Vinho Verde Branco, frescura garantida

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos últimos anos vem ganhando peso junto dos apreciadores um perfil bem diferente de Verde, que se afirma pela secura, elegância e superior ambição. Em comum, apenas a vibrante frescura tão característica dos brancos desta região.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
A extensa região dos Vinhos Verdes começa no rio Minho, na ponta mais ao norte do país, e termina já a sul do rio Douro. Faz fronteira com a região do Douro, mas não perde a sua individualidade. Estamos na terra do Vinho Verde, onde nascem vinhos muito apreciados pelos consumidores. Uma zona marcada pelo clima, pelo solo e pela presença de alguns importantes cursos de água. A água é, de resto, elemento que não falta nestas terras.
São três os principais rios que marcam a paisagem minhota e determinam estilos e castas. A norte temos o rio Minho, que percorre a sub-região de Monção e Melgaço; no centro da região, o rio Lima, e a sul o rio Douro. Curiosamente (ou não) cada uma destas zonas corresponde à preponderância de uma casta sobre as outras, marcando assim os vinhos com um “selo” que os faz distinguir dos restantes. Temos então, e de norte para sul, a Alvarinho, a Loureiro e a Avesso, três das principais castas brancas da Denominação de Origem (ver texto anexo). A região é bastante rica de variedades de uva e algumas delas continuam ainda numa certa penumbra, como que à espera da redescoberta por parte dos produtores e, por via deles, dos consumidores. Estamos em terras onde a tradição impôs os vinhos de lote, mas onde cada vez mais descobrimos o interesse pelos vinhos varietais, e não só pelas três castas que acima referi.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27918″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região dos Vinhos Verdes tem imensos pontos de contacto com a sua vizinha galega das Rias Baixas, partilhando com ela o clima – não esqueçamos que estamos na zona mais pluviosa do país –, as castas e as formas de plantio. No entanto, com uma tão grande extensão territorial, é compreensível que os estilos de vinhos sejam bem diferentes, sobretudo à medida que caminhamos para sul. Foi também essa diferenciação que levou à criação de sub-regiões, mas, diga-se, a única que ganhou estatuto de “autonomia” junto do consumidor foi a de Monção e Melgaço, muito por “culpa” da uva Alvarinho. As restantes sub-regiões, apesar de possuírem razões para se distinguirem, nunca se conseguiram afirmar enquanto tal junto do consumidor. Serão poucos os que conseguem associar as suas marcas preferidas a sub-regiões Cávado, Paiva, Sousa ou do Ave, só para citar algumas. As informações dos rótulos e contra-rótulos também nunca privilegiaram esta indicação e, desta forma, com a já referida excepção de Monção e Melgaço, a região é, aos olhos do consumidor, um todo. São Vinhos Verdes e são assim há muito tempo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Do tinto para o branco”][vc_column_text]O plantio da vinha na região hoje conhecida como dos Vinhos Verdes é tão antigo quanto a nacionalidade. Ali, como noutras zonas, foram as ordens religiosas que incentivaram e desenvolveram quer as técnicas de viticultura quer as da produção do próprio vinho. Com frequência, o que chegava às abadias era mosto, resultado de uvas pisadas perto da própria vinha, em lagaretas dispersas que ainda hoje se encontram em algumas zonas da Beira Alta e Minho. Esse mosto era depois fermentado nas abadias e muito provavelmente não haveria uma distinção clara entre o vinho branco e vinho tinto, dicotomia que apenas terá entrado no léxico da região dos Verdes já bem dentro do séc. XIX.
Assim, é muito difícil afirmar que a tradição minhota é de branco ou é de tinto. Já foi de tinto – provavelmente desde a filoxera (segunda metade do séc. XIX) até aos anos 90 do século passado – e só de então para cá o branco suplantou o tinto. As estatísticas disponibilizadas no site da CVR dos Vinhos Verdes mostram claramente que só a partir da campanha de 1992/93 é que a quantidade de vinho branco produzido ultrapassou o tinto. Até então estávamos em reino de tintos. Em relação a tempos mais antigos, não é só a distinção entre branco e tinto que poderá não ter cabimento, é também o tipo de vinho, seguramente muito menos alcoólico (tal como acontecia, de resto, em todo o Portugal e Europa vinícola).
Como atrás se disse, foi então a partir dos anos 90 que os brancos suplantaram os tintos, com um crescimento que não tem parado desde então. A região está hoje a produzir menos do que outrora e, mesmo que apenas analisadas a produções deste século, vemos que têm variado na última década entre um mínimo de 61,6 milhões de litros na campanha de 2012/13 e um máximo de 93,2 milhões de litros na campanha em curso, com máximos históricos de mais de 194 milhões na campanha de 91/92. Os concelhos onde a produção atinge por norma os valores mais altos são Felgueiras e Penafiel, mas a sub-região que abrange os concelhos de Monção e Melgaço tem tido um enorme crescimento, aproximando-se dos 9 milhões de litros.
Os vinhos tintos conhecem também alguma modificação na forma como chegam ao consumidor: à prevalência quase total da casta Vinhão, muito querida de lavradores e de muitos consumidores por ser casta tintureira, taninosa e muito estruturada, assistimos hoje ao ressurgimento de outras castas, como a Alvarelhão, Folgosão e Borraçal, e à modificação do próprio Vinhão, que perdeu o seu lado mais agreste, sendo hoje possível encontrar vinhos bem mais macios e afinados, sem que o seu traço mais forte – a cor – se tenha perdido.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27921″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Novas tendências”][vc_column_text]A região é das que mais vinha tem renovado, logo a seguir ao Douro. Renovar aqui, significa muitas vezes mudar práticas culturais antigas, seleccionar castas e procurar melhores rendimentos. As uvas do Vinho Verde, face à procura que tem havido, estão a ser pagas, segundo Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, acima da média nacional e a casta Alvarinho é mesmo das mais bem pagas do país, com um preço sempre na casa de €1/quilo, o que a aproxima do valor das uvas autorizadas para Vinho do Porto. A procura absorve toda a produção e as próprias adegas cooperativas da zona mostram uma vitalidade que não se compara com as de outras regiões demarcadas.
O melhor exemplo da renovação vitícola é dado pelos elevados investimentos que empresas como a Avelada estão a fazer na região, apostando em 200 novos hectares de vinha, criados de raiz na zona de Ponte de Lima. Em Monção e Melgaço sucedem-se os novos projectos e a região como um todo só pode beneficiar com isso, nomeadamente na projecção e imagem do Verde noutras terras. As novas plantações têm abrangido entre 600 e 700 hectares por ano, sobretudo em reconversão de vinhas já existentes, e o que mais se tem plantado é Loureiro, Alvarinho, Arinto e Avesso. No fundo as três castas emblemáticas da região, aqui acrescentadas da Arinto, a ubíqua uva branca que todos os produtores nacionais querem na sua região.
