Justino’s: Madeirenses 2.0

Justino’s

A Justino´s Madeira Wines, estabelecida na ilha em 1870, como produtora e exportadora dos vinhos da Madeira, dedica-se, desde 2003, também à produção de vinhos tranquilos sob a marca Colombo. O acompanhamento dos viticultores com determinadas parcelas é um dos pressupostos essenciais deste projecto. Cada lote tem vinhas associadas e um trabalho no campo diferenciado […]

A Justino´s Madeira Wines, estabelecida na ilha em 1870, como produtora e exportadora dos vinhos da Madeira, dedica-se, desde 2003, também à produção de vinhos tranquilos sob a marca Colombo. O acompanhamento dos viticultores com determinadas parcelas é um dos pressupostos essenciais deste projecto. Cada lote tem vinhas associadas e um trabalho no campo diferenciado em função das condições do local e das castas. Umas são variedades internacionais, como é o caso de Sauvignon Blanc, único na Madeira, introduzido pela Justino’s há oito anos, outras portuguesas – Aragonez e Touriga Nacional – vindas do continente, e finalmente castas tipicamente madeirenses, algumas quase desconhecidas, que, no sítio certo, dão resultados bem interessantes.

Imagem renovada
Os cinco vinhos apresentados são certificados como DO Madeirense. Revelam uma imagem renovada e uma filosofia enológica focada nos vinhos nítidos e expressivos, à responsabilidade de Juan Teixeira e Nuno Duarte, que se juntou à equipa em 2021.
O primeiro vinho representa o terroir do Norte da ilha. As uvas vêm das vinhas com 20 anos, conduzidas em espaldeira a uma altitude entre 400 e 500 metros. É um lote de Arnsburger (60%), Boaventura e Verdelho (40%) de São Vicente. Arnsburger é uma variedade de origem alemã, obtida por cruzamento de Muller-Thurgau e Weisser Gutedel (também conhecido como Chasselas Blanc) nos meados do século passado. Foi introduzida na Madeira em meados dos anos 80, numa leva de castas oriundas de Portugal Continental, França, Itália e Alemanha. Hoje Arnsburger é mais popular no norte da ilha do que no seu país de origem.
O segundo branco é composto por 70% de Verdelho do Estreito de Câmara de Lobos (Sul da ilha) e 30% de Sauvignon Blanc de São Jorge (Norte da Ilha). A altitude das vinhas, também conduzidas em espaldeira, varia entre 200 e 300 metros.
Ambos os vinhos partilham a mesma abordagem na adega. Fermentam em inox com temperatura controlada. 50% estagia em barricas de 500 litros, novas e semi-novas, 50% em inox com levantamento regular de borras finas. Como são bem providos de acidez, optou-se por permitir parcialmente a fermentação maloláctica, para “domar” a acidez e enriquecer a sensação de boca.

 

Do Caracol ao rosé
O terceiro vinho é uma curiosidade tipicamente madeirense. É praticamente um monovarietal de Caracol, que entra no lote com 97% (mais 3% de Listrão na qualidade de sal e pimenta). A casta foi introduzida na ilha de Porto Santo no início do século passado, onde também é conhecida como Olho de Pargo ou Uva das Eiras, pelo sítio onde foi plantada. A sua origem ainda é desconhecida, mas existe uma relação genética com a variedade Cédres, das ilhas Canárias, e o Listrão (Palomino Fino em Jerez ou Malvasia Rei no Douro). As vinhas bem velhas, com idade de 80 anos, rastejam no chão de areia com compostos calcários ao nível do mar, protegidas por muros de pedra, denominados “crochê”.
Como as duas castas são neutras aromaticamente, optou-se por uma ligeira maceração de cinco horas, antes da prensagem para extrair alguns compostos aromáticos das películas, com fermentação a temperatura ambiente. O estágio decorreu da mesma forma como os outros dois vinhos.
O rosé é originado por um feliz dueto de 57% de Tinta Negra com 43% de Complexa. A primeira é a casta mais plantada na ilha e assegura a maior parte de produção de vinhos da Madeira. As uvas vêm do Estreito da Câmara de Lobos, plantadas a 700 m de altitude e conduzidas em latada, com declives de 45%. A Complexa quase nunca é falada, mas é a segunda casta mais plantada na Madeira. Foi obtida, em 1959, no centro de investigação de Dois Portos, através de uma série de cruzamentos que envolveram Castelão, Alicante Bouschet e Moscatel de Hamburgo e foi introduzida na Madeira nos anos 70. Produz vinhos com nível de álcool moderado, e mais acidez e menos cor do que a Tinta Negra. Não obstante ter a polpa corada, tem poucas antocianas na película, o que faz dela uma óptima escolha para rosés. As uvas vêm de Santana, na parte norte da ilha.
Apenas a primeira lágrima dá origem ao rosé. Fermenta a temperatura controlada e não faz a fermentação maloláctica para preservar a frescura. Trabalham borra fina para dar mais textura e o estágio decorre em barrica usada (com 10 anos) de 500 litros.
A composição do tinto deste ano é diferente: 50% de Aragonês e 30% de Touriga Nacional do Porto Moniz, mais 20% de Merlot da Rocha, vinhas localizadas no Norte da ilha, 400 m acima do mar. Depois de sete dias de curtimenta, só molhando a manta, das fermentações alcoólica e maloláctica, seguiu-se um estágio de 12 meses em barricas de 500 litros, novas e seminovas.

