Lua Cheia em tom de Bronze

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] De uma quinta em Vale Mendiz e de uma vinha de Barcelos, surgem agora o tinto Quinta do Bronze e o Maria Bonita Barrica Loureiro. Dois vinhos que mostram muito bem a versatilidade da Lua Cheia […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

De uma quinta em Vale Mendiz e de uma vinha de Barcelos, surgem agora o tinto Quinta do Bronze e o Maria Bonita Barrica Loureiro. Dois vinhos que mostram muito bem a versatilidade da Lua Cheia em Vinhas Velhas e do enólogo Francisco Baptista.

TEXTO Mariana Lopes                             FOTOS cortesia do produtor

Como tantas estórias do mundo do vinho, esta começa com um “bicho atrás da orelha”. O projecto Lua Cheia em Vinhas Velhas (LCVV) iniciou-se em 2009, fruto da paixão de dois bairradinos, Francisco Baptista e Manuel Dias, pela região do Douro, com vinhos brancos da zona de Murça. Em 2010 já tinham adega, em Martim, e em 2012 já faziam Alvarinho em Monção. Um ano depois, puseram pé no Alentejo e, em 2015, no Dão. Daí nasceram marcas já bem consolidadas como Lua Cheia, Andreza, Poseidon, Maria Bonita, Maria Papoila ou Insurgente, entre outras. Mas foi algures entre todas essas aventuras que teve início a que deu origem aos dois novos vinhos, lançados em Março.

“Queríamos adquirir uma propriedade para tintos, uma que fosse mesmo nossa”, contou Francisco Baptista, enólogo da LCVV. Esse desejo foi concretizado em 2012, com a compra de 12 hectares de vinha (agora já são mais) em Vale Mendiz, no Cima Corgo do Douro. Na altura eram vinhas com 15 e 30 anos, a 350 metros do rio, das quais Francisco e Manuel queriam fazer um vinho que se identificasse com a sua filosofia, um tinto menos pesado, com equilíbrio. Desde o início que fizeram vários ensaios: começaram pela zona mais baixa e foram subindo, até encontrarem a identidade que procuravam. Mas só com a colheita de 2015 sentiram que acertaram no perfil e na qualidade, surgindo daí o Quinta do Bronze tinto 2015. De Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinto Cão, este vinho estagiou em barricas durante 24 meses e esteve um ano em garrafa, tendo sido feitas cerca de 6 mil garrafas. Recentemente, Francisco Baptista deu início à limpeza de ruínas presentes na quinta e, para sua surpresa, encontrou lagares de xisto e prensas, tudo muito antigo. A propriedade tem também uma vinha centenária, da qual o enólogo aproveita material vegetativo, para reprodução.

O Maria Bonita Barrica Loureiro vem de uma vinha adjacente a um convento, em Barcelos.

A génese do Maria Bonita Barrica Loureiro 2017 é também ela curiosa. Em 2011, a LCVV fez uma parceria com um hospital psiquiátrico, e uma ordem religiosa de Barcelos, que tinha vinhas nos seus terrenos. A primeira resolução foi reabilitar os vinhedos e plantar Loureiro. “Queríamos que os pacientes se sentissem num espaço bonito e à vontade para passear naqueles 34 hectares de vinha”, contou Francisco Baptista. Trinta desses hectares são, neste momento, de Loureiro e quatro de Sauvignon Blanc e Alvarinho. Por trás do hospital-convento, havia patamares de Loureiro com 35 anos e Francisco decidiu fazer algo diferente dessa uva: fermentou-o em barricas usadas, vindas do Douro. Assim, este Maria Bonita estagiou oito meses nessas barricas e mais oito em garrafa, materializando-se em 2 mil exemplares.

A Lua Cheia em Vinhas Velhas tem já uma multiplicidade de faces, é certo, mas ainda não fica por aqui. Francisco Baptista descortinou, entusiasmado: “Estamos prestes a fazer Baga, na Bairrada. Para nós, faz todo o sentido”.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Edição Nº24, Abril 2019

O legado do senhor Isidro de Albernoa

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Vale Travessos é uma nova marca de vinho lançada pela família Soares, proprietários da Malhadinha Nova e da Garrafeira Soares. Este é um projecto de nicho, feito com uvas de videiras muito velhas, plantadas e cuidadas […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Vale Travessos é uma nova marca de vinho lançada pela família Soares, proprietários da Malhadinha Nova e da Garrafeira Soares. Este é um projecto de nicho, feito com uvas de videiras muito velhas, plantadas e cuidadas durante décadas por um pedreiro e viticultor de Albernoa, o senhor Isidro.

TEXTO: António Falcão

NOTAS DE PROVA: João Paulo Martins

FOTOS: Garrafeira Soares

Isidro Patriarca.

À beira dos 90 anos, Isidro Patriarca, pedreiro e viticultor/produtor de vinhos nas horas livres, decidiu vender as suas vinhas em Albernoa, numa zona a que chamam de Courelas de Valtravessos. A família Soares – quase vizinha com a sua Malhadinha Nova – soube disso e foi visitar o local. Falamos de vinhas muito velhas, com a maioria das plantas a terem muito perto de 70 anos de idade. Sabe-se a idade certa porque foi Isidro que as plantou, tinha ele 20 anos. Ou ajudou a plantar, nos casos das parcelas anexas dos irmãos, que foi comprando ao longo dos anos. Na altura usava-se apenas a plantação directa e as vinhas nunca viram arames na vida. Mais tarde, quando começaram a existir falhas ao longo dos anos, Isidro já plantava com o que ele chama de “bravo”, com a “mãe americana”, resistente à filoxera. A vinha tem, como se esperava da altura, uma mistura de castas, mas estava em muito bom estado e o negócio fez-se. Englobou a vinha, oliveiras, árvores de fruto e a motorizada Macal de Isidro, já completamente restaurada pelos Soares num artista especializado algarvio.

Isidro tem pena de não ter continuado com a vinha, mas, apesar de se mexer e falar como se tivesse menos 20 ou 30 anos, não tem sucessores para continuarem o seu trabalho. Os seus 4 filhos estão longe (alguns no estrangeiro) e a mulher (“a minha companheira”) faleceu há alguns anos: “estou a cansar-me para quê?”, diz-nos ele com olhar triste. Mas rapidamente recupera o sorriso porque vê-se que gosta de contar a sua história e sabe fazê-lo com fala fácil e pensamento escorreito. E depois porque veio de fato ao lançamento do vinho, onde muita gente lhe fazia perguntas. Confessa-nos que ficou contente por terem sido os Soares a ficar com a vinha. Porque sabe que vai ser bem tratada. Paulo Soares, um dos dois irmãos à frente da malhadinha Nova, calcula que será a vinha mais velha (ou lá próximo) do Baixo Alentejo.

POUCO MAIS DE MIL GARRAFAS

Os primeiros vinhos saíram agora, com a marca Vale Travessos, um branco e um tinto da colheita de 2016. Foram apenas 370 garrafas de tinto e 670 de branco, feitos de maneira ligeiramente diferente: em vez das talhas do sr. Isidro, usou-se inox e estágio em barricas. A coordenação esteve a cargo de Nuno Gonzalez, o enólogo residente da Malhadinha, e a supervisão do experiente Luis Duarte.
O modo de venda é a caixa de 3 garrafas, duas de branco e uma de tinto.

O resultado é, quanto a nós, muitíssimo interessante, mostrando a elegância e estrutura fina dos vinhos das vinhas muito velhas. E os taninos muito polidos nos tintos. Como se tivessem nascido prontinhos a serem bebidos. Sem arestas. Isidro Patriarca também gostou muito e não hesitou: “gosto mais destes do que os vinhos que eu fazia”. Mas sem vergonhas, considera que não tinha as mesmas condições, nem o mesmo conhecimento: “a vindima era quando tinha tempo, a fermentação nas talhas começava sozinha e só lá ia uma vez por dia (às vezes nem isso)!” Controlo de temperatura? Leveduras? Remontagens? Não havia, ou quase, mas também não há problema: o vinho que ia para fora esgotava rapidamente. O que ficava em casa apenas durava alguns meses.

Hoje, Isidro já não tem vinha, nem oliveiras, nem árvores de fruto para tratar. Entretém-se a fazer uns biscates lá na terra, a arranjar uma parede, mexer num chão, e vai convivendo no café com outros reformados da vida. Mas o resultado do seu trabalho de sete décadas continua a falar por si, do seu amor à terra. E a dar fantásticos frutos.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Edição Nº24, Abril 2019

Na casa do Tio Pepe

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Poucas garrafeiras em Portugal se podem gabar de uma notoriedade tão positiva como a Tio Pepe, no Porto. Existe há mais de 30 anos e é um exemplo de bem escolher e bem servir. TEXTO António […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Poucas garrafeiras em Portugal se podem gabar de uma notoriedade tão positiva como a Tio Pepe, no Porto. Existe há mais de 30 anos e é um exemplo de bem escolher e bem servir.

