Lindeborg Wines- Como ser grande em pequena escala

Lindeborg Wines é um projecto recente, ambicioso e com grandes planos para o futuro. Neste momento agrega três quintas em produção – a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo no Tejo. O grupo ainda integra uma distribuidora, garrafeira e wine bar “111 Vinhos” com presença em […]
Lindeborg Wines é um projecto recente, ambicioso e com grandes planos para o futuro. Neste momento agrega três quintas em produção – a Quinta da Folgorosa e Cortém na Região de Lisboa e a Quinta Vale do Armo no Tejo. O grupo ainda integra uma distribuidora, garrafeira e wine bar “111 Vinhos” com presença em Lisboa e Cascais. No futuro mais próximo cabe o desenvolvimento da propriedade adquirida no Alentejo.
Texto: Valéria Zeferino
Fotos: Lindeborg Wines
Thomas Lindeborg, o empresário sueco com negócios na área de investimento imobiliário em vários países do mundo, de Europa a Ásia, partiu para uma nova aventura, agora no sector do vinho, com os pés bem assentes na terra. Literalmente. Thomas não compra vinho a granel para engarrafar e vender milhões de litros. Tem uma abordagem diferente – investe em terras, vinhas e quintas. Quer vender vinho de qualidade a preço razoável, em vez de entrar na guerra de preços baixos.
Não vê o vinho apenas como um hobby. Está disposto a e tem capacidade de investir sem esperar por lucros imediatos. A sua visão é a longo prazo, assenta na construção de uma imagem sólida e operações sustentáveis. Como impresário, percebe que o negócio tem que ser suficientemente grande para beneficiar de economia de escala e criar volume para entrar nos mercados de exportação, mas prefere atingir estes objectivos por via de complementaridade de várias propriedades de pequena/média dimensão. Esta abordagem permite preservar a autenticidade, evitando uniformização de grandes produções, e ao mesmo tempo ter uma oferta diversificada “in authentic small scale way” com brancos frescos de Lisboa, tintos aromáticos do Tejo, encorpados e redondos do Alentejo para além de vinhos biológicos e uma linha de vinhos vegan – para satisfazer todos os gostos. “Quero mostrar nos mercados internacionais que o vinho português não é só industrial” – afirma Thomas e sublinha “seja como for, eu não investi em vão, investi em imobiliário”.
Em vez de jogar golf, prefere podar a vinha. “Como passo muito tempo à frente do computador e ao telefone, o trabalho físico na vinha relaxa-me” – explica Thomas. As pessoas locais quando o viram pela primeira vez, pensavam que era algum turista alemão. Depois habituaram-se.
Como tudo começou
Thomas Lindeborg visitou Portugal pela primeira vez em 1984, quando fez uma viagem a São Martinho do Porto com a sua esposa. “Era a viagem mais barata que consegui” – sorrindo lembra-se Thomas. Foi aí que se apaixonou pelo nosso país. Por razões de negócio viveu em Londres, mas desde 2008 teve uma segunda casa na costa Oeste. Em 2017, o Brexit impulsionou a sua mudança definitiva para Portugal.
O vinho sempre lhe despertou o interesse, servindo de motivação para investir nesta área. Em 2019 Thomas adquiriu a Quinta da Folgorosa com 46 hectares de vinha. No final do mesmo ano fez um negócio com um casal estrangeiro e ficou com a Cortém, uma pequena propriedade com apenas 6 hectares de vinha em produção biológica. Para ser autosustentável o negócio precisava de escalar, e em 2020 surgiu uma oportunidade no Tejo de aquisição da Quinta Vale do Armo com 94 hectares de vinha. No final do ano passado realizou-se mais um investimento, agora no Alentejo – a Herdade de Cabeceira com 50 hectares e possibilidade de plantar mais 40. Os primeiros vinhos desta propriedade só serão lançados em 2023.
Visão estratégica
Depois de aquisição das propriedades, investiu-se nas vinhas, nas instalações e no equipamento para assegurar a qualidade de produção, e só agora chegou a vez da área comercial para alargar as vendas. Antes tinham e continuam a ter clientes privados em Portugal e fora.
Sustentabilidade é um conceito profundamente enraizado na Lindeborg Wines. Utilizam vidro mais leve, as caixas fecham-se sem utilização de cola ou plástico. Estão a estudar a possibilidade de substituir as cápsulas convencionais por outras de materiais alternativos sustentáveis que permitem a sua reciclagem ou cuja produção reduz significativamente a pegada de carbono. O papel para os rótulos é feito de massa a partir de grainha de uva. Estas medidas levam ao aumento de custos de produção, mas são mais sustentáveis de ponto de vista ambiental.
Sendo um líder por natureza, Thomas sabe que é na equipa que se deve apostar para alcançar o resultado pretendido. Sabe motivar as pessoas e dar-lhes oportunidades. “Não se preocupem com a parte financeira, esta preocupação é minha. A vossa é fazer vinhos de alta qualidade” – esta é a mensagem de Thomas para os seus colaboradores.
