Entrevista Leonor Freitas: “O vinho não é para quem o faz, é para o consumidor”

Leonor Freitas

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em 23 anos, levou uma empresa familiar vitícola baseada na venda a granel, à dimensão planetária. A Casa Ermelinda Freitas, fundada pela sua bisavó Leonilde, passou também pela avó Germana e pela mãe Ermelinda, que passou a […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em 23 anos, levou uma empresa familiar vitícola baseada na venda a granel, à dimensão planetária. A Casa Ermelinda Freitas, fundada pela sua bisavó Leonilde, passou também pela avó Germana e pela mãe Ermelinda, que passou a pasta à filha quando se rendeu à sua capacidade para o negócio. Não foi um erro.

Em 2008, o seu Syrah Reserva 2005 foi eleito o melhor vinho tinto do concurso francês Vinalies Internationales. A partir daí, ninguém a parou. Em 2018 comprou uma quinta nos Verdes com 7,6 hectares de vinha, em Póvoa do Lanhoso, e outra no Douro Superior com 20, junto a Foz Côa.

Em 2020, a Casa Ermelinda Freitas produziu 22 milhões de litros e facturou 29 milhões de euros. De seu nome Leonor, é a “Dona Ermelinda”. Embaixadora de Portugal e do mundo rural, a Senhora do Castelão de Palmela.

TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Ricardo Gomez

Leonor Freitas, a senhora da Casa Ermelinda Freitas
Leonor Freitas

Um dia, o seu principal cliente deixou de lhe comprar vinho e viu-se com um enorme problema em mãos. Procurou resolvê-lo, e chegou onde chegou. Acha que, como diz o provérbio, há males que vêm por bem?

 Não tenho dúvida disso. Costumo dar, precisamente, o meu exemplo aos jovens. Cheguei à Casa Ermelinda Freitas cheia de força, “sabendo que não sabia”, e quando, em 2002, esse grande cliente que nos comprava o vinho, que ajudou a nossa família ao fazê-lo e pelo qual nós tínhamos uma grande admiração, disse que não comprava porque não precisava… até me ficou na memória, até hoje, o sítio e a hora.

Por momentos, achei que era a nossa insolvência. Já tinha criado a marca Terras do Pó, mas apenas com 7 mil garrafas, e era da venda a granel que dependíamos economicamente. Durante dois dias não pensei noutra coisa. Mas, não há dúvida que aquela dificuldade se transformou numa oportunidade, porque resolvi lançar o bag-in-box M.J. Freitas [o nome do pai, Manuel João de Freitas], que na altura as pessoas não identificavam com grande qualidade, apesar de estar, inclusive, apto a Denominação de Origem. Não posso dizer que não tive receio, mas tinha de arranjar uma forma de vender o vinho que tinha.

Chamei o Jaime Quendera, o nosso enólogo, e disse-lhe que íamos fazer um bag-in-box bom, com bom vinho. E, de facto, foi uma aposta certa. Esse “bag” tomou umas proporções em Portugal e lá fora que ultrapassaram tudo o que eu pudesse imaginar. Era o melhor bag-in-box que as pessoas já tinham encontrado. Hoje, continuamos a vendê-lo imenso e nem alterámos a imagem, por causa disso. Isto para dizer que a grande dificuldade que eu senti, o facto de não ter cruzado os braços e ter ido à procura de soluções, tornou-se numa oportunidade, e também porque aí eu cortei os laços, comecei a pensar em marcas e fomos para a frente. Se não tivesse havido este corte, a Casa Ermelinda Freitas não seria hoje o que é. A minha vida tem sido feita destas lutas, e eu tenho a sorte de ser muito lutadora.

Quando se lançou na comercialização de vinho engarrafado, este negócio na Península de Setúbal estava nas mãos de duas grandes empresas. Alguma vez pensou que viria a tornar-se um dos “grandes” de Setúbal?

 Não, nunca pensei. Nem a minha família pensou. Ainda hoje tenho dificuldade em interiorizar isso, quando vejo números. Primeiro, eu só queria manter os meus 60 hectares, vender vinho a granel e não vender o que era da família. Depois, quando comecei a engarrafar, só queria fazê-lo com a minha produção. Mais tarde, comecei também a comprar vinhas, a familiares e vizinhos.

Tudo isto começou a ser uma bola e eu vou sendo arrastada e enrolada nela [risos] e, de facto, aconteceram coisas que eu nunca esperaria e que as pessoas me conhecessem em todo lado e me chamassem “Dona Ermelinda”, o que é um fenómeno muito engraçado. Quando vim para ajudar a minha mãe, tornei-me no rosto do projecto e por isso as pessoas me chamam assim. Pedem-me para tirar fotografias e eu acho que os consumidores merecem tudo.

Agradeço todos os dias, houve muito trabalho e muita luta, até com a natureza, num sofrimento que nos liga à terra e nos dá vida. Hoje, percebo a minha família, e tenho a sorte de ter um produto de afecto, com que se festeja tudo, um produto de comunicação, e eu gosto muito de comunicar. Encontrei-me, nesse aspecto, e realizei-me muito. Venho de uma família de pessoas honestas e simples, e tenho muito orgulho em dar continuidade ao que é da família, e de ter também aqui os meus filhos, o João na informática e a Joana a assumir muitas partes da gerência.

Sempre sentiu que o seu desígnio de vida passaria pela vinha e pelo vinho?

 Não, embora tenha tido uma infância muito feliz aqui, isto era muito isolado. Estudei com candeeiro a petróleo, só tivemos luz eléctrica em 1979. Só no ensino superior é que fui para Lisboa. Fui muito feliz meio das vinhas, das batatas, do milho, e do feijão, mas sempre pensei que a minha vida seria fora daqui, que queria o Mundo.

Havia uma grande discrepância entre o meio rural e o meio urbano, até do papel da mulher e do homem. O meu pai queria muito que eu estudasse e eu queria muito sair daqui, por isso nunca pensei que a minha vida passaria por isto. Quando saí, tudo o que queria era não voltar. Tive a sorte de, quando o meu pai faleceu, já ter maturidade suficiente, com 40 anos, para querer vir para Fernando Pó.

Senti também que tinha de vir ajudar a minha mãe que, apesar de ser uma mulher de negócio e com grande perspicácia, nunca tinha ido a um banco, porque supostamente lhe ficava mal assumir essas partes. Era o meu pai que ia. Então, faltava-lhe isso e eu vim colmatá-lo. Foi duro para ela, não tinha confiança na menina que tinha vindo da cidade. Eventualmente, reconheceu que eu sabia fazer coisas que ela não sabia.

Leonor Freitas, a senhora da casa Ermelinda Freitas
A bisavó Leonilde, a avó Germana e a mãe Ermelinda.

Os vinhos que produz abarcam diversos segmentos de preço mas são, sobretudo, vinhos democráticos”, vinhos que estão em todo o lado e de que toda a gente gosta. Esse conceito de fazer bom vinho a bom preço e facilmente disponível é algo em que pensava desde o início ou a empresa acabou naturalmente por seguir esse modelo?

 Quem está habituado a vender vinho a granel, está também habituado a mais-valias muito pequenas. Se eu tivesse continuado a fazer vinho a granel, talvez só tivesse criado, por exemplo, um vinho de topo para dar nome à casa. Mas como houve necessidade de expandir o negócio, foi uma opção, desde o início, ir ao encontro do consumidor com bons vinhos a bom preço, colocá-los no máximo de sítios possível. Estar nas feiras todas e ir logo lá para fora vender também foi prioridade. Fui três vezes ao Brasil e não vendi nenhum vinho, por isso é que digo que é muito importante não desistir. No início eu fazia de tudo, e isso também me deu um conhecimento geral do sector.

