Esporão: As novas “cartas” a jogo
Prova Grande, ou seja, dia de provas com o Esporão. Nas magníficas instalações do Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia, muitas linhas de mesas equipadas com copos, o staff do Esporão azafama-se nas últimas preparações. O responsável máximo da empresa, João Roquette começa a sessão salientando que o seu pessoal lhe pediu para repetir […]
Prova Grande, ou seja, dia de provas com o Esporão. Nas magníficas instalações do Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia, muitas linhas de mesas equipadas com copos, o staff do Esporão azafama-se nas últimas preparações. O responsável máximo da empresa, João Roquette começa a sessão salientando que o seu pessoal lhe pediu para repetir uma coisa que tem tido de afirmar todos os dias: “o Esporão não está à venda.” Com isto esclarecido, podemos começar.
João anuncia uma parceria de 30 anos com o ISA, com a renovação de um armazém dentro do campus, onde abrirá um restaurante, escritórios para sediar o Esporão, e ainda um museu. A ideia é manter uma maior proximidade com os centros de investigação com os quais o Esporão vai mantendo colaborações. Depois do almoço visitámos as obras, e o sítio promete, com espaço amplo e arquitectura de traça elegante, antiga.
Base agrícola
Roquette apresentou o Esporão como uma empresa de base agrícola, e diferenciada por isso: mais focada no produto do que no mercado. “O sonho é mais importante do que as tendências.” Um desses sonhos foi a conversão para agricultura biológica, em 2007. Como marca multi-produto e multi-região, o Esporão já não é uma empresa de vinho que faz azeite, é uma marca de vinho e azeite, a tal base agrícola. Também aqui em contracorrente, por usar uma base de olivais antigos, com menor produção do que os modernos olivais intensivos e super-intensivos, que esgotam os terrenos em poucos anos.
Desde o arranque, em 1973, o Esporão alargou a sua influência, com aquisição e reunião de parcelas na propriedade original de Reguengos de Monsaraz, e também as aquisições da Quinta do Ameal, perto de Ponte de Lima, e da Quinta dos Murças, perto de Peso da Régua. Desde 1997 que a propriedade está aberta aos visitantes, com os seus vários motivos de interesse enológico, mas também importantes vestígios arqueológicos e um restaurante premiado com uma estrela e uma estrela verde Michelin.
A prova do tempo
No dia da Prova Grande, veio o chefe de cozinha, Carlos Teixeira, dar-nos uma amostra da sua cozinha inspirada e apoiada na terra e suas épocas. Provámos novos vinhos e algumas raridades da biblioteca, que mostraram como os vinhos aguentam e agradecem a prova do tempo. Depois voltámos a provar esses vinhos à mesa, para mostrar como eles são realmente desenhados para serem bebidos, não apenas provados.
Para além do trabalho, houve o convívio com os enólogos das várias regiões, que já antes tinham apresentado cada um dos respectivos terroirs. A enologia é agora liderada por José Luís Moreira da Silva, com Lourenço Charters como responsável pelos vinhos do Esporão, enquanto Mafalda Magalhães faz os vinhos do Ameal e dos Murças. O Esporão lança, ainda nesta altura, uma nova linha de pequenas vinificações experimentais, chamadas Fio da Navalha, onde os enólogos podem livremente ousar coisas novas. Há um excelente Ameal “Pote”, estagiado em pequenos potes de barro, um alentejano “No Campo”, feito por Teresa Gaspar com 104 castas brancas do campo ampelográfico, um Douro “Curtido”, feito por Lourenço Charters com Verdelho de Penajoia, e um minhoto “Primário”, feito por Lourenço Charters com as castas Paço do Curutelo e Padeiro de Basto. Neste caldo de cultura, que o público pode adquirir nas lojas de enoturismo do Esporão, e de onde possivelmente sairão novos vinhos, sairão certamente novas aprendizagens.