Pessoa chave na equipa é Diogo Pereira, o responsável de enologia do grupo. Entrou em 2009 na Quinta da Folgorosa e já tem mais de 10 anos de aprendizagem sobre as suas condições, pois as diferenças entre as regiões são grandes. Antes trabalhou no Alentejo, onde os taninos são naturalmente mais maduros e redondos. Na região de Lisboa encontrou taninos mais reactivos e agressivos e no Tejo teve que aprender a lidar com taninos secos. À sua responsabilidade fica a definição de gamas das quintas todas e a abordagem geral de produção.
Quinta da Folgorosa – frescura atlântica
A Quinta da Folgorosa fica perto de Sobral de Monte Agraço no concelho de Torres Vedras. É uma propriedade muito antiga com morgadio desde 1711 e antes das guerras napoleónicas já tinha vinhas. A parte mais alta da vinha fica a uma altitude de cerca de 300 metros, as ondulações do terreno não são acentuadas. Algumas parcelas são vindimadas à mão, outras, onde as condições de terreno e a dimenção da vinha permitem, vindimam-se à máquina.
No meio da vinha fica um velho moinho que acaba por servir de miradouro natural e dar um traço pitoresco à propriedade. Também é retratado nos rótulos.
A idade dos vinhedos anda pelos 12 a 18 anos mas, ao contrário do habitual na região, as produções por hectare são muito baixas, apenas 2-3 toneladas, derivado da falta de investimento em anos anteriores. As vinhas estão quase decrépitas, situação que está a ser corrigida agora. Aliás, os primeiros investimentos foram feitos precisamente na vinha e na adega logo depois da aquisição. O investimento na promoção e na área comercial só se verifica a partir de agora.
A grande parte de vinhos era vendida a granel, prática com a qual Thomas acabou. E também baniu completamente a adição de açúcar e pasteurização mesmo nas gamas de entrada.” O vinho tem que ser honesto, ou não vale a pena fazê-lo”, diz. A partir da colheita 2021 os vinhos vão ser certificados como DOC Torres Vedras. Os sete vinhos do portefólio são apropriados para vegans, ou seja, na sua produção, não são utilizados produtos de origem animal.
A proximidade atlântica traz frescura necessária para fazer brancos com frescura e carácter. O Arinto representa 60% do encepamento, é a base dos lotes. Diogo prefere apanhar o Arinto com o máximo de 12,5% de álcool provável, “pois quando atinge mais de 13%, começa a transmitir aromas que lembram maçã raineta e laranja confitada”, refere.
O Moscatel foi plantado como tempero para integrar nos lotes. Em 2020 fizeram o primeiro monovarietal, ainda com o objectivo de lotear. Sobrou cerca de 1000 litros e era muito bom. Foi para barrica durante 3 meses e chegaram à conclusão que vale a pena dar protagonismo à casta na gama Quinta da Folgorosa.
Plantou-se mais Moscatel e Alvarinho. Sauvignon Blanc também tem uma expressão interessante e vão apostar num monovarietal dentro da gama Quinta da Folgorosa. O Fernão Pires é bom para fazer lotes aos quais confere volume, mas não representa uma grande aposta a solo.
Está previsto também ter dois monovarietais tintos: de Touriga Nacional e provavelmente de Castelão. Futuramente vai haver um espumante e talvez uma aguardente. Em tempos, a quinta esteve ligada à aguardente CR&F, o que é sempre bom augúrio…
Cortém – vinhos biológicos
Esta pequena propriedade rústica com uma adega bastante artesanal, também fica na região de Lisboa, situada em Caldas da Rainha. Apenas o chão e o tecto da casa original foram alvos de renovação, mantendo o traço original e todo o encanto de uma pequena quinta.
A apenas 15 km da costa em linha recta, o clima apresenta forte influência atlântica, ainda mais pronunciada do que na Quinta da Folgorosa. A vinha, inicialmente com 6 hectares e mais 3 adquiridos mais tarde, é plantada em dois vales – vale de Cortém, mais húmido e vale dos Mosteiros, mais seco. Os nevoeiros aparecem sempre de manhã e mantêm-se até às 11-12 horas, e depois acumulam-se novamente a partir das 5-6 horas da tarde.
Os antigos proprietários, o casal Price, apostaram na viticultura orgânica, o que tem sido um enorme desafio nesta zona pela humidade e a carga de doenças. A produção é baixíssima, não ultrapassa 3-4 tn/ha e em anos mais chuvosos a colheita fica fortemente comprometida. De acordo com a filosofia anterior, os vinhos passavam 2 anos em depósitos e ainda mais 2 anos em garrafa.
Quinta Vale do Armo – a expressão do Tejo
Mudámos para a região do Tejo. A Quinta Vale do Armo encontra-se perto da pequena vila de Sardoal no concelho de Santarém, conhecida como Vila Jardim por ter muitas plantas e flores na decoração das casas. O rio Tejo fica a 6 km a norte da quinta.