(Artigo publicado na edição de Abril de 2024)

Barbeito: Cascos únicos, vinhos únicos

Barbeito

Já descrevemos nesta revista o fantástico percurso de Ricardo Diogo Barbeito, que pegou na empresa familiar em que nasceu e a transformou numa das marcas mais dinâmicas do Vinho da Madeira. Apesar da notoriedade alcançada, é um homem discreto que não procura as luzes da ribalta e raras vezes faz aparato aquando do lançamento dos […]

Já descrevemos nesta revista o fantástico percurso de Ricardo Diogo Barbeito, que pegou na empresa familiar em que nasceu e a transformou numa das marcas mais dinâmicas do Vinho da Madeira. Apesar da notoriedade alcançada, é um homem discreto que não procura as luzes da ribalta e raras vezes faz aparato aquando do lançamento dos seus magníficos vinhos. Por isso foi com redobrado prazer que estivemos no lançamento recente de, nada menos, nada mais, 6 novos vinhos da Barbeito.

 

Foi o primeiro na ilha a engarrafar “cascos únicos, por regra uma ou duas vezes por ano. Agora também pela primeira vez, lançou seis ao mesmo tempo e alguns deles com vinho de uma só vinha…

 

Como não poderia deixar de ser, quando falamos de Ricardo Diogo, não se trata de vinhos sem contornos diferenciadores… São todos lançamentos da sua gama “casco único”, ou Single Cask, uma gama criada pelo produtor com assumida inspiração no exemplo das bebidas destiladas, com o whisky à cabeça. O conceito encaixa na perfeição no perfil de um produtor que gosta de produzir pequenas quantidades e de ir lançando vinhos com alguma regularidade, em alguns casos algumas vezes ao ano. O cuidado e afinação de cada casco é uma paixão do produtor, não sendo de estranhar que o rótulo de cada vinho identifique o número do casco e o, ou os, armazéns em que o vinho foi envelhecido. Com efeito, na Barbeito, cada vinho é envelhecido atendendo ao seu perfil individual, não sendo raros os casos em que, por determinado vinho precisar de maior vivacidade, acabar por ser transportado para outro local mais fresco do armazém.

Outras vezes até, um casco passa por mais do que um armazém, sempre na busca do estilo que Ricardo Diogo pretende, ou seja, vinhos com boa acidez, tendencialmente secos e muito viçosos. Outra novidade é que quase todos os vinhos agora lançados provém de vinhas específicas, identificadas nos rótulos também, ou seja, o vinho engarrafado não resulta de um lote de diferentes vinhas, como tantas vezes sucede nos Madeira. Temos por isso um Tinta Negra de uma vinha plantada a sul da ilha acima dos 550 metros de altitude, e temos também um Sercial da costa norte junto à praia. E temos também um Malvasia Cândida da Fajã dos Padres (pois só ali ela existe) na costa sul e ainda um Verdelho, neste caso Frasqueira, de vinha em latada no Arco de S. Jorge no norte da ilha. Em comum a qualidade, o exotismo e a marca da frescura vibrante do produtor.

