Tintos de Setúbal: Um sucesso sem segredos

A Península de Setúbal é uma região multifacetada, mas também um enorme sucesso comercial, assente num perfil de vinhos de que toda a gente gosta. Desde tintos com relação preço-qualidade absolutamente irresistível até ao que de melhor se produz em Portugal. Terra de Castelão, mas também das ubíquas Syrah e Touriga Nacional, e até do […]

A Península de Setúbal é uma região multifacetada, mas também um enorme sucesso comercial, assente num perfil de vinhos de que toda a gente gosta. Desde tintos com relação preço-qualidade absolutamente irresistível até ao que de melhor se produz em Portugal. Terra de Castelão, mas também das ubíquas Syrah e Touriga Nacional, e até do Alicante Bouschet cada vez mais utilizado. Uma região que é um festim para os sentidos.

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia

FOTOS Ricardo Gomez

Entre Almada, a sul de Lisboa, e Santiago do Cacém na fronteira com o Alentejo, é tudo área geográfica do vinho Regional Península de Setúbal. É, portanto, uma extensão significativa, ainda que não seja uma das maiores regiões nacionais. Por outro lado, e apesar do cultivo da vinha ocorrer de forma dispersa por toda a região, existem dois núcleos principais com características orográficas distintas: um a Sul e Sudoeste, zona montanhosa e recortada por vales, formada por serras (a da Arrábida, a mais conhecida) e montes (o de Palmela, em destaque); a outra, prolonga-se em extensa planície junto ao rio Sado e não muito distante do rio Tejo. Com maior precisão encontramos dois terroirs clássicos, os calcários da Serra da Arrábida e as areias de Fernando Pó, com primazia para o segundo ao nível da superfície com vinhedo.
Na região, a vinha é abundantemente plantada, sendo um dos seus principais cultivos. Basta percorrer de carro a autoestrada A2, ou as estradas N4 e N10, para se ter a sensação clara da imersão numa zona vitivinícola. Não espanta, por isso, também que as tradições de vinho sejam profundamente enraizadas – terão sido os Fenícios e os Gregos os primeiros a introduzir a vinha nas encostas da Arrábida e na zona ribeirinha do Tejo, cultivo depois impulsionado pelos Romanos e os Árabes –, com centenas de propriedades a dispor de adega e de cave, ambas, tradicionalmente, afastadas da casa principal. De resto, são muitas as pequenas vinhas no meio de outras de maior dimensão. Mesmo a mais breve passagem por Palmela, Vila Fresca de Azeitão, Pegões ou Fernando Pó, confirma a tese de que o vinho nesta região tem uma importância popular enorme.
Um clima verdadeiramente mediterrânico – muito próximo do subtropical com fracas amplitudes térmicas e influenciado pela proximidade do mar e das bacias hidrográficas do Tejo e do Sado – solos com diferentes rendimentos (desde areias pouco produtivas a calcários compactos e férteis), e a utilização de castas que permitem elevadas produções mantendo qualidade (Syrah ou Alicante Bouschet), fazem da região um paradigma recente de sucesso. Atualmente, dos 9400 hectares em produção, mais de 6200 hectares encontram-se aptos à produção de vinho certificado. Igualmente determinante para o sucesso da região tem sido a reconversão de vinhas dos últimos anos, cada vez mais se recorrendo a material vegetativo selecionado (com potencial quantitativo e qualitativo), bem como a democratização da utilização de rega da vinha devido ao clima quente e seco de verão e à baixa retenção de água de grande parte dos solos, sobretudo das areias.

Um sucesso no mercado

Também ao nível da aceitação por parte dos consumidores, a Península de Setúbal dá cartas e, com quase 15 anos a escrever sobre vinhos (inaugurei o primeiro blog de vinhos em Portugal em 2005), nunca conheci um consumidor que não gostasse dos vinhos desta região. Actualmente, e apenas quanto a vinhos certificados, a região é a que mais vende em Portugal depois do Alentejo e Minho, ficando mesmo à frente do Douro. E, note-se, trata-se de uma tendência em progressão tendo sido, em 2018, a região que mais cresceu em relação a anos anteriores. De 2005 para cá a produção de vinho tem aumentado, sendo que, no que respeita a vinho certificado, a subida é mesmo estratosférica, tendo triplicado em pouco mais de 10 anos! Com tantos aspectos favoráveis, a este respeito, pode até afigurar-se surpreendente o número relativamente pequeno de produtores com vinhos certificados e engarrafados, mas isso explica-se pelo facto de existirem fortes players na região que, perante tanto sucesso, são obrigados a comprar muita uva, caso da Casa Ermelinda Freitas, José Maria da Fonseca e Bacalhôa, para além de importantes Adegas Cooperativas, como Pegões e Palmela. Apesar desta realidade poder diminuir a versatilidade da oferta de produtos da região, a verdade é que a tem tornado rentável para os pequenos viticultores, sem impedir que novos produtores apareçam. Tal é bem visível nesta prova que contou com vinhos de projectos relativamente recentes como seja Damasceno, Herdade da Arcebispa, e Herdade da Barrosinha. Igualmente importante é realçar a presença de vinhos de perfil mais atlântico, da margem sul do rio Sado, do qual são bons exemplos José Mota Capitão e Brejinho da Costa (Resigon), prova de vitalidade e do surgimento de novos caminhos na região.

Castelão domina, Syrah cresce

Ao nível do encepamento, o domínio das castas tintas – 78% do total – é manifesto, o que se explica, em parte, pela hegemonia do Castelão (ver Caixa) ocupando cerca de 60% do encepamento total da Península de Setúbal. A par do Castelão, a Aragonez e a Syrah são largamente plantadas (a área de Syrah tem mesmo crescido significativamente nos últimos anos), sendo a omnipresente Touriga Nacional a quarta casta mais plantada. Por outro lado, a casta branca mais representativa da região – o Moscatel de Alexandria –, plantado de preferência na serra, mas também cada vez mais nas areias, é sobretudo utilizado para a produção do famoso generoso. Isso significa que o papel dos vinhos brancos, por vezes, fica relegado para segundo plano, apesar de tanto a Fernão-Pires como a Arinto (e até a Verdelho, aposta mais recente) proporcionarem vinhos de qualidade e originalidade.
Na prova realizada foi possível discernir os vinhos mais tradicionais com a utilização exclusiva, ou quase, de Castelão proveniente de solos de areia, daqueles com pendor mais moderno e até experimentalista. Na primeira vertente, resultou muito claro uma linha clássica com a casta a lembrar alguns tintos de Montepulciano e de Maremma (Toscana, em ambos os casos), sobretudo no desenho dos taninos e no perfil gastronómico evidente, por vezes quase rústico. São tintos com óptima capacidade de envelhecimento e acidez firme, disso não temos dúvidas e a nossa experiência na prova de Castelão com muitos anos em garrafa demonstra-o. Nesta toada, para além do Primo (versão sofisticada de Castelão) e do Leo d’ Honor (perfil clássico muito concentrado), apreciámos muito o vigor e carácter do Reserva da Herdade da Espirra (bela surpresa). Igualmente em destaque estiveram alguns vinhos mais conceptuais, com a utilização de várias castas a privilegiar a elegância e a complexidade que só um lote pode, colheita após colheita, proporcionar. Caso notório do Hexagon (excelente edição), mas também do Herdade da Arcebispa Grande Reserva e do Damasceno Reserva.
O conjunto da prova, resultou na confirmação da capacidade da região para produzir não apenas “best sellers” mas também tintos de muito grande nível, expressando em terroirs e estilos distintos. O sucesso nunca acontece por acaso…

A CLÁSSICA CASTELÃO

É certamente a casta tinta mais cultivada no sul de Portugal, com boa capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas. Na região da Península de Setúbal, ainda é conhecida por Periquita, nome que terá tido origem na propriedade chamada Cova da Periquita, localizada em Azeitão, onde José Maria da Fonseca a plantou por volta de 1830. Apesar de se dar bem tanto na serra como na planície, todos os enólogos que contatámos afirmaram que os melhores tintos provém dos terrenos arenosos e das vinhas velhas da região, podendo mesmo ser equacionada plantação em pé-franco. De tal forma está ligada à região que, para a produção dos vinhos tranquilos tintos DO Palmela, é obrigatória a inclusão de, pelo menos, dois terços de Castelão. São vinhos geralmente estruturados, com fruto, acidez e sabor em boca, com notas mais complexas de pinhão, bolota ou castanha. Regra geral, apresentam boa capacidade de envelhecimento num perfil clássico e tendencialmente seco (dependendo, obviamente, da enologia), originando uma curiosa nota citrina com o passar dos anos. Para mais detalhe, veja-se o artigo de MW Dirceu Vianna na edição de Abril.

Edição Nº26, Junho 2019

A Touriga que é Nacional

A Touriga Nacional é uma casta de grande personalidade, capaz de produzir todo o tipo de vinhos – desde espumantes de alta qualidade até Vinhos do Porto. É expressiva, com muita frescura aromática, numa fina elegância que integra os traços inconfundíveis de violeta, bagas e citrinos de bergamota. Mesmo tendo o carácter varietal bem definido, […]

A Touriga Nacional é uma casta de grande personalidade, capaz de produzir todo o tipo de vinhos – desde espumantes de alta qualidade até Vinhos do Porto. É expressiva, com muita frescura aromática, numa fina elegância que integra os traços inconfundíveis de violeta, bagas e citrinos de bergamota. Mesmo tendo o carácter varietal bem definido, deixa transparecer o terroir, a abordagem enológica e até o estilo do produtor, sem perder a sua identidade. Nesta prova de 50 vinhos de Touriga Nacional, a grandeza e versatilidade da casta ficaram bem evidentes.

TEXTO Valéria Zeferino FOTOS Ricardo Gomez

A casta tinta mais nacional nem sempre foi apelidada como tal. Ao longo da sua existência teve muitas sinonímias em várias zonas do país – Tourigo e Touriga, Tourigo Fino e Touriga Fina, Mortágua, Preto Mortágua e até Azal. Considera-se que, precisamente, os nomes Tourigo e Mortágua indicam a origem da casta, ligando-a à região do Dão, onde existem duas localidades com o mesmo nome. De acordo com o Estudo de Ampelografia Portuguesa de 1865, a Touriga era de longe a casta mais plantada no Dão antes da filoxera.
As primeiras referências do seu cultivo surgem em 1790 por Lacerda Lobo e em 1791 é Rebelo da Fonseca que a caracteriza como “uma casta produtiva e de maturação precoce”. Vis¬conde de Villa Maior em 1865 elogia a Touriga, dizendo que “é excelente e dá vinho muito coberto, resiste ao oídio (…)”.
Em 1900, Cincinato da Costa referiu a variedade no seu monumental O Portugal Vinícola como “casta tinta de valor, geralmente aprecia¬da em todo o norte do país pelo grande rendimento que dá e a superior qualidade dos vi¬nhos que origina.” Dizia ainda que na região da Beira e em especial entre os rios Mondego e o Dão, “os vinhedos têm um cunho muito característico e são justamente afamados, é a Touriga a casta predominante (…)”.

O potencial enológico da Touriga Nacional foi com¬provado, o que não só a salvou da extinção, como fez dela o primeiro objecto de investigação clonal aprofundada em Portugal, que permitiu identificar do universo de 197 clones os melhores em termos de resistência a doenças, rendimento, açúcar, acidez etc.
O combate da filoxera obrigou o uso de porta¬-enxertos americanos, resistentes ao insecto malicioso. Esta medida, embora tenha resolvido o problema da praga, não foi particularmente acertada no caso da Touriga Nacional, reduzindo drasticamente a sua produtividade. A casta, com “muita parra e pouca uva”, passou de bestial a besta no meio dos viticultores, pois o rendimento baixíssimo (menos de 800 gramas por planta) não era comercialmente viável.
A recuperação da fama foi lenta e só aconteceu a partir de meados do século passado graças aos estudos de Gastão Taborda no Douro nos anos 50 (continuados posteriormente por José António Rosas e João Nicolau de Almeida) e Alberto Vilhena no Dão dos anos 60. O potencial enológico da Touriga Nacional foi com¬provado, o que não só a salvou da extinção, como fez dela o primeiro objecto de investigação clonal aprofundada em Portugal, que permitiu identificar do universo de 197 clones os melhores em termos de resistência a doenças, rendimento, açúcar, acidez etc.

ADAPTÁVEL MAS COM MUITA PERSONALIDADE

A Touriga dá-se bem em todos os tipos de solos, mesmo pesados e férteis. Continua a ser uma casta com vigor vegetativo notável e tem porte retumbante, crescendo para os lados, o que exige mais trabalho na vinha e pode causar danos físicos à planta em condições de ventos fortes. Para além do baixo rendimento, a Touriga Nacional ainda tem a tendência para o desavinho e a bagoinha, com abrolhamento e floração precoce, problemas que podem acentuar-se nas condições climáticas adversas na primavera. Actualmente, com conhecimento adquirido, é possível controlar o vigor e o rendimento através de clones e porta-enxertos apropriados e da poda correcta conforme as condições.
A Touriga Nacional amadurece algo tarde, sendo uma casta de ciclo longo, cujo amadurecimento completo às vezes pode ser comprometido pelo frio e chuvas de outono. Produz cachos pequenos de cerca de 100-200 gramas, raramente atingindo 250 gramas. Os seus pequenos e relativamente soltos bagos possuem uma película bastante grossa que é rica em polifenois e protege o bago do sol e do calor. É uma autêntica trabalhadora, resiste bem ao calor e continua a fazer fotossíntese até a última graças à elevada eficiência do uso da água. Entretanto, o stress hídrico tem que ser controlado, sobretudo quando combinado com calor excessivo. Nestas condições, a Touriga é sensível ao escaldão das folhas e tem tendência a livrar-se delas, expondo os cachos ainda mais ao sol.

N’O Portugal Vinícola, a Touriga é referida como uma casta aneira que produz muito num ano para dar pouco noutro. O enólogo Manuel Vieira (Caminhos Cruzados) não a considera aneira do ponto de vista enológico e é até bastante regular em termos qualitativos: não varia do óptimo para péssimo, antes oscila entre óptimo e muito bom ou bom. Tinta Roriz e Alfrocheiro, neste aspecto, são mais aneiras, diz Manuel Vieira. Mas o factor ano acaba por ser importante quando se quer fazer um vinho varietal de grande qualidade, repara o enólogo da Quinta do Crasto, Manuel Lobo. Como diz, e bem, Pedro Rodrigues, da Quinta dos Termos, a Touriga Nacional dá o que toda a gente quer: cor, álcool, tanino, acidez e um aroma atraente.
É uma casta terpénica pela concentração elevada de terpenos livres, responsáveis pelos aromas florais e frutados que, curiosamente, são mais intensamente encontrados sobretudo em variedades brancas como Moscatel, Gewurztraminer, Viognier ou Alvarinho.
A Touriga ainda é particularmente rica em norisoprenóide beta-ionona, associado ao aroma de violeta. Conforme os estudos do Instituto Superior de Biotecnologia, a concentração deste composto diminui com a presença de oxigénio, o que explica porque os aromas de violeta são mais evidentes quanto menos barrica se usa na vinificação.