Começou em 2004 com apenas 9 ha e cresceu até mais de 90 ha. Tiago Alves, responsável pela viticultura, foi encarregado de adquirir vinhas na zona para aumentar a área de plantação. Na conservatória onde se registava a passagem dos direitos, já toda a gente o conhecia, depois do registo de 42 cadernetas!
A colecção de castas tintas inclui Touriga Nacional, Touriga Franca, Aragonez, Trincadeira (não muito boa), Syrah, Petit Verdot, Merlot, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e algumas vinhas velhas. Para brancos têm Alvarinho, Viosinho, Arinto, Verdelho e Sauvignon Blanc. As castas brancas são plantadas nas zonas mais baixas com um pouco mais de fertilidade do solo; as tintas nas zonas mais altas com alguma encosta. As geadas representam aqui um problema grande. Há anos que há “zero Verdelho ou Touriga Nacional”, conta Tiago Alves.
Tiago considera Aragonez e Syrah duas castas estruturais. Touriga Franca, na sua opinião, é a casta de futuro nesta mudança climática. Para amadurecer e quebrar o tanino seco precisa de calor e aguenta-o muito bem. Não sofreu nada no famoso escaldão de 2018, não dá problemas fitossanitários e potencia os lotes.
Os solos nesta zona são muito pobres, explica Tiago, é difícil produzir mais de 6 tn/ha. Noutro polo de vinhas que ocupa 65 ha conseguem produzir cerca de 9 tn/ha, o que está muito longe das produções médias do Tejo. Por ano, produzem cerca de 500 000 litros de vinho, dos quais 70 000 são de brancos.
Embora a zona se aproxime territorialmente à Beira Interior e ao Alentejo, Tiago aponta diferenças essenciais nas condições climatéricas. As temperaturas no Tejo e no Alentejo são semelhantes, facilmente chegam aos 40˚C com a diferença que no Alentejo esta temperatura é atingida muito mais cedo e dura mais horas durante o dia do que no Tejo.
Se na Quinta da Folgorosa não precisam de rega, aqui é inevitável. Os solos são franco-limosos e argilo-calcários, com uma boa drenagem, mas não retém água por muito tempo. Para a rega têm dois depósitos de água: um de 150 mil litros com a captação de um furo e outro de 300 mil litros com captação do rio Tejo.
A colheita de 2021 já foi vinificada pela nova equipa a 100% e com a filosofia e abordagem enológica do grupo. Provei alguns ensaios muito interessantes que ainda estão em cubas e em barricas. A próxima colheita promete! Embora cada quinta tenha a sua própria adega, as instalações da Quinta Vale do Armo irão tornar-se num hub logístico e de engarrafamento da Lindeborg Wines.
O próximo passo é solidificar e harmonizar a imagem dos vinhos feitos em cada quinta com identidade do grupo e redefinir os portfólios. Como diz Thomas, e bem, “Portugal transmite paixão e felicidade aos quais eu junto estrutura e foco para um futuro de sucesso.”
(Artigo publicado na edição de Maio 2022)
[products ids=”84338,84340,84342,84344,84346,84348,84350,84352,84354,84356,84358,84360,84362,84364,84366,84368,84370,84372,84374,84376,84378,84380″ columns=”4″
Torres Vedras será palco do Concurso Mundial de Sauvignon

Nos dias 18 e 19 de Março, a 12ª edição do Concurso Mundial de Sauvignon terá lugar em Torres Vedras, onde um júri de 75 especialistas, de 25 países, avaliará vinhos Sauvignon Blanc de várias partes do Mundo. Na apresentação do concurso, que aconteceu no passado dia 8 de Março na Garrafeira Venceslau, Laura Rodrigues, […]
Nos dias 18 e 19 de Março, a 12ª edição do Concurso Mundial de Sauvignon terá lugar em Torres Vedras, onde um júri de 75 especialistas, de 25 países, avaliará vinhos Sauvignon Blanc de várias partes do Mundo.
Na apresentação do concurso, que aconteceu no passado dia 8 de Março na Garrafeira Venceslau, Laura Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras — entidade que, empenhada na promoção dos seus vinhos e da região, financiou o evento com uma participação de 70 mil euros — sublinhou que o concurso contará com “um painel muito significativo de pessoas e entidades internacionais ligadas àquilo que há de melhor no vinho, a revistas, institutos e empresas internacionais”. Já Quentin Havaux, director do Concurso Mundial de Sauvignon, acrescentou que “o júri será constituído por jornalistas, compradores, sommeliers e enólogos. São todos especialistas e todos trabalham, diariamente, na indústria do vinho”.
Por sua vez, Francisco Toscano Rico, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa afirmou: “O Concurso Mundial de Sauvignon tem vários significados e importâncias. Por um lado, é o reconhecimento internacional de que há capacidade instalada e pessoas capazes de trazer um concurso desta dimensão e importância para Torres Vedras. O segundo ponto é que um concurso desta importância só vem para uma região que é de vinhos de excelência”.
