Champagnes Henriot chegam a Portugal pela José Maria da Fonseca Distribuição

Champagnes Henriot

A José Maria da Fonseca Distribuição vai passar a representar e distribuir, em Portugal, os champagnes Henriot, da Maison & Domaines Henriot. Os champagnes Henriot são produzidos há 8 gerações — pela casa com o mesmo nome fundada em 1808 — a partir de 35 hectares que incluem vinhas Grand Cru e Premier Cru, nas […]

A José Maria da Fonseca Distribuição vai passar a representar e distribuir, em Portugal, os champagnes Henriot, da Maison & Domaines Henriot.

Os champagnes Henriot são produzidos há 8 gerações — pela casa com o mesmo nome fundada em 1808 — a partir de 35 hectares que incluem vinhas Grand Cru e Premier Cru, nas zonas de Côte des Blancs e Montagne de Reims.

Esta é uma aposta quem vem reforçar portefólio da José Maria da Fonseca Distribuição, e alargar a oferta de produtos da distribuidora. António Maria Soares Franco, administrador da José Maria da Fonseca com o pelouro do Marketing e Vendas, refere: “Este alargamento de portefólio na categoria de champagnes, com um produtor internacional, resulta de um objectivo de alargar a oferta aos nossos clientes, com produtos de alta qualidade e com uma filosofia alinhada com a José Maria da Fonseca. Os champagnes Henriot são de um estilo único, não só pela sua história familiar, como também pelos seus terroirs caracterizados pelos solos calcários da Côte des Blancs”.

O Moreto e as talhas da Granja-Amareleja

Granja Amareleja

Abegoaria e Adega Piteira Entre a margem esquerda do rio Guadiana e a fronteira com Espanha, situa-se a sub-região alentejana da Granja-Amareleja. Um terroir único que é o berço do grupo Abegoaria, e onde a casta Moreto se revela na sua plenitude. Texto: Mariana Lopes Fotos: Abegoaria e Luís Lopes  O Alentejo, região muito diversa […]

Abegoaria e Adega Piteira

Entre a margem esquerda do rio Guadiana e a fronteira com Espanha, situa-se a sub-região alentejana da Granja-Amareleja. Um terroir único que é o berço do grupo Abegoaria, e onde a casta Moreto se revela na sua plenitude.

Texto: Mariana Lopes
Fotos: Abegoaria e Luís Lopes

 O Alentejo, região muito diversa em terroirs, climas e perfis de vinho, tem oito sub-regiões. Uma delas — a mais quente, com mais horas de sol e com solos mais pobres — é a Granja Amareleja. Compreendida entre a margem esquerda do rio Guadiana e a fronteira com Espanha, esta sub-região abrange as freguesias de Amareleja e Póvoa de São Miguel, e também parte das freguesias de Santo Amador e São João Baptista (concelho de Moura) e de Granja, Luz e Mourão (concelho de Mourão). Apesar do clima e solo agreste, a Granja-Amareleja sempre foi explorada para produções agrícolas pelos que lá passaram, sobretudo para vitivinicultura. Quanto a vinhas, ali convivem tipos bem diferentes: as mais recentes, cultivadas com as técnicas modernas; e as antigas, de sequeiro, típicas do minifúndio regional, muitas delas em solos arenosos e em pé-franco, ou seja, plantadas sem porta-enxerto. Mais recentemente, a criação da barragem e do lago do Alqueva veio amenizar a secura e as temperaturas muito elevadas que ali se fazem sentir no Verão, tendo sido precisamente na Amareleja que se registou a temperatura mais alta de sempre em Portugal, 47.4 graus Celsius, no dia 1 de Agosto de 2003 (não bastava ter sido sexta-feira, dia em que já apetece fazer pouco…). Assim, tanto estas particularidades edafo-climáticas, como as do encepamento presente na sub-região, tornam os seus vinhos únicos. A casta tinta Moreto, por sua vez, é a mais identitária da Granja-Amareleja, a mostrar nos vinhos a sua faceta mais elegante, estruturada, ampla e até fresca, expressando-se como não se expressa em mais nenhuma região. Mas já lá vamos…