Sabe-se também que a nossa Touriga é atreita a desenvolver fenóis voláteis (o desagradável aroma de suor de cavalo) por ter grande teor de ácido ferúlico e cumárico, utilizados no metabolismo de brettanomyces. Se, ainda por cima, o vinho for estagiado em barricas novas que mais rapidamente absorvem o sulfuroso, é preciso um controlo redobrado.
A Touriga funciona bem nos vinhos de entra¬da de gama por ter um aroma imediatamente atractivo e ser naturalmente muito equilibra¬da. Mas existem Tourigas que evoluem muito bem. Manuel Lobo atribui à Touriga uma longevidade média, já Graça Gonçalves afirma que na Quinta do Monte D’Oiro tem Tourigas de 2004 e estão óptimas, e Manuel Vieira lembra-se de provar no final dos anos 80 as mini-vinificações de Touriga Nacional feitas nos anos 50 pelo Eng.º Vilhena em Nelas, que estavam de perfeita saúde.

A TOURIGA E A BARRICA

“Touriga é uma casta muito plástica, capaz de dar vinhos bem diferentes uns dos outros. Sem barrica dá vinhos elegantes, mas também tem especial apetência pela barrica, não se deixa comer pela madeira. Tem personalidade, é uma casta criativa.” – defende Manuel Vieira. O enólogo costuma fazer maceração pré e pós-fermentativa, ao que Touriga responde bem. Utiliza barricas de primeiro, segundo e terceiro ano, prefere tosta média, mas varia o nível de tosta para fazer um lote final.
Já Manuel Lobo indica que a casta não tem muito tanino, comparativamente com a Tinta Roriz ou Touriga Franca. Às vezes falta-lhe um pouco de dimensão e de persistência e não tem camadas como algumas outras castas. Precisa de madeira para lhe conferir algum tanino, mas prefere barricas com porosidade apertada e não gosta de tosta muito elevada.
Graça Gonçalves menciona que a Touriga Nacional se porta muito bem na fermentação alcoólica, costuma ser a mais rápida a atingir o pico, por isto é necessário um bom arrefecimento na vinificação. Tem uma cor fabulosa, mas perde-a com alguma facilidade por não ter muito tanino a fixar antocianinas. Prefere Touriga em barricas usadas, mas utiliza 30% de barrica nova com tosta média.
Na Quinta dos Termos opta-se por um lote de barricas de carvalho francês e húngaro. Pro¬curam “não matar a frescura”. Utilizam madeiras com tempo de secagem longo (8 anos) pela convicção que é preferível do que usar uma barrica velha com poros saturados, ex¬plica Pedro Rodrigues.
Bernardo Cabral, enólogo da Companhia das Lezírias, afirma que quando é feito um bom trabalho de campo, a Touriga equilibra-se bem na adega. Não gosta de utilizar carvalho americano, que mascara a personalidade da Touriga Nacional, ao contrário do carvalho francês que eleva a casta. E sempre tem uma parte sem barrica para compor o lote final.
Na opinião do enólogo e produtor António Maçanita é o perfil aromático que define a casta, por isto não utiliza barrica para preservar a pureza dos aromas varietais. “É mais difícil fazer uma grande Touriga de concentração do que uma Touriga igual a si própria. Não vale a pena forçar. Há outras castas para potência”, refere.

MANTENDO O CARÁCTER REGIONAL

O terreno do Douro com um número infinito de exposições multiplicadas por diversas altitudes permite fazer um lote de vinhas como, por exemplo, acontece na Quinta do Crasto. Utilizam uvas oriundas das três vinhas com exposições diferentes: uma virada a nascente, outra a sul e a terceira apanha um pouco de exposição norte. As vinhas ficam à altitude de cerca de 300m, que parece ser a ideal, por¬que estão afastadas dos calores das cotas baixas, mas sem comprometer a maturação. Como as vinhas não são rega¬das, é importante que em baixo do xisto, a um metro de profundidade, exista argila que retém água do inverno.
No mais húmido Dão, a resistência da casta às chuvas é um requisito importante. Manuel Vieira explica que a película da Touriga Nacional é bastante elástica e não deixa o bago rebentar quando incha, como acontece com Alfrocheiro. A Touriga Nacional do Dão tem frescura, equilíbrio e complexidade. Os aromas raramente chegam a lembrar fruta em compota. O clássico aroma ao citrino bergamota é para Manuel Vieira associado a pouca maturação.
António Maçanita trabalha com Touriga Nacional em duas regiões. No Alentejo, inicialmente andava à procura da concentração na Touriga. Em 2015 ficou impressionado com o seu perfil aromático (pétalas de rosas, flor de laranjeiro), quando vindimada mais cedo.

A partir daí privilegia a elegância à concentração. No Douro, a sua Touriga do Cima Corgo também só estagia em inox para acentuar os aromas, mas a do Douro Superior tem mais consistência e estrutura, por isto já utiliza alguma barrica.
Segundo Pedro Rodrigues, na Beira Interior a Touriga demora muito a amadurecer, sendo geralmente das últimas a ser colhida. A acumulação de açúcares não acontece rápido, por isso tem tempo para desenvolver os aromas. Mesmo que chova não há problema, porque resiste à chuva. Considera que o factor ano é importante para o perfil do vinho monovarietal. Em 2016 conseguiram o perfil que tanto procuravam – leve, elegante e aromático.

A TOURIGA E O CONSUMIDOR

Nas lojas de vinhos nacionais os consumidores, normalmente, não procuram os vinhos pela variedade, diz Vanessa Neves da garrafeira Empor Spirits & Wine em Lisboa, mas quando se sugere a Touriga Nacional a maioria reconhece e valoriza a casta. Ivone Ribeiro, a proprietária da garrafeira Garage Wines em Matosinhos, nota que há algum interesse pelos monovarietais, quando o consumidor vai à procura da essência das castas. Alguns grupos de clientes até se juntam para provar, por exemplo 10 Tourigas diferentes.
Ambas apontam que a casta funciona sempre bem como opção de oferta. Os Tourigas estruturados e com madeira normalmente impressionam, mas os consumidores mais “exigentes” ou com mais conhecimento de marcas e estilos procuram Touriga mais fresca e elegante.
Mesmo tendo muito orgulho na nossa Touriga Nacional, temos que ter noção que para maioria dos consumidores estrangeiros a casta continua uma ilustre desconhecida. Marco Alexandre – diretor do Table Group com 8 restaurantes no centro de Lisboa, onde 95% da clientela é internacional, afirma que os estrangeiros procuram mais aquilo que conhecem – Sauvignon Blanc, Chardonnay e Cabernet Sauvignon. Mas aceitam provar um vinho de Touriga Nacional quando é sugerido e normalmente gostam.
Inegável é o facto de que, entre as mais de 250 castas portuguesas, a Touriga Nacional é a variedade tinta que possui mais notoriedade e imagem mais consolidada entre os enófilos e os profissionais. O ritmo de crescimento da Touriga nas novas plantações é o reflexo disso mesmo. E lá fora, é quase sempre a casta bandeira do país, autêntica embaixadora quando se fala de vinhos de Portugal. Elegante, personalizada, impositiva, exuberante (demasiado, por vezes), a Touriga Nacional não deixa ninguém indiferente.

Cada vez mais plantada
Em 1989 (há 30 anos) a Touriga Nacional nem sequer fazia
parte das 15 castas mais plantadas de Portugal, ou seja,
representava menos de 1% dos encepamentos nacionais
(na altura a lista era liderada por Fernão Pires, Castelão e
Baga com 9, 8 e 5% respectivamente).
De acordo com os dados mais recentes do Instituto da
Vinha e do Vinho, a Touriga Nacional subiu ao terceiro lugar
(a seguir a Aragonez e Touriga Franca) e ocupa 13.032 ha, o
que corresponde a 7% da plantação nacional. A maior área
da Touriga está no Douro – 4.524 ha. No Dão é a 2ª casta
mais plantada, a seguir à Jaen, com 3.191 ha. No Alentejo
ocupa 1.313 ha, em Trás-os-Montes 1.169 ha, ficando as
Beiras (Bairrada + Beira Interior) com 930 ha, a região de
Lisboa com 646 ha e o Tejo com 504 ha.

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Edição Nº25, Maio 2019

A revolução silenciosa dos Verdes

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de […]

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de grande qualidade e longevidade. São estes últimos que aqui mostramos e que representam um novo caminho que se abre para os Vinhos Verdes.

TEXTO Mariana Lopes FOTOS Mário Cerdeira

Não está na hora de mudar a forma como olhamos para o Vinho Verde. É, sim, tempo de ver o outro lado da moeda, não reduzindo a região apenas ao estilo que sempre conhecemos. Há um novo (antigo) Verde e, por mais que alguns esperneiem em discórdia, esta Grande Prova veio demonstrar que assim é.
Como foi escrito num editorial da Grandes Escolhas, exactamente há um ano, desde a sua fundação, em 1908, que a região dos Vinhos Verdes se viu em vários momentos de fractura. Estes pontos de agitação permitiram que esta se desenvolvesse positivamente e, mesmo quando deu um passo atrás, a região acabou sempre, mais tarde, por dar dois em frente. Refiro-me, por exemplo, ao fenómeno a que Luís Lopes chamou de “Verdes de Quinta”, lá para o final da década de 80, em que as grandes casas e solares da região prosseguiram um estilo de vinho mais seco, estruturado e sério. Mas nem o país, nem as pessoas, nem o mercado estavam preparados para esta disrupção do Vinho Verde, e o sol acabou por ser de pouca dura, com estes projectos a reverter para um perfil mais comercial. Porém, nada disto foi em vão, pois deixou no ar um bichinho que se tem vindo a apoderar, mais uma vez, de algumas empresas, num tempo em que tudo isso já é realista. E é realista porque uma parte muito importante do sector também sofreu uma grande revolução nos últimos anos, em todo o país: a viticultura. E isso não foi excepção nos Vinhos Verdes. Com novas técnicas, mais sabedoria, e a sensatez de saber ir buscar ao passado aquilo que pode fazer bem ao presente, as uvas mais nobres da região exprimem-se cada vez mais nos vinhos, dando-lhes sentido de lugar.
Seguindo esta linha de pensamento, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) tem posto em marcha um plano de marketing, promovendo estes Verdes mais ambiciosos e diferenciadores. Não é uma campanha em detrimento dos mais correntes, dos mais jovens, com gás e doçura, que servem o seu propósito e representam a maior parte do mercado da região. Felizmente, esses vendem-se tão bem que não carecem de grandes investimentos de marketing. Aliás, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, conta que “Hoje exportamos mais de metade do Vinho Verde produzido e, em mercados como a Alemanha ou os EUA, mais de metade do vinho português é Vinho Verde”. Consultando os dados estatísticos da CVRVV, constatamos que, em 2018, se exportou uns atordoantes 13 milhões de euros para os EUA, e 11 milhões para a Alemanha. Se tivermos em conta os 16 maiores importadores de Vinho Verde, estamos a falar de 57 milhões.

Depois desta informação assentar, e voltando à campanha, nas peças publicitárias pode ler-se, por exemplo, “Os Vinhos Verdes estão mais ricos, descubra-os”, com imagens gastronómicas que sugerem capacidade de harmonização. O objectivo das novas acções de promoção é, segundo o presidente da Comissão, “Valorizar as castas, as sub-regiões, os vinhos que melhor afirmam esta ambição de valorização”. Relançar a Rota dos Vinhos Verdes é outra medida em curso, que quer intensificar “a ligação dos produtores aos territórios, sendo essencial para a afirmação, até comercial, dos mais pequenos”. Quanto à maneira, por vezes distorcida, como o Vinho Verde é visto pelos consumidores nacionais e internacionais, Manuel Pinheiro não está preocupado: “Sei que é uma visão que se está a desvanecer. Aliás, ela não existe em mercados novos como, por exemplo, o Japão, que valoriza os Vinhos Verdes como grandes vinhos, com uma personalidade própria”. Mas tem também consciência de que a realidade de hoje é totalmente diferente da de outrora, e explica que “Quem compara os Vinhos Verdes de hoje com os de há duas décadas, não reconhece a mesma região”. E aponta o papel da viticultura, dizendo “Estamos a reconverter entre 600 e 700 hectares de vinha por ano, a mudar a paisagem do Minho vinha a vinha, e com isso a produzir uvas muito mais interessantes, com uma estrutura de custos muito mais competitiva”. Isto leva-nos à questão dos preços, que, como desmistifica o jurista de formação, pode estar a ser interpretada de um modo falacioso: “Há uma ideia de que o Vinho Verde é um vinho barato, mas essa ideia desaparece com um simples olhar aos números Nielsen para o mercado nacional, ou aos números de exportação do Intrastat”. Não nos podemos esquecer também de um factor incontornável, sem o qual nenhuma revolução teria lugar, os enólogos. “Hoje, a vinificação está concentrada em centros bem equipados, dirigidos por enólogos que não hesitam em inovar, e as castas do Vinho Verde são a melhor testemunha desta nova parceria vinha/enologia. Mais do que o valor que se trouxe para a região, é relevante o conhecimento que se adquiriu nesta área”, valorizou Manuel Pinheiro.

Nesta prova incluíram-se 29 vinhos com um preço de venda ao público médio superior a sete euros e sem qualquer adição de gás carbónico. Não foram pedidos vinhos da sub-região Monção e Melgaço, pela sua especificidade e por representarem, em si mesmo, uma categoria diferenciada junto do consumidor, nem foram contemplados Regional Minho. Em primeira instância, o que destacou foi a qualidade generalizada, com a nota mínima de toda a prova a situar-se nos 16 valores, significando que tivemos apenas vinhos muito bons e vinhos excelentes. Em segundo lugar, a predominância de Avesso e de lotes de Alvarinho com Avesso, ou Alvarinho com Loureiro. Por último, o teor alcoólico dos vinhos, com muitos a recair nos 13% ou mais. Está na hora de arregaçar as mangas e descortinar tudo isto, com a ajuda de quem põe a mão na massa, os enólogos, os viticultores e os produtores. E como é que eles próprios vêem esta onda de ambição? Ou será que não a vêem, de todo? João Camizão, autor
dos vinhos Sem Igual, reconhece-a: “É uma pequena onda que alguns de nós já estão a ‘apanhar’ há alguns anos e que, finalmente, empresas com negócios de referência na região vão começar a ‘surfar’. Provavelmente, apenas começa agora a ter notoriedade e a ser cobiçada, pois a região dos Vinhos Verdes tem uma tipicidade tão intrínseca (até as cartas de quase todos os restaurantes têm uma secção para os Vinhos Verdes e outra para os brancos), que é como nascer num berço de ouro. Ou seja, não houve necessidade de reinventar e inovar o estilo de vinho. E esta tipicidade gera, per si, grande volume de negócio com muita exportação e preços que não são os mais baixos do país (é das regiões que mais valoriza a uva)”. E revela aquilo que acha ser a chave para o sucesso, tocando num ponto fundamental, a longevidade, e dizendo “Nos dias de hoje, muitos produtores da região ambicionam ter vinhos de grande qualidade, mesmo tendo de se desviar do perfil da casa. Portanto, há que estar preparado para investir e esperar uns anos com o vinho na adega, para aferir à longevidade e deixar a acidez vibrante ser arredondada pelo tempo. Penso que esta será condição necessária para o sucesso. Estamos numa região com grande potencial para fazer vinhos brancos de guarda, de classe mundial”. Já Gonçalo Sousa Lopes, produtor e viticultor dos vinhos Quinta do Cruzeiro, assume que “É o único caminho que o pequeno produtor-engarrafador tem de fazer, atingindo assim um nicho de clientes apreciadores e conhecedores. Existem produtores que já estão nesta linha há muto tempo, mas como a região sempre foi vista como produtora de vinhos ‘do ano’ e pouco complexos (há excepção de Monção e Melgaço), estes sempre ficaram na sombra e, para se afirmarem, tinham de se por nas pontas dos pés, ou gastar muito dinheiro para divulgarem os seus ‘vinhos sérios’”. Mostrando que há visões diferentes sobre os preços a que o Vinho Verde é vendido, defende que, desta maneira, “diferenciam-se dos grandes armazenistas que vendem Vinho Verde (muito gaseificado e doce) a preços incompreensivelmente baixos e desprestigiantes para a região”. Por sua vez, Rui Cunha, enólogo dos Covela, é implacável na sua visão e alerta “Fala-se muito de Verdes ambiciosos mas, na verdade e em geral, o que existe são vinhos com um pouco menos de gás e um pouco menos de açúcar”. Na posição de quem lida com dois perfis de Vinho Verde, João Cabral de Almeida, enólogo da Quinta da Calçada e produtor dos vinhos Camaleão, esclarece: “Os dois caminhos são interessantes e os dois têm lugar no mercado. Quando faço vinhos mais ‘sérios’ (se bem que há seriedade em ambos) estou focado naquilo que a vinha tem para oferecer e no terroir, quando faço vinhos mais ‘jovens’ estou a pensar nas sensações, na experiência imediata que estou a dar a um consumidor”.