Destaque ainda para a degustação, durante uma refeição servida no final da prova, dos vinhos tranquilos da Barbeito, todos a merecer elogios, com destaque para o Vinhas do Lanço, um Verdelho da colheita de 2021, parcialmente estagiado em barrica, do qual foram produzidas menos de 800 garrafas. No final, o privilégio de beber um copo do Barbeito 50 anos Três Amigos, um extraordinário vinho, meio doce, com pouco mais de 500 exemplares engarrafados no final de 2022.

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2024)

 

 

Madeira Wine Company: Novidades e velhidades Blandy’s

Madeira Wine Company

Detesto o velho clichê de “os estrangeiros gostaram muito”, mas sempre lembrarei que foi com vinho Madeira que se brindou na assinatura da Constituição dos Estados Unidos da América. Foi em 1776. Onde há uma igreja católica há vinho, portanto, desde o séc. XV que há vinha na Madeira. As condições naturais da ilha não […]

Detesto o velho clichê de “os estrangeiros gostaram muito”, mas sempre lembrarei que foi com vinho Madeira que se brindou na assinatura da Constituição dos Estados Unidos da América. Foi em 1776.
Onde há uma igreja católica há vinho, portanto, desde o séc. XV que há vinha na Madeira. As condições naturais da ilha não favorecem o amadurecimento das uvas. Os terrenos são muito férteis, as temperaturas moderadas, as altitudes elevadas. Por outro lado, a acidez é excepcional, e, ao amuar a fermentação com álcool vínico a 96%, nasce um vinho que, sendo envelhecido em velhos cascos de madeira e sujeito às condições climáticas dos velhos sótãos, se torna indestrutível. A Blandy’s é uma empresa familiar, com mais de 200 anos de história na ilha, hoje dentro do universo da Madeira Wine Company, mas sempre com gestão familiar, desde 2010 personificada em Chris Blandy, jovem de 40 e poucos anos.

Gerir uma empresa antiga de Vinho Madeira é gerir um tecido de incrível complexidade. Na apresentação dos novos lançamentos, no restaurante Kabuki, em Lisboa, Chris e o seu enólogo principal e master blender, Francisco Albuquerque, foram sempre citando números: “De Bual há 14ha na ilha, com 104 viticultores na Calheta. A MWC tem 1 ha”. “A Madeira tem 22ha de Sercial, são 125 produtores”. E continuando. Vocês percebem, é só fazer as contas, como dizia o António Guterres. É preciso gerir as nossas vinhas, decidir os tratamentos e datas de colheita, acompanhar as vinhas dos outros (muitas dezenas de) viticultores, colher e separar todas as parcelas, com as castas separadas, já que na Madeira cada casta é também um estilo de vinho.

Francisco Albuquerque, que começou a carreira na Blandy’s em 1990 (e aliás, começou imediatamente a mudar o sector) disse-nos que experimentou fazer algumas castas ao estilo de outras (ou seja, com o nível de doçura “errado”) e descobriu que o resultado era horrível. Diz ele: a doçura está bem assim: Sercial seco com um máximo de 60g de açúcar por litro, Verdelho meio-seco com 60 a 75g de açúcar, Bual meio-doce com 75 a 100g e Malvasia doce com mais de 125g.

Mais um problema: fazer chegar as uvas ao Funchal. Muitas vinhas são em sítios bastante isolados. Há imensa pressão demográfica na Madeira, com apenas 13,5% dos terrenos com declives inferiores a 16%, as vinhas têm de lutar pelo seu espaço contra os hotéis e as habitações. Felizmente, a viticultura tem evoluído e os porta-enxertos aguentam cada vez mais altitude. 80% da ilha da Madeira está acima dos 700m.

Mas a complexidade não termina aqui: feitos os vinhos há que envelhecê-los. E segundo Albuquerque, o sítio onde fica o armazém de envelhecimento também determina o estilo dos vinhos. A Blandy’s tem 16 armazéns de envelhecimento, e em cada localização, as diferentes castas desenvolvem de forma diferente os ácidos orgânicos que dão ao Madeira o seu carácter. Por exemplo, o Caniçal é mais húmido do que o Funchal e há castas que envelhecem lá melhor. É preciso diminuir os factores aleatórios para manter o estilo de cada vinho.