(Artigo publicado na edição de Agosto de 2024)
ACIBEV DESTACA CADEIA DE VALOR DO VINHO
Vitævino é uma iniciativa de cidadãos dedicada à protecção e promoção da cultura do vinho, da sua importância socioeconómica e do seu papel na promoção da moderação e da convivialidade. Ao unir as vozes dos apaixonados pelo vinho, produtores e decisores políticos, pretende garantir que o vinho continua a ser parte apreciada do património europeu. […]
Vitævino é uma iniciativa de cidadãos dedicada à protecção e promoção da cultura do vinho, da sua importância socioeconómica e do seu papel na promoção da moderação e da convivialidade. Ao unir as vozes dos apaixonados pelo vinho, produtores e decisores políticos, pretende garantir que o vinho continua a ser parte apreciada do património europeu.
Para marcar o seu lançamento, a Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (Acibev) lançou uma série de vídeos de curta duração nas redes sociais sobre a Vitævino, onde destaca a importância desta actividade milenar. Os cinco apresentam factos importantes sobre o emprego rural, a contribuição fiscal, a actividade económica, o enoturismo, o valor das exportações, a contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) e o impacto ao longo de toda a cadeia de valor. “O objectivo da campanha é contribuir para que seja reconhecido o importante papel socioeconómico que o vinho desempenha”, explica Ana Isabel Alves, directora executiva da Acibev. Os vídeos tiveram por base o estudo realizado pela Nova School of Business & Economics, da Universidade Nova de Lisboa, sobre o valor do sector do vinho em Portugal.
Um dos pilares da campanha é a Declaração Vitævino, que prevê a recolha de assinaturas daqueles que apoiam o vinho enquanto símbolo de convívio, a sua cultura milenar, o seu papel na formação da nossa história, da nossa economia, dos nossos terroirs e das nossas comunidades rurais, não esquecendo o lugar do consumo moderado de vinho como parte de um estilo de vida saudável e equilibrado. A Declaração pode ser assinada em www.vitaevino.org
Rozés: Champanhe e Douro pour tout le monde!
O título desta peça não é acidental. A expressão champagne pour tout le monde é usada, em França, no final de uma apresentação ou ocasião determinante, na qual o orador pretende impressionar ou acarinhar uma audiência. A expressão, ampliada e devidamente contextualizada à região duriense, agora usada, poderia facilmente ter sido proferida como corolário da […]
O título desta peça não é acidental. A expressão champagne pour tout le monde é usada, em França, no final de uma apresentação ou ocasião determinante, na qual o orador pretende impressionar ou acarinhar uma audiência. A expressão, ampliada e devidamente contextualizada à região duriense, agora usada, poderia facilmente ter sido proferida como corolário da apresentação vínica que decorreu nas caves de vinhos da Rozès, da zona ribeira de Vila Nova de Gaia, quase junto à margem direita do rio Douro.
O local escolhido, também usado como enoturismo da empresa, serviu inicialmente para apresentar o novíssimo champanhe Pommery Apanage Brut 1874. Trata-se de uma referência dedicada às artes culinárias, criada com o objetivo de traçar uma forte ligação entre a região de Champagne e os melhores restaurantes do mundo. Esta referência tem, como traço característico, o uso de 20% da reserva perpétua da empresa no lote final.
Curiosamente, a data inscrita no rótulo assinala o ano em que Madame Pommery terá cunhado o termo “Brut” e, com isso, revolucionado o seu consumo. Tradicionalmente bebido à sobremesa até então, foi, a partir daí, se transformando na bebida eclética que é hoje, consumida ao longo de todo o dia.
Apetência gastronómica
O momento serviu também para apresentar referências durienses desta empresa do grupo Vranken-Pommery Monopole, que inclui várias casas de Champagne, como a Pommery, e vinhos do Sul de França. Foram três brancos, um tinto e um rosé da gama Terras do Grifo, produzidos com castas autóctones do Douro. Apresentando boa apetência gastronómica a preços ponderados capazes de seduzir uma gama alargada de apreciadores.
