Caves São João celebra 100 anos com Espumante e Porto Vintage
TEXTO Luís Lopes Foi em 2010 que nasceu a ideia de assinalar o centenário das Caves São João com a apresentação anual de um vinho que simbolizasse uma década da história dos séculos XX e XXI, desde a fundação da empresa em 1920 até ao momento presente. Foram assim lançados sucessivamente 11 produtos, brancos, tintos, […]
TEXTO Luís Lopes
Foi em 2010 que nasceu a ideia de assinalar o centenário das Caves São João com a apresentação anual de um vinho que simbolizasse uma década da história dos séculos XX e XXI, desde a fundação da empresa em 1920 até ao momento presente. Foram assim lançados sucessivamente 11 produtos, brancos, tintos, espumantes e aguardentes, desde o “90 anos de História”, que tinha como mote “The Jazz Singer” (a primeiro filme sonoro colocado no circuito comercial), apresentado em 2010, até aos dois vinhos que agora chegam ao mercado. Até ao momento, todos estes vinhos comemorativos foram produzidos pelas Caves São João. A excepção ocorre precisamente no centenário, onde ao lado de um espumante da casa, de 2015, surge um Porto Vintage de 2017 elaborado pela Niepoort.
A escolha não foi descontextualizada da história deste projecto. Na verdade, nos primeiros anos da empresa o negócio de Porto era importante, tendo as Caves São João comercializado este vinho até ao final dos anos 20. Do mesmo modo, não foi por acaso que o Vintage escolhido veio da Niepoort: desde os anos 60 que foi crescendo uma grande amizade entre os irmãos Luís e Alberto Costa (sócios gerentes das Caves São João durante largas décadas) e Rolf Niepoort, quarta geração da família à frente desta casa de Porto e Douro que dirigiu até 1997. Foi o seu filho, Dirk Niepoort que elaborou este lote especial, que difere dos Vintages 2017 já lançados pela Niepoort. O Caves São João 100 anos de História Porto Vintage 2017 foi feito a partir de uvas provenientes de vinhas centenárias e totalmente pisado e fermentado em lagar. Foram cheias 1000 garrafas das quais, numa primeira fase, serão vendidas apenas 100, na garrafeira Nacional, em Lisboa, ao preço de €150.
O outro vinho comemorativo do centenário é, como não poderia deixar de ser numa casa bairradina, um espumante.Pensado propositadamente para esta ocasião, trata-se de um Pinot Noir Bruto Natural da colheita 2015. Uma edição também limitada, com 2784 garrafas numeradas e que tal como o Vintage será comercializada, num primeiro momento, pela Garrafeira Nacional. Custa €40.
Estes dois vinhos constituem o fecho em beleza de um projecto bastante original, como singular (e muitas vezes pioneira) tem também sido esta empresa ao longo da sua extensa história.
Nova colheita do Monsaraz Espumante chega com imagem renovada
A linha de vinhos Monsaraz, da alentejana CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, viu a sua imagem ser renovada já em Maio de 2019, mas o Monsaraz Espumante ainda não tinha saído com a nova roupagem. Agora, com a chegada ao mercado da colheita de 2017, a garrafa mostrou-se diferente e com um […]
A linha de vinhos Monsaraz, da alentejana CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, viu a sua imagem ser renovada já em Maio de 2019, mas o Monsaraz Espumante ainda não tinha saído com a nova roupagem. Agora, com a chegada ao mercado da colheita de 2017, a garrafa mostrou-se diferente e com um rótulo estilizado.
“Acreditamos que esta nova imagem confere sobriedade e distinção. A gama Monsaraz, com uma identidade própria associada à tradição, é uma das insígnias mais representativas no portefólio da CARMIM”, afirma a empresa em comunicado.
O Monsaraz Espumante é feito das castas Perrum e Arinto, um espumante de método clássico com nove meses de estágio em cave.