Depois de mais de 30 anos de trabalho, Francisco Albuquerque conseguiu pela primeira vez fazer 4 vinhos do mesmo ano, os 2010 hoje apresentados. Para além desses, viajámos um pouco no tempo para provar alguns vinhos históricos, e comparar estilos da Blandy’s com a sua marca-irmã, Cossart-Gordon. Ao jantar, mais desafios: o IG Madeirense (“de mesa”) Atlantis, Verdelho da Fajã da Ovelha, feito em parceria com Rui Reguinga, e a provocação de harmonizar vinho Madeira com os pratos da cozinha japonesa, uma proposta desenhada com a ajuda de Victor Jardim, escanção do Kabuki e também ele madeirense. Sashimi de atum com Sercial, toro com Sercial e Verdelho, wagyu com Bual. Aposta ganha, num dia em que honrámos as tradições da Madeira com os seus vinhos de enorme delicadeza, etérea profundidade e eterna longevidade.

 

(Artigo publicado na edição de Agosto de 2023)

Quinta do Barbusano: Na ilha, entre a floresta e o mar

Barbusano

Ilhas felizes. É este o significado etimológico de “Macaronésia”, palavra de origem grega que representa quatro arquipélagos do Atlântico Norte, a oeste do estreito de Gibraltar, onde se insere o da Madeira. Pela localização e condições edafo-climáticas, são ilhas de uma vegetação única e abundante, com elevadíssimo rácio de espécies vegetais endémicas. Mas havendo a […]

Ilhas felizes. É este o significado etimológico de “Macaronésia”, palavra de origem grega que representa quatro arquipélagos do Atlântico Norte, a oeste do estreito de Gibraltar, onde se insere o da Madeira. Pela localização e condições edafo-climáticas, são ilhas de uma vegetação única e abundante, com elevadíssimo rácio de espécies vegetais endémicas. Mas havendo a oportunidade de visitar a ilha da Madeira, sobretudo a parte norte, não é preciso ler muito sobre isto, é ela que nos mostra. A floresta Laurissilva, que ocupa cerca de 20% do território da ilha (aproximadamente 15 mil hectares), apresenta-nos uma paisagem de um verde intenso que se estende em altitude, numa presença imponente e mística, carácter que se acentua quando é abraçada pelos nevoeiros frequentes das manhãs húmidas e nubladas (quando a ilha está de “capacete”, como dizem os madeirenses…). No município de São Vicente, a Laurissilva — que se divide em três “comunidades” distintas — assume o nome Laurissilva do Barbusano, inspiração para a identidade da Quinta do Barbusano, que tem a floresta como pano de fundo, até aos 450m, e uma vista privilegiada para a capelinha de Nossa Senhora de Fátima, um dos símbolos de São Vicente, situada no topo de uma colina. A caminho da quinta, numa estrada que serpenteia pela montanha, não podemos evitar parar o carro num local já perto da propriedade: a floresta, feminina, enquadra o mar que aparece lá ao fundo, com um V formado por duas escarpas. V de verde, V de Verdelho.

 

O início

António Oliveira, natural de São Vicente, fundou a Quinta do Barbusano em 2006. Antes de fazer vinho ou de ter vinhas, trabalhava com produtos fitofármacos, numa empresa própria que os vendia aos produtores de uva e dava todo o tipo de apoio aos mesmos. Tinha, ainda, outra empresa de preparação de terrenos e plantações agrícolas. Paralelamente, era — e ainda é, embora em menor escala — “ajuntador de uvas”, conceito muito peculiar: as grandes empresas de vinho Madeira têm, em todos os concelhos da Madeira, alguém que fala com os viticultores para entrega de uvas. É como ter uma pessoa de confiança total, encarregue de ser mediador de uvas, entre os viticultores e a empresa. “Há mais de 30 anos que faço esse trabalho e continuo a fazê-lo, mas apenas para a Blandy’s. Nenhuma uva lá entra sem passar por mim e pela minha decisão”, explica António. Entretanto, durante um trabalho que estava a levar a cabo numas vinhas, desafiou o proprietário das mesmas a fazer com ele “algo diferente” em São Vicente, e foi aqui que arrancou o projecto do Barbusano.