A Casa Ermelinda Freitas tem também, pelo menos, um vinho de grande ambição, um Castelão de referência posicionado no segmento mais alto, o Leo dHonor. Curiosamente, não é o fácil de encontrar no mercado quanto os seus outros vinhos e o 2013 terá sido o último a ser lançado. Ser também conhecida por fazer grandes vinhos não é tão importante para si?

 Nós também temos o objectivo de fazer vinhos mais emblemáticos. Temos, neste momento, o Leo d’Honor, que fazemos em pequenas quantidades e que queremos que venha a assumir mais importância. As vinhas têm 70 anos e este é um Castelão diferente. Sem dúvida, temos aspirações e está na calha fazer mais vinhos de um nível superior. Estamos satisfeitos mas não estamos conformados, a sociedade está sempre a evoluir e nós temos de ir ao encontro dessa dinâmica.

O número de medalhas e troféus que os seus vinhos têm ganho no mundo inteiro é incontável, absolutamente impressionante. Qual é o segredo? Uma medalha ajuda a vender?

 Já passam dos mil, os prémios que ganhámos desde 1999. Só este ano já passam dos 80. Devo dizer que, antigamente, fazíamos um jantar quando recebíamos um, eu fazia um discurso e lembrava a minha equipa que aquele prémio também era deles. Hoje, sou sincera, pergunto ao Vítor [assessor de administração da Casa] “o que é que ganhámos ontem? Ah, foi isso? Ainda bem, ainda bem”, e pronto.

Não sei qual é o segredo, mas esta é uma grande região, que não é tão reconhecida como deveria ser, e eu tenho uma grande equipa. Nesse aspecto tenho de agradecer especialmente ao Jaime Quendera, que supervisiona os vinhos. Também é o facto de pensarmos que temos de ir ao encontro do consumidor, que não estamos a fazer vinho para o nosso gosto, só para nós bebermos. Acima de tudo, os prémios têm-nos dado a aferição de que estamos no caminho certo. E sim, uma medalha ajuda a vender, cá em Portugal e muito lá fora. Há quem pergunte quais são os vinhos medalhados, e só queira comprar esses. E ajuda também o nosso ego…

 

“Temos aspirações, e está na calha fazer vinhos de um nível superior.”

 

Há um “antes” e um “depois” do Syrah 2005?

 O Syrah 2005 ajudou-nos muito, porque aconteceu numa altura em que estávamos a começar. Principalmente a divulgar a nossa existência. No ano seguinte, o concurso Vinalies, que lhe deu o prémio, enviou o folheto de inscrição para o mundo inteiro e, no final, dizia algo como “Concorra, queira ser como este”, e era a nossa garrafa do Syrah que lá estava. E isso foi um orgulho enorme, daquelas coisas que pensamos que nunca nos acontece. Eram 3800 vinhos, de 36 países. Ao final, chegar um vinho português e esse vinho ser da Casa Ermelinda Freitas… tem de haver uma estrelinha da sorte. Eles devem ter achado que era um vinho francês, é uma das vantagens da prova cega…

O crescimento da casa tem sido tremendo ao longo das últimas duas décadas, numa média de 8 a 10% ao ano, e isso é visível não apenas no mercado mas até no que está à vista, em termos de vinhas, armazéns, adegas. Não é difícil controlar um crescimento tão rápido?

 Têm sido umas dores de crescimento enormes e muitas noites sem dormir. É fazermos uma obra, que eu dizia que era a obra da minha vida, e quando a acabamos ela já estar pequena. É um investir permanente, que não nos dá espaço para parar. E, depois, lutar com tudo, desde não ter licença para alargar instalações e termos de a conseguir, às máquinas que avariam. Mas eu não preciso de dinheiro, preciso de investimento para que o consumidor continue a gostar dos vinhos, porque tudo muda, e para continuar a criar postos de trabalho. Hoje é tudo tão rápido que, se não estivermos atentos, somos ultrapassados. Mas tem sido bom, sobretudo porque tenho quem me acompanhe nisso.

Leonor Freitas, a senhora da casa Ermelinda FreitasCom a pandemia, muitos produtores de vinho começaram a intervir mais ao nível social. Mas isso é algo que a Leonor faz desde há muito, impulsionando e dinamizando diversas obras sociais na região. O facto de ser uma grande empregadora e de si dependerem muitas famílias, sobretudo na agricultura, tem desenvolvido essa sua consciência social?

 Eu compro uva a mais de uma centena de proprietários, tanta quanto a que tenho, e isso também é uma responsabilidade social minha, aqui. É certo que preciso dessas uvas para fazer vinho mas o que é que essas pessoas fariam a este jardim enorme de vinhas se não lhes comprássemos as uvas? Precisamos de ajudar estas pessoas porque há aqui muitos pequenos proprietários. É também o nosso papel, ajudar a região. As empresas têm obrigação de ajudar socialmente. Eu sou privilegiada, porque me tem acontecido muita coisa boa, mas nasci aqui no mundo rural, nem saí para ir para o hospital quando nasci. E os consumidores têm-me ajudado muito ao preferir o meu vinho, por isso tenho a obrigação de devolver à sociedade. É nesse sentido que tenho tido muitos projectos sociais, uns mais organizados e outros menos.

Tenho um que se aproxima mais daquilo que eu acho que deviam ser estas iniciativas. Há um centro em Algeruz que acolhe jovens delinquentes, com vidas muito difíceis, que tinha um hectare de terreno sem nada, onde eu plantei uma vinha de Moscatel, para os motivar para o trabalho e despertá-los. Tratam dela o ano inteiro, vêm cá, vendem as uvas… mas é um trabalho muito difícil, nem todos têm disposição. Não vamos recuperar os 20 que lá estão, mas se conseguirmos um, dois ou três, já é muito bom. Já vamos para a quarta vindima. Mas é o que eu acho que devia ser feito, não dar o peixe, mas ensinar a pescar. Sinto uma grande responsabilidade de valorizar o trabalho do campo, dignificá-lo, porque eu não sou mais do que uma rural. Para estar bem comigo mesma tenho de sentir que estou bem com os outros e que faço o que posso pelos outros. E foi a minha família, que tinha apenas a quarta classe, que me transmitiu isto.

Os projectos assentam em pessoas e Jaime Quendera está consigo desde o início. Que importância tem tido o trabalho e a presença dele no seu negócio?

 Tem tido muita importância. Entre nós há quase uma simbiose, entre o que ele pensa e o que eu penso, entre o que gostamos e o que achamos correcto. Tem sido a pessoa fundamental para a Casa e toda a linha que seguimos. Há aqui uma amizade, ele não é um simples enólogo, é um amigo com quem se partilha alegrias e dificuldades. Formou-se entre nós uma grande família. Temos uma grande confiança um no outro. Se me perguntarem qual a minha pessoa de total confiança além dos membros da minha família, é o Jaime Quendera.