Granja AmarelejaAbegoaria, Adega da Granja e Manuel Bio

A Abegoaria é um grupo vitivinícola que nasceu na Granja Amareleja (primeiro com o nome Encostas do Alqueva), cuja história não pode ser dissociada da família Bio. Tudo começou quando Manuel Bio, com origem também na margem esquerda do Guadiana, decidiu assumir a presidência da Adega da Granja (Cooperativa Agrícola da Granja), em 2007, depois do colapso total desta em 2002. O gestor e empresário teve três grandes razões para o fazer, a pedido da própria cooperativa: a grande visão social e da economia local que sempre teve; o facto do seu pai ter sido associado da cooperativa; e a fama de excelente gestor e impulsionador de negócios que todos lhe reconheciam, com percursos irrepreensíveis em grandes empresas. “Decidi, também pelo meu pai, ir a uma assembleia geral da Adega, para ver o que se passava. Depois, com a ajuda do banco, pagámos todas as uvas que estavam em dívida de 2002 a 2006. Hoje, não devemos nada a ninguém. O negócio flui e já investimos mais de dois milhões de euros”, contou Manuel Bio. Sem surpresas, revitalizou completamente a Adega da Granja e aumentou as suas vendas exponencialmente, e reabilitou a sua importância social e económica, sendo esta cooperativa hoje responsável por 95% da produção da sub-região, com cerca de seis milhões de garrafas produzidas por ano e cem viticultores associados.

Este foi o ponto de partida para que Manuel Bio quisesse criar sociedade com o enólogo José Piteira (responsável pela Adega da Granja) e Filipe Lourenço, para criar um projecto ambicioso que hoje tem o nome de Abegoaria, e que produz vinho em várias regiões portuguesas, mas também azeites, queijos e enchidos. Produz um total de nove milhões de garrafas por ano, mas na verdade faz cerca de 18 milhões de litros de vinho, fornecendo em formato bag-in-box para as principais redes de supermercado em Portugal. Para 2021, prevê-se uma facturação de 30 milhões de euros. Várias empresas de menor dimensão foram criadas entretanto, sob a “umbrela” Abegoaria, como a Amareleza Vinhos, especificamente no Alentejo, que inclui os vinhos GA e Piteira (feitos na Adega da Granja), e também os José Piteira, do pequeno projecto de talhas Adega Piteira, na Amareleja. A maior parte do projecto Abegoaria é virado para o consumidor português, com apenas 12% da produção exportada, o que vai de encontro à filosofia da empresa. Só na Granja-Amareleja, estes três sócios gerem dois terços de toda a sua produção.

Em 2015, deu-se a compra da Herdade Abegoaria dos Frades, localizada em Alqueva, assumida como a “a jóia do projecto”, a propriedade-mãe. Antes da criação do lago e barragem, a antiga família proprietária tinha ali 5000 hectares, mas agora esta Herdade inclui “apenas” 500. Portadora de uma luz impressionante, estende-se por uma planície que se pode observar, quase na totalidade, a partir do topo das duas torres circulares que descansam na entrada principal e que são os depósitos de água que alimentam toda a Herdade. Com uma bonita zona de piscina, 30 quartos actualmente em finalização, canil, adega (com 34 talhas) e lagar de azeite, a Herdade Abegoaria dos Frades será em breve um destino enoturístico de luxo. “Vamos fazer nesta adega algumas especialidades, no futuro, mas servirá sobretudo para os hospedes fazerem o próprio vinho e azeite”, revelou Manuel Bio. Ali, a área de vinha é de 55 hectares, com previsão deste número crescer para 95, em 2022. São sete as castas tintas presentes — Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet, Marselan, Touriga Nacional, Aragonez e Petit Verdot — e cinco as brancas — Verdelho, Viosinho, Arinto, Antão Vaz e Roupeiro.

Granja Amareleja
Manuel Bio, administrador da Abegoaria e presidente da Adega da Granja.

Duas vinhas muito diferentes

Foi com Manuel Bio, José Piteira e Luís Bio (responsável de internacionalização e exportação), que visitámos duas vinhas emblemáticas e importantes para a Adega da Granja e para a Amareleza Vinhos, totalmente distintas uma da outra.

A Vinha da Luz é a vinha comunitária, de 87 hectares, da nova Aldeia da Luz, lugar que tem cerca de 300 habitantes. Foi plantada quando da construção da nova aldeia, em 2002, tendo sido oferecido um hectare a cada família “realojada” (a antiga aldeia ficou submersa pelo lago do Alqueva). Hoje, alguns dos proprietários de parcelas desta vinha já as alugam a outros, e a Adega da Granja compra uvas a muitos destes viticultores. “Esta vinha foi muito importante para a sub-região da Granja-Amareleja, porque antes de existir só havia vinhas ou pouco produtivas ou em decadência”, explicou Manuel Bio. Sendo (ainda) a maior da sub-região, esta vinha tem Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira e Tinta Caiada, entre outras.

