Conservas, a arte de preservar

conservas

E se reunisse 19 diferentes conservas numa só refeição? Sem qualquer dificuldade, diríamos, até porque existem 36 espécies de pescado e marisco em lata, de acordo com os dados da Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe (ANICP), trabalhadas por 20 empresas ativas em Portugal, e mais de 800 referências, tendo em conta a […]

E se reunisse 19 diferentes conservas numa só refeição? Sem qualquer dificuldade, diríamos, até porque existem 36 espécies de pescado e marisco em lata, de acordo com os dados da Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe (ANICP), trabalhadas por 20 empresas ativas em Portugal, e mais de 800 referências, tendo em conta a diversidade de molhos e coberturas. Mas o Chef transmontano Vítor Adão foi além do que se estava à espera, no restaurante Plano, em Lisboa, com as quase 20 variedades. Objetivo? Mostrar quão versáteis são os enlatados e quão criativa se pode tornar uma refeição.

Do início ao fim, o Chef Vítor Adão juntou três ingredientes conservados em cada momento. O primeiro reuniu uma manteiga sem sal de salmão, cavala e anchovas, as duas últimas servidas sem qualquer intervenção. Para acompanhar, foram dispostos, na mesa, pão de trigo e pão de centeio, o azeite biológico de Valpaços e as azeitonas, que fazem parte dos menus de degustação deste espaço de bem comer, onde os fermentados, os preservados e as conservas caseiros são uma constante.

A delicadeza de cada criação foi revelada ao longo do almoço. O piso de espinafres selvagens e amêndoa a acompanhar a raia, o lingueirão e o berbigão, encimados por um pickle de pêra, testemunhou a arte conjugar sabores e texturas. A subtileza do detalhe foi comprovada igualmente pelo mil folhas de sardinha e batata, constituído por três variedades deste tubérculo: Kennebec, Désirée e outra de Aljezur. “Os camarões foram aquecidos directamente na lata”, aos quais o Chef Vítor Adão juntou “uma salada, para realçar o sabor”. A tartelete de mexilhões de escabeche complementou este prato.

O mais arrojado prato foi o das ovas de bacalhau e búzios, inusitadamente conjugados com coco e batata doce. Os citrinos mão-de-buda e limão galego, usados com parcimónia, conferiram a acidez necessária, a par com os amendoins ligeiramente caramelizados. No fundo, comprovou, uma vez mais, que uma simples conservas é a base de uma criatividade infinita, aprimorada pela pelo trio composta por pescada, polvo e enguia. A estes, o Chef Vítor Adão juntou choco, halófita, batata Atlântica, de Boticas, no distrito de Vila Real, e acrescentou beurre blanc, bem como espuma da pescada.

Para finalizar o almoço, inteiramente harmonizado com vinhos da Quinta de Cypriano, localizada em Ponte de Lima, na região dos Vinhos Verdes, o Chef transmontano preparou um lingote de chocolate e lemon curd, cuja acidez cítrica se conjugou na perfeição, com o granizado de Queijo Terrincho, sendo este feito a partir de leite de ovelha Churra, existente na Terra Quente de Trás-os-Montes. Este último fez a ligação com as raspas deste produto, que Vítor Adão coloca generosamente por cima do pão-de-ló, a clássica sobremesa do Plano.

De volta às conservas, arte ancestral de preservar sabores e de promover a sustentabilidade alimentar, é de salientar que cerca de 80 por cento da produção é destinada à exportação, segundo as palavras de Marta Azevedo, Directora de Marca e Comunicação da ANICP, fundada em 1977. Além da diversidade, a nossa cicerone salienta a praticidade deste produto, que facilmente ganha protagonismo numa refeição intensamente saborosa e claramente criativa. Para o ano, ficou no ar a ideia de se fazer um almoço em que os presentes iriam “pôr a mão na massa”.

Enquanto esse dia não chega, nada melhor do que assinalar este Dia Nacional das Conservas de Peixe, que se comemora hoje, 15 de Novembro, com uma visita (2,50€ estudantes, professores e reformados/5€ público geral) à exposição “O Milagre da Sardinha – Memórias e Mistérios de um Ícone Nacional”, patente no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, até 30 de Dezembro. A mostra convida a viajar pelas variadas fases inerentes à conserva, desde a pesca à preservação de uma espécie de peixe que é símbolo de Portugal, e é complementada com uma conversa partilhada entre António Marques, do Centro de Arqueologia de Lisboa, e Ana Ferreira Fernandes, autora da transcrição sobre o regulamento de venda das sardinhas, no próximo dia 23 de Novembro, sob o título “O Milagre da Sardinha”.