Há muitos negócios de vinho que não passam por ter vinha. Mas o seu começou pela vinha, depois pela produção e venda a granel, a seguir pelo engarrafado. Com 550 hectares só na Península de Setúbal, a vinha continua a ser muito importante para o seu projecto de vida…

É muito importante, eu gosto imenso de comprar vinhas. Tenho de fazer adegas e comprar depósitos porque é necessário para a enologia. Mas do que eu gosto mesmo, é da vinha…

Apesar de ser uma referência na produção de Castelão, até pelo terroir especial de Fernando Pó para esta casta, desde o início que apostou em muitas outras variedades, diversificando muito toda a sua gama de vinhos. Está contente com essa aposta?

 Quando comecei a ir para o mercado externo, comecei a criar as outras castas porque o Castelão não dizia nada às pessoas lá fora. Elas não provavam o nosso Castelão se nós não tivéssemos um bom Cabernet, um bom Sauvignon Blanc, etc. Aproveitámos isso para entrar nos outros países. Dávamos a provar as castas que eles mais conheciam e depois dizíamos “então agora prove o nosso Castelão, que de certeza que vai gostar”. E gostavam, de forma geral.

Foi também para diversificar e fazer pedagogia com o vinho cá em Portugal. E tem resultado muito bem, tenho tido muito sucesso com os monocasta. Apesar de tudo, continuo a dizer que não quero deixar de ser a Senhora do Castelão de Palmela. No entanto, estou muito contente com essa aposta nas castas, que agora são 31 plantadas nas nossas vinhas. No início, só tinha Castelão e apenas 5% de Fernão Pires…

O Moscatel de Setúbal é relativamente recente no seu portfólio. Mas o mercado do Moscatel é ainda muito regional, com pouca expressão nacional e na exportação. O que poderia ser feito para dar outra dimensão a este vinho emblemático de Setúbal?

 Acho que o Moscatel de Setúbal foi, em tempos, mal-tratado. Aparecia em garrafas feias, não havia divulgação. Mesmo hoje, falta comunicação e marketing. Eu estive em Londres, numa feira de clube onde nós vendemos, e havia vinho do Porto mas eu levei, também, Moscatel. Os ingleses chamavam-se uns aos outros e diziam “Vem provar, que é bom, mas não é Porto!”. Eles só conhecem vinho do Porto e não conhecem Moscatel mas, quando provam, gostam muito. Hoje, temos todos bons Moscatéis, com boas imagens, e falta divulgarmos e afirmarmos em conjunto o Moscatel.

É uma responsabilidade de todos nós. Aqui, nas terras de areia, antigamente não se plantava Moscatel porque dizia-se que não se dava. Ele aqui é, de facto, diferente do da Serra da Arrábida, e isso é muito giro, complementam-se. Na edição deste ano do Muscats du Monde, foram várias as adegas daqui que ficaram no Top 10. Nós também lá estamos, mas foi a Venâncio da Costa Lima que ganhou o primeiro lugar, e ainda bem! Porque eu acho que é uma excelente maneira de, pouco a pouco, nos irmos afirmando.

 

“Uma medalha ajuda a vender. Há quem pergunte quais são os vinhos medalhados, e só queira comprar esses.”

 

Tem uma excelente quota de mercado em Portugal mas já exporta 40% da sua produção. A tendência é para crescer lá fora?

 Essa também é a vontade, mas muita é a de crescer cá. Ainda temos mercado para crescer mais um pouco no mercado nacional. Ainda estamos pouco distribuídos no Norte, por exemplo. E no Algarve também há margem. No entanto, sim, sobretudo crescer lá fora. O nosso director do mercado externo anda a viajar muito nesse sentido.

Em anos recentes, o seu mundo vitivinícola alargou-se, estendendo-se da Península de Setúbal para o Douro e para a região dos Vinhos Verdes. O que é que a atrai nestas regiões? São apenas investimentos estratégicos ou é também apreciadora dos vinhos ali produzidos?

Gosto das regiões e dos vinhos que lá são produzidos. Tudo começou por uma paixão que tenho pelo Douro. Quando o visito, fico sempre apaixonada pela dificuldade que é tratar aquelas vinhas, pelo contraste entre o rio e as vinhas. É um amor enorme. Sempre disse “Como eu gostava de ter uma quinta…”, mas pensei que nunca seria possível. Entretanto, quando andava a pensar muito no Douro, apareceu a hipótese do Minho. Nunca tinha pensado nisso, mas como lá fora perguntam muito por Vinho Verde, achei que seria uma oportunidade, pensando que não conseguiria comprar no Douro.

Adquiri a Quinta do Minho, equipada com adega, para complementar o portfólio. Este processo demorou algum tempo e, quando já estava comprometida com a compra da Quinta do Minho, aparece-nos uma no Douro Superior que correspondia ao meu sonho. Ia até ao rio, com margem de mais de um quilómetro, a vinha muito bonita e uma paisagem maravilhosa. Fiquei num dilema. Mas aquela Quinta de Canivães correspondia nitidamente à imagem do meu sonho. Sabia que seria difícil recuperar dois grandes investimentos juntos, mas disse ao Jaime “acho que já tenho direito a ter um sonho”. E comprámos. Dos Verdes já temos vinhos no mercado. Do Douro já vendemos uvas, sendo a maioria de Letra A, e também já temos vinho mas está a estagiar, numa adega alugada.

Está na calha mais algum investimento noutra região?

 Não. Não se pode dizer “nunca”, mas agora temos de sedimentar e consolidar estas regiões. Os vinhos têm de ser conhecidos, temos de os vender… mas estou muito feliz pelas duas regiões. São muito diferentes da Península de Setúbal, e entre si, e complementam o portfólio.

Que importância tem ou pode vir a ter o turismo do vinho na Casa Ermelinda Freitas?

 Pode vir a ter muita importância. Já tem. Estamos perto de Lisboa e também das praias, zonas turísticas como Tróia, Comporta, todos esses polos que se vão desenvolvendo. O enoturismo é um complemento aos outros tipos de turismo. Neste momento temos isso em pausa, por causa da pandemia, mas iremos reabrir. Temos ideia de fazer parcerias com Tróia e Comporta, e estávamos a planear um investimento aqui, nesse sentido. A nossa adega está preparada para mostrar tudo, e o enoturismo é também uma maneira de fidelizar o cliente e valorizar o mundo rural.

Tem dois filhos a trabalhar na empresa que foi fundada pela sua bisavó, há precisamente 100 anos. Em que medida uma casa de vinhos assente numa base familiar é diferente das outras?

 Não sei se é muito diferente, mas a verdade é que quem vem trabalhar para aqui vindo de multinacionais, por exemplo, nota a diferença. Somos muito próximos, das revoluções e dos problemas. Vivemos todos aqui, sabemos tudo o que se passa, os colaboradores são como nossa família. Conhecemos todos os pormenores, temos muita facilidade em resolver problemas no imediato, ou de facilitar uma resolução, de sentirmos o que se está a passar em todos os sectores.

Trabalhamos lado a lado e isso é diferente de uma empresa em que os funcionários mal conhecem o patrão. A porta dos nossos gabinetes está sempre aberta para todos entrarem. Há muita ajuda e sabemos todos que podemos pedir ajuda. Este afecto faz um conjunto harmonioso e forte.

As mulheres sempre tiveram um papel fundamental na empresa, mesmo em épocas remotas em que isso era pouco habitual. Hoje, a Leonor é, provavelmente, a mulher mais influente no sector do vinho em Portugal e é muitas vezes solicitada a contar a sua experiência de vida. Sente que é um exemplo enquanto mulher/empresária ou preferia que a distinguissem pelo seu valor e pelo seu trabalho e por aquilo que atingiu, independentemente do sexo?