Em termos de adega e de perfil de vinhos, os Verdes continuam a apostar cada vez mais nos vinhos brancos, mas com o segmento dos rosés a avolumar-se. Também há a salientar o crescente interesse pelos vinhos espumantes, que, embora em muitos casos produzidos em pequenas quantidades, não deixam de ser uma nova área de negócio que interessa a cada vez mais produtores. Globalmente, a qualidade dos Vinhos Verdes tem crescido imenso na última década, seja do estilo “tradicional” (com gás e leve doçura), seja no estilo moderno, seco e com mais álcool, corpo, e ambição na qualidade e no preço.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mas existem também tendências menos interessantes, sobretudo aquilo a que poderia chamar de “Sauvignonização”. De facto, surgem com alguma frequência no mercado vinhos excessivamente aromáticos, exuberantes de frutas tropicais (maracujá, manga), características pouco comuns nas castas locais. Acredito que este caminho nada acrescenta à região, tornando os vinhos iguais ao que se pode fazer em qualquer parte do mundo. Mais sentido fará continuar a melhorar um estilo que ganhou raízes e tradição nos Vinhos Verdes, com sejam os vinhos com gás adicionado e com açúcar residual.
É isso o que defende, por exemplo, o enólogo Manuel Vieira: “Um vinho branco com álcool moderado, acidez evidente, presença de gás e de açúcar residual, é, na minha opinião, uma interpretação, em termos técnicos exequíveis, do vinho branco tradicional da região, que fazia a fermentação maloláctica na garrafa.” E acrescenta: “A viticultura da região sofreu entretanto enorme evolução e outros tipos de Vinho Verde surgiram. Hoje em dia, e devido a essas alterações, o nível de álcool subiu, a acidez reduziu-se e o leque de vinhos expandiu-se, tornando a região um viveiro de excelentes vinhos. Penso que só aceitando esta realidade é que poderemos ir mais além, no intuito de valorizar cada vez mais os vinhos produzidos, sejam eles com gás ou sem gás!”[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27920″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”As uvas brancas do Vinho Verde” color=”black”][vc_column_text]Ainda que em crescimento no resto da região dos Vinhos Verdes, a uva Alvarinho está sobretudo ligada à sub-região de Monção e Melgaço, onde nasceu. Pela sua especificidade, optámos por deixar os Alvarinho de Monção e Melgaço fora desta prova, e focámo-nos nos outros Vinhos Verdes, elaborados, na sua maioria, a partir destas cinco castas.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Arinto”][vc_column_text]A casta é originária de Bucelas, mas sempre esteve bem presente nos Vinhos Verdes, com o nome de Pedernã. É uma variedade usada para dar alegria ao lote, uma vez que mantém a elevada a acidez do mosto mesmo em clima (ou ano) mais quente.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Avesso”][vc_column_text]Casta do interior da região, está sobretudo presente nas zonas que fazem a transição entre os Verdes e Douro; encontramo-la assim em Baião, mas também em Amarante, por exemplo. Foi durante muito tempo subestimada, mas conhece agora uma maior atenção pelos produtores. É uma casta com perfil muito próprio, mais contida na sua exuberância, mas que origina vinhos muito equilibrados.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Azal”][vc_column_text]Presente sobretudo nas zonas de Amarante, Basto e Baião, é também uma variedade que, tal como a Avesso, prefere as terras de interior, longe da influência atlântica. Foi durante muito tempo (até ao final do século XX) uma casta que, em virtude da viticultura tradicional, originava vinhos difíceis, de acidez elevadíssima. Citrino na cor e aroma, o vinho resultante, hoje bem mais atractivo, é sobretudo usado em lotes e para apreciar enquanto jovem.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Loureiro “][vc_column_text]É a rainha do vale do Lima, também muito presente em terras galegas. Prefere zonas mais próximas do mar, húmidas e frescas. Muito completa em todos os itens, produz bem e tem boa capacidade de viver em garrafa. Origina muito bons vinhos varietais, mas é também importante em lotes, sobretudo com Arinto e Trajadura e, mais recentemente, com Alvarinho[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Trajadura”][vc_column_text]Com aromas e sabores de fruta madura, tende a evidenciar baixa acidez. Boa para lote e muito usada em ligação com Alvarinho, originando então vinhos muito atractivos. Muito divulgada também na Galiza.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Valorizar o Vinho Verde”][vc_column_text]Os números do Vinho Verde são bastante positivos, mas o desafio passa agora por aumentar o preço médio de venda. As exportações não têm parado de crescer e se, em 2000, apenas 15% do negócio resultava das vendas ao exterior, já em 2017 essa percentagem subiu para os 50%. Passou-se também dos 9 milhões de litros exportados em 2005 para 25,5 milhões em 2016. Esse crescimento é tanto mais significativo quanto foi feito sem sacrificar o preço: €2,30 por litro hoje em dia, contra €2 em 2004. No entanto, longe ainda do que a região pode e deve ambicionar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A esse respeito, Manuel Pinheiro afirmou à Grandes Escolhas que “o exemplo da sub-região de Monção e Melgaço tem de ser seguido nas outras, mas por enquanto não há massa crítica, faltam produtores em número suficiente a promover a imagem de cada sub-região; mas estou convencido que Baião (onde domina a casta Avesso) começa a reunir condições para ser a próxima sub-região a dar o salto, em termos de notoriedade”.
Muito do futuro passa por aí: sub-regiões personalizadas e afirmativas, criação de cada vez mais segmentos de valor acima do patamar “gás e doçura”, um número maior de vinhos ambiciosos que apaguem do Verde a associação ao vinho barato, que ainda permanece sobretudo no mercado externo e apesar de os preços reais continuarem a subir.
Vinhos de casta e valorização das sub-regiões parece ser o caminho a traçar por agora. Já foi o tempo (anos 80 e 90) em que o Vinho Verde chegava aos consumidores com a “marca de solar”, casas bonitas, de traça antiga, onde se produzia vinho em pequenas quantidades, mas muitas vezes sem estratégia e visão de mercado, assente em muito amadorismo. Hoje, a região conhece um movimento muito grande de investimentos, alguns bastante importantes e assentes em estruturas altamente profissionais. Um bom sinal, certamente.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27919″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]
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Terras de Felgueiras
Branco - 2017 -

