Sogrape lança plataforma aCarta para menus digitais do canal HORECA

Desenvolvida internamente pelo departamento de Sistemas de Informação da Sogrape, a plataforma aCarta destina-se à criação de menus digitais e está já disponível gratuitamente para todos os restaurantes e bares do país que queiram aderir. Esta é uma solução que vem limitar o contacto físico com as cartas deste tipo de estabelecimentos, evitando que estas […]
Desenvolvida internamente pelo departamento de Sistemas de Informação da Sogrape, a plataforma aCarta destina-se à criação de menus digitais e está já disponível gratuitamente para todos os restaurantes e bares do país que queiram aderir.
Esta é uma solução que vem limitar o contacto físico com as cartas deste tipo de estabelecimentos, evitando que estas circulem em mão entre clientes.
Como diz o comunicado de imprensa, “para aderir aos menus digitais basta aceder ao site e efetuar um registo simples para a criação de um perfil para o estabelecimento em causa, que pode representar mais do que um bar ou restaurante, ou até mesmo uma cadeia, permitindo gerir centralmente todos os espaços. O passo seguinte, e o principal, é dedicado aos menus. Aqui, aCarta permite criar, em Português e Inglês, desde a ementa à carta de vinhos, passando por sobremesas ou bar. O acesso do cliente aos vários menus é feito através de um código QR gerado automaticamente quando da criação do perfil, que poderá ser facilmente impresso.
Manuel Sousa Pinto, CEO da Sogrape Distribuição, explica: “Sendo o sector da restauração um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19, esta solução surge como um passo natural. O objetivo é ajudar os nossos parceiros e todos os proprietários de restaurantes e bares pelo país a reerguer os seus negócios, contribuindo com mais uma medida de prevenção, higiene e segurança”.
Rota da Bairrada lança Guia de Enoturismo 2020

A Rota da Bairrada reabre já este mês os seus dois espaços – Curia no dia 19 e Oliveira do Bairro no dia 26 – ambos já com selo Clean & Safe, atribuído pelo Turismo de Portugal. Numa primeira fase o horário manter-se-á reduzido, de terça-feira a sábado, das 14h30 às 19h00, e com algumas […]
A Rota da Bairrada reabre já este mês os seus dois espaços – Curia no dia 19 e Oliveira do Bairro no dia 26 – ambos já com selo Clean & Safe, atribuído pelo Turismo de Portugal. Numa primeira fase o horário manter-se-á reduzido, de terça-feira a sábado, das 14h30 às 19h00, e com algumas restrições em termos de atividades: não haverá provas de vinho nem jogos didáticos. No entanto, para já, é possível comprar vinho e demais produtos, assim como consultar a equipa da Rota para criação de roteiros, marcação de visitas e estadias, bem como outros pedidos.
Esta reabertura é também marcada pelo lançamento do novo Guia de Enoturismo Bairrada 2020, uma ferramenta de promoção deste território, que reúne a oferta turística de forma sucinta e muito prática, facilitando aos visitantes a consulta e o planeamento das suas descobertas. Em formato digital, o Guia está disponível para consulta e download no site da Rota da Bairrada.
Para Jorge Sampaio, presidente da Rota da Bairrada, esta era já uma aposta anterior à pandemia de Covid-19, na medida em que “o Enoturismo é um dos vetores estratégicos de desenvolvimento para o sector do turismo em Portugal. Contribui para o desenvolvimento sustentado de uma região, abrangendo interesses públicos e privados, e reduz a sazonalidade, criando mais oportunidades de emprego e fixação da população”.
Churchill’s apresenta o seu Quinta da Gricha Vintage 2018

