Alentejo, terra de grandes tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é muito mais diverso do que se poderia imaginar, já pouco tributário é das castas de antigamente, mas há quem teime no regresso à tradição. Tudo isto com alterações climáticas pelo meio.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Os vinhos alentejanos continuam a ter a preferência dos consumidores nacionais. A palavra Alentejo soa, a muitos enófilos, como vinho de qualidade, encorpado, macio e fácil de beber, que se consegue consumir jovem, sem ter de esperar muito por ele. Só vantagens, em época em que tudo se faz no momento e a paciência da espera é coisa do passado. Os tintos são ainda hoje a principal produção da região. É que, dos cerca de 21.300 hectares plantados e aptos à produção de vinho com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica (dados de 2017), cerca de 16.500 estão ocupados pelas castas tintas, com a restante área reservada a brancos.
As castas plantadas têm importância muito diversa e não são usadas da mesma forma para todos os lotes de vinho. Assim, apesar da importância crescente da Alicante Bouschet nos grandes vinhos da região (ver caixa), ela está muito longe de ser actualmente a casta mais plantada; esse lugar pertence, com grande destaque, à Aragonez e, de seguida, à Trincadeira, ou seja, as castas tradicionais da região ainda são as mais plantadas, ocupando um pouco mais de 44% da área de vinha. A própria tinta Castelão, actualmente arredada da primeira fila quando o assunto são os grandes vinhos, ainda tem uma presença muito forte, com mais de 1000 hectares plantados.
Temos assim dois tipos de Alentejo, o das marcas de referência, dos vinhos que fazem os consumidores falar, dos que são cobiçados e caros e que, há que não esquecer, dão nome e prestígio à região; e, depois temos o Alentejo dos tintos genéricos, que estão abundantemente presentes nas grandes superfícies, dos vinhos abordáveis, baratos e bem-feitos e que alegram as refeições e animam as mesas. No primeiro grupo vamos, como se imagina, incluir também a Syrah e a Touriga Nacional e, de forma mais marginal, a Cabernet Sauvignon (que ainda ultrapassa os 800ha), com uns “temperos” de Alfrocheiro e Touriga Franca.
De 2015 para 2017 a Touriga Nacional ultrapassou a Castelão em área de vinha, a Alicante Bouschet foi a que mais cresceu e a Trincadeira a que mais diminuiu de área. A Touriga Nacional, lembra Luís Cabral de Almeida, enólogo da Herdade do Peso, “como tem um ciclo longo e confere boa frescura aos vinhos pode ser um bom complemento para as castas que formam o núcleo duro, a Alicante Bouschet e a Syrah. Mas nos vinhos há vários Alicante Bouschet e não apenas um e isso ficou para mim bem claro quando tomei agora contacto com as vinhas da serra de São Mamede: feitos da mesma maneira obtiveram-se dois vinhos de Alicante completamente distintos”, disse.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32597″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Este é o novo Alentejo, aquele com que se pretende projectar a região como geradora de vinhos de referência, em Portugal e no estrangeiro. A preferência dos consumidores é clara, já que cerca de 40% do que se consome entre nós tem origem no Alentejo. No entanto, se falarmos com responsáveis de garrafeiras, verificamos que no Norte há um menor interesse nos tintos do Alentejo, exceptuando-se as marcas mais clássicas. Ivone Ribeiro (Garage Wines) diz-nos que que o que mais vende é Douro e em seguida os tintos do Dão, Alentejo muito pouco. Na Garrafeira Tio Pepe, também no Porto, a quebra tem sido significativa, uma vez que “em 1995, por exemplo, era a região que tinha mais procura mas de então para cá tem vindo a decair embora se note o interesse por especialidades, coisas originais, vinhos de talha”. “Só nesta época do Natal e por via de encomendas de empresas para prendas natalícias é que o negócio dos tintos alentejanos anima um pouco”, confirmou Luís Cândido, o proprietário. Uma situação completamente diferente da que encontramos no centro e sul do país, e sobretudo na região da Grande Lisboa, tradicionalmente um excelente mercado para os vinhos alentejanos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]O consumo interno absorve a grande fatia da produção mas a exportação tem-se diversificado – abrange 118 países –, apesar de estar assente sobretudo em três mercados: Angola, Brasil e Estados Unidos. Fica a pergunta: que Alentejo queremos promover, que estilo queremos privilegiar? Para Paulo Laureano, enólogo e produtor, o Alentejo precisa de se mostrar como realmente é: uma manta de retalhos (sic), uma região muito diversa mas onde as diferenças não são suficientemente explicadas aos consumidores. “Até na zona da Vidigueira, que é a que conheço melhor, há diferenças enormes, logo a começar nos solos e exposições e a zona mais perto da fronteira com Espanha tem muito pouco a ver com a zona mais a oeste, mais marcada pela influência atlântica”, especifica.
