Editorial Janeiro: O que podemos esperar

Editorial

Editorial da edição nrº 93 (Janeiro de 2025) O ano de 2024 já era, deixando pistas sobre o que esperar do que agora se inicia. Acentuaram-se os desequilíbrios entre a oferta e a procura, e a conjuntura complexa que o sector do vinho atravessa passou dos meios profissionais para a opinião pública, merecendo abertura de […]

Editorial da edição nrº 93 (Janeiro de 2025)

O ano de 2024 já era, deixando pistas sobre o que esperar do que agora se inicia. Acentuaram-se os desequilíbrios entre a oferta e a procura, e a conjuntura complexa que o sector do vinho atravessa passou dos meios profissionais para a opinião pública, merecendo abertura de telejornais na época de vindima, com a exploração mediática a deixar um retrato menos positivo (e tantas vezes injusto) dos vinhos de Portugal. Bater no fundo, no entanto, também tem coisas boas: questiona vícios antigos e obriga a agir. Estou por isso convencido que 2024 foi um marco de viragem, impulsionando toda uma fileira para fazer mais e melhor. O que podemos, então, esperar de 2025?

Menos vinho. O mundo está a beber menos vinho e Portugal não é excepção, por muito animadores que sejam os números “oficiais”, pouco condizentes com aquilo que sentem os produtores, distribuidores, restaurantes. O objectivo estratégico das empresas vai, necessariamente, passar de vender mais para vender melhor.

Mais fiscalização/regulamentação. É fundamental recuperar a confiança do consumidor. Irão acabar os rótulos com nomes associados a locais e patrimónios portugueses em embalagens com vinhos nascidos noutras geografias. E os chamados Vinhos da UE (absolutamente legais, note-se!) serão muito mais claramente identificados na rotulagem.  A fiscalização vai aumentar, mas é preciso ir além dos vinhos baratos ou de volume. Também os segmentos de nicho, como os orgânicos ou biodinâmicos, por exemplo, necessitam de muito maior rigor, sobretudo para detectar utilização de produtos proibidos e mistura de uvas ou vinhos que não cumprem a certificação.

Mais aquisições/fusões. O tempo dos amadores passou. Num mercado internacional tão competitivo, vão prosperar os grandes, com estruturas profissionalizadas e uma gestão de recursos optimizada e eficaz; e os pequenos, que com poucos custos oferecem vinhos de origem, diferenciadores e de valor acrescentado. O meio da ponte é o pior local para se estar.

Menos álcool. A tendência é clara: um pouco por todo o mundo, os apreciadores de vinho querem-no com menos álcool. Um desafio para quem trabalha na vinha e na adega, sobretudo enfrentando uma sequência de anos quentes. Há que fazer vinhos intensos, saborosos, complexos, mas com menos 1 ou 1,5% de álcool. E, mais difícil ainda, sem colocar em causa o sentido de lugar e sem atalhos fáceis, como vindimar uvas verdes: não vejo que interesse possa ter um tinto do Douro ou do Alentejo com 11%: é apenas água, álcool e acidez, a origem perdeu-se.

Mais bebidas de vinho. Digo “bebidas” de propósito, pois legalmente não podemos chamar-lhes vinho. Mas o mercado internacional está cada vez mais aberto a bases de vinho coloridas, aromatizadas ou total ou parcialmente desalcoolizadas. E quando há procura, a oferta aparece.

Mais brancos. É uma evidência incontornável: em Portugal e no mundo cai o consumo de tintos e aumenta o de brancos. No Dão, por exemplo, Encruzado transformou-se numa categoria de vinho, e não há uva que chegue para as encomendas. Em regiões onde a uva tinta é claramente excedentária, a sua vinificação em branco vai passar de “brincadeira” a obrigação.

