Editorial – Bairrada em branco

Editorial da revista nº53, Setembro 2021 Num mercado, nacional e internacional, onde a procura de vinhos brancos de superior qualidade continua, globalmente, a crescer, é impossível ficar indiferente à oferta da Bairrada nesta categoria. A Bairrada é uma extraordinária região de brancos, e acredito que essa faceta só ainda não teve o reconhecimento que merece […]

Editorial da revista nº53, Setembro 2021

Num mercado, nacional e internacional, onde a procura de vinhos brancos de superior qualidade continua, globalmente, a crescer, é impossível ficar indiferente à oferta da Bairrada nesta categoria. A Bairrada é uma extraordinária região de brancos, e acredito que essa faceta só ainda não teve o reconhecimento que merece devido ao desempenho e buzz mediático dos seus tintos e espumantes.

 

Faz algum sentido avaliarmos o padrão das nossas opções vínicas em função do espaço que cada região ou tipo de vinho ocupam nas nossas garrafeiras. E digo “algum sentido” e não “todo o sentido”, porque frequentemente, a oportunidade, a proximidade geográfica, ou o preço, têm um peso importante nas nossas compras. Abstraindo-me dessas nuances, e admitindo que as minhas escolhas de garrafeira se norteiam exclusivamente pela qualidade intrínseca, potencial de longevidade e gosto pessoal, no que a brancos diz respeito, logo a seguir a Monção e Melgaço, são as garrafas de Bairrada que mais “área de prateleira” tomam em minha casa. Acho que isto diz do apreço que tenho pelos vinhos brancos desta região.

Mas vou mais longe. Ando nisto há mais de três décadas, e conservo vinhos desde, pelo menos, meados dos anos 80, abrindo frequentemente garrafas com mais de 10, 15 ou 20 anos. Por isso, se me centrar apenas no critério longevidade (importante para saber o que guardar sem sobressaltos) posso avaliar com relativa precisão a capacidade que os brancos de cada região têm para envelhecer com nobreza. E aí, salvaguardadas as devidas excepções (brancos longevos existem em todas as regiões), não tenho qualquer dúvida em afirmar que os melhores brancos de garrafeira são, em primeiro lugar, Bairrada, seguida de muito perto pelo Dão, com Monção e Melgaço a fechar o pódio.

Curiosamente, porém, quando o apreciador, mesmo o mais esclarecido, pensa em Bairrada, no seu “top of mind” estão invariavelmente tintos (em particular os Baga) e espumantes. Muitos, provavelmente, pensarão que o grande Bairrada branco é coisa residual. Mas está longe de o ser, como se vê no elevadíssimo nível médio dos brancos bairradinos provados por Mariana Lopes para esta edição. Por outro lado, a cada vez maior utilização de uvas tintas Baga nos espumantes, associada à progressiva valorização dos brancos tranquilos (já existem muitos exemplos acima dos €15, €20, €30…), tem permitido “libertar” maior quantidade de uvas brancas para fazer vinhos de topo. E novas referências surgem, vindima após vindima.

Desde há muito que Luís Pato (pioneiro e referência incontornável) afirma com veemência que, no seu entender, Bairrada é, sobretudo, região de brancos. Apesar da minha ilimitada paixão pelos tintos Baga, tendo a dar-lhe razão. É que, enquanto apenas uma minoritária parte da Bairrada vinícola (solos de argila e calcário, em encosta, com boa exposição solar) consegue originar Baga de excelência, as mais nobres uvas brancas utilizam todos os recursos da região em seu proveito: argila, calcário, areias e, claro, o fresco clima atlântico. Não fora o facto de, tradicionalmente, para as uvas brancas estarem reservados os piores terrenos (espumante obriga…) e o esplendor dos brancos bairradinos seria ainda mais evidente.

Espantosa é igualmente a capacidade que a Bairrada tem de imprimir a sua marca qualitativa a uma grande diversidade de castas, clássicas ou “modernas”. Em que outro lugar se faz Maria Gomes (Fernão Pires) com 14% de álcool e 7,5 de acidez? E que dizer do Bical que ali atinge elegância inigualável? Junte-se o polivalente e seguríssimo Arinto, o Cerceal (absoluta estrela em ascensão), o raro e enigmático Sercialinho ou, se quisermos sair da tradição, Alvarinho, Chardonnay e Sauvignon Blanc, e percebemos que, na Bairrada, não falta matéria para atingir a máxima grandeza. Os vinhos aí estão, para dissipar dúvidas e preconceitos.

 

Biaia: A(l)titude e muito carácter

Biaia vinhos

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O projecto Quinta da Biaia — da Beira Interior — começou de mansinho, só para agora nos surpreender com um portfólio que carrega todo o seu potencial. Vinhos cheios de personalidade, sentido de lugar, e muita frescura.

 

TEXTO: Mariana Lopes          

(crédito nas fotos: Domínios do Interior)

 

Quem ainda não acordou para a Beira Interior devia, de facto, acordar para a vida. Cada vez mais são os projectos desta região que nos mostram o seu valor, como região portuguesa de grandes vinhos brancos e tintos. Localizada no interior-centro do país, a Beira Interior divide-se em três sub-regiões — Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira — e a Quinta da Biaia situa-se na primeira, especificamente em Figueira de Castelo Rodrigo. O seus 29 hectares de vinha estendem-se pela encosta da Serra da Marofa (que vai até aos 950 metros de altitude), a uma cota média de 750 metros. Aqui, os solos são, sobretudo, de granito, com cerca de 30% de origem xistosa.

Hoje, este projecto é fruto do trabalho de três sócios, Carlos Flor, Ricardo Lopes Ferro e Luís Leocádio. No entanto, a Quinta da Biaia já leva muitos anos e alguns séculos de história: No século XVII, Pedro Jacques de Magalhães — herói da batalha de Castelo Rodrigo (7 de Julho de 1664) — escolheu para preceptora dos seus filhos uma jovem órfã, de nome Beatriz Sousa Lopes. As crianças, que não tardaram em afeiçoar-se à rapariga, chamavam-lhe, carinhosamente, “Biaia”. Quando os meninos Magalhães cresceram, Beatriz regressou às suas propriedades, que ficaram, desde então, conhecidas como Quinta da Biaia. Carlos Flor e Ricardo Lopes Ferro são amigos de infância, e são também os herdeiros das terras da Biaia. Com a ambição de com elas criar um projecto vitivinícola de referência, a dupla — com backgrounds ligados à Gestão e à Engenharia — juntou-se ao enólogo duriense Luís Leocádio e, juntos, lançaram o primeiro vinho da Quinta da Biaia em 2014.

As vinhas dividem-se em três grupos de parcelas, todas em produção biológica: as Vinhas da Alvandeira (solo argilo-limoso), com as tintas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen, Touriga Franca, Mourisco e Rufete, e as brancas Síria, Fonte Cal e Sauvignon Blanc; Vinhas do Souto (solo de transição de granito e xisto), com Caladoc, Mourisco, Pinot Noir e Chardonnay; e a Vinhas das Lameiras (estas na Vermiosa, em solo de granito e quartzo), onde crescem as brancas Arinto, Fernão Pires Chardonnay e Síria, e as tintas Touriga Nacional e Tinta Roriz. São estas videiras com idades e em solos diferentes que, juntamente com a altitude — que traz frio, amplitudes térmicas, baixa precipitação e elevada insolação — a barreira natural que a serra representa, e o enquadramento dos rios Douro, Côa e Águeda, originam um portfólio de vinhos originais, sérios, com muito carácter, cuja mais recentes colheitas foram recentemente apresentadas.

Biaia vinhos
Quinta da Biaia

O portfólio começa nos Biaia branco e tinto. O branco 2019 é um lote de Síria (80%), Fernão Pires e Arinto que fermenta em cuba de inox e estagia durante oito meses na mesma. O tinto, do mesmo ano, é de Touriga Nacional (60%), Touriga Franca e Tinta Roriz. Aqui, a fermentação é feita separadamente, por casta, e metade do lote estagia oito meses em barricas usadas de carvalho francês. Segue-se a gama Quinta da Biaia 750 (uma referência à altitude das vinhas), com cinco vinhos, três brancos, um rosé (estes quatro monovarietais) e um tinto. O 750 Síria 2019 fermenta em inox e estagia sobre borras finas, em barricas usadas, durante oito meses. Já o 750 Arinto 2019 passa por semelhante processo, mas 25% das barricas onde estagia são novas e é feita bâtonnage semanal. O 750 Chardonnay 2019, por sua vez, tem uma vinificação igual à do Arinto. O rosé 750 é um monovarietal de Mourisco, de 2019, que também fermenta em inox e estagia em barricas (25%) novas, com bâtonnage, por oito meses. Por último, o 750 tinto 2018 tem no seu lote Touriga Nacional e Franca em partes iguais, e 20% de Rufete, castas que fermentam em separado. O estágio é depois feito em barricas, durante um ano. Passando para a gama Reserva, surge um branco de Síria e um tinto de lote. O Reserva branco 2019 tem a particularidade de estagiar em barricas de carvalho húngaro, além do francês, sobre borras finas durante nove meses, depois da fermentação em inox. O Reserva tinto, de 2017, tem Touriga Nacional (40%), Touriga Franca (40%) e Jaen, que fazem maceração pré-fermentativa, e o lote depois fermenta quatorze dias em inox e estagia trinta e dois meses em carvalho francês. A gama de topo, inclui dois Fonte da Vila Single Vineyard, um branco de Síria 2017 e um tinto de lote, de 2015. O primeiro fermenta em inox e estagia em barricas de carvalho francês por trinta meses, sobre borras finas, e em garrafa durante quatro. O tinto é vinhas velhas de Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca, Baga, Jaen e Mourisco, entre outras. Este vinho é o resultado de uma selecção criteriosa ainda na vinha, e inicia a fermentação em lagar, com pisa a pé, terminando em cuba de inox, ao longo de trinta dias. O estágio é feito em barricas francesas novas, por cinquenta meses, e em garrafa, por oito. Para complementar o portfólio, um colheita tardia de Síria, o Quinta da Biaia Late Harvest 2017. Os bagos atingidos por podridão nobre (fungo Botrytis Cinerea), foram colhidos entre 7 e 8 de Dezembro, e o mosto resultante fermentou durante oito meses em barricas e depois em garrafa durante vinte.

Os vinhos da Quinta da Biaia, agora com nova imagem, da autoria do Atelier Rita Rivotti, são distribuídos pela Vinalda.