A apresentação do 12º Concurso Mundial de Sauvignon terminou com uma prova de Sauvignon Blanc produzidos na região de Torres Vedras, conduzida por José Miguel Menezes de Almeida (CVR Lisboa), dos produtores Adega Cooperativa de Dois Portos, AdegaMãe, Quinta da Boa Esperança e Quinta da Folgorosa.
Dahlia wine bar: Vinho, música e um tempo bem passado

Abriu em Julho de 2021, no Cais do Sodré, numa capital já completamente “minada” de wine bars e coisas que tais. No entanto, o Dahlia é muito mais do que um bar no Cais. TEXTO Mariana Lopes FOTOS Dahlia Querer ir a um bar mesmo no centro da movida de Lisboa, mas não saber qual […]
Abriu em Julho de 2021, no Cais do Sodré, numa capital já completamente “minada” de wine bars e coisas que tais. No entanto, o Dahlia é muito mais do que um bar no Cais.
TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Dahlia
Querer ir a um bar mesmo no centro da movida de Lisboa, mas não saber qual escolher porque a oferta é enorme e a originalidade é pouca. Esta é uma condição comum, que para os verdadeiros amantes de música, vinho e boa comida, já tem uma solução: a Travessa do Carvalho nº 13, no Cais do Sodré, ganhou o Dahlia, um “listening wine bar”. Os listening bars, como explica a Mumbli — uma empresa que avalia e certifica o “bem-estar sonoro” de espaços abertos ao público, com base na qualidade de conversação e níveis de som saudáveis — popularizaram-se no Japão na década de 50 e são, na sua maioria, bares com equipamento de som de elevada qualidade, que tocam discos vinil cuidadosamente escolhidos por quem gere o espaço. Recentemente, o fenómeno dos listening bars alargou-se às grandes capitais do resto do Mundo e David Wolstencroft, juntamente com outros três sócios, Hamish Seears, Tiago Oudman e Harrison Iuliano, trouxe-o em Julho do ano passado para Lisboa.
O interior do Dahlia lembra, no design, uma mistura de “mid-century modern” — sobretudo nos tons de verde-azulado e laranja-abóbora, e nos candeeiros abaulados suspensos sobre o balcão comprido que atravessa, do lado direito, todo o bar — com uma grande simplicidade nos detalhes. Atrás do balcão, na parede, pode ver-se a vasta colecção de vinil da casa, com dezenas de discos a pedir para serem escolhidos por David (Dj Trus’me) ou por um dos clientes que queria muito impor a sua curadoria aos demais. Afinal, a música é aqui protagonista, com a cozinha e os vinhos a apoiá-la com excelência.Quem visita o Dahlia, dificilmente não repara na presença do enérgico e atento Adam Purnell. Nascido no Reino Unido, Adam trabalhou, até 2015, em Business Development e Publicidade. Nesse ano, como o próprio conta, teve uma espécie de epifania e decidiu mudar de vida, demitiu-se, acabou a relação com a namorada da altura e mudou-se de malas e bagagens para Berlim. Na capital alemã geriu espaços semelhantes a este, e em 2021 acabou por aceitar o convite dos amigos e veio para Lisboa gerir o Dahlia. Sendo ele próprio enófilo, um mundo que Adam diz estar a descobrir cada vez mais, a carta de vinhos — que inicialmente foi desenhada pelos proprietários com o conceito “natural”, mas que na verdade vai além desta corrente (afinal, o que são mesmo vinhos naturais…?) — está agora a seu cargo, e vai sofrendo pequenos ajustes. Falamos de mais de duas dezenas de rótulos de vários países como, a título de exemplo, o Uivo, na versão varietal de Rabigato, da Folias de Baco (Douro); A Seara Castas Brancas, um Ribeiro (Espanha) de Iria Otero; Charmeleon Chardonnay (Australia); Phaunus Loureiro, da Aphros (Vinho Verde); Pai Abel Chumbado, da Quinta das Bágeiras (Bairrada); Madeleine, de Les Dolomies (Jura, França); Luna Llena, de Kindeli (Nelson, Nova Zelândia); ou o alentejano Vira Cabeças, da Cabeças do Reguengo. Há também alguns Pet Nat (como o Javali, do Douro), Uivo Colheita Tardia e, fora do vinho mas na mesa carta, Mezcal Amores Misterios. Algumas destas referências estão disponíveis a copo. Já para quem prefere cocktails, o Dahlia tem uma selecção personalizada, preparada pelo mixologista Rony Hernandez, que inclui receitas como Mezcal Negroni ou Hibiscus Frizz, além do Grilled Pineapple Smash ou Orange Fashioned.E o que vem da cozinha é, na verdade, uma revelação. Os chefs Vítor Oliveira (ex-chef do Damas, também em Lisboa) e Gabriel Rivera têm uma grande preocupação em utilizar apenas produtos frescos, sazonais — e, em alguns dos casos, comprados na zona — e um “dedo” muito talentoso para combinações inusitadas em petiscos de autor, onde tudo funciona em harmonia e com muito sabor. Recentemente, a dupla apresentou um novo menu, onde propõe momentos como as entradas Bolinhos de Feijão (€4) ou Pakora (€4, um prato típico da Índia e do Paquistão); e os pratos Rosti de batata doce com molho agridoce (€7,50), Salada de melão, mostarda vinagrete e menta (€7,50), Couve-flor assada, cacau e kimchi de tomate (€8,50), Massa fresca do dia (€12,50) e Franguito fumado, farofa, limão (€15). Nas sobremesas, a sugestão vai para Chocolate tahini, banana e crumble (€6), Arroz doce caramelizado e limão preto (€6) e Bolo de figo com doce de pastinaca (€6). “O novo menu reflecte a criatividade dos nossos chefs. Acreditamos que estas novas criações do Dahlia vão voltar a surpreender os nossos clientes, com uma experiência diferenciadora que inclui não só a cozinha, mas também o bar e a música, tudo num ambiente muito ‘cool’ e descontraído”, convida Adam Purnell.