E a questão que a seguir se coloca é inevitável. Como lá chegar? Que castas são mais propícias? O álcool e a barrica são factores fundamentais para atingir este estilo de Verde mais, digamos, complexo? As respostas variam, mas há um ponto em que todos concordam: viticultura, viticultura, viticultura. Márcio Lopes, criador e enólogo dos Pequenos Rebentos, faz a sua eleição. “O Alvarinho, que já tem provas dadas. O Loureiro é uma casta delicada, mas num bom local pode originar grandes vinhos, e o Avesso que também é complicado mas tem grande potencial. Já o Azal é uma casta excelente para contrariar as alterações climáticas. Com a viticultura mais avançada, é agora mais fácil cuidar das uvas mais sensíveis”. Não podendo deixar de pegar no tema do clima, fazemos Márcio alongar-se nele: “A ramada e o enforcado são sistemas de condução muito pertinentes para um Verde com ambição, pela resistência às alterações climáticas, porque criam maturações mais lentas e equilibradas, folhagem que protege as uvas e impede o escaldão. Devem ser hipóteses a considerar na viticultura. Temos de encontrar um meio termo entre o passado e o futuro”. Para Rui Cunha, destacam-se o Alvarinho, o Avesso e o Arinto, sem esquecer o Loureiro. “Infelizmente, o Loureiro não é uma casta que tenha o peso devido na região, porque é fantástica. Sobre o Arinto, há a vantagem de já se conhecer bem e saber-se que tem bom envelhecimento, assim como o Avesso. Esta última é a minha favorita. É difícil ‘competir’ com a fama que o Alvarinho tem, no sentido em que, lá fora, muita gente pensa que a região se reduz a esta casta”. Gonçalo Lopes elege as mesmas que os dois anteriores, mas com um extra, a Trajadura. Tal como Márcio Lopes, também dá importância às vinhas velhas e com diversas castas misturadas, admitindo que dão ainda mais complexidade aos vinhos, e aponta o terroir como factor determinante de qualidade. João Cabral de Almeida lembra, ainda, que “urge saber mais sobre castas antigas ainda desconhecidas, muitas presentes nas vinhas velhas, que se podem revelar muito interessantes”, mas acha redutor associar este perfil mais ambicioso a castas em concreto.
No que toca a madeiras e álcool, reina a palavra “equilíbrio”. Mas é Márcio Lopes que mais simplifica o caminho para chegar a um grande Verde: “O fundamental é a qualidade da uva, depois é não estragar. Acima de tudo, a boa acidez é importante. Não nos interessa que o álcool vá subindo e a acidez descendo. Quanto à necessidade de barrica, a própria uva pode dar estrutura, corpo e complexidade. Tem mais que ver com os rendimentos da vinha. Se ela produzir muito, vai ter muitos filhos para alimentar e esgotar-se a si própria, se produzir menos, consegue conferir mais às uvas. Ou seja, tem tudo mais que ver com a nascença do que com os extras. Uma região granítica e de frescura natural é uma região de futuro no mundo actual”. João Camizão também não dá valor ao álcool e afirma que este deve ser controlado, acima de tudo “com os novos sistemas de condução”. “Devemos ter a ambição de fazer grandes vinhos com álcool abaixo dos 13%, o que é difícil mas torna tudo bem mais equilibrado”. Mais do que a barrica, que considera útil mas não necessária, releva outras opções enológicas, sugerindo “Deixar a fermentação ir até ao fim, para ficarmos sem açúcar residual. Ou, por exemplo, fazer brancos de curtimenta, estágios em cubas de cimento, etc., práticas que eram muito comuns nos Vinhos Verdes. Temos a sorte de estar numa região com uma história tão rica em temos de práticas de vinificação, que será uma pena se não explorarmos estes caminhos”. Gonçalo Lopes acrescenta elementos à lista: “Existem outras técnicas, na vinificação, que se podem usar. Refiro-me à maceração pelicular a frio antes da prensagem, bâtonnage de borras totais a frio pré-fermentativa e estágio prolongado com borras finas. Associado a estas técnicas, qualquer vinho ganha sempre com o estágio em garrafa. Vinhos produzidos assim, muitas vezes não necessitam de teores alcoólicos elevados nem de ir à barrica, esta pode mesmo ser um elemento a mais”. Depois, Rui Cunha vem abrir a cortina a outra perspectiva, concordando que há qualidade na uva para que esta brilhe por si só, mas recordando “Até os grandes brancos alemães estagiam em madeira. Se me disserem ‘faz um grande branco’, provavelmente vou utilizá-la. O que não quer dizer que precisemos dela para lá chegar”.

Podemos dizer que há aqui uma estrela no meio da trama: a vinha. Quando ela se porta bem, quando se cuida bem dela e não se desvirtua o produto com excessos disto ou daquilo, é difícil que o resultado não seja um vinho ambicioso. Principalmente numa região com matéria-prima deste nível, frescura natural, e técnicos inteligentes, arrojados, que pesquisam o que já se fez e o que se pode fazer para ser cada vez melhor. Mas vamos por as coisas em pratos limpos: o facto de o Vinho Verde ser, para muita gente, mais uma cor do vinho, como o branco, o tinto ou o rosé, é uma desvantagem, acima de tudo porque não é verdade e está associado apenas ao estilo de vinho doce e com gás. Porém, isso também significa que o Vinho Verde se enraizou como uma marca forte, num fenómeno muito semelhante ao da Gillette, do Kispo, ou do Tupperware. Lá fora, muita gente conhece a palavra Vinho Verde, bem mais até do que outros nomes de regiões portuguesas. Há que pegar nela e mostrar que é marca de grandes vinhos, nunca esquecendo que todos os estilos têm o seu lugar no mercado. E as perspectivas são muito positivas. O que se vê é que os enólogos estão cada vez mais apaixonados pela uva, pela terra, trabalhando em uníssono com os viticultores. Já lá vai o tempo em que não entravam na vinha, com medo de sujar o sapato. E isso, além de bonito, é benéfico para vinhos melhores, mais puros, singulares, fiéis à sua origem. A revolução dos Vinhos Verdes não será televisionada. Será bebida, e com muito prazer.

18 €25 B
Anselmo Mendes Private
Vinho Verde Loureiro 2017
Anselmo Mendes Vinhos
Loureiro é isto: folha de louro, floral muito delicado, folhas verdes, infusão de camomila, enorme pureza. Elegante e sublime, é ainda muito jovem, adivinhando longevidade em garrafa, enorme frescura de boca e expressividade, mas tudo isto com uma primorosa leveza. Belíssimo vinho. (12%)

18 €25 B
Sem Igual Ramadas Wood
Vinho Verde Escolha branco 2017
Arrochela e Camizão
Arinto e Azal. Muito cítrico de limão maduro, casca de lima, flor de limoeiro. Com a barrica perfeitamente integrada e discreta, potenciando a fruta, tem grande percepção de frescura, ananás no final de boca, com os citrinos verdes a reinar. Vibrante, tem imensa presença e carácter. (13,5%)

17,5 €16 B
Quinta da Calçada
Vinho Verde Reserva branco 2016
Agrimota
Fermentado em barrica, que se expressa em discretas notas de baunilha, tem pêssego, alperce e geleia de fruta branca. Cremoso e bem equilibrado, mostra a complexidade conferida pelo tempo e uma acidez perfeita que lhe dá muita frescura e elegância, num corpo volumoso. (12,5%)

17,5 €15 B
Quinta de SanJoanne
Vinho Verde Escolha branco 2015
Casa de Cello
Excelente evolução com notas de pederneira, sílex, casca de citrinos, tangerina, leve kumquat. Fino e elegante na boca, é muito cítrico, tem laranja, acidez acutilante, citrinos cristalizados e flores. Um vinho pleno de personalidade. (12%)

17,5 €15 A
Quinta do Cruzeiro
Vinho Verde Reserva branco 2013
Gonçalo Sousa Lopes
Alvarinho e vinhas velhas, estágio em barrica usada. Cor acentuada, evolução saudável com bela complexidade aromática, maçã verde, resinas, aloe vera, salinidade. De belo equilíbrio de boca, complexo e muito presente, enche o palato, tem tangerina e leve mineral. Está no ponto óptimo de consumo. (13%)

17 €20 A
Casa da Senra Premium
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro branco 2016
Abrigueiros
Estagiado em carvalho francês. Leves fumados, casca de citrinos, folha de louro, mineral delicado e toque de sílex. Cremoso apesar do álcool bem moderado, laranja e toranja, final de muito boa acidez, com notas fumadas. Complexo, mas leve. Excelente integração, sem madeira impositiva. (12%)

17 €17 B
Casal de Ventozela Prime Selection
Vinho Verde Grande Escolha branco 2017
Soc. Agr. Casal de Ventozela
Alvarinho e Avesso em partes iguais. Perfil cítrico, também alperce, folhas verdes, leve fumo, bastante delicadeza. Muito leve e preciso, tem um belo equilíbrio, cheio de graça e presença. Elegante e bem aprazível. (12,5%)

17 €15 B
Covela Edição Nacional
Vinho Verde Avesso Reserva branco 2017
Lima & Smith
Muito mineral, fósforo, grafite, conjugados com ameixa branca e damasco. Grande volume de boca, bela integração da barrica quase imperceptível, tem uma certa austeridade e seriedade sedutoras. Com tons de marmelo, é fresco e amplo, tem tudo para crescer na garrafa. (13%)

17 €18,77 B
Maria Bonita Barrica
Vinho Verde Loureiro 2017
Lua Cheia em Vinhas Velhas
Floral e elegante com a casta bem expressiva, citrinos e folhas verdes. Muito boa estrutura, é um branco delicado e firme, com muita frescura, citrinos exóticos, raspa de limão, belos amargos finais. (12%)

17 €15,99 B
Paço de Teixeiró
Vinho Verde Baião Avesso branco 2017
Montez Champalimaud
Biscoito de laranja e maçã reineta introduzem a prova. Muito elegante e delicado, é envolvente, fino e expressivo. A amplitude anda a par da boa estrutura, num branco com carácter e frescura. Bastante sedutor. (13%)

17 €17,50 B
Pequenos Rebentos Vinhas Velhas
Vinho Verde Loureiro Reserva branco 2018
Márcio Lopes
Estágio em barrica usada. De aroma levemente floral, com a casta ainda tímida. Bem mais expressivo na boca, intenso, com citrinos e leve especiaria, complementado por ervas aromáticas. Tem boa estrutura e volume, é sério, bastante jovem e promete uma bela evolução em garrafa. (12,5%)

17 €22 B
Quinta do Tamariz
Vinho Verde Cávado Grande Reserva branco 2017
Soc. Agr. Quinta de Santa Maria
Marmelo e gila, também citrinos maduros e um toque de verniz. Firme, tem um lado de fruta asiática e bela acidez, é sólido e fresco. Um vinho com muito nervo e persistência, que ainda vai crescer na garrafa. (12,5%)

BOA ESCOLHA 2019
17 €10 B
Singular
Vinho Verde branco 2017
A&D Wines
Leve evolução a conferir complexidade, fumados e alguma pimenta branca, um toque de lima e limão. Cremoso, amplo, com muita frescura e bela acidez, é firme, puro e expressivo. Conjunto bastante bonito e sedutor. (13%)

17 €25 A
Vila Nova
Vinho Verde Reserva branco 2015
Soc. Agr. Casa de Vila Nova
Fermentado em barrica. 100% Avesso. Alperce e ananás com leve fumado de fundo, toque de ervas aromáticas e infusão. Especiado na prova de boca, toque tostado e fruta madura, é untuoso e intenso no retrogosto, envolvente, a mostrar evolução muito positiva. (12,5%)

16,5 €9,50 B
Casa de Vilacetinho
Vinho Verde Avesso/Alvarinho Superior branco 2018
Soc. Agr. Casa de Vilacetinho
Maçã e tropical, pêssego e leve ananás no nariz. Excelente acidez e mineralidade, conjunto que é bem fresco, persistente, expressivo, estruturado e macio. Um vinho de excelente “drinkability”. (13,5%)

BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Castelo Negro 150
Vinho verde Alvarinho/Avesso Colh. Selec. branco 2018
Guapos Wine Project
Nariz de citrinos verdes como lima e limão, toque floral, perfume bonito. Na boca apresenta ameixa verde, pêssego, boa estrutura ácida, é leve, fresco, com acidez cítrica final. Bem prazeroso e chamativo. (13%)

16,5 €18 A
Chapeleiro
Vinho Verde Reserva branco 2016
Carlos Gabriel Fernandes
Citrino maduro tipo limão, boa evolução, leve fumado e sílex. Óptima acidez a dar frescura, cremosidade de boca, citrinos cristalizados, gordo, cheio e com leve perfume de barrica a surgir no final. (12,5%)

16,5 €17 B
Opção B
Vinho Verde Avesso branco 2017
AB Valley Wines
Um Avesso fermentado em barrica, com notas fumadas, ananás e flores secas. Fruta cristalizada e geleia na boca, encorpado mas com óptima acidez que suporta e dá vivacidade, a barrica sempre presente, perfil sério, alguma especiaria e retorna ao fumo no final. (13%)

BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Portal das Hortas
Vinho Verde Baião Avesso Grande Escolha branco 2018
Quinta & Casa das Hortas
Plena expressão da casta, com fruta branca tipo pêssego e maçã, também um toque tropical de ananás. Bem volumoso, tem pureza e firmeza, é elegante e sólido, com equilíbrio e persistência. (12%)