(Artigo publicado na edição de Novembro 2020)[/vc_column_text][vc_text_separator title=””][vc_column_text]

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Quinta Vale D. Maria: O Sabor do Douro Superior

sabor douro superior

A Quinta Vale D. Maria expandiu recentemente o seu portfólio para o Douro Superior, com vinhos oriundos da Quinta Vale do Sabor, junto a Torre de Moncorvo. Um branco e dois tintos, agora no mercado. Texto: Mariana Lopes Antes de adquirir a Quinta Vale D. Maria à família Van Zeller, em 2017, a Aveleda já […]

A Quinta Vale D. Maria expandiu recentemente o seu portfólio para o Douro Superior, com vinhos oriundos da Quinta Vale do Sabor, junto a Torre de Moncorvo. Um branco e dois tintos, agora no mercado.

Texto: Mariana Lopes

Antes de adquirir a Quinta Vale D. Maria à família Van Zeller, em 2017, a Aveleda já tinha, em 2016, comprado um conjunto de várias quintas contíguas no Douro Superior, que formam hoje a Quinta Vale do Sabor. Localizada junto à foz do rio que lhe dá nome — o rio Sabor, em Torre de Moncorvo — esta quinta é a segunda da marca Vale D. Maria. Juntas representam, para António Guedes, administrador da Aveleda e descendente da quinta geração da família fundadora da empresa, “a oportunidade de fazer vinhos premium no Douro, de diferentes perfis”.

A nível orográfico, a Quinta Vale do Sabor é, no mínimo, original, perfazendo, numa perspectiva longitudinal, a forma de um “W”, que seria ainda mais visível se se fizesse um corte na vertical e se pudesse contemplar todo o solo e subsolo. Estendendo-se por 43 hectares de vinha (cerca de 140 mil plantas), esta propriedade comporta uma grande diversidade de exposições e tipos de solo, indo dos 170 aos 300 metros de altitude. A maior parte das vinhas contempla idades a partir dos 10 anos, mas há também doze hectares com videiras que já levam 35 anos. Quem nos contou foi a dupla Manuel Soares, director de enologia do grupo Aveleda, e Pedro Barbosa, director de viticultura, que nos acompanhou numa caminhada de reconhecimento do terreno, juntamente com Cristiano Van Zeller, enólogo e administrador da Quinta Vale D. Maria, e António Guedes. “Numa parte do vale a reenxertia já está concluída, e na outra está em curso”, descortinou Pedro. O encepamento inclui castas como as tintas Touriga Francesa, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alicante Bouschet e Baga; ou as brancas Rabigato, Viosinho, Arinto, entre outras. Parte da Touriga Nacional veio das vinhas da Aveleda na Bairrada e em Nelas: “Achámos interessante complementar a Touriga Nacional que está agora no mercado vitícola com uns clones mais antigos…”, explicou António Guedes. E Pedro Barbosa referiu o porquê da ausência de Sousão: “Não gostamos dele aqui. Por sua vez, o Alicante Bouschet dá-se aqui melhor. Mesmo a Touriga Francesa porta-se melhor do que a Nacional nesta quinta, por causa da severidade do calor”. Adicionalmente, a Baga veio da Bairrada, “para complementar os lotes”. Quanto à água para as vinhas, utilizam a da chuva, que é recuperada para dois reservatórios durante o Inverno, e a rega é feita por gravidade. “O respeito pelo terroir e pela sustentabilidade dizem-nos muito. Todos os projetos que temos vindo a desenvolver são pensados numa ótica de longo prazo”, expõe António Guedes.

sabor douro superior

Já o edifício principal, é uma mistura entre pragmatismo e organização, nas zonas de trabalho enológico, e deslumbre e contemplação, na área dedicada às provas, refeições e lazer, com uma varanda invejável para o vale. A adega tem três lagares, já construídos depois de 2016, vinte e sete cubas de armazenagem e 18 de fermentação, de diferentes dimensões. No centro da zona das cubas está uma praça de barricas para fermentação. A cave de estágio, por sua vez, alberga dezenas de barricas de 250, 300 e 500 litros, e também três balseiros para Touriga Nacional e Francesa. “Estamos a apostar cada vez mais nos balseiros, que conferem muita elegância à Touriga Nacional”, adiantou Manuel Soares.

Os vinhos que agora surgem no mercado revelam todo este cuidado. O tinto Vale D. Maria Douro Superior 2018 tem no lote Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz, e outras em quantidade residual. Tendo fermentado em inox, estagiou em barricas de carvalho francês de 2º e 3º ano, durante seis meses, e depois voltou a cubas de inox para estagiar mais 13 meses. O Vale D. Maria Vinhas do Sabor tinto 2018 já é composto por Touriga Francesa, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alicante Bouschet e Baga, que fermentam e são pisadas em lagar de granito. O vinho faz maloláctica e estagia depois vinte e um meses em barricas usadas, sendo depois feita uma selecção das melhores barricas. A colheita de 2017 deste vinho está ainda no mercado, a mostrar o potencial de evolução. Já o Vale D. Maria Vinhas do Sabor branco 2019 é um blend de Rabigato, Viosinho e Arinto, que fermenta e estagia nove meses em barrica.

(Artigo publicado na edição de Novembro 2020)

O Douro de Márcio Lopes

Douro Márcio Lopes

O projecto no Douro do enólogo Márcio Lopes tem vindo a ganhar consistência e dimensão desde que foi fundado em 2010. O lançamento do primeiro Vinha Velha do Pombal é um marco neste percurso feito à base de vinhos de carácter, que não deixam ninguém indiferente. TEXTO: Luís Lopes A personalidade de Márcio Lopes tem […]

O projecto no Douro do enólogo Márcio Lopes tem vindo a ganhar consistência e dimensão desde que foi fundado em 2010. O lançamento do primeiro Vinha Velha do Pombal é um marco neste percurso feito à base de vinhos de carácter, que não deixam ninguém indiferente.

TEXTO: Luís Lopes

A personalidade de Márcio Lopes tem sido definidora da sua carreira enquanto enólogo e produtor. Dotado de convicções fortes, sabe o que quer para os seus vinhos, sendo possível encontrar muitos denominadores comuns entre a linha Pequenos Rebentos, na região dos Vinhos Verdes, ou os Proibido na região do Douro. Nuns e noutros, Márcio Lopes foca-se nas castas tradicionais, sempre que possível nas vinhas de maior idade e procura preservar ao máximo a expressão do território.

O projecto Proibido, que inclui as marcas Permitido e Anel, tem origem em parcelas de pequenos agricultores espalhadas um pouco por todo o Douro Superior (e uma ou outra no Cima Corgo), com idades entre os 40 e os 120 anos, plantadas desde os 150m até aos 800m de altitude. “O nosso trabalho”, diz Márcio Lopes, “é procurar castas em desuso, devolver vida aos solos, sem uso de herbicidas, e tentar fazer vinhos distintos com um cunho pessoal.” O resultado são cerca de 80.000 garrafas exportadas para 15 países.

O grande salto foi dado em 2015, com a aquisição da Quinta do Pombal, com 5 hectares de vinha em Vila Nova de Foz Coa. Ali encontramos uma pequena parcela de vinha muito antiga, com bastantes castas misturadas, parcela essa que deu origem ao Proibido Vinha Velha do Pombal, tinto que agora se estreia no mercado. Essa mesma vinha tem igualmente “emprestado” varas para desenvolver na quinta um campo experimental de castas antigas. Os vinhos são feitos em adega alugada, localizada perto da Régua, e estagiados num armazém em Sabrosa.

Neste ano conturbado de 2020, foram lançados nada menos que sete novos vinhos/colheitas. Os dois brancos já me haviam impressionado nas colheitas anteriores. O Rabigato 2019 é mais um comprovativo do fortíssimo potencial desta casta, sobretudo nas zonas mais altas do Douro Superior, onde é capaz de trazer muita frescura aos lotes ou de brilhar a solo. O Branco de Centenária vem de uma vinha de 0,2 ha, já a caminho de Vila Real, plantada a quase 800 metros de altitude e com várias castas misturadas, sobressaindo a Côdega (Síria) com 25% do lote. Muita personalidade e sentido de terroir num branco duriense que fermentou em barrica usada e de que se fizeram 1300 garrafas. O Clarete mostrou-se uma bela surpresa, elaborado a partir de mistura de castas, com maloláctica em barrica usada, um verdadeiro clarete na cor e no potencial gastronómico.

Douro Márcio Lopes
Na adega existe uma forte componente artesanal.

O Marufo (ou Mourisco Preto, como também é conhecido no Douro) entra nos lotes do Proibido desde 2012, mas na vinha em São João da Pesqueira a casta foi agora vindimada em separado. Fermentou e fez maceração prolongada (quase 2 meses!) em lagar, e depois estagiou em barricas usadas de 400 litros. Originou apenas 1000 garrafas. Já o Proibido À Capela tinto vem de duas vinhas em Vila Nova de Foz Côa, vinhas antigas com 10% de castas brancas misturadas. Foi tudo desengaçado à mão, bago a bago e pisado em dornas, com estágio posterior em barricas usadas de 225 litros. Não deu mais de 800 garrafas…

O Proibido Grande Reserva é já um clássico da casa, misturando o fruto de várias vinhas velhas (Foz Côa, Mêda, Covelinhas…) no melhor ponto de maturação. A versão 2017 mostra toda a concentração do ano, mas a estreia de outras parcelas, entre elas uma com um Sousão muito especial, deu outra dimensão ao vinho. Tal como os anteriores, pisa a pé e barrica usada são obrigatórios. 2500 garrafas produzidas. Finalmente, a estrela, o Proibido Vinha Velha do Pombal. Vem de uma parcela plantada a 500 metros de altitude, 0,6 hectares de xisto com muito quartzo onde assentam as cepas plantadas em 1957, com muitas e variadas castas. São 800 e poucas garrafas de um vinho exemplar no conceito e que resume muito bem o que é a “filosofia Douro” de Márcio Lopes.

(Artigo publicado na edição de Novembro 2020)

Os vinhos dos nuestros hermanos

vinhos nuestros hermanos

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TEXTO: Valéria Zeferino

De acordo com os mais recentes dados da OIV, Espanha é o país com maior área de vinha plantada (969 mil hectares), a contribuir com 13% das plantações mundiais. Nos cinco primeiros também estão China com 12%, França com 11%, Itália com 9% e Turquia com 6%, tendo em conta que na China e na Turquia apenas 10% e 3% de uva produzida, respectivamente, é destinada à produção de vinho. Em termos de volume de produção, Espanha com 44 milhões de hectolitros ocupa o terceiro lugar, a seguir a França e Itália. Quase metade do vinho produzido vai para exportação, sendo a Espanha o maior exportador de vinho em volume, ficando no 3º lugar em valor, novamente a seguir a França e Itália.

