Casa de Santar.
O seu crescimento foi progressivo, como foi progressivo o seu plantio, iniciado em 1997 e apenas terminando em 2017. Ali, as parcelas vão sendo divididas por setores, priorizando as características dos solos à escolha das castas com maior potencial para cada um dos talhões. Estamos no coração do Dão e, vai daí, o encepamento destaca as duas grandes castas atuais da região: a Touriga Nacional, nas tintas, e a Encruzado, nas brancas, sendo estas as mais relevantes nos vinhos de exceção de Santar.
A Alfrocheiro começa a surgir timidamente nas contas da Casa de Santar. É nas cotas mais elevadas, sobretudo no Alto dos Amores, que ela melhor se expressa, beneficiando da altitude e da maior exposição à influência da Serra da Estrela, que se ergue frondosa a Sul de Santar.
Apesar de se ter expandido para Sul, estendendo-se às regiões do Alentejo, Tejo e Palmela, é no Dão que encontra o seu território natural. Não obstante ser uma uva vigorosa e muito produtiva, carece de cuidados frequentes e atentos, dada a sua propensão natural ao oídio e podridão cinzenta. Nesta região, é-lhe reconhecida a elegância, cor bastante acentuada e um notável equilíbrio entre álcool, taninos e acidez, conferindo, aos vinhos, uma frescura que tantas vezes está ausente nos vinhos mais estruturados e densos do Dão. Aromaticamente, funde-se no território e na envolvência, fazendo sobressair os aromas a bagas silvestres e nuances de mato rasteiro.
São essas características que Paulo Prior pretende que se tornem mais evidentes nos vinhos nascidos no Alto dos Amores, encontrando-se em curso um trabalho de estudo dos stocks de vinhos da casta existentes na Casa, de modo a encontrar algo que se diferencie e possa vir a aumentar, com uma dotação qualitativa, a família das referências especiais Vinha dos Amores, podendo mesmo ir além de mais que uma vertente. Aguardemos pelo que o futuro nos reserva…
Afinal, não tem sido despicienda a influência da casta nos vinhos das terras de granito nos últimos mais de 150 anos, crendo-se que a sua disseminação com êxito tenha ocorrido nas replantações pós-filoxera. Nos anos 90 do século passado, a casta ganha um evidente estrelato, e inicia um caminho ascendente de popularidade junto de um conjunto de produtores regionais, entre os quais a Casa de Santar.
“…a Alfrocheiro pode aportar maior complexidade cosmopolita aos vinhos, em detrimento da concentração clássica.”
O novel enólogo de Santar está consciente de que não haverá nenhum movimento disruptivo no classicismo dos vinhos, hoje reconhecidos e com uma marca forte nos mercados nacional e internacional. Contudo, o mundo continua a girar e os movimentos que buscam perfis de maior leveza, elegância, profunda frescura e menor presença de álcool não podem ser descurados. E, aí, há uma forte crença que, a par da Touriga Nacional, a Alfrocheiro pode aportar maior complexidade cosmopolita aos vinhos, em detrimento da concentração que se impôs nas últimas décadas.
“Hoje, é a maior mancha contínua de vinha da região do Dão que nos surge defronte dos olhos na nobre e histórica Vila de Santar.”
O TERRITÓRIO E A SUSTENTABILIDADE
O dito terroir da Vinha dos Amores, crê Paulo Prior, é, por si próprio, um fator de diferenciação que, por isso mesmo, deve ser potenciado de modo diferente dos restantes vinhos da chancela Casa de Santar.
A exposição, a barreira elevada e o declive protegem a Vinha dos Amores das geadas de inverno sob forte influência da Serra, do mesmo modo que também a preservam da inclemência das elevadas temperaturas do Verão, uma vez que beneficia de menos horas de exposição direta ao sol. São condições que lhe beneficiam o equilíbrio da maturação, dando origem a mostos mais ricos, profundos e complexos.
As cotas mais elevadas são definitivamente relevantes, do mesmo modo que o é toda a envolvência e proteção das três serras que circundam Santar: Estrela, Caramulo e Bussaco. A composição de solos – arenosos com pouca retenção de água, algum xisto e maioritariamente granito – não valida a retenção de água, forçando as raízes a penetrarem os solos a maior profundidade, buscando a matéria orgânica e nutrientes que escasseiam. A mecanização e a rega monitorizada colmatam a pobreza dos solos.