Canastra do Fidalgo: Entre a ria e o mar

Canastra do Fidalgo

Os antigos “palheiros” de madeira construídos pelos pescadores, posteriormente transformados em casas de veraneio, pintadas às riscas, são o mais conhecido cartão de visita da Costa Nova do Prado, atraindo muitos milhares de visitantes. Na época balnear, as praias, de extensos areais, juntam uma multidão. A partir de setembro, a fauna muda, deixando mais espaço […]

Os antigos “palheiros” de madeira construídos pelos pescadores, posteriormente transformados em casas de veraneio, pintadas às riscas, são o mais conhecido cartão de visita da Costa Nova do Prado, atraindo muitos milhares de visitantes. Na época balnear, as praias, de extensos areais, juntam uma multidão. A partir de setembro, a fauna muda, deixando mais espaço aos surfistas e àqueles que buscam as delícias que a ria e o mar têm para oferecer.

Bons restaurantes não faltam na Costa Nova (curiosamente, na Barra, mesmo ali ao lado, ainda não houve um que conseguisse ganhar notoriedade). O mais antigo, a Marisqueira da Costa Nova, fundada em 1940, pode considerar-se a mãe (ou pai) de todos os outros. Dali, saíram profissionais de cozinha e de sala que depois impulsionaram restaurantes, como o Praia do Tubarão ou o Dóri, nomes seguros na lista de “imperdíveis” da Costa, lista essa que, nos últimos anos, tem vindo a ser liderada pela Canastra do Fidalgo, sobretudo desde a aquisição do espaço, em 2018, pelo casal Leandro Mota e Joana Martins.

De uma geração diferente dos outros empresários locais, que aprenderam fazendo, Leandro e Joana conheceram-se na escola de hotelaria, onde ele concluiu a formação em Cozinha e ela em Gestão Hoteleira. O percurso académico influenciou a forma cuidada como a cozinha e o serviço são trabalhados na Canastra do Fidalgo, apoiando-se numa equipa jovem que conta, ainda, com Leonardo Costa (nos fogões) e João Candeias (na sala), e que fez deste espaço um verdadeiro hino à arte de bem comer e bem servir.

A ementa assenta na matéria prima local, entre enguias, ostras, ameijoas e berbigão, da ria, os robalos, pregados, rodovalhos, bacalhau, etc., tudo do mar, transformados em pratos – ensopados, massadas, grelhados, frituras… – que honram o receituário regional, aqui moldada com um toque contemporâneo. A carta de vinhos, vasta e coerente, busca igualmente a proximidade, com destaque para a Bairrada. E o ambiente, entre sala e a esplanada, protegida do vento norte e aquecida no inverno, alia-se à comida saborosa e genuína e ao serviço de excelência. Tudo isto torna a Canastra do Fidalgo um restaurante de visita tão obrigatória quanto as casinhas às riscas.

Canastra do Fidalgo

Av. José Estevão, 240 – Costa Nova do Prado

Fecha às segundas e domingo ao jantar.

Tel: 234394859 – geral@canastradofidalgo.pt

Palhete ou Clarete? 7 Sugestões para acompanhar castanhas

castanhas

Já ouviu falar dos vinhos Palhete e Clarete? Há cada vez mais produtores a produzirem estas referências porque os consumidores também começam a procurar por este tipo de vinhos mais leves. O vinho Palhete é feito com maioria de uvas tintas, mas com alguma uva branca misturada no máximo até 15%, fermenta com as películas, […]

Já ouviu falar dos vinhos Palhete e Clarete? Há cada vez mais produtores a produzirem estas referências porque os consumidores também começam a procurar por este tipo de vinhos mais leves.

O vinho Palhete é feito com maioria de uvas tintas, mas com alguma uva branca misturada no máximo até 15%, fermenta com as películas, mas por pouco tempo e tem uma cor rosada mais carregada, às vezes quase tinto muito leve.

O vinho Clarete é um tinto com pouca maceração, feito apenas de uvas tintas. Tem um tom claro, mas mais escuro que um rosé e fermenta como um tinto (com películas).

Para acompanhar castanhas sugerimos estes dois tipos de vinho porque são simples, saborosos e descomplicados, tal como as castanhas! Podemos considerar que são a versão moderna da água pé!