No século passado, a partir dos anos 60 começaram as mudanças radicais em termos de enologia – cubas de inox e controlo de temperatura, o que era particularmente importante para as regiões mais quentes como La Mancha e Levante. Acontece que a modernização traz os benefícios em paralelo com uma certa desvalorização da identidade tradicional. Em muitas regiões, as castas internacionais tomaram o lugar das locais para, no futuro, dar início ao movimento inverso. Nos anos 90, as tendências internacionais assentavam em uvas sobremaduras, muita extracção, muita barrica nova (até 200%!). Ao mesmo tempo os tradicionais estágios prolongados muitas vezes não foram ditados por razões de qualidade, sendo consequência de falta de encomendas.

A produção era, e ainda é, dominada pelas grandes empresas que compram uvas e vinho em todo o país, mas recentemente desenvolveu-se uma nova geração de produtores fortemente orientados para o terroir, que cultivam a sua vinha, experimentam, encontrando o seu próprio conceito e equilíbrio entre o moderno e o tradicional. Há mais de 70 denominações de origem em Espanha, mas apenas duas são distinguidas como DOCa – Denominacione de Origen Calificada, que é considerado de qualidade superior – Rioja e Priorat.

vinhos nuestros hermanos
Paisagem de vinha das Bodegas LAN.

Rioja: história, tradição e fama

É a região vitivinícola de Espanha mais conhecida internacionalmente, com maior peso histórico, grande tradição e com movimento modernista presente. A DOCa Rioja com mais de 65.000 hectares de vinha fica no norte de Espanha, nas margens do rio Ebro, e é dividida em três sub-regiões: Rioja Alta, Rioja Alavessa e Rioja Oriental (chamada Rioja Baja até 2018).

A Rioja Alta é a parte mais ocidental da região com maior área de vinha. Tem altitude mais pronunciada e, mesmo com protecção da Serra de Cantabria, recebe alguma influência Atlântica, providenciando condições mais frescas. A Rioja Alavesa é representada por dois enclaves em Rioja Alta e fica no território de País Basco, na província Álava que originou o seu nome. A Rioja Oriental fica a sudeste da Rioja Alta, onde o clima é mediterrânico com menos precipitação e condições mais quentes.

A proximidade com Bordeaux explica a influência nas práticas de vinificação em Rioja. Na segunda metade do século XIX, quando o míldio e a filoxera devastaram as vinhas em França, os negociantes franceses passaram a comprar vinho em Rioja, onde estas desgraças chegaram muito mais tarde (só em 1901), quando já se aprendeu a lidar com filoxera, usando porta-enxertos americanos. A prática corrente em Rioja naquela altura era a maceração carbónica (hoje também é popular para obter vinhos mais frutados e menos taninosos para consumo mais rápido).

Graças aos técnicos franceses, foram introduzidas as barricas de carvalho de 225 litros. A popularidade de carvalho americano deve-se ao menor custo em comparação com o carvalho francês e ao comércio transatlântico desenvolvido. Hoje em dia, muitos produtores usam também o carvalho francês. O parque de 1.3 milhões de barricas em Rioja deve ser o maior do mundo.

Os tempos de estágio são longos e rigorosamente regulamentados para as categorias tradicionais de Crianza, Reserva e Gran Reserva. Por exemplo, para Crianza tinto é obrigatório um estágio de 2 anos, dos quais 1 ano em barrica; para Reserva – 3 anos, dos quais 1 ano em barrica; para certificar um vinho como Gran Reserva, o estágio terá de ser no mínimo de 5 anos, dos quais 2 anos em barrica. Actualmente, muito dos novos produtores que cultivam vinhas próprias, preferem nos seus vinhos de topo enfatizar o terroir do que preocuparem-se com designativos “reservas” e estágios obrigatórios.

A casta Tempranillo (que é a nossa Tinta Roriz/Aragonez) é a rainha das vinhas e dos vinhos em Rioja; ocupa 87% da plantação. Outras são Garnacha Tinta, Graciano (a nossa Tinta Miúda), Mazuelo (aka Carignan) e Maturana Tinta. Nos encepamentos brancos predomina a Viura que é o nome local para Macabeo.

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Caves da Marquês de Riscal.

Marqués de Riscal é uma das propriedades lendárias da Rioja, e uma das mais antigas, fundada em 1858. Foi o enólogo frances Jean Pineau que tratou da produção no início. O projecto actual inclui o majestoso e futurista edifício “City of Wine” desenhado pelo prestigiado arquitecto Frank Gehry, onde fica o hotel e um restaurante de estrela Michelin.

É uma empresa que concilia uma grande produção com altos padrões de qualidade e faz parte das 50 marcas de vinho mais admiradas do mundo. Para o Gran Reserva utilizam apenas uvas das vinhas com mais de 80 anos de idade (próprias e dos seus fornecedores habituais). É uma das expressões clássicas da Tempranillo. Estagia quase 3 anos em barrica de carvalho francês e mais 3 anos em garrafa antes de ser lançado para o mercado.

La Rioja Alta é também um dos produtores clássicos em Rioja. Foi fundada em 1890 por cinco famílias e gerida por uma mulher, Doña Saturnina García Cid y Gárate. Em 1904 houve uma fusão com a Bodega Ardanza. Ambas as datas são homenageadas nos seus vinhos de topo Gran Reservas 890 e 904.

Conta com 420 hectares de vinhas nas três sub-regiões da Rioja, em conversão para viticultura orgânica, e com uma tanoaria própria. Ao contrário do que é habitual nas casas clássicas da região, não compram nem um bago de uva, e, independentemente da área considerável, toda a vinha é trabalhada manualmente. O Gran Reserva é uma expressão de 90% Tempranillo com mais de 60 anos e 10% de Graciano. Estagiou em barricas de 4º ano de carvalho americano durante 4 anos e foi engarrafado em 2015.

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Vinha velha das Bodegas LAN.

Bodegas LAN foram fundadas em 1972 e em 2012 adquiridas pela Sogrape. O nome LAN representa os iniciais das províncias que compõem a denominação de origem Rioja: Logroño (agora La Rioja), Álava e Navarra.

Possuem 70 hectares de vinha e o resto das uvas compram aos produtores locais. Apostam em estágios longos e gerem o seu enorme parque de 25.000 barricas dos mais diversos tipos de madeira (carvalho francês, americano, húngaro, russo etc.) e até barricas híbridas com aduelas de um tipo de madeira e tampas de outro.

As uvas para o LAN A Mano provêm de uma parcela de 5 ha de vinha situada em Rioja Alta, a uma altitude de 491 metros acima do mar. As vinhas têm 35-40 anos de idade. Tempranillo com 87% predomina no lote, com 9% de Mazuelo e 4% de Graciano. As vinhas tradicionalmente plantadas em vaso, dão apenas 3500 kg/ha. Fez maloláctica em barricas novas de carvalho, onde depois estagiou durante 7 meses e ainda mais 4 meses em barricas novas de carvalho caucasiano.

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Priorat: uma pequena grande região

Com a sua paisagem fascinante, encostas íngremes, repleto de terraços, de relance faz lembrar o nosso Douro. É um anfiteatro formado pela serra de Montsant, que proteje a área dos ventos nortenhos. O solo pobre e bem drenado chamado llicorella, é composto por mica parcialmente fragmentada e quartzo o que lhe dá um brilho característico. Tem um pouco mais de 2000 hectares de vinhas, muitas delas velhas plantadas em vaso, sendo Garnacha e Cariñena as castas principais.

Nos anos 80 do século passado, o revolucionário enólogo e produtor René Barbier serviu de inspiração a outros enólogos talentosos que com os seus projectos colocaram o Priorat no mapa das melhores regiões mundiais. Um deles era Alvaro Palacios. É um nome incontornável quando se fala de Priorat (e também de Bierzo). Apesar de ter nascido numa família de produtores em Rioja (e com oito irmãos) Álvaro preferiu seguir o seu caminho ao invés de integrar a empresa familiar.

Estudou em Bordeaux e depois de trabalhar dois anos no Château Petrus, em 1990 comprou a sua primeira vinha no Priorat.

O seu Gratallops é um vinho de vila (vi de vila) com o mesmo nome e que faz parte das 12 zonas de produção no Priorat. As uvas vêm de seis vinhas diferentes. A maioria (85%) do lote é Garnacha com 13% de Cariñena e 2% de castas brancas (Garnacha Blanca, Macabeo e Pedro Ximénez). Estagiou 16 meses em barricas novas de carvalho francês.

Clos Figueras é um projecto do ex-proprietário da importadora de vinhos Europvin com sede em Bordeaux, Christopher Cannan, com a sua filha Anne Josephine. Tudo começou em 1997 com a compra de 10 hectares de uma vinha abandonada, a norte da Gratallops, chamada “Figueras” por ter duas magnificas árvores de figos. O sucesso começou a partir de 2000 com altas pontuações dadas por Robert Parker.

Serras del Priorat  é o mais recente vinho da Clos Figueras, de abordagem mais fácil, onde transparece mais a fruta e destinado ao consumo mais rápido, mas, no entanto, mostra as características regionais. Lote de Garnacha (55%), Cariñena (20%), Syrah (15%) e Cabernet Sauvignon (10%). Estagia 7 meses em barricas de carvalho francês de 2º ano de 300 e 500 litros.

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Daniel del Castillo, cortesia Vinalda.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2020)[/vc_column_text][vc_column_text][/vc_column_text][vc_column_text]

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José Luís, Sandra, David: Três enólogos do Esporão à conversa

Três enólogos entrevista

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Após 28 anos a liderar a enologia do Esporão, David Baverstock passou a coordenar a Educação e Cultura Vínica da empresa, fazendo também o acompanhamento de mercados externos como “embaixador” da marca. Porém, cubas e barricas não […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Após 28 anos a liderar a enologia do Esporão, David Baverstock passou a coordenar a Educação e Cultura Vínica da empresa, fazendo também o acompanhamento de mercados externos como “embaixador” da marca. Porém, cubas e barricas não ficam definitivamente para trás, pois vai continuar a apoiar os responsáveis técnicos Sandra Alves, no Alentejo, e José Luís Moreira da Silva (Quinta do Ameal e Quinta dos Murças). A mudança na vida deste australiano de alma e coração português constituiu o pretexto para uma animada conversa com os três enólogos, onde falámos dos novos desafios que todos têm pela frente.

TEXTO: Luís Lopes

David, em Portugal, começaste por trabalhar em 1982, em vinho do Porto, passaste em 1991 para o vinho Douro e em 1992 chegaste ao Alentejo, e ao Esporão. Conheces bem as duas regiões, portanto. Sabes que vários produtores e enólogos, sobretudo do norte do país, ainda olham para o Alentejo como uma região homogénea, plana, que faz vinhos muito iguais. O que dirias a quem vê o Alentejo dessa forma?