Será num directo de Instagram que a Churchill’s apresentará o seu Porto Vintage 2018, o Quinta da Gricha, em formato de masterclass. Todos aqueles que comprarem na loja online o kit de prova – que inclui uma amostra “de casco” deste vinho do Porto Vintage “Single Quinta” – poderão acompanhar em tempo real a prova […]
Será num directo de Instagram que a Churchill’s apresentará o seu Porto Vintage 2018, o Quinta da Gricha, em formato de masterclass. Todos aqueles que comprarem na loja online o kit de prova – que inclui uma amostra “de casco” deste vinho do Porto Vintage “Single Quinta” – poderão acompanhar em tempo real a prova guiada pelos enólogos da casa, John Graham e Ricardo Pinto Nunes. Esta é apenas uma apresentação e não um lançamento, visto que o Quinta da Gricha Vintage 2018 ficará ainda algum tempo guardado nas caves da empresa.
Segundo John Graham, “Este é um Vintage bem estruturado e elegante com a frescura, pureza de fruta e tensão associadas aos vinhos desta quinta”. O fundador e enólogo principal da casa adianta também que “as condições climáticas difíceis de 2018 originaram comportamentos diferentes das vinhas na Região do Douro. No caso específico das vinhas da Gricha, a exposição virada a Norte e a localização bem arejada permitiram ultrapassar essas dificuldades e obter-se uma maturação equilibrada e completa, dando origem a vinhos que expressam ao máximo o potencial único desta propriedade”. Já Ricardo Pinto Nunes acrescenta que “a equipa da enologia da Churchill’s considerou que as uvas da Quinta da Gricha expressavam na plenitude as características únicas do seu terroir, pelo que decidiu produzir o seu Single Quinta”.
A prova do Vintage será transmitida em direto no Instagram da Churchill’s (@churchills_port) nos dias 19 (em inglês) e 21 de Maio (em português), às 20h00, e terá a duração de uma hora, incluindo perguntas e respostas aos enólogos e convidados. E o melhor é que contemplará Vintages de outros anos desta casa, e também um LBV.
Costa Boal lança primeiro Baga de Trás-os-Montes

TEXTO Mariana Lopes “Trabalhar em Trás-os-Montes é como ser uma criança que chega à Toys’r’Us, porque é das regiões com mais diversidade, e mais para explorar, no nosso país”. Desta forma sucinta, Paulo Nunes, enólogo consultor da Costa Boal Family Estates – produtora dos vinhos Palácio dos Távoras – contou como tem sido a sua […]
TEXTO Mariana Lopes
“Trabalhar em Trás-os-Montes é como ser uma criança que chega à Toys’r’Us, porque é das regiões com mais diversidade, e mais para explorar, no nosso país”. Desta forma sucinta, Paulo Nunes, enólogo consultor da Costa Boal Family Estates – produtora dos vinhos Palácio dos Távoras – contou como tem sido a sua experiência na região onde esta empresa labora. A apresentação de quatro vinhos novos, que se deu por videochamada, aconteceu sob o pretexto de lançar uma nova estrela de Trás-os-Montes: o primeiro monocasta Baga desta região.
António Costa Boal, proprietário, explicou o porquê da decisão de criar um vinho destes: “Em 2010, percebi que precisava de mais vinha de Touriga Nacional e o meu viveirista disse-me que já não tinha, mas que tinha bastante Baga. Perguntou-me como eram os meus solos e eu respondi que tinham bastante argila, e aí ele aconselhou-me a plantar esta casta. Perante o dilema de esperar um ano pela Touriga Nacional ou plantar Baga imediatamente, escolhi a segunda opção. Foi um acidente feliz que nos levou a este vinho”. O produtor esclareceu, ainda, que o nome “Parcela CB”, constante no rótulo do Baga, se deve à sua filha Carolina Boal que tinha apenas cinco anos quando da plantação desta vinha e nela queria passar o seu tempo. Agora, com quatorze, reforça que “quer ser produtora de vinho e diz isso desde pequena”, referiu António Boal.
Paulo Nunes falou sobre esta experiência com a uva original do Dão, mas típica da Bairrada, agora com um pequeno carimbo transmontano no seu passaporte: “Fui muito surpreendido pelo comportamento da casta em Trás-os-Montes, onde tem um perfil um pouco mais quente, mas mantendo a frescura típica da Baga. Tudo isto das castas é muito novo ainda em Portugal, e falta-nos muito tempo para percebermos com certeza que região é que as castas se portam melhor. Desta Baga estava à espera de um desequilíbrio que não existiu, muito pelo contrário. Acho que esta uva que pode ser uma ferramenta bastante interessante para a região”. O que é certo é que a nós também nos surpreendeu, revelando-se um vinho ainda bem jovem mas a dar cartas no perfil fortemente vegetal, com fruto vermelho mas também citrinos verdes como lima e toranja. É elegante e tem franca pureza, com taninos secos e a acabar com leve amargo vegetal, a mostrar a longevidade da casta.
As novidades Palácio dos Távoras Vinhas Velhas branco 2018 (1500 garrafas,€18), Palácio dos Távoras Vinhas Velhas tinto 2016 (3000 garrafas, €18), Palácio dos Távoras Vinhas Velhas Alicante Bouschet tinto 2017 (1200 garrafas, €30) e Palácio dos Távoras Parcela CB Baga tinto 2016 (1200 garrafas, €20), terão nota de prova na edição de Junho da revista Grandes Escolhas.
Six Senses reabre em Junho com grande desconto para profissionais de saúde