 

OUTROS PRAZERES: OSTRAS E VINHO

Ostras e vinho

A harmonização entre ostras e vinhos é uma das mais antigas e, talvez, uma das mais bem conseguidas à mesa. Praticada em todo o mundo, dá origem a momentos inequívocos de prazer, sobretudo para quem tiver, como eu, amigos com casa de praia virada para um dos lugares para onde gosto de olhar, a ria […]

A harmonização entre ostras e vinhos é uma das mais antigas e, talvez, uma das mais bem conseguidas à mesa. Praticada em todo o mundo, dá origem a momentos inequívocos de prazer, sobretudo para quem tiver, como eu, amigos com casa de praia virada para um dos lugares para onde gosto de olhar, a ria Formosa. Afinal, é daqui que saem algumas das melhores ostras que se produzem em Portugal. Acabadinhas de abrir por alguém que o saiba para fazer, na companhia do vinho certo e de amigos de longa data, que partilhem o apreço por estes moluscos, que gosto de usufruir com todo o tempo do mundo.

Mas nem todos os vinhos servem para acompanhar ostras na mesa. A escolha natural vai, como parece óbvio, para os brancos. A parceria com tintos iria proporcionar, aos aventureiros que a quisessem fazer, uma sensação de gosto a ferrugem, devida ao elevado teor de iodo contido nestes moluscos, em conjugação com os taninos do vinho, algo que, para mim, não é nada agradável e seria um desperdício de tempo. Por motivo semelhante, evitam-se os brancos estagiados em madeira de carvalho.

Estimular o sonho

Os aromas discretos das ostras impedem a sua associação com brancos pujantes, excessivamente aromáticos e muito estruturados na boca. Elas querem-nos leves, com aromas delicados, boa acidez e equilíbrio, para complementar os seus sabores e a salinidade.

Já sentiu o prazer de estar numa esplanada de beira praia, a saborear umas ostras abertas ao natural, com um pingo de limão, na companhia de um vinho Alvarinho? É uma sensação inolvidável e digna de muitas repetições. Vinhos como o Deu la Deu, Soalheiro ou Dona Paterna, de personalidades distintas, são três exemplos de boas companhias para as ostras, no final de tarde a olhar o mar. Pelo menos para mim. O vigor suave do aroma floral da casta Alvarinho, marcado também pelo odor leve a frutos frescos, o equilíbrio na boca e o prolongar da sensação de frescura complementam e completam os sabores a mar deste produto, para proporcionar momentos de prazer.

Há muitos bons exemplos de relações entre brancos e ostras, mas não há nada que pareça melhor que um copo de champagne ou espumante com uma ostra aberta no momento. Esta imagem elegante estimula, ilumina o espírito e provoca o sonho.

É provável que, há centenas de anos, ostras e champagnes sejam apreciados em conjunto, pois as primeiras grandes casas produtoras da região francesa que se desenvolvem em redor de Reims datam dos primórdios do século XVIII.

Inicialmente, a conjugação não seria, de certo, acessível a todos. Porém, agora, com a produção de espumantes de qualidade em Portugal, como os portugueses Côto de Mamoelas, dos Vinhos Verdes, Montanha Cá, da Bairrada, ou Quinta do Rol Blanc, de Blancs, de Lisboa (uma pequena amostra só para demonstrar que já há opções em quase todas as regiões), a união tornou-se mais acessível um pouco por todo o lado.

 

Os aromas discretos das ostras impedem a sua associação a brancos pujantes, excessivamente aromáticos e muito estruturados na boca

Ostras e champagne constituem um dos melhores exemplos de harmonizações entre comida e vinhos

 

Conjugação incoerente

No entanto, esta harmonização parece incoerente. As sensações predominantes de uma ostra fresca na boca são a suculência, salinidade intensa, falta de untuosidade, amargor, gosto a iodo e aroma medianamente intenso.

Por um lado, champagnes e espumantes são frescos e ácidos, porque são feitos com uvas colhidas pouco maduras e à presença de gás carbónico natural, que faz salientar o sabor e a sensação de acidez e atenua a macieza. Por isso, quando se aprecia ostras com champagne ou espumante há um conflito, na cavidade bucal, pelo realce da suculência e da dureza causada pela salinidade do molusco. O sabor forte das ostras é potenciado pelo impacto ácido do espumante e incrementado pelo picar do dióxido de carbono.