A outra vinha que visitámos nada tem que ver com a primeira: é uma vinha de Moreto com cerca de 80 anos de idade, plantada em pé-franco, na Póvoa de São Miguel. O solo, de quartzo, xisto e calhau rolado, é de base arenosa, com pouca argila. A antiguidade da vinha nota-se na partilha do espaço entre oliveiras e videiras, e também na baixa produtividade, de menos de três mil quilos por hectare. José Piteira revelou-nos aqui que é nestas areias grosseiras que está o melhor Moreto, casta que, até aos anos 90, representava 80% do encepamento da Granja-Amareleja. Empenhados em recuperar cada vez mais a variedade identitária, no projecto Amareleza Vinhos, Manuel Bio e José Piteira prevêem plantar, em breve, uma vinha só de Moreto junto à Adega da Granja.

Moreto e Adega Piteira

Na Amareleja situa-se a Adega Piteira, pequena e tradicional adega de talhas de José Piteira. Neste exacto sítio, aos doze anos, o enólogo auto-didacta iniciou-se no Vinho de Talha, aprendendo e ajudando o seu padrinho, José Amante Baleiro. Dedicando-se totalmente ao Vinho de Talha até 1999, pegou na sabedoria que o padrinho lhe transmitiu e adicionou-lhe a sua própria impressão digital, fazendo hoje na Adega Piteira vinhos únicos, de qualidade superior, plenos de carácter, para os quais muito contribuem as castas Diagalves (branca) e Moreto, esta última também vulgarmente presente na Amareleja, em vinhas de pé-franco.

Granja Amareleja
Adega Piteira em Amareleja

A uva Moreto, citada já em textos do século XVIII, tem bastante tradição na Granja-Amareleja, mas em outras partes do Alentejo não é muito bem-amada. José Piteira, fiel protector da casta, falou-nos dela e fez-nos compreender a dicotomia: “É uma casta difícil, que precisa de condições muito próprias, que praticamente já não se encontra em viveiros. Acabou por se adaptar, ao longo de muitos anos, na Amareleja, presente inclusive em vinhas com quase 200 anos. Aqui tem muita qualidade, concentração e equilíbrio, com cor e maturações boas, sobretudo pela característica arenosa dos solos, onde está plantada em pé-franco — porque os solos de areia são menos propensos ao ataque da filoxera — e pela sua elevada resistência ao calor, ao míldio, ao oídio e a pragas como os ácaros e a cicadela. Outra razão para ser boa aqui é o facto de estar plantada nos solos menos produtivos, porque antigamente os melhores solos destinavam-se a trigo, os menos bons a oliveira e os piores a vinha. E a Moreto precisa de stress hídrico, por isso dá-se bem nesses solos mais secos. Também o compasso entre as videiras e a condução são muito importantes. Aqui, não podemos retirar muita folha nem ter as cepas altas, isso só nas regiões mais frescas. A condução em taça é a mais favorável, como um compasso de 1.80 por 1.80 metros, no mínimo”. Para José Piteira, “na adega também é difícil, tem de se fazer muita selecção. No entanto, dá bastante acidez e é muito aromática, e isso é muito bom. Na adega percebemos porque é que foi uma casta muito arrancada, dado que chegamos a ter Moreto com 18% de álcool provável, de vindimas mais atrasadas. Também por isso já só há cerca de 80 hectares de Moreto. Há-que recuperá-la aqui na Granja-Amareleja”.

