Encruzado, a ilustre joia do Dão

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta Encruzado é certamente uma das mais promissoras variedades brancas portuguesas, originando vinhos elegantes, equilibrados, complexos e longevos. E pode vir a ser uma das bandeiras de Portugal nos mercados de todo o mundo. TEXTO Dirceu […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta Encruzado é certamente uma das mais promissoras variedades brancas portuguesas, originando vinhos elegantes, equilibrados, complexos e longevos. E pode vir a ser uma das bandeiras de Portugal nos mercados de todo o mundo.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Eu estava participando numa degustação em Londres, há uns meses. O final da tarde se aproximava e após o dia todo degustando vinhos de várias partes do mundo estava quase na hora de ir embora quando um amigo chegou, aproximou-se para cumprimentar e aproveitou para pedir algumas dicas do que ele deveria degustar, visto que a sessão estava prestes a encerrar, portanto o tempo era curto. Sem hesitar disse que eu mesmo o levaria até a mesa do meu vinho favorito daquele dia. Ele aceitou e lá fomos nós. Ele estava com um ar curioso, provavelmente pensando no que eu lhe iria apresentar e eu estava interessado em surpreendê-lo e observar a sua reação. Passamos pelas mesas de alguns ícones italianos, produtores de Borgonha, excelentes Champagnes, vários vinhos de bons produtores do Novo Mundo e chegamos ao destino.
O vinho que lhe dei a provar era branco. Na minha opinião, exibia extrema elegância, equilíbrio e complexidade. Era encorpado, denso, com textura cremosa, e possuía uma combinação de frutas cítricas, frutas de caroço, avelã e apontamentos florais e minerais. A madeira estava muito bem casada e o final de boca era persistente, com uma frescura incrível. O meu amigo degustou em silêncio, fechou os olhos e após alguns segundos soltou entusiásticos elogios a um grande vinho. Concordou que realmente era um vinho fabuloso e ainda brincou… “Depois desse vinho, acho melhor ir para casa.”
Confesso que fiquei contente por tê-lo deixado devidamente impressionado. O meu amigo era o carismático e conhecido jornalista Oz Clarke; o vinho era da região do Dão; a casta, Encruzado.
O meu entusiasmo por essa casta já havia sido instituído alguns anos antes, quando tive a responsabilidade e honra de selecionar 50 Grandes Vinhos Portugueses para o mercado brasileiro a convite da ViniPortugal, com o objetivo de ajudar a educar e promover os vinhos de Portugal no Brasil. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de degustar múltiplos exemplos dessa casta de uma só vez. Confesso que fiquei tão impressionado com a qualidade quanto pela escassa área de superfície plantada que essa casta ocupava naquela época. Desde então as plantações não evoluíram muito. De acordo com a Comissão Vitivinícola da Região do Dão, existem somente 226,47 hectares de vinhedos plantados na região. Estes números podem estar desactualizados, mas é um facto que a disponibilidade de uva Encruzado é hoje muito inferior à procura.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29025″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Uma casta recente
É importante levar em consideração que historicamente essa casta aparecia somente em vinhedos mistos. Foi apenas na década dos anos 1950 que o eng. Alberto Cardoso de Vilhena, pesquisador do Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas, iniciou um projeto que incluia plantações desta variedade em parcelas únicas e instituiu micro-vinificações para explorar essa casta separadamente.
Manuel Vieira, carismático e habilidoso enólogo que por muitos anos foi responsável pelo projeto da empresa Sogrape na região do Dão (hoje apoia a vinícola Caminhos Cruzados), lembra-se das suas impressões durante uma prova feita no início da década de 90, quando teve a oportunidade de degustar alguns ensaios do engenheiro Vilhena, incluindo amostras das colheitas da década de 60. Recorda-se muito bem dos vinhos, que, apesar de já estarem em garrafa por décadas, apresentavam um perfil elegante, complexo e ainda bastante vivo. A longevidade desses brancos impressionou não somente Manuel Vieira como também o responsável da Sogrape, Fernando Guedes, e o enólogo José Maria Soares Franco, que estavam presentes. Esse admirável e excepcional trabalho feito por Alberto Vilhena ajudou a moldar os vinhos do Dão e sua influência perdura até aos dias de hoje.