Pluma
Branco - 2017 -

BH Escolha
Branco - 2017 -

Arca Nova
Branco - 2017 -

Vila Nova
Branco - 2017 -

Via Latina
Branco - 2017 -

Tojeira
Branco - 2017 -

Quinta de Linhares
Branco - 2017 -

Chapeleiro
Branco - 2017 -

Casa da Senra
Branco - 2017 -

Quinta de Santa Cristina
Branco - 2017 -

Quinta de Naíde
Branco - 2017 -

Quinta de Gomariz
Branco - 2017 -

Opção
Branco - 2017 -

Muralhas de Monção
Branco - 2017 -

Dona Paterna
Branco - 2017 -

Adega Coop. Ponte da Barca
Branco - 2017 -

Varanda do Conde
Branco - 2017 -

Quinta do Minho
Branco - 2017 -

Quinta da Calçada Exuberant
Branco - 2017 -

Quinta de Azevedo
Branco - 2017 -

Quinta d’Amares Superior
Branco - 2017 -

Quinta da Raza
Branco - 2017 -

Pequenos Rebentos
Branco - 2017 -

Monólogo P24
Branco - 2017 -

João Portugal Ramos
Branco - 2017 -

Castrus
Branco - 2017 -

Aveleda
Branco - 2017 -

Quinta de San Joanne Terroir Mineral
Branco - 2017 -

Quinta de Golães
Branco - 2017 -

Quinta de Carapeços
Branco - 2017 -

Muros Antigos
Branco - 2017 -

Casa de Vilacetinho
Branco - 2017 -

Camaleão
Branco - 2017
Edição Nº14, Junho 2018
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
BAIRRADA: 25 tintos com alma

