Madeira Wine Company: Grandes Madeira, salgados e eternos

Madeira

A ilha da Madeira, com 66% da superfície classificada como Parque Natural, tem no seu vinho generoso um dos seus ex-libris. Esta é uma espécie de verdade de La Palice, uma vez que o reconhecimento das virtudes e qualidades daquele vinho é já secular. Mas uma história tão antiga está sujeita a flutuações, períodos de […]

A ilha da Madeira, com 66% da superfície classificada como Parque Natural, tem no seu vinho generoso um dos seus ex-libris. Esta é uma espécie de verdade de La Palice, uma vez que o reconhecimento das virtudes e qualidades daquele vinho é já secular. Mas uma história tão antiga está sujeita a flutuações, períodos de euforia e de retracção.

Estamos actualmente a enfrentar tempos difíceis, como nos foi dado a conhecer na recente apresentação dos novos vinhos da Madeira Wine Company. Ali fomos informados que a área de vinha da ilha continua paulatinamente a diminuir e que a superfície que, até há pouco, era sempre anunciada – 450 ha de vitis vinífera – já está agora (dados de 2023) reduzida a 400 ha, correspondendo a 1680 produtores. Lamentavelmente, diz Francisco Albuquerque, enólogo da empresa, “continuamos a ver serem construídas casas em terrenos que até há pouco tempo eram vinhas”, tendência que só piorará se nada for feito.

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O processo de candidatura da produção do Vinho da Madeira a Património da Unesco está em marcha e poderá haver novidades em 2025.

Uma luz ao fundo do túnel poderá advir da candidatura da Produção de Vinho da Madeira a Património da Unesco. O processo está em marcha e, dizem-nos, poderá haver novidades em 2025. Não será o vinho que será objecto de classificação, mas sim o processo, das vinhas em latada aos canteiros. Pode ser que assim se proíba, por exemplo, o arranque de vinhas e, até por comparação com o que aconteceu nos Açores – actualmente com mais de 1000 ha de vinhas – a própria área seja substancialmente alargada.
A casta Tinta Negra – que em Colares tinha o nome de Molar – foi dali levada para o Porto Santo porque por lá também havia terrenos de areia. Como se revelou muito produtiva, foi também introduzida na Madeira, onde ganhou o estatuto de casta mais plantada, ocupando actualmente uma considerável área de 240 ha (contra quatro de Terrantez, 14 de Bual, 25 de Sercial, 60 de Verdelho e 35 de Malvasia), tudo áreas de vinha que, pela sua escassez, não podem deixar os apreciadores satisfeitos.

Para alegrar um pouco a preocupação que grassa, quer do lado dos consumidores quer do lado da empresa, com as exportações em queda “numa época em que os vinhos com mais álcool tendem a perder apreciadores”, com salientou Cris Blandy, para alegrar, dizia, foram dados à prova os novos Colheita, agora da edição de 2011 e, no mesmo evento, foram também apresentados dois vinhos DOP Madeirense de 2023. Trata-se de um rosé, cuja 1ªedição remonta a 1991 e um Verdelho, produzido a partir da colheita de 1996.

Madeira

Os vinhos de Frasqueira – indubitavelmente os mais famosos generosos da ilha – estão obrigados a um mínimo de 20 anos de casco e dois anos de garrafa antes de serem comercializados, indicando, no rótulo, o nome da casta. Estes vinhos têm, com frequência, muito mais de 20 anos, porque é norma da empresa não engarrafar tudo de uma vez e, assim, há alguns que são vendidos com muito mais idade. Por norma apresentam-se como Blandy’s ou Cossart Gordon. A Cossart, cuja fundação remonta a 1745, o que faz dela a empresa de vinho Madeira mais antiga ainda em actividade, apresenta tradicionalmente vinhos mais secos e tem mesmo um armazém próprio para o envelhecimento dos vinhos. A empresa juntou-se à Madeira Wine em 1958.