Espumante Quinta de São Lourenço 2008 vence concurso na Bairrada
No âmbito do evento Aqui na Bairrada – Beber e Saborear, realizou-se a edição de 2019 do Concurso de Espumantes e Vinhos Bairrada. O painel de 15 provadores elegeu, com Grande Medalha de Ouro, o Quinta de São Lourenço Espumante branco 2008, das Caves do Solar de São Domingos. A concurso estiveram quase 70 referências, […]
No âmbito do evento Aqui na Bairrada – Beber e Saborear, realizou-se a edição de 2019 do Concurso de Espumantes e Vinhos Bairrada. O painel de 15 provadores elegeu, com Grande Medalha de Ouro, o Quinta de São Lourenço Espumante branco 2008, das Caves do Solar de São Domingos.
A concurso estiveram quase 70 referências, entre espumantes, vinhos tranquilos brancos e vinhos tintos. Com uma qualidade geral bastante elevada, não houve medalhas de prata, tendo todos os vinhos premiados – correspondentes a 30% da amostra – alcançado medalhas de ouro: dois espumantes com estágio até 24 meses; nove espumantes com estágio igual ou superior a 24 meses; três brancos e sete tintos.
Os premiados:
Grande Medalha de Ouro
Quinta de São Lourenço Espumante branco 2008 – Caves do Solar de São Domingos, S.A.
ESPUMANTES ESTÁGIO MENOS DE 24 MESES
Ouro
Aplauso Espumante branco 2017 – Ampulheta Mágica, Lda.
Marquês de Marialva Espumante rosé – Adega Cooperativa de Cantanhede, C.R.L
ESPUMANTES IGUAL OU SUPERIOR A 24 MESES
Ouro
Aliança Grande Reserva Espumante branco 2012 – Aliança – Vinhos de Portugal, S.A.
Casa do Canto Baga Bairrada Espumante branco 2015 – Caves São João – Sociedade dos Vinhos Irmãos Unidos, Lda.
Elpídio Espumante branco 2013 – Caves do Solar de São Domingos, S.A.
Marquês de Marialva Espumante branco 2014 – Adega Cooperativa de Cantanhede, C.R.L
Messias Espumante branco 2013 – Soc. Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias, S.A.
Milheiro Selas Espumante branco 2014 – António Assunção Coelho Selas
Montanha Baga & Chardonnay Grande Cuvée Espumante branco 2010 – Anadiagro, Lda.
Quinta de São Lourenço Espumante branco 2008 – Caves do Solar de São Domingos, S.A.
Quinta do Poço do Lobo Baga Bairrada Espumante branco 2016 – Caves São João – Sociedade dos Vinhos Irmãos Unidos, Lda.
Samião Espumante branco 2015 – Quinta Vale do Cruz, Lda.
VINHOS BRANCOS
Ouro
Marquês de Marialva branco 2015 – Adega Cooperativa de Cantanhede, C.R.L
Quinta dos Abibes branco 2015 – Quinta dos Abibes Vitivinicultura Unipessoal, Lda.
Samião branco 2017 – Quinta Vale do Cruz, Lda.
VINHOS TINTOS
Ouro
A. Henriques tinto 2016 – Caves Montanha – A. Henriques, Lda.
Marquês de Marialva tinto 2014 – Adega Cooperativa de Cantanhede, C.R.L
Nelson Neves tinto 2013 – Célia Moreira Briosa Neves – Herdeiros
Quinta do Poço do Lobo tinto 2015 – Caves São João – Sociedade dos Vinhos Irmãos Unidos, Lda.
Quinta dos Abibes tinto 2015 – Quinta dos Abibes Vitivinicultura Unipessoal, Lda.
São Domingos tinto 2015 – Caves do Solar de São Domingos, S.A.
Samião tinto 2017 – Quinta Vale do Cruz, Lda.