É esta ideia de diversidade que poderia eventualmente levar a uma nova reorganização das sub-regiões do Alentejo, mas a CVR diz-nos que não estão para já em cima da mesa decisões nesse campo, apesar de haver debate no âmbito do Conselho Geral, a entidade que pode mudar o estado das coisas no que respeita ao desenho das regiões com direito a Denominação de Origem (DO). O consumidor depara-se com muito mais frequência com vinhos que têm a indicação Regional Alentejano do que com vinhos DOC Alentejo. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32599″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”A marca do Alicante Bouschet” color=”black”][vc_column_text]Avaliando as castas que integraram os vinhos provados, ressalta uma evidência: a crescente importância da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo. Dir-se-ia que começa a ser difícil pensar-se num grande tinto do Alentejo que não a tenha no lote. Com frequência, com a companhia da Syrah e Touriga Nacional. Esta situação é relativamente nova na região, já que há 30 anos a Alicante Bouschet apenas tinha posição predominante em duas propriedades, a Quinta do Carmo e a Herdade do Mouchão. Houve uma enorme renovação dos vinhedos e os produtores descobriram na Alicante a casta que lhes confere consistência aos vinhos, uma vez que produz quase sempre bem e pode ter expressões diferentes conforme o local onde está plantada. Quer Paulo Laureano quer Luís Cabral de Almeida, ambos enólogos na região, apontam-lhe imensas virtudes, mas reconhecem que o Alicante Bouschet da serra de São Mamede nada tem a ver com o da Vidigueira, por exemplo. Mas Luís não tem dúvidas em afirmar que “o Alicante Bouschet está para o Alentejo tal como o Malbec está para Mendoza, na Argentina”, querendo com isto salientar que pode ser a espinha dorsal dos tintos da região. Mas a procura de novas castas por parte de alguns produtores continua e recentemente a CVR Alentejo aprovou, com o acordo do IVV, o pedido de reconhecimento para certificação de 14 castas novas onde, em tintas, se incluem Cabernet Franc, Carmenère, Camarate, Monvedro, Vinhão e Marselan. Entre tintas e brancas, estamos a falar de 100 hectares destas novas variedades para a região.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Durante muito tempo isto decorreu das limitações geográficas que existiam para que um vinho tivesse direito à DO, mas, e ainda segundo a CVR Alentejana, actualmente cerca de 73% da área de vinha está inserida nas oito regiões que têm direito à DO Alentejo. A realidade encarrega-se de baralhar estes dados, já que a maioria dos vinhos comercializados são Regional Alentejano.
O grande desafio para o futuro pode assentar em dois pilares: manter e mesmo acentuar a diversidade dos vinhos, conseguindo-se que eles espelhem as diversas zonas onde nascem e, em segundo lugar, perceber que as alterações climáticas nos poderão fazer regressar a variedades que, sendo antigas e fora de moda, mostraram ao longo do tempo uma boa adaptação à região, como a Tinta Grossa, a mal-amada Trincadeira, a Moreto, entre outras tintas; ou a Perrum, nos brancos.
O Alentejo, como alguém me dizia, não pode estar satisfeito por estar a servir cachorros quentes e ter uma grande fila de gente para os comprar; com o tempo, os consumidores enjoam-se de cachorros quentes e depois querem outras coisas e a região tem de estar preparada para diversificar, mudar o que for para mudar e não se dar por satisfeita. Costuma dizer-se que o Alentejo está na moda, mas, como lembra Laureano, “estar na moda é, no sector dos vinhos, um conceito muito perigoso”: “Estar permanentemente a optar por castas que geram vinhos fáceis mas sem história pode ser um caminho, mas para mim é para evitar.”