A sustentabilidade, aqui, é muito mais que um chavão de retórica. Hoje, uma exigente auditoria, realizada de modo independente por cinco empresas, confere à Global Wines, Sociedade Agrícola de Santar, que detém a Casa de Santar e Paço de Santar, sediadas no Dão, Quinta do Encontro, na Bairrada, e Herdade Monte da Cal, no Alentejo, o referencial nacional de sustentabilidade. Esta certificação nacional vem demonstrar que todas cumprem os requisitos legais relacionados com os domínios da sustentabilidade, designadamente, gestão e melhoria contínua, e contribuem ativamente para o bem-estar social, económico e ambiental das comunidades envolventes e das diferentes regiões onde atuam.
“…o encepamento destaca as duas grandes castas atuais da região: a Touriga Nacional,nas tintas, e a Encruzado, nas brancas,…”
Este Referencial Nacional, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal, abrange, neste caso, a produção total de 235 hectares (165ha no Dão, 67ha no Alentejo e 3ha na Bairrada). Um novo selo de sustentabilidade irá ser brevemente adotado nas rotulagens das marcas Casa de Santar, Paço dos Cunhas de Santar, Cabriz, Quinta do Encontro e Herdade Monte da Cal, o que, para o consumidor, representa uma garantia de que estão implementadas práticas sustentáveis em todas estas organizações e marcas do universo Global Wines.
Hoje já é comum observarem-se, pelos vinhedos de Santar, enormes rebanhos de ovelhas que, no âmbito da produção integrada, fazem o corte da erva das entrelinhas de um modo rudimentar, nivelam as leguminosas ali semeadas, com a vantagem de ainda contribuírem para a nutrição dos solos.
Com o encepamento das tintas a representar 65% das vinhas e as brancas 35%, a realidade da Casa de Santar estende-se hoje muito para além da Touriga Nacional e Encruzado. O passado está bem presente nas 20 castas existentes, em produção ou ensaios que visando reabilitar variedades quase extintas e recuperar aquelas que já tiveram grande preponderância na região, como é o caso da Baga. Santar vinca a altitude e atitude de continuar, na mudança, a criar os vinhos mais nobres do Dão.
Nota: o autor escreve segundo o novo acordo ortográfico.
Muito provavelmente, a primeira recordação de qualquer português sobre a história do nosso território, anterior à nacionalidade, está ligada à palavra da antiga professora ou professor da escola primária, hoje denominada primeiro ciclo de escolaridade. Atualmente, os manuais digitais e os quadros multimédia substituíram os livros com magras ilustrações e o quadro negro com letras […]
Muito provavelmente, a primeira recordação de qualquer português sobre a história do nosso território, anterior à nacionalidade, está ligada à palavra da antiga professora ou professor da escola primária, hoje denominada primeiro ciclo de escolaridade. Atualmente, os manuais digitais e os quadros multimédia substituíram os livros com magras ilustrações e o quadro negro com letras gordas desenhadas pela letra irrepreensível da professora. Ainda assim, dependendo do maior ou menor virtuosismo profissional e da atenção dos alunos, há algo que não mudou: a boca semiaberta ou os olhos bem despertos pela surpresa e admiração dos discentes quando ouvem falar pela primeira vez dos tempos do Conde D. Henrique, do Condado Portucalense e da sua descendência. Os edifícios deste período histórico nem sempre são de fácil acesso a todos os alunos de Portugal. Mas o Norte do país continua a apresentar inúmeros pontos de referência dos tempos que ficaram perdidos nos interstícios da história de Portugal. Um magnífico exemplo é a Casa-solar dos Azevedo, datada do século XI, localizada na freguesia de Lama, próximo de Barcelos, que foi utilizada pela primeira vez por D. Guido Viegas de Azevedo, rico-homem do tempo do conde D. Henrique.