Pouco sabemos sobre a origem e história do Encruzado. Até hoje não foi possível encontrar qualquer menção na literatura do século XIX, mas Manuel Vieira ainda não desistiu e recentemente decidiu formar um grupo para investigar em maiores detalhes o passado dessa ilustre casta. Os indícios mais antigos que temos conhecimento até o momento vêm de um período próximo da II Guerra Mundial, quando a casta aparece mencionada em conexão com a região de Viseu. Nesse contexto, podemos considerar que o Encruzado foi um descobrimento extremamente recente em comparação com castas como, por exemplo, Khikhvi, Rkatsiteli ou Mtsvane Kakhuri, plantadas na Geórgia e com relatos históricos que se estendem desde o ano 5 AC.
Apesar de as variedades portuguesas frequentemente co-existirem em regiões distintas, essa casta raramente aparece fora da região do Dão. Além de aparecer nos vinhos de classificação Dão DOC, é teoricamente possível encontrar Encruzado de plantações recentes nos vinhos regionais de Beiras, Terras do Sado e Alentejo, mas isso raramente ocorre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Boa na vinha, óptima na adega
De acordo com Nuno Cancela de Abreu, enólogo da empresa Boas Quintas (marca Fonte do Ouro), o Encruzado é uma casta fácil do ponto de vista da viticultura. É fácil de conduzir, tem produções regulares capazes de atingir facilmente sete toneladas por hectare e resiste bem às doenças. Maria Castro, da Quinta da Pellada, concorda que a casta seja resistente às doenças, mas revela que na sua propriedade a planta apresenta vigor moderado e um nível de produção ligeiramente mais baixo. Ambos concordam que a principal desvantagem é o facto de os rebentos novos partirem com facilidade com o vento, por vezes causando grandes prejuízos.
De acordo com Peter Eckert, proprietário da Quinta das Marias, a maturação em clima temperado é regular e lenta. O clima da região do Dão, com os dias quentes e as noites frias, ajuda a proporcionar condições ideais para uma boa síntese de precursores aromáticos e manutenção da acidez. De acordo com Maria Castro, em solos graníticos, que não retêm muito bem a água, é necessária alguma chuva durante o período do desenvolvimento vegetativo para evitar que a planta sofra stress hídrico. Os cachos são tipicamente pequenos, mas aparecem em grande número. O bago é médio, ligeiramente achatado, envolvido por uma película firme, apresenta cor verde com tons amarelos e no seu interior uma polpa mole.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”29026″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta tipicamente amadurece muito bem e revela bom equilíbrio entre açúcar e acidez. A literatura indica que a maturação é precoce, ocorrendo simultaneamente com a casta Fernão Pires, mas Nuno Cancela de Abreu observa que nos seus vinhedos a maturação é mais tardia em comparação com as outras castas brancas do Dão.
Na adega a grande desvantagem, de acordo com Nuno Cancela de Abreu, é a facilidade com que se oxida, tanto ao nível do mosto como no vinho. No entanto, a evolução da tecnologia, com a utilização de gás inerte, melhores prensas e controlo de temperaturas, ajuda a proteger a qualidade e a fermentação acontece sem sobressaltos. Já para Maria Castro, a casta não é especialmente oxidativa, podendo às vezes até ser um pouco redutiva, e opta na Pellada por uma intervenção mínima, com o mosto mais inteiro possível e sem batonnage. Para Manuel Viera, a Encruzado, após a fermentação, mostra-se neutra, levemente vegetal, subtil e sem muito interesse. O segredo é ter paciência.
Paulo Nunes, enólogo responsável pelos vinhos da Casa da Passarella, adianta que a grande vantagem do Encruzado é a sua plasticidade, ou seja, a sua capacidade de responder de forma positiva a diferentes abordagens e métodos de vinificação. Para Peter Eckert, a Encruzado é uma casta bastante versátil, capaz de fazer bons vinhos em lote, mas prefere quando é 100% varietal. Desde 2006, produz um estilo mais fresco e linear fermentado em cubas de inox, e um estilo mais encorpado e denso fermentado e envelhecido em combinação de barricas novas e velhas de 225 litros. Peter Eckert opta por engarrafar ambos separadamente. Apesar de gostar de usar as borras e fazer batonnage em ambos os vinhos, a tendência que vem seguindo é diminuir a frequência dessas intervenções. Em relação à madeira, prefere vinhos que respeitem a sua origem, sem que a barrica se sobreponha. Em barrica ou inox, os dois estilos de Quinta das Marias Encruzado são igualmente bem aceites pelo mercado, mas Peter Eckert reconhece que o vinho com estágio em barrica tem mais sucesso em provas cegas e concursos.