O Alentejo é um mundo, portanto, em diversidade, qualidade, preço. É líder nos vinhos de volume, como se sabe. Mas também no segmento superior do mercado, nos tintos de nicho, como ficou demonstrado na nossa prova, a região mostra dar muito boa conta de si.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32600″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

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Tintos do Dão: Carácter e elegância de uma região histórica

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na tradição de sempre, mantendo os seus valores, a sua personalidade e a sua riqueza vitivinícola.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A produção de vinho no Dão é milenar, e os vestígios arqueológicos, como as lagaretas encontradas em vários sítios da região, são testemunhos disto. A filoxera, um temido e imparável insecto que destrói a raiz da vinha, veio parar a Portugal com as videiras americanas em 1867. Para além de dizimar os vinhedos no Douro e a seguir no Dão, originou ainda outro problema que no início até não parecia problemático de todo. Portugal (como também Espanha, Itália e Hungria) tornou-se num dos principais fornecedores de vinhos para famosas regiões francesas, onde a filoxera tinha chegado mais cedo, e os estragos eram substancialmente maiores.
Esta conjuntura comercial impulsionou um enorme desenvolvimento na plantação das vinhas nas regiões, como o Dão e a Bairrada, na década de 80 do século XIX. Em 1882 foi até estabelecida a isenção da contribuição predial de dez anos para a plantação da vinha, e cinco anos para a replantação. Isto levou a que propriedades que cultivavam cereais passassem ao cultivo da vinha sem peso nem medida. As plantações invadiram os terrenos mais férteis e os volumes de produção dispararam.
Por volta de 1900, França deixou de ser o mercado preferencial de exportação, devido ao aumento de produção própria e ao facto de ter encontrado novos fornecedores de vinhos mais baratos, como a Argélia, por exemplo. A procura interna não era suficiente para escoar todo o vinho produzido – uma consequência da crise de abundância.
A conjuntura em Portugal também não era fácil. A vizinha região do Douro sempre teve mais privilégios a nível legislativo, e ao mesmo tempo começou a sentir-se a invasão dos vinhos do Sul (das actuais regiões de Tejo e Lisboa), que sofreram menos com oídio e filoxera e eram significativamente mais baratos.
A necessidade de demarcação da região tornou-se óbvia, o que acabou por acontecer em 1908. Poucos meses antes da queda da monarquia, em 1910, era aprovado o regulamento de produção e comercialização dos vinhos de mesa (chamados à época “vinhos de pasto”) da região do Dão.
Na altura do Estado Novo, o objetivo do Governo era criar cadeias de produção. Como o vinho era considerado um produto agrícola de importância, teriam que ser garantidas condições para que fosse produzido de uma forma estável e na quantidade necessária.
No Dão, sempre dominou o minifúndio. Um patchwork de parcelas minúsculas de cerca de 0,5ha, retalhadas entre florestas, faz 90% de vinha na região. Muitos agricultores que plantavam vinha não tinham capacidade de produzir vinho, nem de vendê-lo. As adegas cooperativas providenciaram equipamento e asseguraram a comercialização do produto acabado. A questão de competitividade não se colocava.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”31998″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A maior parte dos produtores entregava uvas a adegas cooperativas, mas também existiam diversas casas proprietárias de vinhedos que produziam vinho e vendiam a granel para as grandes marcas. A Casa da Ínsua, a Casa da Passarella ou a Casa Santos Costa, por exemplo, produziam vinho desde finais do século XIX e eram famosas junto dos principais engarrafadores. Os responsáveis pela criação das marcas nos anos 60 foram empresas na época chamadas “armazenistas” (correspondendo ao que em França se designa por “negociant”) e que compravam vinho aos pequenos produtores e às adegas cooperativas, engarrafando-o e comercializando-o sob a sua insígnia.
As Caves São João, um dos grandes negociantes em Portugal à data, lançou assim Porta dos Cavaleiros, a seguir ao bairradino Frei João. A Sogrape, que alargou as suas operações para o Dão em 1957, produzia um Dão Reserva conhecido como Dão Pipas e lançou a marca emblemática Grão Vasco, que teve um enorme sucesso. Tal como o Meia Encosta, da Sociedade dos Vinhos Borges, lançado em 1970, ou o Terras Altas, da José Maria da Fonseca.
O próprio Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, liderado pelo engenheiro agrónomo Cardoso Vilhena, que andava a explorar as potencialidades das castas da região, fez vinhos lendários, como os de 1963, 1970, 1975, 1980 e 1983.