Blanc de Noir: O mundo das estrelas
O desenvolvimento dos espumantes brancos feitos a partir de uvas tintas é ainda relativamente recente em Portugal, mas parece constituir uma via cada vez mais apetecível para os produtores nacionais. A rica história do Blanc de Noir em Champagne atesta a validade do conceito. TEXTO Dirceu Vianna Junior MW FOTOS Ricardo Palma Veiga Comecemos pelo […]
O desenvolvimento dos espumantes brancos feitos a partir de uvas tintas é ainda relativamente recente em Portugal, mas parece constituir uma via cada vez mais apetecível para os produtores nacionais. A rica história do Blanc de Noir em Champagne atesta a validade do conceito.
TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Comecemos pelo princípio, com a origem e contexto histórico dos blanc de noirs. A região de Champagne, situada no nordeste da França, é sinónimo de espumantes de qualidade. A associação é tão forte que muitos associam esse local com a criação do estilo; no entanto, documentos encontrados na Abadia de St Hilaire, em Limoux, sul da França, datados no ano de 1531, constituem as evidências mais antigas associadas a este estilo de vinho. O primeiro espumante da região de Champagne tem origem em 1690. Conta-nos a história que um monge benedictino foi ouvido chamando entusiasticamente os seus companheiros para o porão da Abadia de Hautvillers sob o pretexto: ‘‘Irmãos venham, estou vendo estrelas”, referindo as pequenas borbulhas evidentes no vinho.
A verdade é que Champagne não foi um produto inventado. O processo foi consequência de uma evolução que durou vários anos e contou com contribuições de várias pessoas. O monge beneditino, conhecido como Dom Perignon, foi talvez o indivíduo que mais contribuiu para o desenvolvimento desse estilo. Pelo facto de gostar do trabalho associado à terra, o monge era um viticultor prolífico e expandiu o conhecimento sobre a poda das vinhas na região. Sendo um estudioso e um meticuloso profissional, Dom Perignon desenvolveu aspectos que ajudaram a compreensão do terroir de Champagne, selecionando as melhores parcelas e identificando onde determinadas varietais poderiam obter os melhores resultados.
Além disso, tinha muito cuidado para manter as uvas intactas e, por esse motivo, preferia que a colheita fosse executada na parte da manhã, em condições mais frescas, seguida de um processo de selecção onde uvas imperfeitas eram rejeitadas. Dom Perignon preferia que o transporte dos vinhedos à adega fosse feito por mulas e burros, citando que esses animais moviam-se mais suavemente, evitando assim a possibilidade de danificar as uvas.
Parecendo entender o impacto positivo do envelhecimento, Dom Perignon optava por deixar os seus vinhos descansando por mais tempo do que os de qualquer outro produtor na época e o resultado era obviamente superior. Numa carta escrita em Novembro de 1700 por Bertin de Rocheter, comerciante da região, destinada a M. d’Artagnan, oficial do exército, ele descreve a qualidade superior dos vinhos de Hautvillers comparando o preço médio de um produto local com o preço de um vinho feito por Dom Perignon, que era quatro vezes mais caro, atingindo, na moeda da época, 900 libras.
Nem sempre era possível obter boa qualidade, principalmente no que diz respeito aos vinhos tintos, devido à falta de maturação. Até então, devido à falta de tecnologia e know-how, não era possível fazer vinhos brancos através do uso de uvas tintas. Os vinhos produzidos na região eram denominados “Vin Gris”. Esses não eram cinza como o nome sugere, mas rosa pálido e ligeiramente turvo. Entre as contribuições feitas pelo monge beneditino, uma das mais significantes foi ter sido o primeiro a produzir um vinho verdadeiramente branco a partir de uvas tintas. A prensagem era feita o mais rápido possível, tentando minimizar a possibilidade de que o mosto fosse tingido pelos componentes fenólicos responsáveis pela cor dos vinhos rosé e tintos. A sua reputação em relação a esse assunto é incontestável. Documentos encontrados na vila de Aÿ, a poucos quilómetros de Hautvillers, na sub-região do Vale de la Marne, escritos logo após a sua morte, confirmam isso.