DB – Quem diz isso só pode estar com inveja (risos). No Alentejo conseguimos fazer vinhos com escala, de qualidade superior, e praticamente todos os anos, o que no Douro é mais difícil. E os melhores vinhos do Alentejo competem ao mesmo nível dos melhores vinhos do Douro, numa rivalidade muito saudável entre duas grandes regiões. Mas o Alentejo é muitíssimo mais diverso, em termos de solos, castas e clima, do que algumas pessoas pensam. O que tem Beja a ver com Reguengos? Portalegre, por exemplo, é uma das sub-regiões que vai seguramente dar cartas nos próximos anos…

O José Luís tem feito o seu percurso profissional no Douro, entrou no Esporão em 2015 directamente para a Quinta dos Murças, mas recentemente também “mergulhou” nos Vinhos Verdes, tendo já em 2019 liderado a primeira vindima na Quinta do Ameal. Como é passar de uma região continental para uma região atlântica, do xisto para o granito, das Tourigas para o Loureiro?

JLMS – É uma mudança realmente muito grande. O Douro tem o calor, a secura, é uma região de extremos. Chega-se ao Lima e é tudo verde. Fazer a viagem entre Murças e Ameal, durante as vindimas, é como mudar de mundo. É evidente que em termos de viticultura os desafios são muito diferentes, mas o objectivo acaba por ser o mesmo: produzir vinhos de qualidade que expressem cada uma das quintas. No Douro, a expressão do calor e da concentração, nos Vinhos Verdes a expressão da frescura, da leveza, da exuberância.

Três enólogos entrevista
José Luis Moreira da Silva

Uma vindima é certamente pouco para ficar a perceber o Vale do Lima e o terroir da Quinta do Ameal em particular. Ainda assim, o que mais o surpreendeu pela positiva? E qual o principal desafio a superar no Ameal?

JLMS – O que mais me surpreendeu foi a casta em si, a Loureiro. Estou no Douro habituado a trabalhar com 30 castas e nos Verdes passei a trabalhar só com uma. Mas a Loureiro é tão especial no Ameal e no vale do Lima, está tão bem adaptada ao local, que não apetece ali experimentar outras. Fiquei espantado com a sua plasticidade, capaz de fazer vinhos com perfis muito distintos e, sobretudo, vinhos longevos. Quanto ao grande desafio, para mim, passa por perceber melhor a origem, perceber melhor a casta e perceber até onde é que a podemos “esticar”, o que podemos fazer de diferenciador, como a podemos levar a oferecer uma expressão cada vez mais verdadeira.

 “O que mais me surpreendeu no vale do Lima foi a casta em si, a Loureiro”, José Luis Oliveira e Silva

Tal como David Baverstock, também a Sandra começou no Douro e integrou a equipa do Esporão em 2001. É fácil ou difícil trabalhar com o David? 

SA – Quando cheguei ao Esporão era uma miúda, tinha acabado de sair da Universidade. Foi o David quem me acolheu na equipa, quem me ensinou as principais bases da prova e da enologia, foi ele o meu grande mestre ao longo de 20 anos. E 20 anos é quase metade da minha vida, acho que isso diz tudo… Posso dizer que foi muito fácil trabalhar com ele, é uma pessoa genuína, generosa, que gosta de partilhar o conhecimento. Foi uma sorte ter calhado com alguém com a personalidade dele.

Durante vários anos foi responsável pelos vinhos brancos do Esporão, só mais tarde alargando esse trabalho aos tintos. Há quem diga que fazer um grande branco é mais difícil do que um grande tinto. Está de acordo?

SA – Quando em 2004, ainda com pouco tempo de Esporão, me propuseram ficar com os vinhos brancos, confesso que pensei algo como “ainda agora comecei e já vou ficar com a minha carreira estragada, será muito difícil fazer brancos de topo no Alentejo”. Mas ao mesmo tempo assumi esse objectivo, era algo que tinha de conquistar. Neste momento, diria que é mais natural fazer acontecer um grande tinto no Alentejo do que um grande branco. Só que fazer um branco de primeira linha numa região quente é um desafio aliciante e, quando o alcançamos, como tem acontecido no Esporão, torna-se muito compensador.

Ao contrário do que acontecia quando vieste para Portugal, hoje o enólogo tem uma ligação forte à vinha, conhece em profundidade as suas forças e fraquezas. O Esporão fez uma aposta muito forte no orgânico, no caso do Alentejo com 500 hectares de vinha e mais de 40 castas. Sentes alguma diferença nas uvas que te chegam adega e nos vinhos produzidos em modo orgânico?

DB – Claramente. É uma viticultura completamente diferente. Sem a ajuda dos tratamentos, a película da uva fica mais resistente às pragas e doenças. E, isto pode ser algo empírico, ainda não comprovado com dados concretos, mas desde o primeiro tinto orgânico lançado em 2015 até aos tintos que fazemos agora, sentimos muito maior densidade na cor e nos taninos. De tal forma que temos vindo a alterar o modo como trabalhamos na adega, esmagando menos a uva, fazendo menos remontagens e macerações, separando mais os vinhos de prensa, pois sentimos nas uvas taninos mais sólidos, que não podemos extrair tanto. Isto são análises sensoriais, das provas que fazemos durante fermentações ou na elaboração dos lotes, ainda teremos de trabalhar isto de forma científica, mas tenho ideia de que há uma mudança, para melhor, no perfil dos vinhos.

três enólogos entrevista
David Baverstock

José Luís, a Quinta dos Murças está também em modo orgânico, a Quinta do Ameal já esteve em tempos, mas deixou de estar. Este é um modelo de viticultura certamente mais fácil de implementar no Douro do que no vale do Lima, não é verdade?

JLMS – Não tenho a menor dúvida. No Douro (e no Alentejo), acredito que é possível ter uma agricultura biológica que seja sustentável. Não basta ter a certificação, temos de estar seguros de que as práticas são as melhores para sustentabilidade. E na Quinta dos Murças estamos plenamente convencidos de que estamos no caminho certo, conseguimos produzir uvas boas e sãs com doses de cobre (uma das principais críticas ao biológico) bastante abaixo dos limites legais, alcançando assim o equilíbrio do ecossistema. No Ameal, a pressão é muito maior. Tendo pegado na quinta só no ano passado, o desafio é perceber se as práticas biológicas são uma solução sustentável para a agricultura que queremos fazer. Ainda não temos a resposta para isso. Gostaríamos que fosse possível, mas temos as nossas dúvidas. Este ano, por exemplo, estivemos até meados de Abril sem aplicar fungicida, mas aí a pressão começou a ser tão grande que tivemos de aplicar. Mas não aplicámos qualquer herbicida. Portanto, talvez na região dos Vinhos Verdes tenhamos de encontrar uma solução intermédia. Neste momento, é a produção integrada. Mas gostava de ir mais longe. Veremos se é possível, precisamos de mais tempo para avaliar.

“A viticultura orgânica levou-nos a mudar o modo como trabalhamos na adega”, David Baverstock

David, da experiência que tens no Alentejo, quais as variedades de uva de que mexem mais contigo?

DB – Nos brancos, gosto imenso de Arinto, acho que é uma grande casta portuguesa, com um papel muito importante nos vinhos do Alentejo. Semillon, que é a base de um vinho que foi e é diferenciador no Alentejo (o Private Selection, em 2001). Gosto cada vez mais de Verdelho (ou Verdejo, como quiserem). No campo das tintas, aprecio Aragonez, está um bocado fora de moda, mas em certos anos, com noites mais frescas, dá vinhos excelentes. Estou menos fã da Touriga Nacional na região, acho que já teve ali o seu momento de fama. E continuo a gostar bastante de Syrah, tem tido problemas com doenças de lenho, é verdade, mas é uma grande casta. E em termos de futuro, até por questões ligadas ao aquecimento global, sem dúvida Alicante Bouschet.

Três enólogos entrevista
Sandra Alves

Sandra, partilha da opinião do David ou as suas preferências são outras?

SA – Temos alguns pontos em comum, mas também algumas diferenças. Nos brancos, acredito cada vez mais no trio maravilha do Alentejo: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz. Ano após ano, são as castas que respondem melhor às alterações que temos implementado na viticultura e às próprias alterações climáticas. Nos tintos, claramente Aragonez (quando é bom, é muito bom), estou a aprender a gostar de Trincadeira, é uma casta bem interessante, e Touriga Franca, sem dúvida. E aprecio muito o Moreto das nossas vinhas velhas, é diferente de qualquer outra casta.

“Estou no Esporão há 20 anos, estou muito confortável com a responsabilidade”, Sandra Alves

José Luís, a mesma pergunta para o Douro, calculo que casta de Verdes nem vale a pena perguntar…

JLMS – Claro, essa é a resposta mais fácil: Loureiro. No Douro já há algum tempo que não fazemos vinificações estremes de uma casta, o lote é feito na vinha, fazemos co-fermentação, com várias castas a fermentar em conjunto. A ter de escolher uma, seria, de longe, a Touriga Franca, creio que é a casta mais bem adaptada, na vinha e na adega, à região. E também aquela que melhor exprime o que é o Douro. Mas num lote gosto imenso de Tinto Cão e Tinta Francisca (difícil na vinha, mas confere muita frescura e elegância ao vinho). Sendo certo que, no Douro, é o lote das castas que fala sempre mais alto.

Sandra, com a passagem do David para outras funções, a enologia do Esporão no Alentejo está agora nas suas mãos. Sente-se o peso dessa responsabilidade?

SA – Eu estou no Esporão há 20 anos, conheço bem o histórico da casa e tenho muito claro os nossos objectivos, o caminho que vamos percorrer, o nosso futuro. É evidente que há uma responsabilidade, como há em tudo aquilo que fazemos. Mas estou muito confortável com essa responsabilidade. Além de que o nosso trabalho é feito em equipa, apoiamo-nos sempre uns aos outros.

David, uma última questão: não vais ter saudades de uma vindima quase sem tempo para dormir?

DB – Não estou minimamente a pensar deixar de fazer vindimas. Quero fazer (pelo menos!) mais duas vindimas no Esporão e a partir daí vou-me entreter por este mundo do vinho. A vindima vai continuar a estar sempre presente na minha vida.

(Artigo publicado na edição de Novembro de 2020)[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Mesa posta. Venham os espumantes!

Espumantes mesa

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É nesta época que se consome mais de 90% da produção mundial destes vinhos, que se distinguem desde logo pela bolha e pela frescura de boca. Do Natal à passagem de ano voam muitos milhões de garrafas. Mas vamos deixar a noite mágica e tentar saber mais sobre o comportamento dos espumantes no lugar onde mais merecem ser apreciados: à mesa.

