Pinot Noir em Portugal, uma uva imprevisível

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Considerada por muitos como a casta que origina os mais elegantes e sofisticados tintos do mundo, em particular na Borgonha, a Pinot Noir é, no entanto, uma uva muito difícil e particularmente exigente quanto ao clima, solos, […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Considerada por muitos como a casta que origina os mais elegantes e sofisticados tintos do mundo, em particular na Borgonha, a Pinot Noir é, no entanto, uma uva muito difícil e particularmente exigente quanto ao clima, solos, práticas vitícolas e enológicas. Num país como Portugal é quase imprevisível, evidenciando grande variabilidade de colheita para colheita.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Borgonha é um lugar mágico. É também o local ideal para ajudar desvendar os segredos e aprender sobre a magia da sua principal casta tinta, Pinot Noir. A variedade tem a capacidade de expressar as pequenas diferenças do terroir e por esse motivo é uma das castas mais interessantes e estimulantes; por outro lado, pode ser uma das mais difíceis, frustrantes e decepcionantes. O sucesso comercial vem da sua extraordinária habilidade para compor vinhos complexos e longevos, mas também macios, frutados e fácil de apreciar. Existem, porém, limitações geográficas. A casta não se adapta a climas demasiadamente frios e húmidos ou muito quentes, preferindo regiões moderadamente frias capazes de proporcionar um ciclo de crescimento que seja longo o suficiente para produzir uvas com maturação fenólica adequada juntamente com aromas e sabores interessantes.
Literatura antiga explica a possibilidade de que Pinot Noir represente uma domesticação direta de Vitis sylvestris há cerca de 2000 anos. Menções escritas referem a casta Moreillon, um dos antigos sinónimos da casta Pinot Noir, no ano de 1283. Na Idade Média, a nobreza e a igreja cultivaram Pinot Noir em terrenos favorecidos, enquanto os camponeses franceses cultivavam varietais inferiores, como Gouais Blanc, mais orientados para a quantidade.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32036″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Registos históricos do ano de 1375 mostram que o Duque Filipe II, que reinou entre 1363 e 1404, enviou 2500 litros de vinho elaborado com a casta Pinot Noir para a Bélgica antes de uma visita para ser usado em banquetes. Entre os factos históricos mais conhecidos está a preferência do Duque pela casta, declarando em julho de 1395 que apenas Pinot Noir deveria ser cultivada e, numa medida draconiana, ordenou que os produtores arrancassem os seus vinhedos de Gamay até à Páscoa seguinte.
A casta é geneticamente bastante mutável e gerou importantes variações, incluindo Pinot Blanc, Pinot Gris e Pinot Meunier. O relacionamento entre Pinot Noir e Gouais Blanc produziu descendentes famosos como Chardonnay, Aligoté, Melon e Gamay e alguns menos conhecidos como Beaunoir, Gros Bec, Romaine e Sacy. A partir do século XV, a designação Pinot Noir começou a substituir outras grafias como Pineau, Pinoz, Pynos, Pynotz, Pignotz. Fora da Borgonha, a primeira menção confiável à casta data de 1470 na região de Rheingau e em 1766 na Suíça. Depois do século XVIII surgiram menções em diversos países.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A chegada a Portugal
Em 2004 a casta obteve popularidade em várias partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos, devido ao filme “Sideways”, cujo personagem principal defendia as qualidades da Pinot Noir enquanto criticava a Merlot. Consequentemente, houve uma queda nas vendas de Merlot e o interesse pela Pinot Noir aumentou signifitivamente. O mundo seguiu essa moda mas Portugal já estava adiantado à esse respeito. Carlos Campolargo, da empresa familiar Campolargo Vinhos, explica que o Pinot Noir já estava presente na Bairrada desde o fim do século XIX, onde chegou com o propósito de elaborar espumantes. Aponta igualmente que na década de cinquenta os serviços da Junta Nacional do Vinho haviam recomendado o plantio da casta na região, mas o sucesso foi limitado. O interesse pela reintrodução começou a germinar na Bairrada por volta de 1980. Em 1994, Carlos Campolargo plantou os seus primeiros vinhedos visando elaborar vinhos tintos.
Jorge Rosa Santos, enólogo responsável pelos vinhos do Casal Santa Maria, no litoral de Colares, explica que o desejo de plantar Pinot Noir veio do Barão Bodo Von Bruemmer, que optou por esta variedade por questões de preferência pessoal no início de 2000. Carlos Lucas, da Magnum Vinhos, no Dão, decidiu plantar Pinot Noir em 2012 também por preferência pessoal e refere que a sua experiência até agora tem sido positiva, com os vinhos mostrando boa qualidade e adicionando algo diferente no portefólio. No principio pensou fazer espumante, mas como a quantidade no primeiro ano era pouca optou por fazer um tinto. O vinho estagiou em barricas antes de ser engarrafado e a primeira colheita foi lançada no mercado em 2015 com bastante sucesso.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”70″][image_with_animation image_url=”32668″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Uma casta imprevisível
Devido ao seu comportamento notoriamente difícil, o seu desempenho é imprevisível, demonstrando grandes variações entre colheitas e frequentemente falha. Hamilton Reis, enólogo responsável pelos vinhos de Cortes de Cima, diz que o Pinot Noir foi seleccionado para fazer parte do projecto na Costa Vicentina (Vila Nova de Milfontes) em 2008, mas os primeiros anos apresentaram tremendas dificuldades. As uvas eram heterógenas, com dificuldades de sanidade e maturação e davam origem a vinhos de baixa qualidade, sem tipicidade e, por esse motivo, não foram engarrafados. Lembra que esse período de aprendizagem foi necessário para entender a casta e suas particularidades e alterando operações de vinha, aprimorando processos de vinificação e com muita paciência foi possível obter um vinho com a elegância, profundidade e complexidade desejada. Na sua opinião, o vinho conseguiu chegar ao patamar desejado em 2014, sendo então engarrafado.
É importante considerar a aptidão da casta para terroirs específicos. Pinot Noir gosta de solos calcários, clima frio e amadurecimento lento para reter melhor o aroma, caráter e seu frescor. Carlos Campolargo concorda que solos com maior incidência de calcários mostram melhor aptidão para o Pinor Noir, especialmente parcelas em encostas suaves e bem drenadas, sobretudo as que estão viradas ao norte e para o nascente. Já Jorge Rosa Santos preza a frescura do clima que faz com que a casta se sinta confortável, gerando nessas condições vinhos elegantes e sem sobrematuração. A proximidade do mar no Casal de Santa Maria faz com que se note no vinho uma salinidade muito original e pouco usual. Por outro lado, a floração é um ponto crítico em Colares devido à humidade excessiva e orvalho, que causam algum desavinho. A tendência da uva para produzir cachos compactados deixa a planta mais suscetível a riscos de podridão e doenças fúngicas. Após o fecho do cacho podem surgir focos de botrytis. Aliado a isso, a sua pele fina exige um gerenciamento diligente para evitar humidade excessiva. Por esse motivo Hamilton Reis opta por deixar a vinha bem aberta, com desfolhas atempadas, tratamentos rigorosos e controlo de maturação apertado.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32666″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]As folhas de Pinot Noir são geralmente menores do que as de Cabernet Sauvignon ou Syrah e no vinhedo o Pinot Noir é sensível ao vento, principalmente antes de a planta estar formada e forte. O abrolhamento é precoce, o que torna a planta suscetível às geadas da primavera. Problemas com vírus podem causar danos significativos à saúde da videira. A casta amadurece cedo e em condições demasiadamente quentes é suscetível ao escaldão. É preferível que o amadurecimento aconteça tardiamente, o que ajuda a conferir maior complexidade de aromas e sabores. Essa complexidade depende, em parte, do material vegetativo selecionado.
Existe uma variação enorme entre as plantas pelo facto de a casta ser geneticamente instável. Em termos de seleção clonal, o clone 115 continua a ser um dos mais plantados no mundo, juntamente com o clone 114, que está bem conceituado. Hamilton Reis trabalha com o clone 209, um clone produtivo e que dá origem à vinhos mais firmes e austeros, e com o clone 777, que, na sua opinião, confere tipicidade e boa concentração. Diogo Lopes, da Adega Mãe, concorda com o perfil varietal que o clone 777 aporta e cita também a sua capacidade de extração de cor e taninos maduros e redondos como características adicionais. Além disso aprecia a boa acidez natural do clone VCR9, que frequentemente é usado para espumantes. Para adicionar estrutura e capacidade de envelhecimento, Diogo Lopes cita o clone VCR18.
