Douro tinto por menos de €10: Vinhos ambiciosos, compras inteligentes

Foram 36 os “candidatos” tintos e durienses com preços em euros até ao redondo 10, e o conjunto mostrou ser campeão na relação qualidade-preço, revelando frescura e complexidade. Será este segmento a compra inteligente do Douro? TEXTO Mariana Lopes FOTOS Ricardo Gomez Já se faz vinho no vale do Douro, segundo os mais antigos vestígios, […]

Foram 36 os “candidatos” tintos e durienses com preços em euros até ao redondo 10, e o conjunto mostrou ser campeão na relação qualidade-preço, revelando frescura e complexidade. Será este segmento a compra inteligente do Douro?

TEXTO Mariana Lopes
FOTOS Ricardo Gomez

Já se faz vinho no vale do Douro, segundo os mais antigos vestígios, há mais de 2 mil anos. No entanto, se olharmos apenas para os últimos dez, a evolução dos números desta região foi absolutamente notável, principalmente no que toca à produção e à comercialização. Segundo dados estatísticos recolhidos dos sites do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e do Instituto da Vinha e do Vinho, a área total de vinha diminuiu de 2010 (45.553ha) para 2019 (43.608ha). No entanto, a área de vinha apta a Denominação de Origem (DO) Douro e Porto aumentou, no mesmo período, de 38.364ha para 40.071ha, o que significa que aquele decréscimo de área total de vinha representa, na verdade, boas notícias. Falamos de vinhas de uma região (e já que esta Grande Prova assenta em vinhos tintos) em que as castas tintas predominantes são a Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Francesa, Touriga Nacional e Tinto Cão, mas onde as (verdadeiras) vinhas velhas escondem dezenas de outras uvas antigas. São precisamente estas seis variedades de uva e também, de forma mais ocasional, a Sousão, que entram nos lotes de vinhos tintos do Douro com preço inferior a 10 euros, apenas variando entre elas e nas percentagens de cada uma. Note-se que a newsletter da associação ProDouro, na sua edição de Maio, deu conta de que já se pode oficialmente voltar a chamar Touriga Francesa à Touriga Franca. Nessa edição, pode ler-se: “Segundo o aviso nº 3999/2020 do Instituto da Vinha e do Vinho, publicado em Diário da República de 6 de Março «são incluídos na lista de castas anexa à referida Portaria [nº 380/2012 de 22 de Novembro] e da qual faz parte integrante as seguintes castas e sinónimos: (…) Casta Touriga-Francesa como sinónimo da casta Touriga-Franca (PRT52205), apenas na rotulagem da DO Porto, Douro e IG Duriense».”

Já no que toca à produtividade, devida aos solos pobres, clima agreste e orografia difícil, o Douro não é uma região que se caracterize por elevado rendimento, estando a produtividade permitida tabelada num máximo de 55 hectolitros (cerca de 7.500kg) por hectare. A produtividade média fica-se, inclusive, pelos 30 hectolitros (cerca de 4.100kg) por hectare, contra, por exemplo, os cerca de 7.600 kg/ha do Alentejo (dado de 2016).

Mas é quando chegamos aos números da produção de vinho que a coisa fica ainda mais séria. Em 2010, a produção total de vinho apto para poder originar DO Douro era de pouco mais de 50 milhões de litros. Em 2019, passou os 81 milhões. Em volume, as vendas de vinho tinto certificado DO Douro passaram, no mesmo período, de 17.543.521 litros para 30.024.831 litros, o que correspondeu, em valor, a um salto dos quase 80 milhões de euros para mais de 134 milhões. Tudo isto com um aumento de 43 cêntimos por litro, dos 4.04 euros para os 4.47, o que conclui que o Douro conseguiu aumentar a produção e as vendas sem baixar o preço, o que é sempre de louvar.

Os anos vitícolas 2017 e 2018

Quase todos os vinhos provados são das colheitas de 2017 (maioria) e 2018, dois anos vitícolas que se revelaram bastante díspares. A família Symington, com mais de 1000 hectares de vinha no Douro, produz óptimos relatórios de vindima que são excelentes apoios para qualquer trabalho, e o disposto a seguir foi baseado nesses mesmos relatórios, podendo ajudar a perceber os perfis dos vinhos destas colheitas. O ano de 2017 foi, em geral, bastante quente e seco, com a maioria dos seus meses a registar um nível de precipitação bem abaixo da média. Março, Abril e Maio foram, inclusive, cerca de 2.6ºC mais quentes do que a média e Abril, em concreto, foi o mais quente desde 1931. Junho também não quis ficar atrás, e foi o mais quente desde 1980, com a temperatura a atingir os 43ºC. Julho manteve-se seco e quente. Já Agosto mostrou-se mais moderado, com noites relativamente frescas. Consequentemente, e devido a esta seca, as produções em 2017 acabaram por diminuir.

A seca prolongou-se até Março de 2018, ano que acabou por divergir bastante do anterior porque em Março, Abril e Maio choveu abundantemente, a um nível que chegou a ser duas vezes acima da média destes meses. Depois, a 28 de Maio deu-se um episódio dantesco que poucos esquecerão: uma tempestade acompanhada de forte granizo, tendo a zona do Pinhão sofrido uma precipitação de 90mm em menos de duas horas. Foi desastroso e muitos produtores viram os seus solos arrastados para o rio e as vinhas destruídas, e também por isso as perdas na produção em 2018 foram muito grandes, mesmo com o resto do ano vitícola (com a excepção de um Setembro bastante mais quente do que o habitual) a revelar-se “normal”, com números próximos da média. Em 2017, a produção total de vinho DO Douro foi de 51.564.497 litros e em 2018 caiu de forma impressionante para os 38.530.429 litros. 

Como são os tintos do Douro até €10?

A amostra de 36 tintos do Douro com preço até 10 euros, é já suficiente para que se possam tirar algumas conclusões interessantes, a partir dos pontos em comum que apresentaram, e até dos que divergiram por alguma razão. Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que a faixa de preço se situou, na maior parte dos casos, nos 7, 8 e 9 euros. Uma das ilações, e a minha favorita, é o facto de este conjunto dos tintos ter apresentado uma enorme frescura transversal, e também um nível de complexidade já bem “jeitoso” para o segmento de preço. Os enólogos de alguns dos vinhos mais bem pontuados desta Grande Prova vieram ajudar a perceber isto e várias outras coisas. Francisco Baptista, autor do Andreza Reserva 2017, da Lua Cheia em Vinhas Velhas, explica que “o Douro é uma região que se tem adaptado as novas tendências, de vinhos com frescura e complexidade, e isto deve-se à riqueza de todo o vale, como as diferentes altitudes, vinhas em encosta com diferentes exposições, e três sub-regiões totalmente diferentes. Esta vindima [2017] foi complicada, pois começámos em Agosto com imenso calor e a maturação foi rápida nas zonas perto do rio, mas os mostos eram ricos em antocianas, polifenóis e ácidos. Na meia encosta, em vinhas viradas a Norte e nos planaltos, o equilíbrio era extraordinário”. Quanto à complexidade, o enólogo diz que esta “não é de admirar”, porque “a viticultura tem feito um trabalho notável na região e, se as castas estiverem nos sítios certos, a partir daí o trabalho na adega é facilitado”. Manuel Lobo, enólogo-chefe dos vinhos Quinta do Crasto, vai de encontro à ideia da pluralidade de terroirs do Douro com que se pode “jogar”, e acrescenta que “a resposta está na “nova era” de enologia, que assenta os seus pilares no respeito pela vinha e consequentemente pelo seu equilíbrio natural”. Em relação ao ano 2017, Manuel Lobo conta que “para encontrar o equilíbrio e frescura, foi fundamental não falhar o ponto óptimo de maturação, evitando assim os aromas de sobre-maturação, e privilegiar a altitude e exposições Norte e Nascente”. E é precisamente esta a exposição das vinhas que dão origem ao Flor das Tecedeiras, cuja enologia está a cargo de Rui Cunha (também do Quinta dos Avidagos Reserva 2017), que reforça que “isso contribui muito para o seu lado de frescura”. Jorge Moreira, responsável pelos vinhos da Real Companhia Velha, neste caso o Quinta dos Aciprestes 2017, e também pelos Quinta de La Rosa, lembra que “no passado havia uma grande procura por concentração e potência, mas hoje os enólogos estão muito mais virados para o equilíbrio. Assim, a frescura e a própria acidez passaram a ser uma das nossas maiores preocupações”. Paulo Coutinho, que assina os vinhos da Quinta do Portal, é ainda mais assertivo quando fala de complexidade e afirma que esta “vem claramente de um ano quente, pois a vinha, para produzir um bom vinho, precisa de sofrer. Mas, por exemplo, 2003 foi bem mais quente, produzindo ainda maior complexidade, mas faltou acidez e frescura. Já 2017 beneficiou do que 2009 já tinha beneficiado no Douro, que foi uma busca incessante por maior elegância e frescura. O enólogo da região tentou, desde aí, combater a concentração nos anos mais quentes com a acidez, seja recorrendo à altitude, ao portefólio das castas, ou ao controlo na viticultura, com práticas que nos permitem proteger a folha e fruto da agressividade do tempo quente”.

Mas, o que deve ser um vinho deste segmento de preço, tendo em conta o que o consumidor procura neles? José Manuel Sousa Soares, enólogo da Quinta de Ventozelo, da Gran Cruz, elucida de forma muito pertinente que, para si e nesta empresa, é “necessariamente um vinho da gama média em qualidade e com um preço pouco superior à entrada de gama. Pretende-se que a força, o carácter e a complexidade do lugar sejam evidentes num vinho acessível, marcado pela expressividade das castas que o compõem”. Jorge Moreira concorda e, além de falar na identidade regional, refere que “devem ser equilibrados e estar em bom momento para serem consumidos”, e que são vinhos que estão “no nosso segundo patamar qualitativo, tendo em conta que os de entrada de gama têm carácter regional, os do segundo patamar já mostram a Quinta de onde vêm, num terceiro mostram a casta e/ou a vinha, e assim sucessivamente”. Uma hierarquia e perspetiva interessante, demonstrada por este enólogo.

Rui Cunha, por sua vez, defende o contraditório de uma forma válida: “De uma forma geral, nós (e eu também sou consumidor) procuramos aqui vinhos equilibrados, coerentes, com complexidade e bom final de boca. Mas não há uma definição de como deve ser um vinho ‘nesta faixa de preço’. No projecto das Tecedeiras, o Flor das Tecedeiras está na gama de entrada mas, nos Avidagos, o Avidagos Reserva é um ‘premium’. Este é só um dos argumentos”. Já Paulo Coutinho vê esta questão um pouco como um “jogo de cintura”, explicando que “esta é uma gama de preço onde o consumidor procura chegar sempre que quer um pouco mais de sofisticação e complexidade do que o habitual. Já não é o vinho do dia-a-dia. Além disso, é quando o consumidor pensa não só nele, mas na companhia para o tomar, e normalmente escolhe esta gama dos [quase] 10 euros para iniciar o jogo antes de passar o ponto alto, ao nível acima. Assim, tem de ter a complexidade suficiente para não defraudar”. Manuel Lobo acrescenta que “devem ser vinhos que despertem também no consumidor a curiosidade para conhecer melhor a região”.