 

BARBUSANO

 

Paulo Laureano foi o primeiro enólogo a fazer vinho não fortificado no arquipélago da Madeira

 

 

Na ilha da Madeira, há poucos produtores a fazer vinho não fortificado, e António Oliveira não só é um deles como é, hoje, o maior de todos. Os produtores mais conhecidos de vinho Madeira generoso — como Madeira Wine Company (Blandy’s), Barbeito ou Justino’s — têm as suas marcas de DOC Madeirense e elaboram estes vinhos nas respectivas adegas. Os restantes, incluindo o próprio Barbusano, utilizam a Adega de São Vicente, uma adega “comunitária” criada pelo Instituto do Vinho da Madeira (actual IVBAM – Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira), que presta serviços de vinificação, sob supervisão de um enólogo residente. Até à última vindima, os produtores a utilizar os serviços desta adega, para vinho não fortificado, eram cerca de 12.
Foi precisamente pela existência desta adega que António conheceu Paulo Laureano, hoje enólogo consultor da Quinta do Barbusano. Paulo foi o primeiro enólogo a fazer vinho não fortificado na Madeira, tendo sido também o primeiro enólogo consultor do Governo Regional, quando da criação da Adega de São Vicente. No projecto do Barbusano, está desde o início. “O Paulo conhece muito bem o terroir da Madeira, os solos, as castas, a maneira de trabalhar dos viticultores, e isto é tudo muito importante”, refere António Oliveira.

As vinhas do António

António é também o maior proprietário de vinha da ilha, com parcelas em várias zonas. A Quinta do Barbusano está rodeada por 12 hectares maioritariamente de Verdelho, a uva em que se focam os brancos do projecto, com alguma Tinta Negra que vai para o rosé. Tudo vinha conduzida em latada. “Na altura, estes 12 hectares tinham 88 parcelas pertencentes a 56 donos. Tive de negociar com todos eles e foi muito difícil”, revela o produtor. “Foi tudo feito em três fases, devido ao capital que era necessário, em primeiro lugar, e em segundo, eram terrenos abandonados, e quando as pessoas começaram a ver ali interesse, plantações e luz, o valor das parcelas circundantes subiu muito”, lembra. Depois de criar a base em São Vicente, António Oliveira alugou terrenos no Arco de São Jorge, parcialmente abandonados, para plantar 2,5 hectares de vinha com uma uva branca de que tinha falta, a Arnsburger (casta trazida da universidade alemã de Geisenheim para a Madeira e que funciona aqui muito bem em lote); outro hectare em Ponta Delgada, com Verdelho e Arnsburger; e na Ribeira da Janela, em Porto Moniz, tem entre 6 e 7 hectares com as tintas Touriga Nacional e Aragonez. Estas duas vão para os vinhos tintos da casa que, apesar de não serem a estrela do produtor (nem da Madeira, na verdade…), “o mercado local pede muito”, diz António. Mas antes de tudo isto estar operacional, durante os primeiros quatro anos, os vinhos do Barbusano foram feitos com uvas compradas. O primeiro de todos originou apenas 4 mil garrafas. Hoje, a empresa já produz 100 mil por ano, incluindo um espumante 100% Verdelho, bem interessante, feito com leveduras livres e remuage manual. Há pouquíssima produção de espumante na Madeira, mas “estão a surgir pequenas produções”, segundo António, que investiu agora no equipamento para dégorgement, que antes tinha de alugar no continente e transportar para a ilha.

 

A caminho da Quinta, numa estrada que serpenteia pela montanha, não podemos evitar parar o carro num local já perto da propriedade: a floresta, feminina, enquadra o mar que aparece lá ao fundo., com um V formado por duas escarpas.

 

