Moscatéis de Setúbal foram os grande vencedores do Muscats du Monde

O mais importante concurso mundial de Moscatéis, realizado em França, anunciou recentemente os seus resultados e, mais uma vez, Portugal marcou presença no grupo dos melhores, com o Moscatel Roxo de Setúbal Venâncio da Costa Lima Reserva da Família 2016 a ser eleito o melhor dos melhores. Este é um produto exclusivo dos hipermercados Continente. […]

O mais importante concurso mundial de Moscatéis, realizado em França, anunciou recentemente os seus resultados e, mais uma vez, Portugal marcou presença no grupo dos melhores, com o Moscatel Roxo de Setúbal Venâncio da Costa Lima Reserva da Família 2016 a ser eleito o melhor dos melhores. Este é um produto exclusivo dos hipermercados Continente.

No Muscats du Monde 2020, que decorreu a 22 e 23 de Julho em Frontignan-la-Peyrade, estiveram a prova 158 Moscatéis de 16 países e, além da mais alta distinção oferecida ao Reserva da Família 2016 — o primeiro lugar no Top 10 — outros Moscatéis de Setúbal destacaram-se, tendo sido Portugal o país com mais vinhos no Top 10: em 7º lugar, Moscatel de Setúbal Venâncio da Costa Lima Reserva da Família 5 Anos; em 11º, Moscatel de Setúbal Adega de Palmela 10 Anos; e em 12º, Moscatel Roxo de Setúbal Casa Ermelinda Freitas Superior 2010.

Os resultados completos da edição de 2020 do concurso Muscats du Monde podem ser consultados aqui.

Estava previsto viajar durante doze meses – a bordo do Navio Escola Sagres – mas acabou por regressar ao final de quatro. Os 1600 litros do Moscatel de Setúbal Torna Viagem, da José Maria da Fonseca, viram a sua volta ao Mundo cancelada em Maio devido à pandemia da covid-19, depois de terem zarpado de Portugal a 5 de Janeiro de 2020. Eram dois cascos de 600 litros e um de 400 litros, cada um com Moscatel de Setúbal 1956, outro com Moscatel Roxo de Setúbal 1985 e outro com Moscatel de Setúbal 2000, este último já tendo feito uma viagem a bordo do Sagres em 2007, sendo assim um “duplo” Torna Viagem. 

Depois do regresso destes vinhos à José Maria da Fonseca, em Azeitão, o vice-presidente e enólogo Domingos Soares Franco decidiu abrir os cascos para ver a evolução do vinho, e constatou: “Como era de esperar, o vinho Torna Viagem teve uma alteração igual a edições anteriores uma vez que cruzou duas vezes o Equador. Inicialmente iria atravessar seis vezes a linha Equador nesta viagem à volta do Mundo, mas devido à pandemia a viagem foi interrompida, já o navio Escola Sagres estava no Pacífico. Já de regresso a Azeitão, e depois de provado, constatámos que o vinho ficou mais escuro, mais evoluído no aroma e paladar”.

As experiências Torna Viagem, que culminam em vinhos raros e exclusivos, permanecem depois por longos anos nas caves da José Maria da Fonseca, até chegarem ao mercado. 

Icónico vinho João Pires tem novo look

João Pires é um branco icónico da José Maria da Fonseca, um monocasta Moscatel de Setúbal produzido desde a última década de 70. Hoje, quase 30 anos depois da última mudança de imagem deste vinho, João Pires surge no mercado com um look completamente novo: uma garrafa mais escura, um rótulo que imita a textura […]

João Pires é um branco icónico da José Maria da Fonseca, um monocasta Moscatel de Setúbal produzido desde a última década de 70. Hoje, quase 30 anos depois da última mudança de imagem deste vinho, João Pires surge no mercado com um look completamente novo: uma garrafa mais escura, um rótulo que imita a textura da parra da uva Moscatel de Setúbal, e um upgrade no papel e nos acabamentos, para dar aparência mais fresca e, em simultâneo, mais premium. 

Segundo a José Maria da Fonseca, “este rebranding tem como objectivo tornar a marca mais actual e moderna, mas ao mesmo tempo manter os elementos que desde sempre a distinguiram, sem descurar a qualidade e perfil do vinho”.