O Dahlia tem capacidade para 29 lugares e abre de terça-feira a sábado, com a cozinha a funcionar das 18h30 às 23h00. E, para deleite dos mais organizados, aceita reservas!
Quinta do Gradil junta-se à Missão de Natal da AMI

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Já é a segunda vez que a Quinta do Gradil se associa à Missão de Natal da AMI (Assistência Médica Internacional). Este ano, o produtor de vinhos da região de Lisboa contribuirá com 25 cabazes alimentares para […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Já é a segunda vez que a Quinta do Gradil se associa à Missão de Natal da AMI (Assistência Médica Internacional). Este ano, o produtor de vinhos da região de Lisboa contribuirá com 25 cabazes alimentares para famílias com dificuldades, abrangidas pela rede de apoio desta instituição, e também com uma acção na sua loja online: até ao próximo dia 5 de Dezembro, os visitantes da loja podem também contribuir, com 10% de cada compra doados à Missão de Natal da AMI.
“O envolvimento de uma prestigiada marca como a Quinta do Gradil nesta campanha de Natal vem não só fortalecer a iniciativa, como demonstrar a importância do trabalho conjunto entre as organizações da economia social e do sector empresarial”, salienta a AMI.
Já Luís Vieira, administrador e proprietário da Quinta do Gradul, acrescenta: “Tem sido hábito juntarmo-nos à AMI nesta altura de Natal, mas durante o ano estamos sempre atentos a outras iniciativas que possam encher-nos de orgulho, como o apoio à Associação CASA e, no passado, à Casa do Artista. Temos como foco produzir bons vinhos, mas faz parte do nosso ADN ser solidários e sensíveis à realidade que está à nossa volta”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Instagram
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Facebook
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no LinkedIn
[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]
Vinhos de Torres Vedras distinguidos em concurso nas Festas da Cidade

As Festas da Cidade de Torres Vedras — que aconteceram de 27 de Outubro a 11 de Novembro — tiveram uma programação completa e rica em gastronomia, vinho, música, inovação e muito mais. Um dos momentos mais importantes desta edição foi o RESERVA, um Fórum de Inovação de Gastronomia e Vinho que, entre outras actividades, […]
As Festas da Cidade de Torres Vedras — que aconteceram de 27 de Outubro a 11 de Novembro — tiveram uma programação completa e rica em gastronomia, vinho, música, inovação e muito mais. Um dos momentos mais importantes desta edição foi o RESERVA, um Fórum de Inovação de Gastronomia e Vinho que, entre outras actividades, incluiu, no dia 27, o concurso “Vinho Tinto e Vinho Branco de Torres Vedras 2021”, organizado pelo Município em coordenação com o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.
O painel de provadores — composto por Margarida Lourenço (INIAV), Luís Fernando Louret (Confraria dos Enófilos da Estremadura), José Miguel Meneses (CVR Lisboa), Raul Jesus (República Wine Bar), Ana Almeirante (Associação Portuguesa de Enologia e Viticultura) e Tiago Paula (Associação de Escanções de Portugal e Revista Escanção) — provou todos os vinhos “às cegas”.

Nos vinhos brancos, atribuiu o primeiro lugar ao vinho Alma Vitis 2020 (Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa), tendo obtido os segundo e terceiros lugares, respetivamente, os vinhos Quinta da Boa Esperança Fernão Pires 2018 (Sociedade Agrícola da Gama) e Velhos Tempos Reserva Arinto 2020 (Adega Cooperativa da Carvoeira).
Já no que toca aos tintos, os vencedores foram o vinho Quinta da Murnalha 2017 (Frutas Nobres), em primeiro lugar, e Surf Syrah 2019 (Caves Barbosa) e Património Colheita Selecionada 2017 (António Francisco Bonifácio & Filhos), em segundo e terceiro, por esta ordem.