Mais diferença. Seja na vinha (castas raras, videiras centenárias, altitude…), seja na adega (brancos de curtimenta, pet nat, ânforas, cimento, foudres…) surgem cada vez mais vinhos orientados para consumidores que valorizam o que é diferente. Nem sempre o que é diferente, é bom. Mas sempre que adicionamos carácter e diferença à qualidade, criamos um produto mais refinado.

Melhores vinhos. De todos os “prognósticos” para 2025, este é o que podemos tomar como garantido. A cada ano que passa, nascem em Portugal melhores vinhos, brancos, rosados e tintos. Não sei quando o mundo vai verdadeiramente reconhecer (e pagar) a grandeza destes vinhos. Mas pouco importa, eu sei onde os encontrar.

Estive Lá: Amassa – Um toque de Itália na velha Santarém

Estive Lá

O objectivo de repasto era visitar, de novo, o restaurante Amassa, espaço de cozinha de inspiração e bons produtos italianos, com um toque internacional inspirador que origina pratos bem mais apelativos, e saborosos, do que a maior parte dos restaurantes de cozinha transalpina que abundam em Portugal. Foi no final do dia de um fim […]

O objectivo de repasto era visitar, de novo, o restaurante Amassa, espaço de cozinha de inspiração e bons produtos italianos, com um toque internacional inspirador que origina pratos bem mais apelativos, e saborosos, do que a maior parte dos restaurantes de cozinha transalpina que abundam em Portugal.

Foi no final do dia de um fim de semana qualquer, em que me apeteceu, de novo, fazer a rota de miradouros de Santarém sobre o rio Tejo e a Lezíria. Primeiro o de S. Bento, por detrás da Escola Secundária Sá da Bandeira, e depois, já na zona velha da cidade, o das Portas do Sol, onde nunca me canso de olhar a paisagem que se espraia à volta. Não sei porquê, relembra-me, por vezes, a  história de Gaibéus, de Alves Redol, escritor neorrealista que tão bem contou a vida das gentes ribatejanas e beirãs que trabalhavam nas mondas e ceifas da lezíria durante o verão e partiam por vezes para África, ou Brasil, em busca de uma vida melhor. Mas lembra-me, quase sempre, que o futuro tem probabilidades tão infinitas como as que estão para lá da linha do horizonte.

Depois de espreitar as vistas, foi hora de dar uma volta à zona velha de Santarém, que continua sedutora e vetusta como sempre, apesar de algum do seu casario mais antigo precisar de obras de recuperação. E o tempo foi passando durante um percurso feito bem devagar e entrecortado por boa conversa, enquanto esperávamos pela abertura de portas do restaurante para o jantar.

Um toque exótico

Como a temperatura estava amena, escolhemos uma mesa do lado de fora, na esplanada do Amassa, espaço bem decorado e iluminado por luzes quentes. Já ia lá com vontade de repetir o Rabo de boi desfiado com papardelle e legumes, prato bem apelativo para o meu gosto, e escolhemos também, para saborear  antes, o Brioche de atum picado com wasabi fresco e sementes de kimchi, para dar um toque mais exótico ao repasto e a Burrata com compota de tomate e pesto, mais o Risotto de pêra bêbeda em vinho tinto, com queijo gorgonzola e nozes. Um serviço atencioso, simpático e profissional ajudou a uma refeição comida devagar, na companhia de um Lagoalva Reserva Arinto/Chardonnay branco ribatejano, um branco com volume, frescura e textura, escolhido numa carta alargada, com muitas referências da região, que fez boa companhia aos sabores e aromas muito variados dos pratos.

 

Restaurante Amassa

Morada: R. Elias Garcia 6B, 2000-054 Santarém

Tel.: 910 485 558

35% dos Vinhos do Alentejo produzidos de forma mais sustentável

O selo de produção sustentável do PSVA, atribuído pelos quatro organismos de certificação parceiros da CVRA, já foi concedido a 25 produtores alentejanos, que transformam uvas de 404 viticultores de um total de 7.470 hectares, 31,8% da área de vinha do Alentejo

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) anunciou que mais de 35% do vinho com origem na região é produzido de forma mais sustentável pelos produtores certificados no âmbito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA). O selo de produção sustentável do PSVA, atribuído pelos quatro organismos de certificação parceiros da CVRA, já foi […]

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) anunciou que mais de 35% do vinho com origem na região é produzido de forma mais sustentável pelos produtores certificados no âmbito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA).