Por outro lado, não há macieza a opor-se, proporcionada por gorduras sólidas e alguma doçura. Parece não haver equilíbrio, o que é um contra-senso. Portanto, ostras e champagne constituem um dos melhores exemplos de harmonizações entre comida e vinhos. O seu sucesso é um facto demonstrado e irá certamente durar muitos mais anos.

 

O segredo da harmonização

De acordo com um estudo recente realizado na Universidade de Copenhaga (UCPH), na Dinamarca, o segredo que explica o prazer proporcionado pela combinação de espumante com ostras pode estar no sabor umami existente em certos tipos deste molusco e alguns espumantes. “Muitas pessoas associam umami ao sabor da carne, mas descobrimos que também é encontrado em ostras e champanhe”, esclarece o professor Ole G. Mouritsen, do Departamento de Ciência dos Alimentos da UCPH. “A resposta pode ser encontrada no chamado sabor umami que, junto com o doce e salgado, é um dos cinco sabores básicos detectáveis pelas papilas gustativas humanas”, acrescenta.

Os níveis no champanhe podem não ser perceptíveis por si só. Todavia, quando consumidos com ostras, desenvolve-se uma “sinergia umami”, que torna o emparelhamento particularmente atraente, revela o estudo publicado nos “Scientific Reports da Nature”. As células de levedura mortas, as borras, contribuem com o sabor umami no champanhe via glutamato, enquanto o carácter umami pode ser encontrado nos músculos das ostras, via nucleotídeos, de acordo com os investigadores.

Ostras e vinho

Muitas pessoas associam umami ao sabor da carne, mas também é encontrado em ostras e champanhe

 

As ostras portuguesas

Há quem diga que são de cá, contudo parece que as ostras portuguesas, conhecidas em França como Les Portugaises, são originárias da Índia ou do Japão. Descendem da ostra japonesa e viajaram até Portugal no fim do século XVI, nas quilhas dos barcos e como alimento rico em proteínas para as tripulações. Lançadas nos estuários do Tejo e do Sado, desenvolveram-se e evoluíram devido às boas condições daqueles que seriam mais tarde considerados os maiores bancos naturais de ostras da Europa. A apanha das ostras chegava a empregar mais de quatro mil pessoas na zona de Setúbal, mas a instalação de indústrias pesadas e de estaleiros no estuário do Sado causou o quase desaparecimento deste molusco.

Hoje, já há várias empresas a produzir ostras. “O Tejo tem um estuário muito amplo, com acesso a muita água fresca todos os dias e tem águas límpidas, ao contrário do que as pessoas pensam, por haver muitas cidades em volta, com zonas muito boas para captação de ostras”, expõe Hugo Castillo, 51 anos, proprietário da Bluetaste – Mariscos Sazonais, empresa que comercializa, para além de ostras, outros bivalves e perceves. Segundo este responsável, que produz ostras na ria Formosa e as comercializa em Portugal, França e na Holanda, a produção destes moluscos é sustentável a 100%. “Aquilo que fazemos é colocá-las dentro de sacos, que ficam sujeitos ao sabor do efeito das marés, que trazem o fitoplâncton essencial à sua alimentação, com o objectivo de produzir ostras de qualidade, calibradas e muito gordas quando são colocadas na mesa, sempre com foco na segurança alimentar”, informa.

As ostras são adquiridas em maternidades francesas, a vários fornecedores da região de La Rochelle. “Compramos aquilo que chamamos semente, no nosso caso com seis milímetros, que são colocadas num berçário até terem as condições certas, para serem colocadas em sacos com uma malha específica, que impede que as ostras se escapem enquanto crescem”. À medida que isso acontece, são colocadas em sacos com malha maior e em número reduzido de unidades por saco, como é evidente. Isso permite que entre mais água e comida, para se poderem alimentar. No final, as ostras têm de ser afinadas, processo “que as habitua a estarem mais tempo fora de água e ajuda-as a enrijecer, e a desenvolver o músculo”, conta Hugo Castilho. O empresário afirma, ainda, que a costa portuguesa tem condições muito especiais para a produção de ostras, bem como de outros bivalves e crustáceos, não só devido à existência copiosa de alimento nas águas, mas também à temperatura. “Isso permite que se produza uma ostra comercial, com qualidade, ao fim de 14 meses, em Portugal, enquanto, em França, o processo demora 36”, elucida Hugo Castilho.