No Douro, o património da Rozès está distribuído por nove quintas que contabilizam 230 hectares de superfície: a Quinta do Paço e a do Monte Redondo, ambas em São João da Pesqueira, a Quinta da Estrela de Desejosa, a de Santo Aleixo e a de Ponte de Ferreira, em Tabuaço, a Quinta da Veiga Redonda, a do Grifo e a da Canameira, em Freixo de Espada à Cinta, e a Quinta de Monsul, em Lamego. Por ano, comercializa cerca de 1,5 milhões de garrafas de Vinho do Porto e 350 mil garrafas de vinhos do Douro, com a marca Grifo.
(Artigo publicado na edição de Agosto de 2024)
Novo Hotel do Barrilário do Grupo Terras & Terroir
O Grupo Terras & Terroir ampliou o seu portefólio na área do turismo com a abertura de um novo hotel em Armamar, perto do rio Douro. A nova unidade de luxo está englobada num projeto que englobou também a recuperação da casa principal e da capela da Quinta São José do Barrilário, cuja fundação data […]
O Grupo Terras & Terroir ampliou o seu portefólio na área do turismo com a abertura de um novo hotel em Armamar, perto do rio Douro. A nova unidade de luxo está englobada num projeto que englobou também a recuperação da casa principal e da capela da Quinta São José do Barrilário, cuja fundação data de 1747.
O Douro Wine Hotel & SPA oferece 27 quartos e quatro suites, SPA panorâmico, restaurante, loja de vinhos e área para eventos. A revitalização dos espaços existentes e a edificação do hotel têm a assinatura do arquiteto Henrique Gouveia Pinto, que selecionou, para isso, materiais que refletem a tradição e a ligação da quinta à região do Douro.
Situada a escassos quilómetros da estrada N222, entre a Régua e o Pinhão, no meio das colinas e vinhas do Vale do Douro, a nova unidade hoteleira reforça a capacidade de alojamento do grupo Terras & Terroir na região duriense, que inclui o The Wine House Hotel, da Quinta da Pacheca, o Folgosa Douro Hotel e as Vila Marim Country Houses.
Domínio do Açor: Ano 2
Aqui são as Terras de Senhorim, uma das sub-regiões do Dão. Estamos numa quinta que outrora se chamou Mendes Pereira, que foi adquirida por um grupo de investidores brasileiros, apostados em conseguir produzir vinhos tão originais quanto possível. O grupo, que tem em Guilherme Corrêa (Temple Wines, distribuidora) o seu representante permanente em Portugal, é […]
Aqui são as Terras de Senhorim, uma das sub-regiões do Dão. Estamos numa quinta que outrora se chamou Mendes Pereira, que foi adquirida por um grupo de investidores brasileiros, apostados em conseguir produzir vinhos tão originais quanto possível. O grupo, que tem em Guilherme Corrêa (Temple Wines, distribuidora) o seu representante permanente em Portugal, é constituído por confessos amantes da Borgonha. E a paixão é de tal monta que, desde o início do projecto, se procurou identificar as características do solo que permitissem pensar em fazer vinhos Grand Cru, Premier Cru e vinhos Villages, tudo terminologia muito cara à célebre região francesa. Para essa identificação foi contratado o chileno Pedro Parra, uma sumidade no que toca à identificação e análise de solos. Prevenidos pelo próprio que na análise a fazer não haveria nem “paninhos quentes” nem “palmadinhas nas costas”, o grupo brasileiro ficou radiante com as conclusões do técnico, que identificou 55% da área da vinha como podendo gerar vinhos Grand Cru, 40% Villages e 5% Premier Cru. Esta conclusão foi como “música celestial” que ainda mais incentivou a continuação do projecto. Curiosidade: as opiniões de Parra corroboraram a ideia empírica sobre a qualidade dos vinhos das várias parcelas!