O selo de produção sustentável do PSVA, atribuído pelos quatro organismos de certificação parceiros da CVRA, já foi concedido a 25 produtores alentejanos, que transformam uvas de 404 viticultores de um total de 7.470 hectares, 31,8% da área de vinha do Alentejo. Estes dados mostram que mais de um terço do vinho produzido, de um total de 121 milhões de litros, é certificado no âmbito do PSVA.

Segundo Francisco Mateus, presidente da CVRA, “estes resultados são a evidência do elevado compromisso que os produtores do Alentejo têm com o desenvolvimento sustentável das vinhas e adegas, o que tem impacto na qualidade do vinho, ecossistemas e biodiversidade, na escolha de materiais utilizados na produção e nas embalagens, na gestão de água e energia, na promoção da economia circular e no desenvolvimento socioeconómico de uma região onde a cultura da vinha e a produção de vinho são muito significativos”.

O Alentejo é pioneiro em Portugal na implementação de práticas sustentáveis no sector vitivinícola e, como explica Francisco Mateus, “temos a ambição de crescer nestes resultados ao nível regional, mas também de ver os produtores a exibirem com orgulho a certificação de produção sustentável dos Vinhos do Alentejo, contribuindo para que o nosso país se destaque no panorama internacional”.

No total, o PSVA integra mais de 637 membros, dos quais 25 certificados. A primeira certificação de produção sustentável foi atribuída em dezembro de 2020 e, a mais recente, em novembro do ano passado. Os produtores certificados são sujeitos a auditorias anuais para avaliar o cumprimento dos 171 critérios de avaliação do PSVA.

ViniPortugal abre nova sala de provas no Porto

ViniPortugal

A ViniPortugal, organização responsável pela promoção dos vinhos portugueses a nível internacional, acaba de inaugurar a sua nova Sala de Provas no World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia. Nela os visitantes poderão explorar a riqueza e a diversidade dos vinhos portugueses, com base numa selecção de dezenas de referências de todas as […]

A ViniPortugal, organização responsável pela promoção dos vinhos portugueses a nível internacional, acaba de inaugurar a sua nova Sala de Provas no World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia. Nela os visitantes poderão explorar a riqueza e a diversidade dos vinhos portugueses, com base numa selecção de dezenas de referências de todas as regiões do país.

“Este novo espaço é um convite à descoberta, que pretende proporcionar uma experiência única, onde a paixão pelo vinho se cruza com a cultura e a tradição do nosso país”, disse Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, durante a inauguração da nova sala. “Queremos que cada visitante saia com uma nova perspectiva sobre os vinhos portugueses”, acrescentou.

Para os mais curiosos, ou para quem deseja aprofundar o conhecimento sobre os vinhos nacionais, o novo espaço oferece também cinco provas temáticas exclusivas, realizadas numa sala privada. Estas experiências, disponíveis a partir de 10€ por pessoa, permitem uma imersão mais aprofundada na cultura vitivinícola nacional e nas estórias que estão por detrás da produção dos seus vinhos.

Anselmo Mendes fecha 2024 com presença em 60 países

Anselmo Mendes

O produtor de vinhos, Anselmo Mendes, fechou o ano de 2024 com 80% de quota de exportação e presença em 60 países. No final de um período desafiante para o sector vitivinícola nacional e internacional, a marca manteve o seu estatuto de referência na produção de Vinhos Verdes, sobretudo das castas Alvarinho e Loureiro. Para […]

O produtor de vinhos, Anselmo Mendes, fechou o ano de 2024 com 80% de quota de exportação e presença em 60 países. No final de um período desafiante para o sector vitivinícola nacional e internacional, a marca manteve o seu estatuto de referência na produção de Vinhos Verdes, sobretudo das castas Alvarinho e Loureiro.