A Casa-solar dos Azevedo foi, literalmente, o berço ancestral desta família que governou um vasto território que se estendia desde o além Cávado até Braga e Lanhoso. Desta família despontaram cavaleiros que ajudaram a construir e consolidar o reino de Portugal, depois em África e na Índia. Mais tarde, geraram altos embaixadores que firmaram alianças e tratados nas várias cortes europeias. No século XX, o brilho histórico começou a desvanecer-se e, em 1936, o Solar foi vendido em hasta pública.
De ruína, a quinta imponente
Em 1982, a Sogrape adquiriu o Solar, pela mão de Fernando Guedes. Estava praticamente em ruínas, e compreendia a torre do século XI, reedificada no primeiro quartel do século XVI, o corpo residencial do século XVIII, com a varanda colunada sobre o jardim e o edifício do século XIX.
Durante quatro anos, Fernando Guedes e a sua mulher, auxiliados pelo arquiteto Eduardo Rangel, dirigiram as obras de restauro e decoração do solar utilizando mobiliário e peças do século XVII e XVIII. O esforço e o desvelo aplicados na requalificação do imóvel pela família Guedes foram de tal ordem que este rapidamente se transformou, como referiu Fernando da Cunha Guedes, neto de Fernando Guedes e atual líder da Sogrape, “na menina dos olhos do meu avô que manteve e obrigava a manter em perfeito estado de conservação”.
Foi igualmente realizado um estudo profundo sobre a adaptação das castas aos 23 hectares dos terrenos iniciais da propriedade, tendo-se optado por um primeiro encepamento alicerçado nas castas Loureiro e Arinto que, em 2007, contabilizava 11,7 hectares. Atualmente, e depois de várias replantações, a Quinta de Azevedo tem 24 hectares de vinha, de um total de 34, alicerçada em duas castas: Loureiro e Alvarinho. A primeira ocupa a maior área de plantação, 23 hectares, e a segunda apenas 10 hectares. Existe ainda um campo experimental com cerca de um hectare que congrega, nas palavras do enólogo Diogo Sepúlveda, “um lote de seis castas mais aptas a resistir às alterações climáticas: Arinto e Sauvignon Blanc, entre outras”.
Curiosamente, a aquisição da propriedade, em 1982, e posterior requalificação da Quinta do Azevedo marcou o início de uma longa e famosa lista de compras de inúmeros projetos vínicos nacionais e internacionais. Pouco tempo depois, em 1987, a Sogrape adquiriu, num sonante e muito mediatizado negócio, a empresa A. A. Ferreira, marcando a entrada no setor do vinho do Porto e passou a integrar, no seu portefólio os vinhos, já muito reconhecidos e ambicionados pelos consumidores, da simbólica e histórica Casa Ferreirinha. Em 1995, a Sogrape integrou a Forrester, detentora da marca Offley, reforçando a sua presença no setor do Vinho do Porto e guindando-se a uma das maiores empresas exportadoras do setor. Dois anos depois completa a aquisição da Herdade do Peso, no Alentejo e da Finca Flichman, localizada na Argentina, mais propriamente na região de Mendoza. Com este último passo iniciou-se uma estratégia aquisitiva de cariz verdadeiramente internacional. O novo milénio consolidou a presença da empresa no setor do vinho do Porto e a sua estratégia internacional com a aquisição da marca Sandeman, que incluía vinhos do Porto, Jerez e Brandy. Em 2008 adquiriu a Viña Los Boldos, no Chile e, em 2012, estendeu as operações a Espanha com a aquisição das Bodegas LAN que, para além da operação principal, na região de Rioja, se estendeu às Rías Baixas, Rueda e Ribera del Duero.
Diogo Sepúlveda, líder dos departamentos de enologia de Mateus, Vinhos Verdes, Dão e Lisboa da Sogrape
Uma nova imagem e filosofia para os novos vinhos da Quinta de Azevedo
A apresentação dos novos vinhos da Quinta de Azevedo decorreu, como não podia deixar de ser, no piso térreo da torre original do atual solar, onde tínhamos à nossa espera Fernando da Cunha Guedes, diretor executivo da Sogrape. Este apresentou o enólogo Diogo Sepúlveda como alguém que “detém um conhecimento de mais de 15 anos do setor, com percurso profissional que inclui vasta experiência internacional, com projetos desenvolvidos em Portugal e no estrangeiro” e, por isso, assumiu a liderança dos departamentos de enologia de Mateus, Vinhos Verdes, Dão e Lisboa.