Muitos produtores, especialmente os produtores mais tradicionais da Borgonha, preferem fazer uma seleção massal a partir da sua própria população de videiras, ao invés de optar pelo uso de clones. Os principais desafios para Carlos Lucas na Quinta da Alameda incluem produzir a quantidade certa, cerca de 3500kg por hectare, e conseguir fazer um vinho de qualidade e ser fiel aos aromas e sabores da uva. Por outro lado, a grande vantagem do Pinot Noir, de acordo com Carlos Lucas, está na sua singularidade de aroma e sabor relativamente aos outros tintos produzidos na região do Dão. O vinho aparenta ter um certo carisma, o que torna possível vender por um bom preço.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Exigente na adega
Para se fazer um bom vinho é imperativo limitar a produtividade. Os baixos níveis de compostos fenólicos significam que os vinhos exibem estrutura mais sedosa, de corpo médio e com pouco tanino. Baixos níveis de antocianinas dão origem a vinhos com menos cor. O comportamento difícil continua na hora da elaboração, onde é vital evitar muita extração. Na adega é sensível a métodos de fermentação.
É uma casta altamente reflexiva do seu terroir, capaz de resultar em vinhos muito diferentes dependendo dos aspectos físicos da região produtora e métodos aplicados. Hamilton Reis trabalha com fermentações usando diferentes percentagens de engaço, temperaturas distintas, variando tempos de extracção e processos de prensagem, buscando expressar melhor a casta e o terroir. Os vinhos são geralmente envelhecidos em carvalho francês. Estilos tradicionais buscam preservar a expressão natural da fruta, mantendo a proporção de carvalho novo baixa, enquanto estilos modernos, cujos vinhos são mais encorpados, com frutas maduras, texturas sedosas e expressões em geral mais intensas, usam uma proporção de carvalho novo mais acentuada transmitindo sabores mais profundos que incluem cedro, moka, fumo, baunilha e cravo.
A casta demonstra uma variação tremendamente ampla de aromas, sabores e texturas. Vinhos provenientes de um clima excessivamente frio ou safras com deficiência de incidência solar, quando as uvas não atingem um nível de maturação adequada, podem apresentar características herbáceas, incluindo notas de alecrim, pimenta branca, beterraba e chá verde. À medida que o clima aquece, os vinhos mostram delicados aromas de frutos vermelhos como framboesas, morangos, cerejas e nuances florais como pétalas de rosa e violeta. Bons exemplos desses estilos podem ser encontrados nas vilas de Mercury, Givry e Rully, na parte sul de Borgonha. Considerando o terroir de Portugal, Diogo Lopes observa que a fruta proveniente de uma parcela plantada numa encosta em Alenquer que recebe maior exposição solar exibe mais corpo, intensidade e mais tanino em comparação com outra vinha plantada em 2011 na propriedade da Adega Mãe, que conta com um clima mais frio devido a influência atlântica e demonstra fruta mais fresca, muita elegância e maior acidez.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32674″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em clima quente, a fruta mostra-se mais intensa e exuberante, como acontece com vinhos da Nova Zelândia e Austrália. O perfil aromático tende a apresentar características e frutas mais escuras – como, por exemplo, ameixas, amoras, cerejas pretas ou frutas de compota – e muitas vezes desenvolve aromas de especiarias exóticas e ervas secas, como é o caso dos vinhos de Central Otago. Para Hamilton Reis, se e a intensidade da fruta e a sucosidade nos fazem lembrar alguns Pinot do Novo Mundo, a tensão de boca pode levar a pensar em Borgonha. Por isso acredita que o estilo do seu vinho de Cortes de Cima esteja a meio caminho entre perfis possíveis de Pinot Noir, um estilo único da Costa Atlântica do Alentejo, reforçando a capacidade diferenciada da casta para conseguir expressar o terroir.
Certos estilos são capazes de incrível longevidade. Esses vinhos, quando jovens, possuem uma coloração mais profunda e taninos firmes. Como exemplo, em Côte de Nuits existem os vinhos da vila de Nuits St. Georges e, mais ao sul, em Côte de Beaune, aparecem os vinhos da vila de Pommard. À medida que esses vinhos envelhecem desenvolvem aromas mais complexos de terra molhada, trufas, ervas secas, legumes em decomposição, couro e relva.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pinot Noir no mundo
A França lidera a lista de países com maior área plantada de Pinot Noir, com 29.738 hectares, mas a maioria das plantações é destinada à produção de espumantes. Em seguida aparece os Estados Unidos, com 16.776 hectares. A Alemanha vem em terceiro com 11.300 hectares e ali a casta é responsável pelos melhores tintos do país, especialmente em Baden, Pfalz e Ahr. É possível encontrar Pinot Noir na Itália, Espanha, Reino Unido, Áustria, Suíça, Moldávia, Roménia, Hungria, Bulgária, República Checa, Eslováquia, Croácia, Sérvia, Kosovo, Geórgia, Cazaquistão, Rússia, Ucrânia, Turquia e Israel. Em Portugal, a área plantada, de acordo com Antonio Lopes, técnico superior do Instituto da Vinha e do Vinho, é de 252 hectares.
Existem também exemplos expressivos e refinados no Novo Mundo, principalmente nas áreas costeiras que recebem correntes frias dos oceanos, como Carneros, Russian River, Sonoma, vale de Santa Maria e Santa Rita, na Califórnia. Mais ao norte do país, Oregon oferece excelentes exemplos de produtores, como Eyrie Vineyards e Beaux Frères, no vale de Willamette. Mais ao norte, no Canadá, também é possível encontrar exemplos interessantes em Ontário e na Columbia Britânica. Na América do Sul, a Argentina faz vinhos credíveis, como por exemplo Chacra, na região da Patagónia. No Chile, as brisas do oceano Pacífico resfriam os vinhedos localizados perto do mar. Existe um número elevado de produtores fazendo Pinot Noir de excelente custo e benefício. Destacam-se Morandé, Casa Marin e Errazuriz com Las Pizarras, no Vale do Aconcágua. Encontra-se Pinot Noir também no Uruguai, Brasil e Peru, mas existe ainda um caminho a percorrer para atingir a qualidade e consistência necessária.
Na Austrália, bons exemplos surgem de Yarra Valley, Tasmânia e Mornington Peninsula, uma área fresca rodeada por mar. Na Nova Zelândia é possível encontrar excelente qualidade e consistência, destacando-se Clos Henri, Fromm, Neudorf, Felton Road e Ata Rangi, entre muitos outros. A África do Sul conta com influência antártica e os produtores Hamilton Russel, Bouchard Finlayson e Newton Johnson são responsáveis pelos melhores exemplos do país.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32676″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Pinot português, que futuro?
Em termos de qualidade e comparação com vinhos feitos com Pinot Noir de fora do país, Carlos Campolargo acredita que, levando em consideração avaliações da crítica e o desempenho comercial, o resultado tem sido positivo. Diogo Lopes refere que o Pinot Noir permite elaborar vinhos distintos, elegantes, fáceis de beber e observa que quando está em companhia de amigos a garrafa de Pinot Noir é frequentemente a primeira a ser esvaziada, sinal de que são vinhos muito consensuais.
Mesmo com esse optimismo, Carlos Campolargo adverte que, quando comparamos a qualidade do Pinot Noir português com os da pátria desta casta, somos levados a pensar que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. Caminho esse que terá uma série de obstáculos, entre os quais as alterações climáticas poderão ser um factor decisivo. Jorge Rosa Santos acredita que o Pinot Noir será uma das castas mais afectadas caso o clima continue a aquecer. Nesse caso haverá uma tendência de migração para latitudes superiores e climas mais frios ou oceânicos. Além disso, a selecção de material genético mais adaptável ao calor será essencial.
A maioria dos produtores que plantaram Pinot Noir fizeram por preferência pessoal ou buscando o grande desafio que a casta impõe, pois sabem como a casta é exigente tanto no campo quanto na adega. Esses desafios vão continuar crescendo devido aos riscos impostos pelas mudanças climáticas. Além disso resta saber se a casta realmente terá a capacidade de expressar as pequenas diferenças do terroir em Portugal como acontece na Borgonha. Não restam dúvidas de que os produtores de Pinot Noir olham para a Borgonha como fonte de inspiração e comparação. No caso de Portugal, é discutível se realmente é necessário plantar castas estrangeiras num país onde existe um número elevado de castas portuguesas com grande personalidade, capazes de adaptar-se bem às condições do terroir e produzir grandes vinhos.
Os exemplos de Pinot Noir portugueses possuem qualidade razoavelmente boa, mas num contexto mundial estão longe do nível de qualidade dos grandes Borgonhas. Além disso, a relevância comercial desses vinhos fora de Portugal será limitada, visto que países como Chile e Nova Zelândia contam com condições naturais adequadas e economias de escala superiores para produzir vinhos de boa qualidade com preços acessíveis. Para quem optou por plantar esta casta em Portugal, o desafio para o futuro será refinar a qualidade e o estilo para continuar merecendo uma pequena fatia do mercado. Quem ainda não plantou, deveria considerar variedades portuguesas mais adaptadas às condições atuais e também levar em consideração o clima do futuro antes de pensar em plantar essa casta demasiadamente imprevisível e laboriosa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