O hotel Six Senses Douro Valley, situado numa quinta do século XIX, totalmente renovada e localizada numa colina em pleno vale do Rio Douro, reabre no próximo dia 1 de Junho. Como forma de agradecimento aos mais recentes heróis nacionais, esta estância de luxo criou uma oferta especial para os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros […]
O hotel Six Senses Douro Valley, situado numa quinta do século XIX, totalmente renovada e localizada numa colina em pleno vale do Rio Douro, reabre no próximo dia 1 de Junho. Como forma de agradecimento aos mais recentes heróis nacionais, esta estância de luxo criou uma oferta especial para os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e outros), em que oferece um desconto de 50% sobre as tarifas de alojamento.
As reservas poderão ser feitas desde já e até 17 de Dezembro de 2020, para estadias até este dia, com prova de carteira profissional ou de trabalho no momento da reserva.
Esta campanha aplica-se a quartos de categoria Quinta Deluxe ou superior, e inclui pequeno almoço e possibilidade de upgrade de quarto (sujeito a disponibilidade), entre outras ofertas. Adicionalmente, o Six Senses doará €10 por cada reserva a uma instituição escolhida pelo hóspede.
Mais informações e reservas aqui, ou através dos contactos +351254660600 e reservations-dourovalley@sixsenses.com.
JMV vai implementar cartas de vinho com QR Code em restaurantes

Os restaurantes de Portugal estão destinados a abrir já no dia 18 de Maio, com novas normas de segurança e higiene a cumprir. No entanto, “todo o cuidado é pouco” e os tradicionais menus em suporte físico podem ser uma ameaça à saúde de cada cliente. No sentido de contornar esta questão da melhor maneira, […]
Os restaurantes de Portugal estão destinados a abrir já no dia 18 de Maio, com novas normas de segurança e higiene a cumprir. No entanto, “todo o cuidado é pouco” e os tradicionais menus em suporte físico podem ser uma ameaça à saúde de cada cliente. No sentido de contornar esta questão da melhor maneira, a distribuidora JMV – José Maria Vieira está a apoiar os seus parceiros da restauração na implementação de cartas de vinho digitais com leitura QR Code, de forma gratuita. Com este sistema, os clientes poderão ler um código QR no restaurante com o seu smartphone, que abrirá uma carta de vinhos digital no seu dispositivo pessoal.
Ana Montenegro, Gestora de Comunicação e Relações Públicas da JMV, explica: “Mais do que vender, queremos ajudar os nossos parceiros a reerguer os seus negócios. Para isso, disponibilizamos o nosso apoio ao nível da implementação das novas regras de higiene e segurança, nomeadamente com a introdução dos menus digitais, de forma totalmente gratuita. Numa altura de grande imprevisibilidade como esta, faremos todos os esforços para ajudar o setor da restauração a ajustar-se à vida pós Covid-19”.
Colares: O renascimento da Fénix

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
É uma micro-região com denominação de origem, salpicada pelo Atlântico, com as uvas mais caras do país continental, uvas que não se encontram mais em parte nenhuma, com as videiras a rastejar pelos terrenos arenosos, transmitindo o carácter vincado e irreverente aos vinhos que aqui nascem para viver dezenas de anos em garrafa. É uma região sobrevivente, uma autêntica Fénix que está a renascer das cinzas.
TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Gomez
Se existisse uma Lista Vermelha para as regiões vitivinícolas em risco de extinção, Colares constava lá de certeza. Fazer hoje um painel completo de, por exemplo, 30 vinhos de Colares seria impossível – não há tantos! Talvez no futuro. E há um interesse crescente por parte dos consumidores esclarecidos. Colares é para quem procura autenticidade e tradição, onde os factores de solo, clima, castas e práticas culturais estão na sua expressão máxima, onde o conceito de terroir não é apenas uma palavra de moda, mas tem um verdadeiro significado que pode ser (com)provado.
Os vinhos de Colares só podem ser provenientes de chão de areia (permitindo incorporar apenas 10% das uvas do chamado “chão rijo”). A legislação estabelece um estágio obrigatório mínimo de 18 meses em vasilhame de madeira, seguido de 6 meses em garrafa para os vinhos tintos e, respectivamente, 6 e 3 meses para brancos. Na realidade, todos os produtores estagiam os vinhos tintos durante muito mais tempo para domar os taninos vigorosos do Ramisco.
Por exemplo, Francisco Figueiredo, enólogo da Adega Regional de Colares responsável pela maioria dos vinhos no mercado, aponta para 7-8 anos de estágio para vinho tinto.