Quinta de S. Sebastião lança o seu primeiro DOC Arruda

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Quinta de S. Sebastião — localizada em Arruda dos Vinhos, região de Lisboa — lançou recentemente um tinto DOC Arruda com o mesmo nome, da colheita de 2019. Lançar um DOC Arruda era um objectivo antigo […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Quinta de S. Sebastião — localizada em Arruda dos Vinhos, região de Lisboa — lançou recentemente um tinto DOC Arruda com o mesmo nome, da colheita de 2019.
Lançar um DOC Arruda era um objectivo antigo do projecto, e um desejo do seu proprietário António Parente. Filipe Sevinate Pinto, enólogo da Quinta de S. Sebastião, explica esta Denominação de Origem e o vinho agora apresentado: “Após diversas solicitações por parte do mercado, resolvemos lançar a nossa interpretação do perfil de um vinho da Arruda: a precocidade que a carateriza em relação a outras Denominações da Região de Lisboa, mas também a frescura atlântica, as temperaturas amenas das encostas viradas a nascente da quinta e das diversas altitudes”.
O Quinta de S. Sebastião DOC Arruda tinto 2019 é um blend das castas Touriga Nacional e Tinta Roriz, de vinhas maioritariamente de encosta ao alto, em solos argilo-calcários, com curtimenta curta, tendo 40% do vinho estagiado em barricas de carvalho francês usadas.
“Arruda dos Vinhos é o coração da nossa produção e as nossas uvas vêm de vinhas situadas dentro do concelho, com uma diversidade enorme de condições. Toda a nossa comunicação passa por este sentido de origem que acreditamos estar muito presente nos nossos vinhos”, acrescenta Filipe Sevinate Pinto. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Instagram
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Facebook
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no LinkedIn
[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]
Lisboa é nome de (muito bom) tinto

Bastaria o nome para, a nível internacional, Lisboa ser a zona vitivinícola mais inequivocamente associada a Portugal. Juntando a isso, na última década e meia, os vinhos de Lisboa criaram um modelo de negócio de enorme sucesso, assente em bons vinhos a bom preço, transformando a região na maior exportadora relativa do país (vinho do […]
Bastaria o nome para, a nível internacional, Lisboa ser a zona vitivinícola mais inequivocamente associada a Portugal. Juntando a isso, na última década e meia, os vinhos de Lisboa criaram um modelo de negócio de enorme sucesso, assente em bons vinhos a bom preço, transformando a região na maior exportadora relativa do país (vinho do Porto à parte). Mas Lisboa é bem mais do que isso. Diversidade de solos, castas e clima associam-se ao factor humano para fazer nascer vinhos de primeira grandeza. Como é o caso dos tintos que provámos.
Texto: Valéria Zeferino e Luís Antunes
Notas de Prova: Luís Antunes
A região de Lisboa começa a partir da capital e estende-se quase 140 km para Norte até Pombal. Em toda a sua extensão é delimitada pelo oceano Atlântico, ocupando em largura entre 20 e 40 km. Pela posição geográfica, a influência Atlântica é a principal “feature” da região, perdendo ligeiramente a sua força à medida que se afasta da orla marítima.
O clima apresenta características da transição entre o Atlântico e o Mediterrânico. A Serra de Montejunto situada a cerca de 20 km da costa Atlântica, com orientação Noroeste-Sudeste, marca a divisão em parte norte e sul da região, impedindo a progressão das massas de ar marítima. A Noroeste as massas de ar húmido e frio, provenientes do oceano contribuem para a formação de densas neblinas; a Sudeste, ao abrigo dos ventos, com maior exposição solar e menos precipitação, as condições são mais quentes e secas. Até o tipo de vegetação muda de semelhante à da Europa Central para o coberto vegetal mais esparso e rasteiro típico do Mediterrânio.
Os níveis de humidade variam em função da proximidade do mar e orografia. Assim, o clima em Óbidos e Encostas d’Aire é considerado húmido; em Bucelas, Carcavelos, Colares e Torres Vedras – sub-húmido chuvoso; e em Alenquer e Arruda – sub-húmido seco, sendo esta uma zona de tintos por excelência.
Os solos ao longo da região também apresentam grande variedade. A Norte, as vinhas estão assentes no maciço calcário ao longo das encostas das serras de Sicó, Aire e Candeeiros, onde o terreno é formado por ondulações relativamente suaves. Nos vales, assim formados, os solos são bastante mais férteis. Mais a Sul, na zona de Bombarral, Cadaval e Caldas de Rainha variam de calcários aos argilo-calcários. Na zona litoral à volta de Óbidos, Peniche, Lourinhã, encontram-se arenitos, argilas e margas de elevada fertilidade. Em Alenquer e Arruda os solos são predominantemente argilo-calcários e em Bucelas derivados de margas e calcários duros. Carcavelos está assente em solos de formação calcárea e não podemos esquecer o famoso chão de areia de Colares. Assim, olhando para a localização da propriedade é relativamente fácil fazer a leitura das condições climatéricas que acompanham o ciclo vegetativo.