 

A arte de bem saborear

Escolha

Na compra de ostras, há que verificar a origem e reparar se reagem à pressão dos dedos. Estão vivas se fechadas com firmeza. A carne interior deve ser consistente, não apresentando aspecto leitoso, fino ou demasiado aguado, e deve cheirar a maresia.

Abertura

Devem ser abertas com uma faca própria, inserida entre as duas conchas, no lado plano. Deve começar-se na zona mais estreita, cortando, primeiro, o músculo e, só depois, ir para a mais larga. O vértice delas deve estar virado para o manuseador e a parte côncava para baixo. Tem de se ter algum cuidado no seu manuseamento, devido às arestas cortantes das conchas.

Degustação

Para os apreciadores, a ostra consome-se crua ou, no máximo dos máximos, com uma gota de limão. Mas há também quem goste delas com molho vinagrento. Quando cozinhadas ao vapor, como é tradição no Algarve, devem ser colocadas num tacho de fundo largo, com um dedo travesso de água e a parte côncava para baixo. São levadas a lume forte até a fervura chegar à tampa, que se levanta e coloca novamente. Na segunda fervura, estão prontas para serem apreciadas quentes.

Por vezes, são cozinhadas na chapa. O resto das versões depende da imaginação dos cozinheiros, mas perderão quase sempre o aroma e gosto a mar, principal motivo da sua capacidade de sedução. Os que gostam de encontros inolvidáveis, podem apreciar as ostras cruas com Alvarinho de Melgaço, espumante ou champagne, de preferência com algum tempo de estágio.

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2025)

Nunes Real Marisqueira: O prazer de bem mariscar

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Situada entre o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, a escassos quilómetros do centro de Lisboa, a Nunes Real Marisqueira tem, como trave-mestra do seu prestígio, os produtos do mar. A entrada de ar discreto dificilmente desperta a imaginação para o que se vai encontrar naquele espaço amplo, cheio de cores fortes, a […]

Situada entre o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, a escassos quilómetros do centro de Lisboa, a Nunes Real Marisqueira tem, como trave-mestra do seu prestígio, os produtos do mar. A entrada de ar discreto dificilmente desperta a imaginação para o que se vai encontrar naquele espaço amplo, cheio de cores fortes, a fazer lembrar um lugar de festa.

A primeira coisa que se vê, pois é impossível não reparar nela, é a banca de mariscos e a cozinha, onde vários profissionais se afadigam, de mãos na massa, a cozinhar para os comensais do dia. Mais à frente, há vários ambientes à escolha, desde o bar e das mesas altas, que sugerem um convívio mais descontraído, ao conforto das mesas redondas envolvidas por sofás altos de veludo, a realçar um ambiente mais íntimo, para refeições entre amigos, por exemplo.

Escolhemos uma mesa para dois, porque era para isso que lá estávamos, para estar e conversar um com o outro em dia de aniversário de casamento. Pelo meio fomos apreciando algo que gosto muito, Anchovas do Mar Cantábrico com pão de cristal, saboreadas bem devagar, ou não tivesse todo o tempo do mundo, para além de um viciante Casco de sapateira recheado e de algumas ostras, às quais nunca resistimos; Amêijoas à Bolhão Pato, um par de Gambas reais grelhadas, por sugestão do chefe de sala e que estavam deliciosas, e Gamba branca do Algarve, porque estou viciado nelas desde jovem. Compro-as sempre que vou a Olhão, mas nem ali nem noutros sítios da costa algarvia ou andaluza as encontro tão grandes, como as que a Nunes Real Marisqueira dispõe, sempre no ponto certo de cozedura, para seduzirem e “obrigarem”, quem lá vai, a voltar.  Para companhia, foi escolhido o Alvarinho Ipiranga de 2023, do enólogo António Braga, um grande parceiro de quase tudo o que veio para a mesa, com a excepção das ostras. Uma noite boa e feliz.

nunes

 

 

Serviço refinado

O que diferencia esta casa de outras marisqueiras, para além da frescura do marisco, que Miguel Nunes selecciona com cuidado junto dos fornecedores, é o serviço “refinado, eficaz e atencioso” e a oferta variada de pratos de peixe, incluindo, por exemplo, os Filetes de peixe-galo com açorda de ovas ou o Robalo ao sal. Para quem gosta de petiscar, como eu, sugiro as Puntilhitas (lulinhas fritas), os Chocos à algarvia e,  para terminar, o Pica-pau de lombo.