16,5 €14,50 A
Quinta das Arcas
Vinho Verde Trajadura Escolha branco 2015
Quinta das Arcas
De vinha biológica. Cor amarelada que indicia a idade. Geleia de frutos, leve tropical de ananás. Bem mais expressivo na boca, é cheio e com toque de “banana passi”. Profundo e rico, tem acidez quanto baste para manter a sua frescura. Original, é um raro vinho desta casta, nem sempre muito considerada. (12,5%)

16,5 €10 A
Quinta de Santa Cristina
Vinho Verde Reserva branco 2015
Garantia das Quintas
Evolução notória na cor. Marmelo, geleia, toranja madura no nariz. Denso e cremoso, é gordo mas não chega a ser pesado graças à boa acidez. Um vinho bastante maduro, num estilo com teor alcoólico pouco comum na região, mas que mantém um belo equilíbrio. (14%)

16 €15 A
Adega Ponte da Barca Reserva dos Sócios
Vinho Verde Loureiro branco 2017
Adega Coop. Ponte da Barca
As notas florais da casta envolvidas em nuances fumadas, geleia. Boa presença de boca, muito cheio e untuoso, algumas notas picantes no final preciso. Um Verde sereno, gordo e envolvente. (13%)

16 €7,25 A
Camaleão
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Escolha branco 2018
João Cabral de Almeida
Toque floral no nariz contido, leve tangerina e fruto tropical. Muito cítrico na prova de boca, com bom volume, meloso e tem boa acidez, transmitida por notas de casca e folha de árvore. Bela frescura de conjunto. (12%)

16 €8,50 A
Casa das Buganvílias
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro Escolha branco 2018
De Figueiredo’s
Muito perfumado e tropical, folha de louro, maracujá e goiaba. Bastante puro, sumarento mas seco, exuberantemente frutado, tem também maçã ácida estilo granny smith. Conjunto alegre e bem agradável. (12,5%)

16 €7,49 A
Quinta da Raza
Vinho Verde Avesso Colh. Selec. Branco 2017
Quinta da Raza
Tom tropical de ananás, rebuçado, perfil puro e fiel à casta. Bem jovem, invoca leve doçura frutada, volumoso mas com acidez vibrante a cortar, toque floral. Alegre e muito fácil de gostar, tem boa estrutura e presença. (13%)

16 €7 A
Quinta de Azevedo
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Reserva branco 2018
Sogrape
Delicado e perfumado, assenta muito nas notas florais, pêssego e alguma laranja. Leve e harmonioso na prova de boca, é bonito e mostra muita fruta branca, um vinho bem equilibrado que se bebe com prazer, acompanhando pratos leves ou como aperitivo. (12%)

16 €7 A
Quinta de Linhares
Vinho Verde Avesso branco 2018
Agri-Roncão
Perfil exótico e perfumado, lado misterioso, orientado para os frutos tropicais, ananás e manga. Equilibrado e encorpado, é crispy debaixo da língua. Com boa frescura de boca e amplitude, o amargo final prolonga-o. (13%)

16 €7 A
Via Latina
Vinho Verde Grande Escolha branco 2018
Vercoope
Fruta cristalizada e casca de citrino, algum fumado, fruta branca como alperce e damasco. Belo volume de boca mas leve, traz novamente o alperce e demonstra boa estrutura ao lado de uma certa leveza. Bem agradável, afirmativo e vibrante. (11,5%)

16 €9,90 A
Zulmira
Vinho Verde Superior branco 2018
Quinta de São Bento da Batalha
Loureiro e Arinto. Muito aromático e super limonado, intenso e perfumado com flores secas de limoeiro e laranjeira. Cremoso e muito exuberante, com casca de citrinos, é bem sumarento, cheio de fruto, com leve doçura final. (12,5%)

Edição Nº27, Julho 2019

 

Tawny 10 Anos: Muito Porto por pouco dinheiro

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As categorias especiais de Porto abrangem vários tipos de vinho. Numa delas estão incluídos os vinhos com indicação de idade, 10, 20, 30 e 40 anos. Sendo o Tawny 10 anos o primeiro degrau dessa escala, um consumidor mais exigente poderia olhar com alguma desconfiança para a categoria. Pois não há qualquer razão para isso. Os 10 anos estão cada vez melhores e mais afinados, oferecendo muita qualidade por um preço bastante moderado.

TEXTO João Paulo Martins FOTOS Mário Cerdeira

Apesar da história e fama antiga de que muito justamente se reclama, o Vinho do Porto só muito lentamente – ao longo de dois séculos – foi criando as normas específicas para os variados tipos de vinho que se podem fazer com as mesmas uvas. Assim, e no que concerne às categorias especiais apenas em 1 de Janeiro de 1974 entraram em vigor as novas regras. Muito recentemente, portanto. No essencial, esta legislação visou tornar mais fácil a compreensão, por parte do consumidor, dos tipos diferentes de vinho generoso. Como exemplo diga-se que, antes daquela data, praticamente todas as empresas vendiam tawnies com cerca de 10 anos, mas tinham nomes fantasiosos, com frequência em inglês que, como se imagina, só eram entendidos por iniciados; o vulgar consumidor ou sabia o que estava a comprar ou comprava pelo preço.

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A partir de então a indicação de idade passou a ter de estar bem à vista no rótulo, não havendo por isso lugar para equívocos: um 10 anos deixa de se confundir com qualquer outra idade. Estamos então a falar de um vinho originalmente tinto que envelheceu em casco por um período não inferior a 10 anos. Referimos a questão da cor porque actualmente há vinhos do Porto brancos velhos com indicação de idade – 10, 20, 30 e 40 anos – mas não podem ostentar a designação tawny, uma vez que ela apenas se aplica a vinhos tintos. Por norma e prática corrente no sector, aquela indicação da idade não é matemática, ou seja, o vinho poderá ter uma média de 10 anos, entrando no lote vinhos de diferentes idades. Não é regra, mas é o que mais habitualmente acontece. Empresas várias com quem falámos dizem-nos que são os vinhos entre os 8 e 15 anos de idade que normalmente entram neste lote. Podemos falar assim num sistema a que, em Jerez, se chamaria de solera: a uma base vão-se acrescentando vinhos e o lote vai sendo engarrafado à medida das necessidades. Cria-se assim um modelo de vinho que cada casa tenta reproduzir todos os anos, procurando que o lote exprima bem o “estilo da casa”. Por esta razão, se comprarmos uma determinada marca agora ou daqui a cinco anos é bem provável que encontremos o mesmo estilo: a mesma tonalidade, a mesma concentração, o mesmo perfil de aromas e prova de boca equivalente.
Pode dizer-se que tudo começa na adega: é aí, após prova dos vinhos da última vindima, que se decide o destino a dar a cada lote: uns irão para ruby e nesse caso será preciso preservar ao máximo a cor e evitar a oxidação; outros destinar-se-ão a vintage e LBV, também esses preservados ao máximo da luz e da oxidação. Face à quantidade disponível, ainda há que decidir os que irão para casco, dirigidos a futuros tawnies com indicação de idade. Contrariamente àquilo que se poderia pensar, os tawnies mais velhos têm origem em vinhos inicialmente tão bons e tão carregados de cor como os que são seleccionados para vintage. É depois pela evolução que apresentam que se vai decidindo se continuam mais tempo em casco (que se estenderá por décadas) ou se são, entretanto, vendidos como tawny Reserva (à roda dos 6/7 anos de idade) ou como tawny 10 anos. Dados os volumes que são movimentados nestas categorias é também frequente que os produtores adquiram vinhos no mercado. Aqui as adegas cooperativas são frequentes fornecedores, bem como empresas que dispõem de grandes stocks (como a Barão de Vilar) que vendem lotes a pequenos produtores que querem ter um 10 anos no mercado, mas que não têm stock para isso.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37067″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Grandes e pequenos, perfis diferenciados”][vc_column_text]

Esta gama de vinhos do Porto faz parte do portefólio de praticamente todos os produtores, sejam grandes casas ou produtores-engarrafadores. Pelo facto de estarmos então a falar de volumes de comercialização muitíssimo diferentes, é também normal que se encontrem nos pequenos produtores vinhos que, não raramente, têm idade superior a 10 anos. Isso não obsta a que tenham na mesma a certificação junto do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Bento Amaral, do IVDP, confirmou à Grandes Escolhas que já há muitos anos a cor deixou de ser factor de exclusão sendo por isso normal que se encontrem vinhos que, cromaticamente, estão em campos opostos, como foi o caso, neste conjunto de vinhos provados, da Ramos Pinto (mais carregado de cor) e o Reccua (muito mais aberto). “Neste momento é sobretudo a prova que nos interessa, mais do que a cor”, disse, e assim é expectável que a Câmara de Provadores esteja atenta aos variados estilos a que se pode chegar. Ana Rosas, enóloga de Vinho do Porto na empresa Ramos Pinto confirmou também que o “seu” 10 anos vem totalmente da quinta da Ervamoira (Foz Côa) e que “como fazemos poucas trasfegas, filtrações e outras práticas que poderiam aligeirar a cor, temos sempre um 10 anos muito carregado e nem sempre é fácil ser aprovado. Fazemos cerca de 60 000 litros por ano e o nosso principal mercado é a França”. Actualmente a aprovação/reprovação de um lote pode também levar a que o vinho seja apresentado a uma câmara de recurso, a Junta Consultiva, constituída por enólogos do sector. Longe de se apresentar como “opositora” da Câmara do IVDP a Junta, segundo Bento Amaral “tem tido muito contacto e provas em conjunto com a Câmara do IVDP exactamente para aferir critérios e para que todos sigam regras idênticas”.
Voltando aos pequenos produtores, pelo facto de colocarem quantidades diminutas no mercado, é sempre possível que se encontrem verdadeiras relíquias, invariavelmente com mais idade do que o rótulo sugere. Não se estranhe assim a alta classificação que alguns destes vinhos tiveram nesta prova.
Temos provado tawnies 10 anos com alguma periodicidade, em média de 5 em 5 anos. O balanço que é possível fazer de quase 30 anos de provas (a primeira que fiz terá sido em 1991), é muito positivo porque a qualidade média é agora muito mais evidente, fruto de melhor viticultura, enologia mais competente e consumidores mais avisados. Esta gama é também comercializada sob a forma de “marca do comprador” (BOB), por regra, das grandes superfícies, não só em Portugal como noutros países, com as cadeias de supermercados inglesas, por exemplo. Gonçalo Brito, responsável no grupo Symington pelo mercado interno, confirma que estamos a consumir quase o dobro do que consumíamos há 5 anos: Portugal passou de 86.742 garrafas em 2013 para 164.273 em 2017, um crescimento notável que compensou algumas quebras no mercado externo, nomeadamente o inglês. Também segundo Brito, as vendas de 10 anos em BOB representavam 30% em 2013 mas baixaram para 21% em 2018, descida esta que tem contrapartidas financeiras muito interessantes. Esta descida acompanhou a tendência do sector como um todo já que, e segundo informações que recolhemos junto do IVDP, em 2014 os BOB de Porto 10 anos representavam 33,3% de todas as vendas e em 2018 a percentagem baixou para 29,5%. Também em valor houve um aumento. No mesmo período – 2014/2018 – as vendas passaram de 37,1 para 42,7 milhões de euros.
O mercado inglês – que costuma representar nas categorias especiais cerca de 500.000 caixas de 12 garrafas/ano -, provavelmente já sob o efeito Brexit, quebrou 18,6% em 2018, muito superior à quebra global (todos os mercados) de 2018 em relação a 2017 que foi de cerca de 4,6%. Digno ainda de registo o facto de o mercado inglês, apesar de muito volumoso, apenas consumir Porto cuja média de preço nas categorias especiais é de €7,11/garrafa, enquanto Portugal se situa nos €12,14. Nas categorias especiais, Portugal cresceu também cerca de 6,2% em 2018.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”37066″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Um Porto para todos”][vc_column_text]

O Porto Tawny é um verdadeiro todo-o-terreno. Reproduzo aqui um excerto de um texto que, há já alguns anos, João Afonso escreveu sobre o tema: “Um Porto 10 anos exige pouco: não requer momentos especiais, não precisa decantação e não exige que o consumo seja feito de imediato após a abertura, mantendo-se no mesmo patamar de qualidade por alguns meses. Mas num tema ele é teimoso e insiste: deve ser servido refrescado e em copos que permitam captar as fragâncias que dele emanam.” Neste ponto, o 10 anos não mudou e continua por isso a ser um Vinho do Porto de excelente relação qualidade/preço. E se se pensar que uma garrafa alegra entre 8 a 10 convivas, pode mesmo dizer-se que é muito barato. Talvez até demasiado barato, se atendermos aos preços dos vinhos DOC que a região produz, com uvas idênticas às usadas para vinho do Porto. Mas essas são contas de outro rosário.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

O Tawny 10 anos à mesa

Como vinho doce que é e com um teor alcoólico médio de 20%, é difícil imaginar uma refeição unicamente acompanhada de Vinho do Porto. Já estive em várias experiências destas, mas não passaram disso mesmo. O lado doce do vinho “empurra-o” naturalmente para o final da refeição e aí as escolhas são muitas, desde as tartes de ameixa, de cereja, leite creme, pão de ló, ou gelados que envolvam (por exemplo) caramelo, canela, baunilha, cacau, são escolhas acertadas. No entanto, se quisermos uma combinação mais radical, podemos sempre fazer o ensaio. “Costeletas de borrego panadas com legumes e cogumelos” é uma das receitas para o Porto 10 anos sugeridas por Hélio Loureiro no livro Receitas para o Vinho do Porto, publicado em 1999 pelo IVDP.
Como se trata de um Porto de “meia idade” e em transição entre juventude e velhice, todos os frutos vermelhos compotados, em jeito de clafoutis onde o creme também tem o seu papel, são companhias seguras para o nosso Tawny 10 anos. Por outro lado, os frutos secos, os figos, tâmaras ou os alperces secos são óptimos parceiros deste vinho. Se houver associação com queijo, sobretudo do tipo cremoso e intenso como Gorgonzola, então não há como falhar.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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ALENTEJO PREMIUM: Brancos com ambição

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Vinhos brancos de grande qualidade e para todos os gostos revelam uma região cada vez mais diversificada. Se o Arinto aporta, muitas vezes, acidez e frescura aos lotes com Antão Vaz, o leque das castas utilizadas não […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Vinhos brancos de grande qualidade e para todos os gostos revelam uma região cada vez mais diversificada. Se o Arinto aporta, muitas vezes, acidez e frescura aos lotes com Antão Vaz, o leque das castas utilizadas não se fica por aqui…