 Não há profissões para homens e para mulheres, há as pessoas certas nos sítios certos. É verdade que me pedem muito para falar sobre isso e eu termino sempre a dizer isso. Aqui tenho mulheres e homens a trabalhar, todos escolhidos pelo empenho. Por acaso, tenho grandes mulheres aqui, mas porque se têm mostrado muito lutadoras na hora de tentar entrar num estágio, por exemplo. E como a casa está sempre a crescer e acompanham muito bem esse crescimento, acabam por ficar. Mesmo a nível familiar, é uma pura coincidência.

A minha bisavó ficou viúva muito cedo, conseguindo aguentar uma casa agrícola, a minha avó também e era uma mulher cheia de força, que não queria férias nem descanso, que se impôs pelo seu trabalho. À minha mãe aconteceu o mesmo e eu… foi muito trabalho, muita dedicação e, sobretudo, rodear-me das pessoas certas. Cada vez mais acho que a igualdade no trabalho vai ser afirmada. Antes, as mulheres não faziam mais porque não as deixavam, mas sempre tiveram todas as faculdades.

 

“Sinto uma grande responsabilidade de valorizar o trabalho do campo, dignificá-lo.”

 

Que mensagem gostaria de deixar a um jovem produtor ou produtora que agora inicia os seus passos no mundo do vinho?

 O vinho, neste momento, está muito na moda, é quase lírico. Mas, atenção. Não é fácil começar, há muita concorrência, muito vinho. A pessoa, se gosta, não pode desistir, e a formação é muito, muito importante. Pensar, sobretudo, que o vinho não é para nós, que o fazemos, é para alguém que vai comprar, o consumidor. É um negócio, uma profissão como as outras.

Vender vinho não é fácil, como muita gente pensa. Para mim, basta mudar de região para sentir dificuldades. Tem de se ter amor pela terra, pelo fruto que ela dá, amor pelo próprio vinho e lutar. Quem nos dera que muitos jovens agricultores, ou viticultores, venham dar continuidade a este sector, que precisa deles, com garra, sabedoria e inovação. Tudo para que possamos continuar a ter este grande produto que é o vinho de Portugal.

( Artigo publicado na edição de Setembro 2020)[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Instagram

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Facebook

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no LinkedIn

[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]

Concurso Vinhos de Portugal 2021 confirma júri com especialistas internacionais

Concurso Vinhos de Portugal 2021 júri

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Organizado pela ViniPortugal, o Concurso Vinhos de Portugal 2021 — a acontecer de 17 a 21 de Maio, em Santarém — contará mais uma vez com especialistas nacionais e internacionais de renome no Júri Regular e […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Organizado pela ViniPortugal, o Concurso Vinhos de Portugal 2021 — a acontecer de 17 a 21 de Maio, em Santarém — contará mais uma vez com especialistas nacionais e internacionais de renome no Júri Regular e Grande Júri. 

A estrear-se neste concurso, no Grande Júri, está o Master Sommelier James Tidwell. Co-fundador da conferência líder em educação no sector dos vinhos, TEXSOM, e criador de uma das maiores competições nos EUA, TEXSOM International Wine Awards, James Tidwell é um dos principais nomes do panorama internacional do vinho.

Já no Júri Regular (que avalia a primeira fase da competição), e à semelhança das edições anteriores, o Concurso Vinhos de Portugal 2021 integrou especialistas nacionais e internacionais, como Maurício Roloff, director de ensino da Associação Brasileira de Sommeliers – Secção RS; Eduardo Milan, editor da revista ADEGA e do “Guia ADEGA Vinhos do Brasil”; Olga Vyshegorodtseva, a primeira e única formadora em Vinho do Porto certificada e embaixadora do Vinho do Porto na Rússia; Wojciech Bońkowski, director do maior meio de comunicação polaco sobre vinho; ou Bjarne Mouridsen, jornalista dinamarquês e autor sobre vinhos, especializado em vinho português e em Vinho do Porto; entre outros a anunciar em breve.

O prazo limite para a primeira fase de inscrições, das amostras de vinho, foi alargado até dia 9 de Abril. Durante este período, os produtores beneficiarão de um desconto de 5 euros por cada referência inscrita. O registo pode ser feito no site do Concurso Vinhos de Portugal, até dia 30 de Abril.

A primeira fase do Concurso decorrerá de 17 a 19 de Maio — no CNEMA, em Santarém — na qual os vinhos inscritos serão avaliados pelo Júri Regular. Já Setúbal é o distrito anfitrião da fase final, onde o Grande Júri reunirá, nos dias 20 e 21 de Maio, para a selecção dos Grandes Ouros e os Melhores no Ano. Os vencedores serão conhecidos na Cerimónia de Entrega de Prémios, no dia 21 de Maio.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Instagram

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Facebook

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no LinkedIn

[/vc_column_text][mpc_qrcode url=”url:https%3A%2F%2Fwww.linkedin.com%2Fin%2Fvgrandesescolhas%2F|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]

Vinhos da Península de Setúbal agora disponíveis no Dott

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), acaba de se juntar à plataforma de compras online portuguesa Dott, para tornar os vinhos da região mais facilmente acessíveis ao consumidor, numa Feira de Vinhos da Península […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), acaba de se juntar à plataforma de compras online portuguesa Dott, para tornar os vinhos da região mais facilmente acessíveis ao consumidor, numa Feira de Vinhos da Península de Setúbal. Os CTT, por sua vez, tratam da logística e distribuição, garantindo envios gratuitos para todas as encomendas cujo valor seja maior do que 25 euros.

Assim, até 8 de Setembro, estarão disponíveis diversos vinhos e packs especiais, sempre com campanhas exclusivas. O presidente da CVRPS, Henrique Soares, refere: “Esta loja online de Região não pretende ser apenas uma montra de vinhos, é também um convite à descoberta da diversidade que a Península de Setúbal tem, desde a frescura dos vinhos brancos, aos Castelões típicos da região, até aos elegantes e exclusivos Moscatéis de Setúbal”. 

Esta é a primeira loja online promovida pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal e conta com a participação de oito produtores: Adega Camolas, Casa de Atalaia, Comporta Wines, Filipe Palhoça Vinhos, Herdade de Espirra, Quinta do Brejinho da Costa, Quinta do Monte Alegre e SIVIPA. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Instagram

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Siga-nos no Facebook

[/vc_column_text][mpc_qrcode preset=”default” url=”url:https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fvgrandesescolhas|||” size=”75″ margin_divider=”true” margin_css=”margin-right:55px;margin-left:55px;”][/vc_column][/vc_row]

Uma península com toque alentejano

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região a que se convencionou chamar de Península de Setúbal contém, em boa parte da sua superfície, largos hectares de área da região, esta administrativa, do Alentejo. É a zona sul, a mais atlântica, que dá […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região a que se convencionou chamar de Península de Setúbal contém, em boa parte da sua superfície, largos hectares de área da região, esta administrativa, do Alentejo. É a zona sul, a mais atlântica, que dá vinhos diferentes dos que estão a Norte e a Leste. Dois produtores da região mostram isso muito bem.