Blanc de Noirs vs Blanc de Blancs
Quando um vinho branco é produzido exclusivamente a partir de uvas tintas, o termo Blanc de Noirs, de origem francesa, é usado para descrever esse estilo. A polpa das uvas tintas, com poucas exceções, é de facto incolor e desde que o contacto entre o mosto e a pele seja mínimo, o resultado obtido é essencialmente um vinho branco, mesmo que a cor possa apresentar uma tonalidade rosada ou nuances de cobre devido à presença de pigmentos na pele.
Na boca, esse estilo de vinho tende a ser mais encorpado, denso e pesado e frequentemente exibe características de frutos vermelhos. O termo Blanc de Noirs é frequentemente associado com a região de Champagne, onde, entre alguns dos mais notáveis exemplos, é possível destacar Krug Clos d’Ambonnay, que tem origem num pequeno vinhedo murado de somente um hectare na vila de Ambonnay; e Bollinger ‘Vieilles Vignes Francaises’, feito pela primeira vez no ano de 1969 para comemorar o septuagésimo aniversário da Madame Bollinger. Este cuvée tem sido uma das referências em termos de estilo.
Em Champagne, as uvas em questão são Pinot Noir e Pinot Meunier. Noutras regiões produtoras existem uvas locais que podem substituir ou serem incluídas no lote, como, por exemplo, a varietal País no Chile, Cabernet Franc no Vale do Loire e Baga na Bairrada, entre muitas outras.
É possível encontrar excelentes Blanc de Noirs na maioria das regiões produtoras de vinho do mundo, como por exemplo Espanha (Juve y Camps), Itália (Contadi Castaldi), Inglaterra (Ridgeview), Alemanha (Schloss Vaux), EUA (Schamsberg), Austrália (Henschke), Nova Zelândia (Johanneshof), Chile (Bodegas RE) e Brasil (Cave Geisse).
Blanc de Blancs é o estilo oposto ao Blanc de Noirs, uma vez que é feito exclusivamente a partir de uvas brancas. Celso Pereira, que desde 1989 é responsável pela produção da Caves Transmontanas, que inclui a marca Vértice, descreve um Blanc de Blancs como um estilo mais linear, fresco e mineral. Por esse motivo, tende a ser apreciado por sommeliers e profissionais do vinho, embora possa parecer um pouco austero para consumidores iniciantes. Além de acompanhar aperitivos, esse estilo é adequado para harmonizações com pratos mais delicados, especialmente frutos do mar, devido ao seu frescor, tensão e características de salinidade. As melhores sub-regiões nos distritos de Champagne para Blanc de Blancs são a Côte des Blancs e Côte de Sézanne, onde a casta Chardonnay desenvolve-se distintamente bem, especialmente nos vilarejos de Avize, Chouilly, Cramant, Le Mesnil-sur-Oger, Oger e Oiry. Entre os exemplos mais notáveis destacam-se Krug Clos du Mesnil, Pol Roger Blanc de Blancs e Taittinger Comtes de Champagne.
Blanc de Noirs em Portugal
Em Portugal os registos históricos atestam que o primeiro espumante de método tradicional foi feito pelo engenheiro José Maria Tavares da Silva, na Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada, em 1890, mas o período em que surgiu o primeiro Blanc de Noirs de Portugal é incerto. A Caves Messias parece ter sido um dos pioneiros desse estilo na década de 80, mas é provável que o enólogo da empresa naquela época, Adelino Pato Macedo, já utilizasse a casta Baga para lotes de espumantes vinificados no estilo Blanc de Noirs anteriormente a esse período. De facto, havia na altura muita procura para base de espumantes e em certos momentos não havia volume de castas brancas suficientes para a suprir.