Texto: Nuno de Oliveira Garcia
Fotos: Ricardo Palma Veiga

A história ensina-nos que o Alentejo foi, durante séculos, uma terra com brancos afamados. A confirmar esse passado de vinhos brancos, temos a existência de mais uma dezena de castas brancas tradicionais – Antão Vaz, Arinto, Fernão Pires, Perrum, Roupeiro, Rabo de Ovelha, Manteúdo, Trincadeira das Pratas, Tamarez, Alicante Branco e Diagalves –, e pelo menos dois terroirs historicamente famosos pelos brancos, caso dos míticos ‘brancos da Vidigueira’ e dos conceituados ‘brancos de Beja’. Também no Alentejo das talhas, nas adegas e tabernas, era (e em certos locais ainda é) o branco o vinho maioritário e o preferido. Às referidas castas poderíamos juntar as variedades Verdelho (muitas vezes Verdejo…) e Gouveio, cada vez mais utilizadas, bem como as denominadas ‘castas melhoradoras’ como seja as nortenhas Alvarinho e o Viosinho, e a francesa Viognier, introduzidas em força nos anos ‘90. O igualmente francês Chardonnay também aparece amiúde e por regra com qualidade sobretudo a norte da região.
Todavia, no final dos anos ’70, e após mais de três décadas cativa do estigma de ser o ‘celeiro de Portugal’, o renascimento da região centrou-se na produção de tintos, à revelia da sua tradição centenária.
Efetivamente, os anos ’80 e a primeira metade dos ’90 foram de aposta na vinha tinta no Alentejo, com vários novos produtores a anteverem que a combinação de um clima tendencialmente quente, solos de boa produção (ainda hoje a produção média é superior a 8 toneladas por hectare), e um mercado sedento por vinhos tintos jovens de taninos maduros, era uma ‘aposta ganha’. E foi; pois o Alentejo tornou-se, em pouco mais de uma década, na região líder no mercado nacional nos vinhos tintos, tanto ao nível da quota de mercado em volume, como em valor, na categoria de vinhos engarrafados de qualidade com classificação DOC e IG, representando quase um ¼ das exportações nacionais de vinhos com aquela classificação.
Sucede que, com o aproximar do novo milénio, e com novos perfis de consumidores cada vez mais à procura de vinhos frescos e leves (acompanhando a tendência internacional, diga-se), os brancos voltaram a ganhar terreno na região, de tal modo que muitos hectares (re)plantados com castas tintas nos anos ’70 voltariam a ser enxertados com castas brancas na segunda metade dos anos ’90. Atualmente, cerca de 25% do encepamento é branco, o que significa uma franca recuperação em relação ao passado recente, com as sub-regiões da Vidigueira, Borba e Reguengos a liderar na área de vinha branca cadastrada.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]E se é verdade que as ditas ‘castas melhoradoras’ se revelaram úteis para produzir em quantidade e qualidade (fundamentais, por exemplo, para a produção de vinhos de sucesso com preço entre €3,5 e €6,5), também o é que muitos produtores buscam atualmente cada vez mais uma matriz regional que distinga os seus produtos dos restantes produzidos pelo país.
Sucede que, com o aproximar do novo milénio, e com novos perfis de consumidores cada vez mais à procura de vinhos frescos e leves (acompanhando a tendência internacional, diga-se), os brancos voltaram a ganhar terreno na região, de tal modo que muitos hectares (re)plantados com castas tintas nos anos ’70 voltariam a ser enxertados com castas brancas na segunda metade dos anos ’90. Atualmente, cerca de 25% do encepamento é branco, o que significa uma franca recuperação em relação ao passado recente, com as sub-regiões da Vidigueira, Borba e Reguengos a liderar na área de vinha branca cadastrada. E se é verdade que as ditas ‘castas melhoradoras’ se revelaram úteis para produzir em quantidade e qualidade (fundamentais, por exemplo, para a produção de vinhos de sucesso com preço entre €3,5 e €6,5), também o é que muitos produtores buscam atualmente cada vez mais uma matriz regional que distinga os seus produtos dos restantes produzidos pelo país.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34346″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Identidade com diversidade”][vc_column_text]Neste âmbito, a conjugação das castas Antão Vaz e Arinto é das que mais sucesso reúne, como demonstra o presente painel onde a parelha é claramente dominante. A estrutura, sabor e firmeza, da primeira uva unem-se na perfeição com a acidez, tensão e mineralidade, da segunda. A completar o triângulo dourado das castas, o Roupeiro – uva disseminada no passado, depois caída em desgraça e agora de novo mais utilizada em vinhos com ambição – transfere perfume citrino e poder de atração. Das três variedades, é grande a tentação em destacar o Antão Vaz, mas, rigorosamente, é o Arinto que mais aparece nos lotes, e que é mais transversal à região.
Sucede, que o Alentejo é uma região enorme, com distâncias significativas entre os limites Norte e Sul, e entre os limites Este e o Oeste. Com quase 22 mil hectares de vinha apta à produção de vinho com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica, o Alentejo é um país dentro do país, com diferentes climas e solos. Por isso, a utilização das castas ditas regionais não é sequer uniforme, como sucede, por exemplo, com o Antão Vaz que tem dificuldade em amadurecer a norte de Évora e em regiões húmidas próximas do litoral. A existência de oito sub-regiões de Denominação de Origem, e a circunstância de se produzir vinho um pouco por toda a região – do litoral vicentino ao norte de Portalegre, passando por Montemor – faz da reunião alentejana um labirinto apaixonante para os consumidores exigentes que procuram diversidade. Por isso, podemos encontrar, no limite norte da região, um Chardonnay estagiado em barrica com uma frescura surpreendente (Monte da Raposinha), mas também um blend de Viognier da Vidigueira com Alvarinho e Sauvignon Blanc do litoral costeiro (Cortes de Cima), entre tantas outras variações e declinações.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34344″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Castas brancas do Alentejo” color=”black”][vc_column_text]Antão Vaz é considerada a casta bandeira do Alentejo. O que não deixa de ser curioso para uma variedade que, no início dos anos 80, era quase inexistente fora da Vidigueira. As noites mais frescas desta sub-região alentejana (influência da serra do Mendro) conferem mais frescura, equilíbrio e mineralidade, sobretudo quando plantada em solos de xisto e granito. Fora da Vidigueira, precisa muitas vezes do apoio de uma casta mais ácida. Fruto expressivo, corpo, elegância, são alguns dos seus atributos.

Até à ascensão da Antão Vaz, a Síria (ou Roupeiro, como é conhecida localmente) era a rainha das uvas brancas alentejanas. Ainda hoje mantém o segundo posto, mas longe do predomínio de outrora. Origina vinhos muito aromáticos quando jovens, mas não mostra no clima alentejano a resistência ao tempo que revela no planalto da Beira Interior. Ainda assim, continua a ser de grande utilidade nos lotes.

Arinto é a parceira ideal da Antão Vaz, conferindo-lhe a acidez e frescura que por vezes lhe falta. Uva antiga, presente em todo o país, é muito provavelmente a casta branca portuguesa mais útil, pela sua polivalência, adaptabilidade, acidez natural e aromas e sabores citrinos. Na região do Alentejo e sua utilidade é enorme, sendo mais plástica, polivalente e determinante que a própria Antão Vaz.

Fernão Pires e Rabo de Ovelha, são duas castas tradicionais na região (e em quase todo o Portugal continental, na verdade), mantendo ainda uma pequena presença (pouco mais de 5% cada) nas plantações alentejanas. A Fernão Pires origina vinhos de grande intensidade floral e corpo cheio, mas precisa ser vindimada bem cedo, sob pena de perder a acidez e a graça. Tal como a Fernão Pires, a Rabo de Ovelha tem produtividade elevada, e necessita cuidados acrescidos para originar vinhos de qualidade.

Verdelho, Gouveio e Alvarinho (as primeiras duas são muitas vezes confundidas, até pelos próprios produtores) são castas recentes na região, mas em forte expansão. A elegância aromática, o perfume, a capacidade de manter acidez com a maturação são trunfos importantes a seu favor.

Rabo de Ovelha, Perrum, Diagalves, Manteúdo. Juntamente com o Roupeiro, antigamente encontravam-se por todo o Alentejo, mas estão agora em acentuado declínio. Raramente são objecto de atenção nas novas plantações, ainda que se comece a assistir à redescoberta da Perrum, uma casta de grande qualidade, pela acidez e componente mineral que empresta aos vinhos. (LL)[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Um Alentejo por descobrir”][vc_column_text]A respeito da enorme diversidade da região, António Maçanita (Fita Preta) destaca que, mesmo sem sair de Évora e do Redondo, tem tido descobertas recentes de vários terroirs húmidos e com enorme frescura, alguns deles já com vinha relativamente velha, pelo que, afirma, “não há um só Alentejo”. Hamilton Reis (Cortes de Cima) e Bernardo Cabral (Vicentino e Balanches) destacam os desafios do litoral alentejano com maior dificuldade de amadurecimento e algum risco de podridão, aspectos compensados pela inegável vantagem ao nível da preservação da acidez natural da fruta. Por sua vez, Pedro Baptista (Fundação Eugénio Almeida) destaca a heterogeneidade dos solos. O administrador e enólogo contou-nos que plantou, não há muito tempo, a casta Encruzado num afloramento de granito a poucas dezenas de quilómetros de Évora e inserido numa propriedade de relevo acidentado e com muitos outros solos (em especial xisto quer em solos amarelos, quer em solos pardos). Depois de monocastas de Alvarinho e de Viosinho, entre outras, em 2016 o Scala Coeli branco foi produzido a partir precisamente de uva dessa vinha de Encruzado, com o vinho daí resultante a ser um dos vencedores da prova![/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34343″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Por sua vez, e proveniente de um solo xistoso, a casta Arinto colocou no pódio o produtor Herdade de São Miguel. A propósito do vinho, Alexandre Relvas confessou-nos que desde o início que a empresa separarou um pequeno lote de Arinto, e que o mesmo foi para barricas com a sua evolução monitorizada, mas sem utilização noutros lotes. Daí ter ficado ‘Esquecido’ (denominação comercial do vinho) e, depois de prova recente que confirmou a sua extraordinária qualidade, ter sido decidido o seu engarrafamento em separado.
Por fim, o outro vencedor – Procura Vinhas Velhas –, um branco da Serra de São Mamede, nada mais nada menos do que proveniente de parcelas de uma vinha velha com mais de 80 anos e mistura de castas com baixíssima produção. Susana Esteban, enóloga espanhola de formação, trabalha as várias parcelas desde 2011, sendo que a sua incessante procura da melhor expressão das uvas levou-a a fermentá-las apenas em inox e a estagiar o vinho em barricas da Borgonha verdadeiramente usadas, neste caso, todas com mais de 6 anos. Como se vê, (também) nos brancos, o Alentejo não é um só, é um conjunto que forma um todo. Apaixone-se por ele![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

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Edição Nº22, Fevereiro 2018

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Lisboa e os seus tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De Colares a Leiria estamos na região de Lisboa. Os seus melhores tintos procuram agora afirmar-se como referências, deixando para trás o paradigma que durante muitos anos esteve associado à região: granel e vinhos baratos. Numa Lisboa […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De Colares a Leiria estamos na região de Lisboa. Os seus melhores tintos procuram agora afirmar-se como referências, deixando para trás o paradigma que durante muitos anos esteve associado à região: granel e vinhos baratos. Numa Lisboa com evidente diversidade, o potencial para a grandeza está lá e começa a ser descoberto pelos apreciadores.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Fazer uma prova de vinhos tintos da região de Lisboa, outrora conhecida com Estremadura, resulta num encontro entre mundos diferentes, entre passado e futuro. A região é demasiado extensa para poder ser considerada uma unidade territorial com pontos de contacto a unir as várias zonas que a integram. Quando se fez a demarcação da região em sub-regiões terá sido esta diversidade que esteve na mente do legislador, para além das rivalidades regionais. Criaram-se então múltiplas sub-regiões com identidade e uniformidade próprias. Para além das clássicas e antigas regiões à volta da cidade de Lisboa (Colares, Bucelas e Carcavelos), a região desdobrou-se depois em várias sub-regiões: Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas d’Aire, Lourinhã e Alta Estremadura.
De tão vasta região chegam vinhos tão diferentes que vão dos antigos e famosos vinhos de Colares, Bucelas e Carcavelos até ao Vinho Leve e às aguardentes da Lourinhã. Mas, apesar das várias sub-regiões, a região de Lisboa é sobretudo produtora de vinhos com a indicação Vinho Regional. Esta categoria é bem mais maleável em termos de castas e procedimentos e terá sido essa a razão que levou a maioria dos produtores a adoptarem esta designação e não a DOC (Denominação de Origem Controlada), o que é evidente nos vinhos provados: para além de dois vinhos de Colares, somente três pertencem à denominação Óbidos; das outras sub-regiões não chegaram representantes à nossa mesa.
A região como um todo continua muito ligada à produção de vinho a granel, mas agora é possível exportar vinho a granel com Indicação Geográfica (IG) e engarrafada no destinatário com supervisão da CVR. Mesmo no mercado interno é normal que circule vinho entre regiões, uma vez que a designação Vinho Regional autoriza que 15% do lote seja de fora da região. Para António Ventura, enólogo com larga experiência na região, Lisboa tem de “fazer melhor e subir preços médios, porque é muito mau para a região que ela esteja colada ao estigma de vinhos baratos, ainda que muito bons”. O crescimento das exportações tem sido constante e, ainda segundo Ventura, os provadores e wine writers internacionais que provam os vinhos acham escandalosamente baixos os preços a que são oferecidos no mercado externo. Assim sendo, há que cambiar o paradigma da região: em vez de ser terra sobretudo produtora de “vinhos de entrada de gama”, há que mostrar valor acrescentado nos vinhos e subir preços.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Uma região e tanto” title_align=”separator_align_left” align=”align_left”][vc_column_text]Lisboa é terra de vinho. Segundo dados do IVV, a região de Lisboa teria, em 2017, 18.641 hectares (ha) de vinha. Destes, apenas 1.041 estão inscritos para a produção de vinhos com direito a DOC e 7.255 para a produção de Vinho Regional. O site da CVR tem números diferentes, especialmente no total, referindo mais de 30.000ha! No site referem-se ainda as antigas e clássicas regiões à volta de Lisboa: 17ha em Colares, 10 em Carcavelos e 142 em Bucelas. Por outro lado, a região da Lourinhã, onde só as aguardentes têm direito à Denominação de Origem, integra 50ha de vinhas. Em 2018 (ainda sem números definitivos) a região chegará aos 100 milhões de litros produzidos e aos 50 milhões de garrafas, com um aumento significativo de 18% em relação a 2017. Lisboa é, segundo Carlos Pereira da Fonseca, produtor e vogal da Direcção da CVR, a segunda região que mais produz a seguir ao Douro e a que mais exporta, absorvendo o mercado externo cerca de 80% da produção. Outrora bem mais numerosas, as adegas cooperativas em laboração, são actualmente nove, contando-se alguns gigantes, como S. Mamede da Ventosa, Azueira ou Labrujeira; outras bem pequenas, como Alcobaça, Batalha, Cadaval ou Vermelha; e duas de média dimensão, Dois Portos e Carvoeira.
J.P.M.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34079″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mudar ou conservar?
A região teve inicialmente de repensar os seus encepamentos quando criou as denominações de origem. Muitas das castas estavam vocacionadas para a produção excessiva, contando sobretudo a quantidade em detrimento da qualidade. Basta uma vista de olhos na listagem de castas autorizadas na região, sobretudo para a produção de Vinho Regional, para se perceber que é quase tudo possível, mas que estamos perante uma ficção: a maioria das castas não existe ou está em extinção e são as novas castas, muitas delas internacionais ou vindas de outras regiões nacionais, que acabaram por vingar.
No caso dos tintos será que alguém se arrisca a colocar no mercado um tinto de lote com a participação das variedades Amostrinha, Cabinda, Preto Cardana e Tintinha? E, mesmo que se disponha a isso, encontrará plantas para iniciar o projecto? Ao lado destas castas que hoje não têm mais do que um interesse meramente ampelográfico, chegaram à região as variedades que hoje todos plantam: Syrah, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Caladoc e, em algumas zonas, Pinot Noir.
O perfil está assim a mudar, ainda que castas como o Castelão devam ser mantidas. É essa a opinião de Sandra Tavares da Silva, enóloga em Chocapalha, onde mantém cerca de 7ha de Castelão, agora com 30 anos. Já em relação à Tinta Miúda, decidiram “arrancar porque apodrecia facilmente”, mas em relação a outras tiveram de “ter paciência, porque a Touriga Franca, por exemplo, só agora com 15 anos de idade é que começou a mostrar o que vale e o Alicante Bouschet funciona muito bem, mas somente nas vinhas velhas”.
Também António Ventura vem em defesa do Castelão, que vê como “casta altamente diferenciadora e que merece continuar a fazer parte dos encepamentos”: “A Tinta Miúda, outrora tão vulgar em Arruda, precisa de condições especiais de calor para se dar bem, mas era uma boa casta. Já a Caladoc, cada vez mais vulgar, parece-me ser casta que não acrescenta qualquer valor aos vinhos da região; para além de produzir muito, é bastante atípica e favorece apenas os vinhos de entrada de gama. Das novas que aqui chegaram, sem dúvida que a Syrah foi a que melhor se mostrou e essa é para continuar, mas a aposta deverá ser sobretudo nas castas portuguesas, já que é daí que vem a diferenciação”, disse.
Os pontos fortes da região de Lisboa são conhecidos e sublinhados por Sandra: uma frescura muito grande nos mostos, quer brancos quer tintos, maturações fenólicas mais integradas, acidez bem equilibrada. Os tintos são estáveis e com boa longevidade, todos beneficiando do clima ameno e das maturações prolongadas, tão habituais na região que levam a que as vindimas se estendam bem mais no tempo do que em outras zonas do país.
Por vezes mais referida como região de brancos, Lisboa tem excelentes condições para os tintos e disso foi prova este conjunto de vinhos agora provados. Cá continuam os originais e “fora do baralho” tintos de Colares, que são sempre vinhos que precisam de ser enquadrados para melhor serem apreciados. Os estilos possíveis são muitos, as combinações de castas também. Tudo a favor de tintos com grande aptidão gastronómica e boa capacidade para resistir à cave e ao tempo.
Muito há ainda por fazer e por mudar (a começar pelo website da CVR Lisboa, assustadoramente desactualizado, até na imagem que dá da região), mas o potencial, natural e humano, está todo lá.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº21, Janeiro 2019