Este ano a novidade técnica prendeu-se também com a contratação de um especialista em poda (assunto bem mais complicado do que se imagina), o italiano Marco Simonit, com larga experiência na Borgonha onde, como nos informaram, dirige a poda do Domaine Leroy há mais de uma década. A identificação precisa do que se deve podar, a forma de o fazer e o que se pode esperar de um trabalho feito em bases científicas, são assuntos para os próximos anos. A paciência também tem aqui o seu lugar. Cativo!
O projecto, que conta com sete trabalhadores em permanência, poderá conhecer algum alargamento. Por um lado, irão, a partir de 2024, usar as instalações da adega contígua à quinta, que foram adquiridas a Carlos Lucas (Magnum Vinhos) e, por outro, Guilherme Corrêa não descarta a hipótese de serem adquiridas parcelas de vinhas velhas que possam ser consideradas interessantes para aumentar a capacidade produtiva.
Vão ser plantadas onze castas antigas da região, algumas presentes numa parcela da quinta usada pelo Centro de Estudos de Nelas para testes de porta-enxertos.
Valorizar, descartar, modificar
Com os trabalhos de análise de solos feitos e já com algumas vindimas no activo, o grupo de enologia, que integra Luis Lopes (consultor e também enólogo na vizinha Quinta das Marias) e João Costa como enólogo residente, começam a ter uma noção daquilo que há a valorizar e das dificuldades/vantagens das castas aqui presentes. A casta mais difícil é a Tinta Roriz, muito atreita a doenças do lenho; a mais surpreendente é a Bical porque aqui beneficia de um solo de limo com boa profundidade acima do granito partido e gera vinhos de boa acidez e álcool, “o que não acontecia na Pellada”, comentou Luis Lopes que foi enólogo na propriedade de Álvaro Castro. Entre re-enxertos, arranque e novas plantações, irão trabalhar com Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alvarelhão, Tinta Pinheira, Baga, Castelão Nacional, Barcelo, Uva Cão, Terrantez, Alvar Roxo e Douradinha, no fundo as velhas castas da região, muitas delas presentes na parcela de vinha velha, plantada em 1961 e que tinha servido de campo ampelográfico para o Centro de Estudos de Nelas, nomeadamente para o teste dos porta-enxertos. O vinho feito com as uvas desta parcela ainda não está no mercado. Para já estagia em barricas oriundas da região italiana de Barolo.
O conceito vitícola aponta claramente para uma conversão em bio, processo lento que obriga a muitos cuidados na vinha e a muita intervenção (este ano os tratamentos contra o míldio foram semanais), combinando o uso do cobre (que não deixa de ser metal pesado que permanece no solo…) com outros compostos associados autorizados em agricultura bio. Desde 2021 que estão a fazer a mobilização do solo para evitar a compactação, plantando leguminosas e cereais na entrelinha, como cevada, centeio, favas e ervilhaca.
O ano de 2022 foi o mais seco em toda a Europa mas, aqui no Dão, alguns solos, nomeadamente com maior percentagem de limo (é o solo mais fino a seguir à argila, que pode aparecer misturado com granito), conservam a frescura mesmo a alguma profundidade. O granito degrada-se em areia e limo – solos de rochas frias que depois transmitem frescura e leveza os vinhos. O limo retém água e por isso não há stress hídrico. Vantagem da região. A verdade é que é da degradação da pedra que podem nascer vinhos onde se sente alguma mineralidade, não do solo ser apenas pedra.
Barrica sim, mas com tino
O uso das barricas é aqui permanente. Mas a percentagem de barricas novas é moderada. A ciência do fabrico das barricas permite estudar as aduelas que compõem a barrica para, por cromatografia, escolher as que têm menos lactonas (ou seja, que dão menos aromas de madeira), uma sofisticação que sublinha os cuidados na produção. Como nos lembra Luis Lopes, “quando compramos barricas novas usamos primeiro no vinho de Encruzado, porque é casta que não se deixa dominar pela madeira. A casta Bical, ao contrário, dá-se muito mal com a barrica nova. Temos de nos ir ajustando”.