Na vinha e na adega

Há um elemento comum nas respostas dos enólogos, que é a vinha, o respeito por ela, e a importância da viticultura, e isto não só nesta prova, mas em muitas outras que a Grandes Escolhas já fez. O que nos leva a indagar sobre se, para cada tipo de vinho, haverá ou não uma viticultura especifica, e até, em concreto no Douro, castas favoritas ou “essenciais” para tintos deste segmento. José Manuel Sousa Soares começa por expor que “na viticultura temos de escolher métodos que expressem bem o carácter das castas e dos locais de produção, de forma a que a produção seja equilibrada com o potencial vitícola em causa, quer do ponto de vista qualitativo como quantitativo, e que promova a boa sanidade vegetal. Não há, portanto, soluções únicas nem sempre vencedoras, até porque os anos, do ponto de vista climático, não se repetem e originam alteração do potencial das uvas. É necessário um acompanhamento muito próximo da evolução anual que possibilite a escolha acertada das datas de vindima em cada parcela”. Este enólogo escolheu integrar Alicante Bouschet no lote do Ventozelo 2016, juntamente com Touriga Francesa e Sousão, porque aquela casta “está instalada numa meia encosta virada a Nascente-Norte e, em 2016, apresentava frescura com algum carácter vegetal muito importante para o resultado final”. Além deste pormenor, que confere alguma originalidade, José Manuel Soares acredita que, neste tipo de vinho, “a Touriga Franca [ou Francesa] é essencial na estruturação”. Jorge Moreira e Francisco Baptista também elegem a Touriga Francesa como favorita nestes lotes, este último dizendo que dá “pouco álcool, boa acidez, e fruta vermelha intensa e fresca”. E Manuel Lobo reforça que não há receitas, mas que “é fundamental estarmos presentes. O modelo deve ser de equilíbrio e de respeito pela identidade o que, na minha opinião, só se consegue com uma viticultura de precisão.”. E defende, nestes vinhos, a tríade “Touriga Nacional, para aroma e frescura, Touriga Franca, para volume e estrutura, e Tinta Roriz, que dá elegância e persistência”. Depois de confessar que lhe dá gozo voltar a usar o nome “Francesa”, Paulo Coutinho confessa que esta é a “pacificadora do lote”, mas que adora a Tinta Roriz para esta categoria, achando “incrível para o frutado que pretendo”. E Rui Cunha volta a trazer o fundamental contra-argumento: “De nada serve dizer que uma determinada casta é fundamental se o local não lhe é favorável. Felizmente, a região do Douro é rica em castas que estão muito bem-adaptadas aos variadíssimos ‘micro-terroirs’”.

Quanto à enologia destes vinhos, e quando falamos do ano quente de 2017, Manuel Lobo diz que “foi essencial controlar muito bem as extracções e as temperaturas de fermentação” para que não se perdesse frescura. Jorge Moreira e Paulo Coutinho sublinham a pouca extracção e o primeiro fala também da necessidade de vindimar cedo “quando ainda temos fruta fresca”, e do “cuidado com a madeira nova para não descaracterizar os vinhos”. Rui Cunha toca estes pontos mas acrescenta (e muito bem) o factor higiene. E depois de tudo isto, só há uma coisa a desejar, nos tempos que correm: haja higiene e saúde para beber vinhos desta qualidade!

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Artigo da edição nº38, Junho 2020

Alentejo tinto até €8: Muita qualidade a preço acessível

O vinho do Alentejo é, de longe, líder nacional de vendas, apreciado pelos consumidores em todo o país. É ainda uma região com beleza paisagística que oferece enoturismo de excelência, quer em unidades hoteleiras, quer a nível de gastronomia. E por fim, o espírito inovador está presente em vários projectos desafiantes na região. TEXTO Valéria […]

O vinho do Alentejo é, de longe, líder nacional de vendas, apreciado pelos consumidores em todo o país. É ainda uma região com beleza paisagística que oferece enoturismo de excelência, quer em unidades hoteleiras, quer a nível de gastronomia. E por fim, o espírito inovador está presente em vários projectos desafiantes na região.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Gomez

Desde o ínicio de produção de vinho no território que agora se chama Alentejo, pelos tartessos e fenícios, passaram várias épocas de ouro e crises profundas: invasão muçulmana; guerra de independência;  aposta de Marquês de Pombal no desenvolvimento da região do Douro com arranque de vinhas no resto do país; a praga da filoxera; primeira guerra mundial ou a campanha cerealífera do “Estado Novo”.

Nos últimos 30 anos, a dimensão de vinha cresceu de 11.510 para 24.709 hectares registados em 2019 (dados do IVV). Tem a segunda maior área de vinha em Portugal, a seguir ao Douro e ultrapassando a região do Minho.

Em termos de volume de produção, ocupa o terceiro lugar em Portugal com 1.092.617 hl, que corresponde a 18% de produção nacional a seguir às regiões do Douro (21%) e Lisboa (19%). O facto de ter maior área de vinha e produzir menos do que na região de Lisboa tem a ver com a produtividade média por hectare de vinha, que é inferior no Alentejo (cerca de 44 hl/ha versus 60 hl/ha em Lisboa).

Alentejo é a região mais presente no retalho em Portugal, com quota de mercado superior a 35% em valor, seguido pela região de Vinhos Verdes com mais de 18% e Península de Setúbal com 16,5%, valores registados em 2019. Em volume, a quota de mercado aumenta para 39,5% em 2019 e acima de 40% no ano anterior.

Alentejo ou Regional Alentejano?

O principal objectivo da DO (Denominação de Origem) Alentejo é preservar a identidade de uma determinada área de produção, enquanto a IG (Indicação Geográfica) Regional Alentejano alberga a possibilidade de alguma ousadia. Mesmo assim, a regulamentação a nível de DO não é estanque, tendo sido objecto na última década de várias alterações.

Em 2010 foram simplificadas as regras das 8 sub-regiões do Alentejo e introduziu-se o conceito de castas obrigatórias generalizadas a todas elas, que devem representar, isoladamente ou em conjunto, 75% do lote. Eram 9 brancas (todas tipicamente alentejanas) e 8 tintas, entre as quais para além de tradicionais (Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão e Trincadeira) passou a figurar a estrela portuguesa Touriga Nacional e Syrah que conquistou produtores nacionais e entrou nos lotes alentejanos como uma casta melhoradora. Em 2014, ao leque de castas obrigatórias juntaram-se mais quatro, que bem representam a região: Grand-Noir (curiosamente, a casta esteve sempre presente no encepamento de Portalegre e em casas histórias de Reguengos, como José de Sousa), Moreto, Tinta Caiada e Tinta Grossa. Para além destas, existe uma lista de 47 castas, nacionais e estrangeiras, que podem ser utilizadas na elaboração de vinhos com DO, não ultrapassando 25%.

Obviamente, a IG oferece mais flexibilidade ao produtor: permite mais rendimento por hectare e muito mais castas à escolha. Quem quiser, pode fazer 100% Chenin Blanc, Chasselas, Vinhão ou Zinfandel.

Não existe grande diferença entre DO e IG em termos de qualidade exigida para aprovação.  Por exemplo, um vinho designado como Reserva tem de obter no mínimo 70 pontos e Grande Reserva 80 pontos (escala 0/100), independentemente se for para certificar como DO Alentejo ou Regional Alentejano.

Se analisar a produção só de vinhos tranquilos, sem tomar em consideração espumantes e licorosos, na última campanha de 2018/2019 há mais vinhos produzidos com DO do que com IG, sendo 591.407 hl versus 479.688 hl, respectivamente. Cerca de 75% são tintos e rosés. As sub-regiões de Reguengos e Borba representam o maior peso na produção da região.

Explorar a região de forma inovadora

Apesar de ter uma posição confortável no mercado nacional, a região não parou no tempo, promovendo várias iniciativas, quer a nível de produtores, quer a nível institucional.

Para além das sub-regiões conhecidas historicamente e com carácter diferenciador, como Vidigueira, Évora, Borba ou Reguengos, há projectos interessantes noutras zonas, como a DO Portalegre ou o litoral Alentejano, onde o clima é temperado pela altitude ou pela influência atlântica, respectivamente.

Outro projecto altamente inovador é o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo desenvolvido pela CVR Alentejana em parceria com a Universidade de Évora. Este programa pioneiro em Portugal visa a adaptação de melhores práticas na vinha e na adega para produzir uvas e vinho de qualidade e de forma economicamente viável, protegendo ao mesmo tempo o meio ambiente. Isto consegue-se através de optimização na gestão de energia e água na vinha e na adega, redução, reutilização e reciclagem de resíduos. Sendo o Alentejo uma região com disponibilidade de água limitada (que se pode agravar com as alterações climáticas), a gestão eficiente deste recurso torna-se particularmente relevante para os produtores.

Para dar um exemplo, no Alentejo, o consumo de água varia entre os 1,2 (nos casos mais eficientes) e os 14,4 litros de água por litro de vinho. As ferramentas previstas no programa permitirão a redução do consumo de água até os 0,75 e 1 litro de água por cada litro de vinho produzido. O melhoramento na eficiência energética levará à redução de consumo e custos associados; redução de emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa; permitirá aliviar circuitos sobrecarregados (sistemas de frio ou aquecimento, sobretudo na vindima que é altura de maior consumo energético). O programa é de adesão voluntária e gratuita e actualmente conta com 396 membros.

A nível de enoturismo, recentemente foi inaugurado um novo espaço da Rota dos Vinhos de Alentejo, onde os interessados podem conhecer melhor a região, não só através de provas de vinhos, mas também de forma interactiva. É possível cheirar os aromas das castas principais da região; aprender mais sobre solos, cujas amostras estão disponíveis para observar; organizar uma viagem através de uma plataforma interactiva que disponibiliza informação sobre os produtores com aplicação de vários filtros (tem ou não restaurante ou unidade hoteleira, por exemplo).

O que são vinhos “até 8 euros”

A nossa prova centrou-se em vinhos tintos do Alentejo com preço médio de mercado igual ou inferior a €8. É muito curioso verificar que ao subir um degrau de preço, de 5 para 8 euros, por exemplo, já estamos num patamar diferente em termos de qualidade. Muitos dos vinhos nesta faixa de preços não são propriamente os vinhos de entrada de gama. No caso de alguns produtores mais pequenos, até os vinhos que abrem o portefólio produzidos em maior quantidade, nada têm a ver com os vinhos básicos e simples, normalmente associados a entradas de gama. Ao mesmo tempo não são vinhos caros, representando uma óptima oferta para um consumidor mais exigente.

O enólogo Ricardo Constantino, da Herdade das Servas, está seguro da importância deste segmento de preço para o consumidor. “Nem todos podem comprar vinhos caros. A gama de entrada pode ser mais simples, mais versátil e consensual; a gama média é para um consumidor mais esclarecido.” Se dos vinhos de entrada produzem 1.000.000 garrafas vendidas a 5 euros PVP, desta gama média fazem 150.000 garrafas de tinto (e 30.000 de branco). Procuram “alguma complexidade, algum tanino sem ser muito marcado, nem madeira muito presente, apenas para dar o equilíbrio a fruta”.

Na Herdade da Calada, o vinho Caladessa representa uma gama média, da qual produzem metade dos vinhos de entrada e o dobro dos topos de gama. Vendem mais no canal horeca no mercado interno. O enólogo Eduardo Cardeal repara que “os vinhos da gama média são importantes para o sustento das casas: têm uma margem maior, comparativamente às entradas de gama, acabam por ser uma mais valia.”

Segundo o enólogo Oscar Gato, a gama de monovarietais foi criada na Adega de Borba para dar resposta ao mercado que procura perceber melhor as castas que normalmente entram em lotes. Estes vinhos não estão nas grandes superfícies e, curiosamente, vendem-se muito bem na loja online da própria adega. Mas são quantidades limitadas. Do Senses Syrah, por exemplo, só produzem cerca de 5.000 garrafas.