Os novos vinhos apresentados representam um reposicionamento para a marca Quinta de Azevedo, dotando-a de maior ambição, e possuem diversas características em comum. Em primeiro lugar, as uvas utilizadas em todas as referências foram produzidas em conformidade com as diretrizes de produção integrada de agricultura sustentável, definidas pela Organização Internacional de Luta Biológica contra Organismos Nocivos. A segunda característica é ostentarem a classificação Regional Minho. “Esta nomenclatura foi muito debatida internamente e acabou por ser a adotada”, referiu Diogo Sepúlveda. Por último, as referências apresentadas revelaram uma nova rotulagem mais cuidada e apelativa para o consumidor.
Começámos a prova pelo Quinta de Azevedo Loureiro Escolha, da colheita de 2022. O enólogo relembrou que “foi um ano com acumulados de precipitação inferiores à média dos últimos três anos e com uma primavera e verão muito quentes”. As uvas foram prensadas suavemente a baixas temperaturas e o vinho estagiou durante seis meses sobre as borras com batonnage frequente. Parte do lote estagiou em barricas usadas de carvalho francês.
Em seguida provou-se o Quinta do Azevedo Escolha Alvarinho, do ano 2023 que, segundo as palavras do enólogo, “foi fruto de um inverno bastante chuvoso, que depois se revelou muito seco, conduzindo a uma vindima muito precoce”. Uma pequena parte do lote estagiou em toneis e barricas usadas de carvalho francês.
Para o final estava reservada a estrela do trio. Trata-se de um vinho de lote composto por 70% de Alvarinho e 30% da casta Loureiro, do ano de 2023. Após a fermentação alcoólica, estagiou durante oito meses em toneis de 1200 litros e barricas de 500 litros de carvalho francês de primeira e segunda utilização. Uma pequena parte do lote estagiou sobre borras em depósito de inox para preservação de toda a frescura. Este verdadeiro topo de gama (€30), até agora inexistente no portefólio Quinta de Azevedo, mostra-se um vinho ainda muito jovem, seco e revela um perfil capaz de compaginar untuosidade e frescura.
Os vinhos agora chegados ao mercado espelham a ambição da Sogrape na região dos Verdes onde, com a marca Gazela, é um “player” de referência nos vinhos de maior volume e pretende claramente sê-lo também nas categorias mais exclusivas. Assim, a vetusta Casa-solar dos Azevedo, agora renovada e vestida de vinhedos, volta a inscrever o seu nome na história, desta vez na narrativa vínica do país e do mundo pela mão da maior empresa nacional do setor.
*Nota: O autor escreve de acordo com o novo acordo ortográfico.
Tendo o Enoturismo assumido cada vez mais uma importante fatia do negocio do vinho, a organização da feira Vinhos & Sabores fez um esforço no envio de convites e de assegurar a presença na feira de muitos profissionais desta área, tal como DMC’s (Destination Management Company), e outros agentes de turismo. Por outro lado, dada […]
Tendo o Enoturismo assumido cada vez mais uma importante fatia do negocio do vinho, a organização da feira Vinhos & Sabores fez um esforço no envio de convites e de assegurar a presença na feira de muitos profissionais desta área, tal como DMC’s (Destination Management Company), e outros agentes de turismo.
Por outro lado, dada a presença de milhares de visitantes, muitos deles ávidos de vivenciarem experiências marcantes no turismo do vinho, esta é uma excelente oportunidade de divulgação das ofertas disponíveis de enoturismo.
Os expositores presentes na feira foram convidados a prestarem uma particular atenção a esta área e de disporem de pessoal destacado no seu stand, com formação no Enoturismo ou que pelo menos tenham suficiente informações sobre as ofertas disponíveis em cada casa nesta área nesta actividade, de forma a responderem às previsíveis questões e pedidos de informações que vierem a ser solicitados.