Para Anselmo Mendes, o fundador e enólogo da empresa, “2024 foi um ano de grande progresso e realização”, porque se expandiu a sua área de vinha e reforçou a equipa de viticultura, “um passo estratégico para assegurar a qualidade” dos vinhos que coloca no mercado. Para além disso, “a vindima do ano passado foi excepcional, talvez a melhor deste século, garantindo vinhos que reflectem o melhor do terroir e a nossa dedicação”.

A marca teve também reconhecimentos nacionais e internacionais significativos em 2024. Um deles foi para a referência Muros de Melgaço, que celebrou 25 anos, pois figurou no Top 100 Vinhos do Mundo da revista norte-americana Wine Enthusiast. Outro foi o Loureiro Private ter sido eleito o melhor vinho branco varietal do ano no Concurso Vinhos de Portugal. Para além disso, o Contacto 2023 conquistou o título de Alvarinho mais bem pontuado no Brasil, com 94 pontos atribuídos pela revista Adega.

Reconhecido pela qualidade dos vinhos que produz e pela forma surpreendente e consistente como inova, Anselmo Mendes combina o recurso a técnicas ancestrais, como a curtimenta, com métodos de vinificação ousados, como a fermentação de Alvarinho em cascos de carvalho. Os seus vinhos são o resultado de uma longa e fiel ligação à terra, de um espírito experimentalista e estudioso e de uma filosofia de respeito pelo ecossistema, com base na produção integrada de uvas.

Para 2025, a marca prepara-se para continuar o seu crescimento sustentável, fortalecendo a presença dos seus vinhos das castas Alvarinho e Loureiro em mercados estratégicos como Estados Unidos, Canadá e Brasil. O enoturismo será também uma prioridade, com a expansão da oferta na Quinta da Torre, tal como o lançamento de vinhos inovadores que têm sido cuidadosamente amadurecidos ao longo dos anos.

12 vinhos para celebrar o Novo Ano…por menos de €20

2025

Celebrar o Novo Ano com grandes vinhos, não implica despedir-se do “Velho” de bolsos vazios. Aqui deixamos 12 opções, entre espumantes, rosados, brancos e tintos, para festejar 2025 com estilo e a preços sensatos.  

Celebrar o Novo Ano com grandes vinhos, não implica despedir-se do “Velho” de bolsos vazios.

Aqui deixamos 12 opções, entre espumantes, rosados, brancos e tintos, para festejar 2025 com estilo e a preços sensatos.

 

Herdade da Lisboa: Da Vidigueira, com ambição

Herdade da Lisboa

A Herdade da Lisboa pertence à família Cardoso desde 2011. Nesta propriedade produziam-se os vinhos Paço dos Infantes, uns dos clássicos alentejanos nas décadas 80 e 90, feitos, na altura, pela mão de João Portugal Ramos. Com o tempo a propriedade e a marca passaram por uma crise, revertida a partir do momento em que […]

A Herdade da Lisboa pertence à família Cardoso desde 2011. Nesta propriedade produziam-se os vinhos Paço dos Infantes, uns dos clássicos alentejanos nas décadas 80 e 90, feitos, na altura, pela mão de João Portugal Ramos. Com o tempo a propriedade e a marca passaram por uma crise, revertida a partir do momento em que foi adquirida por João Cardoso, empresário com importante percurso em diferentes áreas de actividade, incluindo na vertente agrícola, com destaque para a olivicultura. Fez-se um trabalho extraordinário da recuperação da vinha (mais de 100 ha, com cerca de 15 castas) e do olival e construiu-se, de raiz, uma adega moderna, que se estreou na colheita 2018, com lagares e cubas de inox com controlo de temperatura, cubas de cimento de forma redonda e oval, uma cave climatizada para permitir o estágio de vinhos e espumantes em condições ideais de temperatura e humidade.