O meu sogro costumava dizer “O vinho é do Norte” e para ele existiam só duas regiões – Douro e Dão. Era um consumidor fiel e acredito que muita gente da geração dele assim o era. Mas as gerações mais novas não partilharam desta lealdade e nas décadas 80 e 90 o Dão deparou-se novamente com ampla concorrência dos vinhos de mesa de outras regiões do país.
O Douro apostou em força nos vinhos de mesa, mas Alentejo e Setúbal também apareceram com vinhos em grande quantidade e de qualidade que os produtores do Dão não estavam a conseguir acompanhar. O consumidor virou-se para outras regiões, deixando ao Dão o desafio de se reinventar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Na viragem do século” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Os anos 90 assinalaram grandes mudanças na região. Começaram a aparecer os produtores de quinta com vinhos de excelência (Quinta dos Roques, Quinta da Pellada, Quinta dos Carvalhais, foram os que mais se destacaram na época) e até os negociantes investiram na vinha. Segundo o presidente da CVR do Dão, Arlindo Cunha, a partir de 2005 fez-se sentir a inversão do paradigma. Agora, a pouco e pouco, o consumidor vai (re)descobrindo os vinhos do Dão, começando pelos brancos.
Entretanto, as principais características orográficas da região não mudaram: as montanhas, os rios e os solos continuam a formar o seu terroir de excelência. O que realmente melhorou, no ponto de vista de Arlindo Cunha, é a parte da viticultura: restruturaram-se as vinhas, começaram a plantar em zonas mais secas e mais altas, com melhores condições para produção de vinhos de qualidade. Vieram à região muitos jovens profissionais: enólogos, viticultores e produtores dinâmicos. “Nos últimos cinco anos a produção dos vinhos DO Dão e IG Terras do Dão aumentou 47%”, frisa o presidente da CVR.
O enólogo Manuel Vieira lembra-se do seu início de trabalho na Sogrape, sendo responsável pela Quinta dos Carvalhais. Refere que em 1990, na sua primeira vindima, “as ideias eram muito indefinidas; as castas não eram pensadas”.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”31999″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Na altura começaram a aprender sobre as castas em colaboração com o Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas, que estava a desenvolver um grande trabalho neste sentido. “Era importante perceber o que era o Dão e comunicar isto ao consumidor.”
Mais ainda há muito trabalho pela frente, diz Manuel Vieira, pois a região continua a ser “reconhecida pela elite e desconhecida pelo consumidor comum”.
O potencial da região confirma-se também pelo interesse que o Dão tem vindo a despertar em produtores de outras zonas vitivinícolas, sobretudo do Douro. O Grupo Amorim, proprietário da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, adquiriu recentemente a Quinta da Taboadella com adega e cerca de 40 hectares de vinhas a 500 metros de altitude. O projecto da Niepoort no Dão avançou em 2012. O trio de conceituados enólogos do Douro – Jorge Moreira (Poeira), Francisco Olazabal (Quinta do Vale Meão) e Jorge Borges (Wine&Soul) – lançou-se num projecto conjunto que resultou em vinhos M.O.B., produzidos na Quinta do Corujão. Jorge Moreira explica que escolheram o Dão porque queriam fazer um projecto interessante e de excelência numa outra região, sem ser o Douro. O Dão pareceu-lhes desafiante neste sentido. Aqui conseguem-se boas maturações fenólicas com grau de álcool provável mais baixo, preservando a preciosa acidez, e os vinhos adquirem equilíbrio com menos extração.
Estas empresas e figuras incontornáveis no mundo vitivinícola português de certa forma atraíram as atenções dos enófilos para o potencial da região.
O enólogo e produtor Carlos Lucas aponta para a importância de, na viragem do século, terem “dado entrada projetos sólidos”, com novos produtos que aliaram “boa enologia e visão do mercado”. Julia Kemper, Quinta do Sobral, Casa da Passarella, Pedra Cancela, Caminhos Cruzados são alguns dos exemplos que aponta. “Fazem belos vinhos, adaptados ao mercado, sem perder a essência do Dão. O valor de base é muito importante, e o marketing não resolve tudo, porque é a qualidade que fideliza os consumidores. Mas ao acrescentar aqui bom marketing – temos uma grande região!”, diz o produtor.
Até Robert Parker através de Marc Squires, ultimamente tem conferido pontuações a nível de 93-95 aos vinhos do Dão, algo que há 10 anos era impensável.