No caso da HMR, Pousio Selection é um entrada de gama, mas de um patamar diferente. Como não conseguem competir com as adegas cooperativas e outros produtores de grande dimensão, não apostam no vinho de combate, não vendem os seus vinhos nas grandes superfícies e procuram que o preço não seja o factor principal na decisão de compra pelos seus parceiros e pelo consumidor final. Na definição do perfil deste vinho o enólogo Nuno Elias dá primazia à fruta em detrimento de estrutura. A gama Selection fazem 120.000 garrafas de tinto, 47.000 de branco e 20.000 de rosé que em conjunto representam mais de metade da produção total de 320.000 garrafas.

O vinho Carlos Reynolds também consubstancia a entrada de gama para Reynolds Wine Growers. Fazem 50.000 garrafas que representam 25% da produção. Segundo o enólogo Nelson Martins, pretende-se um vinho menos estruturado, com mais frescura e pureza de fruta.

O objectivo do projecto Bojador de Pedro Ribeiro é mostrar a elegância e autenticidade do terroir da Vidigueira, onde trabalha vinhas velhas em viticultura biológica. Começou pequeno e cresceu nos últimos anos, chegando a quase 400.000 garrafas, onde o entrada de gama representa cerca de 50%.

Mas quais são os factores que contribuem significativamente para que o vinho de qualidade possa ser acessível em termos de preço?

Uma viticultura com contas

A orografia relativamente plana do Alentejo e extensão de vinhas oferecem possibilidade de mecanização o que reduz o custo de produção. O clima quente e seco durante a maturação e vindima minimiza a carga de doenças na vinha. Não é por acaso que o Alentejo tem a segunda maior área de vinha em agricultura biológica (a seguir a Trás-os-Montes) com 991 hectares, o que corresponde a 28% da área de vinha em produção biológica em Portugal continental (de acordo com os dados mais recentes da Direcção de Agricultura e Desenvolvimento Rural).

Alguns produtores fazem a diferenciação logo na vinha, por castas e por parcelas. E não limitam tanto a produção, como para os vinhos de gama alta, procurando um compromisso entre várias componentes que contribuem para o produto final.

Eduardo Cardeal confirma que as produções por hectare são maiores, a monda dos cachos, se for necessária, é muito reduzida. Fazem segmentação na vinha, não é tanto em função da casta, como das parcelas. Uma parcela de Touriga Nacional produz 10 tn/ha e outra 5 tn/ha.

Nelson Martins também refere que “a vinha é trabalhada de maneira diferente. Por exemplo, em vez de limitar a produção de Alicante Bouschet ou Alfrocheiro a 4-5 tn/ha, deixam produzir até 7 tn/ha. Desta forma, as uvas também conservam mais acidez, o que é bom para vinhos gastronómicos”.

Nuno Elias tem opinião semelhante, ao dizer que a mesma casta em talhões diferentes pode ter produtividade e características bem distintas. Por exemplo, o Alicante Bouschet que entra no lote do Pousio Selection não é o mesmo que serve de base ao monovarietal.

Na Herdade das Servas a selecção de castas é feita em função do perfil de vinho desenhado para esta gama. Pretende-se alguma complexidade e tem que se sentir o contributo de cada casta. “Propositadamente utilizamos Cabernet Sauvignon e Trincadeira para transmitir alguma sensação vegetal para o vinho ser mais gastronómico, não apenas frutado. Alicante Bouschet para dar complexidade e Touriga Nacional para transmitir uma fruta mais fresca e boa acidez. A Touriga nunca entra na gama mais baixa”, repara Ricardo Constantino.

No caso da HMR a abordagem é diferente. “As castas seleccionadas para esta gama são menos taninosas e com boa fruta, como Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional. Por exemplo o Cabernet Sauvignon ou Petit Verdot não entram nesta gama”, explica Nuno Elias.

Cuidados na adega

Há várias formas de fazer vinho para atingir um equilíbrio entre custos de produção, qualidade do produto e preço moderado para consumidor. Os produtores com quem falámos, de um modo geral, têm cuidado com extracção, preferem uma maceração pré-fermentativa a frio, evitando a pós-fermentativa num ambiente mais extractivo por causa do álcool. Nuno Elias até prefere prensar logo quando acaba a fermentação para não extrair tanino em demasia.

As temperaturas de fermentação são geralmente mais baixas (22-25˚C) para não elevar a extracção de compostos fenólicos e realçar o componente frutado no aroma.

Na Reynolds, Nelson Martins presta especial atenção às leveduras e para os vinhos mais jovens, prefere as leveduras que aportam mais fruta. No início não usam Saccharomyces, adicionando-as para finalizar a fermentação e não deixar açúcar residual.

Pedro Ribeiro, pelo contrário, fermenta com leveduras indígenas e é apologista de enologia de intervenção mínima em termos de utilização de produtos enológicos. Porque o projecto nasceu pequeno, apenas 100.000 garrafas e a filosofia era esta. Hoje, quando o volume aumentou significativamente, é um risco assumido, sabendo que não pode continuar a crescer em volume para manter a filosofia.

Eduardo Cardeal, na Herdade da Calada, recorre à maceração carbónica das castas “com aromas primários clássicos – Touriga Nacional, Syrah, Touriga Franca, Alfrocheiro. Mas não faz o mesmo com a Tinta Caiada, por ter precursores de pirazina.”

Nuno Elias não faz maceração carbónica, mas coloca algumas camadas de bagos inteiros (depende de colheita e da maturação), o que impede contacto inicial com grainhas e películas e promove alguma fermentação intracelular para libertar os precursores aromáticos sem extrair tanino.

Obviamente, nesta faixa de preço há muitos vinhos que não estagiam em madeira. Também se utilizam madeiras alternativas, como aduelas, por exemplo, que são mais aproximadas às barricas pela sua grossura, comparativamente aos chips/aparas. O estágio em barricas, quando é praticado, ocorre em barricas usadas, onde às vezes estagia apenas uma parte do lote.

Segundo Eduardo Cardeal “a amortização de preço já foi feita nos vinhos de topos de gama.” Por isso o Caladessa estagia 12 meses em barricas usadas.

Na Adega de Borba existe um parque de 1.200 barricas; as novas destinam-se aos vinhos premium, as usadas servem para gama média, como é o caso do Senses Syrah que estagia 9 meses em barrica de carvalho. Existem regras internas para a reutilização das barricas, normalmente durante 7 anos.

Na Reynolds Wine Growers, para o estágio de vinhos mais jovens utilizam balseiros de carvalho de 10.000 litros que também não representam custo, nem marcam o vinho.

Na HMR, nos vinhos de entrada 80% do lote não vê barrica, mas no final engloba cerca de 20% de vinhos que estagiaram em barrica para reserva.

Pedro Ribeiro fermenta em cubas de cimento e balseiros de madeira, depois estagia 6 meses em barricas usadas de 500 litros para dar uma boa textura e não marcar muito o vinho.

Na Herdade das Servas para os vinhos de gama média prevêem um estágio bastante prolongado: um ano em barrica, mais um ano ou ano e meio em cuba para manter frescura e mais 6-8 meses em garrafa antes de lançar para o mercado.

Óscar Gato toca mais num aspecto importante que tem certo peso no PVP – os atributos do produto final que não têm a ver com a qualidade do mesmo, como é o caso das garrafas e dos rótulos. “Podíamos fazer uma garrafa ‘xpto’ com um rótulo pujante, mas nós escolhemos garrafas mais leves, ligeiramente troncocónicas e um rótulo adequado.”

É entusiasmante ver esta diversidade de abordagens e estilos, bom senso a par com alguns desafios pelo meio. O resultado está à vista: eleva-se a fasquia do “bom e barato” para “muito bom e acessível”.

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Artigo da edição nº37, Maio 2020

Brancos de Lisboa: Diversidade de castas e estilos

Vinhos Lisboa

Se tivesse de escolher apenas uma palavra para descrever a região, esta seria – diversidade. Solos, castas, denominações de origem, tipos e estilos de vinhos produzidos – tudo é diverso e heterogéneo na região de Lisboa. TEXTO: VALÉRIA ZEFERINO FOTOS: RICARDO GOMEZ Já lá vão os tempos em que a região se chamava Estremadura, conotada […]

Se tivesse de escolher apenas uma palavra para descrever a região, esta seria – diversidade. Solos, castas, denominações de origem, tipos e estilos de vinhos produzidos – tudo é diverso e heterogéneo na região de Lisboa.

TEXTO: VALÉRIA ZEFERINO
FOTOS: RICARDO GOMEZ

Já lá vão os tempos em que a região se chamava Estremadura, conotada sobretudo com fornecimento de grande volume de vinho à capital. Em 2009 adoptou o nome de Lisboa que lhe conferiu uma nova identidade e a colocou no mapa de Portugal de forma inequívoca e contemporânea. A região estende-se entre Lisboa e Leiria, com cerca de 140 km em comprimento e entre 20 e 40 km em largura, sendo delimitada pelo oceano a Oeste. A influência Atlântica é um denominador comum – ameniza as temperaturas de verão através das brisas marítimas e frequentes neblinas matinais que, dado ao relevo não muito elevado, excepto a Sul, proliferam facilmente para o interior. O clima temperado, sem grandes amplitudes térmicas e com uma precipitação anual a nível de 600-700 mm permite uma maturação mais lenta e homogénea sem risco de escaldões ou paragens de actividade fotossintética das videiras. Os solos variam de calcários a argilosos, tendo zonas com arenitos finos e terras mais férteis de aluvião.

São permitidas mais de 50 castas brancas, entre as quais nacionais e internacionais, algumas bem populares, como Chardonnay, Sauvignon Blanc ou Riesling e outras menos conhecidas como Roussanne, Marsanne ou Grüner-Veltliner.

De acordo com os dados do IVV de 2019, a área de vinha plantada na região de Lisboa corresponde a 19 287 ha, mas segundo a CVR Lisboa, apenas cerca de 10 000 hectares são com classificação para Vinho IGP Lisboa e DOP. Destes, as castas brancas ocupam apenas 2 300 hectares. Apesar da região de Lisboa ter excelentes condições para a produção de vinhos brancos, cá, como no resto do país (com excepção da Região de Minho/Vinho Verde), a produção de vinhos brancos está em minoria, representando apenas 20% dos vinhos produzidos na região (75% são tintos e mais 5% rosados).

Em algumas denominações de origem, certas castas são intrinsecamente ligadas à sua identidade, como é o caso de Malvasia em Colares ou Arinto em Bucelas. Em Óbidos, pelo contrário, as regras são mais liberais, permitindo castas pouco conotadas com a região de Lisboa, como Encruzado ou Loureiro, por exemplo, e castas internacionais como Viognier, Riesling ou Chardonnay.

Há também meio-termo. Em Alenquer, Arruda e Torres Vedras são autorizadas várias castas, mas para certificar um vinho branco como DO, as castas tradicionais (Arinto, Fernão Pires, Rabo-de-Ovelha, Seara Nova e Vital) devem representar, no conjunto ou separadamente, no mínimo de 65% a 70% do encepamento. A situação é muito parecida nas Encostas D’Aire.

A maioria dos produtores optam por trabalhar na categoria do Vinho Regional (IG), que oferece muito mais flexibilidade e, por outro lado, a marca Lisboa é mais facilmente reconhecida a nível internacional, do que, por exemplo DO Torres Vedras ou Arruda.

Assim, dos vinhos certificados, 93% são Regional Lisboa e só 7% são DO.