Nuno Cancela de Abreu diz que a vinificação é fácil tanto em inox quanto em barrica, mas prefere a fermentação em madeira nova com batonnage para lhe dar volume, complexidade e assegurar potencial máximo, o que certamente possibilita evolução positiva e longeva na garrafa. Manuel Vieira assegura que tempo em garrafa é necessário para revelar as qualidades e personalidade da casta, mas é possível notar que o vinho às vezes se fecha após um tempo e renasce após quatro ou cinco anos. Uma coisa é certa: o Encruzado quando vinificado sem madeira e sem tempo de garrafa raramente é um vinho interessante. Para revelar o seu carácter e demonstrar o seu potencial é necessário o uso da madeira ou é preciso dar tempo para que o vinho se desenvolva. De preferência, ambos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Personalidade e longevidade
Encruzado, bem como o Alvarinho e Arinto, cria vinhos com muita personalidade, harmonia e complexidade. Essas castas são capazes de produzir brancos longevos e que reflectem precisamente as suas origens. Desde o meu primeiro encontro com o Encruzado até hoje, continuo intrigado pelo facto dessa casta, que é capaz de fazer alguns dos melhores e mais longevos vinhos brancos de Portugal, não ser mais plantada na região do Dão. É que, apesar do entusiasmo dos produtores locais, a área de Encruzado é ainda diminuta quando comparada com Malvasia Fina, ou outras castas regionais.
Portugal é um país que a maioria dos consumidores internacionais associa a vinhos fortificados e vinhos tintos. Com a capacidade que Portugal tem de elaborar vinhos brancos de alta qualidade e surpreender os apreciadores com seu potencial de guarda, como aconteceu no caso do critico Oz Clarke, não deveria apostar mais em variedades como o Encruzado? Certamente seria divertido para quem educa, prazeroso para quem bebe e lucrativo para quem produz. O Encruzado é uma grande joia do património ampelográfico português e pode ser um importante trunfo para o reconhecimento internacional dos brancos deste país.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 16, Agosto 2018

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Segredos do Douro Superior

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A mais remota sub-região do Douro tem uma identidade muito própria, que se reflecte na paisagem, no clima, nos solos e, obviamente, nos vinhos. A diversidade de estilos é grande e se a opulência e intensidade de […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A mais remota sub-região do Douro tem uma identidade muito própria, que se reflecte na paisagem, no clima, nos solos e, obviamente, nos vinhos. A diversidade de estilos é grande e se a opulência e intensidade de aromas e sabores já seria esperada, a frescura, elegância e mineralidade de muitos tintos e brancos é uma grata surpresa.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Além de grandes vinhos, a região do Douro ostenta extrema diversidade e lindas paisagens. O Douro distribui-se por três sub-regiões, diferenciadas principalmente pelo clima e pela evolução dos seus aspectos históricos e culturais que se desenvolveram através dos séculos. Das três sub-regiões, o Douro Superior, devido à sua posição geográfica mais remota, aparenta estar ligeiramente isolado, tirando partido de uma menor intervenção humana para revelar toda a sua biodiversidade.
Apesar do percurso oferecer uma paisagem agradável, a viagem entre a cidade do Porto e Vila Nova de Foz Côa, centro geográfico da região do Douro Superior, é longa, mais de duas horas. A região permaneceu praticamente isolada até ao século XVIII. O inicio da expansão aconteceu somente em 1780, no reinado de D. Maria, quando o monólito de granito existente no rio, e que impedia a navegação, foi removido. Com o rio navegável a região tornou-se mais acessível, mas mesmo assim o acesso nunca foi fácil. Uma viagem desde a cidade do Porto até Barca d’Alva, no ano de 1848, durava praticamente o dia todo. Hoje, apesar da viagem por estrada ser muito mais fácil e rápida que no passado, ainda existe a percepção de que a região continua um pouco afastada em comparação com outros centros vinhateiros, como Mesão Frio, Régua ou Pinhão.