O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas […]
O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas – difícil é escolher.
TEXTO Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS Ricardo Palma Veiga
A ideia tradicional que alguns dos consumidores ainda poderão ter da Bairrada – que se trata de uma região pouco dinâmica e com vinhos uni-direcionados – não poderia estar mais longe do momento em que a mesma atravessa do ponto de vista vitivinícola. É certo que existem outras regiões com um maior número de vinhos lançados por ano, e outras que assentam num protótipo regional mais característico ou identificativo. Mas dificilmente encontramos tanta diversidade, com qualidade e bom preço, como nesta região do centro-norte do país que se espraia entre Coimbra e Aveiro.
Até na excelência dos vários tipos de vinho que produz – espumantes, tintos (maioritários) e brancos (para não falar das aguardentes e dos abafados) – se comprova que, na Bairrada, como acima começamos o texto, o mais difícil é escolher… É certo também que a região ainda não se libertou totalmente do estereótipo de fazer tintos “pouco amigos” do consumidor, difíceis, ácidos, adstringentes. Mas também é verdade que, atualmente, não existe enófilo exigente que não reconheça as qualidades e o forte carácter dos fantásticos vinhos da região. E os números do crescimento entre os consumidores estão aí para o provar.Podemos, pois, afirmar que tem existido mudança e inovação na Bairrada, e não começou nos dias de hoje. Produtores como Luís Pato e Carlos Campolargo, entre outros, tudo fizeram para que a região, ainda antes dos anos 90 do século passado, mantivesse uma aura de qualidade e modernidade e cativasse consumidores. Do primeiro, surgiram os mais relevantes ensaios com o estágio da Baga em barricas de carvalho francês, e do segundo provieram vinhos apelativos e modernos com base, em muitos casos, em castas menos comuns, algumas estrangeiras.
A par destes produtores, outros como Mário Sérgio Nuno (Quinta das Bágeiras), Sidónio de Sousa e João Póvoa (Quinta de Baixo e, atualmente, Kompassus), iam produzindo alguns dos vinhos mais míticos da região do início dos anos 90 também. Mais recentemente, produtores de uma geração mais nova alcançam sucessos dificilmente imaginados há algum tempo junto da crítica especializada, como sucede com os vinhos Vadio, de Luís Patrão, ou os Outrora, de João Soares e Nuno do Ó, verdadeiros blockbusters internacionais, com destaque para Filipa Pato, que viu o Nossa Calcário Baga 2015 obter a melhor classificação de sempre para um vinho da região na “Wine Advocate”.
De resto, vários dos produtores emblemáticos da região também parecem não querer perder o foco recente que o público está a dar à Bairrada, curiosamente com lançamentos num estilo que procura recuperar tradições mais antigas, como sucede com os vinhos centrados na designação Garrafeira ou na categoria Clássico (neste caso, sendo indispensável que, nos tintos, a Baga entre em, pelo menos, 50% no lote e o vinho estagie 3 anos, um dos quais em garrafa), como acontece com as propostas mais recentes das Caves São João, Aliança, Caves São Domingos e Messias.
Ainda no passado mês de maio, a Adega de Cantanhede – um dos projetos com maior dinamismo e modernidade – divulgou que, desde o início do ano, os seus vinhos foram galardoados com 74 medalhas em concursos internacionais; isto depois do anúncio de que 2017 terminou com um novo recorde de vendas. E se ainda houvesse dúvidas do que se vem escrevendo sobre o crescimento da atenção para com a região, há cerca de meia dúzia de anos (no final de 2012), a Bairrada viu uma das suas mais conhecidas propriedades ser adquirida pela Niepoort Vinhos, o que, só por si, revela bem o potencial da região aos olhos de uma das mais empreendedoras empresas durienses.Toda esta vitalidade foi-nos ainda confirmada pela Comissão Vitivinícola da Bairrada, que nos avançou dois dados muito interessantes; a saber: em primeiro lugar, refere-nos José Pedro Soares, presidente da Comissão, que as vendas dos vinhos Bairrada têm crescido, nos últimos dois anos e de forma continuada, na restauração e hotelaria (vulgo canal Horeca); em segundo lugar, e talvez ainda mais relevante, revelou que a Bairrada foi a região no país cujos vinhos sentiram, nos últimos anos, um maior crescimento de valor no preço médio.
Fomos confrontar Miguel Pereira (Messias) com esses dados e este corroborou-nos que na restauração, sobretudo em Lisboa, o crescimento das vendas dos vinhos Bairrada nas gamas premium e ultra-premium é surpreendente. Para este responsável comercial, têm sido os vinhos da Bairrada a estrela dos últimos anos no que respeita ao portefólio da Messias, que inclui também vinhos do Douro e Dão. Quanto ao aumento da certificação dos vinhos, esse é igualmente notável, com um crescimento constante de 10% por ano. As mesmas boas notícias surgem do lado da exportação, que regista um aumento de 17%.