TEXTO António Falcão FOTOS Anabela Trindade

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Não é difícil encontrar o nº 51 da Rua Eng. Ferreira Dias. O exterior da garrafeira Tio Pepe é suficiente¬mente imponente para chamar à atenção. E fica¬mos logo impressionados pelo parque de estacionamento privativo, logo à porta. É verdade que a Tio Pepe tem uma boa loja online com entregas em casa do cliente, mas sabe sempre muito bem, quando se quer comprar à vista, carregar a mala do carro em poucos segundos.
O aspecto interior é fenomenal, a começar pelo chão, de calçada à portuguesa afagada e depois tratada com uma espécie de verniz. O efeito não só é bonito como é prático. Toda a decoração é sóbria, mas elegante, e os expositores das garrafas são de boa feitura. Nada agride a vista do enófilo nesta garrafeira.
Tudo está climatizado, especialmente um espaço especial, a “sala dos Portos”. Contém um notável conjunto de vinhos do Porto e outros vinhos generosos (como Madeira). “Esta sala é a menina dos nossos olhos”, confessa Ana Ferreira, a gerente da loja. Luis Cândido não hesita “temos uma selecção muito forte”.
Ana responde ao seu chefe, o sócio-gerente Luis Cândido da Silva, que nos disse que a garrafeira nasceu em 1986, com origem num negócio de vinhos levados pelos seus pais. Luis entrou logo no negócio, onde estava com a sua mãe. Mais tarde entrou o outro sócio, o irmão, Joaquim Cândido da Silva, e ambos ficaram a sós com o negócio em 1995. No mundo do comércio do vinho português não deverá existir dupla de manos mais conhecida como esta. Joaquim, já agora, é o director-geral da distribuidora Portefólio Vinhos, propriedade da família Symington. Finalmente, há um terceiro sócio, que é Dirk Niepoort.
A equipa está completa com Ana Ferreira, gerente da loja, que entrou para a casa há 11 anos. Com ela está Isa. Ambas têm formação em vinha e vinho (Biotecnologia da Católica, por exemplo, cursos de prova) e isso vê-se em quem procura conselho e conhecimento. Ana diz-nos que “existem muitos clientes que se seguem os nossos conselhos”. A maior parte dos clientes é privada; clientes empresariais só mais no Natal.

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37729″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]TUDO É ESCOLHIDO

Nenhum vinho corrente entra na garrafeira sem que alguém da equipa o prove primeiro. O portefólio é vasto e, segundo Ana Ferreira, “tem um bocadinho de tudo, para todo o tipo de cliente na gama média-alta”. De facto, o vinho mais barato custa quase 4 euros. Mas, no fundo, vende-se mais Douro e Alentejo. Dão e Bairrada vão a seguir. E os brancos vendem-se cada vez mais: “tem aumentado bastante o consumo de brancos, em paralelo com o aumento do conhecimento dos consumidores”. Os tintos representam, ainda as-sim, 80% das unidades vendidas. Outro crescimento curioso, diz-nos Ana, é a “procura por vinhos antigos”.
No total, garante Luis Cândido, “temos aqui 3.500 referências”. A loja online acaba por vender muito bem, mas, curiosamente, funciona também como um magneto para atrair pessoas à loja física: “o cliente vê no site e vai à loja”, diz Ana Ferreira com um sorriso.
As actividades na casa são muitas, incluindo um interessante calendário de provas. O formato foi mudando ao longo do tempo e neste momento estabilizou num “histórias contadas pelo vinho”, por inscrição paga. O produtor/enólogo conta a sua história e ilustra-a com os vinhos.
A Garrafeira Tio Pepe também tem um negócio de micro-distribuição, gerindo algumas cartas de vinhos de restaurantes. O fabuloso armazém anexo, de grandes dimensões, suporta tudo com facilidade e ajuda nas cargas e descargas.
No final da visita, não podemos deixar de nos sentir bem naquele espaço. Tudo contribui para isso, do acolhimento à experiência, do portefólio aos atraentes preços. Não espanta assim que seja das garrafeiras mais conhecidas e respeitadas de Portugal.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37730″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37731″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

As escolhas de Luis Cândido e Ana Ferreira

Niepoort Turris Douro tinto 2013
€115
“Escolhemos este porque o Dirk tem uma ligação connosco. Depois, gostamos bastante do vinho e é um produto de tiragem limitada, que a maioria dos enófilos desconhece. E inclui um quadro, é por isso uma prenda 2-em-1”.

Quinta da Carolina Douro tinto 2015
€32,50
“Adoro este vinho, que se bebe facilmente, guloso, mas com muita elegância e garra. É um Grande Reserva (embora não seja mencionado) e é uma edição de 1.700 garrafas.

Quinta de Santiago Alvarinho Reserva branco 2016
€13,95
“É da Joana [Santiago] e é uma marca recente e ainda pouco conhecida, mas merece estar aqui. E depois são Alvarinhos mais discretos, sem estarem cheios de fruta tropical, primando mais pela mineralidade. Excelente relação preço/qualidade”.

Graham’s Porto Tawny 20 anos
€41,95
“Apesar de já não ser muito barato, continua a ter uma excelente relação preço/qualidade. Gostamos muito do estilo da Graham’s e aqui vendemos bastante este vinho”.

Dictador XO Perpetual Solera System Rum
€107,50
“Esbateu-se a moda do Gin e agora entra a do rum. Já temos clientes a procurarem. Este é um bom produto, da Colômbia, com um palato diferente”.

Pol Roger Champanhe Vintage 2009 & Copo Riedel Veritas Champanhe
€65,90 + €27,50
“Adoramos este champanhe, de uma qualidade acima da média. O copo Riedel é muito versátil e é o que melhor joga com diversos champanhes”.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Edição Nº24, Abril 2019

Híbridos e Cruzamentos

A produção de Híbridos e Cruzamentos de castas tem, historicamente e por objectivo, a melhoria e apuramento da videira, dando resposta a necessidades culturais de natureza vária. TEXTO João Afonso A Vitis O género Vitis possui cerca de 60 espécies diferentes, quase todas norte americanas ou asiáticas. A única europeia, ou euro-asiática, é a Vitis […]

A produção de Híbridos e Cruzamentos de castas tem, historicamente e por objectivo, a melhoria e apuramento da videira, dando resposta a necessidades culturais de natureza vária.

TEXTO João Afonso

A Vitis
O género Vitis possui cerca de 60 espécies diferentes, quase todas norte americanas ou asiáticas. A única europeia, ou euro-asiática, é a Vitis Vinifera, a videira produtora das uvas que conhecemos.

Híbrido e Cruzamento
Um Híbrido é um cruzamento entre duas espécies diferentes (Vitis Labrusca americana e a Vitis Vinifera europeia). O Cruzamento, por sua vez, faz-se entre duas plantas da mesma espécie (entre duas plantas Vitis Vinifera).

Híbridos Americanos
Os chamados híbridos americanos surgem devido aos obstáculos climáticos da colonização das Américas e à necessidade de vinho para liturgias (e não só). Cruzaram-se espécies americanas entre si e com a Vitis Vinifera. De todos, o mais famoso é o Isabella, responsável (entre outros) pelo famoso “vinho de cheiro” ou “morangueiro”.

Híbridos e Cruzamentos Franceses
Durante a luta contra a filoxera (finais de XIX) procuravam-se plantas resistentes à praga e produtoras de uva com a qualidade europeia. Foram usados híbridos americanos e Vitis americanas no cruzamento com a Vitis Vinifera. Deste imenso trabalho, além de vários híbridos, resultaram a maior parte dos porta-enxertos que hoje usamos. O século XIX viu igualmente nascer cruzamentos entre castas francesas. Grand Noir de la Colmette e Alicante Bouschet são dois cruzamentos famosos de Henry Bouschet. O primeiro entre Petit Bouschet e Aramon (1855) e o segundo entre Petit Bouschet e Grenache (1865).

Cruzamentos ao serviço do homem
A variedade russa Severny (Malengra com uma Vitis Amurensis) e as Canadia¬nas Cayuga White e Chardonel resistem ao frio extremo. Na Austrália, a Tarrango (Touriga x Sultana) está ao serviço do calor. E merecem especial destaque os híbridos resistentes ao oídio e ao míldio. A pressão ambiental é enorme e o consumo de vinho pode em breve preferir vinhos de variedades resistentes e sem pesticidas. Estes híbridos com mais de 98% do genoma da Vitis Vinífera conseguem produzir vinho de qualidade.

A OPINIÃO DE JOSÉ MANSO*

“Os ensaios com híbridos resistentes ao míldio e oídio demonstram algum potencial enológico mas são ainda muito incipientes. Estas plantas podem ser interessantes nas regiões onde há grande pressão de tratamentos com fito-fármacos (mais de quinze tratamentos/ano) mas, para já, são apenas hipóteses. E não podemos esquecer que evitam alguns tratamentos mas não todos, pois são sensíveis à podridão e a doenças do lenho. Porém, não nego que o futuro lhes possa reservar algum protagonismo”.

*Presidente da ADVID e consultor de viticultura

La Rioja – A arquitectura do vinho

As obras de arquitectura, quase sempre vanguardista, criadas por famosos arquitectos reconhecidos mundialmente, estão a tornar-se um elemento preponderante na paisagem espanhola de La Rioja, uma região com nome de vinho. TEXTO E FOTOS Luís Ramos As novas bodegas de Rioja têm vindo a apostar numa arquitectura diferenciadora, seja por razões directamente relacionadas com práticas […]

As obras de arquitectura, quase sempre vanguardista, criadas por famosos arquitectos reconhecidos mundialmente, estão a tornar-se um elemento preponderante na paisagem espanhola de La Rioja, uma região com nome de vinho.

TEXTO E FOTOS Luís Ramos

As novas bodegas de Rioja têm vindo a apostar numa arquitectura diferenciadora, seja por razões directamente relacionadas com práticas sustentáveis de produção do vinho, seja pelas suas estruturas adjacentes nas áreas da cultura e do turismo, como hotéis, restaurantes ou museus. Naturalmente que o marketing, só por si, é uma razão suficientemente forte para a entrega de projectos a afamados arquitectos como Frank Gehry, Zaha Hadid ou Santiago Calatrava. A realidade é que as peças de arquitectura contemporânea têm vindo, progressivamente, a tomar conta da paisagem riojiana, com as chamadas bodegas de autor. O negócio do vinho deixou, há muito, de se resumir à simples venda da bebida que se julga ter começado a ser produzida no Cáucaso, há cerca de 8000 anos, e que rapidamente se espalhou por todo o mundo. A quantidade de visitantes, tanto nacionais como estrangeiros, que qualquer uma destas estruturas recebe diariamente impressiona e remete-nos para uma significativa fonte de receitas para além do negócio central que é, naturalmente, a produção de vinho de elevada qualidade. Naturalmente que, sem ela, qualquer um destes projectos não terá viabilidade económica nem futuro traçado no horizonte. O grandioso projecto arquitectónico e empresarial das Bodegas Darien, entretanto falido, é disso um exemplo a reter.