TEXTO António Falcão
NOTAS DE PROVA João Paulo Martins e Mariana Lopes

Não é a região de Azeitão, Palmela e Fernando Pó, por exemplo. Nem é Reguengos, ou Borba, ou Portalegre. A zona sul da Península de Setúbal é um terroir próprio, dominado pela influência atlântica, boas amplitudes térmicas e pelos solos onde predomina a areia com subsolo de média fertilidade.
“Por aqui não há temperaturas exageradas e a proximidade do mar ameniza tudo”, diz-nos José da Mota Capitão, proprietário da Herdade do Portocarro. E acrescenta, “qui conseguimos incríveis teores de acidez”. A sua colega Jacinta Sobral está de acordo. A proprietária da Serenada nem precisava de o dizer: os seus vinhos mostram bem a influência atlântica na salinidade e na frescura.
Este terroir é tão particular que espanta como é que existam aqui poucos produtores de vinho e de pequena dimensão. Mota Capitão tem pena: “não temos produtores suficientes para fazer massa crítica; somos apenas uma meia dúzia. E alguns estão em evoluções diferentes”. Pior ainda: nenhum dos ‘pesos-pesados’ da Península de Setúbal, com milhões de litros anuais, possui vinhas nesta zona. Podem comprar aqui uva (ou vinho), mas não estão cá. E, ao contrário do que começa a acontecer mais a sul, com a entrada de produtores alentejanos à procura de acidez para os seus vinhos, por aqui não se nota esse movimento.
Jacinta Sobral e José Mota Capitão pode ter pena, mas não perdem uma noite a pensar nisso. Ambos lideram projectos com sucesso, fazem vinhos de que gostam e, melhor ainda, vendem bem.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Serenada / Serras de Grândola” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][image_with_animation image_url=”34328″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]O nosso primeiro destino está no concelho de Grândola Não é difícil lá chegar porque tem um pequeno hotel, muito charmoso. Tudo é pertença de Jacinta Sobral, farmacêutica de profissão em Lisboa, mas nascida e criada nestas paragens. A propriedade está na família desde pelo menos 1680, porque existe um testamento dessa data, que Jacinta exibe com orgulho. Está, aliás, parcialmente retractado nos rótulos dos seus vinhos mais caros, como o Cepas Cinquentenárias. A quinta tem 23 hectares no total e a primeira vinha nasce em 1961, pelo pai de Jacinta, que plantou apenas um hectare, com castas brancas e tintas, todas misturadas (75% tintas). Não havia grande tradição de vinha na região e Jacinta lembra-se apenas de Pinheiro da Cruz e Melides, aqui de forma muito artesanal. Em 1970 nasceu mais um pedaço de vinha, com outro hectare. A vinha abrange três tipos de solos bastante diferentes, com 7, 65 e 300 milhões de anos de idade. Existem areias, xistos e mesmo argilas. E vários outros minérios, como manganês. Um bom sinal, porque solos diferentes dão vinhos diferentes e Jacinta já reparou que isso acontece, por exemplo, no Verdelho. Poderá ter a ver com diferentes fertilidades de solo, ou quaisquer outras razões. Mas as diferenças existem.
Voltemos à história: nos primeiros anos, o pai de Jacinta fermentava tudo ao mesmo tempo e só uns bons anos depois começou a separar brancos e tintos. Jacinta ajuda no que pode, mas com mais força na vindima e nos últimos anos de vida do pai.
Em 2006, o pai morre e Jacinta faz contas com os dois irmãos, tomando conta da propriedade. Afastada do mundo do vinho, a farmacêutica fica sem saber muito bem o que fazer. Decide plantar mais vinha, mas aconselham-na a arrancar a vinha velha. Antes de tomar decisões apressadas e gastar (bom) dinheiro, Jacinta decide ampliar a sua formação vínica. Em 2007 vai para o Instituto Superior de Agronomia e tira um mestrado: “Foi a melhor coisa que fiz”, diz-nos ela com indisfarçável orgulho. “Ao fim de 2 ou 3 meses percebi que não ia arrancar coisa nenhuma”.
A área de vinha, entretanto, vai crescendo e está hoje nos 6,5 hectares. No total contém mais de 20 castas, porque Jacinta gosta de experimentar.
A vinha está rodeada por floresta, de tal forma que faz pensar, a espaços, nas vinhas do Dão.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”34331,34329,34330″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][vc_column_text]NASCE UMA ADEGA
Em 2008 Jacinta resolveu fazer uma adega (a adega original está em terrenos que ficaram para o irmão). Não vai ganhar prémios de arquitectura, mas está bem equipada para a função de fazer bom vinho. “Já está a ficar pequena”, lamenta Jacinta. “Por causa do estágio”. Pois… a enóloga gosta de vinhos com estágio e, como não tem pressa de vender, as garrafas ocupam muito espaço. Na adega repousam vinhos da sua marca, Serras de Grândola, de 2013 para a frente, brancos sobretudo. Arinto e Verdelho envelhecem muito bem. “Ainda não sei como será o Gouveio…”, diz-nos Jacinta.
A adega está cheia de cubas de pequena capacidade (de 150 a 1.000 litros), herdadas. Mas são ideais para fazer pequenas quantidades e, claro, muitas experiências. “Vou enchendo e só depois faço os lotes”, diz-nos Jacinta. A maior cuba, de 6.000 litros, pouco é usada. Para os tintos existem duas cubas de 2.500 litros. Ou seja, dá tudo um trabalhão, mas a proprietária aprende e diverte-se. Para as cubas que não têm frio, Jacinta usa placas endógenas.
Os vinhos são secos, austeros, sem artifícios. Podem mesmo ser considerados algo difíceis para o consumidor menos enófilo, habituado à actual doçura residual. Mas são muito gastronómicos, porque muito frescos, cheios de carácter. Mas, depois de provar várias colheitas antigas, agradecem o estágio.
Jacinta faz algum vinho de base, em bag-in-box, para consumo local e alguns clientes fiéis. Mas, diz Jacinta Sobral com um sorriso de orelha a orelha: “cada vez faço menos vinho de base e cada vez faço mais vinhos especiais, os que gosto de fazer”.[/vc_column_text][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Herdade do Portocarro” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][image_with_animation image_url=”34333″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]Apesar de não ser produtor há muitos anos, José da Mota Capitão quase dispensa apresentações. Pepe, como é mais conhecido entre os amigos, é um curioso criador de nomes de vinhos. Do seu portefólio constam Cavalo Maluco, Autocarro 27, Geronimo ou Anima.
A sua herdade do Portocarro fica no concelho de Alcácer do Sal, freguesia do Torrão. Foi adquirida por Pepe há bem mais de uma década, depois de cursar Agronomia em Lisboa, onde vivia. Desde cedo que mostrou sentido e gosto para a agricultura, cultivando arroz nas lezírias sadinas da herdade. A vinha nasceu em 2002, com a assistência técnica de Paulo Laureano, que aqui esteve até 2012. Actualmente é António Rosado que dá a assistência técnica, tanto na vinha como na adega. Os dois complementam-se na vontade de experimentar e fazer melhor. Nestes anos já acumularam um invejável manancial de conhecimentos e é um gosto falar com eles sobre vinha e vinho. Pepe já tem vinhos da casta Boal (famosa na Madeira) e Galego Dourado (de Carcavelos) e possivelmente o vinho mais famoso da casa, o Anima, é feito com a casta italiana Sangiovese. Na altura era único no país (e se calhar ainda é), mas era muito bom e vendeu – e continua a vender – muito bem. A propósito, aparecer uma versão Sangiovese em branco, de nome Manda Chuva.