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A enigmática casta Verdelho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A origem da Verdelho continua a ser um enigma, apesar de estudos recentes terem contribuído imensamente para o nosso conhecimento dessa abstrusa casta. Estudos genéticos já nos possibilitam rejeitar comparações entre Verdelho e Chenin Blanc, Godello, Verdicchio […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A origem da Verdelho continua a ser um enigma, apesar de estudos recentes terem contribuído imensamente para o nosso conhecimento dessa abstrusa casta. Estudos genéticos já nos possibilitam rejeitar comparações entre Verdelho e Chenin Blanc, Godello, Verdicchio Bianco e Verdello que é plantado na região de Umbria, na Itália. Entretanto, devido à existência de múltiplos sinónimos e homónimos, dentro e fora de Portugal, e a um passado inadequadamente catalogado, a origem da variedade permanece um mistério. Por esse motivo, profissionais e publicações continuam a fazer confusão entre castas, principalmente Verdelho, Verdejo e Gouveio.

TEXTO Dirceu Viana Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No passado acreditava-se que o Verdelho havia sido levado do continente para as ilhas de Portugal. Vinhedos velhos foram encontrados nos arquipélagos da Madeira, dos Açores, das Ilhas Canárias e no Vale do Loire, mas, entretanto, não foram identificadas vinhas antigas do continente português contradizendo essa hipótese.
Segundo Jorge Böhm, viveirista e autor, existem registos sugerindo que no início do século XV, quando os portugueses descobriram as ilhas atlânticas, o rei Afonso V solicitou ao seu tio Henrique, o Navegador, que trouxesse as melhores castas das ilhas gregas (Creta). Essas castas foram plantadas na ilha da Madeira. Com o passar do tempo essas castas migraram para as ilhas dos Açores. Autores açorianos, entretanto, escrevem que o Verdelho poderia ter sido importado para os Açores a partir do século XV do Chipre, da Sicília ou possivelmente da ilha da Madeira pelo Frei Pedro Gigante. De facto, um dos registos mais antigos referente à casta Verdelho cultivada nos Açores menciona plantações na lha Terceira e foi escrito por Gaspar Frutuoso em algum momento entre os anos de 1522 e 1591.
Entretanto, através de análise de DNA até agora não foi possível estabelecer ligação genética entre o Verdelho e qualquer casta proveniente da ilha de Creta, Chipre ou Sicília, embora exista a possibilidade da proximidade com alguma variedade das ilhas Canárias, tese defendida por muitos espanhóis.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32036″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Documentos encontrados na ilha da Madeira, mostram que mudas de Verdelho foram enviadas da ilha no ano de 1768. Alberto Vieira, académico e pesquisador da história da Madeira, afirma que em 1783 o Verdelho foi autorizado como uma das castas a serem plantadas na região de Porto Santo. Dados históricos explicam que a casta era amplamente cultivada na Madeira antes de a filoxera atacar a ilha em 1872 e na época constituía cerca de dois terços das plantações. Da mesma forma, o autor Girão estabelece que por volta de 1820 o Verdelho também era a casta mais utilizada nos Açores.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32045″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A ausência de qualquer referência à casta Verdelho antes do século XVIII na Madeira demonstra um intervalo de aproximadamente 200 anos entre a primeira citação do Verdelho nos Açores e os registos da Madeira. Tal referência convida a especulações que a casta poderia ter existido nas ilhas dos Açores antes de ter sido cultivada na ilha da Madeira.
Microssatélites de DNA de cloroplasto são utilizados para definir a direcção dos cruzamentos parentais e através dessa técnica foi possível identificar a casta Savagnin como um dos progenitores da casta Verdelho. Utilizando a mesma técnica, ficou estabelecido que Verdelho é possivelmente um dos progenitores da casta Arinto dos Açores e que, juntamente com a casta Bastardo, sejam os progenitores da Terrantez do Pico. Esse facto reforça o conceito de que o Verdelho poderia ter existido nos Açores há muito tempo para ter gerado descendentes. Além disso, os perfis dos microssatélites provam cientificamente que Verdelho é uma casta diferente da espanhola Verdejo e da portuguesa Gouveio, que, no continente, em muitos casos ainda continua sendo confundida com o Verdelho.
De acordo com dados mais recentes do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) existem 624 hectares de Verdelho plantados no território nacional, incluindo Madeira, Açores (Biscoitos, Pico e Graciosa), Douro, Dão, Beira Interior, Bairrada, Alentejo, Tejo e Setúbal.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo chefe do grupo José Maria da Fonseca, acredita que também haja plantações no Minho. Frederico Falcão, CEO do grupo Bacalhoa, supõe que as plantações de Verdelho no continente sejam escassas e sugere que grande parte da área é constituída por Gouveio, possivelmente devido a confusão que ocorria na hora da encomenda do material genético aos viveiristas. Domingos Soares Franco concorda e acredita que na Península de Setúbal, por exemplo, além dos dois hectares que possui a sua empresa, existe apenas um hectare de Verdelho autêntico cultivado por um produtor vizinho. David Baverstock, que já havia observado o comportamento da casta Verdelho na Austrália, confirma que essa confusão realmente ocorreu na década de 90 quando buscava plantas para estabelecer vinhedos no Alentejo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32035″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Verdelho ou Gouveio?
Jorge Böhm indica que Verdelho de Portugal continental era a variedade Gouveio (ou o Godello espanhol). Diz ele que há cerca de 20 anos, quando houve um projecto governamental de eliminação da expressão homónima, o Verdelho continental passou a ser chamado Gouveio, que era o antigo sinónimo regional do Verdelho. De acordo com dados mais recentes do Instituto da Vinha e do Vinho, existem 1.067 hectares de Gouveio plantados no país.
Gouveio é uma excelente variedade, confirma David Baverstock, enólogo chefe da Herdade do Esporão, capaz de revelar aromas tropicais exuberantes e por isso é apreciada por consumidores. Apesar de haver ligações genéticas com Verdejo, as duas castas são completamente distintas. O francês Pierre Odart, experiente ampelógrafo e responsável por introduzir Verdelho ao Vale do Loire, já havia escrito um artigo em meados do século XIX esclarecendo as diferenças entre Verdelho e Gouveio.
Essa casta, proveniente de um cruzamento entre Castellana Blanca e Savagnin, continua a ser utilizada na região de Trás-os-Montes e Douro, apesar de sua importância parecer ter diminuído ao longo dos anos. Frederico Falcão, CEO da empresa Bacalhoa, que possui a Quinta D’Aguiar em Figueira de Castelo Rodrigo, Beira Interior, onde existem plantações de Gouveio, explica que a casta é resistente a doenças, sendo capaz de atingir produções a rondar entre 10 a 12 toneladas por hectare. O Gouveio é conhecido por apresentar aromas de frutas cítricas, maçã fresca e frutas de caroço. Confere acidez nítida, refrescante, e o nível de açúcar no mosto é equilibrado. Frequentemente aparece na composição dos vinhos do Porto brancos. Numa pequena zona do Douro e na sub-região de Távora-Varosa aparece como base para espumantes. Um excelente exemplo de Gouveio como varietal aparece num vinho espumante feito pela Caves Transmontanas chamado Vértice Gouveio 2007.