La Rioja

La Rioja é um território com cerca de 100km de comprimento, um grande vale protegido pelas serras de Cantábria a norte e da Demanda a sul, que se estende ao longo do rio Ebro, com uma enorme aptidão para o cultivo da vinha. Trata-se de uma zona de microclimas, condicionada pela orografia que determina a predominância dos ventos e que faz combinar o clima atlântico, graças à vizinhança cantábrica, com o mediterrânico, próprio da zona do vale do Ebro. A isto junta-se a variedade da composição dos terrenos argilo-calcários na zona alta e argilo-ferrosos e aluviais junto aos rios, dando assim origem a um terroir bastante diversificado, que constitui a grande riqueza da região. De certa forma poderá dizer-se que o Rioja beneficiou, no séc. XIX, do aparecimento da filoxera, a praga que devastou progressivamente a vinha em toda a Europa. Com efeito, ela aparece em França logo no início dos anos 1860, mas só chega a Espanha em 1878 (em Portugal, a partir de 1872). Confrontados com a quebra de produção vinícola no seu país, os negociantes de vinho franceses mudam-se para La Rioja e começam a implementar os seus métodos de produção tecnologicamente mais evoluídos, dando origem a um enorme incremento na produção vinícola na região.

Adegas de autor

Nas adegas de autor combina-se a produção com o enoturismo, ou seja, a visita às instalações, a degustação e a venda do vinho ao público
e, por vezes, também a hotelaria, a restauração, os cursos de provas e os museus temáticos. Geralmente localizadas junto às próprias vinhas, as adegas são quase sempre subterrâneas, preservando a paisagem numa área que poderá ser ocupada por vinha. Esta opção arquitectónica permite ainda
aproveitar a gravidade enquanto parte do processo produtivo, sem necessidade de recorrer à utilização de bombas contribuindo, assim, para uma prática sustentável na elaboração do vinho e para uma maior integridade da uva à chegada às cubas de fermentação. Igualmente importante é a possibilidade de assim se conseguirem ao longo do ano, naturalmente, condições equilibradas de humidade e temperatura, decisivas para uma perfeita evolução do vinho em estágio. Os Rioja, comercializados como Crianza ou Reserva, têm obrigatoriamente um estágio em barricas bordalesas, com capacidade de 225 litros, em carvalho francês, a maior parte, e em carvalho americano 20% a 25%, variando conforme o produtor. Os Rioja são sobretudo tintos (85%) e a casta dominante é a Tempranillo – que, em Portugal, toma o nome de Tinta Roriz, no Douro; e Aragonês, no Alentejo. Poderão ainda encontrar-se na composição destes vinhos outras castas autóctones, como Graciano, Garnacha, Mazuelo ou Maturana tinta. Em viagem recente a La Rioja visitámos seis adegas de média/média-grande produção, que julgamos ilustrativas das várias tendências levadas a cabo na região, resultando todas, embora de forma diferenciada, em projectos de sucesso.

Bodega Marqués de Térran

A Bodega Marqués de Terán, em Ollauri, do arquitecto riojiano Javier Arizcuren, projecto pioneiro a nível mundial baseado na geotermia, consegue uma magnífica simbiose entre a área construída e a morfologia do terreno, resultando num projecto muito harmonioso de integração na paisagem. Na realidade, ela só é totalmente visível do ar, já que 80% da sua área foi implantada num espaço escavado numa colina vizinha da aldeia de Ollauri. A sua arquitectura modernista, com a área envidraçada de recepção da uva na zona mais elevada e uma magnífica vista sobre a povoação e a vinha circundante, faz-nos adivinhar a utilização de novas tecnologias na elaboração dos seus crianzas e reservas. Foi a primeira adega, em todo o mundo, considerada eco-friendly por usar a energia geotérmica no processo de elaboração do vinho. Esta tecnologia, que se serve da temperatura do interior
da crosta terrestre, tem a capacidade de gerar calor no Inverno e frio no Verão, permitindo controlar a temperatura dos depósitos de fermentação
e a temperatura e humidade das caves onde são envelhecidos os vinhos, em barris e, posteriormente, engarrafados. Consegue-se, assim, uma redução de 80% no consumo de energia eléctrica e de emissões de CO2 para a atmosfera. Também na adega, olhando para dentro das cubas de fermentação em inox – que na altura da nossa visita estavam vazias – pudemos observar que estão equipadas com um sistema inovador de pisa da uva. São uma espécie de pás que, ao moverem-se, originam o esmagamento suave e uniforme da massa, evitando também, desta forma, o recurso a bombas para a remontagem.

 

Bodega López de Heredia – Viña Tondonia

A surpreendente estrutura criada pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid – falecida em 2016 – colocada estrategicamente à entrada da Bodega López de Heredia Viña Tondonia serve de sala de visitas, sala de provas e loja da mais antiga adega da cidade de Haro. É, antes de tudo, uma sensual peça de design, mas também uma primorosa obra de arquitectura contemporânea, representando um enorme decanter. A peça revela toda a sua beleza quando a luz ténue do fim de tarde deixa sobressair a sua própria iluminação. Aí surge, em todo o seu esplendor, não só a forma exterior como também o seu interior, que aparece realçado, albergando uma jóia que se destaca no espaço e nos transporta para outro tempo, num sublime diálogo com a modernidade da sua envolvente. A jóia é o stand em madeira que Rafael Lopez de Heredia, com a colaboração do arquitecto J. Cabrera y Latorre, concebeu para apresentação dos seus vinhos na Exposição Universal de Bruxelas, em 1910.
Para comemorar o 125º aniversário de Viña Tondónia, os herdeiros de D. Rafael decidiram mandar restaurar o antigo stand, para ser exibido na Feira Alimentária de Barcelona, mas depararam-se com o problema de a peça ter de ser exposta ao ar livre, o que não era minimamente conveniente. Foi então que pensaram que a solução passaria por criar uma estrutura que a pudesse acolher no seu interior. Zaha Hadid foi escolhida pela família para a projectar. Admirada pela espectacularidade e plasticidade das suas obras, a arquitecta foi convida¬da a criar algo escultórico que serviria mais tarde de base a uma estrutura fixa, a instalar junto à entrada da adega, num inovador edifício entretanto criado pela própria Zaha Hadid.
Mais tarde, ao descer à adega, escavada na rocha e separada da vinha pelo rio Ebro, temos a sensação de ter retrocedido no tempo. Os carris continuam assentes no chão do labirinto de túneis que chegam a ter 200 metros de comprimento. Foram aí colocados pelos mineiros para poderem deslocar as vagonetas carregadas com a pedra extraída a 10 metros de profundidade. Hoje servem de guias para fazer rolar as bar¬ricas bordalesas ao longo da adega subterrânea de quase 3500m2, embora já não as façam chegar à estação de caminho-de-ferro contígua, entretanto desactivada, poronde era escoado o vinho produzido na adega.

 

Bodega y Fundación Vivanco

Temos a sensação de estar a chegar a um enorme parque temático quando, já na Rioja Alta, deixamos Briones à nossa esquerda e entramos na alameda ladeada de ciprestes que dá acesso aos estacionamentos e à majestosa entra¬da da Bodega y Fundación Vivanco. Trata-se de um projecto monumental de estilo neoclássico, da autoria do arquitecto Jesús Marino Pascual, que alberga o fabuloso Museo de la Cultura del Vino – já considerado pela UNESCO o melhor museu do vinho, do mundo –, a adega e o restaurante. Este museu temático é uma referência em pintura, escultura e arqueologia. Descreve a história do vinho desde a sua descoberta, hipoteticamente acidental, até ao actual controlo laboratorial nas adegas, mostra prensas usadas ao longo de séculos, a maior colecção de saca-rolhas que é conhecida (mais de seis mil) e, no exterior, uma vinha com um conjunto de mais de 200 castas de todo o mundo.
A dinastia Vivanco vai agora na sua quarta geração de pessoas dedicadas de corpo e alma ao vinho, como gostam de realçar. Os seus representantes actuais são os irmãos Rafael, enólogo, formado em Bordéus que trata da produção do vinho; e Santiago, poeta, coleccionador e responsável pela fundação e pelo museu.
Para entender o espírito da família Vivanco e do legado que pretendem deixar à humanidade, são reveladoras algumas frases extraídas de uma recente entrevista a Santiago Vivanco: “Para mim o vinho sempre tinha sido muito mais do que aromas, sabores e texturas. Muito mais do que as vinhas e os terrenos onde o meu avô e o meu pai me levavam. Interessava-me o lado humano que havia por trás do vinho e dos 8000 anos de história que tinha partilhado com o Homem” […] “Sentimo-nos agradecidos ao vinho porque ele nos dá de comer e porque há uma cultura em volta do vinho fascinante. O nosso trabalho é dá-la a conhecer.”
Já Rafael Vivanco admite seguir as pegadas do avô Santiago, reflectindo o seu espírito vitivinícola pioneiro. Faz da investigação e experimentação – tanto dos métodos de cultivo, como do processamento, utilizando castas minoritárias, ou optando pela escolha de diferentes origens da madeira de carvalho para a construção das barricas bordalesas – as ferramentas para criar a personalidade dos seus vinhos.