Deixem-me abrir, desde já, com uma declaração de interesse: sou desde há mais de trinta anos amigo de Francisco Antunes. Talvez por isso mesmo, ele não tenha recebido mais cedo, como justamente mereceria, o reconhecimento “oficial” por parte das revistas que tive o privilégio de dirigir. A sua personalidade discreta no plano profissional (que contrasta […]
Deixem-me abrir, desde já, com uma declaração de interesse: sou desde há mais de trinta anos amigo de Francisco Antunes. Talvez por isso mesmo, ele não tenha recebido mais cedo, como justamente mereceria, o reconhecimento “oficial” por parte das revistas que tive o privilégio de dirigir. A sua personalidade discreta no plano profissional (que contrasta com a exuberância pessoal, sobretudo quando falamos/vemos futebol…) também terá contribuído alguma coisa. O “Xico”, é verdade, não se põe em bicos de pés. E também não precisa, não apenas pela sua envergadura física como pela dimensão enquanto enólogo: os seus pares têm um respeito enorme pelo Francisco Antunes e muitos “famosos” não têm problema em confessar que a ele recorrem quando se deparam com um problema técnico invulgar.
Aos 64 anos de idade, Francisco Antunes alia uma sólida base teórica (engenharia agrícola pela Universidade de Évora, Diploma Nacional de Enólogo pelo Instituto de Enologia de Bordéus, entre muitos outros “canudos”) à experiência de inúmeras vindimas em diferentes regiões. O pai, médico, era produtor de vinho em Azeitão, e ali começou a interessar-se por este mundo. A carreira profissional passou por Pegões, Extremadura espanhola e Douro, até aterrar definitivamente na Aliança (depois integrada na Bacalhôa) enquanto director de enologia, tendo aí responsabilidades em regiões tão distintas quanto Douro, Dão, Alentejo e Bairrada. Paralelamente, nunca abdicou de ensinar, tendo pelas suas turmas da Escola de Viticultura e Enologia da Bairrada passado centenas de jovens profissionais.
Porém, este não é um prémio de carreira. O que aqui destacamos é o presente, não o passado. Em 2023, fruto do trabalho, conhecimento e talento de Francisco Antunes, a Grandes Escolhas teve oportunidade de provar extraordinárias aguardentes (Aliança XO 20 e 40 anos), soberbos espumantes (Aliança Grande Reserva branco 2018 e Aliança Grande Reserva Pinot Noir branco 2018) e, talvez o mais inesperado, um notável Bairrada Bical de 2021 (Bacalhôa 1931 Vinhas Velhas) que acabámos por votar como o melhor branco do ano. Digam lá: se não fosse agora, quando seria a vez de Francisco Antunes? L.L.
Regressar à Manoella é sempre um prazer. Estamos nas margens do rio Pinhão e logo no trajecto entre a estrada e a casa no coração da quinta somos familiarizados com a extensa floresta de mata mediterrânica que se estende por 30 ha e pelas diversas casas em ruínas espalhadas pela propriedade, umas que foram armazéns, […]
Regressar à Manoella é sempre um prazer. Estamos nas margens do rio Pinhão e logo no trajecto entre a estrada e a casa no coração da quinta somos familiarizados com a extensa floresta de mata mediterrânica que se estende por 30 ha e pelas diversas casas em ruínas espalhadas pela propriedade, umas que foram armazéns, outras que foram adegas.
Hoje – em época de explosão do enoturismo – logo nos interrogamos se para elas há projectos a curto prazo mas Sandra, cautelosa, lá vai dizendo que “para já não, temos outras prioridades mas… mais premente é o restauro da casa principal da quinta que se apresenta muito carente de obras”. O caminho é demorado e a estrada de terra obriga a condução cautelosa. Dá para ir percebendo que, por aqui, há quase tudo – vinhas, oliveiras, medronheiros, muitas árvores de fruto, apiário e ervas aromáticas indígenas. Um verdadeiro microcosmos.