Os vinhos da Madeira têm vindo a ser presença assídua em leilões, onde atingem valores consideráveis com alguma frequência. No entanto, por vezes sem selo da entidade certificadora, nem sempre é fácil saber exactamente o que se está a comprar. É uma jogada de risco, mas que muitas vezes é amplamente compensadora.

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2023)

Madeira Wine Company: Novidades e velhidades Blandy’s

Madeira Wine Company

Detesto o velho clichê de “os estrangeiros gostaram muito”, mas sempre lembrarei que foi com vinho Madeira que se brindou na assinatura da Constituição dos Estados Unidos da América. Foi em 1776. Onde há uma igreja católica há vinho, portanto, desde o séc. XV que há vinha na Madeira. As condições naturais da ilha não […]

Detesto o velho clichê de “os estrangeiros gostaram muito”, mas sempre lembrarei que foi com vinho Madeira que se brindou na assinatura da Constituição dos Estados Unidos da América. Foi em 1776.
Onde há uma igreja católica há vinho, portanto, desde o séc. XV que há vinha na Madeira. As condições naturais da ilha não favorecem o amadurecimento das uvas. Os terrenos são muito férteis, as temperaturas moderadas, as altitudes elevadas. Por outro lado, a acidez é excepcional, e, ao amuar a fermentação com álcool vínico a 96%, nasce um vinho que, sendo envelhecido em velhos cascos de madeira e sujeito às condições climáticas dos velhos sótãos, se torna indestrutível. A Blandy’s é uma empresa familiar, com mais de 200 anos de história na ilha, hoje dentro do universo da Madeira Wine Company, mas sempre com gestão familiar, desde 2010 personificada em Chris Blandy, jovem de 40 e poucos anos.

Gerir uma empresa antiga de Vinho Madeira é gerir um tecido de incrível complexidade. Na apresentação dos novos lançamentos, no restaurante Kabuki, em Lisboa, Chris e o seu enólogo principal e master blender, Francisco Albuquerque, foram sempre citando números: “De Bual há 14ha na ilha, com 104 viticultores na Calheta. A MWC tem 1 ha”. “A Madeira tem 22ha de Sercial, são 125 produtores”. E continuando. Vocês percebem, é só fazer as contas, como dizia o António Guterres. É preciso gerir as nossas vinhas, decidir os tratamentos e datas de colheita, acompanhar as vinhas dos outros (muitas dezenas de) viticultores, colher e separar todas as parcelas, com as castas separadas, já que na Madeira cada casta é também um estilo de vinho.

Francisco Albuquerque, que começou a carreira na Blandy’s em 1990 (e aliás, começou imediatamente a mudar o sector) disse-nos que experimentou fazer algumas castas ao estilo de outras (ou seja, com o nível de doçura “errado”) e descobriu que o resultado era horrível. Diz ele: a doçura está bem assim: Sercial seco com um máximo de 60g de açúcar por litro, Verdelho meio-seco com 60 a 75g de açúcar, Bual meio-doce com 75 a 100g e Malvasia doce com mais de 125g.

Mais um problema: fazer chegar as uvas ao Funchal. Muitas vinhas são em sítios bastante isolados. Há imensa pressão demográfica na Madeira, com apenas 13,5% dos terrenos com declives inferiores a 16%, as vinhas têm de lutar pelo seu espaço contra os hotéis e as habitações. Felizmente, a viticultura tem evoluído e os porta-enxertos aguentam cada vez mais altitude. 80% da ilha da Madeira está acima dos 700m.

Mas a complexidade não termina aqui: feitos os vinhos há que envelhecê-los. E segundo Albuquerque, o sítio onde fica o armazém de envelhecimento também determina o estilo dos vinhos. A Blandy’s tem 16 armazéns de envelhecimento, e em cada localização, as diferentes castas desenvolvem de forma diferente os ácidos orgânicos que dão ao Madeira o seu carácter. Por exemplo, o Caniçal é mais húmido do que o Funchal e há castas que envelhecem lá melhor. É preciso diminuir os factores aleatórios para manter o estilo de cada vinho.