Miguel Pereira, responsável comercial da Caves Messias, descreve o estilo Blanc de Noirs português como um espumante tipicamente robusto, potente, redondo, diferenciando-se sobretudo pela fruta vermelha, apresentando certa austeridade enquanto jovem e revelando textura mais palpável e complexidade com pouco tempo em garrafa. O que o torna perfeito para acompanhar canapés e pratos principais à base de aves ou peixes.
De acordo com Luís Pato, respeitado e carismático produtor da Bairrada que iniciou a sua carreira em 1980, a sua inspiração vem de Champagne. Resolveu fazer um Blanc de Noirs à base de Baga em 1990 e hoje elabora um estilo sem uso de sulfuroso ou qualquer adjuvante para retirar a cor. Na interpretação de Luís Pato, a casta Baga comporta-se de forma semelhante ao Pinot Noir e quando plantada em solos argilo-calcáreos pode desenvolver características similares aos bons espumantes da região de Champagne.
Apesar de o solo desempenhar um papel importante no estilo do vinho, existem uma série de parâmetros essenciais como, por exemplo, altitude e exposição. Celso Pereira descreve as condições naturais da vinha que foi plantada com Pinot Noir no Planalto de Alijó, com exposição nascente e altitude da ordem dos 610 metros, como factores críticos. O ciclo dessa parcela é curto. As vindimas ocorrem no final de Agosto, resultando em fruta com alta acidez e pH baixo, critérios fundamentais para elaboração de um vinho base para espumante de alta qualidade. Luís Pato descreve o seu Blanc de Noirs como um produto de um aproveitamento, visto que as uvas são oriundas de uma primeira vindima que é feita antecipadamente com o objetivo de reduzir a quantidade de cachos e melhorar a qualidade das uvas que serão destinadas ao vinho tinto. A primeira passagem é feita na época adequada para fazer espumantes, pois as uvas dispõem de mais acidez, mais leveza e menos aromas. Aromas delicados e frescor são vitais. Para o estilo Blanc de Noirs, a Cave Messias prefere a casta Baga oriunda de solos arenosos, que conferem intensidade da fruta adequada, aliada à leveza e ao frescor.
Os maiores desafios
Na adega, um dos maiores desafios durante a elaboração de um Blanc de Noirs, de acordo com Luís Pato, é conseguir um vinho base sem precisar de recorrer a processos como uso de carvão ou PVPP (Polivinilpolipirrolidona) para remover vestígios de cor. Celso Pereira aponta, entre os principais obstáculos, a extração e separação das diversas fracções ao longo do ciclo de prensagem, juntamente com o estágio, tanto em inox como em barricas usadas de 225 litros, como desafios permanentes. No entanto, explica que os desafios de um longo estágio, tanto na parte técnica quanto no esforço financeiro necessário, são uma das formas que encontra para diferenciar os seus produtos.
Fazer um vinho espumante diferenciado e de alta qualidade exige paciência e determinação, explica Celso Pereira. Os custos inerentes são elevados e por esse motivo comercializar um espumante que aparece no mercado nacional na faixa dos 50 euros nem sempre é fácil e em âmbito global acaba competindo directamente com um bom vinho da região de Champagne. Luís Pato explora, além da qualidade, o lado natural do produto, visto que não adiciona sulfitos e não corrige a dosagem antes de lançar o produto no mercado. Para Miguel Pereira a vantagem na hora da comercialização, mais do que ser um Blanc de Noirs, é ser um “Baga Bairrada”, pelo facto de ser uma categoria única.
Filosofias distintas resultam em vinhos bastante diferentes. Por um lado, esse aspecto enriquece a diversidade dos vinhos que Portugal tem a oferecer ao consumidor; mas, por outro, essa heterogeneidade de estilos torna a escolha complexa, pelo facto de essa categoria não oferecer um estilo consistente como acontece no caso de vinhos da região de Prosecco, Cava ou Champagne. Ainda existe um trabalho a ser feito em certos aspectos para que o consumidor venha a entender claramente o perfil do espumante português, o que tem a oferecer ao consumidor e a sua capacidade diferenciadora.