Do outro lado da fronteira, Rafael Palacios, renomado enólogo espanhol, trabalha com Godello em Valdeorras desde 2004. O que o atraiu foi a excepcional intensidade da fruta, combinada com sabores elegantes e profundos, textura sedosa juntamente com frescura e salinidade. Palacios acredita que essa casta pode ser vista como uma alternativa para a Chardonnay, capaz de fazer vinhos frescos e refrescantes ou optar por estagiar em madeira, o que confere ao vinho mais corpo, densidade e complexidade. Os vinhos são versáteis e capazes de envelhecer na garrafa por mais de duas décadas, segundo ele. Um dos lançamentos actuais que merecem atenção é Bodegas Rafael Palacios “As Sortes” 2016.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Verdelho ou Verdejo?
Verdejo é uma casta bem-conceituada e praticamente sinónimo da DO Rueda, para a qual é especialmente adequada graças à sua alta altitude, geologia e clima continental, com diferenças marcantes de temperatura entre a noite e o dia. Verdejo é uma das castas brancas mais plantada na Espanha, representando uma parte significativa dos vinhedos de Castilla y León, Castilla La Mancha e Extremadura. Certos livros apontam Castilla y León, no centro-norte da Espanha, como a região nativa dessa casta, no entanto outros livros sugerem que a uva teve origem no norte de África e foi trazida por cristãos que viviam sob o domínio hispano-muçulmano em torno do século XI. Domingos Soares Franco refere que até há pouco mais de uma década Verdelho e Verdejo eram consideradas a mesma casta no território português. Somente através de análise genética foi possível provar que essa presunção estava incorrecta. De acordo com dados recentes do Instituto da Vinha e do Vinho, existem apenas 33,55 hectares de Verdejo plantados no país.
O Verdejo é uma casta que na primeira fase do ciclo vegetativo tem características ampelográficas similares ao Verdelho, sendo difícil encontrar diferenças até à altura da floração.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32039″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Após esse estágio, a casta Verdejo, que demonstra vigor entre médio e alto, distingue-se através de bagos ovóides e cachos maiores do que o Verdelho resultando num nível de produção superior. Verdejo apresenta sensibilidade ao desavinho, principalmente quando as condições na altura da maturação não forem muito favoráveis. Em termos de sensibilidade a doenças, é muito susceptível ao míldio, que tem tendência para atacar o cacho após o vingamento, e é sensível ao oídio. De acordo com Domingos Soares Franco, nas condições da Península de Setúbal é uma casta precoce com maturação semelhante à do Fernão Pires, ainda que Frederico Falcão adiante que nos vinhedos da Bacalhoa a colheita acontece tarde. O mosto tem acidez consideravelmente inferior ao Verdelho, na ordem dos 4,5 a 5 g/l, a casta é mais sensível à oxidação e lenta para clarificar durante a decantação estática.
Por outro lado, o Verdelho brota a médio prazo e por isso é susceptível à geada da Primavera. Amadurece cedo. Exibe bagos ovais de tamanho médio, pele grossa e cachos relativamente pequenos com peso médio e moderadamente compactos. O rendimento é regular e não excessivo. Verdelho prefere um solo mais profundo com certo grau de humidade. Por esta razão, adapta-se bem ao clima marítimo e é mais resistente a doenças, embora seja susceptível ao oídio. Outro grande problema, de acordo com Jorge Böhm, como viveirista, é conseguir encontrar material genético sem vírus. Na adega, o mosto exibe uma acidez elevada na ordem dos 6,5 a 7 g/l. A casta é resistente à oxidação e clarifica durante a decantação estática com mais facilidade do que o Verdejo.
Os vinhos portugueses degustados aqui apresentaram dois perfis distintos e essas diferenças parecem não ser apenas frutos da diversidade edafoclimática, mas aparentam ser vinhos de castas completamente diferentes, como se estivéssemos comparando um Chardonnay com Aligoté. Um grupo apresentou vinhos com estrutura linear, acidez acentuada e um perfil mineral com distinta salinidade. No geral apresentaram um estilo de vinho mais discreto e distintamente gastronómico. Outros vinhos, porém, demonstraram aromas mais exuberantes com abundância de frutas tropicais e florais. São vinhos agradáveis, fáceis de entender e podem ser facilmente apreciados por quem deseja beber um bom copo de vinho sem acompanhar um prato, pois a acidez é notavelmente mais baixa. Essa análise impõe serias dúvidas de que os vinhos cujas notas de degustação transmitem exuberância e aparentam menor acidez sejam realmente Verdelho.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32043″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O futuro
Está claro que a confusão que historicamente existiu entre estas castas ainda persiste e que os dados oficiais possivelmente são bastante imprecisos. É possível que alguns produtores não estejam atentos e que outros prefiram ignorar o tópico por conveniência. Com o aumento do interesse do público em relação a temas ligados à rastreabilidade, responsabilidade social e autenticidade, agora seria um bom momento para esclarecer essa dúvida de uma vez por todas. O tema pode não ser grave o suficiente para gerar manchetes negativas no cenário mundial, como escândalos recentes envolvendo vinhos de Brunello di Montalcino ou a fraude na região do Vale do Rhône e Chateauneuf du Pape. Mas penso ser consensual que tal coisa não deveria continuar, especialmente em Portugal, uma nação séria e íntegra que se orgulha da qualidade, diversidade e autenticidade de seus vinhos.
Não é sequer uma questão de que uma destas castas seja melhor que a outra. São simplesmente diferentes. Em vez de ignorar esse tema enigmático e nebuloso, seria uma oportunidade para clarificar e demonstrar ainda mais a diversidade que Portugal tem para oferecer. Por esse motivo, as informações devem ser mais pronta e rigorosamente compartilhadas pelos viveiristas, os responsáveis do governo e das Comissões Vitivinícolas Regionais precisam de agir e os produtores aceitar responsabilidade, para que os consumidores possam ter confiança no produto que estão comprando.
Tenho a certeza de que muitos profissionais da indústria, Masters of Wine, jornalistas internacionais e sommeliers apreciariam a oportunidade de provar um genuíno Gouveio, comparar com um Verdejo e contrastar com um autêntico Verdelho. Não há dúvida de que todas essas castas são capazes de fazer grandes vinhos. Assim sendo, iriam adicionar ainda mais à história que Portugal tem para contar sobre a multiplicidade e abundância das suas valiosas castas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 18, Outubro 2018