No mesmo sentido, releva destacar que, até ao início anos 90, a Bairrada (a par do Dão) era a grande região de vinho de mesa, sendo que os principais players se abasteciam de uvas e vinhos um pouco por todo o país. A este respeito importa não esquecer que a Bairrada nunca foi uma região de pouca produção, bem pelo contrário. Prova disso mesmo é que teve um dos mais pujantes sectores cooperativos do país, com 6 cooperativas a funcionar em simultâneo (atualmente apenas duas se encontram em funções, Cantanhede e Souselas).
Talvez por isso, o primeiro sintoma da modernização da região tenha sido, precisamente, o abandonar da produção de grandes lotes de vinho de origem dispersa, para o controlo de áreas de vinha dentro da própria região, algo que sucedeu com as empresas Aliança, Messias, Caves São João (um desses primeiros passos foi, sem dúvida, a aquisição da Quinta do Poço do Lobo pelas Caves São João, ainda nos anos 70 do século passado) e Caves São Domingos, que passaram a olhar para a vinha e não apenas para a comercialização.
E dúvidas não nos restam de que é esse o futuro da região, no sentido em que produzir um grande vinho na Bairrada pode ser mais dispendioso do que noutras regiões. Afinal, o clima da região, e as próprias características da casta-rainha Baga, obrigam a um redobrar de atenções na vinha e na adega. Algo que nos é confirmado por Francisco Antunes, enólogo da Aliança, que menciona as chuvas de setembro, no equinócio de Outono, como um dos maiores riscos no que respeita ao ano agrícola, sobretudo por na região reinarem castas tardias como a Baga, a Touriga Nacional e o Cabernet Sauvignon (ver caixa). No caso da Baga, salienta o enólogo, são mesmo precisos muitos tratamentos, e no seu devido tempo, uma vez que o cacho apertado dificulta a condição fitossanitária no mesmo. Por tudo isto, as últimas colheitas, desde 2011 (ano perfeito em todo o país), têm sido muito desafiantes para a Bairrada, apesar de se poder concluir que a qualidade geral dos tintos não se ressentiu, em especial em 2017, ano do qual se prevêem vinhos de grande qualidade.
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Os produtores da região, beneficiando de uma legislação mais “aberta” do que o habitual nos DOC portugueses, utilizam uma grande variedade de castas, desde variedades antigas na região a outras vindas de outras zonas do país ou ainda as chamadas castas internacionais. Estas são algumas das mais utilizadas nos vinhos tintos bairradinos.
É a principal casta tinta da região, apesar de já ter sido mais maioritária. Terá sido introduzida na região em consequência do oídio, sendo esta casta resistente ao fungo. Tem uma maturação tardia, o que na Bairrada pode ser problemático em anos de chuvas no início de setembro, tanto mais que é sensível à podridão. Vigorosa, quando lhe é permitida produção abundante dá origem a vinhos pouco alcoólicos e com muita acidez. Com o vigor controlado e, sobretudo, em terrenos argilo-calcários com boa exposição solar, produz os melhores vinhos da região, ricos em taninos e suportando muito bem o envelhecimento.
À semelhança da Baga, é de maturação tardia e pode ser muito produtiva, apesar de pouco sensível à podridão. Permite a produção de vinhos com muita cor e taninos, com boa longevidade, as características varietais – notas apimentadas – bastante pronunciadas, adapta-se bem a lotes com castas mais suaves, como a Jaen ou o Castelão.Omnipresente no país, terá viajado do Dão para a Bairrada, entrando em muitos lotes onde a Baga também está presente. Permite mostos com teores de álcool provável e acidez médios, ricos em substâncias fenólicas e carregados de cor (com tonalidades violáceas), e muito aromáticos, com frutado intenso a frutos pretos maduros e silvestres. É essa expressão aromática, bem como permitir vinhos encorpados e o facto de ser uma casta consistente em termos da qualidade dos vinhos que origina, que a tornam um trunfo na região.Casta bordalesa de elevado rendimento e de maturação precoce, o que é uma vantagem para a Bairrada. Tem semelhanças com o Cabernet Sauvignon, mas com taninos mais suaves, permitindo elaborar vinhos encorpados, ricos em álcool e em cor, relativamente pouco ácidos, pelo que é por vezes utilizada na região para atenuar mostos mais ácidos e com taninos mais vivos provenientes de Baga.
Outra estrela um pouco por todo o país, é uma casta produtiva, mas muito apta a produzir vinhos de grande qualidade. De maturação tardia, permite mostos muito corados, de um vermelho intenso com nuances violetas durante a juventude, e sempre com grande potencial aromático. Tem-se adaptado bem à Bairrada, sobretudo nos anos mais quentes, originando vinhos pujantes e especiados.
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Mata Fidalga Estágio Longo
Tinto - 2013 -