Existem exemplos de vinhos jovens, simples e refrescantes, como é o caso do espumante Baga Barrada da Caves Aliança, que certamente preenchem os requisitos de consumidores que buscam um produto bem feito, com boa relação entre custo e benefício. Espumantes como Muros Antigos Alvarelhão e Luís Pato Vinha Pan são exemplos de vinhos individuais, que demonstram criatividade e certamente poderão atrair a atenção de consumidores que buscam algo diferente e interessante para compartilhar com os seus amigos.
Ora, há evidência de que Portugal tem o terroir e a capacidade para produzir espumantes aptos a satisfazer até os paladares mais exigentes. Alguns desses Blanc de Noirs exibem qualidade e classe o suficiente que fariam até o próprio criador desse estilo sorrir e gritar aos quatro ventos: ‘‘Irmãos venham, estou vendo estrelas.”[/vc_column_text]
Edição Nº21, Janeiro 2019
Juvé & Camps: Um Cava de grande nível
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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Cava é um espumante espanhol feito pelo método tradicional que implica segunda fermentação em garrafa. Contudo é diferente do Champagne em termos do clima, castas e regras de produção. Juvé & Camps evidencia-se como um dos mais clássicos e prestigiados Cavas da Catalunha, disponível em Portugal através da distribuidora Garcias.
TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Cortesia do produtor
Embora seja uma denominação de origem (DO Cava), a produção não é restrita a apenas uma area geográfica, ou seja, Cava pode ser produzido em várias regiões de Espanha, como por exemplo: Rioja, Aragon, Valência, Navarra e País Basco. No entanto, mais de 90% de Cava é proveniente da Catalunha, sendo Penedès a região mais importante para a sua produção.
Juvé & Camps é uma empresa familiar espanhola produtora de Cava e vinhos tranquilos, cujo reconhecimento se deve sobretudo à qualidade dos seus Cavas. Possui uma vinha há mais de 200 anos, mas só em 1921 lançou espumantes com marca própria. Naquela altura o termo “Cava” ainda não existia, e foi adotado mais tarde em 1970, quando se deixou de utilizar a palavra “Champagña”. Actualmente, a empresa é dirigida pela quarta geração da família.
A propriedade conta com 210 hectares de vinha e fica situada em Alto Penedès, onde as temperaturas são mais frescas graças à altitude de 300 a 800 metros acima do mar. Desde 2015 tem certificação biológica.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”30694″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
A empresa aposta em Cavas de qualidade, com estágios habitualmente mais prolongados do que o estabelecido pela regulamentação, tendo no seu portefólio sobretudo Brut e Brut Nature e categorias Reserva e Gran Reserva. Segundo o representante da Juvé & Camps, Henrique Durandez, anualmente em Espanha produzem-se 250 milhões de garrafas de Cava, das quais apenas 4.800 garrafas de Grande Reserva, e destas 40% são produzidas pela Juvé & Camps. Para obter Cavas mais finos e delicados, utilizam exclusivamente mosto lágrima para o vinho base, tudo o que vem da prensa é vendido a outros produtores.
Tradicionalmente, Cava é feita com as três principais castas brancas autóctones – Macabeo, Xarel-lo e Parellada. São também autorizadas Subirat, Garnacha, Monastrell, Trepat e ainda castas internacionais como Chardonnay e Pinot Noir. Juvé & Camps foi a primeira a fazer um blanc de blancs de Chardonnay em 1999, quando a regulamentação permitiu esta possibilidade, avançando com um rosé só de Pinot Noir em 2011.