O João Pires branco 2019 tem um p.v.p. de €3.99.

vinho da casa #26 – Alambre Moscatel de Setúbal 20 anos

Moscatel de Setúbal: Um tesouro a descobrir

O Moscatel de Setúbal é um dos clássicos generosos portugueses, mas a sua notoriedade junto do consumidor está ainda muito distante da sua grandeza enquanto vinho. Merece bem mais do que o que tem, mais reconhecimento, melhores preços, mais visibilidade. Mas apesar disso, a verdade é que continua a crescer em área de vinha e […]

O Moscatel de Setúbal é um dos clássicos generosos portugueses, mas a sua notoriedade junto do consumidor está ainda muito distante da sua grandeza enquanto vinho. Merece bem mais do que o que tem, mais reconhecimento, melhores preços, mais visibilidade. Mas apesar disso, a verdade é que continua a crescer em área de vinha e produção.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Mário Cerdeira

Quando se fala da trilogia dos vinhos licorosos portugueses sempre nos lembramos dos três magníficos, Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal. É verdade que há outros, como o Moscatel do Douro e o Carcavelos mas nenhum destes dois atingiu o brilho do generoso de Setúbal. Apesar da fama do Setúbal e dos indicadores que são muito optimistas, não só quanto à área de vinha como em relação às quantidades produzidas, a verdade é que os ventos andam contrários. Os tempos, em Portugal e no mundo, não vão de feição para os vinhos doces. Esta verdade é válida não só aqui como também internacionalmente e as regiões que se notabilizaram pela produção de vinhos com elevado teor de açúcar estão a ressentir-se do menor interesse do público. Acontece com o Vinho do Porto tal como acontece com os Sauternes (França), por exemplo. Em alguns casos consegue-se uma melhor rentabilidade pela subida de preços de categorias mais elevadas (caso do Porto) mas as categorias de entrada dos licorosos nacionais (e europeus) tendem a ter preços pouco prestigiantes. O Moscatel de Setúbal consegue ser algo bipolar em termos de segmentação, com preços muito baixos nas gamas de entrada e, depois, vinhos de gama alta vendidos a valores já condizentes com a sua imagem e qualidade.

A região de Setúbal tem conhecido um renovado interesse dos produtores no Moscatel, um generoso com direito a reconhecimento legal como região demarcada desde os inícios do séc. XX. Durante décadas foi a casa José Maria da Fonseca que, quase em exclusivo, manteve o estandarte do generoso Moscatel de Setúbal. A partir dos anos 80 a J.P. Vinhos (mais tarde Bacalhôa Vinhos de Portugal) passou também a incluir o generoso no seu portefólio e de então para cá, sobretudo já neste século, a maioria dos produtores da região assumiu (e bem) que havia como que a “obrigação cívica” de manter, desenvolver e expandir o Moscatel que deu fama à região.

Henrique Soares, Presidente da CVR de Setúbal, confirmou-nos o crescimento sustentado que a área de vinha destinada à produção de moscatel tem tido. Estamos então a falar de 520ha para a produção do Moscatel de Setúbal e 43ha para o Moscatel Roxo de Setúbal. Na versão Roxo verificou-se um crescimento que fez duplicar a área de vinha em cerca de 3 anos e retirou, de vez, a casta do perigo de extinção em que se encontrava nos anos 80 do século passado. A produção global subiu também de forma permanente e situa-se agora (2019) nos 20 000 hectolitros quando, 4 anos antes, era apenas de 15 000 hectolitros.

Para ser Moscatel de Setúbal com direito à Denominação de Origem o vinho deverá incluir 85% da casta embora, ainda segundo Henrique Soares, a maioria dos produtores opte por ter 100% da casta em cada garrafa. Existia também a possibilidade de se fazer um generoso apenas com 2/3 de moscatel e 1/3 com outras castas brancas – tinha então o nome único de Setúbal (e não Moscatel de Setúbal) mas ao que nos informaram essa prática caiu em desuso e já ninguém a utiliza. Pelo facto da Portaria que actualizou as designações relativas ao Moscatel de Setúbal ser de 2014, é possível que se encontrem no mercado vinhos que apenas indicam “Setúbal” em vez de Moscatel de Setúbal e “Roxo” em vez de Moscatel Roxo de Setúbal.