A região do Douro Superior estende-se desde o Cachão da Valeira, na borda do Cima Corgo, e prossegue até à fronteira com Espanha. É uma região árida e agreste. O facto de ser mais afastada ajuda a que sua paisagem e biodiversidade sejam melhor preservadas. E isso contribui para o carácter, charme e personalidade da região.
Fazendo uma comparação das sub-regiões do Douro com regiões produtoras de vinhos franceses, se uma visita ao Cima Corgo, com suas famosas e magníficas quintas, seria equivalente a uma visita aos belos chateaux de Bordeaux, então visitar um pequeno produtor no Douro Superior corresponde a uma visita à Borgonha. As pessoas são simples, amigáveis e hospitaleiras. As refeições que seguem as visitas muitas vezes ocorrem nas mesas dos próprios produtores e são eventos íntimos, informais, que reúnem amigos e representam uma experiência cultural e gastronómica real e verdadeira.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27967″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O clima da sub-região do Douro Superior é continental, notoriamente quente e mais seco. Manuel Carvalho, jornalista e crítico de vinhos com amplo conhecimento dos vinhos do Douro, observa que a fruta do Douro Superior é tipicamente mais madura, com bastante intensidade e as vezes pode até lembrar um pouco o estilo frutado de um vinho do Alentejo. Dirk Niepoort é mais radical e acredita que os vinhos da região são caracteristicamente pesados e demasiadamente alcoólicos, embora não descarte a qualidade de alguns vinhos de zonas mais altas e em locais onde solos graníticos predominam. Mas será de estereotipar assim uma região tão vasta e diversa?
Devido à posição geográfica, existe maior amplitude entre o calor do dia e o frescor das noites, deixando assim a vinha descansar e ajudando até certo ponto a fruta a preservar a sua acidez. O clima é mais estável e uniforme ao longo do ano, sobretudo na época da colheita. Para João Nicolau de Almeida, da Quinta do Monte Xisto, essas amplitudes térmicas mais acentuadas contribuem para que o solo, predominantemente xisto, esteja mais desfeito e mais evoluído, tornando mais fácil trabalhar. Nas regiões mais altas, encontra-se também granito e até mesmo manchas de calcário, como refere Carlos Magalhães, do Palato do Côa, que cita os solos de Muxagata como exemplo. Para Ana Almeida, enóloga da propriedade Cortes do Tua, esta mistura de solos ajuda a conferir frescura e mineralidade aos seus vinhos, especialmente os brancos.
Em comparação com as outras sub-regiões, a morfologia do terreno apresenta inclinações mais suaves, o que torna mais fácil mecanizar. Outra vantagem, de acordo com João Nicolau de Almeida, é a possibilidade de haver plantações de maior densidade e assim uma melhor concentração de aromas e sabores. Além disso, essa topografia menos acidentada resulta em menos problemas de erosão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Altitude faz a diferença
O Douro Superior é a maior das regiões demarcadas do Douro, englobando uma área total de 110.000 hectares, mas apenas 10.200 hectares estão plantados. Isso significa que os vinhedos cobrem apenas 9,3% da região. Tal como as outras sub-regiões, o Douro Superior também é uma região fragmentada. Apesar de a região se ter desenvolvido mais tarde, existem, de acordo com o Instituto do Vinho do Douro e do Porto, 3.458 produtores de uva em actividade.
Uma das grandes vantagens do Douro Superior, de acordo com Carlos Magalhaes, é o seu clima mais constante em comparação com as outras sub-regiões. Isso significa que as plantas necessitam de menos intervenções na vinha para manter a saúde fitossanitária. Clima consistente permite ter mais homogeneidade nos vinhos produzidos, isto é, está menos dependente dos fatores climáticos que nas outras sub-regiões. Outra vantagem é que esse clima favorece a adaptação para a viticultura orgânica e biodinâmica. Mas nem tudo são vantagens: João Nicolau de Almeida alerta para o problema do escaldão, devido ao extremo de temperaturas e excesso de sol, ainda que isso possa ser menorizado com o tipo de condução da vinha.