 

Ciudad del Vino Marqués de Riscal

A Bodega e Hotel Marqués de Riscal, em Elciego, é o exemplo maior de um projecto adjacente – o hotel e restaurante da autoria do arquitecto canadiano Frank Gehry (autor, entre outros, do famoso Museu Guggenheim de Bilbao) – que veio dar uma enorme visibilidade às adegas.
A unidade hoteleira, bem implantada entre a vinha, as bodegas já existentes (propriedade da família desde o século XIX) e a povoação medieval de Elciego, colocou o maior dos produtores que visitámos – seis milhões de garrafas por ano – nos lugares de liderança do enoturismo mundial. O conjunto tem agora o nome pomposo de La Ciudad del Vino, mas vive essencialmente da fama do arrojado edifício projectado pelo genial Gehry.
Ao visitá-lo sentimos a importância que tem o projecto arquitectónico de Gehry na atracção de um número extraordinário de turistas nacionais e estrangeiros. Poderíamos dizer que aqui se invertem os papéis, passando aquilo que normalmente seria adjacente, a parte hoteleira, a ser a estrela da companhia, embora, naturalmente, sustentada por uma produção vinícola de qualidade, mas massificada.
A Ciudad del Vino, segundo os seus promotores, pretende ser o château espanhol do século XXI. Tenta harmonizar a nível estético e servir de ponte, a nível de conceito, entre as antigas instalações e as mais recentes. As previamente existentes, da autoria do arquitecto Ricardo Bellsola, datadas de 1858, integram uma famosa garrafeira, com exemplares desde a primeira colheita, datada de 1862. Foram completadas por uma nova unidade, permitin¬do a utilização de tecnologias mais avançadas, capazes de garantir a qualidade e uniformidade dos seus vinhos.
O edifício de Gehry compreende um hotel de luxo, um restaurante – com duas estrelas Michelin – e um bistrô, entregues ao mais famoso chef riojiano, Francis Paniego; uma enoteca, um centro de conferências e um SPA (Salute per Aquam) de vinoterapia, que mais adequadamente se deveria chamar SPV (Salute per Vinum).
Com as suas formas características a construção, coberta por chapas de titânio, baseia-se nas três cores que o arquitecto atribui à Marqués de Riscal: o rosa avermelhado do vinho tinto, o dourado da malha característica que envolve as garrafas da marca e o prateado das suas cápsulas.
Conta-se que o repto lançado pelos herdeiros da casa a Frank Gehry para desenvolvimento do projecto de arquitectura terá sido feito perante uma garrafa especialmente aberta para o momento, de Marqués de Riscal de 1929, o seu ano de nascimento. Consta que o gesto terá deixado o arquitecto sem argumentos para refutar o convite.

 

Bodega Viña Real

A marca Viña Real deve o nome à proximidade das suas vinhas com o antigo Camino Real. Da actual estrada apenas é visível a parte superior de uma construção circular em madeira de cedro escuro, da cor do vinho, em forma de tonel com 30.000m2, implantado numa encosta do Cerro de la Mesa, a cerca de 5km da cidade de Logroño, capital de La Rioja.
É, entre todos os projectos que visitámos, aquele em que o brilhantismo arquitectónico do seu autor, o francês Philippe Maziéres, melhor conseguiu reunir as componentes de harmonia estética, integração no meio ambiente e funcionalidade. O facto de as instalações se situarem a meio da encosta permitiu que fossem escavados na rocha dois túneis gémeos, cada um com capacidade para cinco milhões de garrafas ou 14.000 barris, criando assim as condições de humidade e temperatura ideais para uma boa evolução destes vinhos.
É um projecto que, de uma forma ambientalmente sustentada, servindo-se de equipamento inovador e tecnologia de ponta, visa manter ao longo de todo o processo de produção a elevada qualidade da uva quando vindimada, moldando-a através dos métodos de vinificação e envelhecimento em madeira.
Aqui, a arquitectura serve a actividade – (quase) tudo é feito utilizando a força da gravidade. O edifício, em forma de tonel, com vários andares, alberga a sala de fermentação e constitui o coração da adega. Após a recepção e seu desengaçamento, a uva é depositada nuns grandes depósitos móveis de forma cónica em inox que, por graça, aqui lhes chamam OVI (Objectos Volantes Identificados). O enorme edifício, que constitui a nave de vinificação, com a sua forma redonda permite que uma grua central erga os OVI e os manobre circular e longitudinalmente até os colocar sobre as bocas das cubas de fermentação, também em inox, para que seja feita a transferência da massa. Após a fermentação alcoólica, o vinho é transferido para depósitos de cimento ou para barricas. Como se percebe, todas as fases do processo, até à chegada do vinho às barricas bordalesas, são realizadas utilizando a gravidade, sendo apenas a inicial deslocação dos OVI feita mecanicamente, pela referida grua.

 

Bodega Ísyos

A primeira bodega de autor construída na região, em plena Rioja Alavesa, é visível de muito longe, como se de uma enorme escultura se tratasse. O edifício, de forma alongada, projectado pelo arquitecto valenciano Santiago Calatrava, tem uma impressionante fachada de 196 metros de comprimento, integralmente revestida a madeira de cedro e rematada por uma reluzente cobertura ondulante, em alumínio.
Assim como houve o propósito de prestar uma homenagem aos deuses egípcios relacionados com o mundo do vinho, Isis e Osíris, criando o nome Ísyos, também a arquitectura presta uma homenagem ao vinho na sua fachada em madeira, como os barris, e na cobertura de forma ondulante, como a linha que se pode imaginar delineada ao longo das bases ou dos topos das barricas quando, vistas de frente, se encontram deitadas e alinhadas lado a lado na adega.
A primorosa implantação da Bodega Ísyos, tendo como fundo a serra de Cantábria e de frente para a colina onde se encontra a belíssima povoação medieval de La Guardia, em plena Rioja Alavesa, faz com que, ainda distantes, tenhamos de nos deter na estrada para a admirarmos.
No edifício, de um dos lados no piso superior, é feita a recepção da uva que depois entra para a adega, obrigando a um procedimento em que, certamente, a arquitectura poderia ter dado um melhor contributo para agilizar o processo produtivo. A partir daqui já o trajecto que o produto percorre até à expedição, na outra extremidade do edifício, é feito em vários níveis. É deslumbrante a adega onde estagia a maior parte do vinho, em barricas bordalesas. Uma majestosa catedral com o tecto formado por enormes traves de madeira de abeto da Escandinávia dispostas, também, de forma ondulante. Um incrível vão amplo, sem qualquer pilar ou viga de sustentação a interromper um espaço onde o silêncio nos permite, de tempos a tempos, sentirmos os aspersores a funcionar para, de uma forma, diga¬mos, artificial regularem a temperatura e a humidade do lugar.
As barricas bordalesas em carvalho francês, na sua grande parte, mas com algumas também em carvalho americano, que o enólogo Roberto Vicente escolhe criteriosamente, conferem importantes características aos seus vinhos. A madeira de carvalho, embora impermeável, permite a circulação de oxigénio através dos seus poros, mas não é toda igual. Na realidade, as pipas que ali podemos observar são encomendadas a tanoeiros espanhóis ou franceses. Muitas vezes determinados lotes de árvores estão reservados desde a sua plantação por determinado tanoeiro, já que este ou aquele terroir onde irão crescer lhes irá conferir qualidades que o enólogo irá escolher mais tarde para imprimir características especiais ao vinho que está a criar.
Como vimos, o vinho constitui um maravilhoso mundo feito de diversos pormenores que, no fim, fazem toda a diferença. Por isso, aquelas roseiras à beira da vinha não foram plantadas apenas pela sua beleza. Trata-se efectivamente de uma planta mais sensível às pragas (sobretudo oídio e míldio), que facilmente irá denunciar uma doença que, de seguida, se não forem tomadas medidas atempadamente, atacará a vinha. São as guardiãs da vinha, à roda da Bodega Ísyos.

Edição Nº24, Abril 2019

Castelão: Patinho feio ou cisne maravilhoso?

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O mundo está em constante estado de mudança. Certas coisas acontecem com tal rapidez que é difícil adaptar-nos, outras ocorrem tão lentamente que não são imediatamente perceptíveis. No mundo do vinho não é diferente. Castelão já foi […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O mundo está em constante estado de mudança. Certas coisas acontecem com tal rapidez que é difícil adaptar-nos, outras ocorrem tão lentamente que não são imediatamente perceptíveis. No mundo do vinho não é diferente. Castelão já foi a casta tinta mais plantada de Portugal e é interessante observar sua transformação ao longo dos anos, analisar o que acontece actualmente e ponderar possibilidades futuras.