Tiago Correia, da equipa de enologia da Quinta do Gradil, localizada a 18 km do mar no lado norte do sopé da Serra de Montejunto, conta que de manhã há sempre humidade, que desaparece durante o dia. Em comparação, na Quinta do Rol, em Lourinhã ou em São Mamede da Ventosa a cerca de 8 km do mar, há dias de verão em que o sol não aparece.
Sandra Tavares da Silva, responsável pela enologia do projecto familiar na Quinta da Chocapalha em Alenquer (do outro lado da Serra de Montejunto) refere que naquela zona a influência Atlântica nota-se, mas não é “cáustica”. No verão, pode-se falar da clássica brisa marítima suave que até às 10h da manhã faz desaparecer as orvalhadas matinais.
A história é diferente em Torres Vedras, com exposição quase directa ao Atlântico. Os dias de amadurecimento das uvas são mais amenos e nas noites sente-se a frescura marítima. O enólogo da Adega Mãe, Diogo Lopes, nota a diferença em temperatura, por exemplo, desde a saída de Lisboa, com 30˚C, até chegar à adega já com 22-23˚C. É por isso que, para a produção de vinhos tintos, a Adega Mãe explora a Quinta de Dom Carlos em Alenquer.
Segundo os dados do Instituto da Vinha e do Vinho, a área de vinha da região de Lisboa ocupa 17 989 ha e, pela informação da CVR Lisboa, 10 000 ha correspondem à vinha certificada, apta a produzir uvas para vinhos DO e IG. Este valor mantém-se estável, mas com tendência para crescer, sendo a Região de Lisboa uma das que mais candidaturas tem apresentado para a plantação de novas vinhas. Estes 10 mil hectares são explorados por 2 mil viticultores o que dá uma área média por viticultor de 5 hectares, muito superior à média nacional.
O vinho tinto predomina na região com 75%, deixando 20% para branco e 5% para rosé. Em termos de diversidade varietal, se desconsiderar a Caladoc, utilizada maoiritariamente para vinhos sem denominação de origem, as castas com maior expressão são Castelão, Syrah, Aragonez/Tinta Roriz, Alicante Bouschet e Touriga Nacional. Sandra Tavares da Silva não hesita em afirmar que a Castelão sempre foi aposta da Quinta da Cocapalha, mas é preciso ter paciência. Está numa parcela virada à norte, produzindo vinhos com menos densidade e mais frescura.
Diogo Lopes confessa que hoje dá mais atenção a Castelão do que no início do projecto Adega Mãe. Gosta da sua acidez franca e fruta vermelha. Em parcelas certas com boa exposição e tendo em conta as alterações climáticas é uma opção interessante. Deve-se é evitar a tentação de extrair demais, procurando a sua originalidade e elegância.
Tiago Correia adianta que, no caso de Castelão, é preciso saber trabalhar com os clones certos.
A Tinta Roriz mostra-se bastante bem, mas nem todos os anos. “Dá grandes alegrias, mas também anos com dificuldade de amadurecer; mas é muito boa nos rosés”, – diz Tiago; e Sandra Tavares refere que a casta é extremamente sensível ao stress hídrico, mas em solos argilo-calcários profundos, virada a poente, consegue maturação suave e longa.
Com Alicante Bouschet conseguem-se bons resultados, mas, segundo Tiago Correia, precisa de gestão de produção muito cuidada, começando pela poda de inverno curta para controlar a rebentação, desladroamento a tempo, e monda de cachos ao pintor, se for preciso. A partir dos 8-9 toneladas perde completamente a identidade, acrescenta. No que toca a Touriga Nacional, é fácil de reconhecer o seu carácter, com descritores aromáticos bem presentes, mas às vezes pode faltar-lhe a maturação fenólica e corpo; não é homogénea, conclui Tiago.
Já Sandra Tavares gosta muito da sua experiência com Touriga Nacional, cujas varas trouxeram de Nelas. Dá vinhos com boa concentração, frescura e densidade. Surpreendentemente bem, deu-se na zona de Alenquer, a Touriga Franca. Foi difícil encontrar solos certos, pois fica melhor em terrenos mais pobres e com inclinação. Também é mais sensível à humidade, precisa de zonas bem arejadas e controlo do vigor. Mas segundo Sandra, o resultado vale a pena o esforço.
Já a variedade Ramisco, não tendo muita expressão em termos da área plantada, tem a sua importância, porque não existe em mais lado nenhum do país e no binómio com Colares origina vinhos de carácter único que ultimamente estão a gozar um merecido renascimento.
Algumas castas estrangeiras são populares na região a contribuir para uma diversidade de estilos, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot. A experiência com Tannat na Quinta do Gradil é um caso de sucesso. O Pinot Noir também aparece na região e consegue amadurecer de forma equilibrada em zonas onde, normalmente, são plantadas castas brancas.