As novidades ora apresentadas contemplam os brancos de 2022 e tintos de 2021. Os vinhos têm os nomes alterados porque, lembrou Guilherme, “no mercado brasileiro era importante ter um nome associado à parcela” e desta forma temos vinhos com novos nomes; os de lote de várias parcelas mantêm a grafia original. Assim “nasceram” o Vila Romana, o Vinha Ruína e o Vinha Celta Bical. Este último, após um dia de maceração pelicular, o mosto fermenta em barrica e estagia 11 meses sobre borras. Depois ainda passas seis meses em inox antes do engarrafamento sem filtração. O Domínio do Açor branco tem, nesta edição, uma maior percentagem de Encruzado. Fermenta em ovo de cimento, inox e barrica, com maloláctica completa; 11 meses sobre borras sem bâtonnage, em ambiente redutor para que o gás final da fermentação funcione como protector, evitando alguma oxidação e possibilitando menor uso de sulfuroso.
Os tintos tiveram 18 meses de estágio em madeira, jogando entre barricas nova e usadas. No segundo semestre deste ano sairão mais três tintos: Jaen, Tinta Pinheira e o Vinhas Velhas, todos da colheita de 2022.
Os Grand Cru ainda não chegaram, enquanto resultado de todo o trabalho feito na vinha e na poda, mas os cuidados postos em todas as etapas, da vinha ao copo, são indicadores seguros de que o projecto ainda vai ter muito para dar. Curioso mesmo é ouvir falar em “vinhos com pouca intervenção”, como sendo um facto valorativo da nova tendência. Alguém anda muito mal informado. Aqui, tal como noutros produtores que trabalham com profissionalismo, a intervenção não é “pouca”, é “hiper” e contínua…
(Artigo publicado na edição de Agosto de 2024)
Portfolio anuncia representação exclusiva do Marqués de Riscal
A Portfolio Vinhos, empresa de distribuição da Symington Family Estates, passou a ter recentemente, a representação exclusiva do produtor espanhol, Marqués de Riscal. Ao longo dos seus 166 anos de história, a empresa do país vizinho consolidou um portefólio único de vinhas nas regiões de Rioja, Castilla y León e Rueda. Actualmente, o Marqués de […]
A Portfolio Vinhos, empresa de distribuição da Symington Family Estates, passou a ter recentemente, a representação exclusiva do produtor espanhol, Marqués de Riscal.
Ao longo dos seus 166 anos de história, a empresa do país vizinho consolidou um portefólio único de vinhas nas regiões de Rioja, Castilla y León e Rueda. Actualmente, o Marqués de Riscal exporta para cerca de 110 países.
Há uma década, a empresa assumiu um compromisso com a agricultura biológica, porque considera que “o respeito pelo meio ambiente, entre outros pelos ecossistemas e pela sua fauna autóctone, torna o cultivo mais sustentável e prolonga a vida das vinhas, assegurando a qualidade futura dos vinhos”. A empresa possui 350 hectares de vinha certificada em Rueda e 370 hectares em Rioja, com pouco mais de 100 em conversão.
Em 2011, a Marqués de Riscal foi escolhida como uma das 10 marcas de vinho mais estimadas do mundo pela publicação Drinks International e, em 2013, a revista Wine Enthusiast concedeu-lhe o título de Melhor Adega Europeia. Além da qualidade dos vinhos que produz, a empresa é conhecida por ter criado a Cidade do Vinho – La Ciudad del Vino – projecto de enoturismo de grande dimensão, originalidade e impacto visual, que integra o Hotel Marqués de Riscal, desenhado pelo arquitecto canadiano Frank O. Gehry, o Spa Vinothérapie® Caudalie, quatro áreas de restauração sob a consultoria do Chef Francis Paniego – o restaurante Marqués del Riscal, distinguido com uma estrela Michelin, o restaurante 1860 Tradicíon, o Vinoteca & Bistrô e o Asador Torrea – e ainda a adega centenária do Marqués de Riscal, a mais antiga de Rioja.