É nesta quinta que funciona o centro de operações da Wine & Soul para o vinho do Porto, com a adega cheia de tonéis, balseiros e barricas. Com o tempo, e tendo começado no DOC Douro, a Wine & Soul tem vindo a produzir, adquirir e armazenar vinho do Porto e o portefólio já se estende por muitas categorias como Tawny e Ruby Reserva, Branco 10 anos e 10 anos Extra-Dry, tawny 10 e 20 anos, todos com a chancela Manoella e o Vintage, da marca Pintas. Bem guardado e à espera do momento certo para ser lançado, há também em arquivo um Porto branco muito, muito velho que cirurgicamente é dado à prova e que se inscreve naquela categoria do “néctar dos deuses”, algo que pudemos comprovar no local.
É na Manoella que funciona o centro de operações da Wine & Soul para o vinho do Porto, com a adega cheia de tonéis, balseiros e barricas.
Uma vertical de Guru
As nossas provas desenrolaram-se em dois momentos. Parte foi feita ao jantar, na casa que Jorge e Sandra têm no Pinhão e onde moraram antes de zarparem para Vila Real com os filhos em idade escolar; a segunda parte foi nas instalações da empresa em Vale de Mendiz, localizadas por cima da adega dos lagares onde, desde sempre, se fizeram os vinhos tintos. Ao jantar, e em ambiente descontraído, pudemos revisitar algumas colheitas mais antigas como o Guru 2012 em magnum, um branco notável, mineral e rico com excelente acidez; nos tintos, o sempre surpreendente Pintas Character 2008, o Pintas 2011 em magnum, a revelar-se muito firme na imensa qualidade que apresenta e o Porto Vintage Pintas 2003 também ele a mostrar uma boa evolução.
Já em Vale de Mendiz tivemos a oportunidade de conhecer quase toda a equipa (neste momento são 23 pessoas) e onde se incluem alguns estagiários e quatro timorenses a quem, em acordo com a Caritas, a Wine & Soul se dispôs a dar casa e trabalho. Aqui funciona também o enoturismo com imensas visitas (com provas), com equipa destacada para o efeito.
Junto à adega existe um armazém onde se vinificam os brancos em barrica; não é bonito, nada tem de fashion, mas cumpre, como nos diz Jorge, a função primordial “conseguimos aqui vinificar os brancos com controle de temperatura de fermentação barrica a barrica, porque elas não são iguais e os mostos também não; estamos nisto desde 2012.” A isto pode-se chamar uma enologia de precisão, conceito que Jorge e Sandra aplicam sobretudo aos brancos que produzem.
O momento – uma mini vertical de brancos da marca Guru – foi também aproveitado para revisitar algumas colheitas mais antigas. A marca nasceu em 2004 e o vinho é feito com uvas das zonas mais altas e frescas, de Porrais e Martim. Sempre que é possível, Jorge e Sandra continuam por ali a comprar parcelas de vinhas. São zonas de xisto em transição para granito, um xisto rico em quartzo e minerais. É uma região onde domina a casta branca Códega do Larinho. As vinhas que estão na base do Guru obrigam a duas semanas de vindima, são vindimadas parcela a parcela e há uma hierarquia de momentos de vindima. “É um vinho de precisão”, como nos foi referido e como são muitas parcelas e há pouco tempo para fazer a vindima, é muito exigente em mão de obra. Provámos o Guru 2009, citrino, fcom ruta madura, leve floral, cheio de classe, sem excessiva evolução; ainda cheio de força na boca, com vida pela frente, em muito boa forma.
Na altura já não era só barrica nova. (18,5); o 2010 um pouco mais carregado na cor, menos falador no aroma, discreto na fruta madura, bem na boca mas com mais evolução, com menos promessa de vida em cave (18); o 2013 com muito fósforo no aroma, mesmo em dose excessiva mas, algo surpreendentemente, resulta muito bem na boca, evolui bem no copo, é vinho mais para falar do que para beber (18); da colheita de 2015 chegou-nos um Guru notável no equilíbrio que mostra entre o aroma e o sabor, uma frescura incrível e muito fino na boca, dá imenso prazer a beber e é obviamente um branco apto para a cave, perfeito na fruta citrina e na acidez (18,5); um notável vinho em prova foi o 2019 com grande perfeição aromática, com fruta de grande requinte. Fino e elegante, com toques minerais e a elegância a percorrer toda a prova (18,5/19)
A mini vertical de Guru foi também aproveitada para revisitar algumas colheitas mais antigas. A marca nasceu em 2004 e o vinho é feito com uvas das zonas mais altas e frescas, de Porrais e Martim.