PRIVILÉGIO PARA A MATÉRIA-PRIMA
A vinha está um brinco, plantada sobretudo em encosta suave. É aqui que Pepe e António passam muito tempo, não só porque gostam da viticultura e querem as melhores uvas, mas também porque têm muitas castas diferentes para cuidar. E só assim a equipa consegue conhecer os “humores” de cada uma, do Cabernet à Touriga Franca, do Galego Dourado ao Sercial. No total são 18 hectares, com várias exposições e altitudes diferentes. O terroir é a menina dos olhos de Pepe: “esta é uma região abençoada para a vinha”.
As uvas vão para a adega, ali ao lado, transformada de um antigo barracão. Mas o que está lá dentro, incluindo um conjunto de dispendiosos balseiros da Seguin Moreau, é material de alta qualidade. Tanto servem para fermentações como para estágio, e todos os vinhos passam por aqui. Os resultados compensam, mas os balseiros dão muito trabalho a higienizar. Tudo é fermentado casta a casta. Lotes, só à posteriori. E não há linha de engarrafamento. Mas, ainda assim, a adega está a ficar pequena…
“O nosso maior lote é de 50 mil litros (Autocarro 27). Os outros têm entre 2.500 e 10.000 litros”, diz-nos António Rosado. Ou seja, pequenas tiragens de vinhos com um perfil especial. “O estilo da casa é sobretudo a frescura, elegância, vegetal”, afirma o proprietário. E manter teores alcoólicos moderados. Em primeiro lugar porque Pepe e António não gostam de fruta exuberante. E depois porque não precisam de forçar nada: graças às maiores amplitudes térmicas na altura antes da vindima, as plantas não param de trabalhar e as maturações fenólicas costumam andar à frente das alcoólicas. No final ambos reconhecem que não fazem os vinhos mais consensuais do mercado: quem goste de vinhos muito encorpados, alcoólicos, de fruta exuberante, tosta e finais adocicados pode procurar em outro lado. A frescura e elegância (e os taninos, nos tintos) são características de vinhos longevos e é por isso que aqui não há pressas em lançar os vinhos para o mercado. O mercado agradece, incluindo o estrangeiro: “Exportamos metade e, melhor ainda, vendemos lá fora os vinhos mais caros do que cá”, revela Pepe. A casa vai de vento em popa, batendo recordes todos os anos. Mas Pepe não está satisfeito…[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”34334,34335,34336″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][vc_column_text]À PROCURA DE VINHAS
Ali ao pé, em Melides, em terras de xisto, Pepe entrou num projecto chamado Pego da Moura, em sociedade com Manuel Ricciardi, proprietário de parte das vinhas. O restante vem de parcelas locais, algumas com muitas décadas e outras ainda em pé franco. Fizeram-se alguns acordos com os proprietários locais e daí já nasceu um Boal e um Castelão (2015), da marca Pego da Moura Impossible Vineyads. No meio da sociedade entrou ainda um artista plástico inglês, que também já tem vinhas plantadas com varas retiradas das plantas velhas da região. O provámos é extraordinário e estamos em crer que o futuro ainda trará ainda melhores novidades.[/vc_column_text][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 22, Fevereiro 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Horácio Simões, uma família unida à volta do vinho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A secular Casa Agrícola Horácio Simões não é o maior produtor da Península de Setúbal, mas é certamente um dos mais antigos e mais reputados na região. Encontra-se aqui em perfeito equilíbrio uma abordagem tradicional e quase […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A secular Casa Agrícola Horácio Simões não é o maior produtor da Península de Setúbal, mas é certamente um dos mais antigos e mais reputados na região. Encontra-se aqui em perfeito equilíbrio uma abordagem tradicional e quase artesanal dos antepassados e uma sede da geração contemporânea para experimentar coisas novas.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A adega na Quinta do Anjo é pequena e disfarçada de vivenda com uma loja e café, onde os locais gostam de ficar à sombra no pátio para tomar um copo à tarde. Ao passar na rua nem se dá pela adega, sobretudo se o portão estiver fechado.
A casa dispõe de cerca de 40 hectares de vinha própria e conta com mais 30 hectares de vinha dos parceiros, para além de alguma uva comprada na região. A produção anual é de cerca de 300 mil litros de vinhos tranquilos, Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo.
O Castelão ainda é pisado a pé ou tratado com “macacos” nos antigos lagares de pedra vinda da serra da Arábida. Uma antiga prensa vertical é a única utilizada. Para engarrafamento empregam umas maquinetas que em muitos sítios servem como peças de museu.
É claro que nem tudo se faz como dantes. Por exemplo, antigamente as vindimas só começavam depois da festa da Moita, que acabava na segunda semana de Setembro. Hoje em dia, vindima-se com base no controlo da maturação.
Manter a identidade da casa é essencial. O que se pretende é que os vinhos, mesmo sendo um pouco diferentes em função do ano, sejam reconhecidos pelo estilo da Casa Agrícola Horácio Simões. Mesmo que o rótulo não esteja lá.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Três gerações juntas
José Carvalho Simões, o bisavô dos irmãos Pedro e Luís Simões que estão agora à frente da empresa, tinha cinco filhos, mas só três queriam trabalhar na área da agricultura: Horácio, Diniz e Virgílio. Em 1910 foram criadas três casas agrícolas com os nomes de cada um. Destas três apenas uma continua até à data – Casa Agrícola Horácio Simões.
Horácio Santos Simões tem hoje 97 anos e mesmo que já há muito tenha passado tudo para o filho e netos, continua presente e atento. Nas alturas de maior agitação na adega anda a “fiscalizar” se está tudo a ser feito como deve ser. Sobe ao telhado e observa de cima, para ter uma visão melhor dos trabalhos desempenhados. As pessoas próximas dizem que “ele só não ouve o que não quer”. Sempre teve uma maneira de ser muito própria. Não tinha o hábito de explicar como se fazia, “mandava as coisas ao ar – apanha se quiseres”, – recorda Pedro.
Quando a avó faleceu, há cerca de 14 anos, o avô foi-se abaixo, perdeu o interesse pela adega e disse aos netos para tomarem conta de tudo, que se sentia velho. Para evitar ver o avô deprimido, Pedro tentava envolvê-lo nas actividades da casa. Quantas vezes, fingindo que não tinha tempo, pedia que o avô fosse a uma ou outra vinha ver se estava tudo bem, partilhava acontecimentos, pedia-lhe conselhos. E resultou.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”32325″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O pai, Horácio Reis Simões, também participa vivamente nos assuntos do negócio familiar, sendo o mais antigo provador na CVR da Península de Setúbal. É uma casa onde a família, representada actualmente pelas três gerações, muitas vezes se reúne à volta da mesa.
A quarta geração também já está presente – o filho do Pedro, Francisco, de 15 anos, quer seguir as pesadas do pai. Andou a vindimar com a família há 5 ou 6 anos e actualmente está a estudar numa escola agrícola em Vendas Novas, por acaso (ou não) a mesma onde estudou o pai. Ao acabar a escola quer seguir enologia no ISA e fazer um estágio na Nova Zelândia. Pedro diz que sempre tentou incentivar o filho, despertando-lhe interesse pelo vinho sem qualquer obrigação, naturalmente. O facto de as diferentes gerações estarem muito unidas e com hábito de se juntarem às refeições também foi determinante. “Aos almoços e jantares, mais volta menos volta, estamos sempre a falar do vinho”, diz Pedro com um sorriso.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32346″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Moscatel da Revolução
As arrumações em casa são sempre bem-vindas, nem que seja para encontrar uma coisa esquecida há décadas. Para arranjar mais espaço, começaram a rearrumar os armazéns. Num deles, ao mover as barricas, descobriram um alçapão, onde deram com um esconderijo de Moscatel de cuja existência não faziam ideia.
A explicação era fácil, mas inesperada. Na altura da revolução de 25 de Abril de 1974, o avô Horácio Simões, temendo expropriação por lei ou por força, achou por bem esconder o vinho, feito no ano em que nasceu o seu neto Pedro. Mas não escondeu à toa, pretendia guardá-lo em bom estado, dividindo uma parte em barricas de castanho de 50 e 40 litros revestidas de parafina e em garrafões de vidro de 15 e 5 litros, fechados com rolhas embrulhadas em palha. No total havia cerca de 300 litros de Moscatel Roxo que passou os anos todos debaixo da terra, sem luz e com temperatura e humidade relativamente constantes.
O achado foi o objeto da reunião familiar. O avô riu-se com os olhos – lembrou-se do seu “tesouro” escondido. “Ah, é capaz de dar um belo vinagre”, – foi a reação dele. O pai também vagamente se recordava que, sim senhor, havia um vinho feito pelo avô no ano em que o Pedro nasceu, mas nunca soube do seu esconderijo.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32358″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Depois de provar perceberam que o tesouro foi autêntico e que não era desta que iriam fazer um vinagre de Moscatel Roxo. Estava em estado perfeito de saúde, nem o álcool se perdeu, nem precisava de ser refrescado, pois a frescura inicial foi preservada.
Resolveram juntar o vinho todo e engarrafá-lo, filtrando ligeiramente para não alterar muito a sua estrutura. Não fazia sentido engarrafar lotes diferentes do Moscatel estagiado em barrica e do que passou os anos todos em garrafões, pois dava quantidades diminutas.
“Vejam lá se não me estragam isto” – deixou cair o avô no final do concílio.
E não estragaram. Trataram-no com todo o respeito que um vinho de 44 anos merece. O tempo encarregou-se de conferir mais sofisticação ao licoroso, e a família assegurou a sua nobre apresentação em garrafa com rótulo feito de uma camada fina de madeira.
No total ficaram 300 garrafas de 0,5l deste belíssimo Moscatel Roxo de 1974, numa edição extremamente limitada e única, que é um testemunho silencioso dos anos conturbados da Revolução.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Surpreendentes tintos na terra dos moscatéis