VARIEDADE DE CASTAS

As principais castas brancas são Fernão Pires, representando cerca de 50%, seguindo-se o Arinto com 25%. Fernão Pires é uma casta bastante flexível em termos de clima, adapta-se bem a diferentes tipos de solo, desde que haja humidade suficiente, o que se verifica na maior parte das vinhas da região de Lisboa. É bastante vigorosa e produtiva. Amadurece cedo, tendo como inconveniente a rápida degradação de ácidos, se não for vindimada a tempo. O clima da região, neste caso, permite uma maturação mais lenta. Grande presença aromática faz dela uma escolha acertada para os vinhos fáceis e apelativos da gama de entrada.

Arinto é uma das grandes uvas nacionais com o seu potencial máximo em Bucelas, onde existe a maior variabilidade genética, indicando que esta zona tenha sido a origem da casta. Espalhada pelo país, faz parte de muitos lotes de entrada até aos topos de gama e é capaz de produzir excelentes vinhos em extreme. É naturalmente rica em ácidos, conserva-os mesmo em territórios mais quentes, o que lhe confere a frescura e assegura a longevidade em cave. Tem cachos grandes, mas poucos por cepa o que não faz dela uma casta muito produtiva. Amadurece tarde. A enóloga da Quinta da Chocapalha, Sandra Tavares, refere que é apanhada no final de Setembro, já depois de algumas castas tintas. Para Sandra “Arinto é uma casta muito pura em termos aromáticos, fica bem com alguma maceração pelicular, barricas muito usadas e estágios longos de 8-10 meses.”

O enólogo da Adega Mãe, Diogo Lopes, refere que, no caso deles, o Arinto é plantado nos solos mais calcários das encostas, vinhas não regadas para controlar o vigor. Considera que Arinto é bem talhada para fermentação e estágio em barrica, mesmo a madeira nova não se sobrepõe. Escolhem barricas por tanoaria e por floresta. Preferem tosta ligeira, mas até aguenta um pouco mais.

Das castas nacionais é interessante também cada vez mais a popularidade do Viosinho. Diogo e Sandra concordam que a casta precisa ou altitude, como em certas zonas no Douro, ou a frescura por meio da influência marítima, se não a acidez quebra rapidamente, tornando o vinho pesado.

Das castas internacionais, Chardonnay e Sauvignon Blanc têm uma aposta forte na região.

Diogo e Sandra são unânimes, afirmando que Chardonnay porta-se muito bem na região de Lisboa, fica com acidez forte, aguenta bem barrica, incluindo nova. Tem muita consistência e textura, e mais volume de boca do que Arinto.

Sauvignon Blanc com influência marítima adapta-se bem aos vinhos de entrada de gama (um pouco como Fernão Pires). Diogo Lopes procura no Sauvignon Blanc o seu lado mais cítrico, não tão exuberante e herbáceo como os da Nova Zelândia.

Viognier, com os seus aromas exóticos e que em condições mais frescas não desacidifica bruscamente, parece também começar a ter um certo protagonismo na região.

Segundo Sandra Tavares, as castas internacionais, como Chardonnay, foram uma ferramenta útil no início do projecto, mas hoje, aumentou a procura pela diversidade, e Chardonnay pouco ou nada vende nos mercados estrangeiros. É mais fácil comunicar castas nacionais, como o Arinto, por exemplo. No mercado nacional é o inverso.

Diogo Lopes aponta para a mesma tendência: no Japão ou Estados Unidos, vendem bem as castas nacionais. No mercado nacional, onde em Lisboa e Algarve há muitos turistas que preferem jogar pelo seguro, vendem-se melhor as castas internacionais conhecidas.

NOVE DENOMINAÇÕES DE ORIGEM

A região de Lisboa tem 9 denominações de origem, algumas delas bastante específicas: Lourinhã – só para aguardentes, Carcavelos – só para vinho generoso e Bucelas — apenas para o vinho branco.

DO Lourinhã fica entre Óbidos e Peniche, onde devido à proximidade do mar e castas de grande produção plantadas em solos férteis, os vinhos ficam, naturalmente, com baixo grau alcoólico e acidez alta, tendo mais vocação para servir de base para destilados de qualidade. Carcavelos, com apenas 10 hectares de vinha, segundo o site da CVR Lisboa, é uma das três denominações históricas, juntamente com Bucelas e Colares, todas com características distintas. Foram as primeiras da região a serem demarcadas em 1908 por terem fama e importância económica na altura. Hoje compõem o triângulo dourado de Lisboa e contribuem para diversidade.

Colares, situada entre o mar e a serra de Sintra, com fortíssima influência Atlântica, em termos de brancos, dá primazia a Malvasia de Colares, que deve compor pelo menos 80% de lote. Outras castas autorizadas (Arinto, Galego-Dourado e Jampal) ficam em minoria e nunca aparecem no rótulo. Bucelas é a maior das três denominações históricas, tendo 142 hectares de vinha (dados CVR Lisboa) e é a única no país onde se produz apenas vinhos brancos, com forte predominância de Arinto. O vinho deve ser feito, no mínimo, de 75% desta casta, podendo completar o lote com Esgana-Cão e Rabo de Ovelha.

O relevo relativamente acentuado oferece alguma protecção da influência marítima. As vinhas instaladas em solos predominantemente derivados de margas e calcários duros, distribuídas pelas encostas suaves do vale do Rio Trancão, chegando até as várzeas com solos mais férteis e maturações mais tardias. As brisas do lado do Tejo também têm um efeito temperador, fazendo com que os Verões não sejam muito quentes, mantendo humidade bastante elevada, e desta forma, oferecem à casta as melhores condições para amadurecer lentamente e revelar o seu potencial.

Na parte central da região ficam as quatro denominações com maior contribuição em termos de área de vinha e produção – Alenquer, Torres Vedras, Arruda e Óbidos. DO Alenquer, onde a produção de vinho remonta, pelo menos, ao século XIII, fica a sul da Serra de Montejunto, ganhando protecção dos ventos frescos e húmidos do Atlântico. As vinhas ficam inseridas numa sequência das colinas e vales. Em Arruda dos Vinhos. a Sul de Alenquer, mais afastada dos maciços montanhosos, sente-se mais a afluência atlântica que confere temperaturas amenas, alguma nebulosidade e protege de geadas tardias. Delimitada pelo Atlântico a Oeste, com altitude baixa e fora da barreira montanhosa de Montejunto, o território de Torres Vedras está sob forte influência marítima e também fluvial, sendo atravessada por dois rios – Alcabrichel e Sizandro. A vinha cobre colinas e outeiros, descendo às várzeas ao redor dos rios.

A Noroeste da Serra de Montejunto está a denominação de origem Óbidos, integrando os concelhos Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha e Óbidos, propriamente dito. É uma zona com bastante precipitação devido às chuvas orográficas, influenciadas pela Serra. É nesta área que se situam algumas das casas mais clássicas da região como a Casa das Gaeiras, a Quinta das Cerejeiras, Quinta de S. Francisco, Quinta do Sanguinhal e a bem antiga, embora relativamente recente na produção de vinho de marca, Quinta do Gradil.

Na parte setentrional da região, fica a denominação Encostas D’Aire, assente no maciço cal- cário a Noroeste das Serras de Aire e Serra do Candeeiro. Tem muita influência marítima que marca o clima de transição entre o Atlântico e o Mediterrânico. Está dividida em duas sub-regiões – Alcobaça e Ourém. Nesta última é produzido um vinho histórico sob designação Medieval de Ourém, com apenas duas castas – Fernão Pires e Trincadeira em proporção 80%/20% no mosto, respectivamente.

Ao falar da diversidade, não se pode esquecer da categoria de Vinho Leve, produzido na região de Lisboa. É literalmente, um vinho com corpo leve e baixa graduação alcoólica (de 7,5% a 10,5%), podendo ser ligeiramente gaseificado (até 1 bar).

VISÃO HISTÓRICA

Durante quatro séculos do domínio muçulmano na região Oeste a actividade vitivinícola não tinha expressão. Após a fundação da nacionalidade, a viticultura desenvolveu-se graças às ordens religiosas, os Beneditinos, Clunicenses e ordem de Cister em Alcobaça. Mais tarde, a invasão francesa, depois doenças e pragas da vinha no século XIX penalizaram a produção de vinhos. No final da primeira metade do século passado apareceram casas como Casa das Gaeiras, Quinta do Sanguinhal ou Quinta das Cere- jeiras. As décadas 50 e 60 foram assinaladas pela proliferação de Adegas Cooperativas. Forte incremento do co- mércio para as ex-colónias levou à utilização de castas de grande produtividade, como Alicante Branco, Alvadurão (Síria), Malvasia Rei (conhecida na região como Seminário) e híbridos da Estação Agronómica Nacional. Das 23 adegas até aos nossos dias sobreviveram apenas 13 (referi- das no site da CVR Lisboa). Muitas delas conseguiram fazer uma reestruturação de castas e modernizar-se em termos de equipamento, portefólio e imagem.

Na viragem do século surgiram novos projectos de qualidade e que contribuem para o prestígio da região – Quinta do Monte D’Oiro, Quinta da Chocapalha, Quinta do Gradil, Adega Mãe, por exemplo.

A região está fortemente orientada para os mercados externos, sendo que 80% de vinho produzido é exportado, sobretudo através de dois grandes players como a Casa Santos Lima e a DFJ Vinhos. No panorama do mercado nacional e em termos de vinhos certificados, a região de Lisboa fica no sétimo lugar com 4,7% de vinhos brancos e 4,4% de vinhos tintos em volume.

Ainda há muito vinho vendido à granel, mas o vinho certificado tem vindo a crescer enormemente. A certificação Lisboa é hoje uma garantia de qualidade em vários mercados do mundo e os brancos da região que agora provamos contribuem certamente para isso. Frescos, vibrantes e diversos, são o espelho de uma Lisboa vinícola multifacetada e com espaço para crescer nas mesas de todo o mundo

Sabia que…
O vinho de Bucelas sob o nome “charneco” foi mencionado na peça de W. Shakespeare “Henrique VI”. Teve a ver com um lugar chamado Charneca em Bucelas. O branco famoso também era conhecido na Inglaterra como “hock portuguese” ou “Lisbon hock”, aproveitando a palavra popular “hock” referente aos vinhos brancos secos da Alemanha, particularmente, Riesling.

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

Artigo da edição nº36, Abril 2020

Sociedade Agrícola de Pias: A César o que é de César

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Com este nome há vários, mas verdadeiros são muito poucos. A Sociedade Agrícola de Pias, empresa da família Margaça, é o maior produtor de vinho desta freguesia que conta com apenas dois. Esta é a história dos genuínos vinhos de Pias.

TEXTO Mariana Lopes
NOTAS DE PROVA João Paulo Martins e Mariana Lopes
FOTOS Soc. Agr. Pias

José Veiga Margaça fundou a Sociedade Agrícola de Pias em 1973. Natural de Torres Vedras e com formação na Estação Vitivinícola de Dois Portos, viu-se depois a trabalhar num armazém em Ferreira do Alentejo, altura em que começou a sonhar com um projecto do género do que viria a fundar. Assim, em 73 e com mais dois sócios, instalou empresa e produção em Pias, adquirindo 800 hectares de terreno (sobretudo vinhas e olivais) entre Serpa e Moura. Também viria a restruturar as vinhas e a renovar a adega, dando emprego a muita gente daquela terra. A produção de vinho a granel era actividade principal, com venda em garrafão, mas com o tempo José Margaça introduziria a garrafa, criando outros canais de venda e distribuição.