Novidades na mesa
A novidade agora apresentada, o Guru Vinha da Calçada, tem origem numa única parcela de quase 100 anos “seguramente anterior a 1932”, com 0,5 ha, a 600 metros de altitude e com mistura de castas. Fermentação e estágio em foudre durante 2 anos e mais um ano em garrafa. A madeira não tem tosta “o que favorece a tensão nos vinhos e o formato do foudre gera uma movimentação de borras finas de forma natural”, refere Sandra Tavares da Silva.
Os tintos são feitos a lagar com corte a pé e pisa a pé à noite durante 3 noites. Durante o dia usam a pisa mecânica para baixar a manta. Os tintos fazem a maloláctica já na barrica porque “isso ajuda a integrar muito melhor a madeira no vinho, mas correm-se alguns riscos porque o vinho está desprotegido sem sulfuroso” salienta Jorge Borges. Mais atenção e mais precisão, de novo.
Para o Pintas Character entram 5 parcelas em Vale Mendiz, com castas misturadas, lagar e barrica usada; no caso do Pintas “sempre pensámos o vinho em termos de mercado externo e o PVP (mesmo alto) é sempre o mesmo lá e cá; desde o princípio que procurámos diversificar os mercados e, entre outros, estamos na Suíça, Alemanha, Inglaterra, USA, Brasil, Macau. Trabalhamos com 25 países e vamos agora exportar para a Austrália”, contou Sandra.
No Porto Vintage esta é a 14ª edição, “estamos a vindimar para Vintage mais cedo do que mandava a tradição, não exagerando na sobrematuração das uvas, mas é uma luta vender estes vintages porque quem compra vai sempre dirigir a escolha para as marcas consagradas”. Tempos nem sempre fáceis para os pequenos produtores de Porto, para quem estes vinhos são muito mais um complemento de portefólio do que propriamente uma boa fonte de rendimento.
Da Quinta da Manoella, a grande novidade apresentada foi o tinto Vinha Alecrim que tem origem numa parcela plantada pelo trisavô de Jorge Borges instalada em terraços pré-filoxéricos, rodeado de alecrim e floresta mediterrânica. Foi engarrafado em 2017 e teve 6 anos de garrafa. Como nos diz Sandra “tem origem numa parcela que sempre se distinguiu, sempre originou um vinho diferenciador”. Com tanta vinha de vetusta idade não será de espantar que outras parcelas da Manoella sejam, no futuro, escolhidas para vinhos muito especiais.
A Casa Américo Wines obteve a certificação Resíduo Zero para a vinha da Quinta do Paço, a primeira da Península Ibérica certificada pelo ZERYA®, referência que garante a produção de alimentos seguros e rentáveis através de um sistema de produção sustentável, amigo do ambiente e capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores. A certificação Resíduo […]
A Casa Américo Wines obteve a certificação Resíduo Zero para a vinha da Quinta do Paço, a primeira da Península Ibérica certificada pelo ZERYA®, referência que garante a produção de alimentos seguros e rentáveis através de um sistema de produção sustentável, amigo do ambiente e capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores.
A certificação Resíduo Zero permite o uso combinado de fitofármacos de origem química e biológica, fauna auxiliar e controlo biotecnológico, desde que se obtenha um produto de qualidade livre de resíduos de pesticidas. Ou seja, não se restringe ao uso específico de determinados produtos. Inclui também uma a boa gestão da flora, fauna e águas pluviais, como acontece na Quinta do Paço, onde há muros dos patamares que servem de resguardo a cobras e lagartos, manchas de bosque que são zonas de refúgio para os animais, jardins com sebes de alfazema e outras plantas capazes de atrair polinizadores, enrelvamento natural que permite uma maior infiltração e a possibilidade de encaminhamento de águas pluviais para uso posterior em rega.
Uma vinha com certificação Resíduo Zero é mais sustentável, porque utiliza todos os recursos com mais eficiência, contribuindo para uma menor pegada ecológica e para a promoção da biodiversidade.