(Artigo publicado na Edição de Novembro de 2020)

Texto: João Paulo Martins

Os espumantes têm uma história antiga em Portugal. Aqui como noutros pontos do globo foi a região de Champagne que serviu de inspiração e a fama que a bebida das bolhas vinha adquirindo desde o séc. XVIII acabou por contagiar produtores e técnicos que procuraram não só seguir os passos da técnica clássica de produção, como tentaram, em zonas de clima semelhante e por vezes com as mesmas castas, fazer igual.

A história do espumante português coloca-nos em finais do séc. XIX mas bem antes já duas zonas se notabilizavam pelas boas características que apresentavam. No caso específico da Bairrada, as suas virtudes foram assinaladas logo na segunda metade do século. Foi António Augusto de Aguiar quem, em 1866, fez uma descrição das zonas produtoras da Bairrada, delimitando as melhores que se destinariam aos vinhos de embarque, distinguindo-os dos vinhos de consumo.

Na prática estava a “demarcar” a região e esse mapa durante muitas décadas ilustrou os rótulos de empresas como as Caves São João. Ali se identificava a zona da Mealhada/Anadia como centro onde se produziam os melhores tintos e mais a norte, Óis do Bairro/Mogofores como a zona dos brancos. Mais para norte e mais para sul situavam-se as zonas de vinhos de menor valia. Nesta região, as primeiras tentativas de fazer espumante datam de 1890, tendo sido contratado um enólogo francês, Paulo Palut que chega à Escola Prática de Anadia para ajudar a “preparar vinhos do tipo francês, Borgonha, Bordéus, Sauterne e Champagne”.

Os resultados não foram os esperados e é essa nessa altura que o Engº Tavares da Silva se propõe fazer experiências na busca de vinhos inspirados nos champanhes, tendo começado ainda em 1885, no Douro, a fazer ensaios com a casta Malvasia Fina. Visitas à região francesa e troca de experiências com técnicos de Champagne acabaram por gerar na Bairrada um interesse nesse tipo de vinhos. Estava-se então em 1890 e é o próprio Tavares da Siva que dá conta de experiências semelhantes levadas a cabo no Douro pela Real Companhia Vinícola do Norte.

Em 1891 os primeiros resultados são apresentados a público na Exposição Industrial Portuguesa. Noutras zonas do país a experimentação é a palavra de ordem e mesmo no Alentejo, em Castelo de Vide, a família Le Cocq já produzia, crê-se desde 1850, um espumoso fino e delicado mas que não seguia a regras da zona de Champagne. Em Lamego irá também nascer uma empresa – Valle, Filho & Genros – que, ainda no séc. XIX, começa a produzir espumantes e que está na origem das Caves da Raposeira. Na Bairrada, Tavares da Silva produz os primeiros “vinhos espumosos” por fermentação natural em garrafa. A apresentação oficial tem lugar três anos mais tarde e dos quatro tipos apresentados foram “julgados bons trez d’esses typos a que se concordou dar os nomes de Secco, Supra e Excelsior”. Constitui-se então a Associação Vinícola da Bairrada que visava exactamente a produção de “espumosos do typo champagnes”.

Os vinhos então produzidos já seguiam as práticas básicas da produção: elaboração de um vinho-base, adição de leveduras e açúcar para a segunda fermentação, remuage das borras nas pupitres e dégorgment antes da colocação da rolha final.

Na primeira década do século XX está estabelecida a indústria do espumante na zona bairradina que, a par de Lamego, ganhou foros de grande zona produtora. A história da Bairrada conta-se também através das inúmeras Caves que foram surgindo nas primeiras décadas do séc. XX, empresas que não eram produtoras mas que adquiriam vinho feito a lavradores e que depois espumantizavam.

Da Bairrada, de Lamego e de todo o lado

A produção nacional esteve muitos e muitos anos confinada a duas zonas: a Bairrada e a zona de Lamego onde a Raposeira e a Murganheira ditaram as leis e os modelos do espumante que se consumia no país. Esse consumo foi, durante muitas décadas, sobretudo de vinhos da variedade Meio-Seco, muito usados em momentos de celebração como casamentos, baptizados, passagens de ano, aniversários ou outras festividades.

A grande luta das últimas décadas foi exactamente a mudança deste paradigma, ou seja, tirar o espumante da sobremesa e mudá-lo para aperitivo ou mesmo como acompanhante da refeição, diminuir-lhe o teor de açúcar, impondo o tipo Bruto (até 12 gr/açúcar por litro) como sendo o que melhor expressa as qualidades e o perfil desta ou aquela marca. A partir da década de 90 do século passado começaram também a surgir espumantes noutras zonas do país: renasceu no Douro quer na Real Companhia Velha quer nas Caves Transmontanas, começou a ganhar força na região dos Vinhos Verdes e, aos poucos, foi-se espalhando por todo o país.

Actualmente está presente em todas as regiões, incluindo nas ilhas dos Açores e Madeira. Esta expansão não corresponde, no entanto, a uma produção massiva: há muitos produtores que assumem o seu espumante como complemento de portefólio e as quantidades são residuais. É o caso, por exemplo, dos vinhos Alvarinho de Monção e Melgaço onde proliferam muitas marcas mas que apenas têm circulação regional em consequência da pequena produção. Em termos de volume é na Bairrada e em Lamego (Távora-Varosa) que mais se produz, com quantitativos a chegarem aos 3,5 milhões de garrafas (Raposeira e Murganheira) e a Bairrada – com uma produção disseminada por muitos produtores – a atingir os 10 milhões de garrafas. São estas duas regiões que, a haver, deveriam ter uma Denominação própria para espumantes, coisa que não existe em Portugal. A estes números deverão acrescentar-se 1126 marcas de espumante com o selo IVV-Instituto da Vinha e do Vinho (sem D.O.) que circulam no país, o que poderá corresponder a uma quantidade de garrafas muito significativa, não contabilizada aqui.

Espumantes
Aliança

Os sins e os não dos rótulos, velharias e modernices

As garrafas de espumante trazem algumas informações importantes que convém conhecer. Em primeiro lugar, a informação da cor deixou de ser obrigatória e por isso, nomeadamente em brancos e rosados, poderá não ser muito evidente a identificação da cor olhando através do vidro colorido da garrafa. Alguns vinhos “brancos” são feitos com uvas tintas – prática habitual e com grande tradição em Champagne – e podem apresentar uma muito leve coloração que não corresponde a um branco, mas também não é um rosé. Assim sendo, é mais prático não indicar qualquer cor.

Em segundo lugar, a indicação da data da colheita, só por si, não nos diz tudo sobre o tempo que poderemos guardar o vinho em casa; tudo depende da duração do estágio que o vinho teve em cave antes de lhe ser colocada a rolha de cortiça. Algumas empresas, como a Murganheira, chegam a manter o vinho 10 anos em estágio antes do dégorgement e só sabendo isso é que podemos aquilatar da duração do vinho em casa. Começa, felizmente, a ser frequente vir na garrafa a indicação da data em que o vinho foi degorjado; é essa a data que nos interessa: a partir desse momento poderemos contar 6 a 8 anos para consumir o vinho. Passado esse tempo entramos em período crítico em que o vinho pode já não estar bom.

A rolha, com o tempo, perde a elasticidade e acabará por deixar sair o gás do vinho. Sem gás…não há espumante! Em terceiro lugar, o vinho pode ter, ou não, Denominação de Origem; esse não é necessariamente um factor de diferente qualidade. A fim de poder colocar o vinho mais cedo no mercado ou usar castas não previstas nos regulamentos, os produtores podem optar por não certificar o seu vinho que, por isso, sai para o mercado apenas com um selo IVV não tendo passado pelo crivo de qualquer câmara de provadores. É o consumidor que vai aquilatar da qualidade e da aptidão do espumante para ser consumido à mesa ou fora dela.

Uma outra questão que se pode colocar: ter data da colheita é sinónimo de melhor qualidade? O assunto é muito caro aos franceses porque em Champagne a maior parte da produção assenta em vinhos não datados. A razão é histórica e climática: com as grandes variações que o clima reserva àquela zona de França, a produção é demasiado variável para poderem os vinhos ter sempre a data da colheita. Assim, generalizou-se a prática de deixar vinho guardado de umas colheitas para as outras, o Vin de Réserve, a fim de poder fazer a cuvée anual tão parecida quanto possível com o vinho que melhor representa o “estilo da casa”. Por cá, também por força de um clima mais previsível em termos de variações, as garrafas datadas ganharam mais protagonismo. No entanto, não é por não terem data que serão de menor valia. O consumidor é que deverá informar-se bem, no momento da compra, sobre a idade do vinho que está a comprar, para não ter surpresas no futuro.

Caves Messias

A produção do espumante vai acompanhando os gostos e as manias dos consumidores. Por essa razão, ao fim de décadas e décadas sem alterações significativas, também neste sector se encetaram algumas mudanças. Foi o caso da rolha, que alguns produtores quiseram substituir por uma carica, sendo o vinho vendido com esta tampa metálica. Esta prática, que seguramente não agrada à maioria, poderia resolver de vez a longevidade do espumante em garrafa, seguramente assegurando um bom produto por 30 ou mais anos, mas por enquanto é a rolha que prevalece. A segunda novidade é, em boa verdade, uma velharia. São os chamados PetNat (pétillant naturel), espumantes em que o vinho é engarrafado ainda antes de terminar a fermentação e, assim, ela irá finalizar-se na garrafa, gerando gás carbónico. É o chamado Método Ancestral. Resulta assim um vinho turvo, com menos pressão e, a  meu ver, muitíssimo menos interessante que um espumante/champanhe. É uma moda, como outras que percorrem agora o mundo do vinho. Os adeptos acham que é mais do que uma moda. Deixemos ao tempo essa decisão…

Espumantes
Caves Murganheira (Foto Anabela Trindade)

O espumante à mesa

Diz-se com frequência que o espumante é a única bebida que pode acompanhar uma refeição do princípio ao fim. Tendo a concordar. Muita da luta que alguma imprensa (onde me incluo) tem tido nas últimas décadas assenta na ideia de o espumante poder ser melhor apreciado no início e durante a refeição. Se recuássemos aos anos 70 do século passado assistiríamos ao consumo do whisky com gelo como bebida para receber convidados ou fazer de aperitivo. O espumante era, fora círculos restritos de consumidores avisados, uma bebida de festa, de celebração, mas não necessariamente um parceiro de refeição.

A luta centrou-se então no “puxar” do espumante para aperitivo, deixando de lado o whisky que, diga-se, à época, tinha versões populares muito baratas, com marcas como Benfica, Sporting e Porto e outras do mesmo calibre, com a qualidade/complexidade que se imagina. Ao trazer o espumante para aperitivo, a variedade Bruto começou a ganhar cada vez mais adeptos. Embora não corresponda a um espumante sem açúcar (pode conter até 12 gramas/açúcar por litro, apenas o Bruto Natural não tem açúcar adicionado), passou a ser perfeito companheiro para acepipes e petiscos entradeiros onde os peixes fumados começaram também a ganhar adeptos.