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Tintos do Douro, A perfeição cada vez mais perto

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada vinha ou local, numa busca incessante do vinho perfeito.

TEXTO: Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS: Ricardo Palma Veiga

O consumidor atento sabe bem que o Douro é uma das regiões com mais prestígio no mercado, sobretudo quando falamos de tintos. A fama (mais do que merecida) do Vinho do Porto ajuda a essa percepção e, desde a segunda metade dos anos 90, a região encetou um movimento de criação de valor aos vinhos DOC. Actualmente, e falando ainda de DOC, é uma região pujante, quer ao nível dos números de produtores, quer ao nível da qualidade dos vinhos.
Trata-se de uma região grande em dimensão, com uma área de vinha de mais de 42.000 hectares (metade só no Cima Corgo), mas a produção por hectare é muito baixa se comparada com outras regiões. Em 2017, e apenas quanto a vinhos certificados, depois do Alentejo, Minho e Península de Setúbal, a região do Douro é quem mais vende em Portugal, com uma quota de mercado de 4,8%. As projeções para 2018 são de crescimento, para uma quota de 5,5%. O nível de crescimento nos últimos anos é importante, sendo a região apenas suplantada em 2018 pela Península de Setúbal como aquela que mais cresceu em relação a anos anteriores.
Mas mais ainda do que o volume que produz e vende, o Douro é uma região com valor, com um número de vinhos premium e super-premium absolutamente avassalador (como as dezenas de tintos provados neste painel atestam). Aliás, no que respeita a vendas em euros, é a segunda região do país e aquela que regista a subida mais acentuada nos últimos anos. E no que respeita ao preço médio por litro, tirando os casos muito específicos do Algarve (devido ao consumo turístico local) e das Terras de Cister (centrado nos espumantes de Távora-Varosa), é o Douro que reina.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33139″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Buscar a diferença” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Com tanto sucesso, o desafio do Douro é outro que não apenas a liderança dos números: é buscar diferenciação face a outras regiões e com estilos diferentes dentro da região. No primeiro caso, e dada a existência de significativa área de vinha velha com dezenas de castas autóctones misturadas, bem como a quase exclusão de castas estrangeiras (excepção de Syrah e Alicante Bouschet, esta última, todavia, presente em alguns vinhedos antigos), a diferenciação está relativamente assegurada.
Quanto ao segundo aspecto, os anos 1990 e início do novo milénio apontaram para um perfil quase generalizado da região, centrado em tintos com fruto muito maduro e de recorte encorpado. No que respeitava a topos de gama, a essas características caberia adicionar o uso de barrica (quase sempre maioritariamente) nova e alguma tendência para elevados teores alcoólicos.
Atualmente a situação é bem diferente, como demonstra a nossa prova, onde os vinhos das colheitas mais recentes de 2015 e 2016 confirmam que estamos a viver um momento pivot, uma verdadeira mudança de paradigma, aspeto para o qual João Paulo Martins já tinha salientado na prova de topos de gama do ano passado (edição de novembro de 2017). Para tal, foi crucial a verificação de dois movimentos convergentes: por um lado, vários foram os produtores que passaram a procurar um estilo mais aberto e vivo, menos centrado no fruto maduro e no álcool quase sempre por imposição do mercado (vindimando mais cedo e fugindo da obsessão pela maturação fenólica); por outro lado, novos produtores e enólogos (muitos deles jovens) apareceram na região, e sentiram a necessidade de desenvolver estilos de tintos menos padronizados, procurando distinguir-se dos restantes, ora evitando barrica nova, ora procurando uvas em altitude e/ou com exposição que garantisse menor risco de sobrematuração.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Rolhas de topo” color=”black”][vc_column_text]Ao contrário do que sucedera na grande prova de vinhos topo de gama do Douro realizada em 2017, praticamente não tivemos problemas de rolha nesta prova. Apenas um caso de desclassificação foi taxativamente qualificado como tendo TCA, e em apenas duas outras situações foi necessário provar uma segunda garrafa para despistar problemas de rolha (não necessariamente de TCA). Tendo em consideração as várias dezenas de vinhos provados, e em comparação com outras provas menos recentes, é de notar este registo muito positivo. Os mais inovadores procedimentos de tratamento e/ou avaliação rolha a rolha poderão estar já a dar os seus frutos…[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”2016, ano de frescura e elegância” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Acresce ainda um significativo investimento estrangeiro (vindo de países como Alemanha, Angola, Brasil ou França), que tem ajudado a uma renovação mais rápida ao nível do perfil dos vinhos. Tintos provenientes dos projetos Xisto e Chryseia, ou das propriedades Quinta da Romaneira, Quinta do Pessegueiro (sobretudo nas primeiras edições) ou ainda Quinta Maria Izabel, todos resultados de maior ou menor investimento transfronteiriço, mostram alguma apetência por registos mais em elegância do que em músculo.
Por fim, e no que respeita à colheita de 2016, tratou-se de um ano climatericamente mais moderado do que o habitual, com poucas oscilações e raros picos de calor. Tal significou um ciclo tardio na maturação das uvas e permitiu o raro fenómeno de a fruta ter atingido a maturação fenólica mantendo acidez elevada e um grau alcoólico relativamente baixo para a média habitual da região. Por isso, os vinhos de 2016 revelam um equilíbrio absolutamente ímpar e uma prova de boca mais fresca e menos larga do que o normal, conservando-se a potência e profundidade comuns nos grandes tintos da região.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33138″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso mesmo foi-nos confirmado pelo enólogo e produtor Jorge Serôdio Borges (Wine & Soul, Quinta do Passadouro e Maritávora), para quem o ano de 2016 foi muito específico, posto que “o ciclo muito longo e um ano muito ameno proporcionaram vinhos que não precisaram de ser vindimados cedo para se manterem frescos e com boa acidez; isso fez toda a diferença”. O enólogo e também produtor Jorge Moreira (Poeira, Real Companhia Velha e Passagem) concorda e confirma que 2016 foi muito diferente de 2015. “Em regra, os 2015 são mais encorpados e têm uma fruta muito bonita e profunda, resultante de um ano quente, enquanto os 2016 são mais frescos e elegantes”, diz-nos.
Curiosamente, confrontámos este último profissional com a circunstância de dois dos seus vinhos presentes no painel parecerem contradizer a matriz dos anos, pois o Poeira 2015 revela-se fresco e elegante e o Carvalhas Vinhas Velhas de 2016 mostra-se cheio e potente. “Nesse caso, a justificação é o terroir, pois enquanto a vinha da Quinta do Poeira tem muita sombra e é virada a norte, as vinhas velhas das Carvalhas tem bastante exposição solar todo o dia e proporcionam sempre vinhos de grande concentração”, confessa-nos. Ou seja, afinal o terroir ainda é o mais importante…
Por isso mesmo, reforçamos, nas várias dezenas de vinhos provados foram visíveis diferentes registos, resultantes da localização das propriedades (por exemplo o Baixo Corgo é, em regra, mais chuvoso e fresco do que o Cima Corgo e este mais fresco e chuvoso do que o Douro Superior,) ou mesmo resultantes do preciso posicionamento das vinhas dentro das próprias propriedades (cotas mais altas perante mais baixas, por exemplo, ou consoante a exposição a sul e poente, as mais quentes, ou a norte e a nascente, as mais frescas). Em suma, é um puzzle complexo que significa, no final do dia, a riqueza de uma região que se diversifica a cada ano que passa e que, mais importante ainda, tem na diversidade de estilos mais um caminho para um sucesso que, tendo já sido alcançado, teima em ser superado.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº20, Dezembro 2018

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Alentejo, terra de grandes tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é muito mais diverso do que se poderia imaginar, já pouco tributário é das castas de antigamente, mas há quem teime no regresso à tradição. Tudo isto com alterações climáticas pelo meio.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Os vinhos alentejanos continuam a ter a preferência dos consumidores nacionais. A palavra Alentejo soa, a muitos enófilos, como vinho de qualidade, encorpado, macio e fácil de beber, que se consegue consumir jovem, sem ter de esperar muito por ele. Só vantagens, em época em que tudo se faz no momento e a paciência da espera é coisa do passado. Os tintos são ainda hoje a principal produção da região. É que, dos cerca de 21.300 hectares plantados e aptos à produção de vinho com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica (dados de 2017), cerca de 16.500 estão ocupados pelas castas tintas, com a restante área reservada a brancos.
As castas plantadas têm importância muito diversa e não são usadas da mesma forma para todos os lotes de vinho. Assim, apesar da importância crescente da Alicante Bouschet nos grandes vinhos da região (ver caixa), ela está muito longe de ser actualmente a casta mais plantada; esse lugar pertence, com grande destaque, à Aragonez e, de seguida, à Trincadeira, ou seja, as castas tradicionais da região ainda são as mais plantadas, ocupando um pouco mais de 44% da área de vinha. A própria tinta Castelão, actualmente arredada da primeira fila quando o assunto são os grandes vinhos, ainda tem uma presença muito forte, com mais de 1000 hectares plantados.
Temos assim dois tipos de Alentejo, o das marcas de referência, dos vinhos que fazem os consumidores falar, dos que são cobiçados e caros e que, há que não esquecer, dão nome e prestígio à região; e, depois temos o Alentejo dos tintos genéricos, que estão abundantemente presentes nas grandes superfícies, dos vinhos abordáveis, baratos e bem-feitos e que alegram as refeições e animam as mesas. No primeiro grupo vamos, como se imagina, incluir também a Syrah e a Touriga Nacional e, de forma mais marginal, a Cabernet Sauvignon (que ainda ultrapassa os 800ha), com uns “temperos” de Alfrocheiro e Touriga Franca.
De 2015 para 2017 a Touriga Nacional ultrapassou a Castelão em área de vinha, a Alicante Bouschet foi a que mais cresceu e a Trincadeira a que mais diminuiu de área. A Touriga Nacional, lembra Luís Cabral de Almeida, enólogo da Herdade do Peso, “como tem um ciclo longo e confere boa frescura aos vinhos pode ser um bom complemento para as castas que formam o núcleo duro, a Alicante Bouschet e a Syrah. Mas nos vinhos há vários Alicante Bouschet e não apenas um e isso ficou para mim bem claro quando tomei agora contacto com as vinhas da serra de São Mamede: feitos da mesma maneira obtiveram-se dois vinhos de Alicante completamente distintos”, disse.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32597″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Este é o novo Alentejo, aquele com que se pretende projectar a região como geradora de vinhos de referência, em Portugal e no estrangeiro. A preferência dos consumidores é clara, já que cerca de 40% do que se consome entre nós tem origem no Alentejo. No entanto, se falarmos com responsáveis de garrafeiras, verificamos que no Norte há um menor interesse nos tintos do Alentejo, exceptuando-se as marcas mais clássicas. Ivone Ribeiro (Garage Wines) diz-nos que que o que mais vende é Douro e em seguida os tintos do Dão, Alentejo muito pouco. Na Garrafeira Tio Pepe, também no Porto, a quebra tem sido significativa, uma vez que “em 1995, por exemplo, era a região que tinha mais procura mas de então para cá tem vindo a decair embora se note o interesse por especialidades, coisas originais, vinhos de talha”. “Só nesta época do Natal e por via de encomendas de empresas para prendas natalícias é que o negócio dos tintos alentejanos anima um pouco”, confirmou Luís Cândido, o proprietário. Uma situação completamente diferente da que encontramos no centro e sul do país, e sobretudo na região da Grande Lisboa, tradicionalmente um excelente mercado para os vinhos alentejanos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]O consumo interno absorve a grande fatia da produção mas a exportação tem-se diversificado – abrange 118 países –, apesar de estar assente sobretudo em três mercados: Angola, Brasil e Estados Unidos. Fica a pergunta: que Alentejo queremos promover, que estilo queremos privilegiar? Para Paulo Laureano, enólogo e produtor, o Alentejo precisa de se mostrar como realmente é: uma manta de retalhos (sic), uma região muito diversa mas onde as diferenças não são suficientemente explicadas aos consumidores. “Até na zona da Vidigueira, que é a que conheço melhor, há diferenças enormes, logo a começar nos solos e exposições e a zona mais perto da fronteira com Espanha tem muito pouco a ver com a zona mais a oeste, mais marcada pela influência atlântica”, especifica.
É esta ideia de diversidade que poderia eventualmente levar a uma nova reorganização das sub-regiões do Alentejo, mas a CVR diz-nos que não estão para já em cima da mesa decisões nesse campo, apesar de haver debate no âmbito do Conselho Geral, a entidade que pode mudar o estado das coisas no que respeita ao desenho das regiões com direito a Denominação de Origem (DO). O consumidor depara-se com muito mais frequência com vinhos que têm a indicação Regional Alentejano do que com vinhos DOC Alentejo. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32599″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”A marca do Alicante Bouschet” color=”black”][vc_column_text]Avaliando as castas que integraram os vinhos provados, ressalta uma evidência: a crescente importância da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo. Dir-se-ia que começa a ser difícil pensar-se num grande tinto do Alentejo que não a tenha no lote. Com frequência, com a companhia da Syrah e Touriga Nacional. Esta situação é relativamente nova na região, já que há 30 anos a Alicante Bouschet apenas tinha posição predominante em duas propriedades, a Quinta do Carmo e a Herdade do Mouchão. Houve uma enorme renovação dos vinhedos e os produtores descobriram na Alicante a casta que lhes confere consistência aos vinhos, uma vez que produz quase sempre bem e pode ter expressões diferentes conforme o local onde está plantada. Quer Paulo Laureano quer Luís Cabral de Almeida, ambos enólogos na região, apontam-lhe imensas virtudes, mas reconhecem que o Alicante Bouschet da serra de São Mamede nada tem a ver com o da Vidigueira, por exemplo. Mas Luís não tem dúvidas em afirmar que “o Alicante Bouschet está para o Alentejo tal como o Malbec está para Mendoza, na Argentina”, querendo com isto salientar que pode ser a espinha dorsal dos tintos da região. Mas a procura de novas castas por parte de alguns produtores continua e recentemente a CVR Alentejo aprovou, com o acordo do IVV, o pedido de reconhecimento para certificação de 14 castas novas onde, em tintas, se incluem Cabernet Franc, Carmenère, Camarate, Monvedro, Vinhão e Marselan. Entre tintas e brancas, estamos a falar de 100 hectares destas novas variedades para a região.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Durante muito tempo isto decorreu das limitações geográficas que existiam para que um vinho tivesse direito à DO, mas, e ainda segundo a CVR Alentejana, actualmente cerca de 73% da área de vinha está inserida nas oito regiões que têm direito à DO Alentejo. A realidade encarrega-se de baralhar estes dados, já que a maioria dos vinhos comercializados são Regional Alentejano.
O grande desafio para o futuro pode assentar em dois pilares: manter e mesmo acentuar a diversidade dos vinhos, conseguindo-se que eles espelhem as diversas zonas onde nascem e, em segundo lugar, perceber que as alterações climáticas nos poderão fazer regressar a variedades que, sendo antigas e fora de moda, mostraram ao longo do tempo uma boa adaptação à região, como a Tinta Grossa, a mal-amada Trincadeira, a Moreto, entre outras tintas; ou a Perrum, nos brancos.
O Alentejo, como alguém me dizia, não pode estar satisfeito por estar a servir cachorros quentes e ter uma grande fila de gente para os comprar; com o tempo, os consumidores enjoam-se de cachorros quentes e depois querem outras coisas e a região tem de estar preparada para diversificar, mudar o que for para mudar e não se dar por satisfeita. Costuma dizer-se que o Alentejo está na moda, mas, como lembra Laureano, “estar na moda é, no sector dos vinhos, um conceito muito perigoso”: “Estar permanentemente a optar por castas que geram vinhos fáceis mas sem história pode ser um caminho, mas para mim é para evitar.”
O Alentejo é um mundo, portanto, em diversidade, qualidade, preço. É líder nos vinhos de volume, como se sabe. Mas também no segmento superior do mercado, nos tintos de nicho, como ficou demonstrado na nossa prova, a região mostra dar muito boa conta de si.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32600″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