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Surpreendentes tintos na terra dos moscatéis

escolha mestre vinho

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os vinhos de Setúbal têm vindo a conquistar números de vendas muito importantes, mercê da sua excelente relação qualidade-preço. No entanto, os seus tintos, sobretudo, vão muito para além do bom e barato, como Dirceu Vianna Júnior […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os vinhos de Setúbal têm vindo a conquistar números de vendas muito importantes, mercê da sua excelente relação qualidade-preço. No entanto, os seus tintos, sobretudo, vão muito para além do bom e barato, como Dirceu Vianna Júnior teve ocasião de comprovar.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Certos livros apontam a região de Setúbal como possível berço da viticultura na Península Ibérica, quando vinhedos foram cultivados pela civilização tartessa, cerca do ano 2000 A.C. Arquivos históricos mostram que a região já exportava vinho no século XII, mas passou a ganhar notoriedade a partir do século XIV, quando Richard II solicitou que o Moscatel de Setúbal fosse servido durante eventos da corte real inglesa. A região foi oficialmente reconhecida em 1908 e conta com 7.213 hectares de área total plantada, de acordo com os dados recentes do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Apesar da pressão comercial pelo espaço urbano, Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) da Península de Setúbal, constata que a área plantada tem permanecido razoavelmente estável durante a última década.
A casta Castelão, com 3227 hectares (ha), representa cerca de 49% da área total, sendo, de longe, a mais plantada. Moscatel de Setúbal corresponde a 8% da área plantada com 541ha, seguida por 512ha de Fernão Pires, 419ha de Syrah e 287ha de Aragonez. Outras castas plantadas incluem o Alicante Bouschet (252ha), Cabernet Sauvignon (243ha), Touriga Nacional (216ha), Trincadeira (168ha) e Arinto (125ha), dentre outras. A produção total da região nos últimos anos tem oscilado entre 408.000 hectolitros (hl) em anos menos abundantes, como 2013, e 525.000 hl em anos mais prolíficos, como 2017. A média das últimas cinco vindimas é de 480.000 hl. Apesar de o nome da região estar intrinsecamente associado com vinhos licorosos, os famosos Moscatéis de Setúbal representam apenas cerca de 6% da produção total. A maior parte das uvas regionais são destinadas à elaboração de vinhos tintos, que representam 64% do volume total.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”30591″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Percepção e qualidade
De acordo com Frederico Falcão, CEO do grupo Bacalhoa, os vinhos tintos da região têm vindo a conquistar quota de mercado devido à excelente relação entre qualidade e preço que oferecem ao consumidor. Jaime Quendera, gerente geral da Cooperativa Agricola de Santo Isidro de Pegões, concorda e acredita que o sucesso também tem a ver com a facilidade de o consumidor associar a região com as marcas e importantes casas da região. José Mota Capitão, enólogo e administrador da Herdade do Portocarro, julga que o consumidor terá a percepção de que os vinhos tintos de Setúbal apresentam frutas maduras generosas, perfil redondo, com taninos suaves, portanto fáceis de beber. Por outro lado, Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo chefe do grupo José Maria da Fonseca, alerta para o facto de que haver um número elevado de uvas plantadas e existir grande variação de estilos acaba por confundir o consumidor.
Os vinhos da região têm enorme sucesso no mercado português, ocupando a terceira posição, com uma quota de mercado correspondente a 5,8% do volume total engarrafado, abaixo de Alentejo, que conta com 16,8%, e o Minho (Vinho Verde), com 7,4% (IVV 2017). Porém, na mente do consumidor internacional ainda existe bastante trabalho para ser feito. Apesar de a maioria dos profissionais ter conhecimento da região através da reputação de seus Moscatéis, poucos consumidores fora de Portugal percebem a região como produtora de vinhos tintos de qualidade.
Quanto à qualidade dos vinhos tintos, Jaime Quendera acredita que Setúbal esteja no mesmo patamar das regiões mais desenvolvidas do país, tanto no campo da viticultura, com vinhas mecanizáveis e de extensão, quanto na vinicultura, com adegas modernas, totalmente equipadas e com profissionais habilidosos. Na opinião de Domingos Soares Franco, Setúbal estaria num patamar abaixo do Douro pelo facto de ter menos experiência com diversas altitudes e exposições, e mais elevado do que o Dão, por essa região ter estado durante muitos anos dependente de adegas cooperativas e somente ter despertado para a viticultura mais tarde, embora reconheça que sempre ali houve quintas privadas a produzir excelentes vinhos. De um modo geral, na opinião de Domingos Soares Franco, a qualidade dos vinhos da região de Setúbal é comparável à do Alentejo, talvez pela proximidade geográfica, embora solos e clima sejam distintos. Filipe Cardoso, o gestor da Quinta do Piloto, acredita que a qualidade em geral é boa, mas que faltam vinhos de patamares super-premium e ícones para se aproximar das outras regiões produtoras de grande reputação.
Na verdade, existe um pequeno núcleo de produtores responsáveis pela maioria do volume produzido e em termos de enologia, de um modo geral, a região está na linha da frente. Mesmo assim, existe um caminho a percorrer para que a qualidade continue crescendo, principalmente no que diz respeito ao uso excessivo de madeira, incluindo também a utilização de aduelas e outras alternativas. A solução seria tentar assegurar boa maturação e preservar o frescor que a fruta possui devido à proximidade do oceano Atlântico e não ofuscar isso com o uso excessivo de madeira. Também é necessário erradicar um dos maiores problemas encontrado nos vinhos desta região, que é a extração excessiva, o que faz com que os vinhos lançados jovens cheguem ao mercado demasiadamente firmes, tânicos e adstringentes. De um modo geral, é importante não ceder às modas que vêm do exterior, interferir menos e buscar mais a elegância.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Estilos de vinhos
Frederico Falcão considera os vinhos desta região, de forma geral, macios e fáceis de beber. Ao mesmo tempo, a região é capaz de produzir vinhos com estrutura, e muito equilíbrio entre o teor alcoólico e acidez, simultaneamente vinhos elegantes, fáceis de beber enquanto jovens, mas também com capacidade de envelhecimento.
Filipe Cardoso, da Quinta do Piloto, acredita que os vinhos regionais exibem um estilo mais internacional, similar aos vinhos do Novo Mundo, pois são frutados, concentrados e fáceis de beber e frequentemente com madeira evidente. Segundo José Mota Capitão, esses vinhos têm a tendência para ser demasiadamente comerciais, e, como tal, por vezes, perdem um pouco de seu carácter e personalidade. No que diz respeito aos Palmela de gama mais alta, Filipe Cardoso descreve vinhos mais clássicos, vinhos de terroir comparáveis com o estilo Velho Mundo. Para Jaime Quendera, os tintos de Setúbal são tintos maduros, mas apresentam frescura natural devido à sua proximidade ao mar e será esta a sua grande diferenciação.
O facto é que não existe clareza ou consenso em relação ao estilo dos vinhos na região. Por um lado, isso é bom, pois demonstra a personalidade e diversidade, por outro lado torna-se difícil selecionar um produto regional com segurança, devido à falta de coerência no que diz respeito aos estilos de vinhos.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”30592″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso pode ser considerado uma desvantagem em comparação às outras regiões onde os estilos são mais uniformes, como Brunello de Montalcino, Rioja, ou mesmo o Cabernet Sauvignon de Napa Valley ou o Merlot do Chile. Nestes casos, o profissional e, principalmente, o consumidor internacional que adquire o produto, tem uma boa ideia de qual será o estilo de vinho que o espera quando sacar a rolha.
Os consumidores estão dando cada vez mais valor aos vinhos de carácter e que conseguem preservar a personalidade do seu terroir. Existe uma oportunidade para crescer no mercado externo, que hoje é responsável por cerca de 35% do consumo da produção local. Um dos caminhos para que a região se afirme como confiável produtora de excelentes tintos seria valorizar sua casta tinta, o Castelão, como a bandeira principal dos vinhos tintos de qualidade da região. Hoje, uma carta de vinhos verdadeiramente internacional deve contar com a presença de, pelo menos, um Malbec argentino, um Shiraz australiano e um Sauvignon Blanc neozelandês, por exemplo. Além disso, precisa de conter os clássicos do Velho Mundo, como por exemplo Barolo, Ribeira del Duero, Nuits St Georges, entre outros. A região de Setúbal deveria trabalhar no sentido de produzir vinhos tintos onde a casta Castelão fosse maioritária e que atingissem esse nível de notoriedade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desafios e estratégias
Frederico Falcão defende um trabalho que ajude fortalecer a percepção de que os vinhos da Península de Setúbal oferecem excelente custo/benefício para consumo do dia-a-dia e, ao mesmo tempo, tentar surpreender com vinhos de topo de gama. Sugere o foco em mercados como Brasil e Angola, que já são fortes importadores dos vinhos da região. Felipe Cardoso incluiria Inglaterra, Estados Unidos e Canadá como países ideais. Para Domingos Soares Franco, o Canadá, Escandinávia, América Central e América do Sul apresentam as melhores oportunidades. Uma coisa é certa: os produtores precisam de trabalhar em conjunto e gastar a sola do sapato, viajar mais e mostrar os seus vinhos ao mundo com mais confiança.
Apesar de a região ter comercializado €49.238.124 de vinhos tranquilos (Dados do IVV 2017), com um crescimento de 3,8%, existem vários desafios a serem enfrentados. Na área de viticultura, além das ameaças das alterações climáticas, na opinião de Domingos Soares Franco os trabalhos de campo poderão vir a ser comprometidos devido à falta de mão-de-obra. Filipe Cardoso acredita que um dos maiores patrimónios que a região possui deve ser protegido energicamente, ou seja, não deixar morrer as vinhas velhas de Castelão, Fernão Pires e Moscatel, pois é isso que dá identidade à região. Para José Mota Capitão, um grande problema são os preços demasiadamente baixos que produtores recebem pelo seu produto, influenciando negativamente a região como um todo. Acredita que a região precisa de se afirmar como produtora de vinhos de qualidade a preços mais altos e justos. E afirma ser triste e desagradável receber propostas de exportação em que o limite máximo para vinhos da Península de Setúbal está abaixo de 1,79 euros por garrafa.
Porém, muita coisa positiva aconteceu nos últimos anos. Jaime Quendera explica que a região, há menos de duas décadas, era composta praticamente por duas empresas e que em termos de vendas ocupava a sexta ou sétima posição do país. Foi precisamente por oferecer preços médios competitivos que foi possível estimular o desenvolvimento. Hoje, defende, existe um número maior de empresas e essas estão gradativamente mais fortes.
A verdade é que, apesar de a região se mostrar bem capaz de fazer brancos e tintos de qualidade superior, o preço médio está entre os mais baixos do país. De forma geral, é essencial trabalhar com o objetivo de valorizar mais os produtos e adequar os preços ao seu valor intrínseco para assegurar, além de uma margem de lucro correcta, que seja possível seguir investindo e apostando no aprimoramento contínuo, consequentemente garantindo o futuro da região.
Em relação ao futuro, Jaime Quendera acredita que tudo continuará a desenvolver-se como tem ocorrido nos últimos tempos, com produtores buscando melhorar a qualidade e seguir oferecendo ao consumidor vinhos com boa relação entre qualidade e preço. Para Filipe Cardoso não existe duvida de que a região vai continuar a crescer, pois existe um grande número de profissionais jovens, curiosos e criativos à frente da maioria das adegas, o que vai impulsionar o desenvolvimento da região. José Mota Capitão também se mostra optimista e diz que existe espaço para novos produtores, mesmo que o futuro próximo esteja fortemente dependente do que será feito pelas quatro maiores empresas da região.
O interesse renovado por vinhos do Chile e Argentina em vários mercados, nos últimos tempos, tem muito a ver com o que foi feito não pelas grandes marcas mas por pequenos projetos em sub-regiões novas que quebram paradigmas, demonstram criatividade e aumentam a percepção positiva da região e do país como um todo.
É natural que os grandes produtores continuem focados em promover as suas próprias marcas, mas existem méritos e vantagens que justificam fazer um trabalho colectivo em paralelo, com o objetivo de divulgar a região de um modo geral. Definir com mais nitidez os estilos de vinhos tintos, para que fique mais claro na mente do consumidor sobre o que esperar, encorajar pequenos produtores para energizar positivamente a região, continuar a focar na qualidade sem perder identidade com vinhos que não transmitem o seu terroir, não ter medo de ultrapassar limites e lançar vinhos-ícone. Estes serão alguns dos passos necessários para que os vinhos tintos da região atinjam o reconhecimento que precisam e merecem.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 17, Setembro 2018