Granja Amareleja
José Piteira, mestre das Talhas

Os brancos e os tintos de talha José Piteira estagiam sempre dois anos em garrafa, antes do lançamento para o mercado. Na vinificação, não levam leveduras extra nem engaço, apenas o mosto e películas da uva. A manta, que sobe naturalmente por efeito do gás carbónico até ao topo das talhas, é recalcada e mergulhada duas vezes por dia, de manhã e ao fim da tarde. José Piteira explicou tudo isto junto às suas talhas e mostrou, inclusive, alguma indignação em relação à adulteração que alguns fazem ao processo ancestral. “Vejo muitas talhas demasiado cheias, e depois não corre bem. O corpo humano tem um membro que indica perfeitamente a altura a que as massas devem ficar na talha, que é o braço”, demonstrou. Ali, no meio dos idílicos recipientes de barro de 1800 litros, fizemos uma prova vertical — de 2016 a 2020 — dos vinhos de talha José Piteira, branco e tinto, e provámos também os “não-talha” GA Moreto — de 2015 a 2019 — e o GA Moreto Oak 2015, um Moreto estagiado em barrica. O objectivo foi cumprido: perceber que o Moreto e as castras tradicionais brancas (neste caso Diagalves, Roupeiro, Fernão Pires e Arinto) têm uma longevidade e expressão incríveis quando feitos em talha, e uma frescura surpreendente…

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2021)

Não foram encontrados produtos correspondentes à sua pesquisa.

GRANDE PROVA – Late Bottled Vintage

Late Bottled Vintage

Porto de excelência, gastos comedidos  Este é o Porto do nosso contentamento. E tem tudo para nos dar bons momentos: tem complexidade, é polivalente à mesa, tem uma excelente relação preço/prazer e ainda permite a conservação em cave para usufruto futuro. É caso para perguntar: o que querem mais?  Texto: João Paulo Martins Fotos: Ricardo […]

Porto de excelência, gastos comedidos

 Este é o Porto do nosso contentamento. E tem tudo para nos dar bons momentos: tem complexidade, é polivalente à mesa, tem uma excelente relação preço/prazer e ainda permite a conservação em cave para usufruto futuro. É caso para perguntar: o que querem mais?

 Texto: João Paulo Martins

Fotos: Ricardo Palma Veiga

 Esta é sempre uma prova que tem tanto de fácil e agradável como de difícil; fácil porque os vinhos têm uma qualidade muito elevada (como se pode ver pelas classificações), agradável porque estes são vinhos do Porto muito sedutores e atraentes, e difícil porque maioritariamente são vinhos muito parecidos entre si. Esta é também um tipo de prova em que, outro provador, outro nariz e com outra ideia sobre o que é e não é um LBV, originaria porventura algumas avaliações diferentes.

Valerá a pena explicar melhor. A dúvida, se se pode pôr a questão nestes termos, é entre dois perfis de LBV: um que tem muitos pontos de contacto com o “estilo vintage”, profundo, vigoroso e concentrado, e outro onde se sente um Porto mais redondo e amaciado pela madeira, menos complexo e mais pronto para ser bebido de imediato. Qualquer produtor pode fazer dos dois tipos, consoante o perfil da marca, e fazer um ou outro depende muito da matéria-prima e da forma como conservou o vinho durante o estágio. Se a guarda for em grandes cubas ou balseiros há uma menor oxidação e maior preservação da fruta e do vigor; estágios em pipas ou em depósitos de menores dimensões facilitam alguma oxidação e arredondamento do perfil.

A lei que regulamenta as categorias especiais do Vinho do Porto (datada de 1973) é clara: para ter direito à designação de LBV o vinho, de qualidade reconhecida, tem de ser engarrafado entre o 4º e o 6º ano após a vindima. Temos então um vinho que esteve mais tempo em casco do que o vintage – este tem de ser engarrafado entre o 2º e 3º ano – mas que tem com ele muitas similitudes: a concentração da cor, a tonalidade bem escura, quando não opaca, e o mesmo vigor aromático. Cabe então ao produtor “desenhar” o perfil de LBV de acordo com o estilo que se pretende. A verdade é que, cada vez com mais frequência, os produtores estão a fazer os engarrafamentos ao 4º ano, obtendo assim vinhos de grande expressão de fruta e muito robustos que é, dizem os enólogos com quem falámos, o que se pretende neste tipo de vinho.

Enquanto no Porto Vintage os vinhos não são intencionalmente filtrados antes do engarrafamento, nos LBV podem ser ou não, dependendo do estilo de cada marca e de cada casa. Os LBV filtrados – um dos exemplos, nesta prova, é o Graham’s  – são vinhos que já não irão ganhar depósito na garrafa, têm rolha bar-top (com tampa de plástico) e não requerem cuidados no manuseamento. São por excelência os vinhos do Porto do canal HORECA mas que também estão disponíveis no comércio tradicional. Alguns dos outros que não são filtrados trazem essa indicação no rótulo – Unfiltered – sugerindo assim que podem ganhar depósito com o tempo em garrafa. Estes, por norma, são os que melhor enfrentarão a cave. Falo aqui da cave porque estes vinhos ganham com o tempo de guarda.