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Tintos do Dão: Carácter e elegância de uma região histórica

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na tradição de sempre, mantendo os seus valores, a sua personalidade e a sua riqueza vitivinícola.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A produção de vinho no Dão é milenar, e os vestígios arqueológicos, como as lagaretas encontradas em vários sítios da região, são testemunhos disto. A filoxera, um temido e imparável insecto que destrói a raiz da vinha, veio parar a Portugal com as videiras americanas em 1867. Para além de dizimar os vinhedos no Douro e a seguir no Dão, originou ainda outro problema que no início até não parecia problemático de todo. Portugal (como também Espanha, Itália e Hungria) tornou-se num dos principais fornecedores de vinhos para famosas regiões francesas, onde a filoxera tinha chegado mais cedo, e os estragos eram substancialmente maiores.
Esta conjuntura comercial impulsionou um enorme desenvolvimento na plantação das vinhas nas regiões, como o Dão e a Bairrada, na década de 80 do século XIX. Em 1882 foi até estabelecida a isenção da contribuição predial de dez anos para a plantação da vinha, e cinco anos para a replantação. Isto levou a que propriedades que cultivavam cereais passassem ao cultivo da vinha sem peso nem medida. As plantações invadiram os terrenos mais férteis e os volumes de produção dispararam.
Por volta de 1900, França deixou de ser o mercado preferencial de exportação, devido ao aumento de produção própria e ao facto de ter encontrado novos fornecedores de vinhos mais baratos, como a Argélia, por exemplo. A procura interna não era suficiente para escoar todo o vinho produzido – uma consequência da crise de abundância.
A conjuntura em Portugal também não era fácil. A vizinha região do Douro sempre teve mais privilégios a nível legislativo, e ao mesmo tempo começou a sentir-se a invasão dos vinhos do Sul (das actuais regiões de Tejo e Lisboa), que sofreram menos com oídio e filoxera e eram significativamente mais baratos.
A necessidade de demarcação da região tornou-se óbvia, o que acabou por acontecer em 1908. Poucos meses antes da queda da monarquia, em 1910, era aprovado o regulamento de produção e comercialização dos vinhos de mesa (chamados à época “vinhos de pasto”) da região do Dão.
Na altura do Estado Novo, o objetivo do Governo era criar cadeias de produção. Como o vinho era considerado um produto agrícola de importância, teriam que ser garantidas condições para que fosse produzido de uma forma estável e na quantidade necessária.
No Dão, sempre dominou o minifúndio. Um patchwork de parcelas minúsculas de cerca de 0,5ha, retalhadas entre florestas, faz 90% de vinha na região. Muitos agricultores que plantavam vinha não tinham capacidade de produzir vinho, nem de vendê-lo. As adegas cooperativas providenciaram equipamento e asseguraram a comercialização do produto acabado. A questão de competitividade não se colocava.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”31998″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A maior parte dos produtores entregava uvas a adegas cooperativas, mas também existiam diversas casas proprietárias de vinhedos que produziam vinho e vendiam a granel para as grandes marcas. A Casa da Ínsua, a Casa da Passarella ou a Casa Santos Costa, por exemplo, produziam vinho desde finais do século XIX e eram famosas junto dos principais engarrafadores. Os responsáveis pela criação das marcas nos anos 60 foram empresas na época chamadas “armazenistas” (correspondendo ao que em França se designa por “negociant”) e que compravam vinho aos pequenos produtores e às adegas cooperativas, engarrafando-o e comercializando-o sob a sua insígnia.
As Caves São João, um dos grandes negociantes em Portugal à data, lançou assim Porta dos Cavaleiros, a seguir ao bairradino Frei João. A Sogrape, que alargou as suas operações para o Dão em 1957, produzia um Dão Reserva conhecido como Dão Pipas e lançou a marca emblemática Grão Vasco, que teve um enorme sucesso. Tal como o Meia Encosta, da Sociedade dos Vinhos Borges, lançado em 1970, ou o Terras Altas, da José Maria da Fonseca.
O próprio Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, liderado pelo engenheiro agrónomo Cardoso Vilhena, que andava a explorar as potencialidades das castas da região, fez vinhos lendários, como os de 1963, 1970, 1975, 1980 e 1983.
O meu sogro costumava dizer “O vinho é do Norte” e para ele existiam só duas regiões – Douro e Dão. Era um consumidor fiel e acredito que muita gente da geração dele assim o era. Mas as gerações mais novas não partilharam desta lealdade e nas décadas 80 e 90 o Dão deparou-se novamente com ampla concorrência dos vinhos de mesa de outras regiões do país.
O Douro apostou em força nos vinhos de mesa, mas Alentejo e Setúbal também apareceram com vinhos em grande quantidade e de qualidade que os produtores do Dão não estavam a conseguir acompanhar. O consumidor virou-se para outras regiões, deixando ao Dão o desafio de se reinventar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Na viragem do século” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Os anos 90 assinalaram grandes mudanças na região. Começaram a aparecer os produtores de quinta com vinhos de excelência (Quinta dos Roques, Quinta da Pellada, Quinta dos Carvalhais, foram os que mais se destacaram na época) e até os negociantes investiram na vinha. Segundo o presidente da CVR do Dão, Arlindo Cunha, a partir de 2005 fez-se sentir a inversão do paradigma. Agora, a pouco e pouco, o consumidor vai (re)descobrindo os vinhos do Dão, começando pelos brancos.
Entretanto, as principais características orográficas da região não mudaram: as montanhas, os rios e os solos continuam a formar o seu terroir de excelência. O que realmente melhorou, no ponto de vista de Arlindo Cunha, é a parte da viticultura: restruturaram-se as vinhas, começaram a plantar em zonas mais secas e mais altas, com melhores condições para produção de vinhos de qualidade. Vieram à região muitos jovens profissionais: enólogos, viticultores e produtores dinâmicos. “Nos últimos cinco anos a produção dos vinhos DO Dão e IG Terras do Dão aumentou 47%”, frisa o presidente da CVR.
O enólogo Manuel Vieira lembra-se do seu início de trabalho na Sogrape, sendo responsável pela Quinta dos Carvalhais. Refere que em 1990, na sua primeira vindima, “as ideias eram muito indefinidas; as castas não eram pensadas”.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”31999″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Na altura começaram a aprender sobre as castas em colaboração com o Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas, que estava a desenvolver um grande trabalho neste sentido. “Era importante perceber o que era o Dão e comunicar isto ao consumidor.”
Mais ainda há muito trabalho pela frente, diz Manuel Vieira, pois a região continua a ser “reconhecida pela elite e desconhecida pelo consumidor comum”.
O potencial da região confirma-se também pelo interesse que o Dão tem vindo a despertar em produtores de outras zonas vitivinícolas, sobretudo do Douro. O Grupo Amorim, proprietário da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, adquiriu recentemente a Quinta da Taboadella com adega e cerca de 40 hectares de vinhas a 500 metros de altitude. O projecto da Niepoort no Dão avançou em 2012. O trio de conceituados enólogos do Douro – Jorge Moreira (Poeira), Francisco Olazabal (Quinta do Vale Meão) e Jorge Borges (Wine&Soul) – lançou-se num projecto conjunto que resultou em vinhos M.O.B., produzidos na Quinta do Corujão. Jorge Moreira explica que escolheram o Dão porque queriam fazer um projecto interessante e de excelência numa outra região, sem ser o Douro. O Dão pareceu-lhes desafiante neste sentido. Aqui conseguem-se boas maturações fenólicas com grau de álcool provável mais baixo, preservando a preciosa acidez, e os vinhos adquirem equilíbrio com menos extração.
Estas empresas e figuras incontornáveis no mundo vitivinícola português de certa forma atraíram as atenções dos enófilos para o potencial da região.
O enólogo e produtor Carlos Lucas aponta para a importância de, na viragem do século, terem “dado entrada projetos sólidos”, com novos produtos que aliaram “boa enologia e visão do mercado”. Julia Kemper, Quinta do Sobral, Casa da Passarella, Pedra Cancela, Caminhos Cruzados são alguns dos exemplos que aponta. “Fazem belos vinhos, adaptados ao mercado, sem perder a essência do Dão. O valor de base é muito importante, e o marketing não resolve tudo, porque é a qualidade que fideliza os consumidores. Mas ao acrescentar aqui bom marketing – temos uma grande região!”, diz o produtor.
Até Robert Parker através de Marc Squires, ultimamente tem conferido pontuações a nível de 93-95 aos vinhos do Dão, algo que há 10 anos era impensável.
O enólogo da Casa da Passarella, Paulo Nunes, observa que no início de 2000 os produtores do Dão sentiam-se tentados a apanhar a onda do Novo Mundo, com muita concentração, seguindo perfis de maior valorização no palco internacional. Isto criava uma certa incoerência com o perfil dos vinhos dos anos 60, quando o Dão era chamado “Borgonha de Portugal”. Na sua opinião, os produtores actualmente estão mais fiéis à região: “Estamos mais próximos dos anos 60 agora, em termos de perfis de vinho, do que estávamos na viragem do século.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”A grande Touriga Nacional
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Segundo aos dados do IVV de 2017, a área total da vinha no Dão é de 14.837ha. Destes, cerca de 80% corresponde a castas tintas. Mesmo na fase de reconquista do consumidor, o Dão resistiu ao boom das castas internacionais que se deu um pouco em todas as regiões. Pelo contrário, apostou fortemente na preservação das suas castas tradicionais, tintas e brancas. Como diz Arlindo Cunha: “A principal mudança no Dão foi a continuidade!”
Não se pode falar no Dão sem pensar na Touriga Nacional, a uva identitária da região e que, tudo indica, ali teve origem. O percurso da Touriga Nacional tem algo melodramático. Lembram-se do conto de fadas da Cinderela, que era a filha querida do papá, mas que passados os anos de desprezo da sua madrasta e as filhas desta, tornou-se finalmente uma princesa? É praticamente história da casta. Antes da filoxera, a Touriga Nacional estava muito presente no encepamento regional e era bastante apreciada pelas suas qualidades aromáticas e corantes. No Estudo da Ampelografia Portuguesa de 1865 era de longe a casta mais plantada no Dão, seguida de Alvarelhão e Jaen. A filoxera deu cabo não só das vinhas, mas também da reputação dela, pois a nossa Cinderela não funcionou bem com os enxertos americanos, que era a medida mais eficiente para combater a devastadora praga.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”32002″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A expressão “muita parra e pouca uva” tornou-se num sinónimo da Touriga Nacional, cujo vigor vegetativo comprometia a produção.
O que é que representavam dois cachos pequenos de bagos pequenos (100-150 g) por pé para um viticultor que vendia as suas uvas às adegas cooperativas? Pouca remuneração, claro, pois pagava-se por quilo. Assim começou o desinteresse dos produtores e consequente diminuição de plantações. Os ensaios de Cardoso Vilhena no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão começaram por restabelecer a reputação qualitativa da casta. E o trabalho de seleção clonal, realizado a partir dos anos 80, resolveu o problema da escassez de produção, tornando-a de novo querida dos viticultores.
É uma autêntica trabalhadora nas vinhas, aguenta bem temperaturas elevadas, a sua película grossa protege os bagos do calor, contribuindo com grande nível de polifenóis e fornece muita matéria corante ao vinho. A casta é pouco sensível ao míldio e oídio. Também é resistente às chuvas de Outono.
É muito fiel a si própria. Segundo Paulo Nunes, com 12% ou com 14% continua a ser Touriga Nacional. Ela também se comporta muito bem na adega, moldável a diferentes tipos de vinificação e com elevada capacidade de envelhecimento, particularmente em madeira.
Dá excelentes vinhos monovarietais, evidenciando os seus aromas primários pronunciados, e acrescenta riqueza ao lote onde entra (se bem que às vezes puxa a primazia para si e é acusada de “ser muito Touriga Nacional”). É facilmente reconhecível pelo aroma e o consumidor geralmente gosta daquilo que lhe é familiar.
Gostos à parte, não podemos negar que a Touriga Nacional tem um papel fundamental, ao lado do Encruzado, na identidade da região. O Dão não é só Touriga, mas também o Dão não seria o mesmo sem ela. Em termos de plantação actual na região, corresponde a 22%, ocupando uma área de 3191ha.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32004″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Além da Touriga” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Há vida (e castas) além da Touriga Nacional. A Jaen, por exemplo. Casta ibérica, cultivada na região do Dão desde século XIX, na Ampelografia Portuguesa de 1865 já é uma das castas dominantes no concelho de Mangualde. Em 2008 passou a ser a casta com o maior encepamento no Dão, com 2484ha, e continua assim até aos dias de hoje, ocupando uma área de 3528ha, o que corresponde a 24% das plantações da região.
Em Portugal tem pouca expressão fora da região, mas em Espanha, com o nome de Mencia, é responsável pelos vinhos elegantes do Bierzo. O seu nome tem origem espanhola e supõe-se que os peregrinos dos Caminhos de Santiago a teriam trazido até nós. Produz muito, sobretudo em terrenos férteis, pelo que a produção tem que ser controlada para evitar vinhos acídulos e aguados. Apodrece com facilidade, o que obriga a evitar zonas mais húmidas. Mas também não gosta de muito calor e, segundo Paulo Nunes, “tem uma janela de vindima muito pequena, pois com 12% de álcool provável fica muito verde, com 14% muito queimada”. Plantada no sítio certo, origina vinhos com boa cor, delicados em termos de acidez e com aromas florais nos primeiros meses de vida, desenvolvendo fruta vermelha como morango e framboesa.
Quanto ao Alfrocheiro Preto, apareceu no Dão após a filoxera, não se sabe exactamente quando. Tem sinonímias nas terras espanholas, sendo chamada Bruñal em Arribez del Duero, Caiño Gordo na Galiza, Albarín Tinto nas Astúrias e Baboso Negro nas ilhas Canárias. Está disseminada por toda a região, é a quarta casta em termos de plantação, ocupando uma área de 896ha e representando 6% do encepamento. É uma casta precoce, sensível ao calor e ao stress hídrico. Enologicamente proporciona equilíbrio notável entre álcool, taninos e acidez. Produz vinhos de cor e aromas intensos de morango selvagem maduro e amora. Os vinhos geralmente têm bom corpo, taninos firmes, mas delicados. Estando prontos para beber jovens, também envelhecem bem ao longo de vários anos.
Finalmente, a Tinta Roriz. A casta ibérica mais conhecida internacionalmente e que assume nomes diferentes em cada região onde é plantada: Tempranillo em Rioja é o mais popular, Tinto Fino em Ribeira del Duero, Tinta de Toro em Castilla-La Mancha, Ull de Llebre em Catalunha, Cencibel em várias regiões. Pensa-se que foi trazida para Portugal antes da filoxera, entrou pelo Douro e desceu até ao Alentejo, onde se tornou uma das castas mais importantes, com o nome Aragonês. É talvez a mais recente “aquisição” do Dão, onde apareceu já no final do século passado devido ao reconhecimento das suas aptidões pelo Centro de Estudos de Nelas. Em 1983 existiam apenas dois hectares de Tinta Roriz, mas assinalou o maior crescimento na região, ficando em terceiro lugar em termos de área e ocupando agora 2756ha, o que dá 19% da plantação.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É uma variedade que produz bem, dependendo do clone, clima e tipologia de solo. Facilmente atinge produções elevadas, o que a faz perder drasticamente a qualidade. Quando o ano vitícola corre bem e assegurando produções controladas, origina vinhos de boa cor, intensos, complexos aromaticamente e bem estruturados. Desenvolve aromas de ameixa e frutos silvestres, ganha complexidade com envelhecimento e tem aptidão para estágio em madeira.
Para além destas quatro principais castas tintas, o património vitivinícola do Dão é bastante grande. A Baga tem uma presença relevante, correspondendo a 5% do encepamento, e Rufete, também conhecido como Tinta Pinheira, corresponde a 3%. Alvarelhão e Bastardo eram as mais cultivadas castas tintas a seguir à Touriga Nacional na Ampelografia Portuguesa de 1865, agora encontram-se nas vinhas velhas ao lado de Tinto Cão, Trincadeira Preta (Tinta Amarela), Marufo (Mourisco), Malvasia Preta (Moreto), Cornifesto e muitas outras a salvaguardar o património vitivinícola da região.
Juntando estas castas, ao clima, aos solos, e aos profissionais cada vez mais competentes e empenhados, o Dão é, na verdade, uma região que nasceu para o vinho. O que o Dão precisa agora é de criar a diferenciação, comunicando bem as suas castas tradicionais, e afirmar-se dentro e fora de portas como região de produção de grandes vinhos com frescura, riqueza aromática e notável equilíbrio, Na realidade, já o é.
[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”31996″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos últimos anos, também têm saído produtos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes, sobretudo a partir da casta Alvarinho, mas também Douro, Dão, Tejo ou Alentejo estão a produzir cada vem mais espumantes e com qualidade muito consistente. Agora é só erguer um flute ou copo ao alto (ou uma tacinha, como dantes de dizia) e… SAÚDE![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº18, Outubro 2018