escolha mestre vinho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os vinhos de Setúbal têm vindo a conquistar números de vendas muito importantes, mercê da sua excelente relação qualidade-preço. No entanto, os seus tintos, sobretudo, vão muito para além do bom e barato, como Dirceu Vianna Júnior […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os vinhos de Setúbal têm vindo a conquistar números de vendas muito importantes, mercê da sua excelente relação qualidade-preço. No entanto, os seus tintos, sobretudo, vão muito para além do bom e barato, como Dirceu Vianna Júnior teve ocasião de comprovar.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Certos livros apontam a região de Setúbal como possível berço da viticultura na Península Ibérica, quando vinhedos foram cultivados pela civilização tartessa, cerca do ano 2000 A.C. Arquivos históricos mostram que a região já exportava vinho no século XII, mas passou a ganhar notoriedade a partir do século XIV, quando Richard II solicitou que o Moscatel de Setúbal fosse servido durante eventos da corte real inglesa. A região foi oficialmente reconhecida em 1908 e conta com 7.213 hectares de área total plantada, de acordo com os dados recentes do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Apesar da pressão comercial pelo espaço urbano, Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) da Península de Setúbal, constata que a área plantada tem permanecido razoavelmente estável durante a última década.
A casta Castelão, com 3227 hectares (ha), representa cerca de 49% da área total, sendo, de longe, a mais plantada. Moscatel de Setúbal corresponde a 8% da área plantada com 541ha, seguida por 512ha de Fernão Pires, 419ha de Syrah e 287ha de Aragonez. Outras castas plantadas incluem o Alicante Bouschet (252ha), Cabernet Sauvignon (243ha), Touriga Nacional (216ha), Trincadeira (168ha) e Arinto (125ha), dentre outras. A produção total da região nos últimos anos tem oscilado entre 408.000 hectolitros (hl) em anos menos abundantes, como 2013, e 525.000 hl em anos mais prolíficos, como 2017. A média das últimas cinco vindimas é de 480.000 hl. Apesar de o nome da região estar intrinsecamente associado com vinhos licorosos, os famosos Moscatéis de Setúbal representam apenas cerca de 6% da produção total. A maior parte das uvas regionais são destinadas à elaboração de vinhos tintos, que representam 64% do volume total.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”30591″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Percepção e qualidade
De acordo com Frederico Falcão, CEO do grupo Bacalhoa, os vinhos tintos da região têm vindo a conquistar quota de mercado devido à excelente relação entre qualidade e preço que oferecem ao consumidor. Jaime Quendera, gerente geral da Cooperativa Agricola de Santo Isidro de Pegões, concorda e acredita que o sucesso também tem a ver com a facilidade de o consumidor associar a região com as marcas e importantes casas da região. José Mota Capitão, enólogo e administrador da Herdade do Portocarro, julga que o consumidor terá a percepção de que os vinhos tintos de Setúbal apresentam frutas maduras generosas, perfil redondo, com taninos suaves, portanto fáceis de beber. Por outro lado, Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo chefe do grupo José Maria da Fonseca, alerta para o facto de que haver um número elevado de uvas plantadas e existir grande variação de estilos acaba por confundir o consumidor.
Os vinhos da região têm enorme sucesso no mercado português, ocupando a terceira posição, com uma quota de mercado correspondente a 5,8% do volume total engarrafado, abaixo de Alentejo, que conta com 16,8%, e o Minho (Vinho Verde), com 7,4% (IVV 2017). Porém, na mente do consumidor internacional ainda existe bastante trabalho para ser feito. Apesar de a maioria dos profissionais ter conhecimento da região através da reputação de seus Moscatéis, poucos consumidores fora de Portugal percebem a região como produtora de vinhos tintos de qualidade.
Quanto à qualidade dos vinhos tintos, Jaime Quendera acredita que Setúbal esteja no mesmo patamar das regiões mais desenvolvidas do país, tanto no campo da viticultura, com vinhas mecanizáveis e de extensão, quanto na vinicultura, com adegas modernas, totalmente equipadas e com profissionais habilidosos. Na opinião de Domingos Soares Franco, Setúbal estaria num patamar abaixo do Douro pelo facto de ter menos experiência com diversas altitudes e exposições, e mais elevado do que o Dão, por essa região ter estado durante muitos anos dependente de adegas cooperativas e somente ter despertado para a viticultura mais tarde, embora reconheça que sempre ali houve quintas privadas a produzir excelentes vinhos. De um modo geral, na opinião de Domingos Soares Franco, a qualidade dos vinhos da região de Setúbal é comparável à do Alentejo, talvez pela proximidade geográfica, embora solos e clima sejam distintos. Filipe Cardoso, o gestor da Quinta do Piloto, acredita que a qualidade em geral é boa, mas que faltam vinhos de patamares super-premium e ícones para se aproximar das outras regiões produtoras de grande reputação.
Na verdade, existe um pequeno núcleo de produtores responsáveis pela maioria do volume produzido e em termos de enologia, de um modo geral, a região está na linha da frente. Mesmo assim, existe um caminho a percorrer para que a qualidade continue crescendo, principalmente no que diz respeito ao uso excessivo de madeira, incluindo também a utilização de aduelas e outras alternativas. A solução seria tentar assegurar boa maturação e preservar o frescor que a fruta possui devido à proximidade do oceano Atlântico e não ofuscar isso com o uso excessivo de madeira. Também é necessário erradicar um dos maiores problemas encontrado nos vinhos desta região, que é a extração excessiva, o que faz com que os vinhos lançados jovens cheguem ao mercado demasiadamente firmes, tânicos e adstringentes. De um modo geral, é importante não ceder às modas que vêm do exterior, interferir menos e buscar mais a elegância.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Estilos de vinhos
Frederico Falcão considera os vinhos desta região, de forma geral, macios e fáceis de beber. Ao mesmo tempo, a região é capaz de produzir vinhos com estrutura, e muito equilíbrio entre o teor alcoólico e acidez, simultaneamente vinhos elegantes, fáceis de beber enquanto jovens, mas também com capacidade de envelhecimento.