Contra ventos e marés
Colares fica na faixa costeira a norte da Serra de Sintra. O clima é mediterrânico, mas de sub-tipo oceânico dado à forte influência Atlântica com ventos marítimos e nevoeiros frequentes. A precipitação anual é cerca de 750-780 mm. Aqui acontece o fenómeno das “chuvas orográficas”, quando a massa de ar carregada de humidade, ao encontrar a barreira da Serra de Sintra, é obrigada a subir, precipitando-se sob a forma de chuva.
Outro fenómeno que caracteriza esta zona é o efeito Foehn com formação de uma nuvem enorme a fazer lembrar uma onda gigante que se vê do outro lado da Serra, onde por sua vez, sopra um vento forte e seco, deixando sombra e humidade do lado norte da barreira montanhosa.
Daí a importância do chão de areia, que é mais quente e bem drenado, evitando excesso de água e ajudando à maturação. Estas zonas arenosas da período terciário estão assentes sobre um solo argiloso do cretáceo (com calcário formado por conchas de micro-organismos) que pode ficar a 4 ou mais metros de profundidade. As videiras estão plantadas em pé franco e é preciso chegar ao estrato argiloso para poder “unhar” na terra uma vara de poda que mede 2-3 metros. Para isto abre-se uma vala profunda com uma broca ou escavadora. Depois da plantação no primeiro ano é preciso regar e adicionar estrume, preenchendo a vala gradualmente com areia até à superfície à medida que a nova videira vai crescendo. Há que ter paciência durante 3-4 anos até fazer a primeira vindima depois da plantação. Segundo José Baeta, proprietário da Adega Viúva Gomes, a taxa de sucesso é de 85-90%.
Os ventos salgados do norte que sopram o ano inteiro, obrigam à condução baixa, em poda corrida. As videiras ficam suportadas por pequenas forquilhas de madeira para evitar que os cachos toquem no chão. Os muros de pedra ou paliçadas de cana também servem para a protecção do vento e criam um microclima mais quente e favorável à maturação completa.
A produção é muito baixa, apenas 4-5 tn/ha ou menos, como diz o Presidente da Adega Regional de Colares Vicente Paulo, as plantações antigas eram “uma cepa aqui, outra em Ceuta”. Os novos produtores já vão colher mais das plantações mais recentes.

Identidade varietal
No panorama multi-varietal do país, é uma denominação única em Portugal com a identidade associada a apenas duas castas, uma branca e uma tinta – Malvasia de Colares e Ramisco, respectivamente. Há outras castas autorizadas, mas são poucas e ficam como “tempero”, espécie de sal e pimenta da Malvasia e do Ramisco.
De acordo com a legislação em vigor, o vinho DOC Colares tem que ser elaborado com, no mínimo, 80% de casta recomendada, que é Ramisco para os vinhos tintos e Malvasia para os vinhos brancos. Os restantes 20% podem ser compostos por outras castas autorizadas: João de Santarém (aka Castelão), Molar (aka Tinta Negra na Madeira) e Parreira-Matias (que é um cruzamento de Alfrocheiro e Airen) para os tintos; e Arinto, Galego-Dourado e Jampal para os brancos. Dada a escassez da matéria prima e dificuldade de cultivo, um quilo de Ramisco custa cerca de 3,40 euros e um quilo de Malvasia de Colares 3,30 euros.
Ramisco
Não há dúvidas que é uma das castas portuguesas com mais personalidade. Não é consensual, mas apaixonante. Origina vinhos de cor aberta, corpo médio mas tenso, baixo grau alcoólico, acidez vincada e tanino pouco amigável. É preciso tempo para equilibrar estes extremos que conferem aos vinhos um carácter diferenciador e inconfundível.
É uma casta muito tardia em tudo: abrolhamento, floração, pintor e maturação. Por isto, na zona mais saloia, com os solos franco-argilosos frios (o tal chão rijo), o ciclo começa ainda mais tarde e há risco de não conseguir maturação completa.