Herdade da Lisboa

Os vinhos com a marca Herdade de Lisboa são produzidos com base em uvas das castas que se comportam melhor na vinha em cada ano.

Aliando as características do terroir com o meio de produção, foi criada uma gama premium com três vinhos em 2021 que, para além de feitos com extremo cuidado, permanecem em cave o tempo necessário para mostrar o seu potencial na altura de lançamento. Ficou também definido conceptualmente que, em cada ano, se elege uma casta com o melhor desempenho que dá origem a um vinho varietal de excelência. Assim, em cada ano cria-se uma colecção única que expressa a casta, o ano, o terroir e a casa. O branco e o tinto são vendidos em pack de dois, com o PVP do conjunto de €67,50. Em 2019 as castas escolhidas foram Viognier e Trincadeira e, em 2020, Alvarinho e Cabernet Sauvignon. O rosé surgiu um pouco por feliz acaso, não sendo planeado de início, mas a Touriga Nacional mostrou-se tão bem em 2019, que em 2020 foi repetida a experiência com a Baga. As castas protagonistas da colheita 2021, lançada agora, são Arinto, Alicante Bouschet e Syrah na versão rosé.

O Arinto estagia parcialmente em barricas novas de carvalho francês de 500 litros, onde permanece oito meses. O Alicante Bouschet passa 18 meses em barricas de 500 litros. O rosé também estagia em barrica, mas de 300 litros, novas, durante oito meses. Para todos os vinhos, até para o rosé, não é dispensado o estágio em garrafa, o que confere integridade e a sensação de harmonia na altura do lançamento.

De colheita 2021 resultaram 1100 packs de dois, mais 120 garrafas de 1,5 litro de cada. O rosé é engarrafado apenas em magnum, o que faz todo o sentido, tendo em conta que é lançado com mais de dois anos de estágio.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2024)

São José do Barrilário: Dois vinhos e uma janela aberta para o Douro

São José do Barrilário

A história da Quinta São José do Barrilário começa oficialmente em 1747, quando foi reconhecida como tal. Reza a lenda que, há muitos anos, ainda antes dessa data, um dos trabalhadores da quinta, ao lavar um dos barris, caiu acidentalmente dentro dele e rolou até ao ribeiro. Quando finalmente parou, agradeceu a São José, o […]

A história da Quinta São José do Barrilário começa oficialmente em 1747, quando foi reconhecida como tal. Reza a lenda que, há muitos anos, ainda antes dessa data, um dos trabalhadores da quinta, ao lavar um dos barris, caiu acidentalmente dentro dele e rolou até ao ribeiro. Quando finalmente parou, agradeceu a São José, o santo padroeiro da capela. Assim nasceu a Quinta São José do Barrilário e, em homenagem a esse acontecimento, todo o hotel foi inspirado nos barris de vinho.

Chegados ao Douro Wine Hotel & Spa fomos recebidos pelos administradores Maria do Céu Gonçalves e Álvaro Lopes, que nos proporcionaram uma visita guiada pelo espaço, que conjuga tradição com sofisticação, com um olhar na sustentabilidade. Adquirida pelo Grupo Terras & Terroir em 2017, a quinta, localizada em Armamar foi alvo, de um profundo e dedicado processo de revitalização, reabrindo ao público em agosto de 2024.

O projeto, com assinatura do arquiteto Henrique Gouveia Pinto, envolveu a construção de um hotel de cinco estrelas, o Douro Wine Hotel & Spa, com 31 unidades de alojamento (27 quartos e quatro suites, com áreas entre os 28 e os 50 metros quadrados), infinity pool exterior, Spa panorâmico, restaurante e loja de vinhos, assim como a reconversão da casa, a recuperação da capela dedicada a São José e o lançamento da marca de vinhos São José do Barrilário.