O enólogo da Casa da Passarella, Paulo Nunes, observa que no início de 2000 os produtores do Dão sentiam-se tentados a apanhar a onda do Novo Mundo, com muita concentração, seguindo perfis de maior valorização no palco internacional. Isto criava uma certa incoerência com o perfil dos vinhos dos anos 60, quando o Dão era chamado “Borgonha de Portugal”. Na sua opinião, os produtores actualmente estão mais fiéis à região: “Estamos mais próximos dos anos 60 agora, em termos de perfis de vinho, do que estávamos na viragem do século.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”A grande Touriga Nacional
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Segundo aos dados do IVV de 2017, a área total da vinha no Dão é de 14.837ha. Destes, cerca de 80% corresponde a castas tintas. Mesmo na fase de reconquista do consumidor, o Dão resistiu ao boom das castas internacionais que se deu um pouco em todas as regiões. Pelo contrário, apostou fortemente na preservação das suas castas tradicionais, tintas e brancas. Como diz Arlindo Cunha: “A principal mudança no Dão foi a continuidade!”
Não se pode falar no Dão sem pensar na Touriga Nacional, a uva identitária da região e que, tudo indica, ali teve origem. O percurso da Touriga Nacional tem algo melodramático. Lembram-se do conto de fadas da Cinderela, que era a filha querida do papá, mas que passados os anos de desprezo da sua madrasta e as filhas desta, tornou-se finalmente uma princesa? É praticamente história da casta. Antes da filoxera, a Touriga Nacional estava muito presente no encepamento regional e era bastante apreciada pelas suas qualidades aromáticas e corantes. No Estudo da Ampelografia Portuguesa de 1865 era de longe a casta mais plantada no Dão, seguida de Alvarelhão e Jaen. A filoxera deu cabo não só das vinhas, mas também da reputação dela, pois a nossa Cinderela não funcionou bem com os enxertos americanos, que era a medida mais eficiente para combater a devastadora praga.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”32002″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A expressão “muita parra e pouca uva” tornou-se num sinónimo da Touriga Nacional, cujo vigor vegetativo comprometia a produção.
O que é que representavam dois cachos pequenos de bagos pequenos (100-150 g) por pé para um viticultor que vendia as suas uvas às adegas cooperativas? Pouca remuneração, claro, pois pagava-se por quilo. Assim começou o desinteresse dos produtores e consequente diminuição de plantações. Os ensaios de Cardoso Vilhena no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão começaram por restabelecer a reputação qualitativa da casta. E o trabalho de seleção clonal, realizado a partir dos anos 80, resolveu o problema da escassez de produção, tornando-a de novo querida dos viticultores.
É uma autêntica trabalhadora nas vinhas, aguenta bem temperaturas elevadas, a sua película grossa protege os bagos do calor, contribuindo com grande nível de polifenóis e fornece muita matéria corante ao vinho. A casta é pouco sensível ao míldio e oídio. Também é resistente às chuvas de Outono.
É muito fiel a si própria. Segundo Paulo Nunes, com 12% ou com 14% continua a ser Touriga Nacional. Ela também se comporta muito bem na adega, moldável a diferentes tipos de vinificação e com elevada capacidade de envelhecimento, particularmente em madeira.
Dá excelentes vinhos monovarietais, evidenciando os seus aromas primários pronunciados, e acrescenta riqueza ao lote onde entra (se bem que às vezes puxa a primazia para si e é acusada de “ser muito Touriga Nacional”). É facilmente reconhecível pelo aroma e o consumidor geralmente gosta daquilo que lhe é familiar.
Gostos à parte, não podemos negar que a Touriga Nacional tem um papel fundamental, ao lado do Encruzado, na identidade da região. O Dão não é só Touriga, mas também o Dão não seria o mesmo sem ela. Em termos de plantação actual na região, corresponde a 22%, ocupando uma área de 3191ha.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32004″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Além da Touriga” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Há vida (e castas) além da Touriga Nacional. A Jaen, por exemplo. Casta ibérica, cultivada na região do Dão desde século XIX, na Ampelografia Portuguesa de 1865 já é uma das castas dominantes no concelho de Mangualde. Em 2008 passou a ser a casta com o maior encepamento no Dão, com 2484ha, e continua assim até aos dias de hoje, ocupando uma área de 3528ha, o que corresponde a 24% das plantações da região.