 

 

 

Nunes Real Marisqueira

Rua Bartolomeu Dias, nº 172 E 1400-031 Lisboa

Aberto todos os dias, das 12h30 às 00h00

Tel.: 213 019 899

hello@nunesmarisqueira.pt

www.nunesmarisqueira.pt

 

 

Um brinde aos vencedores do Concurso dos Vinhos de Lisboa

lisboa

Dois vinhos generosos, com a chancela Villa Oeiras, e duas aguardentes vínicas da Adega da Lourinhã recebem a Grande Medalha de Ouro da edição de 2025 do Concurso dos Vinhos de Lisboa. No âmbito dos vencedores da Medalha de Ouro, há 10 categorias a conhecer: Melhor Branco, Melhor Tinto, Melhor Rosé, Melhor Arinto, Melhor Vital, […]

Dois vinhos generosos, com a chancela Villa Oeiras, e duas aguardentes vínicas da Adega da Lourinhã recebem a Grande Medalha de Ouro da edição de 2025 do Concurso dos Vinhos de Lisboa. No âmbito dos vencedores da Medalha de Ouro, há 10 categorias a conhecer: Melhor Branco, Melhor Tinto, Melhor Rosé, Melhor Arinto, Melhor Vital, Melhor Leve Lisboa, Melhor Espumante, Melhor Vinho Generoso, Melhor Colheita Tardia e Melhor Aguardente Vínica. Destaque ainda para os quatro Top-5 divididos em brancos, tintos, Arinto e Leve Lisboa. Ao todo, foram distinguidas 45 referências vínicas entre as 150 provadas por um painel de críticos, especialistas e enólogos.

“Este é um concurso que mais uma vez posiciona e valoriza a qualidade, a consistência, a diversidade e a identidade dos Vinhos de Lisboa, uma das grandes regiões portuguesas, expressão de um carácter atlântico único, cada vez mais reconhecido em Portugal e nos principais mercados de exportação”, afirma Carlos Fonseca, Vogal da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, entidade promotora e organizadora deste desafio vínico.

A lista dos vencedores do concurso:

Grande Medalha de Ouro

Vinhos Generosos

Villa Oeiras Superior branco DOC Carcavelos (Melhor Vinho Generoso)

Villa Oeiras 12 Anos DOC Carcavelos 2010

Aguardentes Vínicas

Clássica 32ª Série Aguardente DOC Lourinhã XO (Melhor Aguardente Vínica)

Matriz Aguardente DOC Lourinhã XO

Top-5

Brancos

Adega da Vermelha Grande Reserva 2021 | Adega da Vermelha

Coragem Chardonnay 2024 | Vidigal Wines

Carlota A Imperatriz Sauvignon Blanc 2024 | QVBFG, Sociedade de Vinhos da Estremadura

Quinta das Cerejeiras Grande Reserva 2022 |Companhia Agrícola do Sanguinhal

Corrieira Juntos Arinto Chardonnay 2023 | Quinta da Corrieira Grande

Tintos

AdegaMãe Terroir 2016 | AdegaMãe

Vinhas do Lasso Garrafeira 2013 | Quinta do Pinto

Peripécia Merlot 2020 | Cerrado da Porta

Troviscal Grande Reserva 2018 | Cerrado da Porta

Adega da Vermelha Grande Reserva 2019 | Adega da Vermelha

Arintos

Quinta do Lagar Novo 2019 | TAG Wine

Carlota A Imperatriz 2021 | QVBFG, Sociedade de Vinhos da Estremadura

CH by Chocapalha 2021 | Casa Agrícola das Mimosas

Casa Santos Lima Oak Aged 6 Months 2023 | Casa Santos Lima

Casa Santos Lima 2023 | Casa Santos Lima

Leve Lisboa

Azulejo branco 2024 | Casa Santos Lima

Mirante branco | Adega Cooperativa da Carvoeira

Azulejo rosé 2024 | Casa Santos Lima

Solar da Marquesa branco 2024 | Casa Agrícola Horácio Nicolau

Félix Rocha branco 2023 | Félix Rocha

Medalha de Ouro

Brancos

Adega da Vermelha Grande Reserva 2021 (Melhor Branco) | Adega da Vermelha

Coragem Chardonnay 2024 | Vidigal Wines

Carlota A Imperatriz Sauvignon Blanc 2024 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