O segundo momento reveste-se de maior complexidade, ou seja, fazer do espumante o acompanhamento de toda a refeição. Aqui não há regras fixas e tem de se ver caso a caso porque é preciso perceber a textura, o volume, a acidez e o balanço do prato para descobrir depois qual o espumante que lhe pode ir mais a jeito. Mesmo os apreciadores de Champanhe têm o mesmo problema e a literatura e os conselhos dos franceses sobre a matéria são muito variados. Na região francesa, o clima e a história (múltiplas ocupações da zona) impediram a criação de uma tradição própria de pairing wine and food, pelo que mesmo em França não há ideias-feitas sobre a ligação com a comida. Segura é a ligação com aperitivos de luxo (como caviar) peixes e mariscos (nomeadamente ostras, lavagante), muito consensual é também a conjugação com queijos cremosos do tipo Brie ou Camembert mas também outros como Chaourse. Já à mesa, são os aromas e sabores exóticos dos pratos de caça que fazem as delícias de muitos apreciadores. Um mundo por descobrir.

Espumantes
Raposeira

As castas e o clima – uma escolha difícil

A produção de espumantes é possível em qualquer zona, independentemente do solo e do clima. Sabe-se que é preciso ter um vinho-base com pouco álcool e para isso é aconselhável colher as uvas cedo para se obter um vinho com acidez elevada e pouco grau. Se tivermos depois uma cave fria e com temperatura constante onde o vinho possa repousar (o que se fez na Bairrada, por exemplo, e também nas Caves da Murganhiera), é possível fazer um espumante de norte a sul. Fica então a pergunta: porque é que há castas/zonas onde os resultados são melhores do que outros?

Antes de mais, as castas a seleccionar deverão ser razoavelmente neutras em termos aromáticos; é por esta razão que, a não ser por curiosidade, quase não se fazem espumantes naturais com Riesling, Moscatel ou Sauvignon Blanc; são castas muito aromáticas e marcam demasiado o vinho final. A ideia é mesmo que esses aromas finais resultem da segunda fermentação e do prolongado estágio em garrafa.

Temos então que variedades mais neutras, como a Chardonnay e Pinot Noir mas também, no caso da Bairrada, a Baga, e no Douro, a Gouveio, a Rabigato e Viosinho são as mais aconselháveis. E, se tiverem origem em climas frios, as castas com pouca maturação fenólica, com pH baixo, ácido málico elevado e acidez também elevada, tendem a gerar melhores espumantes. Nos climas quentes tudo fica mais difícil porque muitos destes factores não existem naturalmente. É essa conjugação de factores, aliada aos solos calcários, que é responsável pela supremacia dos champanhes franceses (passe o pleonasmo…) face aos espumantes, sobretudo depois de longos estágios em cave antes do dégorgement. Como conclusão pode dizer-se: faz-se em todo o lado, mas…não é a mesma coisa!

Espumantes
Quinta das Bágeiras

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Tintos de luxo do Alentejo – Por menos de €30

Tintos do Alentejo

Clássicos ou modernos, com castas portuguesas ou internacionais, os vinhos do Alentejo surpreendem pela qualidade em estilos muito distintos. Demonstram uma diversidade de abordagens enológicas e talento de quem os faz, independentemente de serem produzidos por uma casa familiar, uma grande empresa ou uma adega cooperativa. E dão-nos a possibilidade de aceder a tudo isto […]

Clássicos ou modernos, com castas portuguesas ou internacionais, os vinhos do Alentejo surpreendem pela qualidade em estilos muito distintos. Demonstram uma diversidade de abordagens enológicas e talento de quem os faz, independentemente de serem produzidos por uma casa familiar, uma grande empresa ou uma adega cooperativa. E dão-nos a possibilidade de aceder a tudo isto por um preço sensato.

Texto: Valéria Zeferino

Fotos: Ricardo Palma Veiga

 A região do Alentejo não só contribui com 18% da produção nacional de vinhos (3º lugar a seguir ao Douro e Lisboa) mas também representa a maior quota do mercado, quase 40% em valor e 35% em volume. É por si só uma grande marca.

O Alentejo tem um papel importante na projecção da imagem de qualidade e classe dos vinhos portugueses no palco internacional. Embora não tenha beneficiado da histórica protecção regulamentar do Douro e tenha atravessado várias crises, encontrou o seu caminho para a excelência.

A fama nem sempre traz só coisas boas. Segundo o produtor e enólogo João Portugal Ramos, quando uma região se torna famosa, é sempre um objecto de cobiça, atrai novos investimentos. Por um lado é bom, mas existem dois tipos de operadores. Uns vêm para prestigiar a região, outros  procuram apenas fazer negócio, criando volume sem valor.

Tintos do Alentejo
A região do Alentejo é muito diversa em solos e climas e está dividida em 8 sub-regiões.

Zonas diferentes – qualidade transversal

A região do Alentejo caracteriza-se por 4 zonas distintas – Alto Alentejo mais a norte, Alentejo Central, Baixo Alentejo a sul e Alentejo litoral. Dadas às condições edafoclimáticas e históricas, é dividida em 8 sub-regiões.

Mais a norte, no Alto Alentejo, fica Portalegre situado no sopé da Serra de São Mamede. É bem diferente do resto da região devido a maior altitude – até 700 metros – que se traduz em precipitação abundante (cerca de 800 mm/ano) e maior continentalidade que promove grandes amplitudes térmicas diurnas e anuais. Os solos são maioritariamente de origem granítica com algum xisto. Teve grande impulso e investimento nos últimos 10 anos graças às suas características únicas.

No Alentejo central a serra da Ossa separa duas sub-regiões com tradição vitivinícola bem antiga. A norte fica Borba com maior precipitação e a sul está Redondo, protegida pela serra dos ventos nortenhos. As suas encostas e planícies onduladas são expostas a sul, proporcionando condições climáticas mais quentes e secas.

Junto à cidade de Évora localiza-se a sub-região com o mesmo nome. As vinhas estendem-se em zonas planas, com grande nível de insolação e cerca de 600 mm de precipitação anual.

A este, e até ao rio Guadiana, estende-se Reguengos, também com fortes tradições vitivinícolas. Na margem esquerda do Guadiana fica Granja-Amareleja, na zona com mais horas de sol de Portugal, com Verões muito quentes e dos mais secos de todo o Alentejo. A precipitação anual baixa aos 500 mm, sendo bastante desafiante, sobretudo em condições de aquecimento global.

Mais a sul, já no Baixo Alentejo, encontra-se a sub-região de Moura, a que tem menor área de vinha e também a Vidigueira, desde há muito famosa pela casta Antão Vaz e pela excelência dos seus vinhos brancos. Por muito distintas que sejam, de norte a sul, do litoral ao interior, em praticamente todas as zonas do Alentejo há produtores de topo e marcas conhecidas e respeitadas.

As grandes marcas

Alentejo é uma região de fama relativamente recente, mas tem os seus vinhos de culto e ícones históricos, cujo reconhecimento no mercado enalteceu a imagem da região, e também as estrelas em ascenção que projectam o seu futuro.

A Herdade das Servas, por exemplo, tem uma história ligada à produção de vinho, que abrange mais de três séculos, comercializando os seus vinhos em garrafa a partir de 1940. Na mesma época, já eram famosos os vinhos de talha da casa José de Sousa Rosado Fernandes, adquirida em 1986 pela histórica José Maria da Fonseca.

A história da Mouchão no Alentejo começou nos finais do século XIX com a plantação das primeiras cepas de Alicante Bouschet trazida de França. A construção da adega, iniciada em 1901 assinalou o novo século. Em 1954 foi lançado o primeiro vinho com a marca Mouchão que se tornou um dos ícones da região.

A Tapada do Chaves pode gabar-se de uma história secular, tendo plantado as suas primeiras vinhas em 1901 (castas tintas) e 1903 (castas brancas), e são das parcelas mais velhas no Alentejo, na sub-região de Portalegre.  Há três anos foi adquirida pela outra empresa de grande renome na região – Fundação Eugénio de Almeida. Fundada em 1963, é associada a três grandes marcas portuguesas: Cartuxa, criada ainda na década dos 80, Pêra Manca lançada em 1990, ambos num estilo bem clássico, com castas tradicionais alentejanas. O Scala Coeli surgiu em 2005 para expressar um estilo mais moderno.

Quando sararam as cicatrizes da revolução, na altura dos anos 80-90 aparecem mais marcas emblemáticas.

Em 1985, realiza-se a primeira colheita sob a marca Esporão e desde aquela altura a empresa associa arte ao vinho, convidando artistas portugueses para criar os rótulos dos Esporão Reserva e Private Selection – uma decisão de marketing inovadora na altura. Este ano, a marca Esporão foi reconhecida pela revista Drinks International como uma das 50 marcas de vinho mais admiradas do mundo, ficando em 13º lugar no ranking.

Júlio Bastos, proveniente de uma antiga família produtora de vinhos, assinala esta época com os seus famosos Garrafeiras da Quinta do Carmo (de 1985, 1986 e 1987). A marca hoje pertence à Bacalhôa, mas a partir de 2000 o produtor avança com um novo projecto – Dona Maria

João Portugal Ramos é uma figura incontornável no Alentejo, conhece a região como ninguém. Começou o seu percurso enólogico em 1980. Quando se deu o boom dos vinhos do Alentejo a partir de 1985, prestou consultadoria a várias casas conhecidas da região, e na década dos 90 arrancou com o seu próprio projecto em Estremoz.

Em 1986, Joaquim e Leonilde Silveira plantaram a sua primeira vinha na Tapada de Coelheiros, na zona de Arraiolos. O primeiro vinho chegou ao mercado em 1994 com o rótulo inspirado num tapete de Arraiolos com cenas de caça.

Em 1988 um casal americano-dinamarquês, Hans e Carrie Jorgensen, iniciaram a sua aventura de Cortes de Cima no Alentejo perto da Vidigueira. A Sogrape entra no Alentejo em 1991 e em 1996 adquire a Herdade do Peso para reforçar a sua posição na região promissora. Em 1994 o irreverente Miguel Louro estreou-se com vinhos de carácter desruptivo.

Na viragem do século, surgem os “millennials” da região a fazer uma nova história.

Catarina Vieira, realizando o sonho do seu pai, começou a plantar vinhas no Baixo Alentejo, entre a Vidigueira e Cuba, em 2001, e em 2007 o mercado conheceu a primeira marca da Herdade de Rocim – Olho de Mocho. É uma das casas mais dinâmicas e empreendedoras da reigão.