TEXTO DIRCEU VIANNA JUNIOR MW
FOTOS ARQUIVO

Devido sua capacidade de adaptação, a uva Castelão é encontrada desde as regiões mais frescas e húmidas do norte do país até áreas mais ensolaradas e áridas do sul. A Castelão espalhou as
suas raízes pela maioria das regiões portuguesas incluindo Trás-os-Montes, Douro, Távora-Varosa, Beira interior, Lisboa, Tejo, Alentejo e Algarve.
Encontrou condições ideais na região de Península de Setúbal onde na década de 60’s chegou a cobrir mais de90% da área plantada.
Apesar de ser extensivamente cultivada, a aceitação em termos comerciais nem sempre foi fácil. Pedro Simões, administrador da Casa Agrícola Horácio Simões, recorda quando a empresa decidiu lançar um DOC Palmela no princípio da década de 2000. Naquela época a casta era mal vista, mal compreendida e mal-amada. Lembra de suas primeiras visitas ao mercado quando havia pouco interesse e frequentemente não o permitiam nem abrir a garrafa. O tempo passou e felizmente o comportamento mudou. Hoje a casta começa gradualmente a receber mais atenção dos profissionais do sector e consumidores.
No campo, a casta possui alto poder de adaptabilidade e durabilidade. Na adega, Castelão é versátil, capaz de produzir múltiplos estilos de vinho desde espumantes, brancos, rosés e até fortificados. Os vinhos tintos podem ser leves, elegantes e fáceis de beber quando jovens ou encorpados, concentrados e com estrutura firme para envelhecer por décadas. Na opinião de Luís Simões, enólogo da Casa Agrícola Horácio Simões, a Castelão, quando bem trabalhada, pode ser uma das castas portuguesas de maior longevidade.
Documentos descrevendo terras ao redor da cidade de Lamego em 1531 são as referências mais antigas onde menções sobre Castelão podem ser encontradas. Sua subsequente popularidade deve-se ao empenho de José Maria da Fonseca, natural da freguesia de Vilar Seco do conselho de Nelas no Dão, que ao se fixar em na Península de Setúbal no início do seculo XIX decidiu plantar Castelão na sua vinha da Cova da Periquita. O vinho obteve enorme sucesso comercial e passou a ser associado a esse local de origem, tanto que o nome da vinha, Periquita, acabou por tornar-se um dos sinónimos populares da casta. Castelão é conhecida por mais de uma dezena de nomes distintos dependendo da região onde é cultivada, mas somente Periquita e João de Santarém são sinónimos oficialmente reconhecidos pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e mesmo assim, apenas em determinadas pressupostos legais.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”CONTROLAR A PRODUÇÃO É ESSENCIAL”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os dados do IVV mostram que a casta ocupa 9,079 hectares sendo atualmente a terceira variedade tinta mais plantada do país, atrás de Tinta Roriz e Touriga Franca. Após anos de recessão, produtores e enólogos estão gradativamente recuperando o interesse e existem exemplos recentes de áreas cujos vinhedos estão sendo replantados.
A Castelão, que é um cruzamento natural entre Cayetana Blanca e Alfrocheiro, abrolha precocemente, tem vigor médio, porte erecto e adapta-se a diversas formas de condução, principalmente cordão bilateral e guyot. Uma desvantagem é a sensibilidade ao desavinho e a bagoinha. Os maiores desafios, de acordo com Bernardo Cabral, enólogo da Herdade Pegos Claros, estarão relacionados com a gestão de rega e o controlo da produção das vinhas novas. Um dos principais motivos de sua popularidade é sua resistência a doenças criptogâmicas, sendo pouco sensível à podridão. Para António Saramago (filho), enólogo da casa António Saramago Vinhos, a vantagem de ter uma pelicula rígida é essencial para resistir os efeitos negativos que as chuvas trazem em épocas críticas do ciclo vegetativo. Já Domingos Soares Franco afirma que é uma das castas mais resistentes ao escaldão. Apesar de ter sofrido com a vaga de calor do verão de 2018, foi a casta que melhor resistiu às temperaturas elevadas que numa estação meteorológica de Azeitão atingiram 46ºC na sombra.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”37223″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A grande atracção para muitos é sua produtividade elevada, podendo facilmente atingir rendimentos em torno de 15 toneladas por hectare. A qualidade do produto final e variável e inversamente proporcional ao rendimento, sofrendo uma queda acentuada de qualidade à medida que o volume de produção excede cerca de sete toneladas, na opinião de Bernardo Cabral. Quando o vigor não é controlado, podem resultar em vinhos com pouca cor, magros, acídulos, agressivos e demasiadamente rústicos. A produtividade, e consequente qualidade, depende do material vegetativo. Existem várias opções de clones como 5, 25 e 26 JBP e 27-33 EAN. No entanto, na opinião de Luís Simões, a pressão comercial frequentemente leva produtores a optar por clones excessivamente produtivos, o que não é compatível com vinhos de qualidade. O segredo, segundo, Luis Simões, está na preservação das vinhas velhas com maior diversidade genética e volume de produção menor.
A Castelão adaptou-se em vários cantos do país, desde solos tipo podzol na zona de Pegões, solos de areia pliocénica encontrados na sub-região de Charneca no Tejo ou argilo-calcários da região de Lisboa. Nos solos arenosos de Palmela, as videiras afundam suas raízes à procura de água, e consequentemente ajudam conferir estrutura e concentração ao vinho. Além disso, no auge do verão, em terrenos de areia a planta consegue fugir do calor excessivo que se concentra na superfície. Nos solos argilo-calcários, da zona da Arrábida, as raízes distribuem-se lateralmente
fixando-se mais perto da superfície e geram vinhos mais leves, elegantes, com mais frescor e menor teor alcoólico.
Devido à alta relação entre pele e polpa, os vinhos frequentemente possuem estrutura tânica particularmente firme, razão pela qual muitas vezes é preferível fazer lotes com outras varietais como Tinta Roriz, Moreto e Trincadeira. Luis Simões afirma que a casta se relaciona muito bem com o Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, no entanto na Casa Agrícola Horácio Simões a preferência é trabalhá-la como monovarietal. Para Domingos Soares Franco, um dos principais desafios durante a vinificação é fixar a cor. Na opinião de António Saramago (filho), é recomendável o lote com castas menos ácidas e com menos estrutura quando o objetivo é elaborar vinhos mais económicos, pois atingem equilíbrio mais cedo. Já Bernardo Cabral alerta que a mistura com outras castas pode facilmente ofuscar a tipicidade e o carácter do Castelão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”UMA CASTA, DIFERENTES PERFIS”][vc_column_text]Luis Simões defende que Castelão responde positivamente quando vinificada em lagar (de preferência de pedra), gosta de pisa à pé e macerações longas. António Saramago concorda com as propriedades positivas da vinificação em lagar e favorece o uso de engaços quando maduros para dar mais estrutura e adicionar complexidade.
Prefere controlar fermentações para que não ultrapassem 28ºC, ao contrário de Bernardo Cabral que não teme fermentações com temperaturas mais elevadas.
Acidez natural elevada e estrutura firme torna a casta facilmente compatível com estágio em madeira, preferencialmente barricas de carvalho francesas, afirma Bernardo Cabral. Na Casa Agrícola Horácio Simões a preferência é usar madeira nova na primeira fase do envelhecimento seguida por madeiras usadas subsequentemente.
A exemplo de Baga, Sangiovese e Nebbiolo, a casta responde positivamente quando envelhecida em tonéis de madeira de grande porte. O clima ameno do Algarve, cujas amplitudes térmicas entre o dia e noite não variam radicalmente, transmite aos vinhos boa intensidade aromática. Para Ana Matias Chaves, administradora da Herdade Barranco do Vale, os vinhos mostram-se mais abertos, são mais redondos e estão prontos para beber mais cedo, mas não possuem grande capacidade de envelhecimento. Domingos Soares Franco é categórico no que diz respeito à origem dos melhores vinhos de Castelão, citando os solos arenosos que abrigam vinhedos velhos de baixo rendimento na Península de Setúbal como origem não somente dos melhores vinhos, mas também os mais longevos, sendo possível encontrar garrafas de Castelão com mais de meio século que ainda estão na sua plenitude.
Na opinião de Bernardo Cabral, a casta mostra características similares ao Sangiovese da Toscana e ao Nero d’Ávola da Sicília. Tanto António Saramago (filho) e Ana Matias Chaves fazem comparações com Pinot Noir enquanto Luís Simões descreve a com perfil similar ao Grenache. Não resta dúvida que a casta exibe diferentes perfis e é extremamente versátil. Dependendo do estilo pode ser harmonizado com pratos mais delicados, como risoto de cogumelos, frango grelhado e massas. Pode combinar com pratos de sabores moderadamente fortes como atum grelhado, sardinhas e certos tipos de queijo. Alguns vinhos são capazes de enfrentar pratos com sabores fortes como churrasco, ensopados guarnecidos com ervas aromáticas, feijoada, bem como pratos da culinária mexicana.
Para assegurar que a transformação da casta continue sendo positiva é vital proteger os vinhedos velhos. Além de favorecerem a qualidade, fazem parte do património vitícola nacional. Esse diferencial é importante e não deve ser sacrificado à favor de castas alternativas como Cabernet Sauvignon, Merlot ou Shiraz. Além de fácil gestão vitícola e resistência à doenças, a Castelão consegue reter acidez em condições mais quentes o que certamente será uma vantagem na batalha contra alterações climáticas. Com atenção voltada ao futuro, é necessário explorar a possibilidade
de instalação de rega para evitar repetição do que aconteceu na última vindima pois a tendência é que fenómenos parecidos se repitam. Novas plantações devem ser feitas em solos propícios, especialmente solos arenosos, e com material vegetativo orientado para vinhos de qualidade, não quantidade. Como a tendência actual está voltada para vinhos mais leves, elegantes e menos alcoólicos, a vinificação de vinhos para consumo imediato deveria seguir uma abordagem enológica moderna, indo ao encontro do que o consumidor deseja sem extrair taninos em excesso, mas protegendo a tipicidade da casta. Na verdade, já existe um conjunto de vinhos 100% varietais de excelente qualidade. Para que a casta atinja um patamar ainda mais alto e ganhe maior notoriedade é necessário que os produtores mostrem ainda mais convicção, lançando os seus topo de gama 100% Castelão.
A Castelão é uma variedade de grande potencial capaz de gerar vinhos de qualidade diretamente proporcional à atenção que lhe é dada.
Uma casta que tem tudo para se transformar em algo verdadeiramente especial. Basta ser bem tratada.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”EM PROVA”][vc_column_text]

[/vc_column_text][vc_column_text]

Edição Nº24, Abril 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A revolução silenciosa dos Verdes

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de […]

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de grande qualidade e longevidade. São estes últimos que aqui mostramos e que representam um novo caminho que se abre para os Vinhos Verdes.