O projecto do Porto Santo

Um dos grandes canais de venda dos vinhos Barbusano é o próprio enoturismo da quinta, que desde 2018 recebe sobretudo turistas estrangeiros que procuram experiências vínicas autênticas. E quando se fala em autênticas, é mesmo assim, porque para os que escolhem o programa de provas com almoço, é quase sempre António que está na grelha a fazer as famosas (mas fiéis) espetadas madeirenses.
Porém, com a chegada da pandemia em 2020, a Madeira, que vive do turismo, parou totalmente e, consequentemente, pararam também as vendas. “Estava toda a gente com medo de viajar para outros países, e os portugueses viraram-se para a ilha do Porto Santo. Começaram a dizer-me, ‘vai para o Porto Santo, está a encher e lá vais conseguir vender o vinho’. Assim fiz, e consegui arranjar clientes”, confessa António Oliveira. Como era altura das vindimas, acabou por visitar várias vinhas, a ideia de fazer vinho nesta ilha começou a surgir, e o produtor acabou por consultar João Pedro Machado, enólogo residente da Adega de São Vicente, sobre a viabilidade da casta Caracol, a uva branca da ilha. António recorda: “A opinião dele era que, a solo, não acreditava muito nela, mas que combinada com Verdelho poderia dar um vinho excelente. Verdelho já eu tinha na Madeira, faltava-me o Caracol. Quando falámos com os viticultores do Porto Santo, nessa altura, disseram-me que já estava tudo vendido, e eu aceitei e vim-me embora. Passados uns dias, recebo uma chamada de um deles, a perguntar se eu ainda estava interessado nas uvas. Eu disse que sim, e regressei com o João Pedro ao Porto Santo para ver as ditas uvas e avaliar o estado de maturação. Decidimos comprá-las e, depois de vindimadas, trouxemo-las para a ilha da Madeira”. Note-se que, no ferry que faz a travessia Porto Santo-Funchal, transportar um camião de uvas custa mais de mil euros. A juntar aos mais de quatro euros/quilo que custa a uva Caracol… comprar uvas em Porto Santo fica tudo menos barato. Foi assim que surgiu o primeiro vinho Fonte d’Areia 2021, que juntou Caracol (51%) a Verdelho. “À terceira ou quarta prova do vinho, percebi que ou simplesmente beberíamos uns copos com ele, ou teria de começar a produzir uvas no Porto Santo. O resultado é que já estou com dois hectares próprios de vinha, e planos para plantar mais 1,5 em 2024. À partida, fico-me por aqui”, avança António Oliveira. Além de Caracol (que já entrou numa segunda e bastante melhorada edição do Fonte d’Areia, de 2022) estes dois hectares têm algumas parcelas de uvas tintas, como Syrah, Trincadeira ou Castelão.

O Porto Santo traz outra enorme vantagem ao portefólio do produtor: diferenciação. Ainda que a menos de 70 km de distância entre si, as ilhas da Madeira e Porto Santo poderiam estar em hemisférios distintos. Enquanto alguns locais da Madeira lembram partes do Brasil, com os morros cobertos de vegetação verde e clima húmido subtropical, quem caísse de para-quedas no Porto Santo pensaria estar no norte de África, com colinas áridas despidas de árvores, clima quente e muito seco. A escassez de água e o solo arenoso marcam profundamente a viticultura no Porto Santo, tendo influência decisiva no perfil dos vinhos. E, quem sabe, abrindo uma janela de oportunidade às castas tintas que António Oliveira pretende aproveitar.
O projecto Barbusano continua a crescer e a procura a aumentar. Também por isso, o produtor decidiu fazer uma mudança na imagem dos vinhos. “Os rótulos já vinham de 2008 e estavam muito cansados. Tudo isto tem custos e nós preocupamo-nos, obviamente, também com esta componente, mas, sobretudo da minha parte, há uma ainda maior preocupação pelo que coloco dentro das garrafas. Mas chegou a hora de o fazer e também de lançar novos vinhos”, adianta António. Quanto a próximos objectivos, a vontade é chegar ainda este ano às 150 mil garrafas. Fazer mais espumante é também um desejo, e para isso foram recentemente plantadas Baga e Loureiro na quinta, para bases de espumante.
Pelo que provámos, os vinhos brancos da Madeira são algo muito sério (aqui, palmas para a uva Verdelho), com um potencial nervoso e a pedir para serem mais explorados. A visita a uma garrafa de Barbusano Verdelho branco 2011 confirmou-o, deixando todos de queixo caído. Será esta uma das “next big things” da cena vitivinícola portuguesa?

(Artigo publicado na edição de Agosto de 2023)

 

JNcQUOI lança vinho Madeira em parceria com Cossart Gordon & Co

JNcQUOI Madeira

Depois dos JNcQUOI branco e tinto, e dos JNcQUOI Grand branco e tinto (todos do Douro), a Amorim Luxury Group lança agora um novo vinho, um Madeira produzido em parceria com a Cossart Gordon & Co. Resultado de um trabalho conjunto entre Ricardo Morais, Wine Director do JNcQUOI, e o enólogo Francisco Albuquerque, o JNcQUOI Madeira […]

Depois dos JNcQUOI branco e tinto, e dos JNcQUOI Grand branco e tinto (todos do Douro), a Amorim Luxury Group lança agora um novo vinho, um Madeira produzido em parceria com a Cossart Gordon & Co.