Depois de mais de 30 anos de trabalho, Francisco Albuquerque conseguiu pela primeira vez fazer 4 vinhos do mesmo ano, os 2010 hoje apresentados. Para além desses, viajámos um pouco no tempo para provar alguns vinhos históricos, e comparar estilos da Blandy’s com a sua marca-irmã, Cossart-Gordon. Ao jantar, mais desafios: o IG Madeirense (“de mesa”) Atlantis, Verdelho da Fajã da Ovelha, feito em parceria com Rui Reguinga, e a provocação de harmonizar vinho Madeira com os pratos da cozinha japonesa, uma proposta desenhada com a ajuda de Victor Jardim, escanção do Kabuki e também ele madeirense. Sashimi de atum com Sercial, toro com Sercial e Verdelho, wagyu com Bual. Aposta ganha, num dia em que honrámos as tradições da Madeira com os seus vinhos de enorme delicadeza, etérea profundidade e eterna longevidade.

 

(Artigo publicado na edição de Agosto de 2023)

Vinhos para a eternidade

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Madeira Wine Company tem passado por uma profunda renovação ao longo da última década. E enquanto os vinhos produzidos na nova adega estagiam nos cascos, a empresa foi à arca dos tesouros e apresentou no Funchal […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Madeira Wine Company tem passado por uma profunda renovação ao longo da última década. E enquanto os vinhos produzidos na nova adega estagiam nos cascos, a empresa foi à arca dos tesouros e apresentou no Funchal quatro Frasqueira. Os Miles Tinta Negra 1997, Cossart Gordon Sercial 1985, Cossart Gordon Bual 1989 e Blandy’s Malvasia 1977 reforçam o impressionante portefólio de grandes e longevos Madeira desta casa histórica.