TEXTO Mariana Lopes FOTOS Mário Cerdeira

Não está na hora de mudar a forma como olhamos para o Vinho Verde. É, sim, tempo de ver o outro lado da moeda, não reduzindo a região apenas ao estilo que sempre conhecemos. Há um novo (antigo) Verde e, por mais que alguns esperneiem em discórdia, esta Grande Prova veio demonstrar que assim é.
Como foi escrito num editorial da Grandes Escolhas, exactamente há um ano, desde a sua fundação, em 1908, que a região dos Vinhos Verdes se viu em vários momentos de fractura. Estes pontos de agitação permitiram que esta se desenvolvesse positivamente e, mesmo quando deu um passo atrás, a região acabou sempre, mais tarde, por dar dois em frente. Refiro-me, por exemplo, ao fenómeno a que Luís Lopes chamou de “Verdes de Quinta”, lá para o final da década de 80, em que as grandes casas e solares da região prosseguiram um estilo de vinho mais seco, estruturado e sério. Mas nem o país, nem as pessoas, nem o mercado estavam preparados para esta disrupção do Vinho Verde, e o sol acabou por ser de pouca dura, com estes projectos a reverter para um perfil mais comercial. Porém, nada disto foi em vão, pois deixou no ar um bichinho que se tem vindo a apoderar, mais uma vez, de algumas empresas, num tempo em que tudo isso já é realista. E é realista porque uma parte muito importante do sector também sofreu uma grande revolução nos últimos anos, em todo o país: a viticultura. E isso não foi excepção nos Vinhos Verdes. Com novas técnicas, mais sabedoria, e a sensatez de saber ir buscar ao passado aquilo que pode fazer bem ao presente, as uvas mais nobres da região exprimem-se cada vez mais nos vinhos, dando-lhes sentido de lugar.
Seguindo esta linha de pensamento, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) tem posto em marcha um plano de marketing, promovendo estes Verdes mais ambiciosos e diferenciadores. Não é uma campanha em detrimento dos mais correntes, dos mais jovens, com gás e doçura, que servem o seu propósito e representam a maior parte do mercado da região. Felizmente, esses vendem-se tão bem que não carecem de grandes investimentos de marketing. Aliás, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, conta que “Hoje exportamos mais de metade do Vinho Verde produzido e, em mercados como a Alemanha ou os EUA, mais de metade do vinho português é Vinho Verde”. Consultando os dados estatísticos da CVRVV, constatamos que, em 2018, se exportou uns atordoantes 13 milhões de euros para os EUA, e 11 milhões para a Alemanha. Se tivermos em conta os 16 maiores importadores de Vinho Verde, estamos a falar de 57 milhões.

Depois desta informação assentar, e voltando à campanha, nas peças publicitárias pode ler-se, por exemplo, “Os Vinhos Verdes estão mais ricos, descubra-os”, com imagens gastronómicas que sugerem capacidade de harmonização. O objectivo das novas acções de promoção é, segundo o presidente da Comissão, “Valorizar as castas, as sub-regiões, os vinhos que melhor afirmam esta ambição de valorização”. Relançar a Rota dos Vinhos Verdes é outra medida em curso, que quer intensificar “a ligação dos produtores aos territórios, sendo essencial para a afirmação, até comercial, dos mais pequenos”. Quanto à maneira, por vezes distorcida, como o Vinho Verde é visto pelos consumidores nacionais e internacionais, Manuel Pinheiro não está preocupado: “Sei que é uma visão que se está a desvanecer. Aliás, ela não existe em mercados novos como, por exemplo, o Japão, que valoriza os Vinhos Verdes como grandes vinhos, com uma personalidade própria”. Mas tem também consciência de que a realidade de hoje é totalmente diferente da de outrora, e explica que “Quem compara os Vinhos Verdes de hoje com os de há duas décadas, não reconhece a mesma região”. E aponta o papel da viticultura, dizendo “Estamos a reconverter entre 600 e 700 hectares de vinha por ano, a mudar a paisagem do Minho vinha a vinha, e com isso a produzir uvas muito mais interessantes, com uma estrutura de custos muito mais competitiva”. Isto leva-nos à questão dos preços, que, como desmistifica o jurista de formação, pode estar a ser interpretada de um modo falacioso: “Há uma ideia de que o Vinho Verde é um vinho barato, mas essa ideia desaparece com um simples olhar aos números Nielsen para o mercado nacional, ou aos números de exportação do Intrastat”. Não nos podemos esquecer também de um factor incontornável, sem o qual nenhuma revolução teria lugar, os enólogos. “Hoje, a vinificação está concentrada em centros bem equipados, dirigidos por enólogos que não hesitam em inovar, e as castas do Vinho Verde são a melhor testemunha desta nova parceria vinha/enologia. Mais do que o valor que se trouxe para a região, é relevante o conhecimento que se adquiriu nesta área”, valorizou Manuel Pinheiro.

Nesta prova incluíram-se 29 vinhos com um preço de venda ao público médio superior a sete euros e sem qualquer adição de gás carbónico. Não foram pedidos vinhos da sub-região Monção e Melgaço, pela sua especificidade e por representarem, em si mesmo, uma categoria diferenciada junto do consumidor, nem foram contemplados Regional Minho. Em primeira instância, o que destacou foi a qualidade generalizada, com a nota mínima de toda a prova a situar-se nos 16 valores, significando que tivemos apenas vinhos muito bons e vinhos excelentes. Em segundo lugar, a predominância de Avesso e de lotes de Alvarinho com Avesso, ou Alvarinho com Loureiro. Por último, o teor alcoólico dos vinhos, com muitos a recair nos 13% ou mais. Está na hora de arregaçar as mangas e descortinar tudo isto, com a ajuda de quem põe a mão na massa, os enólogos, os viticultores e os produtores. E como é que eles próprios vêem esta onda de ambição? Ou será que não a vêem, de todo? João Camizão, autor
dos vinhos Sem Igual, reconhece-a: “É uma pequena onda que alguns de nós já estão a ‘apanhar’ há alguns anos e que, finalmente, empresas com negócios de referência na região vão começar a ‘surfar’. Provavelmente, apenas começa agora a ter notoriedade e a ser cobiçada, pois a região dos Vinhos Verdes tem uma tipicidade tão intrínseca (até as cartas de quase todos os restaurantes têm uma secção para os Vinhos Verdes e outra para os brancos), que é como nascer num berço de ouro. Ou seja, não houve necessidade de reinventar e inovar o estilo de vinho. E esta tipicidade gera, per si, grande volume de negócio com muita exportação e preços que não são os mais baixos do país (é das regiões que mais valoriza a uva)”. E revela aquilo que acha ser a chave para o sucesso, tocando num ponto fundamental, a longevidade, e dizendo “Nos dias de hoje, muitos produtores da região ambicionam ter vinhos de grande qualidade, mesmo tendo de se desviar do perfil da casa. Portanto, há que estar preparado para investir e esperar uns anos com o vinho na adega, para aferir à longevidade e deixar a acidez vibrante ser arredondada pelo tempo. Penso que esta será condição necessária para o sucesso. Estamos numa região com grande potencial para fazer vinhos brancos de guarda, de classe mundial”. Já Gonçalo Sousa Lopes, produtor e viticultor dos vinhos Quinta do Cruzeiro, assume que “É o único caminho que o pequeno produtor-engarrafador tem de fazer, atingindo assim um nicho de clientes apreciadores e conhecedores. Existem produtores que já estão nesta linha há muto tempo, mas como a região sempre foi vista como produtora de vinhos ‘do ano’ e pouco complexos (há excepção de Monção e Melgaço), estes sempre ficaram na sombra e, para se afirmarem, tinham de se por nas pontas dos pés, ou gastar muito dinheiro para divulgarem os seus ‘vinhos sérios’”. Mostrando que há visões diferentes sobre os preços a que o Vinho Verde é vendido, defende que, desta maneira, “diferenciam-se dos grandes armazenistas que vendem Vinho Verde (muito gaseificado e doce) a preços incompreensivelmente baixos e desprestigiantes para a região”. Por sua vez, Rui Cunha, enólogo dos Covela, é implacável na sua visão e alerta “Fala-se muito de Verdes ambiciosos mas, na verdade e em geral, o que existe são vinhos com um pouco menos de gás e um pouco menos de açúcar”. Na posição de quem lida com dois perfis de Vinho Verde, João Cabral de Almeida, enólogo da Quinta da Calçada e produtor dos vinhos Camaleão, esclarece: “Os dois caminhos são interessantes e os dois têm lugar no mercado. Quando faço vinhos mais ‘sérios’ (se bem que há seriedade em ambos) estou focado naquilo que a vinha tem para oferecer e no terroir, quando faço vinhos mais ‘jovens’ estou a pensar nas sensações, na experiência imediata que estou a dar a um consumidor”.