Para fugir do calor excessivo existem outras possibilidades.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27968″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Segundo Ana Almeida, um dos segredos é a altitude. Em zonas altas é possível obter vinhos com muito equilíbrio entre acidez e álcool, o que nas outras sub-regiões é mais difícil. Para João Nicolau de Almeida, as vinhas viradas ao norte proporcionam fruta com menos volume e boca, mais acidez e fabulosas notas de mineralidade, o que permite elaborar lotes interessantes e equilibrados. Além disso, os vinhos tintos apresentam cor profunda e estável ao longo do envelhecimento, proporcionando longevidade ao vinho. Os taninos dos vinhos tintos são firmes, intensos, mas ao mesmo tempo maduros e sofisticados.
O Douro Superior é uma região rica em castas autóctones. Entre as principais variedades tintas sobressaem a Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinto Cão, Trincadeira e Sousão. Entre as brancas destacam-se a Malvasia Fina, Viosinho, Gouveio, Rabigato e Moscatel Galego. Para Ana Almeida, essa diversidade manifesta-se principalmente nas vinhas velhas de plantações mistas como, por exemplo, em Pombal-Carrazeda de Ansiães, onde dezenas de castas brancas estão dispersas numa única parcela.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desafios e oportunidades
Um dos principais desafios para a região no futuro próximo serão as alterações climáticas. Com certeza, as dificuldades impostas devido a estas alterações vão provocar formas distintas de trabalhar na vinha. Para Ana Almeida, o sistema de rega será cada vez mais imprescindível. Para Teresa Ameztoy, da casa Ramos Pinto, proprietária da emblemática Quinta da Ervamoira, o caminho passa por respeitar ainda mais o ambiente, minimizando o uso de herbicidas e pesticidas nos vinhedos. Mas o trabalho de campo exige mão-de-obra capacitada.
Eis outro desafio significativo e decisivo para o futuro da região: fixar população no interior para trabalhar não somente no campo, mas também em indústrias adjacentes. Essa também é uma preocupação de Teresa Ameztoy. O turismo na região do Douro é um fenómeno recente, mas no Douro Superior essa vertente está percetivelmente atrasada e o seu desenvolvimento representa uma oportunidade para a região como um todo. Melhor infraestrutura certamente ajudará a atrair mais gente a esta bela região. Hotéis adequados, bons restaurantes e lojas comercializando os melhores vinhos da região serão fundamentais para projetar ainda mais a imagem do Douro Superior.
A percepção geral de um consumidor menos envolvido ou de um apreciador que vive fora de Portugal é que o Douro Superior seria uma região remota, agreste e árida. Devido ao seu clima mais seco, os vinhos serão mais maduros e pelo facto de haver menos chuva os vinhos tornam-se positivamente consistentes. Até certo ponto isso faz sentido.
Mas o que muitos ainda não descobriram é que a região é capaz de produzir vinhos tintos elegantes, menos pesados e sem perder o carácter. E é também possível encontrar bons exemplos de rosé, como o Palato do Côa 2017 de Carlos Magalhães, onde predomina a Touriga Nacional, e até mesmo ser surpreendido por um espumante fresco, vivo com bela textura, notas tropicais, florais e minerais, elaborado com a casta Códega do Larinho (Montes Ermos). Esse vinho da colheita de 2017, feito pela Adega Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, realmente ajuda quebrar o preconceito de que o Douro Superior não é capaz de fazer vinhos frescos e elegantes.
Na verdade, o maior segredo que esta região guarda é sua capacidade de surpreender o apreciador com vinhos brancos elegantes, minerais, com baixo nível de álcool e extraordinária frescura. E pronto, os segredos foram revelados![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 15, Julho 2018

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Os segredos da Vinha Velha

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O que é uma vinha velha? Que características imprime aos vinhos que origina? Vinha velha é sinónimo de qualidade? Num momento em que cada vez mais produtores apresentam as vinhas velhas como bandeira, são questões sobre as […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O que é uma vinha velha? Que características imprime aos vinhos que origina? Vinha velha é sinónimo de qualidade? Num momento em que cada vez mais produtores apresentam as vinhas velhas como bandeira, são questões sobre as quais importa reflectir.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

O termo “vinhas velhas” varia no seu significado. Apesar de não existir uma definição legal do que é uma “vinha velha”, é fácil estimar a idade de uma planta examinando a largura do seu tronco. Em locais onde a viticultura não tem história vinícola muito longa, como é o caso da Nova Zelândia ou Oregon, videiras que atingem 25 anos já são consideradas antigas, enquanto que em países como França ou Espanha, um vinhedo é considerado antigo após 50 anos de idade.