Para o enólogo de Casal Sta. Maria, Jorge Rosa Santos, Ramisco é uma espécie de Pinot Noir rústico. Extracto seco baixo, um bom esqueleto, rusticidade, robustez e complexidade. Aromas balsâmicos e resinosos, cogumelos. Um pouco “quadrado” na boca quando novo, com os seus taninos frontais. Precisa de tempo e só fica no ponto com 10-15 anos.
Na opinião de Francisco Figueiredo, Ramisco representa um maior desafio do que a Malvasia. É uma casta de maturação difícil, varia muito de ano para ano. Nunca amadurece antes da última semana de Setembro que calha precisamente no início das chuvas de Outono. Para além disto, a grande dificuldade neste momento é a qualidade de material genético, estando uma grande percentagem infectada com vírus GLRaV 3 que provoca doença do enrolamento foliar da videira, causando forte redução da capacidade fotossintética e afectando a maturação.
Na adega, Ramisco aumenta rapidamente a acidez volátil logo a seguir à fermentação, depois estabiliza. Nos últimos anos fazem a fermentação espontânea, quando o ano permite, ou utilizam levedura neutra. Fermentam com engaço se estiver maduro. Estagiam o vinho cerca de 2 anos em barrica usada de carvalho francês e mais 5 em antigos (cerca de 200 anos) toneis de mogno e castanho de 1000 e 1500 litros.
O enólogo e produtor da Casca Wines, Helder Cunha, confessa que em 2009 a experiência inicial com Ramisco foi traumática: os primeiros aromas de vinificação eram pouco agradáveis. Passado um ano – um ano e meio de estágio, desapareceram e começou a revelar-se o Ramisco com notas de folha seca e tabaco. Nos primeiros anos não usavam engaço. Depois começaram a adicionar – primeiro 30%, no ano a seguir 50% e agora 50-70%, mas claro, desengaçando primeiro e escolhendo o engaço maduro.
No primeiro dia fazem uma pisa a pé dentro das cubas abertas, e depois só baixam a manta com “macacos”. No final de fermentação deixam as massas em maceração pós-fermentativa durante cerca de 4 semanas. Estagiam 3-4 anos em barricas velhas (no início usavam uma barrica nova e repararam que tapava um pouco o carácter da casta).
Perfil aromático – tinta da China, tabaco, algum herbáceo, funcho. A acidez volátil já nasce alta (0,5-0,75 g/l), mesmo com barricas atestadas. Dado o álcool baixo, é a salinidade que adiciona volume ao vinho, na opinião de Hélder.
Malvasia de Colares

À boa maneira portuguesa, a Malvasia de Colares, que muitas vezes é chamada simplesmente Malvasia, não tem nada a ver com a família de Malvasias, sendo um cruzamento das variedades Gibi (Mourisco Branco) e Amaral (utilizada na região dos Vinhos Verdes).
Tem bagos convenientemente soltos e película grossa a resistir bem às condições adversas.
Jorge Rosa Santos reconhece a Malvasia como uma casta semi-aromática. Película grossa dá estrutura e secura (costumam fazer macerações peliculares longas). Aguenta-se bem na vinha. Desenvolve aromas de fermento, champignon, brioche, flor de laranjeira e fica assim durante anos. Salinidade e mineralidade são outras características da casta.
Hélder Cunha lembra-se que quando começaram com o projecto em Colares em 2008, pareceu mais seguro avançar com um branco primeiro. Fizeram uma vinificação convencional com protecção do oxigénio ao máximo (inertização com azoto, sulfuroso etc.). O vinho mostrou-se logo diferente de outras regiões – muito salino. Evidenciou que a região é mais forte do que a casta, o tipo de vinificação ou de estágio. A partir de 2010 já não se preocuparam com oxidação de mosto, fermentam em barrica e estagiam 18 meses com borras totais em barricas velhas. O vinho fica sem sulfuroso até Abril, onde adicionam um pouco e depois só no engarrafamento. Dá aromas de iodo, maresia, deixa sal na boca. Não é uma casta muito aromática (de 1 a 10 fica mais ou menos nos 5), nem se for fermentada a temperaturas mais baixas; neste caso, desenvolve aromas herbáceos e vegetais.
Colares em retrospectiva
Segundo alguns documentos históricos, o cultivo da vinha em Colares remonta ao século XIII. D. Afonso III doava as terras com a obrigação de plantar vinhas. Algumas crónicas indicam que as primeiras exportações foram feitas no reinado de D. Fernando (segunda parte do século XIV) e que o vinho de Colares também era carregado nas naus com destino à Índia na época dos descobrimentos.
A desgraça de uns faz a felicidade de outros. Em 1865 foi assinalada a devastadora marcha da filoxera pelas vinhas de Portugal que deixou intocáveis apenas os terrenos arenosos de Colares. O insecto malicioso que destrói as raízes das videiras, praticamente não se consegue mexer em solos de areia, fica sufocado. Para os vinhos de Colares começou uma era de ouro.