Vigesimum
Tinto - 2014 -

Samião
Tinto - 2015 -

RS
Tinto - 2013 -

Laboeira
Tinto - 2016 -

Castelar
Tinto - 2011 -

Quinta do Poço do Lobo
Tinto - 2015 -

Quinta do Ortigão 4 dezasseis
Tinto - 2015 -

Nelson Neves
Tinto - 2013 -

Messias
Tinto - 2013 -

Grande Vadio
Tinto - 2013 -

Foral de Cantanhede Gold Edition
Tinto - 2009 -

Ataíde Semedo
Tinto - 2015 -

Aliança by Quinta da Dôna
Tinto - 2011 -

São Domingos
Tinto - 2010 -

Poeirinho
Tinto - 2012 -

Milheiro Selas
Tinto - 2012 -

MagnaBaga ( Magnum)
Tinto - 2015 -

Luís Pato Vinha Pan
Tinto - 2013 -

Casa de Saima
Tinto - 2008 -

Quinta das Bágeiras
Tinto - 2011 -

Outrora
Tinto - 2013
Edição Nº14, Junho 2018
A marca do Cabernet Sauvignon

Edição nº12, Abril 2018 Omnipresente, nobre e famosa, a casta Cabernet Sauvignon tem personalidade vincada e deixa a sua marca em tudo por onde passa. Facilmente reconhecível, na maior parte das vezes faz uma aposta segura em provas cegas. Produz vinhos varietais em todos os cantos do mundo e, mesmo quando entra em lotes, não […]
Edição nº12, Abril 2018
Omnipresente, nobre e famosa, a casta Cabernet Sauvignon tem personalidade vincada e deixa a sua marca em tudo por onde passa. Facilmente reconhecível, na maior parte das vezes faz uma aposta segura em provas cegas. Produz vinhos varietais em todos os cantos do mundo e, mesmo quando entra em lotes, não passa despercebida.
TEXTO: Valéria Zeferino
FOTOS: Ricardo Palma Veiga
Não obstante a fama que tem, a Cabernet Sauvignon é uma casta relativamente recente. Apareceu no departamento da Gironda, em Bordéus, apenas nos finais do século XVIII, originada pelo cruzamento espontâneo entre Cabernet Franc e Sauvignon Blanc, facto descoberto em 1997 pela Universidade de Davis, na Califórnia. Isto explica porque a Cabernet Sauvignon tem aromas semelhantes a ambas as suas progenitoras.
Tem cachos e bagos pequenos, com uma pele muito grossa e muitas grainhas. Isto traduz-se num perfil de vinho com uma estrutura robusta, tanino poderoso e cor intensa, características aliadas a uma acidez pronunciada. Para além disto revela uma grande capacidade de expressar o terroir e envelhecer positivamente em garrafa ao longo de muitos anos.
Mas a força não é tudo. O seu esqueleto maciço também precisa de carne, de um traje elegante e de um perfume sedutor, o que muitas vezes se resolve por loteamento com outras castas como Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot, Syrah etc.
A fama e a disseminação têm o outro lado de moeda. A expressão varietal muito pronunciada pode tornar-se cansativa e provocar uma certa fadiga sensorial no consumidor. Não é por acaso que nos Estados Unidos, onde a casta é extremamente popular, surgiu o conceito ABC – acrónimo de Anything But Cabernet (or Chardonnay), o que quer dizer “Eu bebo qualquer coisa menos Cabernet” ou Chardonnay, respectivamente. Por outras palavras, exprime a ideia de que existe uma grande variedade de castas e não vale a pena consumir sempre a mesma.
O cartão de visita aromático
O aroma mais conhecido de Cabernet Sauvignon é o de pimento verde, pelo qual é responsável um composto chamado pirazina, que se encontra presente nas uvas do Cabernet Sauvignon (e não só). O palato humano detecta pirazina num vinho com apenas 2 nanogramas por litro. Na altura do pintor a casta contém cerca de 30 ng/l de pirazina, que é lentamente destruída pelo sol. Por isto, nos países com clima mais frio é difícil evitar a presença deste aroma herbáceo no vinho, enquanto num clima mais quente e soalheiro, onde o Cabernet Sauvignon consegue atingir um perfeito ponto de maturação, a pirazina pode ser quase imperceptível. O aroma de pimento verde não é considerado um defeito, mas pode-se tornar desagradável, se for em excesso.
Outros aromas do Cabernet no registo de fruta são mirtilos e cereja preta que, com a sobrematuração, transformam-se em doces e compotas, aquilo que os ingleses chamam “jammy”.
Aromas mentolados são muitas vezes associados a regiões que são suficientemente quentes para manter o nível de pirazina relativamente baixo, mas não demasiado quentes. Um bom exemplo será Coonawarra, na Austrália, ou algumas áreas de Washington, nos EUA.
Com tempo, vinhos feitos de Cabernet Sauvignon desenvolvem aromas de cedro, tabaco, terra e, por vezes, couro.
À volta do mundo
Das castas destinadas à produção de vinho, Cabernet Sauvignon é a mais plantada a nível mundial, ocupando uma área de 341.000ha (é superior a toda a área de vinha em Portugal), o que representa 4% da área de vinha no mundo, de acordo com os dados da OIV de 2015.