Os segredos do Setúbal

A casta moscatel existe em inúmeros países, desde a bacia do Mediterrâneo até à África do Sul. Contam-se várias estirpes da casta, há nomes variados e perfis diferenciados. Em Portugal conhecemos duas famílias principais: o Moscatel Galego mais presente no Douro e o Moscatel de Alexandria (ou Moscatel Graúdo) em Setúbal. A variedade Moscatel Roxo é uma mutação do Moscatel Galego. Caracteriza-se pela fraca pigmentação tinta do bago, estando aí a origem do nome. Oficialmente, é considerada uma casta rosada, não tinta.

No modo de fabrico segue-se a técnica dos outros generosos, ou seja, a meio da fermentação é adicionada a aguardente que faz com que o processo fermentativo se interrompa e o resultado seja um vinho doce. Esta doçura, no caso dos vinhos com 20 ou mais anos, com concentração através da evaporação em casco, pode chegar aos 340 gramas/litro. Usa-se na região uma aguardente em tudo idêntica à do Vinho do Porto – tem a obrigatoriedade de ser vínica e ter um teor de álcool compreendido entre os 52 e 86% – mas não existem restrições quanto à origem: pode ser nacional (ou não) e alguns produtores, como a José Maria da Fonseca, têm usado aguardente adquirida quer na zona de Cognac quer na de Armagnac, regiões que, como se sabe, são produtores de espirituosos. A variação do teor alcoólico da aguardente prende-se também com o perfil do produto final, já que o Moscatel de Setúbal pode entre 16 e 22% de álcool.

A tradição da região impôs na vinificação uma maceração pós-fermentativa com as películas das uvas (ricas em aromas e sabores) ainda e já com a aguardente adicionada, processo que se estende por vários meses. Durante este “estágio” a cor do vinho pode ganhar tonalidades cada vez mais carregadas, o que também explica as cores “evoluídas” dos moscatéis novos.

No que diz respeito às barricas para o estágio não existem também limitações nem quanto ao volume nem quanto à origem das mesmas. Assim, tanto se podem usar barricas de pequeno volume, onde o envelhecimento tende a ser mais acelerado, como tonéis de grande dimensão. A Bacalhôa tem utilizado barricas onde anteriormente se estagiou whisky e que são colocadas numa estufa sujeita às variações de temperatura entre Verão e Inverno. Para ter direito à Denominação de Origem o vinho é obrigado a um mínimo de 18 meses de estágio.

O tempo, esse grande educador

Tal como acontece com outros generosos, sobretudo com o Porto Tawny e os Madeira, é o estágio prolongado em tonel ou barrica que confere ao vinho toda a complexidade e qualidade que se lhe reconhecem. É também nesse estágio que a tonalidade escurece, ficando com tons acastanhados. Pode, no entanto, parecer estranho que os vinhos novos, apenas com os 18 meses de estágio obrigatórios por lei, tenham já uma tonalidade muito carregada. Filipa Tomaz da Costa, enóloga da Bacalhôa, esclarece: “tenho várias cubas com o moscatel ainda em contacto com as massas (método que segue a tradição da região) e o vinho já apresenta uma tonalidade que sugere uma prolongada oxidação; por isso é normal que mesmo nos vinhos novos surjam tons mais escuros”. A lei permite, de qualquer forma, a utilização do caramelo como corrector de cor.

Depois desta maceração é o tempo em casco que vai, lentamente, operando as modificações que farão surgir um grande generoso, concentrado, por vezes muito doce, mas muito complexo. Também aqui há quem esteja a inovar e o vinho da quinta do Monte Alegre é sobretudo envelhecido em garrafa, um pouco à maneira do Porto Vintage. Ainda é cedo para se perceber se o resultado justifica a prática.

Na Bacalhôa, há muitos anos que o estágio em estufa é praticado. Filipa Tomás da Costa refere: “Usamos este método sobretudo nos primeiros 10 anos do envelhecimento; depois desse tempo trazemos os cascos para dentro do armazém, embora continuem nas zonas altas mais perto do telhado. Como a massa vínica é muito grande dentro da estufa – apesar das pipas serem de 200 litros – há uma forte inércia térmica e no Inverno podemos ter temperaturas exteriores de 4ºC mas no interior da pipa o vinho apenas varia entre os 10 e 15ºC; no Verão, a temperatura no interior da estufa chega facilmente aos 40º mas o vinho apenas oscila entre os 25 e 28ºC”.