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Encruzado, a ilustre joia do Dão

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta Encruzado é certamente uma das mais promissoras variedades brancas portuguesas, originando vinhos elegantes, equilibrados, complexos e longevos. E pode vir a ser uma das bandeiras de Portugal nos mercados de todo o mundo. TEXTO Dirceu […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta Encruzado é certamente uma das mais promissoras variedades brancas portuguesas, originando vinhos elegantes, equilibrados, complexos e longevos. E pode vir a ser uma das bandeiras de Portugal nos mercados de todo o mundo.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Eu estava participando numa degustação em Londres, há uns meses. O final da tarde se aproximava e após o dia todo degustando vinhos de várias partes do mundo estava quase na hora de ir embora quando um amigo chegou, aproximou-se para cumprimentar e aproveitou para pedir algumas dicas do que ele deveria degustar, visto que a sessão estava prestes a encerrar, portanto o tempo era curto. Sem hesitar disse que eu mesmo o levaria até a mesa do meu vinho favorito daquele dia. Ele aceitou e lá fomos nós. Ele estava com um ar curioso, provavelmente pensando no que eu lhe iria apresentar e eu estava interessado em surpreendê-lo e observar a sua reação. Passamos pelas mesas de alguns ícones italianos, produtores de Borgonha, excelentes Champagnes, vários vinhos de bons produtores do Novo Mundo e chegamos ao destino.
O vinho que lhe dei a provar era branco. Na minha opinião, exibia extrema elegância, equilíbrio e complexidade. Era encorpado, denso, com textura cremosa, e possuía uma combinação de frutas cítricas, frutas de caroço, avelã e apontamentos florais e minerais. A madeira estava muito bem casada e o final de boca era persistente, com uma frescura incrível. O meu amigo degustou em silêncio, fechou os olhos e após alguns segundos soltou entusiásticos elogios a um grande vinho. Concordou que realmente era um vinho fabuloso e ainda brincou… “Depois desse vinho, acho melhor ir para casa.”
Confesso que fiquei contente por tê-lo deixado devidamente impressionado. O meu amigo era o carismático e conhecido jornalista Oz Clarke; o vinho era da região do Dão; a casta, Encruzado.
O meu entusiasmo por essa casta já havia sido instituído alguns anos antes, quando tive a responsabilidade e honra de selecionar 50 Grandes Vinhos Portugueses para o mercado brasileiro a convite da ViniPortugal, com o objetivo de ajudar a educar e promover os vinhos de Portugal no Brasil. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de degustar múltiplos exemplos dessa casta de uma só vez. Confesso que fiquei tão impressionado com a qualidade quanto pela escassa área de superfície plantada que essa casta ocupava naquela época. Desde então as plantações não evoluíram muito. De acordo com a Comissão Vitivinícola da Região do Dão, existem somente 226,47 hectares de vinhedos plantados na região. Estes números podem estar desactualizados, mas é um facto que a disponibilidade de uva Encruzado é hoje muito inferior à procura.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”29025″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Uma casta recente
É importante levar em consideração que historicamente essa casta aparecia somente em vinhedos mistos. Foi apenas na década dos anos 1950 que o eng. Alberto Cardoso de Vilhena, pesquisador do Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas, iniciou um projeto que incluia plantações desta variedade em parcelas únicas e instituiu micro-vinificações para explorar essa casta separadamente.
Manuel Vieira, carismático e habilidoso enólogo que por muitos anos foi responsável pelo projeto da empresa Sogrape na região do Dão (hoje apoia a vinícola Caminhos Cruzados), lembra-se das suas impressões durante uma prova feita no início da década de 90, quando teve a oportunidade de degustar alguns ensaios do engenheiro Vilhena, incluindo amostras das colheitas da década de 60. Recorda-se muito bem dos vinhos, que, apesar de já estarem em garrafa por décadas, apresentavam um perfil elegante, complexo e ainda bastante vivo. A longevidade desses brancos impressionou não somente Manuel Vieira como também o responsável da Sogrape, Fernando Guedes, e o enólogo José Maria Soares Franco, que estavam presentes. Esse admirável e excepcional trabalho feito por Alberto Vilhena ajudou a moldar os vinhos do Dão e sua influência perdura até aos dias de hoje.
Pouco sabemos sobre a origem e história do Encruzado. Até hoje não foi possível encontrar qualquer menção na literatura do século XIX, mas Manuel Vieira ainda não desistiu e recentemente decidiu formar um grupo para investigar em maiores detalhes o passado dessa ilustre casta. Os indícios mais antigos que temos conhecimento até o momento vêm de um período próximo da II Guerra Mundial, quando a casta aparece mencionada em conexão com a região de Viseu. Nesse contexto, podemos considerar que o Encruzado foi um descobrimento extremamente recente em comparação com castas como, por exemplo, Khikhvi, Rkatsiteli ou Mtsvane Kakhuri, plantadas na Geórgia e com relatos históricos que se estendem desde o ano 5 AC.
Apesar de as variedades portuguesas frequentemente co-existirem em regiões distintas, essa casta raramente aparece fora da região do Dão. Além de aparecer nos vinhos de classificação Dão DOC, é teoricamente possível encontrar Encruzado de plantações recentes nos vinhos regionais de Beiras, Terras do Sado e Alentejo, mas isso raramente ocorre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Boa na vinha, óptima na adega
De acordo com Nuno Cancela de Abreu, enólogo da empresa Boas Quintas (marca Fonte do Ouro), o Encruzado é uma casta fácil do ponto de vista da viticultura. É fácil de conduzir, tem produções regulares capazes de atingir facilmente sete toneladas por hectare e resiste bem às doenças. Maria Castro, da Quinta da Pellada, concorda que a casta seja resistente às doenças, mas revela que na sua propriedade a planta apresenta vigor moderado e um nível de produção ligeiramente mais baixo. Ambos concordam que a principal desvantagem é o facto de os rebentos novos partirem com facilidade com o vento, por vezes causando grandes prejuízos.
De acordo com Peter Eckert, proprietário da Quinta das Marias, a maturação em clima temperado é regular e lenta. O clima da região do Dão, com os dias quentes e as noites frias, ajuda a proporcionar condições ideais para uma boa síntese de precursores aromáticos e manutenção da acidez. De acordo com Maria Castro, em solos graníticos, que não retêm muito bem a água, é necessária alguma chuva durante o período do desenvolvimento vegetativo para evitar que a planta sofra stress hídrico. Os cachos são tipicamente pequenos, mas aparecem em grande número. O bago é médio, ligeiramente achatado, envolvido por uma película firme, apresenta cor verde com tons amarelos e no seu interior uma polpa mole.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”29026″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A casta tipicamente amadurece muito bem e revela bom equilíbrio entre açúcar e acidez. A literatura indica que a maturação é precoce, ocorrendo simultaneamente com a casta Fernão Pires, mas Nuno Cancela de Abreu observa que nos seus vinhedos a maturação é mais tardia em comparação com as outras castas brancas do Dão.
Na adega a grande desvantagem, de acordo com Nuno Cancela de Abreu, é a facilidade com que se oxida, tanto ao nível do mosto como no vinho. No entanto, a evolução da tecnologia, com a utilização de gás inerte, melhores prensas e controlo de temperaturas, ajuda a proteger a qualidade e a fermentação acontece sem sobressaltos. Já para Maria Castro, a casta não é especialmente oxidativa, podendo às vezes até ser um pouco redutiva, e opta na Pellada por uma intervenção mínima, com o mosto mais inteiro possível e sem batonnage. Para Manuel Viera, a Encruzado, após a fermentação, mostra-se neutra, levemente vegetal, subtil e sem muito interesse. O segredo é ter paciência.
Paulo Nunes, enólogo responsável pelos vinhos da Casa da Passarella, adianta que a grande vantagem do Encruzado é a sua plasticidade, ou seja, a sua capacidade de responder de forma positiva a diferentes abordagens e métodos de vinificação. Para Peter Eckert, a Encruzado é uma casta bastante versátil, capaz de fazer bons vinhos em lote, mas prefere quando é 100% varietal. Desde 2006, produz um estilo mais fresco e linear fermentado em cubas de inox, e um estilo mais encorpado e denso fermentado e envelhecido em combinação de barricas novas e velhas de 225 litros. Peter Eckert opta por engarrafar ambos separadamente. Apesar de gostar de usar as borras e fazer batonnage em ambos os vinhos, a tendência que vem seguindo é diminuir a frequência dessas intervenções. Em relação à madeira, prefere vinhos que respeitem a sua origem, sem que a barrica se sobreponha. Em barrica ou inox, os dois estilos de Quinta das Marias Encruzado são igualmente bem aceites pelo mercado, mas Peter Eckert reconhece que o vinho com estágio em barrica tem mais sucesso em provas cegas e concursos.
Nuno Cancela de Abreu diz que a vinificação é fácil tanto em inox quanto em barrica, mas prefere a fermentação em madeira nova com batonnage para lhe dar volume, complexidade e assegurar potencial máximo, o que certamente possibilita evolução positiva e longeva na garrafa. Manuel Vieira assegura que tempo em garrafa é necessário para revelar as qualidades e personalidade da casta, mas é possível notar que o vinho às vezes se fecha após um tempo e renasce após quatro ou cinco anos. Uma coisa é certa: o Encruzado quando vinificado sem madeira e sem tempo de garrafa raramente é um vinho interessante. Para revelar o seu carácter e demonstrar o seu potencial é necessário o uso da madeira ou é preciso dar tempo para que o vinho se desenvolva. De preferência, ambos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Personalidade e longevidade
Encruzado, bem como o Alvarinho e Arinto, cria vinhos com muita personalidade, harmonia e complexidade. Essas castas são capazes de produzir brancos longevos e que reflectem precisamente as suas origens. Desde o meu primeiro encontro com o Encruzado até hoje, continuo intrigado pelo facto dessa casta, que é capaz de fazer alguns dos melhores e mais longevos vinhos brancos de Portugal, não ser mais plantada na região do Dão. É que, apesar do entusiasmo dos produtores locais, a área de Encruzado é ainda diminuta quando comparada com Malvasia Fina, ou outras castas regionais.
Portugal é um país que a maioria dos consumidores internacionais associa a vinhos fortificados e vinhos tintos. Com a capacidade que Portugal tem de elaborar vinhos brancos de alta qualidade e surpreender os apreciadores com seu potencial de guarda, como aconteceu no caso do critico Oz Clarke, não deveria apostar mais em variedades como o Encruzado? Certamente seria divertido para quem educa, prazeroso para quem bebe e lucrativo para quem produz. O Encruzado é uma grande joia do património ampelográfico português e pode ser um importante trunfo para o reconhecimento internacional dos brancos deste país.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 16, Agosto 2018