Na viragem para o século 20, a importância de Colares cresceu de tal forma, que em 1908 foi uma das regiões demarcadas para o “vinhos de pasto”, ao mesmo tempo com Dão, Vinho Verde e Bucelas entre outros, compreendendo toda a freguesia de Colares e terrenos de areia solta das freguesias de S. Martinho e S. João das Lampas do concelho de Sintra. Naquela altura o vinho era considerado regional.
Em 1931 foi fundada a Adega Regional de Colares, associação cooperativa que também passou a ter as funções de entidade certificadora. Esta medida foi necessária para proteger a origem e genuinidade dos vinhos afamados das aldrabices e das tentações de vender vinhos de outras zonas como Colares.
Sempre existiu distinção entre vinhas plantadas em “chão de areia”, que davam origem aos vinhos de qualidade superior, e outras plantadas em “chão rijo” que produziam vinhos menores. Inicialmente, foram criados dois tipos de marcas para aplicar nos recipientes em que se vendia o vinho: “de origem” – para o vinho tinto das areias soltas, considerado de excelência e “de garantia” destinadas aos demais vinhos tintos e brancos dos restantes terrenos da região. Mas a partir de 1934 os últimos deixaram de poder usar selos e o nome de Colares.
A Adega também era a principal promotora dos vinhos da região no mercados nacional e internacional. Mas não foi fácil. A viticultura trabalhosa e lenta, os estágios longos, os vinhos ásperos, duros e pouco frutados e a falta de massa crítica comparativamente com outras regiões, faziam com que o funcionamento de Adega não fosse viável financeiramente. Os anos da crise vieram substituir os anos da glória. A Segunda Guerra Mundial também não ajudou. Nos anos 70-80 estagnaram as vendas nos mercados de exportação como brasileiro e norte-americano devido ao crescimento da produção própria. A Adega precisava de investimento em modernização. Mas mesmo com a entrada de Portugal na União Europeia em 1986, a Adega, sendo uma entidade pública, não se podia candidatar para beneficiar dos fundos comunitários, – comenta Vicente Paulo.
Em 1994 criou-se a Comissão Vitivinícola de Bucelas, Carcavelos e Colares, responsável por estas três denominações, até que em 2008 a Comissão Vitivinícola de Lisboa (Estremadura na altura) passou a exercer funções de controlo da produção e comércio e de certificação de produtos vitivinícolas na Região de Lisboa, onde Colares pertence.
Enquanto algumas regiões sofreram do isolamento e do afastamento dos grandes centros, para Colares, ao contrário, a proximidade da capital constituiu um dos grandes problemas. O destino às vezes é irónico: uma das pouquíssimas regiões na Europa que resistiu à filoxera, foi vítima da rápida urbanização que praticamente expulsou a vinha daquela zona. Construir prédios era mais proveitoso.
Nos últimos 20 anos do século passado, a região encontrava-se na miséria e sob risco de extinção.
Colares hoje
A partir de 2006 começou a renascer das cinzas. No final da primeira década apareceram novos produtores (Fundação Oriente, Casca Wines, Casal Sta. Maria) e a pouco e pouco, novas plantações.
Na altura da demarcação, havia 2.000 hectares de vinha. Hoje, nos registos da CVR de Lisboa constam apenas 12 hectares, onde Malvasia e Ramisco, em conjunto, representam cerca de 50% da área, em partes sensivelmente iguais. Poderão existir outras vinhas destinadas à produção de vinho de mesa ou de vinhos de Lisboa, que não contam para a Região Demarcada de Colares.