Em 2004 António Maçanita arranca com a Fita Preta, abraçando projectos desafiantes, criando vinhos com carácter vincado e marcas irreverentes que geram polémica e criam empatia. Em 2005 entra no palco a Herdade da Malhadinha, com os rótulos desenhados pelas crianças da família, e foi construída a adega da Herdade dos Grous, também no Baixo Alentejo.

Do outro lado da região, no Alto Alentejo, no mesmo ano arranca o projecto de Altas Quintas baseado nas vinhas de altitude. Há três anos a família Symington adquiriu esta propriedade com 43 hectares de vinha instalada entre os 490 e os 550 metros nos solos xistosos e graníticos e criou a marca Fonte Souto. Pedro Correia, o enólogo dos “não fortiticados” da Symington, afirma que “aquela zona pouco ou nada tem a ver com o Douro”. Em Portalegre acabaram a vindima apenas em meados de Outubro, quando no Douro já tinham acabado há tempo. Julho, Agosto e Setembro no Douro marcam pelas temperaturas extremamente elevadas e em Portalegre não aquece tanto e as noites estão mais frias.

Tintos do Alentejo
O Alentejo oferece um elevado nível de qualidade aliado a variedade de castas e estilos.

Grandes vinhos dão trabalho

Os vinhos de gama alta e média alta exigem muita atenção por parte dos produtores. A diferença está nas nuances e pormenores, que são infinitos.

O enólogo da Esporão, David Baverstock, afirma que os detalhes são indispensáveis quando se quer produzir grandes vinhos. Desde os cuidados a ter na viticultura à abordagem enológica – tudo em função da parcela e da casta. Os rendimentos não podem ultrapassar 4-5 tn/ha para maioria das castas e 7/8 tn/ha no caso de Alicante Bouschet. A separação das uvas destinadas para os vinhos de topo é feita na altura da vindima. Para vinificações usam cubas mais pequenas, que levam apenas 5 toneladas e não 50 como para Monte Velho, por exemplo. Usam lagares de mármore ou cubas rotativas (estas, por serem fechadas, funcionam bem na vinificação da Touriga Nacional, preservando melhor a sua parte aromática). David nota que as castas como Syrah, Alicante Bouschet e Touriga Nacional aguentam bem barricas novas, mas prefere as de maior dimensão (500 litros) “para uma fusão melhor e evolução mais lenta”.

Para António Maçanita, o vinho do Alentejo é textura, concentração “e até mais frescura do que no Douro”. O desafio é evitar passas, vindimar quase maduro. Logo que as uvas ganham cor (a fase do pintor), tira uns cachos mais atrasados para promover o amadurecimento mais homogéneo. Acompanha as parcelas de perto e apanha só o que já está maduro. Porque a mesma casta, nas parcelas distintas, amadurece nas alturas diferentes, vai colhendo um pouco de cada vez. A logística da vindima é complexa, mas vale a pena. Um lote de vinhos também não é estanque e pode variar em função do ano. Em seu entender, a Touriga Nacional no Alentejo não entrega qualidade todos os anos, por exemplo.

Preocupações com o álcool

Sendo o Alentejo uma região quente, inevitavelmente, surge a questão do teor alcoólico dos vinhos que ao longo dos anos tem tendência a subir (um tema transversal a várias regiões do país). Tirando uma parte dos consumidores adeptos dos vinhos “potentes”, existe uma preocupação geral e uma pressão internacional de várias companhias anti-álcool.

Os produtores estão cientes disto. David Baverstock confirma a preocupação sobre o tema, sobretudo a nível de aceitação comercial. Pessoalmente, acha que “até 15%, se a concentração permite, tudo bem, mais do que isto já é um exagero”.

Mesmo colocando de lado a questão do aquecimento global, muitas coisas mudaram ao longo das décadas. Supostamente para melhor. Com viticultura de antigamente e o objectivo de produzir mais, os vinhos não chegavam a 10,5-11% de álcool, por vezes adicionava-se mosto concentrado (sendo esta prática autorizada) para aumentar 1-2%. Aprendeu-se a controlar as produções, orientar a viticultura para a planta ser mais eficiente na sua capacidade fotossintética, escolheram-se clones menos produtivos, pratica-se monda de cachos… O resultado – álcool a mais.

“Agora queixamo-nos que Aragonez fica sem acidez”, – dá um exemplo António Maçanita, “mas é o Aragonez que fica sem acidez, ou aquele que nós seleccionámos para dar mais álcool?”

Castas e tendências

Segundo os dados do IVV, em 30 anos a área de vinha plantada no Alentejo duplicou (de 11.510 hectares em 1989 para 24.709 em 2019). Embora o património vitícola na região seja bastante jovem, nas sub-regiões de Portalegre, Granja-Amareleja e Vidigueira, sobretudo, existem vinhas centenárias.

A questão das castas portuguesas vs. internacionais e estilo clássico vs. moderno continua a ser pertinente. Uns produtores, como Paulo Laureano ou Duarte Leal da Costa defendem, desde sempre, as castas portuguesas.

Os números mostram que as castas nacionais como Aragonez e Trincadeira continuam a ser as mais plantadas, seguidas de Alicante Bouschet. Esta, embora seja de origem francesa, já se pode considerar tradicional no Alentejo pela sua longa história e méritos confirmados. Obtida por cruzamento de Grenache com Petit Bouschet nos meados do século XIX, terá sido trazida para Portugal no final do mesmo século e plantada na Herdade do Mouchão pela família Reynolds. O reconhecimento da casta pelos produtores e consumidores não foi imediato e só aconteceu nos anos 90 do século passado. Hoje, há mais Alicante Bouschet em Portugal do que em França, de onde é original e onde é praticamente desprezada.  Gosta de clima quente, precisa de muitas horas de sol, para amadurecer os seus taninos esmagadores. Com produção controlada e plantada no sítio certo, dá vinhos com estrutura e concentração, preparados para aguentar anos em garrafa.

Syrah apareceu na região há apenas duas décadas, pela mão dos proprietários da Cortes de Cima, onde a primeira vindima aconteceu em 1998 “incognitamente” porque não fazia parte de castas permitidas para a região. Hoje é a quarta casta mais plantada no Alentejo e continua a liderar a lista das castas mais utilizadas na reestruturação da vinha. A Cabernet Sauvignon também faz parte das primeiras 10 na lista de castas mais plantadas da região.

João Portugal Ramos refere que nos seus topos de gama dá preferência às castas portuguesas. Também gosta de Syrah, como uma casta melhoradora, e repara que “no Alentejo a Syrah é moldada pela região; ou melhor, o perfil da casta vai ao encontro do perfil do Alentejo.”

António Maçanita acha que esta abertura foi uma fase necessária para a região: mostrámos que conseguimos fazer as castas mais conhecidas como noutras regiões do mundo. O foco agora é recuperar equilíbrio. “As castas e os vinhos do século XXI não devem ser uma cópia do passado, mas uma integração gradual de castas que podem complementar o perfil.”

A verdade é que, como esta prova mais uma vez demonstrou, o Alentejo oferece um nível de qualidade aliado a diversidade de castas e estilos, como talvez nenhuma outra região do mundo. E poder aceder a estes vinhos por valores bastante razoáveis é, sem dúvida, um privilégio.

As uvas nacionais como Aragonez e Trincadeira continuam a ser as mais plantadas, seguidas de Alicante Bouschet.

Editorial – Elogio da Castelão

Editorial da revista nº52, Agosto 2021 Dois eventos com o mesmo denominador comum, num curto espaço temporal, trouxeram-me ao copo e à mente uma variedade de uva com a qual tenho convivido de perto desde o início da minha carreira: Castelão. Uma casta outrora dominante, depois caída em desgraça, e que ainda hoje, apesar de […]

Editorial da revista nº52, Agosto 2021

Dois eventos com o mesmo denominador comum, num curto espaço temporal, trouxeram-me ao copo e à mente uma variedade de uva com a qual tenho convivido de perto desde o início da minha carreira: Castelão. Uma casta outrora dominante, depois caída em desgraça, e que ainda hoje, apesar de tímidas tentativas de reabilitação, está longe de ser consensual.

 

No passado mês de julho tive dois encontros marcantes com a Castelão como protagonista. Primeiro, levei para um almoço muito especial, onde só são admitidos vinhos de idade avançada, um conjunto de preciosidades da minha garrafeira, brancos e tintos, entre eles um Periquita 1986. Desgraçadamente, dos 14 vinhos diferentes que abri nessa manhã, era o único com gosto a rolha. Odeio quando isso acontece com um vinho velho, considero quase uma ofensa pessoal e uma desconsideração pelo tempo e carinho que dediquei à garrafa em questão. Por isso, como sabia ter ainda uma outra garrafa em casa, arranjei pretexto para a abrir dois dias mais tarde: estava sublime, firme, complexo, com tanino ainda presente e fantástico equilíbrio de acidez. O blend não podia ser mais original e retrata uma época e um local: Castelão, em larga maioria, com Monvédre e Espadeiro.

O segundo momento Castelão teve a ver com uma muito interessante prova organizada pela CVR do Tejo (ver página 34). Com vinhos velhos e novos, a iniciativa visou reavivar esta casta clássica regional, junto dos produtores locais e dos apreciadores.

Houve tempos, não muito longínquos, em que a Castelão era a casta tinta mais plantada em Portugal. Quando Jorge Bohm escreveu, em 2005, o seu “O Grande Livro das Castas” (obra de consulta obrigatória) já tinha deixado de o ser, perdendo a posição para a Tinta Roriz/Aragonez. Desde então foram raríssimas as novas plantações de Castelão. Ao invés, milhares de hectares desta casta foram substituídos por Syrah, Touriga Nacional ou Alicante Bouschet.

Em 1995, a Castelão ainda era a primeira ou segunda casta tinta em algumas sub-regiões do Alentejo, como Redondo, Borba e Reguengos. Há muito que deixou os lugares cimeiros, e embora continue presente em vários vinhos de entrada de gama, quase ninguém a usa nos lotes mais ambiciosos. Nas vinhas antigas de sequeiro, porém, ainda permanece, contribuindo com o seu perfume e elegância para a elaboração de alguns tintos marcantes, como o Sem Vergonha de Susana Esteban, um estreme de Castelão.

No Tejo, mantém-se a tinta mais plantada, com 1.500 hectares, e está presente na maioria dos lotes regionais. Porém, há apenas dois ou três os tintos 100% Castelão. Mas existem sinais positivos vindos de casas como Companhia das Lezírias ou Quinta da Alorna. Esta última irá lançar em breve, um belíssimo Castelão 2017 de uma só parcela.