Até há relativamente pouco tempo a França era o país com o maior número de hectares de Cabernet Sauvignon, mas em 2015 a China ultrapassou o país de origem da casta, e não foi por pouco. Hoje, Cabernet encontra-se em 60.000 hectares da vinha chinesa e em França em 48.000ha. E, ao contrário da ideia comum, Cabernet Sauvignon não é a casta mais plantada em França – fica muito atrás da Merlot e ocupa apenas 6% da área de vinha. Mas na China sim, é de longe a casta mais plantada, excluindo uvas de mesa.
No Chile tornou-se a casta mais importante, ocupando uma área de 43.000ha. Nos Estados Unidos, com 41.000ha, ultrapassa a Merlot em quase o dobro, perdendo um pouco para a Chardonnay.
Fora de Bordéus há algumas zonas no mundo onde a Cabernet Sauvignon é muito bem sucedida. Nos Estados Unidos, Napa e Sonoma. Na Austrália, Coonawarra (no Sul do continente) e Margaret River (na Australia Ocidental), esta conhecida pela versão particularmente refinada e elegante da casta.
Cabernet Sauvignon em Portugal
Em Portugal a casta mais famosa do mundo, embora esteja presente quase em todas as regiões, tem uma posição muito mais humilde. Não encontrou grande protagonismo em termos varietais, limitando-se na maior parte das situações à participação em lotes. Em algumas regiões é permitida para produção de vinhos com designação DO, como é o caso do Alentejo, Do Tejo ou Bairrada, por exemplo.
Encontra-se entre as 35 castas mais plantadas, na 22º posição do ranking, ocupando uma área de 2.649ha, o que corresponde aproximadamente a 1% do total das plantações. Nos últimos 10 anos, mesmo com algumas oscilações, a dinâmica tem sido positiva, especialmente nas regiões do Alentejo, Lisboa e Tejo.
A enóloga Sandra Tavares da Silva trabalha com esta casta há bastante tempo na Quinta da Chocapalha. Foram plantados 2 hectares em 1988 pelo seu pai. Considera a Cabernet Sauvignon “uma casta extraordinária mas muito sensível ao local onde é plantada”.
Acharam “que o Cabernet Sauvignon num lote tem sempre um carácter muito forte, em que mesmo em percentagem muito pequena é facilmente identificável e com características muito diferentes das castas portuguesas” e assim decidiram fazer um monovarietal que “pudesse mostrar bem o potencial e perfil desta casta no nosso terroir”. A primeira edição de um monovarietal saiu em 2000. Os anos de experiência mostraram que “na região de Lisboa o Cabernet Sauvignon adquire um perfil clássico, com excelente equilíbrio, frescura e boa maturação fenólica”.
Hamilton Reis, responsável de enologia de Cortes de Cima, considera que Cabernet Sauvignon é “uma das castas nobres do mundo, que gera amores e ódios e tem crescido muito em popularidade junto do consumidor português”. E continua: “Requer enorme atenção em todo o processo e pode no Alentejo fazer vinhos de topo, sendo que ajuda em lotes entregando profundidade e complexidade.”
Em Cortes de Cima, a casta Cabernet Sauvignon foi plantada há alguns anos em diferentes parcelas. Ao fim de vários anos de ensaios e com base na experiência acumulada, avançaram com um monocasta de Cabernet Sauvignon porque estavam certos de que atingiram “o difícil equilíbrio entre a correcta expressão da casta do ponto de vista aromático e a maturação dos taninos”. Procuravam o mesmo que em todos os seus monocastas: “A tipicidade da casta, aquilo que sendo dela a evidencia ao mesmo tempo que a diferencia de outras castas.”
No caso de Cabernet Sauvignon privilegiam “as suas notas de pimento e fruta vermelha, fugindo no entanto à componente quer vegetal, quer sobremadura que muito facilmente desvirtuam a qualidade e o equilíbrio do vinho”. Hamilton diz que a Cabernet Sauvignon passa muito rapidamente “de carácter vincadamente verde a sobremadura”, onde na primeira situação “os taninos mostram dureza e amargor” e na segunda “ficam flácidos e com doçura”, destruindo o equilíbrio. A textura de boca é também essencial; é um ponto tão difícil quanto vital.
Vigorosa na vinha
Cabernet Sauvignon é uma casta vigorosa e forte, aguenta temperaturas bastante baixas, mas precisa de sol e de calor para amadurecer bem. É uma casta de maturação lenta e tardia. Sandra Tavares da Silva nota que na Quinta da Chocapalha, na região de Lisboa, “é sempre a última casta a ser colhida, muitas vezes em meados de Outubro”.
Mas a Cabernet Sauvignon não é de confiança: nos anos mais frescos e húmidos, sobretudo se plantada em solos pesados que não drenam bem, tem dificuldades em atingir uma boa maturação, mantendo uma dose de pirazina bem notável. Por isto em Bordeaux é acompanhada de Merlot e outras castas que amadurecem mais cedo e dão mais segurança, independentemente das condições de cada ano.
O enólogo Bernardo Cabral trabalhou com Cabernet Sauvignon em várias casas e terroirs, desde a Casa Santa Vitória e Bombeira do Guadiana, no Baixo Alentejo, até à Companhia das Lezírias, no Tejo.