Filipe Cardoso, da Quinta do Piloto, acredita que os vinhos regionais exibem um estilo mais internacional, similar aos vinhos do Novo Mundo, pois são frutados, concentrados e fáceis de beber e frequentemente com madeira evidente. Segundo José Mota Capitão, esses vinhos têm a tendência para ser demasiadamente comerciais, e, como tal, por vezes, perdem um pouco de seu carácter e personalidade. No que diz respeito aos Palmela de gama mais alta, Filipe Cardoso descreve vinhos mais clássicos, vinhos de terroir comparáveis com o estilo Velho Mundo. Para Jaime Quendera, os tintos de Setúbal são tintos maduros, mas apresentam frescura natural devido à sua proximidade ao mar e será esta a sua grande diferenciação.
O facto é que não existe clareza ou consenso em relação ao estilo dos vinhos na região. Por um lado, isso é bom, pois demonstra a personalidade e diversidade, por outro lado torna-se difícil selecionar um produto regional com segurança, devido à falta de coerência no que diz respeito aos estilos de vinhos.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”30592″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso pode ser considerado uma desvantagem em comparação às outras regiões onde os estilos são mais uniformes, como Brunello de Montalcino, Rioja, ou mesmo o Cabernet Sauvignon de Napa Valley ou o Merlot do Chile. Nestes casos, o profissional e, principalmente, o consumidor internacional que adquire o produto, tem uma boa ideia de qual será o estilo de vinho que o espera quando sacar a rolha.
Os consumidores estão dando cada vez mais valor aos vinhos de carácter e que conseguem preservar a personalidade do seu terroir. Existe uma oportunidade para crescer no mercado externo, que hoje é responsável por cerca de 35% do consumo da produção local. Um dos caminhos para que a região se afirme como confiável produtora de excelentes tintos seria valorizar sua casta tinta, o Castelão, como a bandeira principal dos vinhos tintos de qualidade da região. Hoje, uma carta de vinhos verdadeiramente internacional deve contar com a presença de, pelo menos, um Malbec argentino, um Shiraz australiano e um Sauvignon Blanc neozelandês, por exemplo. Além disso, precisa de conter os clássicos do Velho Mundo, como por exemplo Barolo, Ribeira del Duero, Nuits St Georges, entre outros. A região de Setúbal deveria trabalhar no sentido de produzir vinhos tintos onde a casta Castelão fosse maioritária e que atingissem esse nível de notoriedade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desafios e estratégias
Frederico Falcão defende um trabalho que ajude fortalecer a percepção de que os vinhos da Península de Setúbal oferecem excelente custo/benefício para consumo do dia-a-dia e, ao mesmo tempo, tentar surpreender com vinhos de topo de gama. Sugere o foco em mercados como Brasil e Angola, que já são fortes importadores dos vinhos da região. Felipe Cardoso incluiria Inglaterra, Estados Unidos e Canadá como países ideais. Para Domingos Soares Franco, o Canadá, Escandinávia, América Central e América do Sul apresentam as melhores oportunidades. Uma coisa é certa: os produtores precisam de trabalhar em conjunto e gastar a sola do sapato, viajar mais e mostrar os seus vinhos ao mundo com mais confiança.
Apesar de a região ter comercializado €49.238.124 de vinhos tranquilos (Dados do IVV 2017), com um crescimento de 3,8%, existem vários desafios a serem enfrentados. Na área de viticultura, além das ameaças das alterações climáticas, na opinião de Domingos Soares Franco os trabalhos de campo poderão vir a ser comprometidos devido à falta de mão-de-obra. Filipe Cardoso acredita que um dos maiores patrimónios que a região possui deve ser protegido energicamente, ou seja, não deixar morrer as vinhas velhas de Castelão, Fernão Pires e Moscatel, pois é isso que dá identidade à região. Para José Mota Capitão, um grande problema são os preços demasiadamente baixos que produtores recebem pelo seu produto, influenciando negativamente a região como um todo. Acredita que a região precisa de se afirmar como produtora de vinhos de qualidade a preços mais altos e justos. E afirma ser triste e desagradável receber propostas de exportação em que o limite máximo para vinhos da Península de Setúbal está abaixo de 1,79 euros por garrafa.
Porém, muita coisa positiva aconteceu nos últimos anos. Jaime Quendera explica que a região, há menos de duas décadas, era composta praticamente por duas empresas e que em termos de vendas ocupava a sexta ou sétima posição do país. Foi precisamente por oferecer preços médios competitivos que foi possível estimular o desenvolvimento. Hoje, defende, existe um número maior de empresas e essas estão gradativamente mais fortes.
A verdade é que, apesar de a região se mostrar bem capaz de fazer brancos e tintos de qualidade superior, o preço médio está entre os mais baixos do país. De forma geral, é essencial trabalhar com o objetivo de valorizar mais os produtos e adequar os preços ao seu valor intrínseco para assegurar, além de uma margem de lucro correcta, que seja possível seguir investindo e apostando no aprimoramento contínuo, consequentemente garantindo o futuro da região.
Em relação ao futuro, Jaime Quendera acredita que tudo continuará a desenvolver-se como tem ocorrido nos últimos tempos, com produtores buscando melhorar a qualidade e seguir oferecendo ao consumidor vinhos com boa relação entre qualidade e preço. Para Filipe Cardoso não existe duvida de que a região vai continuar a crescer, pois existe um grande número de profissionais jovens, curiosos e criativos à frente da maioria das adegas, o que vai impulsionar o desenvolvimento da região. José Mota Capitão também se mostra optimista e diz que existe espaço para novos produtores, mesmo que o futuro próximo esteja fortemente dependente do que será feito pelas quatro maiores empresas da região.
O interesse renovado por vinhos do Chile e Argentina em vários mercados, nos últimos tempos, tem muito a ver com o que foi feito não pelas grandes marcas mas por pequenos projetos em sub-regiões novas que quebram paradigmas, demonstram criatividade e aumentam a percepção positiva da região e do país como um todo.
É natural que os grandes produtores continuem focados em promover as suas próprias marcas, mas existem méritos e vantagens que justificam fazer um trabalho colectivo em paralelo, com o objetivo de divulgar a região de um modo geral. Definir com mais nitidez os estilos de vinhos tintos, para que fique mais claro na mente do consumidor sobre o que esperar, encorajar pequenos produtores para energizar positivamente a região, continuar a focar na qualidade sem perder identidade com vinhos que não transmitem o seu terroir, não ter medo de ultrapassar limites e lançar vinhos-ícone. Estes serão alguns dos passos necessários para que os vinhos tintos da região atinjam o reconhecimento que precisam e merecem.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 17, Setembro 2018

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]