Segundo a informação da CVR Lisboa, as vendas anuais da região rondam os 65 milhões de garrafas. Este valor duplicou nos últimos 5 anos, sendo esta a região que mais cresceu neste período em termos absolutos. Em volume de vendas, é actualmente a 4ª maior região depois de Alentejo, Vinho Verde e Douro (sem Porto). Em 2020 o crescimento em vendas representou 17% (cerca de mais 10 milhões de garrafas). Nos vinhos não licorosos, Lisboa representa 14% das vendas totais de vinhos certificados, por comparação com o Alentejo, que detém cerca de 22%.
Mas o mais impressionante é que 80% do total de vendas da região de Lisboa corresponde à exportação para cerca de 100 destinos. Tirando o Vinho do Porto, é a região que mais exporta em percentagem do total das suas vendas. Nos últimos 5 anos, Lisboa foi responsável por 33% do crescimento das exportações de vinhos certificados ou seja, olhando apenas para o volume adicional das exportações nestes 5 anos, 1 em 3 garrafas exportadas foi de Lisboa. E para onde vai todo este vinho? Dentro da União Europeia, os principais mercados são Polónia e Países Escandinavos. No resto do mundo avultam os Estados Unidos, Rússia, Canadá, Brasil e Austrália.
Os grandes tintos de Lisboa
Em prova, a região mostra uma grande vitalidade neste segmento de topo, aparecendo vinhos de grande qualidade e também de preços altos. Os preços altos são um pau de dois gumes, se nós consumidores preferimos galinha gorda por pouco dinheiro, os produtores precisam de receitas e boas margens para assegurar a sustentabilidade dos seus projectos, e os preços altos são sempre indicador de sucesso e prestígio. Para uma região andar para a frente, é sempre preciso haver vinhos icónicos que lideram e fazem subir a ambição geral. Impressiona ainda a grande variedade de estilos, de castas, de combinações. Temos de ter em atenção que mudar uma vinha é sempre um projecto a longo prazo. Constatamos assim que estas apostas começaram já há muito tempo, e temos agora o resultado dessa experimentação na vinha, a que se segue experimentação na adega, e finalmente a adesão do público que pode ou não validar as apostas. Vemos assim castas trazidas do Douro e do Alentejo, outras de França, pensamos que numa tentativa (conseguida!) de recuperar algum do atraso que Lisboa leva junto da opinião pública, em relação a outras regiões mais populares. Vemos ainda uma gama variada de estilos, desde vinhos mais frescos e leves a vinhos mais concentrados, desde vinhos mais pálidos a vinhos totalmente opacos. Nota-se igualmente um pouco de indefinição de estilo, dentro de alguns produtores, com tintos de Castelão de cor estranhamente carregada, ou vinhos atlânticos com algum peso alcoólico, ou ainda vinhos com alguma idade que já terão passado os melhores dias. Ainda do lado da diversidade de estilo, aqui com traços bem positivos, vemos vinhos extremamente bem desenhados, por exemplo baseados em Syrah mas não só, com apelo e sedução imediatos, vemos o renascimento da Ramisco como uma grande casta com carácter saudoso único, a ser finalmente feito com enologia moderna que lhe dá afabilidade sem desvirtuar esse carácter, vemos ainda vinhos que já venceram a prova do tempo, com enorme qualidade e encanto, mas que se apresentam ainda prontos para durar muitos anos mais.
E nas recomendações gastronómicas que acompanham por vezes as notas de prova, vemos que estes vinhos são versáteis e amigos da mesa. Há excelência nos tintos de Lisboa, há belíssimas relações qualidade-preço, há a história de uma região com história, que agora se agrupa em torno de um nome, sem esquecer o seu passado se aponta para o futuro. Bravo!
(Artigo publicado na edição de Agosto 2021)[/vc_column_text][vc_column_text]
No products were found matching your selection.
Gordon Ramsay nas vinhas de Colares? Estreou o aguardado episódio

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Foi no dia 15 de Outubro de 2021, às 22h10, que estreou o primeiro episódio da terceira temporada de “Gordon Ramsay: Uncharted”, gravado na totalidade em Portugal, com cenas em Colares. Transmitido no canal National Geographic e, […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Foi no dia 15 de Outubro de 2021, às 22h10, que estreou o primeiro episódio da terceira temporada de “Gordon Ramsay: Uncharted”, gravado na totalidade em Portugal, com cenas em Colares.
Transmitido no canal National Geographic e, em simultâneo, no 24Kitchen, o programa mostra o famoso chef a visitar as vinhas de Colares (e não só), na companhia do enólogo Helder Cunha, da Casca Wines, que levou Ramsay a descobrir as videiras com cerca de 200 anos.
“Um dos tesouros mais bem guardados de Portugal”. Foi assim que Gordon Ramsay descreveu as parcelas plantadas nos solos arenosos de Colares, dizendo que “nunca tinha visto uvas impregnadas em areia”.
Este episódio de Uncharted incluiu ainda uma das cenas mais hilariantes do programa, que envolve o “Sr. Gonçalo”, as canas que sustêm as videiras, e as “jóias da família” de Gordon Ramsay… é ver para saber mais.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Instagram
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no Facebook
[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Siga-nos no LinkedIn
[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]