TEXTO Luís Lopes

A empresa Madeira Wine Company nasceu de forma faseada, tendo o primeiro passo sido dado em 1913 quando dois exportadores, Welsh & Cunha e Henriques & Câmara, decidiram juntar forças e criaram a empresa então chamada Madeira Wine Association. A pouco e pouco, outros importantes exportadores foram aderindo, num total de vinte e oito, sendo de realçar a entrada da Blandy & Leacock em 1925, da Rutherford & Miles em 1951 e da Cossart Gordon em 1953. A partir de 1981 a firma recebeu o nome definitivo de Madeira Wine Company (MWC).
Desde os anos 70 que a empresa é controlada pela família Blandy, com um interregno de uma década, entre 1991 e 2011, ao longo da qual a família Symington (do vinho do Porto e Douro) obteve a maioria do capital através de uma parceria estratégica iniciada anos antes e que trouxe importantes contributos comerciais, de gestão e de produção, à MWC. Em 2011 a família Blandy recomprou a sua parte, tendo a família Symington permanecido como sócio minoritário e assegurando a distribuição dos vinhos Blandy’s e de outras marcas da empresa nos mais importantes mercados, como EUA (o primeiro mercado Madeira em valor), Reino Unido e Portugal.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Representando a sétima geração da família, o jovem Chris Blandy é o actual CEO da empresa e, com o enólogo Francisco Albuquerque, forma a dupla de principais responsáveis pelo profundo processo de renovação ocorrido ao longo da última década e que levou ao investimento de cinco milhões de euros.
O passo mais significativo foi a transferência da estrutura de administração, produção e armazenagem de vinhos, do Funchal para a nova adega e armazéns situados na Zona Franca Industrial da Madeira, no Caniçal, processo iniciado em 2014 e finalizado em 2017. Estas modernas instalações foram projectadas de forma “eco friendly”, promovendo as reduções de consumo de água, a utilização racional de electricidade (incluindo o recurso a energia solar) e integrando critérios ambientais na seleção de matérias-primas e de embalagens.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”40″][image_with_animation image_url=”32628″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos históricos e lindíssimos armazéns do Funchal, conhecidos por Blandy’s Wine Lodge, ficou o envelhecimento em canteiro tradicional (cascos de carvalho colocados nos sotãos, beneficiando do calor natural do sol) e o enoturismo, fundamental no caso dos vinhos Madeira, quer como gerador de receita directa, quer como promotor da imagem de marca.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32635″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Investigação como factor de qualidade
A investigação é também uma aposta da MWC, nomeadamente na área de vinificação e envelhecimento, e em particular na estufagem (aquecimento dos vinhos em cubas) e canteiro. O experiente Francisco Albuquerque, em colaboração com a sua equipa de enologia e universidades da Madeira e do continente, tem promovido diversos estudos nesta área, aplicando depois as suas conclusões aos processos de produção. O primeiro destes trabalhos decorreu entre 2003 e 2007 e procurou aprofundar a cinética da estufagem do vinho, através da monitorização de diversas temperaturas de estufagem, avaliando o comportamento das moléculas aromáticas para encontrar a temperatura ideal que produza os efeitos desejados sem as tradicionais notas empireumáticas negativas (aromas queimados). Após a conclusão desse trabalho, a MWC passou da tradicional estufagem de três meses a 55ºC para quatro meses a 45ºC, com resultados muito positivos nos vinhos de entrada de gama, de 3 anos de idade, feitos com a casta Tinta Negra.
Entre 2012 e 2015 foi feito outro trabalho de investigação, desta vez comparando os efeitos da estufagem com o canteiro tradicional. Francisco Albuquerque refere a este propósito que encontrando a correcta temperatura de estufagem para cada casta o vinho estufado não perde qualidades face ao processo de canteiro. Ainda que, na MWC, os vinhos a partir de 5 anos, e nomeadamente os das castas brancas (Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia) sejam todos envelhecidos em canteiro, este estudo sugere que, no futuro, a estufagem poderá eventualmente ser alargada a esta gama sem perda de qualidade.
Desde 2017 e até 2020 decorre nova investigação, que passa pela monitorização de todos os armazéns da empresa onde o vinho envelhece em cascos ou sistema de canteiro, medindo as temperaturas e humidades quatro vezes por dia. Os vinhos são os mesmos nos vários armazéns e os cascos iguais, comparando-se a sua evolução organoléptica (aroma e sabor) e química. Ao mesmo tempo são feitas cromatografias para ver que compostos se formam e quais os que se perdem. O objectivo será determinar quais os armazéns com a melhor temperatura e humidade para envelhecer o vinho de canteiro e tentar descobrir os compostos ou moléculas responsáveis por essa evolução.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32636″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A vinha da ilha verde