Quinta das Cerejeiras Grande Reserva 2022 | Companhia Agrícola do Sanguinhal

Corrieira Juntos Arinto Chardonnay 2023 | Quinta da Corrieira Grande

Adega D’Arrocha Reserva Fernão Pires 2023 | Adega D’Arrocha

Quinta do Gradil Reserva 2018 | Quinta do Gradil

Carlota a Imperatriz Fernão Pires 2024 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

Quinta do Lagar Novo 2019 (Melhor Arinto) | Quinta do Lagar Novo

Carlota A Imperatriz Arinto 2021 | QVBFG – Sociedade Vinhos da Estremadura

CH by Chocapalha Arinto 2021 | Quinta de Chocapalha

Casa Santos Lima Arinto Oak Aged 6 Months 2023 | Casa Santos Lima

Empatia Superior Vital 2023 (Melhor Vital) | Adega da Labrugeira

Adega D’Arrocha Grande Escolha Vital 2023 | Adega D’Arrocha

Tintos

AdegaMãe Terroir 2016 (Melhor Tinto) | AdegaMãe

Vinhas do Lasso Garrafeira 2013 | Quinta do Pinto

Peripécia Merlot 2020 | Cerrado da Porta

Troviscal Grande Reserva 2018 | Cerrado da Porta

Adega da Vermelha Grande Reserva 2019 | Adega da Vermelha

Quinta do Pinto Reserva Touriga Nacional 2019 | Quinta do Pinto

Quinta de Chocapalha tinto 2020 | Quinta de Chocapalha

AdegaMãe Castelão 2021 | AdegaMãe

Reserva das Cortes Reserva tinto 2021 | Paço das Côrtes

Brutalis tinto 2020 | Vidigal Wines

Marquês de Lisboa Alicante Bouschet 2023 |

Chocapalha Vinha Mãe Tinto 2019 | Quinta de Chocapalha

Coragem Touriga Nacional 2021 | Vidigal Wines

Espumantes

Quinta Cerrado da Porta Grande Reserva Arinto 2015 (Melhor Espumante) | Cerrado da Porta

Quinta Cerrado da Porta Grande Reserva Chardonnay 2019 | Cerrado da Porta

Adega de São Mamede Reserva Branco 2022 | Adega de São Mamede

Colheitas Tardias

Quinta das Marés by Santa Bárbara 2021 (Melhor Colheita Tardia) | Lés a Lés

Generosos

Villa Oeiras 7 anos DOC Carcavelos | Município de Oeiras

 Aguardentes

Quinta do Rol VSOP Aguardente DOC Lourinhã | Quinta do Rol

Medalha de Prata

Romeira 2024 (Melhor Rosé) | Quinta da Romeira

Rua da Betesga Reserva Tinto 2020 | Adega Moor

Talismã Reserva Branco 2024 | Adega Cooperativa da Labrugeira

Casa Santos Lima Oak Aged 6 Months Chardonnay 2024 | Casa Santos Lima

Colossal Chardonnay 2024 | Casa Santos Lima

Casa Santos Lima Arinto 2023 | Adega Moor

Félix Rocha Arinto Reserva 2021 | Félix Rocha

A Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa engloba os Vinhos IGP Lisboa e as DOC de Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas D’ Aire, Lourinhã, Carcavelos, Colares e Bucelas. Este território vitivinícola agrega 10 mil hectares de vinha certificada, o que se traduz em vendas anuais de 69 milhões de garrafas, com a exportação a registar os 80% para cerca de 100 países.

Anúncio de vencedores do concurso de vinhos “Escolha da Imprensa”

Vencedores

O concurso organizado pela Grandes Escolhas, resulta do convite que esta revista especializada endereça a colegas da Comunicação Social, da televisão, rádios, imprensa e de várias plataformas na internet e redes sociais que habitualmente opinam, escrevem ou falam sobre vinhos. Foram 44 os jurados que provaram os 600 vinhos em prova de que resultaram os […]

O concurso organizado pela Grandes Escolhas, resulta do convite que esta revista especializada endereça a colegas da Comunicação Social, da televisão, rádios, imprensa e de várias plataformas na internet e redes sociais que habitualmente opinam, escrevem ou falam sobre vinhos. Foram 44 os jurados que provaram os 600 vinhos em prova de que resultaram os vencedores hoje anunciados.