Isso também varia na opinião pessoal dos produtores. Susana Esteban, experiente e talentosa enóloga espanhola que hoje tem seu próprio projeto no Alentejo, considera antiga uma vinha que atinge 30 anos. No Douro, Francisco Ferreira, descendente da legendária Dona Antónia Adelaide Ferreira e responsável pela viticultura da Quinta do Vallado, define uma vinha antiga como uma parcela que foi plantada com alta densidade, entre 7.000 e 8.000 plantas por hectare, com mistura de castas e com no mínimo 40 anos de idade.
Um país que desenvolveu uma terminologia oficial é a Austrália. De acordo com o ‘Old Vine Chart’ australiano, uma planta que tem 35 anos é considerada ‘Old Vine’ ou uma ‘Vinha Velha’. As plantas que alcançaram 75 anos de idade ou mais são chamadas de “Survivor” (Sobrevivente) e as raras videiras que atingem 100 anos ou mais são consideradas ‘Centurion’ (Centurião). Devido ao facto de o Governo australiano ter oferecido incentivos com o objetivo de modernizar a viticultura do país na década de 80, muitos produtores optaram por arrancar e substituir vinhedos antigos. Alguns sobreviveram. Na cidade de Tanunda, em Barossa Valley, encontra-se um dos vinhedos comerciais mais antigos de que se tem notícia: uma parcela de Shiraz que foi plantada em 1847.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A vida útil de uma videira depende da sua capacidade de atingir um volume de produção adequado pelo maior tempo possível, proporcionando ao produtor um retorno viável. Uma videira necessita de cerca de três anos para estabelecer as suas raízes e desenvolver a sua estrutura aérea. Esta é uma das razões pela qual a maioria dos AOP franceses (Appellation d’Origine Protégée) proíbem a produção de vinhos oriundos de vinhas com menos de três ou, por vezes, quatro anos de idade. O crescimento tende a estabilizar quando a planta atinge um periodo entre os três e os seis anos de idade, embora durante esse tempo, a planta ainda permaneça bastante vigorosa.
A partir desse ponto, e até atingir o final da sua segunda década, a videira produzirá abundantemente, embora o volume de produção dependa de uma série de factores externos, entre os quais os mais importantes são o vigor do solo, o clima, a casta e o manejo da videira (principalmente em relação à filosofia adoptada durante a poda de Inverno).
No Châteaux Margaux, em Bordéus, uma vinha com menos de dez anos é somente usada para produzir vinho para o segundo rótulo da propriedade, o Pavillon Rouge. Apenas quando a videira atingir a sua maturidade e produzir frutas de excelente qualidade é que poderá começar a aparecer no famoso Gran Vin de Chateau Margaux.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27704″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A idade ideal, segundo o saudoso diretor técnico Paul Pontallier, seria após a segunda década de existência, principalmente entre 30 e 40 anos, embora nesta fase do seu desenvolvimento os rendimentos da videira já comecem a entrar em declínio.
Olivier Humbrecht, o primeiro Master of Wine francês e hoje responsável pelos excepcionais vinhos do Domaine Zind Humbrecht, na Alsácia, acredita que um hectare de vinhas na sua propriedade é capaz de produzir cerca de 400.000 litros de vinho durante sua vida útil. Até certo ponto, cabe ao produtor moldar a longevidade da planta com base no rendimento médio anual.
Na região do Vale do São Francisco, no norte do Brasil, onde os vinhedos podem produzir cerca de 5000 litros por hectare duas vezes ao ano, a expectativa de vida é significativamente inferior e estima-se que as vinhas devam ser substituídas antes que atinjam 40 anos. Por outro lado, uma das mais antigas videiras ainda em produção de que se tem conhecimento foi plantada em 1768 e está localizada no Palácio de Hampton Court, na Inglaterra.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Qualidade e rendimento
A grande vantagem de um vinhedo mais velho é a sua capacidade de produzir fruta com óptima concentração. Com o avanço da idade torna-se mais difícil para a vinha produzir fruta e o rendimento da planta cai. O tamanho do cacho diminui, bem como o tamanho dos bagos, consequentemente aumentando a proporção entre casca e sumo, eis o motivo pelo qual se nota mais concentração. As raízes profundas são um dos maiores recursos de uma videira velha, pois possibilitam que a planta busque nutrientes e água em reservas mais acentuadas do subsolo. Além de melhor qualidade, vinhedos mais velhos, em muitos casos, proporcionam maior complexidade, visto que foram plantados há décadas e exibem uma diversidade genética superior aos vinhedos mais novos, que são frequentemente plantados com um número inferior de clones. Tiago Alves de Sousa, o simpático e habilidoso enólogo responsável pelos grandes vinhos da família Alves de Sousa, acredita que vinhas que foram plantadas nos últimos trinta anos com foco em estratégias mais produtivas acabaram por perder essa diversidade genética.