Gerindo quase tudo sozinho até 1976, pois os outros dois sócios eram praticamente só investidores, nesse ano toda a propriedade foi ocupada por locais de Pias, consequência do PREC e da Reforma Agrária. Felizmente, os camponeses que a ocuparam mantiveram viva a produção de vinho naquele sítio, mas aqui a moeda teve duas faces. Por um lado, esta ocupação foi assumida como uma conquista e uma bandeira da revolução para um país que se erguia após a ditadura, o que inclusive originou romarias de todos os cantos de Portugal, para se testemunhar o sucesso dos agricultores/vitivinicultores em Pias e levar um pedaço dessa conquista para casa, em forma de garrafa. Por outro, enquanto a fama de Pias se enraizava cada vez mais na cabeça dos portugueses, havia toda uma indústria que começava a apropriar-se do nome da localidade, o que gerou, até hoje, um cardápio impressionante de algumas centenas de marcas com a palavra Pias, que nada têm que ver com esta origem, ou até com o país.[/vc_column_text][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”47890,47892,47893,47891,47898,47899,47900,47894,47895″ bullet_navigation=”true” bullet_navigation_style=”see_through” onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em paralelo a tudo isto, a partir do início da década de 80 e até 89, José Veiga Margaça recebeu de volta, faseadamente, as suas propriedades, bem como a adega e o escritório, acabando por adquirir a quota-parte dos outros dois sócios, ficando assim a empresa totalmente familiar. A nível de gestão pouco mudou: José Margaça era a cara do negócio, o que condizia com a sua faceta dinâmica, irrequieta e de “workaholic”. E por isso mesmo, sentindo que era esse o modo de estar que simbolizava a sua família e o seu negócio, desde o início do projecto que o garrafão de vinho ostentava o nome “Margaça”, acompanhado de um símbolo em elipse, que o mercado passou a identificar imediatamente. Em 1988, surgiu o primeiro vinho engarrafado, o tinto Encostas do Enxoé, que gerou burburinho no mercado e é ainda hoje um produto de carácter nostálgico, que muitos consumidores identificam.

Em 1993 dá-se um infeliz ponto de viragem, ano em que José Veiga Margaça adoece e fica impossibilitado de continuar a sua actividade, passando a gestão da empresa para os seus filhos Fernanda e Francisco, que reforçaram ainda mais o carácter familiar do projecto, tendo como uma das primeiras resoluções o lançamento do Encostas do Enxoé branco, em 1998. Por essa altura, o tinto da mesma marca já tinha uma produção de 12 500 garrafas. Curiosamente, o background de Fernanda Margaça era a investigação nuclear, actividade que também manteve em simultâneo com a gestão da Sociedade Agrícola de Pias. No início fê-lo com alguma relutância, mas cedo se reuniu de pessoas de confiança para que a empresa funcionasse de forma oleada enquanto não poderia estar presente. Em 2003 e até 2008, deu-se o processo de reconversão e plantação de novas vinhas, com foco nas castas brancas, que até essa altura tinham pouca quantidade. Assim, as vinhas mais antigas passaram a ser as de 2000 e além das castas tintas – predominantemente Aragonez, Trincadeira, Alfrocheiro, Castelão, Alicante Bouschet e Syrah – passaram a existir as brancas Arinto, Antão Vaz e Gouveio. Foi também em 2004 que a marca do vinho Pias foi alterada para As Pias.

Luís Margaça.

Ventos de mudança

Em 2008 entra em cena Luís Margaça, filho de Fernanda, aquele que viria a ser o actual administrador da empresa. No entanto, o neto de José Veiga Margaça não entrou directamente para este cargo. Licenciado em gestão, começou nesse ano apenas a “ajudar” na empresa, iniciando pelo campo e pela adega, passando por todas as áreas até aprender um pouco de tudo (e não é assim que deve ser?). Foi também em 2008 que entrou uma pessoa que Luís Margaça revelou ter sido muito importante para a empresa: Aida Pires, comercial que estabeleceu relações fortes com os clientes. Dois anos depois, Luís vai para o escritório tratar da parte da exportação, componente que mesmo hoje representa uma menor percentagem do negócio, cerca de 8%. “Tirei o ‘curso de exportação’ a ligar todos os dias para as alfândegas”, disse, em tom de brincadeira.  Em 2011, quando da saída de um dos elementos da equipa da mãe, Luís assumiu as tarefas deste e entrou com afinco na administração. Esta data foi também importante porque, além do lançamento da marca Pulo do Lobo, marcou uma explosão de vinhos com a palavra “Pias” no mercado nacional. Em 2015, plantaram-se as vinhas que hoje são as mais jovens.

Uma nova era

Mais tarde, em 2016, entra o actual enólogo e viticólogo, Renato Neves, que ficou com a parte do campo em sua jurisdição. “Tínhamos, até esta fase, um óptimo produto que era, sobretudo, escoado para granel”, confessou Luís, acrescentado que toda a equipa sentia que havia potencial para mais do que isso. A chegada do novo enólogo coincidiu de forma feliz com o empreendimento da barragem do Alqueva, que lhes tirou 100 hectares mas lhes deu um fornecimento de água fundamental. Assim, o panorama passou para 700 hectares na totalidade, 138 dos quais de vinha, 160 de olival (intensivo e super-intensivo) e 70 de amendoal. Na verdade, foram estas duas últimas áreas agrícolas que geraram financiamento para a vitivinicultura, tendo o azeite Encostas do Enxoé começado a ser distribuído em 2000. “Quando cheguei a Pias, a situação era diferente da que eu estava habituado, pois vinha de projectos vínicos que funcionavam de forma mais harmoniosa. Senti a necessidade de alterar o panorama, tendo visto problemas na organização da empresa a nível estrutural, de recursos humanos, equipamentos… estava tudo muito dedicado ao mercado do bag-in-box e a empresa fechada sobre ela própria”, contou Renato. Uma das primeiras coisas que fez foi desenvolver o sistema de rega, que disse ter sido crucial: “A rega é a ferramenta essencial para ter os custos de produção adequados à qualidade do produto, principalmente se a ajustarmos talhão a talhão”, explicou. Uma das grandes contribuições de Renato, juntamente com os viticultor João Torres, foi precisamente o facto de se ter começado a olhar para a vinha como parcelas e talhões diferentes uns dos outros. Em solos de origem argilo-calcária e arenosa, as vinhas da família Margaça vivem num microclima caracterizado por Verões quentes e secos, e Invernos húmidos e frios. Para as optimizar, investiu-se nesta altura em maquinaria, algo que já não acontecia há muitos anos. “Alguns tractores já nem cabiam nas vinhas”, lembrou Luís Margaça. Com Renato Neves, surgiram também novas tecnologias que aumentaram as quantidades processadas na adega, melhoraram os controlos de maturação e que permitiram a produção própria de leveduras, a título de exemplo. “Neste momento, estamos super-modernizados em todas as áreas”, afirmou o administrador. Em 2018, já com tudo organizado, Renato dedicou-se à vindima e à adega, uma instalação com 2 mil metros quadrados que já existia antes do “Avô Margaça”, com capacidade de armazenamento para dois milhões de litros. Até hoje, esta adega continua a sofrer alterações e investimentos.

Honrar a terra

Renato Neves.

Com a casa arrumada, chegou o tempo de olhar de forma séria para a estética dos vinhos e a sua comercialização. Foi por isso que em 2019 se iniciou o processo de “rebranding” da marca As Pias, rebranding esse assinado pelo atelier de Rita Rivotti. “Queríamos honrar esta nossa marca, que sabíamos genuína”, disse Luís Margaça. Desde a primeira garrafa com “Pias” no rótulo, saída em 1995, já tinham saído muitas mas, na verdade, foi a família Margaça que sempre investiu na freguesia, com uma política social que nunca deixou de passar por apostar nas pessoas de lá. Dos 36 funcionários efectivos, apenas cinco não são de Pias, incluindo Renato e Luís. E foi aqui que o gestor decidiu que, em vez de ingressar numa luta sem fim pela palavra já tantas vezes repetida em registos por este país fora, “seria mais identitário ainda comunicar os Margaça de Pias. Somos Pias porque estamos em Pias”. Surgiu, assim, em 2020, a nova gama Família Margaça, que Renato descreveu como “uma marca superior para nos reposicionar no mercado, com um vinho de qualidade e perfil reproduzíveis colheita a colheita”. Com distribuidores exclusivos para esta marca, o objectivo é levá-la para canais diferentes dos habituais. Para o primeiro ano, o parceiro é a Garrafeira Soares, onde são vendidos os vinhos, que também estão disponíveis em loja online própria. “Este salto é feito com muita segurança e é também um mote para eventuais novas gamas especiais, no futuro”, desvendou Luís.

Com o intuito de fechar um ciclo, a família Margaça tem em marcha um projecto de enoturismo, que tem já infra-estrutura pronta mas que, devido à entrada na fase de recolhimento (imposta pela pandemia) ainda não foi utilizada. Também já existe um wine bar próprio, aberto para a rua, e uma zona-museu com um espólio de equipamentos antigos dos próprios e de uma outra adega já desactivada. De marcas próprias, já se produzem 200 mil garrafas por ano. “Felizmente, a venda a granel tem-nos permitido resistir melhor a esta fase crítica”, desabafou Luís Margaça. Mas olha para o futuro de forma positiva com a intenção, por exemplo, de plantar novas castas – como Alvarinho, Encruzado e Viosinho – de alargar a rede de distribuição e “se a economia resistir a esta fase”, aumentar a produção da nova gama Família Margaça. E é com um sorriso contagiante que conclui: “O meu avô iria ficar muito contente com o que está a acontecer na empresa agora. Ele prezava muito as relações entre as pessoas, a conversa, a palavra e o aperto de mão. Por isso, se pudesse, estaria aqui, de qualquer maneira que fosse”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”47907″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][vc_column_text]

Veja as notas de prova dos vinhos da gama Família Margaça aqui.

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Edição nº 36, Abril de 2020

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Gaivosa multiplex

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

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Marca clássica do Douro, nascida na colheita de 1992, a Quinta da Gaivosa desdobra-se hoje num vasto conjunto de referências, entre brancos e tintos, oriundos de vinhas mais jovens e mais antigas, com parcelas muito distintas umas das outras. Mas independentemente da origem e das opções de adega, a verdade é que o carácter Gaivosa está sempre presente, como se comprova nas novas colheitas agora colocadas no mercado.

TEXTO Luís Lopes

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.
Domingos Alves de Sousa e Tiago Alves de Sousa

Multiplex, definição: conjunto muito variado de elementos que se cruzam numa relação complexa.

A encosta da Gaivosa é conhecida desde os primórdios da nacionalidade, sendo o monte referido na “Carta de doação e couto da ermida de Santa Comba” assinada por D. Afonso Henriques em 1139. Será de supor que então existisse vinha naquele local, que hoje se situa junto à antiga Estrada Nacional 2, na freguesia da Cumieira, a 4 km de Santa Marta de Penaguião. Garantidamente, a vinha já era ali a cultura dominante à época da demarcação da região do Douro, com as célebres Memórias Paroquiais de 1758 (questionário que o Marquês de Pombal mandou fazer em todas as paróquias do reino) a referirem expressamente o “sítio da Gaivoza, bem conhecido pelos exquesitos vinhos”.

A propriedade situa-se na margem direita do rio Corgo e as vinhas estão plantadas entre os 240 e os 450 metros de altitude em solos de xisto bastante pedregosos. Neste extremo noroeste do Baixo Corgo o clima é mais ameno do que na maior parte da região do Douro, para o que contribui também a proximidade do Marão e a floresta da quinta.