Resultado de um trabalho conjunto entre Ricardo Morais, Wine Director do JNcQUOI, e o enólogo Francisco Albuquerque, o JNcQUOI Madeira 2008 é, segundo os próprios, “um vinho tenso, gastronómico, equilibrado e persistente”.

Engarrafado em Setembro de 2022, o JNcQUOI Madeira 2008 foi feito com a casta Bual e envelhecido numa barrica de 244 litros. Deste vinho, surgiram 138 garrafas Magnum (1500ml), para serviço a copo nos restaurantes Asia e Avenida (€17/copo); e 48 garrafas de 750ml para venda na garrafeira do DeliBar do JNcQUOI Avenida, por €135 cada.

Esta notícia surge no seguimento de outra sobre o 4º aniversário do Big Bottle Day, iniciativa do JNcQUOI Avenida que consiste na abertura de garrafas de vinho de grande formato. Ao longo destes quatro anos, o JNcQUOI Avenida tem sido palco de algumas das mais exclusivas aberturas de garrafas de vinho, de grande formato (entre 6 e 18 litros), durante o “It’s Friday, Big Bottle Day”. Já foram abertas mais de 250 garrafas, nesta iniciativa que permite ao público conhecer alguns dos mais raros e exclusivos vinhos do Mundo, a um preço acessível. Durante a celebração do aniversário, no passado dia 3 de Fevereiro, abriram-se quatro garrafas de 6 litros: Chateau Smith Haut Lafite 2018, Chateau Cos D´Estournel 2017, Joseph Phelps Insignia 2018 e Catena Zapata Adrianna Vineyards “Mundus Bacillus Terrae” Malbec.

Justino’s Madeira completa 20 anos de produção de vinhos não licorosos

Justino's vinhos

A produção de vinhos da Madeira não licorosos da Justino’s teve início em 2003 com o primeiro IGP Terras Madeirenses tinto, tendo sido lançado, no ano seguinte, o vinho branco da mesma linha. Em 2008, a Justino’s apresentou o seu primeiro rosé, apenas dois anos antes de surgir com o primeiro vinho DOP Madeirense. Em […]

A produção de vinhos da Madeira não licorosos da Justino’s teve início em 2003 com o primeiro IGP Terras Madeirenses tinto, tendo sido lançado, no ano seguinte, o vinho branco da mesma linha. Em 2008, a Justino’s apresentou o seu primeiro rosé, apenas dois anos antes de surgir com o primeiro vinho DOP Madeirense. Em 2021, foi a vez do primeiro DOP Porto Santo da empresa.

“Um trabalho de 20 anos, que foi base de conhecimento para prosseguir o caminho da exigência e diferenciação numa nova abordagem, mais selectiva e respeitadora de cada local, trabalho e viticultor”, refere a empresa.

A acompanhar este marco importante para a Justino’s, o enólogo Nuno Duarte vem agora reforçar o Departamento de Viticultura e Enologia. Juntamente com Juan Teixeira, irá assinar a produção de vinhos não licorosos (brancos, tintos e rosés) e vinhos Madeira de lotes especiais, produzidos a partir de vinhas específicas e de castas e/ou processos de vinificação distintos.

“Este reforço visa a continuação dos trabalhos já desenvolvidos em 2022 na área da viticultura, nos quais Nuno Duarte foi responsável pelo acompanhamento dos viticultores de Porto Santo e, consequentemente, pela produção do nosso primeiro vinho branco com esta denominação de origem: Colombo Caracol e Listrão. Isto estende-se agora também à ilha da Madeira. O objectivo será fazer um trabalho de proximidade no terreno junto dos viticultores, identificação de terroirs e potencializar práticas mais amigas do ambiente”, desenvolve a Justino’s.

A par desta aposta, também está para breve uma nova área de vinificação na adega, com novos equipamentos e tecnologia para vinhos não licorosos, a ser utilizada já na próxima vindima.

Mas as novidades não ficam por aqui, com uma mudança de imagem a acompanhar o novo portfólio, que passa a integrar 3 linhas e perfis de vinhos distintos, “de modo que o consumidor possa usufruir das diferenças dentro do próprio arquipélago”, explica a Justino’s. Uma é composta pelo Colombo IGP Terras Madeirenses, em branco, rosé e tinto, todos feitos com lotes de castas mais representativas da Madeira.