Da sua experiência conclui que é “uma casta que precisa de calor para amadurecer os taninos na película, mas que com excesso pode desidratar e perder a elegância aromática”. Dá importância à “conjugação dos solos quentes arenosos com um clima quente durante o dia, mas com noites frescas e húmidas”. Nas zonas mais quentes do Alentejo é “especialmente importante uma grande parede vegetativa para manter os cachos protegidos do sol” e também é “frequente a rega prolongar-se até à data da vindima”, pois “em anos muito quentes e secos, a Cabernet Sauvignon tende a desidratar, exigindo uma desafiante e trabalhosa selecção de uva”.
Sandra Tavares da Silva refere a importância da idade das vinhas, que na Quinta da Chocapalha “já têm 30 anos e fazem toda a diferença em termos de produção equilibrada e bom sistema radicular”. Hamilton Reis também acha que é uma das castas que “necessita de idade para atingir equilíbrio em vinha, para que proporcione maturações consistentes e homogéneas”.
O facto de ser uma casta tardia ajudou a Cabernet Sauvignon na sua adaptação ao Alentejo. Mas Hamilton Reis refere que “a gestão da rega é critica, um stress hídrico por excesso induz maturações extemporâneas e desequilibradas”. Ao mesmo tempo, “com excesso de água, as produções podem ser demasiado elevadas, levando a deficientes maturações e resultando em vinhos verdes e duros”. A condução deve privilegiar a exposição solar e no caso de anos mais frios ou de chuva deve ser considerada a desfolha na zona de crescimento da uva.
A data de colheita de Cabernet Sauvignon “assume na região do Alentejo uma importância extrema, define o estilo e a qualidade, em função do que foi o ciclo de maturação do ano” – acrescenta Hamilton Reis.
Cor, tanino e acidez
Rica em compostos fenólicos, a Cabernet Sauvignon fornece ao vinho os componentes estruturais como o tanino e acidez e confere cor concentrada graças ao alto nível de antocianas. De um modo geral a remontagem, quando o sumo retirado da cuba é bombeado para cima da manta, é preferível à pigeage (quando a manta se empurra para baixo com ajuda de um “macaco”), que dá ao Cabernet Sauvignon um carácter mais rústico; ou a délestage (quando uma parte do mosto é retirada para uma outra cuba e depois bombeada para cima da manta), que é uma técnica bastante extractiva.
Para Bernardo Cabral “a vinificação depende muito da qualidade dos taninos na altura da vindima”. No caso de serem muito bons, gosta de fazer macerações muito longas, que chegam a um mês, “e nesses casos obtêm-se vinhos fantásticos”. Por outro lado, “se os taninos forem mais verdes, é preferível fazer macerações pré-fermentativas a frio e retirar o vinho das massas o mais cedo possivel”.
Hamilton Reis afirma que, garantindo boas maturações de uva, procuram extrações completas. “Esta casta tem intensidade, profundidade e complexidade, se associarmos taninos maduros e frescura aromática, a nobreza da casta permite trabalhos de extração para a obtenção de tintos ricos, densos, completos e reactivos de boca.” No caso de anos difíceis, por excesso ou falta de maturação, “os contactos peliculares devem de ser repensados, encurtando tempos e gerindo prensas ao pormenor”. Já Sandra Tavares da Silva prefere trabalhar “sem grande extracção e boas macerações pós-fermentativas”.
No que todos concordam, é que a Cabernet Sauvignon é uma casta cheia de personalidade, à qual ninguém fica indiferente. A nossa prova evidenciou isso mesmo: independentemente dos estilos, uns mais clássicos, outros mais frutados, presente a 50% no lote ou ocupando os 100%, a Cabernet Sauvignon deixa sempre a sua marca…
Sabia que…
• Cabernet Sauvignon pode estar “escondido” atrás de algumas designações, como por exemplo:
– Bordeaux Blend é um lote tipicamente bordalês que para além do Cabernet Sauvignon normalmente inclui Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e às vezes Malbec e Carmenère.
– Meritage: vinhos dos EUA inspirados em Bordeaux. O termo apareceu em 1981 para distinguir os blends das castas bordalesas dos monovarietais rotulados simplesmente como “Cabernet Sauvignon”, “Merlot” etc. Apenas os produtores que fazem parte da Meritage Association podem colocar a designação “Meritage” nos seus rótulos. A maior parte deles encontra-se na Califórnia.
– Super Toscana: termo que abrange vinhos de alta qualidade produzidos com Cabernet Suvignon na região de Toscana, Itália. Quando este movimento nasceu nos meados do século passado, a regulamentação de DO não permitia utilização de castas estrangeiras, sendo os vinhos inicialmente rotulados como vinhos de mesa.
• Merlot e Carmenère são irmãos de Cabernet Sauvignon, partilhando o mesmo parente Cabernet Franc.
• Nos Estados Unidos gostam tanto de Cabernet Sauvignon que até definiram um dia em sua homenagem – na terça-feira uma semana antes do Dia do Trabalhador.