Em Portugal tem pouca expressão fora da região, mas em Espanha, com o nome de Mencia, é responsável pelos vinhos elegantes do Bierzo. O seu nome tem origem espanhola e supõe-se que os peregrinos dos Caminhos de Santiago a teriam trazido até nós. Produz muito, sobretudo em terrenos férteis, pelo que a produção tem que ser controlada para evitar vinhos acídulos e aguados. Apodrece com facilidade, o que obriga a evitar zonas mais húmidas. Mas também não gosta de muito calor e, segundo Paulo Nunes, “tem uma janela de vindima muito pequena, pois com 12% de álcool provável fica muito verde, com 14% muito queimada”. Plantada no sítio certo, origina vinhos com boa cor, delicados em termos de acidez e com aromas florais nos primeiros meses de vida, desenvolvendo fruta vermelha como morango e framboesa.
Quanto ao Alfrocheiro Preto, apareceu no Dão após a filoxera, não se sabe exactamente quando. Tem sinonímias nas terras espanholas, sendo chamada Bruñal em Arribez del Duero, Caiño Gordo na Galiza, Albarín Tinto nas Astúrias e Baboso Negro nas ilhas Canárias. Está disseminada por toda a região, é a quarta casta em termos de plantação, ocupando uma área de 896ha e representando 6% do encepamento. É uma casta precoce, sensível ao calor e ao stress hídrico. Enologicamente proporciona equilíbrio notável entre álcool, taninos e acidez. Produz vinhos de cor e aromas intensos de morango selvagem maduro e amora. Os vinhos geralmente têm bom corpo, taninos firmes, mas delicados. Estando prontos para beber jovens, também envelhecem bem ao longo de vários anos.
Finalmente, a Tinta Roriz. A casta ibérica mais conhecida internacionalmente e que assume nomes diferentes em cada região onde é plantada: Tempranillo em Rioja é o mais popular, Tinto Fino em Ribeira del Duero, Tinta de Toro em Castilla-La Mancha, Ull de Llebre em Catalunha, Cencibel em várias regiões. Pensa-se que foi trazida para Portugal antes da filoxera, entrou pelo Douro e desceu até ao Alentejo, onde se tornou uma das castas mais importantes, com o nome Aragonês. É talvez a mais recente “aquisição” do Dão, onde apareceu já no final do século passado devido ao reconhecimento das suas aptidões pelo Centro de Estudos de Nelas. Em 1983 existiam apenas dois hectares de Tinta Roriz, mas assinalou o maior crescimento na região, ficando em terceiro lugar em termos de área e ocupando agora 2756ha, o que dá 19% da plantação.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É uma variedade que produz bem, dependendo do clone, clima e tipologia de solo. Facilmente atinge produções elevadas, o que a faz perder drasticamente a qualidade. Quando o ano vitícola corre bem e assegurando produções controladas, origina vinhos de boa cor, intensos, complexos aromaticamente e bem estruturados. Desenvolve aromas de ameixa e frutos silvestres, ganha complexidade com envelhecimento e tem aptidão para estágio em madeira.
Para além destas quatro principais castas tintas, o património vitivinícola do Dão é bastante grande. A Baga tem uma presença relevante, correspondendo a 5% do encepamento, e Rufete, também conhecido como Tinta Pinheira, corresponde a 3%. Alvarelhão e Bastardo eram as mais cultivadas castas tintas a seguir à Touriga Nacional na Ampelografia Portuguesa de 1865, agora encontram-se nas vinhas velhas ao lado de Tinto Cão, Trincadeira Preta (Tinta Amarela), Marufo (Mourisco), Malvasia Preta (Moreto), Cornifesto e muitas outras a salvaguardar o património vitivinícola da região.
Juntando estas castas, ao clima, aos solos, e aos profissionais cada vez mais competentes e empenhados, o Dão é, na verdade, uma região que nasceu para o vinho. O que o Dão precisa agora é de criar a diferenciação, comunicando bem as suas castas tradicionais, e afirmar-se dentro e fora de portas como região de produção de grandes vinhos com frescura, riqueza aromática e notável equilíbrio, Na realidade, já o é.
[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”31996″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos últimos anos, também têm saído produtos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes, sobretudo a partir da casta Alvarinho, mas também Douro, Dão, Tejo ou Alentejo estão a produzir cada vem mais espumantes e com qualidade muito consistente. Agora é só erguer um flute ou copo ao alto (ou uma tacinha, como dantes de dizia) e… SAÚDE![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº18, Outubro 2018

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