A família Alves de Sousa produz ali uvas e vinhos desde há muitos, muitos anos. Domingos Alves de Sousa representa a quarta geração de viticultores e foi ele que protagonizou a grande mudança na vocação familiar, passando de fornecedor de vinho do Porto a granel às principais casas de Gaia, para produtor de vinho do Douro engarrafado.

A estreia, na vindima de 1992, do Quinta da Gaivosa tinto, faz parte da história do Douro moderno e foi o primeiro passo para a consagração da marca. O Quinta da Gaivosa, resultado da fermentação conjunta das uvas das melhores parcelas da propriedade, com a consultoria enológica de Anselmo Mendes, apareceria apenas nos melhores anos, surgindo depois em 1994, 1995, 1997, 1999 e 2000. Na vindima de 2003 optou-se por uma outra abordagem, com a vinificação separada por parcela, fazendo-se o lote no final. Os Gaivosa que se seguiram (2005, 2008, 2009, 2011, 2013, 2015 e 2017) mantiveram o conceito.

A separação das parcelas possibilitou igualmente o nascer de novas referências, como o Vinha de Lordelo e o Abandonado.  Entretanto, a enologia da casa foi assumida por Tiago Alves de Sousa, com a quinta geração a dar continuidade à saga familiar.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.

Vinhas diferenciadoras

A propriedade onde nascem as várias declinações do Quinta da Gaivosa tem 25 hectares de vinha, com diversas orientações solares (predominando poente nas castas tintas e nascente na brancas), declives (entre os 30 e 45%), sistemas de plantação e condução, e idades. As castas tintas representam 75% e as brancas 25%. Quase metade dos vinhedos é constituído por videiras muito velhas, algumas centenárias, com as castas tradicionais misturadas.

É nestas vinhas mais antigas que têm origem o Quinta da Gaivosa, o Vinha de Lordelo e o Abandonado. Estão ali representadas mais de 50 variedades de uva, 30 tintas e 20 brancas, incluindo nomes que raramente aparecem nos contra-rótulos durienses: Donzelinho Tinto, Tinta Bairrada, Malvasia Preta, Tinta da Barca, Touriga Brasileira, Alicante Bouschet, Ratinho, Chasselas, Avesso, Tamarez, Cerceal, Moscatel de Alexandria…

Mas a quinta tem igualmente uma área de vinha ao alto, uma outra de patamares e ainda, desde 2014, uma parte constituída por “vinhas tradicionais novas”. Esta última é a “menina dos olhos” de Tiago Alves de Sousa. “Temos hoje a possibilidade de comparar os vários modelos adoptados ao longo da história do Douro – vinhas tradicionais, patamares, vinha ao alto”, refere. “Quais as mais bem adaptadas às condições naturais, mais preparadas para os desafios climáticos, mais amigas do ambiente, mais longevas, as que dão vinhos de maior qualidade e maior identidade?”, é a pergunta que deixa, adivinhando-se a resposta.

O futuro, assegura, está nas “novas vinhas velhas”. No fundo, trata-se de recriar a vinha tradicional do Douro, aproveitando as suas melhores características e combinando-as com uma viticultura moderna e de precisão. O que significa a preservação da topografia natural da encosta, mantendo os antigos muros de xisto, com as videiras plantadas segundo as curvas de nível; a opção pelo sistema clássico de condução em Guyot duplo; a alta densidade de plantação (8.000 videiras/hectare); a mistura de castas, mas não de forma aleatória, antes organizadas em linhas ou micro-blocos; e a preservação nestas vinhas do património genético das castas oriundas das vinhas mais velhas da Gaivosa.

A partir de 2014, todas as novas vinhas da Gaivosa foram feitas desta forma e o tinto Gaivosa Primeiros Anos de 2017 que aqui provámos foi o primeiro fruto do actual modelo de plantação.

É, pois, desta amálgama de tradição e modernidade que são feitos os vinhos hoje produzidos na Gaivosa. “Estamos a preparar o futuro, preservando as vinhas do passado, por um lado e, por outro, plantando as vinhas do amanhã para as novas gerações”, diz Tiago. “E essas vinhas assentam na sustentabilidade e na identidade”, conclui.

Quinta da Gaivosa com novas colheitas mas atentos à tradição.[/vc_column_text][vc_column_text]

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Aveleda: O futuro constrói-se na vinha

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]No ano em que comemora o seu 150º aniversário, a histórica Aveleda reafirma-se como uma das mais dinâmicas e visionárias casas vinícolas de Portugal. Os novos vinhos agora apresentados mostram ao mundo uma outra face da Aveleda e são o fruto mais visível do monumental investimento estratégico que a empresa tem vindo a fazer lá onde tudo começa, na vinha.

 Texto: Luís Lopes                   

Fotos: Aveleda

Aveleda comemora 150 anos e afirma-se como uma das casas mais dinâmicas de Portugal
Martim e António Guedes

Nas últimas duas décadas, a região dos Vinhos Verdes foi certamente uma das que mais desenvolveu qualitativamente os seus vinhos. Globalmente, os Verdes de hoje nada têm a ver com os que chegavam à nossa mesa há apenas alguns anos. Mas apesar do enorme trabalho realizado na vinha, na adega e nas mentalidades, a realidade agrícola regional continua a ser um forte entrave a uma mais rápida evolução.

Falta estratégia no ordenamento territorial, há um êxodo demográfico com progressivo abandono das terras, o minifúndio predomina, subsistem largas franjas de uma cultura vitícola tradicional e pouco aberta à inovação. Vários produtores têm lutado contra estas amarras, mas ninguém o consegue fazer com tanto impacto quanto a maior e mais antiga empresa da região, a Aveleda.

A pouco e pouco, desde 2005, com a plantação de 40 hectares em Celorico de Basto, a Aveleda tem vindo a sair da sua “zona de conforto vitícola” de Penafiel, investindo no estudo aprofundado de solos, climas e castas noutras zonas da vasta região dos Vinhos Verdes, com o objectivo de alargar o seu património vitícola e garantir o máximo de controlo sobre a matéria prima de que necessita. Nos tempos mais recentes, e sobretudo após 2018, com a plantação dos primeiros 70 hectares da vinha de Cabração (Ponte de Lima), ficou claro que a viticultura se assume como um pilar absolutamente fundamental da estratégia da Aveleda.

Os números são bons indicadores do caminho percorrido e da sua progressão: em 1995, a Aveleda controlava pouco mais de 20 hectares de vinhedos; em 2015, eram já 150 hectares; em 2020, na celebração dos seus 150 anos de vida, a empresa pode orgulhar-se de possuir 450 hectares nos Vinhos Verdes, o que corresponde a 45% das suas necessidades de uva na região.

Mas os números não contam tudo. Não basta plantar muito, é preciso plantar com critério, de forma estudada e fundamentada. Numa região como a dos Vinhos Verdes (e em quase todas, na verdade), é essencial produzir qualidade associada a produtividade, de outra forma o negócio não é sustentável. Assim, a empresa evoluiu de uma viticultura tradicional, com cerca de 1.330 plantas/hectare e uma produtividade média de 10.000 Kgs/hectare, para um modelo com maior densidade de plantação, com 5.300 plantas/hectare e produtividades médias de 13.000 kgs/hectare. Ou seja, cada hectare produz mais, mas cada planta produz muito menos (passou-se de 7.5 kg por planta para 2.5 kg por planta). Ganha-se na qualidade sem perder, pelo contrário, produtividade.

Consciência social e ambiental

Aveleda comemora 150 anos e afirma-se como uma das casas mais dinâmicas de Portugal.
Plantação da vinha de Cabração, em Ponte de Lima.

Não é apenas na densidade de plantação que a Aveleda tem promovido inovação: cordões mais baixos e postes mais altos, com maior desenvolvimento da superfície foliar das plantas (mais folhas a trabalhar para menos cachos), zonagem e micro-zonagem de solos (para intervir com nutrientes ou rega apenas onde é necessário), utilização de plástico negro nas plantações (aumentando a temperatura do solo e promovendo maior e mais profundo enraizamento) são apenas alguns dos modelos e práticas seguidos.

À frente da empresa fundada por Manuel Pedro Guedes em 1870, a quinta geração representada pelos primos António e Martim Guedes tem liderado a revolução vitícola sem descurar a consciência social e ambiental. Assim, privilegia a contratação de mão-de-obra local nos diferentes polos onde possuem vinhedos e assegura o equilíbrio do ecossistema vitícola, fomentando a biodiversidade com a instalação de corredores verdes com outras espécies que servem de abrigo e alimento à fauna local.

Além disso o uso de herbicidas tem vindo a ser reduzido, tendo a Aveleda deixado de utilizar químicos residuais há já largos anos, promovendo um coberto vegetal do solo permanente com espécies nativas ou semeadas.

Em resumo, uma viticultura de precisão, sustentável e rentável, que é transmitida igualmente aos viticultores com quem a Aveleda estabelece parcerias, geralmente lavradores com áreas superiores a 5 hectares e a quem é prestado todo o apoio técnico.

Consciência social e ambiental
Pedro Barbosa responsável pela viticultura na Aveleda.
Consciência social e ambiental
Manuel Soares, responsável pela enologia da Aveleda.

 

 

 

Solos, castas, vinhos

As vinhas da Aveleda assentam numa enorme diversidade de terroirs, uma saudável dor de cabeça para Pedro Barbosa, o director de viticultura da casa. Algumas, como a grande vinha de Cabração, que quando totalmente plantada poderá atingir 200 hectares, estão em terra outrora bravia e inculta, coberta de matos.

Os solos são pobres, de xisto com alguma argila, e manchas graníticas nas zonas mais altas. Por contraste, as parcelas da Quinta da Aveleda propriamente dita, em Penafiel, assentam em solos graníticos, profundos e de boa fertilidade. O clima também muda muito, de Celorico de Basto, mais quente, a Santo Tirso, bem mais fresco.

No total, os vinhedos Aveleda espalham-se por sete polos distintos, distribuídos por cinco concelhos: Lousada, Penafiel, Santo Tirso, Ponte de Lima e Celorico de Basto. Se juntarmos aqui as uvas de alguns viticultores com quem são estabelecidas parcerias e que entram na linha “Castas”, a heterogeneidade de matéria prima é enorme.

Por exemplo, o Aveleda Alvarinho resulta habitualmente de um lote de quatro vinhos/origens: uma vinha em Melgaço em parceria com um viticultor local, uma parcela em Celorico de Basto e duas parcelas distintas em Penafiel, uma delas na própria Quinta da Aveleda. Não há muito tempo, tive oportunidade de provar estes quatro vinhos base e não podiam ser mais diversos: mais mineral um, encorpado e tropical outro, fechado e austero outro ainda, muito puro e expressivo o último. A linha “Castas“, formada por três referências, um Loureiro, um Loureiro/Alvarinho e um Alvarinho, assenta assim em bases vínicas de várias proveniências, e o lote final tem como objectivo aproveitar o melhor de cada uma, de forma a que se complementem entre si.

Como sabemos, as castas têm comportamentos diferentes em condições distintas. E, diz Manuel Soares, director de enologia da Aveleda, foi precisamente a diversidade existente nas vinhas da empresa que conduziu às duas novas linhas de vinhos: “Solos” e “Parcelas”. “Temos micro terroirs marcados por solos distintos que nos permitem ter vinhos diferenciados”, refere. “Com estas novas referências, mantêm-se o estilo Aveleda, mas criam-se vinhos produzidos em menor quantidade, com identidade marcada, com personalidade, facilmente identificáveis com a empresa e com o sítio.”