12 hectares é uma área que facilmente poderia ter um produtor relativamente pequeno. Algumas vinhas classificadas como Grand Cru na Borgonha (Chambertim, Clos de la Roche ou Clos de Vougeot, por exemplo) ultrapassam as vinhas de Colares.
Grande densidade populacional e imobiliária inflaccionou o preço de terra. Vicente Paulo refere que um metro quadrado chegou a custar 15-20 euros. Agora, com o novo Plano Director Municipal de Sintra, em alguns terrenos já não se pode construir e o preço tem descido. Já é possível encontrar terrenos por 6-7 euros/m2.
E já há mais plantações de vinha por iniciativa de produtores como Adegas Beira-Mar, Viúva Gomes, Casal Santa Maria.
Segundo informação da CVR Lisboa, a produção anual é muito dependente do ano, ficando entre 10 e 20 mil litros. Por exemplo, em 2019 foi produzido apenas 12.500 litros de vinho (tinto e branco). É cem vezes menos do que 1.276.041 litros de vinho tinto das vinhas de areia, referentes à colheita de 1930. E segundo Vicente Paulo, a Adega Regional no passado longínquo chegou a produzir até 1.500.000 litros de vinhos.
Neste momento o vinho que há não chega para as solicitações. Daqui a 3 ou4 anos haverá mais produção, mas nunca crescerá muito dada a limitação da área.
A realidade de produtores de Colares é bem diferente do resto da região, fortemente orientado para exportação (mais de 80%). O enoturismo de excelência (finalmente a proximidade da capital traz benefícios), as vendas na adega, e a presença dos vinhos em garrafeiras e restaurantes de topo têm-se revelado uma grande mais valia para os produtores.
Na exportação vê-se também uma apetência crescente, em especial, no mercado dos Estados Unidos. E até na loja dos Vinhos de Lisboa no mercado da Ribeira, há muitos turistas americanos a perguntar e comprar vinhos de Colares.
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Viúva Gomes Collares
Tinto - 2011 -
Arenae
Tinto - 2010 -
Colares Ramisco
Tinto - 2011 -
Monte Cascas
Tinto - 2012 -
Colares Chitas
Tinto - 2010 -
Casal Sta. Maria
Tinto - 2010 -
Colares Chitas
Branco - 2015 -
Viúva Gomes Collares
Branco - 2017 -
Colares Malvasia
Branco - 2015 -
Arenae
Branco - 2017 -
Casal Sta. Maria
Branco - 2015 -
Monte Cascas
Branco - 2014
Edição nº 35, Março de 2020
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Está online o leilão de beneficência da Cortes de Cima (e vale a pena)

A Cortes de Cima, produtor alentejano da Vidigueira, acaba de iniciar, por iniciativa de Anna Jørgensen – que agora assume os comandos do projecto criado pelos pais Hans e Carrie – um leilão online com um pack de vinhos exclusivo. O objectivo é ajudar a Associação de Beneficência de Selmes e Alcaria, vizinha da herdade. […]
A Cortes de Cima, produtor alentejano da Vidigueira, acaba de iniciar, por iniciativa de Anna Jørgensen – que agora assume os comandos do projecto criado pelos pais Hans e Carrie – um leilão online com um pack de vinhos exclusivo. O objectivo é ajudar a Associação de Beneficência de Selmes e Alcaria, vizinha da herdade.
O pack, de vinhos raros e de cariz premium, inclui 11 garrafas, entre elas o primeiro Cabernet Sauvignon e o primeiro Cortes de Cima Reserva produzidos, um branco premiado e o Incógnito 2012 em garrafa de 3 litros. Fazem ainda parte desse conjunto duas referências de 2011, um ano excelente para a região e para o país.
A base de licitação começou nos 950 euros e o leilão terminará dia 14 de Maio às 23h59. Toda a receita reverterá a favor da associação referida.
Consulte todos os vinhos a leilão e/ou licite aqui.