Herança e sustentabilidade

O respeito pela história da Quinta São José do Barrilário é comprovado com a recuperação da casa senhorial, convertida em palco privilegiado para a realização de eventos, e da capela dedicada a São José, verdadeiramente um dos ex-libris da propriedade.
A oferta é diversificada e focada na sustentabilidade, com uma cuidadosa seleção de materiais que refletem a autenticidade, a tradição e a profunda ligação com a região do Douro, enquanto proporcionam conforto e sofisticação aos hóspedes:  “Acreditamos que o Douro ainda tem muito para crescer, que tem potencial para desenvolver a sua proposta de valor. Pretendemos contribuir para essa evolução com uma oferta de qualidade superior, dentro do segmento de luxo, apostando num hotel de cinco estrelas que tem uma vista fantástica sobre o rio Douro, e na revitalização das estruturas já existentes na Quinta, cumprindo a missão do grupo, de valorizar o património de Portugal”, frisa a administração do Grupo Terras & Terroir”.

Apenas a título de exemplo, é possível degustar mel na propriedade, proveniente de 10 colmeias já instaladas que, no futuro, farão parte da oferta diferenciada de serviços disponíveis, pois está prevista a construção de um apiário que poderá ser visitado pelos hóspedes. A breve prazo, o mel colhido será também comercializado pelo grupo Terras & Terroir. O mesmo se passa com o azeite obtido das 400 oliveiras do olival da propriedade ou o pomar em crescimento, ofertas verdadeiramente diferenciadas para quem procura luxo e diversificação na região duriense.

São José do Barrilário
Álvaro Lopes e Maria do Céu Gonçalves, administradores do Grupo Terras & Terroir

Um terroir de eleição

Após a visita à propriedade, foi tempo de provar os novos reserva São José do Barrilário – um branco e um tinto. As garrafas apresentam o logotipo da quinta, inspirado na iconografia da Companhia de Jesus, também conhecida como Ordem dos Jesuítas, exibindo três pregos estilizados que representam os usados na crucificação de Cristo. O rótulo com relevo evidencia igualmente os losangos perpetuados na capela do século XVIII, dedicada a São José, que foi restaurada.

A Quinta São José do Barrilário perfaz um total de 28 hectares, dos quais 15 são de vinha, 11 dos quais com idades compreendidas entre os 25 e os 50 anos, três hectares com cerca de cinco anos e um hectare com cerca de dois anos. Predominância, nas variedades tintas, para a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca nas vinhas mais velhas, e Tinto Cão e Sousão nas vinhas novas. As uvas para o branco, maioritariamente de Gouveio e Viosinho provêm de uma vinha localizada em altitude, em Carrazeda de Ansiães, no Douro Superior.
“O facto de estarmos localizados numa encosta exposta a nascente implica menos sol após o meio-dia, resultando numa maturação equilibrada, sem calor excessivo, produzindo vinhos tintos muito frescos, com boa acidez. Nos brancos, a altitude da vinha localizada no Douro Superior é determinante para a sua frescura”, refere Hugo Fonseca, diretor de Produção do Grupo Terras & Terroir.

Os vinhos – 4500 garrafas de branco e 6600 garrafas de tinto – são produzidos em Lamego, a curta distância, no centro de vinificação da Quinta da Pacheca, com a assinatura da dupla de enólogos da principal unidade do Grupo Terras & Terroir: Maria de Serpa Pimentel e João Silva e Sousa. Será sempre uma produção limitada, focada na qualidade, estando na forja apenas mais um tinto, um Grande Reserva a sair em breve.
Para a dupla de enólogos o objetivo foi criar vinhos “com longevidade em garrafa” e cujo mote é “frescura, frescura, frescura”. Pudemos comprová-lo na prova efetuada e posteriormente à mesa, ao almoço, no restaurante do hotel, com o traço distintivo da carta criada pelo chef Luís Guedes.

Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2024)