No sete polos vitícolas da Aveleda, três assentam em xisto e quatro em granito. Granito sempre foi o solo tradicional para vinha na região dos Vinhos Verdes, estando as áreas de xisto, mais difíceis de trabalhar, reservadas para matos e floresta. Mas o “crescimento” para o xisto por parte da Aveleda possibilitou novas experiências vitícolas (ali, a vindima ocorre mais tarde do que no granito) e o acesso a vinhos com outro perfil. Os dois Alvarinho da linha “Solos” resultam assim de lotes de vinhos de diferentes origens, mas com o denominador comum “xisto” ou “granito”.

Com os vinhos de “parcela” atinge-se um outro patamar de especificidade. Aqui falamos de terroir no seu sentido mais rigoroso, sem lotes de vinhos, sem mistura de origens. Não é obrigatoriamente melhor, mas é aquela parcela, naquele solo e clima, com aquela casta (Loureiro, num caso, Alvarinho, noutro). Com o vinho de parcela no copo, estamos o mais próximo que podemos estar de uma videira concreta. Bebemos não apenas um vinho, mas também o sol, a chuva, a terra, a uva.

Entre o clássico e omnipresente Casal Garcia e o recente e exclusivo Parcela do Roseiral há todo um percurso e um ciclo que agora se fecha e se completa. E haverá prenda melhor para a Aveleda se oferecer a si própria, no 150º aniversário, do que atingir essa plenitude?

Consciência social e ambiental
A vinha de Celorico de Basto, plantada em 2005 contribui para a grande diversidade de solos e climas presente nas vinhas Aveleda.

 

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Taboadella: O Dão ao jeito Amorim

Taboadella. O Dão com nova adega Amorim.

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TEXTO: Mariana Lopes   

 Fotos: Taboadella

Taboadella. O Dão com nova adega Amorim

Luísa Amorim descobriu o Dão durante uma das suas viagens vínicas, há cerca de dez anos. Desde logo, apaixonou-se pela Alfrocheiro, pela Jaen e pela expressão da Touriga Nacional na região. “O Dão é uma região de passado e de futuro, uma região que acreditamos precisar de ser reavivada. Fomos muito bem recebidos aqui.”, afirmou Luísa, com a sua típica voz calma e maternal, quando nos recebeu em Silvã de Cima, na loja da Taboadella, um edifício de inspiração mediterrânica, de exterior branco e contornado nas janelas e portas por uma cor que lembra sangue escuro e denso.

Talvez seja no sangue de Luísa que está esta arte de criar e de bem receber, à qual a benjamim da sua geração de irmãos acrescenta um toque muito pessoal, que torna tudo em que toca em algo único, como o “ver” em cores e texturas: “Para mim, o Dão sempre foi vermelho e branco, e também maciço”, confidenciou.

A história do lugar é muito antiga e remonta ao século I, quando foi ocupado por romanos para construção uma “villae” romana (nome dado às vilas de campo, sistemas agrícolas organizados, dos romanos mais ricos e influentes), cujos vestígios sobreviveram à prova do tempo, estando bem visíveis na propriedade ainda hoje.

Além das sepulturas do século primeiro, um dos melhores exemplos é o lagar junto à vinha, sobre um penedo monólito de origem rupestre, a prova viva da importância do vinho na época como bem de consumo e enquanto parte do salário militar. Bem mais tarde, e na época medieval, segundo registos históricos de 1255, a Taboadella foi uma propriedade de classe rural alta, com as casas e os edifícios agrícolas rodeados por uma floresta de pinheiro, carvalho e castanheiro, floresta que hoje abraça o lugar e que nos dá a sensação de estarmos num conclave mágico.

Tendo recebido foral do rei D. Manuel em 1504, por Silvã de Cima passaram várias famílias fidalgas, facto plasmado na pedra de armas presente na casa principal, epicentro de um jardim secular. Tudo isto pode ter pesado bastante na decisão da família Amorim em adquirir a propriedade, compra que se formalizou em Junho de 2018. Ainda nesse ano, foi montada uma adega “de campanha” e a quinta toda vindimada, para que se pudesse começar imediatamente a estudar o seu potencial. “Queremos fazer um projecto muito diferente do da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo [no Douro], mais ao estilo ‘chateâu’. Acima de tudo, um projecto do século XXI, adaptado aos tempos actuais, que inclui lidar com as alterações climáticas”, explicou Luísa Amorim.

 

Vinha tradicional, adega moderna

 A Taboadella estende-se por 48 hectares, quarenta dos quais de vinha com idade média de 30 anos, entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, desenvolvendo-se dos 400 aos 530 metros de altitude. São 25 parcelas em modo de produção integrada e não regadas. Ali, o clima é de transição entre atlântico e continental, com o maciço montanhoso a proteger a vinha dos ventos marítimos e dos ventos de Espanha (“nem bom vento…”, já diz o provérbio): a sudoeste, a Serra da Estrela e a Serra do Açor; a noroeste, a Serra do Caramulo; a nordeste a Serra da Nave; a sul a Serra da Lousã e a sudoeste a Serra do Bussaco.

Ana Mota, directora de produção e de viticultura, cedo esclareceu que oito dos hectares foram desde logo reabilitados, pois continham uvas como Cabernet Sauvignon, Syrah ou Touriga Franca. “Não queríamos essas castas no projecto, queríamos fazer aqui Dão”, explicou a viticóloga. Plantaram também mais Encruzado e Cerceal, que já existiam desde uma replantação parcial que teve lugar em 1980. Assim, os actuais 29 hectares de variedades tintas incluem (por ordem decrescente de quantidade) Tinta Roriz, Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro, Tinta Pinheira e Baga; e os onze de brancas têm Encruzado, Bical e Cerceal.

São vinhas com arrelvamento total pois, segundo Ana Mota, “além da biodiversidade, ajuda com o arrastamento de solo, porque aqui chove muito”. A vindima é totalmente manual. Os solos, por sua vez, são de granito, arenosos (com uma camada de areia à superfície) e siltosos (espécie de argila menos aglomerante) que, quando cruzados, conferem à Taboadella sete microterroirs.

O caminho entre o centro de recepção e a adega faz-se com a companhia das vinhas, num declive que nos leva a um projecto de arquitectura impactante por dentro e por fora, com assinatura de Carlos Castanheira. Grande, de desenho complexo, mas moderna e altamente funcional, a adega da Taboadella tem muita madeira e muita, muita cortiça, como não poderia deixar de ser. Jorge Alves, director de enologia, mostrou as instalações onde é ele o “rei”, rodeado da mais nova e boa tecnologia, assistido pelo enólogo residente Rodrigo Costa: “Os equipamentos são todos móveis, que era o que queríamos ter aqui”.

Sempre bem dispostos, o enólogo e Ana Mota não conseguem esconder a cumplicidade que têm um com o outro, nem no olhar nem no sorriso, e juntos formam uma máquina perfeitamente oleada, da vinha ao vinho. Jorge Alves e Luísa Amorim apontaram, orgulhosamente, para o desengaçador/esmagador Pellenc, um equipamento completamente inédito em Portugal que, por vibração mecânica, permite retirar a quantidade de grainha desejada. “São ‘pormenores’, mas que acreditamos que nos ajudam a dar sofisticação aos vinhos”, referiu Luísa, porque “se evita caninos mais angulares”. É uma adega com capacidade actual de vinificação para 290 mil litros por vindima, “sem frigoríficos, pois nenhuma uva fica para o dia seguinte”.

As maciças e enormes portas de correr em madeira, separam as várias zonas do edifício. Quando se abrem, desvendam lentamente o que está do outro lado, causando um efeito “wow”, e até isso parece pensado. O pavilhão de cubas revela uma fila de dez troncocónicas de inox para tintos (15 mil litros, cada), de um lado, e onze cubas Nico Velo de betão (10 mil litros), do outro; e também mais oito de inox para brancos (8 mil litros). Depois, a nave de barricas, aquilo a que Luísa apelidou de Barrel Top Walk, onde no fundo temos as barricas e, suspenso por cima destas, uma espécie de passadiço em madeira que permite aos visitantes contemplar este local de trabalho sem incomodar ou interromper os funcionários. Neste momento, esta sala tem 76 barricas de 500 litros, de seis tanoarias francesas, madeira de Borgonha e de Bordéus, de vários tipos de tostas e origens florestais. Mas a sala permite crescer este número de barricas até 500.

Um dos sítios mais especiais da adega é a ampla varanda da sala de provas, um autêntico “camarote VIP” para contemplar o mar de vinhas com a floresta ao fundo, de copo de vinho na mão.

 

Vinhos com estamina

Três gamas e oito vinhos foi o que saiu das últimas safras do Lugar da Taboadella, e o que já está disponível para o consumidor. “Depois de muito estudarmos que, em regiões clássicas como o Dão, a casta tem uma importância fundamental, e apesar sentirmos que gostaríamos de evidenciar o nosso património genético, também teria de haver espaço para os vinhos de elevada ancestralidade, vinhos de lote que nascem não só na vinha mas também na paisagem, com o cuidado particular e paciente que nos permite resgatar do passado a essência da natureza e projetar para o futuro oito vinhos com uma tipicidade notável mantendo o carácter clássico do Dão”.

É esta a visão de Luísa Amorim para os vinhos deste projecto. A gama de entrada, de nome Taboadella Villae, comporta um branco e um tinto de lote — sem madeira — o primeiro de Encruzado, Bical e Cerceal; o segundo de Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Pinheira. A colecção Taboadella Reserva, é a gama dos monovarietais, dos vinhos que pretendem ser a expressão máxima de cada casta clássica naquele terroir, “o resultado de uma selecção limitada de casa parcela” onde se fala de “afinidade com a madeira”. São eles um Encruzado, um Alfrocheiro, um Jaen e um Touriga Nacional.

Já os Taboadella Grande Villae, jogam no campeonato mundial dos melhores, são os clássicos, os super-premium, em branco e tinto que, mesmo mostrando ainda a sua tenra idade se revelam autênticos diamantes em bruto, com capacidade de resistência ao tempo. O branco, vinificado com uva inteira, tem 40% de Encruzado, Bical e vinha velha, e o tinto é um lote de Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Ambos estagiaram doze meses em barrica nova de carvalho francês e originaram cerca de 3500 garrafas.

Actualmente, a produção total anual é de 100 mil garrafas, prevendo-se passar as 200 mil em cinco anos. Também está em marcha um ambicioso projecto de enoturismo — desenhado pela arquitecta Ana Vale — que, além de contemplar a loja com vinho e outros produtos artesanais, provas e experiências vínicas, inclui oito quartos.

“Não sou vaidosa comigo mesma”, confessou Luísa Amorim, com verdade nos olhos. Se tem vaidade, deposita-a toda nos seus projectos e desafios. A Taboadella é só mais um exemplo disso, um novo player no Dão que só trará coisas boas a esta região.

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Brancos com idade: superando a prova do tempo

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A época em que se dizia que Portugal era país de tintos já passou à história. Agora, temos brancos que resistem muito bem à passagem do tempo. Mas… estarão os consumidores preparados para isso? Num restaurante, quem pede brancos com mais de cinco anos? E quantas cartas de vinhos têm brancos com idade? Os brancos nacionais envelhecidos em garrafa mostram-se em grande forma, mas ainda muito trabalho a fazer para os valorizar como merecem. 