A prática de atestar as barricas e passar a limpo nunca se generalizou na região. Na José Maria da Fonseca existiam muito vinhos velhos que já apenas correspondiam a “um fundinho da pipa”, como nos disse Domingos Soares Franco, enólogo da empresa, e tomou-se a decisão (há já alguns anos) de engarrafar todos esses vinhos, tendo-se considerado que apenas estavam a evaporar e que já nada mais havia a esperar do estágio em tonel. Mas, tal como no Vinho do Porto, este estágio pode prolongar-se por mais de 100 anos.

Novas categorias e mais diversidade

A legislação da região permite desde há algum tempo a produção de vinhos com indicação de idade. Assim, no rótulo da garrafa pode vir a indicação 5, 10, 20, 30 e 40 anos. Como muitos operadores ainda não têm vinhos muito velhos a existência de vinhos com as idades 30 e 40 é por enquanto muito limitada.

Pela prova que fizemos verifica-se que a indicação da data da colheita começa a generalizar-se e os vinhos com 5 anos também mostram ser uma categoria que veio para ficar. A designação Superior obriga a um estágio mais prolongado e a uma aprovação como tal na Câmara de Provadores.

Ainda segundo Soares Franco, a aceitação pelo mercado de vinhos com indicação de idade está a ser muito boa, quer em Portugal (que é ainda o principal destinatário) quer no mercado eterno, onde se destacam o Brasil, o Canadá e a Escandinávia.

O grande inimigo do Moscatel de Setúbal é a tendência – que se estende a outros produtos vínicos – de fazer parte dos vinhos que estão permanentemente na mira das grandes superfícies (super e hipermercados)  que jogam com os preços cada vez mais baixos, um verdadeiro rolo compressor que não traz nada de bom para a imagem do Moscatel de Setúbal. O futuro da região, muito mais do que vender cada vez mais barato deverá ser vender cada vez melhor, subindo gradualmente os preços, única forma de tornar trabalho rentável, valorizar a uva e o produtor e dignificar o produto de excelência que é o Moscatel de Setúbal.

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Edição nº 34, Fevereiro de 2020

Moscatel de Setúbal da JMF “Torna Viagem” vai dar volta ao Mundo

Partiram dia 5 de Janeiro, a bordo do Navio Escola Sagres numa viagem à volta do Mundo, 1600 litros de Moscatel de Setúbal Torna Viagem, da José Maria da Fonseca. Esta viagem, incluída no Programa de Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação Fernão de Magalhães/Elcano, terá a duração de 371 dias e irá percorrer 20 […]

Partiram dia 5 de Janeiro, a bordo do Navio Escola Sagres numa viagem à volta do Mundo, 1600 litros de Moscatel de Setúbal Torna Viagem, da José Maria da Fonseca. Esta viagem, incluída no Programa de Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação Fernão de Magalhães/Elcano, terá a duração de 371 dias e irá percorrer 20 países de cinco continentes diferentes. Esta é a oitava experiência de Torna Viagem da era moderna.

A história do Moscatel Torna Viagem remonta ao século XIX e é património histórico exclusivo da José Maria da Fonseca. Na época em que navios cruzavam os mares do Mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam uma comissão pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar na totalidade. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à Casa Mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma boa surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. Em 2000, a José Maria da Fonseca retomou com regularidade as viagens com cascos de Moscatel de Setúbal.

No passado Domingo, seguiram a bordo do Navio Escola Sagres dois cascos de 600 litros e um de 400 litros de Moscatel de Setúbal José Maria da Fonseca: um casco com Moscatel de Setúbal 1956, outro com Moscatel Roxo de Setúbal 1985 e outro com Moscatel de Setúbal 2000. Esta viagem, cujo regresso a Lisboa está previsto para o dia 10 de Janeiro de 2021, tem o intuito de avaliar qual a influência da viagem marítima no Moscatel de Setúbal. Para isso a José Maria da Fonseca irá comparar as “testemunhas”, cascos de Moscatel de Setúbal das mesmas colheitas que permaneceram na adega, com os Moscatéis que viajaram. Para Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo da JMF, “cada viagem é única e irrepetível, as alterações bruscas de temperatura, o balanço do mar e a salinidade atribuem características ímpares ao vinho, mas invariavelmente ele regressa mais complexo, redondo e aveludado acentuando o carácter único e maravilhoso do nosso Moscatel de Setúbal Torna Viagem”.