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Segredos do Douro Superior

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A mais remota sub-região do Douro tem uma identidade muito própria, que se reflecte na paisagem, no clima, nos solos e, obviamente, nos vinhos. A diversidade de estilos é grande e se a opulência e intensidade de […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A mais remota sub-região do Douro tem uma identidade muito própria, que se reflecte na paisagem, no clima, nos solos e, obviamente, nos vinhos. A diversidade de estilos é grande e se a opulência e intensidade de aromas e sabores já seria esperada, a frescura, elegância e mineralidade de muitos tintos e brancos é uma grata surpresa.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Além de grandes vinhos, a região do Douro ostenta extrema diversidade e lindas paisagens. O Douro distribui-se por três sub-regiões, diferenciadas principalmente pelo clima e pela evolução dos seus aspectos históricos e culturais que se desenvolveram através dos séculos. Das três sub-regiões, o Douro Superior, devido à sua posição geográfica mais remota, aparenta estar ligeiramente isolado, tirando partido de uma menor intervenção humana para revelar toda a sua biodiversidade.
Apesar do percurso oferecer uma paisagem agradável, a viagem entre a cidade do Porto e Vila Nova de Foz Côa, centro geográfico da região do Douro Superior, é longa, mais de duas horas. A região permaneceu praticamente isolada até ao século XVIII. O inicio da expansão aconteceu somente em 1780, no reinado de D. Maria, quando o monólito de granito existente no rio, e que impedia a navegação, foi removido. Com o rio navegável a região tornou-se mais acessível, mas mesmo assim o acesso nunca foi fácil. Uma viagem desde a cidade do Porto até Barca d’Alva, no ano de 1848, durava praticamente o dia todo. Hoje, apesar da viagem por estrada ser muito mais fácil e rápida que no passado, ainda existe a percepção de que a região continua um pouco afastada em comparação com outros centros vinhateiros, como Mesão Frio, Régua ou Pinhão.
A região do Douro Superior estende-se desde o Cachão da Valeira, na borda do Cima Corgo, e prossegue até à fronteira com Espanha. É uma região árida e agreste. O facto de ser mais afastada ajuda a que sua paisagem e biodiversidade sejam melhor preservadas. E isso contribui para o carácter, charme e personalidade da região.
Fazendo uma comparação das sub-regiões do Douro com regiões produtoras de vinhos franceses, se uma visita ao Cima Corgo, com suas famosas e magníficas quintas, seria equivalente a uma visita aos belos chateaux de Bordeaux, então visitar um pequeno produtor no Douro Superior corresponde a uma visita à Borgonha. As pessoas são simples, amigáveis e hospitaleiras. As refeições que seguem as visitas muitas vezes ocorrem nas mesas dos próprios produtores e são eventos íntimos, informais, que reúnem amigos e representam uma experiência cultural e gastronómica real e verdadeira.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27967″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O clima da sub-região do Douro Superior é continental, notoriamente quente e mais seco. Manuel Carvalho, jornalista e crítico de vinhos com amplo conhecimento dos vinhos do Douro, observa que a fruta do Douro Superior é tipicamente mais madura, com bastante intensidade e as vezes pode até lembrar um pouco o estilo frutado de um vinho do Alentejo. Dirk Niepoort é mais radical e acredita que os vinhos da região são caracteristicamente pesados e demasiadamente alcoólicos, embora não descarte a qualidade de alguns vinhos de zonas mais altas e em locais onde solos graníticos predominam. Mas será de estereotipar assim uma região tão vasta e diversa?
Devido à posição geográfica, existe maior amplitude entre o calor do dia e o frescor das noites, deixando assim a vinha descansar e ajudando até certo ponto a fruta a preservar a sua acidez. O clima é mais estável e uniforme ao longo do ano, sobretudo na época da colheita. Para João Nicolau de Almeida, da Quinta do Monte Xisto, essas amplitudes térmicas mais acentuadas contribuem para que o solo, predominantemente xisto, esteja mais desfeito e mais evoluído, tornando mais fácil trabalhar. Nas regiões mais altas, encontra-se também granito e até mesmo manchas de calcário, como refere Carlos Magalhães, do Palato do Côa, que cita os solos de Muxagata como exemplo. Para Ana Almeida, enóloga da propriedade Cortes do Tua, esta mistura de solos ajuda a conferir frescura e mineralidade aos seus vinhos, especialmente os brancos.
Em comparação com as outras sub-regiões, a morfologia do terreno apresenta inclinações mais suaves, o que torna mais fácil mecanizar. Outra vantagem, de acordo com João Nicolau de Almeida, é a possibilidade de haver plantações de maior densidade e assim uma melhor concentração de aromas e sabores. Além disso, essa topografia menos acidentada resulta em menos problemas de erosão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Altitude faz a diferença
O Douro Superior é a maior das regiões demarcadas do Douro, englobando uma área total de 110.000 hectares, mas apenas 10.200 hectares estão plantados. Isso significa que os vinhedos cobrem apenas 9,3% da região. Tal como as outras sub-regiões, o Douro Superior também é uma região fragmentada. Apesar de a região se ter desenvolvido mais tarde, existem, de acordo com o Instituto do Vinho do Douro e do Porto, 3.458 produtores de uva em actividade.
Uma das grandes vantagens do Douro Superior, de acordo com Carlos Magalhaes, é o seu clima mais constante em comparação com as outras sub-regiões. Isso significa que as plantas necessitam de menos intervenções na vinha para manter a saúde fitossanitária. Clima consistente permite ter mais homogeneidade nos vinhos produzidos, isto é, está menos dependente dos fatores climáticos que nas outras sub-regiões. Outra vantagem é que esse clima favorece a adaptação para a viticultura orgânica e biodinâmica. Mas nem tudo são vantagens: João Nicolau de Almeida alerta para o problema do escaldão, devido ao extremo de temperaturas e excesso de sol, ainda que isso possa ser menorizado com o tipo de condução da vinha.
Para fugir do calor excessivo existem outras possibilidades.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27968″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Segundo Ana Almeida, um dos segredos é a altitude. Em zonas altas é possível obter vinhos com muito equilíbrio entre acidez e álcool, o que nas outras sub-regiões é mais difícil. Para João Nicolau de Almeida, as vinhas viradas ao norte proporcionam fruta com menos volume e boca, mais acidez e fabulosas notas de mineralidade, o que permite elaborar lotes interessantes e equilibrados. Além disso, os vinhos tintos apresentam cor profunda e estável ao longo do envelhecimento, proporcionando longevidade ao vinho. Os taninos dos vinhos tintos são firmes, intensos, mas ao mesmo tempo maduros e sofisticados.
O Douro Superior é uma região rica em castas autóctones. Entre as principais variedades tintas sobressaem a Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinto Cão, Trincadeira e Sousão. Entre as brancas destacam-se a Malvasia Fina, Viosinho, Gouveio, Rabigato e Moscatel Galego. Para Ana Almeida, essa diversidade manifesta-se principalmente nas vinhas velhas de plantações mistas como, por exemplo, em Pombal-Carrazeda de Ansiães, onde dezenas de castas brancas estão dispersas numa única parcela.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desafios e oportunidades
Um dos principais desafios para a região no futuro próximo serão as alterações climáticas. Com certeza, as dificuldades impostas devido a estas alterações vão provocar formas distintas de trabalhar na vinha. Para Ana Almeida, o sistema de rega será cada vez mais imprescindível. Para Teresa Ameztoy, da casa Ramos Pinto, proprietária da emblemática Quinta da Ervamoira, o caminho passa por respeitar ainda mais o ambiente, minimizando o uso de herbicidas e pesticidas nos vinhedos. Mas o trabalho de campo exige mão-de-obra capacitada.
Eis outro desafio significativo e decisivo para o futuro da região: fixar população no interior para trabalhar não somente no campo, mas também em indústrias adjacentes. Essa também é uma preocupação de Teresa Ameztoy. O turismo na região do Douro é um fenómeno recente, mas no Douro Superior essa vertente está percetivelmente atrasada e o seu desenvolvimento representa uma oportunidade para a região como um todo. Melhor infraestrutura certamente ajudará a atrair mais gente a esta bela região. Hotéis adequados, bons restaurantes e lojas comercializando os melhores vinhos da região serão fundamentais para projetar ainda mais a imagem do Douro Superior.
A percepção geral de um consumidor menos envolvido ou de um apreciador que vive fora de Portugal é que o Douro Superior seria uma região remota, agreste e árida. Devido ao seu clima mais seco, os vinhos serão mais maduros e pelo facto de haver menos chuva os vinhos tornam-se positivamente consistentes. Até certo ponto isso faz sentido.
Mas o que muitos ainda não descobriram é que a região é capaz de produzir vinhos tintos elegantes, menos pesados e sem perder o carácter. E é também possível encontrar bons exemplos de rosé, como o Palato do Côa 2017 de Carlos Magalhães, onde predomina a Touriga Nacional, e até mesmo ser surpreendido por um espumante fresco, vivo com bela textura, notas tropicais, florais e minerais, elaborado com a casta Códega do Larinho (Montes Ermos). Esse vinho da colheita de 2017, feito pela Adega Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, realmente ajuda quebrar o preconceito de que o Douro Superior não é capaz de fazer vinhos frescos e elegantes.
Na verdade, o maior segredo que esta região guarda é sua capacidade de surpreender o apreciador com vinhos brancos elegantes, minerais, com baixo nível de álcool e extraordinária frescura. E pronto, os segredos foram revelados![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 15, Julho 2018

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Os segredos da Vinha Velha

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O que é uma vinha velha? Que características imprime aos vinhos que origina? Vinha velha é sinónimo de qualidade? Num momento em que cada vez mais produtores apresentam as vinhas velhas como bandeira, são questões sobre as […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O que é uma vinha velha? Que características imprime aos vinhos que origina? Vinha velha é sinónimo de qualidade? Num momento em que cada vez mais produtores apresentam as vinhas velhas como bandeira, são questões sobre as quais importa reflectir.

TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga

O termo “vinhas velhas” varia no seu significado. Apesar de não existir uma definição legal do que é uma “vinha velha”, é fácil estimar a idade de uma planta examinando a largura do seu tronco. Em locais onde a viticultura não tem história vinícola muito longa, como é o caso da Nova Zelândia ou Oregon, videiras que atingem 25 anos já são consideradas antigas, enquanto que em países como França ou Espanha, um vinhedo é considerado antigo após 50 anos de idade.
Isso também varia na opinião pessoal dos produtores. Susana Esteban, experiente e talentosa enóloga espanhola que hoje tem seu próprio projeto no Alentejo, considera antiga uma vinha que atinge 30 anos. No Douro, Francisco Ferreira, descendente da legendária Dona Antónia Adelaide Ferreira e responsável pela viticultura da Quinta do Vallado, define uma vinha antiga como uma parcela que foi plantada com alta densidade, entre 7.000 e 8.000 plantas por hectare, com mistura de castas e com no mínimo 40 anos de idade.
Um país que desenvolveu uma terminologia oficial é a Austrália. De acordo com o ‘Old Vine Chart’ australiano, uma planta que tem 35 anos é considerada ‘Old Vine’ ou uma ‘Vinha Velha’. As plantas que alcançaram 75 anos de idade ou mais são chamadas de “Survivor” (Sobrevivente) e as raras videiras que atingem 100 anos ou mais são consideradas ‘Centurion’ (Centurião). Devido ao facto de o Governo australiano ter oferecido incentivos com o objetivo de modernizar a viticultura do país na década de 80, muitos produtores optaram por arrancar e substituir vinhedos antigos. Alguns sobreviveram. Na cidade de Tanunda, em Barossa Valley, encontra-se um dos vinhedos comerciais mais antigos de que se tem notícia: uma parcela de Shiraz que foi plantada em 1847.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A vida útil de uma videira depende da sua capacidade de atingir um volume de produção adequado pelo maior tempo possível, proporcionando ao produtor um retorno viável. Uma videira necessita de cerca de três anos para estabelecer as suas raízes e desenvolver a sua estrutura aérea. Esta é uma das razões pela qual a maioria dos AOP franceses (Appellation d’Origine Protégée) proíbem a produção de vinhos oriundos de vinhas com menos de três ou, por vezes, quatro anos de idade. O crescimento tende a estabilizar quando a planta atinge um periodo entre os três e os seis anos de idade, embora durante esse tempo, a planta ainda permaneça bastante vigorosa.
A partir desse ponto, e até atingir o final da sua segunda década, a videira produzirá abundantemente, embora o volume de produção dependa de uma série de factores externos, entre os quais os mais importantes são o vigor do solo, o clima, a casta e o manejo da videira (principalmente em relação à filosofia adoptada durante a poda de Inverno).
No Châteaux Margaux, em Bordéus, uma vinha com menos de dez anos é somente usada para produzir vinho para o segundo rótulo da propriedade, o Pavillon Rouge. Apenas quando a videira atingir a sua maturidade e produzir frutas de excelente qualidade é que poderá começar a aparecer no famoso Gran Vin de Chateau Margaux.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27704″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A idade ideal, segundo o saudoso diretor técnico Paul Pontallier, seria após a segunda década de existência, principalmente entre 30 e 40 anos, embora nesta fase do seu desenvolvimento os rendimentos da videira já comecem a entrar em declínio.
Olivier Humbrecht, o primeiro Master of Wine francês e hoje responsável pelos excepcionais vinhos do Domaine Zind Humbrecht, na Alsácia, acredita que um hectare de vinhas na sua propriedade é capaz de produzir cerca de 400.000 litros de vinho durante sua vida útil. Até certo ponto, cabe ao produtor moldar a longevidade da planta com base no rendimento médio anual.
Na região do Vale do São Francisco, no norte do Brasil, onde os vinhedos podem produzir cerca de 5000 litros por hectare duas vezes ao ano, a expectativa de vida é significativamente inferior e estima-se que as vinhas devam ser substituídas antes que atinjam 40 anos. Por outro lado, uma das mais antigas videiras ainda em produção de que se tem conhecimento foi plantada em 1768 e está localizada no Palácio de Hampton Court, na Inglaterra.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Qualidade e rendimento
A grande vantagem de um vinhedo mais velho é a sua capacidade de produzir fruta com óptima concentração. Com o avanço da idade torna-se mais difícil para a vinha produzir fruta e o rendimento da planta cai. O tamanho do cacho diminui, bem como o tamanho dos bagos, consequentemente aumentando a proporção entre casca e sumo, eis o motivo pelo qual se nota mais concentração. As raízes profundas são um dos maiores recursos de uma videira velha, pois possibilitam que a planta busque nutrientes e água em reservas mais acentuadas do subsolo. Além de melhor qualidade, vinhedos mais velhos, em muitos casos, proporcionam maior complexidade, visto que foram plantados há décadas e exibem uma diversidade genética superior aos vinhedos mais novos, que são frequentemente plantados com um número inferior de clones. Tiago Alves de Sousa, o simpático e habilidoso enólogo responsável pelos grandes vinhos da família Alves de Sousa, acredita que vinhas que foram plantadas nos últimos trinta anos com foco em estratégias mais produtivas acabaram por perder essa diversidade genética.
Francisco Ferreira, por seu lado, defende que a fruta de uma vinha velha, além de produzir vinhos de grande concentração, atinge também melhor equilíbrio entre acidez e taninos mais redondos, conferindo ao vinho excelente estrutura e maior complexidade. Susana Esteban diz que a planta madura tem melhor propensão à auto-regulação, mostrando-se menos sujeita à influência de factores externos e tornando-se cada vez mais consistente em termos de qualidade. Tiago Alves de Sousa explica que isso é consequência de as plantas terem desenvolvido raízes mais profundas, o que permite estarem melhor adaptadas ao excesso ou indisponibilidade de recursos hídricos. As plantas desenvolvem uma melhor adaptação ao meio e, além disso, passam por uma espécie de selecção natural que vai ocorrendo ao longo do tempo, porque as videiras menos adaptadas ou menos resistentes vão morrendo com o passar dos anos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Por um lado, a planta autorregula-se, diminuindo a necessidade de intervenção para gerir a parte vegetativa e também controlar a produção de fruta. Por outro lado, a videira vai ficando mais sensível e frágil à medida que o tempo passa, e acaba exigindo mais cuidado. Vinhas velhas são mais susceptíveis a pragas e doenças, como nematóides e clorose, por exemplo. Susana Esteban alerta também que é preciso ter muito cuidado com doenças do lenho.
Além da atenção redobrada, Francisco Ferreira adiciona que uma das grandes desvantagens é que estas vinhas raramente são mecanizadas e necessitam de mão-de-obra especializada para a execução dos trabalhos, muitas vezes diferenciados e individuais de uma videira para outra, o que pode tornar o custo excessivamente alto.

O factor mais importante pode não ser exclusivamente a idade das videiras, mas o equilíbrio alcançado entre a parte vegetativa e o volume de fruta produzido pela planta. É possível, através de conhecimento e tecnologia, controlar o equilíbrio usando técnicas de irrigação e gerenciamento da canópia. Esse equilíbrio entre o crescimento vegetativo e o rendimento que é alcançado em plantas maduras pode ser observado também em plantas quando muito jovens.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27706″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Alan Scott, renomado produtor da Nova Zelândia, observa que as videiras jovens oferecem fruta com certa exuberância e vivacidade durante os primeiros estágios da sua vida. Na África do Sul, a primeira colheita de Sauvignon Blanc da Klein Constancia resultou numa das melhores já feitas. É interessante saber que o Stag’s Leap Cabernet Sauvignon que venceu a famosa competição de Paris, em 1976, foi proveniente de frutos da primeira colheita comercial daquelas vinhas, em 1973. Uma das colheitas mais veneradas do Domaine de la Romanée-Conti é a de 1953 e as vinhas foram replantadas no final dos anos 40.
Frutas de vinhedos mais velhos tipicamente apresentam melhor qualidade à medida que a planta envelhece. É possível notar maior concentração, densidade, certa mineralidade e complexidade. Mas atenção: uma vinha, pelo simples facto de ser velha, não passa a ser extraordinária. Se a planta não for adequada àquelas condições ambientais ou caso seja de uma casta menos nobre ou demasiadamente produtiva não vai fazer bons vinhos apenas por ter muitos anos de vida. O importante não é exclusivamente a idade da videira, mas sim a qualidade da fruta. Um vinhedo bem situado, gerido adequadamente, pode mitigar certas deficiências associadas a plantas mais jovens e dar origem a belos vinhos. Quando uvas de vinhas velhas que são bem adaptadas à região e cultivadas com diligência são transformadas em vinho por enólogos competentes o resultado invariavelmente é um grande vinho. Os exemplos aqui relacionados ilustram muito bem esse facto.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº 14, Junho 2018

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Master of Wine Dirceu Vianna no Festival do Vinho do Douro Superior

Dirceu Vianna Junior MW

O Festival do Vinho do Douro Superior vai contar este ano com uma visita especial: trata-se de Dirceu Vianna Junior MW, que se irá deslocar a Vila Nova de Foz Côa. O evento decorre de 25 a 27 de Maio, no centro de exposições ExpoCôa e Dirceu irá visitar o Douro Superior, provar os vinhos […]

O Festival do Vinho do Douro Superior vai contar este ano com uma visita especial: trata-se de Dirceu Vianna Junior MW, que se irá deslocar a Vila Nova de Foz Côa. O evento decorre de 25 a 27 de Maio, no centro de exposições ExpoCôa e Dirceu irá visitar o Douro Superior, provar os vinhos e contactar com os produtores presentes. Pela primeira vez na história do festival, estará, entre os muitos visitantes profissionais, jornalistas e bloggers especializados, uma presença internacional de grande prestígio, que é o único Master of Wine de língua portuguesa. É por isso, aliás, que tem direito a usar a sigla MW no final do seu nome.
Originário do Brasil, onde estudou engenharia florestal e direito, Dirceu Vianna Junior foi para o Reino Unido em 1989, começando pouco depois a trabalhar em Londres no mundo do vinho. Durante a maior parte da sua carreira foi Wine Director de alguns dos maiores importadores e distribuidores daquele país.
O mais raro, exigente e ambicionado título dos profissionais do vinho, o famoso MW, foi-lhe outorgado pelo Institute of Masters of Wine em 2008. Autor, provador e formador de prestígio internacional, Dirceu Vianna Junior exerce a actividade de consultor junto de diversas empresas da indústria, sendo responsável pelas compras de empresas retalhistas e lojas de vinho em todo o mundo. É também consultor permanente da ViniPortugal, o que lhe confere um amplo conhecimento sobre os vinhos portugueses.