TEXTO João Paulo Martins (com Nuno de Oliveira Garcia) 

Para fazer esta prova tivemos muitas interrogações prévias. Partimos de uma constatação: os nossos vinhos brancos estão a resistir muito bem ao tempo, uma constatação que é relativamente nova entre nós. Claro, desde há muito se sabe que algumas regiões, como a Bairrada, Dão ou Monção e Melgaço têm condições naturais muito propícias para gerar boa longevidade nos brancos. É nessas regiões que a acidez natural ajuda, e muito, à longevidade. O clima ameno e, no caso da Bairrada, a relativa proximidade do mar, favorecem a lenta e correcta maturação das uvas, condição essa que também ajuda à boa e longa vida em garrafa. A pergunta que fica é: o que consideramos ser um vinho branco velho? Que condições há que ter em conta termos um branco com capacidade para perdurar em cave? E será que continuam a ser as regiões de sempre as únicas a gerar vinhos longevos? 

Pensámos assim em fazer uma prova de brancos que rondassem os 10 anos de idade, um pouco mais, um pouco menos. Ficámos então com um leque entre as colheitas de 2008 e 2012. Optámos por seleccionar apenas vinhos das garrafeiras de três membros do painel da Grandes Escolhas e verificámos que a selecção possível era enorme. Juntámos assim um conjunto de cerca de duas dezenas de vinhos sendo que, para o bem e para o mal, apenas dispúnhamos de uma garrafa de cada vinho. Em termos de balanço prévio, apraz-nos registar que não tivemos qualquer problema de rolha, algo que quase sempre acontece nestas provas. O facto de se ter provado apenas uma garrafa leva-nos a afirmar que as conclusões não podem ser definitivas; um vinho que se mostrou agora menos bem poderá estar em melhor forma se uma outra garrafa for aberta. No fundo temos de ter sempre presente a máxima que, diga-se, mantém toda a actualidade: não há bons vinhos velhos, há boas garrafas de vinhos velhos!  

As razões da longevidade 

Se recuássemos 30 anos, encontrávamos um país onde pouco se falava de brancos com idade. Eles existiam, mas sobretudo porque tinham ficado esquecidos nas caves dos consumidores ou nas garrafeiras dos restaurantes. Muito provavelmente nenhum restaurante se atrevia a sugerir aos seus clientes vinhos brancos velhos do Alentejo ou da (então) Estremadura porque a oferta seria mal recebida e o próprio restaurador não tinha a certeza do que estava a propor. E, no entanto, esses brancos com capacidade de viver em cave já existiam, como bem se comprova actualmente. O que mudou então foi a atitude do consumidor que ganhou mais confiança nos vinhos que as várias regiões têm para lhe oferecer. A diferença entre os brancos de outrora que viviam bem em cave e os de hoje não é linear. É mesmo difícil dizer, por exemplo, que um branco do Alentejo com 30 anos não possa dar hoje uma boa prova. Como se verá mais adiante há uma conjugação de factores que condicionam a evolução do vinho e…umas vezes resulta, outras não. 

Um branco para amadurecer bem em garrafa precisa de ter várias características: em primeiro lugar, a casta. Sabemos que há variedades de uva que têm uma acidez muito elevada e que a conservam mesmo em climas mais quentes. É o caso, por exemplo, da casta Arinto, a campeã nacional das variedades que fornecem boa acidez aos lotes; há outras, como as castas do Vinho Verde, com especial destaque para a Alvarinho, mas onde não podemos esquecer Loureiro, Azal e Avesso. No Dão, por exemplo, a Encruzado é, sem dúvida uma variedade de boa acidez que gosta de cave, mas outras há, como a Uva Cão que, de tão ácida, nem é usada como varietal, apenas entrando em pequena dose num branco de lote. Temos então a frescura ácida como uma das condições para que o branco evolua. Outra condição é o clima. As regiões mais frias são mais susceptíveis de produzir bons brancos de guarda. Entre nós é a costa atlântica que mais vocação tem, mas zonas altas do Douro, da Beira Interior ou mesmo do Alentejo (serra de São Mamede) também podem gerar vinhos de bom teor ácido. Para Manuel Vieira, enólogo do Dão e Douro, as maturações longas permitidas pelos climas de Verão ameno são as que melhor se adaptam a vinhos brancos de guarda. Confessou-nos que “a maturação lenta que se consegue no Dão é determinante para a boa longevidade. Há outros factores mas, neste caso, o clima marca muito o perfil dos vinhos”. Também Luis Cerdeira, produtor do vinho Soalheiro confirma que “é sobretudo em zonas frias, com pH baixo e acidez elevada que se conseguem bons resultados.  

No Douro, apesar de ser uma região quente, também há zonas propícias à produção de bons brancos. As parcelas mais altas de Murça, Alijó e Porrais, por exemplo, já pouco aconselháveis para se fazer Vinho do Porto, permitem fazer muito bons brancos de guarda. Mas mesmo aqui, como nos lembra Jorge Moreira, produtor no Douro e enólogo da Real Companhia Velha, “estamos a falar de uma quantidade enorme de factores que têm de concorrer para que o branco dure em garrafa e isso nem sempre é controlado por nós; há anos propícios e outros não. Factores como os solos, a folhagem, o vigor, o clima, a viticultura, a rega, a enologia e as práticas de adega podem condicionar o resultado final. Só para dar um exemplo, nos brancos, se as cepas estiverem instaladas em solos muito pobres e muito castigados pelo sol não se consegue obter nada de jeito; para um bom branco os solos têm de estar adubados, a cepa tem de ter folhagem que proteja os cachos para induzir uma maturação lenta, condição sine qua non para se obter um branco de guarda”. O Douro tem vindo a assistir a uma verdadeira explosão de vinhos brancos, estando agora a ser “desviadas” para DOC Douro muitas uvas que eram em tempos usadas para fazer o Porto branco. Havia muita uva branca plantada e produzia-se muito Porto branco para aperitivo, nem sempre espelhando a qualidade e a antiguidade dos vinhedos. A região ganhou imenso com este novo movimento e podemos afirmar sem qualquer receio que actualmente se produzem na região alguns dos melhores brancos nacionais. Novos e, como neste painel se nota, também com idade. 

E na adega? 

Depois há que ter em atenção a forma como o vinho é feito na adega, nomeadamente a prensagem das uvas. Neste caso há várias “escolas” porque uma prensagem forte pode “arrastar” taninos que irão contribuir para uma componente muito verde que em nada ajuda o vinho.  “Pode originar-se vinhos com mais fruta e pensados para serem consumidos mais jovens e outros mais austeros e que resultam até um pouco reduzidos no início e que, depois, duram mais em garrafa”, diz Luis Cerdeira). Ainda na adega, o uso ou não de barrica e se é nova ou usada é objecto de grande discussão. Tempos houve (anos 80 e 90) em que se pensava que a barrica, nomeadamente a barrica nova, era fundamental para se fazer um branco de guarda. Neste, como noutros capítulos da enologia, o tempo encarregou-se de mostrar que a barrica já usada pode ser bem mais interessante, quer para fermentar, quer para estagiar vinhos brancos. O tema interessa não só às regiões frias como também às zonas mais quentes. No Alentejo, David Baverstock, enólogo do Esporão, não se cansa de elogiar a inesperada longevidade de alguns vinhos da casa, nomeadamente o Esporão Reserva branco. “Estamos muito admirados com a longevidade de alguns dos nossos brancos; é verdade que a acidez alta e o pH baixo são para mim as condições fundamentais, mas aqui no Alentejo, com o clima que temos, há que fazer correcções. Ainda assim, os vinhos ganham muita personalidade em garrafa. Usamos cada vez menos barrica nova e notamos que a barrica usada, com a oxigenação e tanino que traz ao vinho, ajuda muito para vinhos de guarda. É verdade que o teor alcoólico relativamente mais baixo também pode ajudar, sobretudo em climas quentes”. E, não fora David australiano, o uso de screw cap, foi também defendido como factor de longevidade! 

A perplexidade de David tem razão de ser. Já por diversas vezes fizemos provas verticais do Esporão Reserva branco e a surpresa é sempre enorme quando vemos vinhos com 20 e mais anos a mostrarem ainda muita saúde, apesar de nascidos e criados numa região quente. Uma surpresa e tanto… 

Oxidar, mas…com critério 

Desde o momento em que as uvas chegam à adega há múltiplas decisões a tomar. Algumas delas condicionarão a longevidade do vinho. Um vinho oxidado é uma coisa, um vinho evoluído é outra coisa. E como um vinho descuidado pode oxidar em muito pouco tempo, a ideia de chamar velho ao vinho pode ser errada. Repare-se: um dos brancos que mais pontuámos e apreciámos nesta prova – o Anselmo Mendes Curtimenta – tem 10 anos de idade e não mostra o mínimo traço oxidativo. Devemos apelidá-lo de velho? Cremos que não, a saúde que apresenta em nada sugere quer esteja prestes a envelhecer. É um branco maduro, com uma evolução nobre, que adquiriu complexidade e riqueza com a idade mas que não denota quaisquer sinais de cansaço. 

Segundo Manuel Vieira, há que evitar a todo o custo as oxidações precoces e escusadas. Há que proteger o vinho mas…sem exageros. Como nos disse, “podemos fazer um estágio pós-fermentativo em tonéis grandes para que então se gere uma oxidação lenta; se se diminuir ligeiramente o sulfuroso e se fizerem atestos ocasionalmente o vinho vai oxidando lentamente e a certa altura torna-se inoxidável. Ora isso prepara os vinhos para uma maior longevidade. No Dão temos brancos com vida útil acima dos 20 anos”.  

Também Luis Cerdeira centra o foco na vinha e adega: “se estivéssemos nos brancos à espera da maturação fenólica não iríamos ter nem expressão aromática nem vinhos com capacidade de vida em garrafa; a prensagem é determinante e aí reside muito do que podemos esperar das uvas de Alvarinho.” Como nos lembra também Jorge Moreira, “o vegetal vai evoluir bem em garrafa, o sobremaduro vai evoluir mal. Notas vegetais e alta acidez são excelentes. Se a uva for muito ácida funcionará melhor em inox; há duas semanas provei um Donzelinho com 50 anos e tem aromas idênticos ao novo que agora produzimos. O que acontece é que nem todas as castas nos permitem afirmar isto e o local de origem das uvas – a localização – continua a ser determinante”. 

E à mesa? 

Os brancos com idade são mais polivalentes do que à primeira vista se pode pensar. Isso conclui-se das sugestões (dadas em separado) quer por Manuel Vieira quer por Luis Cerdeira: um branco com idade é parceiro perfeito para um cabrito assado. Vieira tem há muito o hábito de fazer passar pela mesa da refeição os seus lotes antes de tomar uma decisão final sobre a composição dos mesmos. É a eterna dificuldade da ligação vinho/comida. Os brancos com mais idade, sobretudo os que tiverem maior “peso” da madeira, poderão ser bons companheiros de queijos de pasta mole e, em geral, a ligação com peixes bem temperados funciona na perfeição. Sendo normalmente vinhos de boa estrutura, pode afirmar-se sem nos afastarmos muito da verdade que estes são brancos absolutamente polivalentes à mesa e percorrem o leque de quase todos os pratos mais vulgares da nossa gastronomia. 

Para que o prazer seja mais intenso há que respeitar duas regras, ou melhor, sugestões: a temperatura de serviço deverá andar pelos (13-14ºC), mais elevada do que a indicada para os brancos novos e os copos deverão ser idênticos aos que se usariam para vinhos tintos, permitindo assim melhor respiração e oxigenação dos vinhos. 

A prova confirmou o que suspeitávamos: os nossos brancos evoluem muito bem e o prazer que dão à mesa é imenso. Há por isso que vasculhar na adega à procura do que, de bom, por lá houver. Depois é usufruir e dar por bem empregue o tempo que os tivemos guardados. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Edição nº 36, Abril de 2020

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