Junto do apreciador, no entanto, o “solar” do Castelão está hoje claramente identificado com a Península de Setúbal (onde, curiosamente, a casta chegou vinda do Tejo) e em particular com os solos pobres e arenosos de Palmela. Ali encontramos diversas vinhas de sequeiro que são a base de quase duas dezenas de vinhos de Castelão, entre eles alguns de topo, que se destacam pela textura, elegância e potencial de longevidade. Segundo a CVR local, estão certificados e cadastrados 5.273 hectares de castas tintas, dos quais 3.255 ha de Castelão, um verdadeiro tesouro para quem o saiba usar.

Como já perceberam depois de toda esta conversa, gosto de Castelão. Tenho-a como uma variedade versátil (espumantes blanc de noirs, rosés, tintos) que pode originar vinhos que primam, não pela cor e pela potência, mas pela qualidade da fruta, pelo equilíbrio de acidez, pela finura. Apesar de ser utilizada sobretudo para esse fim, não é a fazer tintos bons e baratos que mostra o que vale, outras cumprirão melhor essa tarefa. Acredito que, se for bem tratada na vinha e na adega, pode tornar-se em mais uma daquelas pérolas do património vitícola nacional que, de quando em vez, resgatamos do baú do esquecimento para brilhar resplandecente e fazer toda a diferença.

Monte da Ravasqueira: Uma carta de amor ao Alentejo

Monte da Ravasqueira Alentejo

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Há três gerações que a família Mello é proprietária do Monte da Ravasqueira, em Arraiolos, mas foi na segunda que o projecto de vinhos nasceu. Hoje, é um negócio sólido e consolidado, e isso reflecte-se num portfólio de luxo.

Texto: Mariana Lopes
Fotos: Ricardo Gomez

Monte da Ravasqueira familia Mello
Monte da Ravasqueira em Arraiolos

“Ex.ᵐᵒ Senhor, / Sou apenas um aprendiz de vitivinicultura pois só há pouco comecei a ter a vinha plantada na minha propriedade da Ravasqueira, em Arraiolos, com a adega em fase de construção.”. Assim começa a carta escrita, em 2002, por José Manuel de Mello — segunda geração de proprietários do Monte da Ravasqueira — a Luís Lopes (à data, Director da Revista de Vinhos). O seu pai, D. Manuel de Mello, havia adquirido a propriedade em 1943, como casa de família e refúgio de campo, e viria em 1966 a falecer, deixando tudo nas mãos do filho. Com uma grande paixão pelo Alentejo e pelo seu monte, José de Mello dedicou-se ali à agricultura e ao apuramento da raça do Cavalo Lusitano, mas também à plantação de vinha, na esperança de vir a realizar um sonho, que era o de transformar a Ravasqueira num projecto vitivinícola de sucesso e de grande qualidade. Hoje, e desde 2009, são os seus doze filhos que gerem a empresa e o Monte liderados pelo mais novo, Pedro de Mello, vice-presidente do Grupo José de Mello e presidente do Conselho de Administração do Monte da Ravasqueira. O engenheiro agrónomo e enólogo Pedro Pereira Gonçalves é o seu braço direito no negócio do vinho, como administrador executivo e chefe de enologia, apoiado neste campo pelo enólogo assistente Vasco Rosa Santos.

É em 1998 que o sonho começa a materializar-se, com a plantação das primeiras vinhas. José de Mello — “muito de pormenores e interventivo”, diz o seu filho Pedro — tinha levado até esse momento vários estudos geológicos para a escolha das melhores castas a plantar, juntamente com consultores das Universidades de Évora, Trás-os-Montes e Bordéus. Tudo isto deu-se pouco depois de um acontecimento importante para a família: em 1996, uma equipa de quatro Cavalos Lusitanos da Ravasqueira foi Campeã do Mundo de Atrelagem, na Bélgica. Foi a primeira grande vitória de Cavalos Lusitanos numa competição mundial. Esta sempre foi uma dimensão importante do projecto, e por isso há na propriedade um Museu das Atrelagens, com exemplares de vários épocas e séculos. Este é só mais um dos ex-libris da casa brasonada, pintada com branco e com o azul inconfundível de assinatura Ravasqueira. Com várias valências, incluindo o enoturismo que está agora em pausa (para protecção de toda a equipa), é gerida por Cristina Azevedo Coutinho, irmã de Pedro de Mello e administradora executiva.

O sonho começa aqui

Em 2001, surge o primeiro vinho, Monte da Ravasqueira 1ª Colheita tinto 2001, apenas um ensaio para consumo interno, que nunca chegou ao mercado, mas que foi como um pontapé de saída para todos os que ainda estavam para vir, começando no primeiro vinho comercializado já da colheita seguinte, o Monte da Ravasqueira Fonte da Serrana tinto 2002. “O 2001 foi pisado pelos netos do meu pai e feito em talha”, conta Pedro de Mello, “é uma relíquia que temos guardada e que raramente abrimos”. Actualmente, dos 3 mil hectares de extensão total, cinquenta são de vinha. Como manda a tradição das grandes herdades alentejanas, o Monte da Ravasqueira abrange várias actividades agrícolas, sobretudo a cortiça, o mel, o azeite, a comercialização de gado bovino e a engorda de porco preto. No entanto, e aqui a contrariar a tendência, o negócio principal é, de facto, o vinho, produzido sob a umbrela Sociedade Agrícola D. Diniz. As quinze castas presentes no Monte, estão distribuídas por vinte e nove talhões, e plantadas em oito solos distintos — onde predomina o granito —, em vinhas que lembram um refúgio, por estarem rodeadas de floresta com choupos, azinheiras e muitas outras espécies de árvores. As variedades brancas são as tradicionais do Alentejo, como Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, mas também algumas autóctones de outras regiões, como Alvarinho, Viognier, Marsanne, Sauvignon Blanc e Semillon. Nas tintas, o encepamento passa por Touriga Nacional, Syrah (estas duas em maioria), Aragonez, Alicante Bouschet e Touriga Franca, mas também Petit Verdot, Nero d’Avola e Sangiovese. Pedro Pereira Gonçalves, que em 2012 revolucionou a estratégia do projecto de vinhos da empresa, refere que ali “havia Cabernet Sauvignon, mas foi totalmente reenxertado com Syrah. É importante para o vinho Ravasqueira Reserva da Família, pois permite manter a consistência ano após ano”. Reserva da Família, em branco e tinto, é uma das marcas mais importantes da casa, designada até 2015 apenas por “Reserva”. São as vinhas mais próximas da casa-mãe que fornecem as uvas para estes vinhos que, segundo Pedro de Mello e Pedro Pereira Gonçalves, pretendem ser fiéis ao território, fruto da escolha das melhores parcelas que permitam atingir isso mesmo. Inserem-se num portfólio nada pequeno mas bem definido, ao lado dos Monte da Ravasqueira Clássico e Superior (em exclusivo para a grande distribuição), os Seleção do Ano (sobretudo para restauração) os Ravasqueira monovarietais, o Vinha das Romãs, os MR Premium (topo de gama) e as “experiências do enólogo”, que passam por um espumante Grande Reserva Brut Nature, um licoroso e um colheita tardia. Estes vinhos são produzidos com as uvas da propriedade mas também de 150 hectares noutras sub-regiões do Alentejo, em regime de aluguer.

Monte da Ravasqueira familia Mello
Pedro de Mello e Pedro Pereira Gonçalves.

Uma vertical de luxo

A marca Reserva da Família é um ícone da Ravasqueira, que para o ano completa 10 edições. Uma prova vertical desta marca foi o pretexto principal para a visita, quatro brancos e quatro tintos, a culminar na colheita que está no mercado. Começando pelo branco, de Viognier e Alvarinho em partes iguais, que fermenta em inox e depois passa para barricas de carvalho francês, 50% novas e 50% usadas (com ligeiras variações destas percentagens de colheita para colheita), onde estagia sobre borras e com bâtonnage ligeira. Começou-se pelo 2016, que mostrou um nariz já complexo com frutos secos, mel, citrinos e fruta branca cristalizados, pedra raspada, ervas aromáticas e especiaria exótica como o caril. Ainda muito crocante e fresco, está já consolidado e muito equilibrado na boca aveludada e estruturada. O 2017, por sua vez, está nos aromas minerais frescos, com grafite, floral branco e nota vegetal, e pimenta branca. Tem bastante intensidade de boca e estrutura no corpo, mas é elegante e amplo, persistente. Já o 2018 apresentou-se mais sério e contido no nariz delicado, com alperce maduro, flores brancas, nota vegetal fresca e toque de aloé vera. Tem muita fruta branca no palato, é saboroso e envolvente, ainda bem jovem. O tinto é um lote de Syrah e Touriga Nacional, também em partes iguais. O Syrah vinifica em lagares, com pisa automática e bastante extracção, e a Touriga em cubas troncocónicas “para que se obtenha uma extracção mais elegante”, desta casta, explica Pedro Pereira Gonçalves. De seguida, 60% do lote estagia doze meses em barricas novas de carvalho francês. O início da vertical dos tintos deu-se com o 2015, bem profundo e silvestre no aroma concentrado, com fruta vermelha e negra madura. Muito elegante na boca, é aveludado nos taninos mas tem bastante carácter e presença. Muito sólido e robusto, com imensa pureza e persistência. O 2016 acrescenta um lado terroso ao silvestre, com caruma e frutos vermelhos perfumados. Menos concentrado, tem imenso equilíbrio e é um vinho chamativo, sedutor. O 2017 é todo ele exotismo na fruta, com bergamota, tangerina e um lado muito floral, a sobressair mais a Touriga Nacional. Bem vegetal, é vivo nos taninos e guloso, com nota de cogumelo e sugestão de cacau.

Tanto o Reserva da Família branco como o tinto agora lançados, de 2019 e 2018, respectivamente, tem a sua nota de prova no final deste artigo. Estas duas verticais permitiram perceber a capacidade de evolução destes vinhos, que a cada ano na garrafa ficam mais finos, apurados e complexos, a mostrar que podemos esperar por eles durante estes e muitos mais anos. As colheitas actuais descortinam isso mesmo, mas estão ainda plenas de juventude e garra, a pedir que o consumidor as guarde para ser surpreendido.

Os números de 2017, ano em que houve uma reestruturação comercial e em que os vinhos já se vestiam de uma nova imagem, indicaram uma facturação de sete milhões de euros. Até hoje, o negócio continua a crescer, com 5 milhões de garrafas produzidas anualmente, mais de metade com destino a países externos.

“Toda a minha vida fui empresário e sei bem como é difícil ‘fazer’ qualquer coisa com valor em Portugal.”, foi como José Manuel de Mello rematou a carta. Pois, hoje, o Monte da Ravasqueira honra esse valor: “Procuramos concretizar, todos os dias, uma cultura vencedora”, diz Pedro de Mello. E os vinhos estão cá para contar…

Monte da Ravasqueira familia Mello

(Artigo publicado na edição de Novembro 2020)[/vc_column_text][vc_column_text]

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