Divididos em cinco categorias – Espumantes, Brancos, Rosados, Tintos e Fortificados – os vinhos foram apreciados em prova cega, revelando uma qualidade média muito assinalável. Para cada uma das categorias enunciadas foram atribuídos dois tipos de prémios. O “Grande Prémio Escolha da Imprensa” para os 3 melhores vinhos classificados em cada uma das categorias. E o “Premio Escolha da Imprensa” (Ex-aequo) para os vinhos que obtiveram a mais altas classificações neste concurso.

Os Grandes Prémios Escolha da Imprensa foram (por ordem alfabética) :

 

Categoria Espumantes

Borges Real Senhor Multimillésime branco, Vinhos Borges

Caves São João Homenagem a Luiz Costa Bairrada branco 2018, Caves São João

Murganheira Extrême Távora-Varosa Pinot Blanc branco 2016, Soc. Agr. e Comercial da Varosa

 

Categoria Vinhos Brancos

Anselmo Mendes Private Vinho Verde Loureiro 2021, Anselmo Mendes Vinhos

CH by Chocapalha Regional Lisboa Arinto Vinhas Velhas 2022, Casa Agr. das Mimosas

Quinta da Rede Douro Grande Reserva 2020, Quinta da Rede

 

Categoria Vinhos Rosados

Dona Aninhas Regional Lisboa Reserva 2024, Multiwines

Marquês de Marialva Bairrada Baga Grande Reserva 2021, Adega de Cantanhede

Pousio Regional Alentejano Selection 2024, Casa Agrícola HMR

 

Categoria Vinhos Tintos

Altas Quintas Alentejo-Portalegre Reserva 2022,

Quinta Nova Vinha Centenária Ref P29/P21 Douro 2021, Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo

Reguengos Alentejo Garrafeira dos Sócios 2021, CARMIM

 

Categoria Vinhos Fortificados

Dalva Porto Branco 50 Anos, Granvinhos

Dona Antónia Porto Tawny 30 Anos, Sogrape

Dona Ermelinda Setúbal Moscatel Roxo de Setúbal 2013, Ermelinda Vinhos de Portugal

 

=> Lista completa de premiados no Concurso Escolha da Imprensa 2025

 

 

 

Abrem-se as portas do JNcQUOI Fish, no piso térreo do JNcQUOI House

JNcQUOI FISH

Abrem-se as portas do JNcQUOI Fish, no piso térreo do JNcQUOI House, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, pertencente ao grupo Amorim Luxury. Ao leme estão os chefs Filipe Carvalho e António Bóia. O tributo é feito ao oceano que banha o litoral de Portugal… no prato. Objetivo? Elevar a cozinha portuguesa a um patamar […]

Abrem-se as portas do JNcQUOI Fish, no piso térreo do JNcQUOI House, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, pertencente ao grupo Amorim Luxury. Ao leme estão os chefs Filipe Carvalho e António Bóia. O tributo é feito ao oceano que banha o litoral de Portugal… no prato. Objetivo? Elevar a cozinha portuguesa a um patamar mais sofisticado e igualmente criativo, a par com técnicas refinadas, mas sem cair na tentação do fine dining.

Só para começar e acompanhar o couvert (8€) constituído por pão de trigo Barbela, brandade de bacalhau e azeitonas, que tal um Pastel de bacalhau com caviar e molho tártaro (16€)? Entre as entradas frias, ficam as seguintes sugestões: “Laminado de atum com foie gras e Queijo de São Jorge (29€), o Caranguejo Real com salada russa, gamba branca do Algarve e tártaro de atum (37€) ou o Fatiado de peixe com caviar, gengibre e ervas finas (36€). Na lista das entradas quentes, há, entre outros, o Camarão à Joël Robuchon (29€), o Bacalhau Dourado JNcQUOI (34€) ou o Carabineiro ao alho com ovos de codorniz estrelados (55€).

O Carabineiro com arroz cremoso de limão (44€) é um dos pratos principais do JNcQUOI Fisch a par com o Bitoque de atum com ovo a cavalo (75€/para duas pessoas) ou o Arroz de lavagante nacional com coentros (75€). Acrescem as confeções efetuadas no forno central da cozinha aberta para todos os recantos da sala. Exemplo? O Polvo assado à lagareiro (38€) ou o Peixe à portuguesa (preço sob consulta).

Guarde espaço e tempo para a Baba de crocodilo (11€), uma das oito sobremesas de uma ementa que combina com a estética deste novo espaço gastronómico da capital do país.