Há alguns anos promovemos uma prova que procurava exemplificar o que agora afirmo e a conclusão foi bem interessante: só provámos vinhos LBV com idade entre os 10 e 15 anos e mostraram estar ainda com grande saúde. São boas indicações para os leitores.

Temos então perfis de vinhos para todos os gostos. Esta é uma categoria a ganhar cada vez mais adeptos, sobretudo nos mercados externos, para onde é canalizada a grande fatia da produção dos grandes grupos do sector. Repare-se: o grupo que integra a Taylor/Fonseca/Croft tem nos LBV um dos seus principais activos, representando cerca de 20% da facturação; produzem 1 600 000 garrafas/ano, com a Taylor’s a ter aqui uma quota importante; é de resto a marca de LBV mais vendida no mundo. A exportação absorve 95% da produção. Nos outros grandes grupos notamos também que a exportação é o destino da esmagadora maioria dos LBV’s que se produzem. O quantitativo do grupo Taylor é bem significativo porque quer a Sogevinus quer a Sogrape se situam no patamar das 200 000 garrafas/ano nas várias marcas que detêm e o grupo Symington anda pelo milhão de garrafas de LBV.

Os dados do IVDP confirmam que tem havido um crescimento do quantitativo de vinho certificado nesta categoria; é verdade que 2020 foi um ano atípico mas de 2017 a 2019 o crescimento teve algum significado e a quota do mercado interno também tem subido com consistência, situando-se nos 14% dos vinhos do Porto comercializados.

Late Bottled VintageUma história com estórias

A ideia de fazer um vinho que tivesse um estilo próximo do Vintage terá surgido no pós-guerra, quando era difícil vender vinho, o poder de compra era fraco, as exportações diminutas e o clima económico muito retraído. A aposta foi então criar um vinho que pudesse ter edição anual (ou quase) e que fosse mais competitivo em termos de preço. Ora, quando a legislação saiu, como dissemos em 1973, foi possível, dada a conta corrente que o IVDP dispunha de todos os stocks das firmas, autorizar na categoria LBV vinhos que por uma qualquer razão estivessem engarrafados e que cumprissem o requisito do “entre o 4º e o 6º ano”. É por essa razão que a Ramos Pinto tem um LBV dos anos 20, quando na altura a categoria nem sequer existia e a Burmester tem também um LBV de 1964. Aos poucos todas as casas foram percebendo que este era um negócio interessante porque não obrigava a tanto tempo de stock como os tawnies com indicação de idade e por isso havia um retorno mais célere do investimento. Hoje quase todos os produtores, grandes e pequenos, apostam nesta categoria embora, como é normal, as excepções também existam, como é o caso da marca Pintas, que não contempla a categoria LBV.

Em relação ao LBV 1964 da Burmester há uma pequena história curiosa: num curso de iniciação à prova de vinho do Porto, fiz questão de levar este LBV para as provas, um pouco para demonstrar que este não era o tipo de vinho mais aconselhável se queríamos conservar em cave por muitos anos. A minha ideia saiu furada porque, apesar de apresentar uma concentração muito ligeira e na cor ser apenas um “rosé um pouco mais carregado”, o que é certo é que, aromaticamente, estava tão bom que foi o Porto que os alunos mais apreciaram. Temos então como ideia a reter: a guarda é possível e em muitos casos desejável. Tudo com pouco investimento inicial, o que é factor a ter em linha de conta.

Neste momento existem já muitos vinhos da colheita de 2016 (os tais 4 anos a que a lei obriga) mas em prova tivemos igualmente muitos de 2015 (pode especular-se que por diminuição de vendas em 2020 e por isso os 2016 ainda não estão no mercado) e também de 2013. Segundo fonte do IVDP, destas três colheitas e até Dezembro de 2020 estão aprovados 79 rótulos para LBV. Seguramente que no final das contas este número subirá, e muito.

Late Bottled VintageOs destinos e a falta deles

Na resposta a esta pergunta temos um primeiro destinatário óbvio: o Reino Unido e, crescentemente, os Estados Unidos. Os portugueses ficam com uma quota de 14% do que se produz mas canadianos e dinamarqueses são também bons consumidores; são mercados seguros que não têm as mesmas oscilações que os mercados emergentes podem ter, como a Rússia, a China e em geral o Extremo Oriente. Os ingleses sempre tiveram uma atitude cerimoniosa com o Porto Vintage e o LBV procura dessacralizar o consumo e torná-lo mais despreocupado e possível em qualquer momento e não apenas a acompanhar o queijo Stilton.