Francisco Ferreira, por seu lado, defende que a fruta de uma vinha velha, além de produzir vinhos de grande concentração, atinge também melhor equilíbrio entre acidez e taninos mais redondos, conferindo ao vinho excelente estrutura e maior complexidade. Susana Esteban diz que a planta madura tem melhor propensão à auto-regulação, mostrando-se menos sujeita à influência de factores externos e tornando-se cada vez mais consistente em termos de qualidade. Tiago Alves de Sousa explica que isso é consequência de as plantas terem desenvolvido raízes mais profundas, o que permite estarem melhor adaptadas ao excesso ou indisponibilidade de recursos hídricos. As plantas desenvolvem uma melhor adaptação ao meio e, além disso, passam por uma espécie de selecção natural que vai ocorrendo ao longo do tempo, porque as videiras menos adaptadas ou menos resistentes vão morrendo com o passar dos anos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Por um lado, a planta autorregula-se, diminuindo a necessidade de intervenção para gerir a parte vegetativa e também controlar a produção de fruta. Por outro lado, a videira vai ficando mais sensível e frágil à medida que o tempo passa, e acaba exigindo mais cuidado. Vinhas velhas são mais susceptíveis a pragas e doenças, como nematóides e clorose, por exemplo. Susana Esteban alerta também que é preciso ter muito cuidado com doenças do lenho.
Além da atenção redobrada, Francisco Ferreira adiciona que uma das grandes desvantagens é que estas vinhas raramente são mecanizadas e necessitam de mão-de-obra especializada para a execução dos trabalhos, muitas vezes diferenciados e individuais de uma videira para outra, o que pode tornar o custo excessivamente alto.

O factor mais importante pode não ser exclusivamente a idade das videiras, mas o equilíbrio alcançado entre a parte vegetativa e o volume de fruta produzido pela planta. É possível, através de conhecimento e tecnologia, controlar o equilíbrio usando técnicas de irrigação e gerenciamento da canópia. Esse equilíbrio entre o crescimento vegetativo e o rendimento que é alcançado em plantas maduras pode ser observado também em plantas quando muito jovens.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27706″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Alan Scott, renomado produtor da Nova Zelândia, observa que as videiras jovens oferecem fruta com certa exuberância e vivacidade durante os primeiros estágios da sua vida. Na África do Sul, a primeira colheita de Sauvignon Blanc da Klein Constancia resultou numa das melhores já feitas. É interessante saber que o Stag’s Leap Cabernet Sauvignon que venceu a famosa competição de Paris, em 1976, foi proveniente de frutos da primeira colheita comercial daquelas vinhas, em 1973. Uma das colheitas mais veneradas do Domaine de la Romanée-Conti é a de 1953 e as vinhas foram replantadas no final dos anos 40.
Frutas de vinhedos mais velhos tipicamente apresentam melhor qualidade à medida que a planta envelhece. É possível notar maior concentração, densidade, certa mineralidade e complexidade. Mas atenção: uma vinha, pelo simples facto de ser velha, não passa a ser extraordinária. Se a planta não for adequada àquelas condições ambientais ou caso seja de uma casta menos nobre ou demasiadamente produtiva não vai fazer bons vinhos apenas por ter muitos anos de vida. O importante não é exclusivamente a idade da videira, mas sim a qualidade da fruta. Um vinhedo bem situado, gerido adequadamente, pode mitigar certas deficiências associadas a plantas mais jovens e dar origem a belos vinhos. Quando uvas de vinhas velhas que são bem adaptadas à região e cultivadas com diligência são transformadas em vinho por enólogos competentes o resultado invariavelmente é um grande vinho. Os exemplos aqui relacionados ilustram muito bem esse facto.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 14, Junho 2018

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