E a questão que a seguir se coloca é inevitável. Como lá chegar? Que castas são mais propícias? O álcool e a barrica são factores fundamentais para atingir este estilo de Verde mais, digamos, complexo? As respostas variam, mas há um ponto em que todos concordam: viticultura, viticultura, viticultura. Márcio Lopes, criador e enólogo dos Pequenos Rebentos, faz a sua eleição. “O Alvarinho, que já tem provas dadas. O Loureiro é uma casta delicada, mas num bom local pode originar grandes vinhos, e o Avesso que também é complicado mas tem grande potencial. Já o Azal é uma casta excelente para contrariar as alterações climáticas. Com a viticultura mais avançada, é agora mais fácil cuidar das uvas mais sensíveis”. Não podendo deixar de pegar no tema do clima, fazemos Márcio alongar-se nele: “A ramada e o enforcado são sistemas de condução muito pertinentes para um Verde com ambição, pela resistência às alterações climáticas, porque criam maturações mais lentas e equilibradas, folhagem que protege as uvas e impede o escaldão. Devem ser hipóteses a considerar na viticultura. Temos de encontrar um meio termo entre o passado e o futuro”. Para Rui Cunha, destacam-se o Alvarinho, o Avesso e o Arinto, sem esquecer o Loureiro. “Infelizmente, o Loureiro não é uma casta que tenha o peso devido na região, porque é fantástica. Sobre o Arinto, há a vantagem de já se conhecer bem e saber-se que tem bom envelhecimento, assim como o Avesso. Esta última é a minha favorita. É difícil ‘competir’ com a fama que o Alvarinho tem, no sentido em que, lá fora, muita gente pensa que a região se reduz a esta casta”. Gonçalo Lopes elege as mesmas que os dois anteriores, mas com um extra, a Trajadura. Tal como Márcio Lopes, também dá importância às vinhas velhas e com diversas castas misturadas, admitindo que dão ainda mais complexidade aos vinhos, e aponta o terroir como factor determinante de qualidade. João Cabral de Almeida lembra, ainda, que “urge saber mais sobre castas antigas ainda desconhecidas, muitas presentes nas vinhas velhas, que se podem revelar muito interessantes”, mas acha redutor associar este perfil mais ambicioso a castas em concreto.
No que toca a madeiras e álcool, reina a palavra “equilíbrio”. Mas é Márcio Lopes que mais simplifica o caminho para chegar a um grande Verde: “O fundamental é a qualidade da uva, depois é não estragar. Acima de tudo, a boa acidez é importante. Não nos interessa que o álcool vá subindo e a acidez descendo. Quanto à necessidade de barrica, a própria uva pode dar estrutura, corpo e complexidade. Tem mais que ver com os rendimentos da vinha. Se ela produzir muito, vai ter muitos filhos para alimentar e esgotar-se a si própria, se produzir menos, consegue conferir mais às uvas. Ou seja, tem tudo mais que ver com a nascença do que com os extras. Uma região granítica e de frescura natural é uma região de futuro no mundo actual”. João Camizão também não dá valor ao álcool e afirma que este deve ser controlado, acima de tudo “com os novos sistemas de condução”. “Devemos ter a ambição de fazer grandes vinhos com álcool abaixo dos 13%, o que é difícil mas torna tudo bem mais equilibrado”. Mais do que a barrica, que considera útil mas não necessária, releva outras opções enológicas, sugerindo “Deixar a fermentação ir até ao fim, para ficarmos sem açúcar residual. Ou, por exemplo, fazer brancos de curtimenta, estágios em cubas de cimento, etc., práticas que eram muito comuns nos Vinhos Verdes. Temos a sorte de estar numa região com uma história tão rica em temos de práticas de vinificação, que será uma pena se não explorarmos estes caminhos”. Gonçalo Lopes acrescenta elementos à lista: “Existem outras técnicas, na vinificação, que se podem usar. Refiro-me à maceração pelicular a frio antes da prensagem, bâtonnage de borras totais a frio pré-fermentativa e estágio prolongado com borras finas. Associado a estas técnicas, qualquer vinho ganha sempre com o estágio em garrafa. Vinhos produzidos assim, muitas vezes não necessitam de teores alcoólicos elevados nem de ir à barrica, esta pode mesmo ser um elemento a mais”. Depois, Rui Cunha vem abrir a cortina a outra perspectiva, concordando que há qualidade na uva para que esta brilhe por si só, mas recordando “Até os grandes brancos alemães estagiam em madeira. Se me disserem ‘faz um grande branco’, provavelmente vou utilizá-la. O que não quer dizer que precisemos dela para lá chegar”.

Podemos dizer que há aqui uma estrela no meio da trama: a vinha. Quando ela se porta bem, quando se cuida bem dela e não se desvirtua o produto com excessos disto ou daquilo, é difícil que o resultado não seja um vinho ambicioso. Principalmente numa região com matéria-prima deste nível, frescura natural, e técnicos inteligentes, arrojados, que pesquisam o que já se fez e o que se pode fazer para ser cada vez melhor. Mas vamos por as coisas em pratos limpos: o facto de o Vinho Verde ser, para muita gente, mais uma cor do vinho, como o branco, o tinto ou o rosé, é uma desvantagem, acima de tudo porque não é verdade e está associado apenas ao estilo de vinho doce e com gás. Porém, isso também significa que o Vinho Verde se enraizou como uma marca forte, num fenómeno muito semelhante ao da Gillette, do Kispo, ou do Tupperware. Lá fora, muita gente conhece a palavra Vinho Verde, bem mais até do que outros nomes de regiões portuguesas. Há que pegar nela e mostrar que é marca de grandes vinhos, nunca esquecendo que todos os estilos têm o seu lugar no mercado. E as perspectivas são muito positivas. O que se vê é que os enólogos estão cada vez mais apaixonados pela uva, pela terra, trabalhando em uníssono com os viticultores. Já lá vai o tempo em que não entravam na vinha, com medo de sujar o sapato. E isso, além de bonito, é benéfico para vinhos melhores, mais puros, singulares, fiéis à sua origem. A revolução dos Vinhos Verdes não será televisionada. Será bebida, e com muito prazer.

18 €25 B
Anselmo Mendes Private
Vinho Verde Loureiro 2017
Anselmo Mendes Vinhos
Loureiro é isto: folha de louro, floral muito delicado, folhas verdes, infusão de camomila, enorme pureza. Elegante e sublime, é ainda muito jovem, adivinhando longevidade em garrafa, enorme frescura de boca e expressividade, mas tudo isto com uma primorosa leveza. Belíssimo vinho. (12%)

18 €25 B
Sem Igual Ramadas Wood
Vinho Verde Escolha branco 2017
Arrochela e Camizão
Arinto e Azal. Muito cítrico de limão maduro, casca de lima, flor de limoeiro. Com a barrica perfeitamente integrada e discreta, potenciando a fruta, tem grande percepção de frescura, ananás no final de boca, com os citrinos verdes a reinar. Vibrante, tem imensa presença e carácter. (13,5%)

17,5 €16 B
Quinta da Calçada
Vinho Verde Reserva branco 2016
Agrimota
Fermentado em barrica, que se expressa em discretas notas de baunilha, tem pêssego, alperce e geleia de fruta branca. Cremoso e bem equilibrado, mostra a complexidade conferida pelo tempo e uma acidez perfeita que lhe dá muita frescura e elegância, num corpo volumoso. (12,5%)

17,5 €15 B
Quinta de SanJoanne
Vinho Verde Escolha branco 2015
Casa de Cello
Excelente evolução com notas de pederneira, sílex, casca de citrinos, tangerina, leve kumquat. Fino e elegante na boca, é muito cítrico, tem laranja, acidez acutilante, citrinos cristalizados e flores. Um vinho pleno de personalidade. (12%)

17,5 €15 A
Quinta do Cruzeiro
Vinho Verde Reserva branco 2013
Gonçalo Sousa Lopes
Alvarinho e vinhas velhas, estágio em barrica usada. Cor acentuada, evolução saudável com bela complexidade aromática, maçã verde, resinas, aloe vera, salinidade. De belo equilíbrio de boca, complexo e muito presente, enche o palato, tem tangerina e leve mineral. Está no ponto óptimo de consumo. (13%)

17 €20 A
Casa da Senra Premium
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro branco 2016
Abrigueiros
Estagiado em carvalho francês. Leves fumados, casca de citrinos, folha de louro, mineral delicado e toque de sílex. Cremoso apesar do álcool bem moderado, laranja e toranja, final de muito boa acidez, com notas fumadas. Complexo, mas leve. Excelente integração, sem madeira impositiva. (12%)

17 €17 B
Casal de Ventozela Prime Selection
Vinho Verde Grande Escolha branco 2017
Soc. Agr. Casal de Ventozela
Alvarinho e Avesso em partes iguais. Perfil cítrico, também alperce, folhas verdes, leve fumo, bastante delicadeza. Muito leve e preciso, tem um belo equilíbrio, cheio de graça e presença. Elegante e bem aprazível. (12,5%)

17 €15 B
Covela Edição Nacional
Vinho Verde Avesso Reserva branco 2017
Lima & Smith
Muito mineral, fósforo, grafite, conjugados com ameixa branca e damasco. Grande volume de boca, bela integração da barrica quase imperceptível, tem uma certa austeridade e seriedade sedutoras. Com tons de marmelo, é fresco e amplo, tem tudo para crescer na garrafa. (13%)

17 €18,77 B
Maria Bonita Barrica
Vinho Verde Loureiro 2017
Lua Cheia em Vinhas Velhas
Floral e elegante com a casta bem expressiva, citrinos e folhas verdes. Muito boa estrutura, é um branco delicado e firme, com muita frescura, citrinos exóticos, raspa de limão, belos amargos finais. (12%)

17 €15,99 B
Paço de Teixeiró
Vinho Verde Baião Avesso branco 2017
Montez Champalimaud
Biscoito de laranja e maçã reineta introduzem a prova. Muito elegante e delicado, é envolvente, fino e expressivo. A amplitude anda a par da boa estrutura, num branco com carácter e frescura. Bastante sedutor. (13%)

17 €17,50 B
Pequenos Rebentos Vinhas Velhas
Vinho Verde Loureiro Reserva branco 2018
Márcio Lopes
Estágio em barrica usada. De aroma levemente floral, com a casta ainda tímida. Bem mais expressivo na boca, intenso, com citrinos e leve especiaria, complementado por ervas aromáticas. Tem boa estrutura e volume, é sério, bastante jovem e promete uma bela evolução em garrafa. (12,5%)

17 €22 B
Quinta do Tamariz
Vinho Verde Cávado Grande Reserva branco 2017
Soc. Agr. Quinta de Santa Maria
Marmelo e gila, também citrinos maduros e um toque de verniz. Firme, tem um lado de fruta asiática e bela acidez, é sólido e fresco. Um vinho com muito nervo e persistência, que ainda vai crescer na garrafa. (12,5%)

BOA ESCOLHA 2019
17 €10 B
Singular
Vinho Verde branco 2017
A&D Wines
Leve evolução a conferir complexidade, fumados e alguma pimenta branca, um toque de lima e limão. Cremoso, amplo, com muita frescura e bela acidez, é firme, puro e expressivo. Conjunto bastante bonito e sedutor. (13%)

17 €25 A
Vila Nova
Vinho Verde Reserva branco 2015
Soc. Agr. Casa de Vila Nova
Fermentado em barrica. 100% Avesso. Alperce e ananás com leve fumado de fundo, toque de ervas aromáticas e infusão. Especiado na prova de boca, toque tostado e fruta madura, é untuoso e intenso no retrogosto, envolvente, a mostrar evolução muito positiva. (12,5%)

16,5 €9,50 B
Casa de Vilacetinho
Vinho Verde Avesso/Alvarinho Superior branco 2018
Soc. Agr. Casa de Vilacetinho
Maçã e tropical, pêssego e leve ananás no nariz. Excelente acidez e mineralidade, conjunto que é bem fresco, persistente, expressivo, estruturado e macio. Um vinho de excelente “drinkability”. (13,5%)

BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Castelo Negro 150
Vinho verde Alvarinho/Avesso Colh. Selec. branco 2018
Guapos Wine Project
Nariz de citrinos verdes como lima e limão, toque floral, perfume bonito. Na boca apresenta ameixa verde, pêssego, boa estrutura ácida, é leve, fresco, com acidez cítrica final. Bem prazeroso e chamativo. (13%)

16,5 €18 A
Chapeleiro
Vinho Verde Reserva branco 2016
Carlos Gabriel Fernandes
Citrino maduro tipo limão, boa evolução, leve fumado e sílex. Óptima acidez a dar frescura, cremosidade de boca, citrinos cristalizados, gordo, cheio e com leve perfume de barrica a surgir no final. (12,5%)

16,5 €17 B
Opção B
Vinho Verde Avesso branco 2017
AB Valley Wines
Um Avesso fermentado em barrica, com notas fumadas, ananás e flores secas. Fruta cristalizada e geleia na boca, encorpado mas com óptima acidez que suporta e dá vivacidade, a barrica sempre presente, perfil sério, alguma especiaria e retorna ao fumo no final. (13%)

BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Portal das Hortas
Vinho Verde Baião Avesso Grande Escolha branco 2018
Quinta & Casa das Hortas
Plena expressão da casta, com fruta branca tipo pêssego e maçã, também um toque tropical de ananás. Bem volumoso, tem pureza e firmeza, é elegante e sólido, com equilíbrio e persistência. (12%)

16,5 €14,50 A
Quinta das Arcas
Vinho Verde Trajadura Escolha branco 2015
Quinta das Arcas
De vinha biológica. Cor amarelada que indicia a idade. Geleia de frutos, leve tropical de ananás. Bem mais expressivo na boca, é cheio e com toque de “banana passi”. Profundo e rico, tem acidez quanto baste para manter a sua frescura. Original, é um raro vinho desta casta, nem sempre muito considerada. (12,5%)

16,5 €10 A
Quinta de Santa Cristina
Vinho Verde Reserva branco 2015
Garantia das Quintas
Evolução notória na cor. Marmelo, geleia, toranja madura no nariz. Denso e cremoso, é gordo mas não chega a ser pesado graças à boa acidez. Um vinho bastante maduro, num estilo com teor alcoólico pouco comum na região, mas que mantém um belo equilíbrio. (14%)

16 €15 A
Adega Ponte da Barca Reserva dos Sócios
Vinho Verde Loureiro branco 2017
Adega Coop. Ponte da Barca
As notas florais da casta envolvidas em nuances fumadas, geleia. Boa presença de boca, muito cheio e untuoso, algumas notas picantes no final preciso. Um Verde sereno, gordo e envolvente. (13%)

16 €7,25 A
Camaleão
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Escolha branco 2018
João Cabral de Almeida
Toque floral no nariz contido, leve tangerina e fruto tropical. Muito cítrico na prova de boca, com bom volume, meloso e tem boa acidez, transmitida por notas de casca e folha de árvore. Bela frescura de conjunto. (12%)

16 €8,50 A
Casa das Buganvílias
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro Escolha branco 2018
De Figueiredo’s
Muito perfumado e tropical, folha de louro, maracujá e goiaba. Bastante puro, sumarento mas seco, exuberantemente frutado, tem também maçã ácida estilo granny smith. Conjunto alegre e bem agradável. (12,5%)

16 €7,49 A
Quinta da Raza
Vinho Verde Avesso Colh. Selec. Branco 2017
Quinta da Raza
Tom tropical de ananás, rebuçado, perfil puro e fiel à casta. Bem jovem, invoca leve doçura frutada, volumoso mas com acidez vibrante a cortar, toque floral. Alegre e muito fácil de gostar, tem boa estrutura e presença. (13%)

16 €7 A
Quinta de Azevedo
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Reserva branco 2018
Sogrape
Delicado e perfumado, assenta muito nas notas florais, pêssego e alguma laranja. Leve e harmonioso na prova de boca, é bonito e mostra muita fruta branca, um vinho bem equilibrado que se bebe com prazer, acompanhando pratos leves ou como aperitivo. (12%)

16 €7 A
Quinta de Linhares
Vinho Verde Avesso branco 2018
Agri-Roncão
Perfil exótico e perfumado, lado misterioso, orientado para os frutos tropicais, ananás e manga. Equilibrado e encorpado, é crispy debaixo da língua. Com boa frescura de boca e amplitude, o amargo final prolonga-o. (13%)

16 €7 A
Via Latina
Vinho Verde Grande Escolha branco 2018
Vercoope
Fruta cristalizada e casca de citrino, algum fumado, fruta branca como alperce e damasco. Belo volume de boca mas leve, traz novamente o alperce e demonstra boa estrutura ao lado de uma certa leveza. Bem agradável, afirmativo e vibrante. (11,5%)

16 €9,90 A
Zulmira
Vinho Verde Superior branco 2018
Quinta de São Bento da Batalha
Loureiro e Arinto. Muito aromático e super limonado, intenso e perfumado com flores secas de limoeiro e laranjeira. Cremoso e muito exuberante, com casca de citrinos, é bem sumarento, cheio de fruto, com leve doçura final. (12,5%)

Edição Nº27, Julho 2019

 

Monte da Bica: um Alentejo diferente

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] Um ‘Alentejo diferente’ parece um cliché, mas não o é. Um projeto novo que se inicia num território de transição com alguma influência atlântica. Com o Monte da Bica, o Alentejo ganha mais um perfil! TEXTO […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Um ‘Alentejo diferente’ parece um cliché, mas não o é. Um projeto novo que se inicia num território de transição com alguma influência atlântica. Com o Monte da Bica, o Alentejo ganha mais um perfil!

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia               FOTOS Cortesia do produtor

Quando se pensa em Alentejo pensa-se em tudo menos numa zona de transição para os vinhos da Península de Setúbal ou mesmo do Tejo. Mas a verdade é que são regiões vizinhas no que toca ao mapa vitivinícola português. Há mais de uma década, os produtores alentejanos ‘em transição’ centraram-se sobretudo em redor do Torrão, no município de Alcácer do Sal, caso da Herdade das Soberanas e Herdade do Portocarro. Hoje apresentamos um novo produtor não exatamente dessa área de transição, mas de outra, mais a norte, muito próxima de Lavre. É aqui, quase equidistante entre Montemor-o-Novo (a Sul), Pegões (a Oeste) e Coruche (a Norte), com clara influência da Reserva Natural do Estuário do Tejo e do próprio Oceano Atlântico, que fica sito o Monte da Bica. O monte tem larga tradição em cereal e cortiça (é mesmo uma zona de grande implantação de cortiça), mas também de vinha e montado. Depois de alguns anos de ocupação (ainda sequelas da revolução de Abril) e quase abandono, em 1989 o pai de João Oliveira regressaria em força ao monte. A vinha que tinha sido arrancada durante a ocupação foi plantada de novo, bem como as restantes plantações. Todavia, foi só mais tarde, quando o filho João Oliveira viu a adolescência a ficar para trás, que o projeto vínico arrancou ao seu cuidado. Privilegiou-se as castas tintas, como o Castelão – típico da região, a revelar a proximidade às terras de Setúbal –, as omnipresentes Touriga Nacional e Syrah, e ainda um pouco de Cabernet Sauvignon. Actualmente, existem 6 ha em produção, mas em 2017 foram plantados mais 2,5 ha. desta feita de Merlot e mais Cabernet Sauvignon. O solo também revela a transição de que temos vindo escrever, com uma mistura de areias e argila pouco comum mais a sul na planície alentejana.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37093″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”João e André fazem vinhos”][vc_column_text]

Em 2016, decide-se contratar André Herrera para liderar a enologia, sendo da sua responsabilidade todos os vinhos lançados. André Herrera, produtor e enólogo dos vinhos Duende, há muito que trabalha no Alentejo (onde vive, de resto), sobretudo nos anos em que integrou o projeto Fita Preta de António Maçanita. André confidenciou-se que os resultados no Monte da Bica sempre o entusiasmaram pois permitiram um perfil mais aberto e leve do que aquele que estava habituado, apesar de ter estranhado no início a cor e acidez dos mostos. É caso para dizer que, se primeiro estranhou, depois entranhou (como escrevia Pessoa), pois hoje André é perentório no sentido de que o terroir do Monte da Bica é ideal para a produção de vinhos modernos, abertos e versáteis, verdadeiros exemplares de tintos ‘joie de vivre’ tão de moda actualmente. André e João – enólogo e produtor – comungam de uma filosofia de detalhe, centrada em pequenas produções e produtos diferenciados. Pelo que vimos, e provámos, essa filosofia está plenamente presente em todos os néctares, pois estes transbordam originalidade e carácter.

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37092″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

O projeto centra-se atualmente no mercado nacional – e em especial no canal horeca – e a exportação só irá ser um desafio quando a produção aumentar o que não deverá acontecer de forma significava num futuro próximo. Provados os 5 vinhos no mercado, é caso para dizer que todos beneficiam de uma acidez vibrante e de um fruto encarnado aberto e provocador, muito saboroso e nada impositivo. A exuberância e jovialidade do projeto manifesta-se também nos rótulos e nos (muito curiosos, mas sugestivos) nomes atribuídos aos vinhos, com especial destaque para os tintos ‘As netas chegaram primeiro’ (as netas são o resultado de gomos secundários que geralmente amadurecem depois das restantes uvas, existindo mesmo uma operação conhecida por desnetamento) e ‘Afinal não arrancámos o Castelão’ (que se afigura autoexplicativo)… Mas o mais importante é mesmo provar os vinhos que estão disponíveis, essencialmente, na restauração, sendo que a distribuição está a cargo da empresa Sabe Vinho, de Inês Carrão.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37094″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº24, Abril 2019

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]