A Madeira é um jardim, como diz a canção, e uma parte desse jardim é formado por vinha, plantada desde o nível do mar até aos 800 metros de altitude. Segundo os dados oficiais de 2018, a ilha possui 445 hectares de vinha apta a produzir vinhos com denominação Madeira (o vinho licoroso) ou Madeirense (vinho não fortificado). Excluem-se destas contas as plantações de uvas de mesa e a área ainda considerável de uvas híbridas de “produtor directo”, como as das variedades Jacquet e Isabela, que continuam a ser vinificadas pelos lavradores para consumo próprio.
Dos 445 hectares, mais de metade (238) são ocupados pela Tinta Negra, casta extremamente plástica, uma espécie de “pau para toda a obra”, que hoje começa finalmente a ser reabilitada após largas décadas considerada como inferior, face às mais “nobres” castas brancas regionais. Está plantada maioritariamente na zona sul da ilha, mais quente, seca e soalheira. A uva branca Verdelho estende-se por cerca de 58 hectares, sobretudo na zona norte da ilha, mais fresca e húmida. É normalmente vinificada em vinhos de estilo meio seco, mais doces portanto do que os vinhos de Sercial, mas mais secos do que os Boal e Malvasia.
Falando desta última, a Malvasia de São Jorge (diferente da Malvasia Cândida, por sinal a primeira a chegar à Madeira e de que hoje existem apenas 2 hectares) segue-se ao Verdelho em área plantada, com 35 hectares, a maioria na zona norte (freguesia de São Jorge) mas também no sul, perto do Funchal. Dá origem aos vinhos mais doces. Depois vem a uva Sercial (chamada Esgana Cão em Bucelas), que origina os vinhos mais secos de todos os Madeira e está plantada em 25 hectares, nomeadamente em Porto Moniz e Seixal, na zona norte, e Jardim da Serra, a sul. E para completar o quarteto das castas brancas mais conhecidas, temos a Boal (que também se pode escrever Bual e é chamada Malvasia Fina no continente), com 13 hectares, cultivados essencialmente na zona sul, na Calheta e Campanário, dando origem aos vinhos meio doces, apenas um pouco mais secos do que os Malvasia. Uva nobre mas de diminuta produção, é também a branca Terrantez, com apenas 4 hectares plantados, mas com tendência a crescer devido aos incentivos das empresas produtoras, e nomeadamente a MWC, junto dos viticultores.
A MWC compra uvas por toda a ilha, com contratos com mais de 300 viticultores, muitos deles com propriedades inferiores a 0,3 hectares. Os lavradores de maior potencial são acompanhados de perto pela empresa, de forma a assegurar a qualidade da matéria-prima recebida na vindima. A companhia possui ela própria três propriedades, duas na zona norte – a Quinta do Bispo, com 5 hectares de Sercial, Verdelho e Malvasia; e a Quinta do Furão, com 2 hectares de Sercial e Verdelho – e uma na zona sul, a Quinta de Santa Luzia, pertencente a um dos membros da família, Andrew Blandy, onde existe uma pequena vinha experimental de 1 hectare com as uvas Sercial, Verdelho, Terrantez, Boal e Tinta Negra.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os notáveis Frasqueira
Existem várias categorias de vinhos Madeira que, de forma simplificada, se podem dividir em duas: os vinhos de lotes, misturando várias colheitas, e os vinhos de uma só colheita. Os primeiros incluem os Madeira mais básicos, vinhos com 3 anos de idade, elaborados, regra geral, a partir de Tinta Negra, e também vinhos de complexidade e idade crescente: 5, 10, 15, 20, 30 e “mais de 40 anos”. Do outro lado estão os vinhos de uma só vindima, os Colheita e os Frasqueira. O Colheita deverá ser envelhecido em casco, de forma contínua, pelo menos durante 5 anos e até 18 anos, com data de engarrafamento no rótulo. Já o Frasqueira (também por vezes chamado Garrafeira ou Vintage), deverá passar pelo menos 20 anos contínuos em casco, ter envelhecimento exclusivo em canteiro e data de engarrafamento no rótulo.
Frasqueira é, portanto, a mais nobre e prestigiada categoria de Vinho Madeira e foi neste segmento que a MWC apostou para lançar recentemente no mercado quatro novos vinhos, o Miles Tinta Negra 1997 (não vendido no continente, apenas na ilha e na exportação), os Cossart Gordon Sercial 1985 e Bual 1989, e o Blandy’s Malvasia 1977.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32637″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]São vinhos engarrafados em muito pequenas quantidades (das 645 garrafas de 75cl do Malvasia às 787 do Bual, para além de algumas dezenas de meias garrafas, magnum e double magnum), que expressam da melhor forma o solo vulcânico e o clima subtropical de influência fortemente atlântica desta ilha. Vinhos de carácter vincado, de aromas e sabores intensos e marcantes, praticamente eternos na sua longevidade. Quando se sabe que em 2019 serão celebrados os 600 anos da chegada dos portugueses à ilha da Madeira, estes quatro Frasqueira são uma espécie de comemoração antecipada. Não sei se durarão outros 600 anos, mas como, até à data, não há registo de um Madeira se ter estragado, quem sabe onde chegarão?[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

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