Em prova tivemos quatro vinhos, bem distintos entre si. O Pinot Noir rosé é o único rosé no portefólio da Juvé & Camps feito 100% de Pinot Noir. Estagia 12 meses (mais tempo do que os 9 meses previstos pela legislação) até ao dégorgement. O Chardonnay Reserva começou a ser produzido em 1999, quando foi autorizada a utilização de castas internacionais para a produção de Cava. Só o fazem nos melhores anos e o tempo de estágio é de 24 meses (muito superior aos 15 meses estabelecidos para Cava Reserva).
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#ededed” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Castas tradicionais de Cava”][vc_column_text]Macabeo (também chamada Viura em Rioja) é uma casta quase neutra de aromas e resistente à oxidação. Normalmente, é a casta predominante em Cavas.
Xarel-lo tem um excelente equilíbrio de açúcar e acidez, também resiste bem à oxidação e confere ao vinho aromas vivamente citrinos e uma característica terrosidade.
Parellada mostra o seu melhor quando plantada em altitude acima de 300m para desenvolver aromas e preservar acidez. Adiciona ao lote aromas florais e de maçã verde.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
O Reserva de la Família tem uma história curiosa. Este Cava Brut Nature foi criado em 1976 para consumo próprio da família, porque o mercado naquela altura ainda preferia espumantes meio-secos, mas rapidamente ganhou grande popularidade e hoje representa um ícone da casa. Na família havia o hábito de fechar as garrafas deste espumante não com tradicional muselet de arame, mas com uma espécie de agrafo de ferro (que supostamente era mais rápido de tirar). Este sistema mantém-se apenas para as garrafas vendidas em Espanha e em Portugal, sendo utilizado o muselet normal para o resto do mundo. Feito de castas tradicionais, com Xarel-lo a representar 60% do lote, Macabeo 30% e Parellada 10%. Até ao dégorgement estagia com borras na garrafa durante 36 meses (o mínimo de estágio para Gran Reserva é de 30 meses).
Finalmente, o Gran Juvé & Camps resulta de uma parceria de castas tradicionais com uma casta internacional. Xarel-lo é responsável por 40% do lote, conferindo os aromas, Chardonnay e Macabeu em partes iguais de 25% para dar a cremosidade e estrutura e 10% de Parellada, que adiciona acidez. Passou mais de 40 mesess com borras na garrafa até ao dégorgement.
No conjunto, estes quatro espumantes são dignos representantes do carácter do Cava catalão, e evidenciam bem o estilo da tradicional casa Juvé & Camps.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição Nº17, Setembro 2018
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Chineses vão beber mais espumante
Na maior parte dos mercados ocidentais, o espumante representa cerca de 10% do consumo de vinho. Na China é de apenas 1%! Mas a situação está a mudar, diz um relatório da Wine Intelligence – Sparkling Wine in the Chinese Market – acabado de publicar. A empresa de estudos de mercado indica que uma nova […]
Na maior parte dos mercados ocidentais, o espumante representa cerca de 10% do consumo de vinho. Na China é de apenas 1%! Mas a situação está a mudar, diz um relatório da Wine Intelligence – Sparkling Wine in the Chinese Market – acabado de publicar. A empresa de estudos de mercado indica que uma nova geração de consumidores – especialmente os jovens com formação superior – estão a explorar outros caminhos no consumo de vinho, indo além do tradicional vinho tinto. Ao mesmo tempo, a chegada ao mercado chinês de um conjunto de espumantes de baixo preço permitiu a muitos consumidores provarem este tipo de vinho, o que antes lhes seria economicamente inacessível.
O espumante, recorde-se, não tem na China a conotação de bebida festiva e de brinde como existe no mundo ocidental.
O relatório indica ainda qual o tipo de perfil de espumante que deverá ter o maior potencial no mercado chinês: “doce, mas não demasiado, só o suficiente para equilibrar a acidez do espumante; ligeiramente gasoso (como um frisante) e bastante frutado.
O estudo custa 1.800 euros e pode ser encomendado através do site da Wine Intelligence.