As experiências Torna Viagem permanecem, depois, por longos anos nas caves da José Maria da Fonseca, antes de chegarem ao mercado.

Horácio Simões, uma família unida à volta do vinho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A secular Casa Agrícola Horácio Simões não é o maior produtor da Península de Setúbal, mas é certamente um dos mais antigos e mais reputados na região. Encontra-se aqui em perfeito equilíbrio uma abordagem tradicional e quase […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A secular Casa Agrícola Horácio Simões não é o maior produtor da Península de Setúbal, mas é certamente um dos mais antigos e mais reputados na região. Encontra-se aqui em perfeito equilíbrio uma abordagem tradicional e quase artesanal dos antepassados e uma sede da geração contemporânea para experimentar coisas novas.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A adega na Quinta do Anjo é pequena e disfarçada de vivenda com uma loja e café, onde os locais gostam de ficar à sombra no pátio para tomar um copo à tarde. Ao passar na rua nem se dá pela adega, sobretudo se o portão estiver fechado.
A casa dispõe de cerca de 40 hectares de vinha própria e conta com mais 30 hectares de vinha dos parceiros, para além de alguma uva comprada na região. A produção anual é de cerca de 300 mil litros de vinhos tranquilos, Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo.
O Castelão ainda é pisado a pé ou tratado com “macacos” nos antigos lagares de pedra vinda da serra da Arábida. Uma antiga prensa vertical é a única utilizada. Para engarrafamento empregam umas maquinetas que em muitos sítios servem como peças de museu.
É claro que nem tudo se faz como dantes. Por exemplo, antigamente as vindimas só começavam depois da festa da Moita, que acabava na segunda semana de Setembro. Hoje em dia, vindima-se com base no controlo da maturação.
Manter a identidade da casa é essencial. O que se pretende é que os vinhos, mesmo sendo um pouco diferentes em função do ano, sejam reconhecidos pelo estilo da Casa Agrícola Horácio Simões. Mesmo que o rótulo não esteja lá.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Três gerações juntas
José Carvalho Simões, o bisavô dos irmãos Pedro e Luís Simões que estão agora à frente da empresa, tinha cinco filhos, mas só três queriam trabalhar na área da agricultura: Horácio, Diniz e Virgílio. Em 1910 foram criadas três casas agrícolas com os nomes de cada um. Destas três apenas uma continua até à data – Casa Agrícola Horácio Simões.
Horácio Santos Simões tem hoje 97 anos e mesmo que já há muito tenha passado tudo para o filho e netos, continua presente e atento. Nas alturas de maior agitação na adega anda a “fiscalizar” se está tudo a ser feito como deve ser. Sobe ao telhado e observa de cima, para ter uma visão melhor dos trabalhos desempenhados. As pessoas próximas dizem que “ele só não ouve o que não quer”. Sempre teve uma maneira de ser muito própria. Não tinha o hábito de explicar como se fazia, “mandava as coisas ao ar – apanha se quiseres”, – recorda Pedro.
Quando a avó faleceu, há cerca de 14 anos, o avô foi-se abaixo, perdeu o interesse pela adega e disse aos netos para tomarem conta de tudo, que se sentia velho. Para evitar ver o avô deprimido, Pedro tentava envolvê-lo nas actividades da casa. Quantas vezes, fingindo que não tinha tempo, pedia que o avô fosse a uma ou outra vinha ver se estava tudo bem, partilhava acontecimentos, pedia-lhe conselhos. E resultou.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”32325″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O pai, Horácio Reis Simões, também participa vivamente nos assuntos do negócio familiar, sendo o mais antigo provador na CVR da Península de Setúbal. É uma casa onde a família, representada actualmente pelas três gerações, muitas vezes se reúne à volta da mesa.
A quarta geração também já está presente – o filho do Pedro, Francisco, de 15 anos, quer seguir as pesadas do pai. Andou a vindimar com a família há 5 ou 6 anos e actualmente está a estudar numa escola agrícola em Vendas Novas, por acaso (ou não) a mesma onde estudou o pai. Ao acabar a escola quer seguir enologia no ISA e fazer um estágio na Nova Zelândia. Pedro diz que sempre tentou incentivar o filho, despertando-lhe interesse pelo vinho sem qualquer obrigação, naturalmente. O facto de as diferentes gerações estarem muito unidas e com hábito de se juntarem às refeições também foi determinante. “Aos almoços e jantares, mais volta menos volta, estamos sempre a falar do vinho”, diz Pedro com um sorriso.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32346″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Moscatel da Revolução
As arrumações em casa são sempre bem-vindas, nem que seja para encontrar uma coisa esquecida há décadas. Para arranjar mais espaço, começaram a rearrumar os armazéns. Num deles, ao mover as barricas, descobriram um alçapão, onde deram com um esconderijo de Moscatel de cuja existência não faziam ideia.
A explicação era fácil, mas inesperada. Na altura da revolução de 25 de Abril de 1974, o avô Horácio Simões, temendo expropriação por lei ou por força, achou por bem esconder o vinho, feito no ano em que nasceu o seu neto Pedro. Mas não escondeu à toa, pretendia guardá-lo em bom estado, dividindo uma parte em barricas de castanho de 50 e 40 litros revestidas de parafina e em garrafões de vidro de 15 e 5 litros, fechados com rolhas embrulhadas em palha. No total havia cerca de 300 litros de Moscatel Roxo que passou os anos todos debaixo da terra, sem luz e com temperatura e humidade relativamente constantes.
O achado foi o objeto da reunião familiar. O avô riu-se com os olhos – lembrou-se do seu “tesouro” escondido. “Ah, é capaz de dar um belo vinagre”, – foi a reação dele. O pai também vagamente se recordava que, sim senhor, havia um vinho feito pelo avô no ano em que o Pedro nasceu, mas nunca soube do seu esconderijo.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32358″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Depois de provar perceberam que o tesouro foi autêntico e que não era desta que iriam fazer um vinagre de Moscatel Roxo. Estava em estado perfeito de saúde, nem o álcool se perdeu, nem precisava de ser refrescado, pois a frescura inicial foi preservada.
Resolveram juntar o vinho todo e engarrafá-lo, filtrando ligeiramente para não alterar muito a sua estrutura. Não fazia sentido engarrafar lotes diferentes do Moscatel estagiado em barrica e do que passou os anos todos em garrafões, pois dava quantidades diminutas.
“Vejam lá se não me estragam isto” – deixou cair o avô no final do concílio.
E não estragaram. Trataram-no com todo o respeito que um vinho de 44 anos merece. O tempo encarregou-se de conferir mais sofisticação ao licoroso, e a família assegurou a sua nobre apresentação em garrafa com rótulo feito de uma camada fina de madeira.
No total ficaram 300 garrafas de 0,5l deste belíssimo Moscatel Roxo de 1974, numa edição extremamente limitada e única, que é um testemunho silencioso dos anos conturbados da Revolução.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