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30 espumantes de prazer, por menos de €12

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Verão está a acabar, mas todo o ano apetece beber um espumante fresco e vibrante, seja antes, durante ou depois da refeição, e, já agora, que não ponha em causa o orçamento familiar. Provámos três dezenas […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Verão está a acabar, mas todo o ano apetece beber um espumante fresco e vibrante, seja antes, durante ou depois da refeição, e, já agora, que não ponha em causa o orçamento familiar. Provámos três dezenas de espumantes vendidos até €12 e ficámos muito agradavelmente surpreendidos pela sua elevada qualidade.

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS Ricardo Palma Veiga e outros

Um dos produtos vínicos nacionais no qual a evolução qualitativa mais se fez sentir nos últimos anos foi os espumantes. Efetivamente, há pouco mais de uma década contavam-se pelos dedos as marcas de espumantes consistentes na qualidade e na regularidade de lançamentos de novas colheitas. Por isso não espanta que desde 2013 o volume comercializado de espumante certificado tenha dobrado (valores do IVV), assistindo-se também a um aumento na exportação (apesar de a balança comercial de espumantes ser ainda negativa, o que se compreende neste tipo de vinho dada a fortíssima concorrência internacional).
No mesmo sentido, era um sector relativamente acomodado quanto à troika de estilos, bruto, meio seco e doce, e confrontado com consumidores que viam o espumante quase exclusivamente como um vinho de comemoração. Hoje em dia, como de resto se pode avaliar pelos vinhos provados, o leque de estilos é bem mais largo, com brancos de uvas tintas e brancos de brancas, com velhas reservas de longo estágio, e vários brutos naturais, e com espumantes brutos com diferentes dosagens de açúcar. Temos, assim, mais por onde escolher, mais versatilidade e aumento generalizado de qualidade, tudo muito boas notícias. Não há qualquer motivo para não nos orgulharmos dos espumantes do nosso país, mesmo quando provêm, como veremos adiante, de regiões com menor tradição ou de clima mais quente.
Falámos com produtores, e confrontamos garrafeiras, e todos nos confirmaram que não é fácil vender espumante nacional acima de 10€. Na prova realizada, encontravam-se vinhos com ambição, posto que 12€ é um valor bem acima, mesmo quando falamos de espumantes, da média que o consumidor português paga habitualmente por um vinho.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Do “método clássico” ao “cuba fechada”
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Também por isso, praticamente todos os espumantes provados foram produzidos pelo método que garante o melhor resultado na elaboração de um vinho espumante superior em qualquer lugar do mundo. Falamos do denominado método clássico/tradicional, a fórmula champanhesa, ou seja, o método (inventado naquela região francesa) cuja operação decisiva é a segunda fermentação em garrafa conduzindo à libertação de CO2 produzido durante esta fermentação, originando a efervescência ou borbulhas que tanto desejamos.
Existem outros métodos, vocacionados para vinhos de venda mais precoce, como seja o Charmat (segunda fermentação em cuba fechada) ou o método Dioise. Estes dois últimos métodos privilegiam um estilo mais jovem, e têm como principal vantagem conseguirem criar um espumante correcto e apetecível em três meses, ao invés do método clássico (bem mais oneroso em termos de custos de produção) que demora no mínimo seis a nove meses para originar espumantes equilibrados, e vários anos para produzir um espumante de grande nível.
O método Charmat (patenteado pelo francês Eugène Charmat) implica que a segunda fermentação do vinho base não ocorra em garrafa, mas em grandes tanques, geralmente de inox, pelo que quando o vinho é engarrafado já contém gás carbônico.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”29383″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] O conhecido Prosecco, da região italiana Veneto, é feito com recurso a esse método, geralmente a partir da casta Glera. Já no método Dioise (inventado pelo enólogo Federico Martinotti), ocorre a fermentação do mosto em cuba e estanca-se essa mesma fermentação – ou seja, não há uma segunda fermentação – num momento que deve ser o ideal, sendo para isso necessário um mosto muito rico em açúcares, razão pela qual o produto final é um espumante com algum açúcar residual não fermentado. É o processo usado na elaboração do Asti Spumante, por exemplo.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”29393,29394″ bullet_navigation_style=”see_through” onclick=”link_no”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][vc_custom_heading text=”O tempo é fundamental
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Demonstrando a ambição dos produtores nacionais, vários dos vinhos provados beneficiaram de estágio durante longos meses em cave previamente ao dégorgement, operação na qual as leveduras mortas acumuladas na parte superior da garrafa são expelidas e é colocada a rolha final, não sem que haja antes um atesto com o chamado licor de expedição (que, no caso dos “bruto natural” não contém qualquer açúcar).
O estágio em garrafa é, de resto, um dos factores mais relevantes para a qualidade de um espumante. O perfil mais fino, delicado e sofisticado de um espumante é quase sempre o resultado de anos de estágio em garrafa, de preferência em caves frias e relativamente húmidas. Por isso encontramos, no lote dos vinhos que mais nos impressionaram, alguns espumantes de 2009 (Raposeira) e 2010 (Murganheira, Caves Montanha) além de vários de 2013 e 2014, o que representa para cada uma das casas um grande investimento, desde logo em armazenamento.
Isso mesmo nos confirmou Marta Lourenço, enóloga da Murganheira, para quem a região, e a experiência acumulada, mas sobretudo o estágio e posterior selecção são os fatores determinantes. Para Marta, tudo deve ser feito segundo o perfil clássico de Champagne, desde a prensagem das uvas à colocação do produto no mercado, que implica por exemplo a utilização apenas de leveduras livres, evitando-se as leveduras encapsuladas (com membrana). Estas leveduras, que são comumente utilizadas no sector, têm a vantagem de dispensar a operação de remuage, reduzindo custos, apesar de o resultado ser um espumante menos fino para vinhos de longo estágio. Por isso, a Murganheira aposta forte também nas gamas altas, e dirige a sua atenção cada vez mais para o segmento de luxo na restauração nacional, atualmente muito em voga.
Falamos ainda com Alberto Henriques, CEO das Caves da Montanha, empresa bairradina que produz cerca de 2 milhões de garrafas, que destacou igualmente o longo estágio em garrafa, e a correcta temperatura desse estágio, como os factores mais relevantes para a qualidade de um espumante, secundados pela escolha do vinho base (aspecto que Alberto entende ser por vezes negligenciado). Alberto Henriques destaca, ainda, como principal desafio de uma casa de espumantes a manutenção de um estilo ao longo dos anos. À semelhança da Murganheira, também as Caves da Montanha têm vindo a apostar na restauração de luxo, estando presente sobretudo com vinho a copo em alguns dos melhores restaurantes do país.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”Bairrada e de Távora-Varosa dominam” color=”black”][vc_column_text]As regiões da Bairrada e de Távora-Varosa dominam o mercado dos espumantes certificados, com um ligeiro avanço da primeira nos últimos anos; juntas produzem mais do dobro de todas as demais regiões juntas. A elas seguem-se a região do Tejo e a dos Vinhos Verdes.
Outro dado interessante: desde 2014 que a exportação de espumantes tem apresentado um leve decréscimo, mas tem sido compensado pelo consumo interno e pelo aumento do preço médio vendido em Portugal.
[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Regiões de Espumante
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Em Portugal faz-se espumante em todas as regiões. Mas apesar do carácter transversal da produção deste tipo de vinhos, a Bairrada domina, o que não é de estranhar, dada a propensão das suas vinhas para a produção de vinhos bases com boa acidez (a própria gastronomia local é propícia o consumo de espumante…), de tal forma que, segundo os registos, o primeiro vinho natural da região terá sido criado em 1890.
Para se ter uma ideia dos números, a Bairrada produz mais de 7 milhões de garrafas de espumante por ano, dos quais quase dois milhões e meio são certificados (valores da Comissão Vitivinícola da Bairrada), o que revela bem a força da região. De resto, a Bairrada é talvez a região que tem procurado um maior dinamismo no sector, sendo um bom exemplo disso o projeto Baga Bairrada, uma iniciativa da CV da Bairrada para o surgimento de um produto distinto, um espumante branco de uva tinta com regras de produção e identidade gráfica próprias a partir da casta Baga, a mais emblemática da região.
Destaque também para Távora-Varosa, região com muito antigas tradições na produção de espumante. A qualidade dos vinhos da Murganheira e da Raposeira, e bem assim da Cooperativa do Távora (com a marca Terras do Demo), demonstram o patamar de excelência desta região que praticamente se especializou neste tipo de vinho.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”29381″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”Espumantes à volta do mundo” color=”black”][vc_column_text]Apesar do protagonismo da região de Champagne, produz-se espumante em quase todos os países vinícolas, desde o sul de Inglaterra (região emergente e cada vez mais conceituada) até ao Chile, passando pela Austrália. A par de Champagne – a região mais respeitada em todo o mundo – outras de excelência existem, como a Fraciacorta, no norte de Itália. Em ambas as regiões são as castas Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier que brilham. Do Luxemburgo, nas margens do Rio Mosela, vem o Crémant de Luxembourg com vários estilos e derivações. Em Espanha, a produção de Cavas (com base nas castas locais Xarel-lo, Macabeu e Parellada, e ainda Chardonnay e Pinot Noir) não tem parado de aumentar. Ainda em Itália podemos encontrar o Prosseco (método Charmat), o Frizzante e o Spumante (sendo que a distinção entre estes dois últimos é que o Frizzante tem menos gás), cuja qualidade varia de produtos muito bons a relativamente banais. Na África do Sul encontramos belos vinhos sob a denominação MCC (Method Cap Classique, ou seja, método clássico), sobretudo na área do Cabo, em Elim e em Stellenbosch. No Brasil e na Argentina a produção cresceu e afinou-se muito com a entrada dos franceses da Chandon, parte do grupo LVMH.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos últimos anos, também têm saído produtos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes, sobretudo a partir da casta Alvarinho, mas também Douro, Dão, Tejo ou Alentejo estão a produzir cada vem mais espumantes e com qualidade muito consistente. Agora é só erguer um flute ou copo ao alto (ou uma tacinha, como dantes de dizia) e… SAÚDE![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº17,  Setembro 2018

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