Vinhos & Sabores 2024: Conheça as provas especiais desta edição
Já é conhecida a lista de PROVAS ESPECIAIS COMENTADAS a decorrer durante o VINHOS & SABORES (19 a 21 de Outubro, na FIL, em Lisboa). As Provas Especiais são um momento único dentro do Grandes Escolhas | Vinhos & Sabores. Autênticas Masterclasses concebidas para consumidores que querem aprofundar os seus conhecimentos ou viver uma experiência memorável de provar […]
Já é conhecida a lista de PROVAS ESPECIAIS COMENTADAS a decorrer durante o VINHOS & SABORES (19 a 21 de Outubro, na FIL, em Lisboa).
As Provas Especiais são um momento único dentro do Grandes Escolhas | Vinhos & Sabores. Autênticas Masterclasses concebidas para consumidores que querem aprofundar os seus conhecimentos ou viver uma experiência memorável de provar vinhos raros, a maior parte deles não acessíveis no mercado, comentados pelos seus criadores.
Serão 11 as Provas Especiais que vão decorrer ao longo dos dias da feira. Este ano teremos uma prova patrocinada pela CVR dos Vinhos Verdes (CVRVV) “Vinhos verdes com ambição”, por um valor simbólico de 1€, e ainda na compra de lugar para a prova “Enjoy the moment – Onde os vinhos e perfumes põem à prova os seus sentidos”a oferta de 2 copos Schott Zwiesel The Moment 140 – Pinot Noir
Lista das Provas e bilhetes já disponíveis AQUI. Os lugares são muito limitados! Assegure já o seu.
The Fladgate Partnership: A alvorada de uma nova era
Em 1667, Colbert, primeiro ministro do rei francês Luís XIV, desenvolveu uma série de medidas para restringir a importação de produtos ingleses para França. Como resposta, Carlos II de Inglaterra proibiu a de produtos franceses para o seu país, obrigando o comércio de vinho inglês a procurar fontes alternativas de abastecimento. Este foi o contexto […]
Em 1667, Colbert, primeiro ministro do rei francês Luís XIV, desenvolveu uma série de medidas para restringir a importação de produtos ingleses para França. Como resposta, Carlos II de Inglaterra proibiu a de produtos franceses para o seu país, obrigando o comércio de vinho inglês a procurar fontes alternativas de abastecimento.
Este foi o contexto que levou, em 1692, Job Bearsley a fundar a Taylor’s e a estabelecer-se em Portugal com o objetivo de comercializar vinhos para as ilhas britânicas. Começou por fazê-lo com a expedição de carregamentos em navios a partir do porto de Viana do Castelo. O vinho era então produzido em torno das povoações de Monção e de Melgaço. No entanto, o palato britânico não se afeiçoou aos vinhos tintos parduscos produzidos na altura, o que levou à busca de novos territórios para satisfazer a procura. Desta forma, Peter Bearsley, filho de Job Bearsley, começou a olhar para o interior de Portugal em busca de vinhos mais robustos e encorpados, provenientes das encostas íngremes e rochosas do Vale do Douro. Como a longa distância e o terreno montanhoso entre o vale do Douro e Viana do Castelo implicavam o envolvimento de muitos recursos, que muitas vezes redundavam em insucesso, os vinhos começaram a ser transportados de barco pelo rio Douro até à cidade do Porto. Daí, outras embarcações levavam-nos para Inglaterra.
A Grande Depressão
Para obter algumas vantagens negociais e ampliar relacionamentos, Bartholomew Bearsley foi o primeiro exportador britânico a adquirir uma propriedade no Douro, perto da cidade da Régua. Este facto é ainda hoje relembrado no vinho do Porto Taylor’s First Estate Reserve.