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Edição Nº19, Novembro 2018

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Os números do leilão da José Maria da Fonseca

Domingos e António Soares Franco Decorreu na Casa Museu da JMF e, como habitual, gerou entusiasmo e expectativa. O quarto leilão do século XXI, da José Maria da Fonseca, foi um sucesso ao superar as previsões, rendendo um valor total de 67 mil euros. O protagonista da cena foi o Moscatel Roxo de Setúbal Superior […]

Domingos e António Soares Franco

Decorreu na Casa Museu da JMF e, como habitual, gerou entusiasmo e expectativa. O quarto leilão do século XXI, da José Maria da Fonseca, foi um sucesso ao superar as previsões, rendendo um valor total de 67 mil euros. O protagonista da cena foi o Moscatel Roxo de Setúbal Superior 1918, em homenagem aos 100 anos de Fernando Soares Franco, representante da quinta geração da empresa (a sexta e a sétima são as actuais), mas a estrela da noite foi o Apothéose Bastardinho, o último a ser leiloado, licitado por 4500 euros. É que este Bastardinho de Azeitão tem mais de 80 anos e originou apenas 40 garrafas! Dele será lançada uma garrafa por ano. Mas todos os 35 lotes leiloados, de 126 garrafas no total, causaram azáfama entre os licitadores, com muitos a não demonstrar qualquer hesitação em levantar a raquete. Tanto que, um leilão que poderia ter demorado bem mais tempo, durou apenas cerca de meia hora.
A José Maria da Fonseca, que detém um património único de Moscatéis de Setúbal, colocou também em praça diversas colheitas antigas de Moscatel e de aguardente.

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