Por cá não fazemos bem o trabalho que nos competia. A restauração não inclui por norma o Porto nos menus degustação e, mesmo que fosse um “mimo do Chefe”, tudo se teria a ganhar em oferecer um Porto no final da refeição mesmo que não tenha sido pedido e não seja incluído na conta. É uma forma barata de segurar a clientela e fazê-la voltar. Mas as empresas também pouco fazem pelo vinho e as promoções incidem sobre tawnies correntes que podem vender muito mas não acrescentam valor e não são atractivos para camadas mais jovens. Na própria região do Douro é lamentável o que se serve de Porto na restauração e como se serve. As poucas excepções não ajudam a melhorar o panorama geral que é muito desolador. Sabendo-se que um LBV se manterá de boa saúde cerca de um mês após a abertura, não há desculpas para não ser mais usado como complemento da refeição.

Que farei eu com este vinho?

É perante a prova que podemos decidir o que fazer com o vinho. Alguns dos mais vigorosos – como os que classifiquei com notas mais elevadas – podem ter uma dupla forma de consumo. A mais evidente é com o queijo seco no final da refeição. A tradição sugere o Stilton, queijo azul de leite de vaca, e os britânicos do sector do Vinho do Porto também seguem o mesmo padrão, a ver pela sobremesa que habitualmente se serve na Feitoria Inglesa, no Porto. É uma ligação feliz mas que pode ser usada em relação a outros queijos, sempre no registo de queijo seco. E se se quiser manter o queijo inglês, um bom Cheddar (não confundir com as versões baratas de supermercado de bairro) pode também ser perfeito companheiro, tal como será um queijo holandês Gouda Velho de 1000 dias de cura (Corte Inglés, Lisboa) e, claro, os nossos bons queijos secos, desde o Terrincho ao Serra muito curado. Uma proposta mais ousada – já tentada e comprovada – é a ligação destes LBV jovens e taninosos com um steak au poivre; a ligação espúria entre carne e um vinho doce pode ser ultrapassada porque a enorme quantidade de pimenta que o bife leva não facilita a ligação com qualquer outro tipo de vinho.

Num registo de sobremesas doces, a ligação pode ser feita com tartes de frutos vermelhos ou negros, gelados que sejam acompanhados de compotas de ameixas, mirtilos ou outros. E, claro, chocolate. Em qualquer caso o LBV, com a polivalência que apresenta, é sempre uma grande aposta a um preço muito interessante.

(Artigo publicado na edição de Janeiro 2021)

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Luís Pato e Mário Sérgio Nuno: Os amigos da Baga

Amigos Baga

Há 20 anos, a esmagadora maioria das empresas e produtores apontava a Baga como a razão principal da perda de mercado da Bairrada. Dezenas de variedades entraram então na denominação de origem e a Baga perdeu a posição dominante. Hoje, no entanto, ganhou estatuto de nobreza, é crescentemente utilizada nos vinhos mais cotados da Bairrada […]

Há 20 anos, a esmagadora maioria das empresas e produtores apontava a Baga como a razão principal da perda de mercado da Bairrada. Dezenas de variedades entraram então na denominação de origem e a Baga perdeu a posição dominante. Hoje, no entanto, ganhou estatuto de nobreza, é crescentemente utilizada nos vinhos mais cotados da Bairrada e experimentada fora da região. Globalmente, que motivos encontram para esta alteração na forma de encarar a Baga por parte de produtores e consumidores?

LP – Para responder a isso é preciso contextualizar o momento que se vivia há pouco mais de duas décadas. Logo após a sua demarcação, em 1979, a Bairrada passou a rivalizar com o Dão como as duas mais importantes regiões de vinhos. Uma marca como Frei João era encontrada em todo o lado. Mas o vinho de Baga era fornecido às empresas engarrafadoras pelas cooperativas, que pagavam em grau/quilo. E a cepa de Baga dá bastante uva, pelo que os produtores produziam o máximo possível. E depois, havia outra desvantagem: o vinho tinto era duro, ácido, era preciso esperar por ele, o tinto de Baga não se vendia jovem. O mercado passou a procurar menos Bairrada e as maiores empresas da região apostaram na introdução de castas estrangeiras como a “salvação” do negócio.