Até 1929, o mercado britânico concentrou cerca de 66% das vendas de vinho do Porto. No entanto, o período entre a Grande Depressão e ao final da II Guerra Mundial marcou uma época devastadora para o sector, que provocou o colapso quase total do comércio do vinho do Porto. Para contrariar esta tendência, as empresas procuraram aumentar o número de mercados e diversificar a oferta. Assim, a Taylor’s lançou, em 1934, o Chip Dry, um novo estilo de vinho do Porto branco de aperitivo.
A década de 60 marca a recuperação do setor. Curiosamente, o mercado britânico não voltaria a assumir a primazia das exportações, devido a alterações nos padrões de vida e hábitos de consumo dos seus cidadãos. E foi assim que o mercado europeu, em especial o francês, emergiu como um dos principais importadores de vinho do Porto.
O novo milénio trouxe novos desafios. O volume de vendas começou a decair novamente e assistiu-se a uma concentração dos grupos económicos e a uma nova vaga de diversificação dos produtos vínicos e do seu universo.
Uma das mais entusiasmantes mudanças foi a criação da nova tendência conhecida por super tawnies. No outono de 2010, a Fladgate lançou no mercado uma edição muito limitada de um porto tawny datado de 1855, sob o nome Scion. Estava criada uma nova era no mercado dos vinhos do Porto.
Nesse mesmo ano foi inaugurada, em Vila Nova de Gaia, na zona dos armazéns de envelhecimento de vinho Porto, uma nova estrutura, o Yeatman Hotel, que representa uma inovadora fusão entre o acolhimento de luxo e cultura vínica para todos os amantes e curiosos do vinho.
Em 2020, o grupo inaugurou um projeto turístico de carácter holístico que representou um investimento de cerca de 105 milhões de euros. O World of Wine congrega um conjunto de museus, lojas, restaurantes, uma escola do vinho e uma galeria de exposições temporárias. E foi chegada, então, a hora de diversificar mais um pouco.
Uma nova era
O dia 21 de junho foi escolhido, pela The Fladgate Partnership, para apresentar uma nova era e uma nova divisão da empresa, a Fladgate Still & Sparkling Wines. Criada em 2023 após a compra da Ideal Drinks, que detinha propriedades nas regiões dos Vinhos Verdes, Dão e Bairrada, representa a entrada da empresa na produção de vinhos tranquilos após mais de 300 anos. Tal como referiu Adrian Bridge, o seu presidente, “houve sempre a expectativa que entrássemos nos vinhos de mesa no Douro, mas sempre dissemos que precisávamos das uvas das nossas quintas para acompanhar o crescimento das vendas das categorias especiais de vinho do Porto… E, entretanto, surgiu esta proposta para a compra da Ideal Drinks, que aceitámos”.
O projeto integra, na região da Bairrada, duas propriedades, a Quinta Colinas São Lourenço e a Quinta da Curia, com um total de 61 hectares. Na Região dos Vinhos Verdes inclui três propriedades, a Quinta da Pedra, a Quinta dos Milagres e o Paço de Palmeira, num total de 54 hectares. No Dão pontifica a Quinta da Bella, uma propriedade de 23 hectares.
O diretor da nova divisão, Raúl Riba D’Ave, explicou que “toda a gama de vinhos foi alvo de um reajuste nos preços e no número de referências disponíveis. O melhor exemplo disso mesmo é a marca Colinas que será apenas direcionada para a produção de espumantes”.
Para Adrian Bridge, “a internacionalização destas marcas é o grande desafio, mas o grupo acredita que, já este ano, a Fladgate Still & Sparkling Wines terá 30% das suas vendas nos mercados internacionais”.
A nova divisão da Fladgate Partnership marca o início de uma nova era na longa história da empresa, que se funde com a do vinho do Porto. Mas, acima de tudo, revela a plasticidade e capacidade de adaptação de uma companhia a um negócio cheio de vicissitudes, meandros e oportunidades, tal como o rio Douro.
(Artigo publicado na edição de Agosto de 2024)