Outra por sua vez, passa pelo Colombo DOP Madeirense, brancos e tintos Reserva nos quais se destaca o blend de duas castas, tendo por base, nos brancos, o Verdelho da Madeira e o Caracol de Porto Santo e, nos tintos, a casta Tinta Negra. A ideia é mostrar o potencial destas castas autóctones com outras em plantio no arquipélago da Madeira”, avança a Justino’s, que desenvolve: “Este ano temos previsto lançar três Reserva brancos e um Reserva tinto, e também um Sauvignon Blanc com Verdelho, ambos do norte da ilha da Madeira”.

Por último, está na calha a criação do projecto de gama alta, com a designação Justino’s Projects, onde entra a antiga marca Fanal, e que terá foco em vinhos monovarietais de parcela. “Neste projecto, temos agora a possibilidade de reflectir as parcelas num produto ímpar. Por exemplo, este ano, temos previsto sair com o primeiro vinho Biológico da Madeira, um Verdelho da Quinta das Vinhas no Estreito da Calheta, e o lançamento de um Listrão Portosantense — oriundo de vinhas de chão, do sítio das Cancelas em Porto Santo, e um Sercial de espaldeira da Fajã de Barro”, remata o produtor.

 

Loja de vinhos madeirense “Diogos” ganha presença online

Diogos online

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Na Avenida Arriaga do Funchal, na Madeira, esteve localizada durante muitos anos a loja de vinho Diogos, um espaço com vinhos nacionais e internacionais, incluindo algumas edições raras. No dia 20 de Fevereiro de 2010, a loja ficou irrecuperável devido às terríveis cheias desse ano, e os irmãos Ricardo Diogo, Emanuel Diogo e José Diogo perderam a sua montra familiar.

No entanto, para os irmãos Diogo, desistir estava fora de questão: o que antes era físico tornou-se digital, e já está online a nova loja “Diogos onL Wine Shop”. Em parceria com os Vinhos Barbeito, a loja online traz para o mercado digital, além de criações exclusivas de desta marca para a Diogos, edições únicas de vinhos de todo o Mundo.

“Os clientes e amigos são ‘recebidos’ com o cuidado, elegância e trato personalizado que sempre caracterizou a loja, e haverão surpresas e novidades para os mais fiéis e verdadeiros amantes de vinho Madeira bem envelhecido”, adiantam os irmãos Diogo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Vinhos Madeirenses “Ilha” distribuidos pela Vinalda

FOTO Ricardo Pinto A Vinalda acaba de ganhar exclusividade na distribuição dos vinhos Ilha, de Diana Silva. Estes vinhos DOP Madeirense nascem de parcerias com seis pequenos viticultores das duas principais zonas vitícolas da Madeira: Estreito de Câmara de Lobos (na costa Sul) e São Vicente (na costa Norte).  Diana Silva criou este projecto pelo […]

FOTO Ricardo Pinto

A Vinalda acaba de ganhar exclusividade na distribuição dos vinhos Ilha, de Diana Silva. Estes vinhos DOP Madeirense nascem de parcerias com seis pequenos viticultores das duas principais zonas vitícolas da Madeira: Estreito de Câmara de Lobos (na costa Sul) e São Vicente (na costa Norte). 

Diana Silva criou este projecto pelo “desejo de regressar às origens, o amor à terra e a crença no terroir”, diz o comunicado da Vinalda. A produtora decidiu apostar na Região da Madeira e na “mal-amada” casta autóctone Tinta Negra, para elaborar vinhos tranquilos. Em 2018 lançou a trilogia Ilha – um tinto, um Blanc de Noirs (o primeiro da Região) e um rosé, a que se juntou mais tarde um branco da casta Verdelho.

José Espírito Santo, director-geral da distribuidora Vinalda, afirma que “a entrada na Vinalda deste projecto, em tudo inovador, é mais uma prova que estamos, cada vez mais, a apostar e apoiar jovens e pequenos produtores com projetos locais, de terroir, diferenciados e de qualidade”, e defende que “as grandes distribuidoras têm uma função importante em facilitar o acesso ao mercado de pequenos produtores que, de outra forma, teriam mais dificuldades”.