Pessoalmente, nunca me incomodei muito com isso. Sempre achei que, independentemente do que cada um plantasse, a economia, o mercado, se encarregaria de resolver o assunto e definir qual o melhor caminho. E a verdade é que resolveu. Hoje estamos a voltar à Baga, como casta diferenciadora e como casta que acrescenta valor. A razão para o retorno à Baga?  Aí, sem puxar a brasa à minha sardinha, acredito que os Baga Friends foram os principais responsáveis, individualmente e enquanto organização. O outro impulso para a mudança de atitude em relação à Baga, foi quando se descobriu que a casta podia originar espumantes de grande qualidade.

MSN – Desde que me iniciei como produtor que assisto e participo em colóquios e debates sobre a região e é verdade que a Baga era apontada por muitas das maiores empresas e cooperativas como a desgraça da Bairrada. Algo que nunca entendi, embora reconheça que nós todos, enquanto produtores, tivemos uma quota de responsabilidade na quebra de confiança da região relativamente à Baga. Primeiro, num determinado período, houve uma reestruturação vitícola que se apoiou em enxertos pouco adequados à casta, demasiado produtivos. Por outro lado, a instalação da Sogrape na região, no final dos anos 70, com adega vinificação para rosé (sobretudo), e a pagar bem as uvas, levou os pequenos produtores a entregar a colheita, deixando de vinificar para vender a granel às caves. Muita da melhor Baga desapareceu aí.

 LP – Lembro-me que, para esses debates, a Comissão Vitivinícola trouxe grandes nomes da viticultura e enologia francesa, que depois de estudarem as vinhas e os vinhos concluíam, invariavelmente, que a Baga era o caminho. Mas os locais achavam que não, diziam que os franceses não queriam que plantássemos Cabernet e Merlot para evitar a concorrência que lhe iríamos fazer! (risos)

Amigos Baga
“Acredito que os Baga Friends foram o principal motor da notoriedade da Baga junto dos produtores e consumidores” – Luís Pato

MSN – No entanto, já desde os anos 80 e 90 havia produtores a fazer vinhos de Baga de excelente qualidade. Deixando de lado o caso do Luís e o meu, refiro, entre outros, Casa de Saima, Sidónio de Sousa, Gonçalves Faria, Quinta da Dôna. Isso deveria ser indicador mais do que suficiente de que afinal era possível fazer coisas muito boas com Baga, bastava trabalhá-la na vinha para produzir qualidade e não quantidade. É claro que era muito mais fácil colocar uma vinha a produzir Merlot em quantidade e de forma consistente. Mas isso não nos traria valorização nem futuro. No fundo, sempre faltou uma visão estratégica para a região.

O que mudou? Estou de acordo com o Luís, os Baga Friends foram determinantes na viragem, não porque tenham feito realizações ou eventos especialmente importantes, mas porque deram um sinal de confiança para quem cá estava. E foram (e são) individualmente, exemplos de sucesso com Baga, mostrando que é com esta casta que podemos valorizar economicamente a região.

 

Como se comporta a Baga na vinha, quais os seus principais defeitos e virtudes?

 LP – O principal problema da Baga é o excesso de produção, sobretudo quando enxertada em bacelos vigorosos ou plantada em locais menos adequados. Mas uma coisa é a produção da Baga para tinto, outra é para espumante. Quando utilizada para espumante, a produção “ideal” é completamente diferente. Dez toneladas/hectare, para espumante, não é nada de mais, antes pelo contrário. Mas para fazer um Baga de superior qualidade já não serve.

Para os detractores da Baga, a pior característica da uva é o facto de ter a película fina e apodrecer facilmente com a chuva na altura da vindima, a partir da segunda quinzena de setembro, que é quando está madura. E tudo piora se estiver plantada em terrenos de areia, onde as videiras, carentes, se “embebedam de água”, absorvendo de imediato as primeiras chuvas. Já na argila e calcário, as raízes levam vários dias até receberem a água. Por acaso, neste aspecto, o aquecimento global, até tem ajudado, hoje a chuva no equinócio é mais rara. Mas, mais uma vez, quando se pensa em Baga para fazer espumante, esse problema nem existe, pois as uvas são colhidas muito mais cedo. A maior virtude vitícola da Baga é ser muito resistente ao oídio e ao míldio. É uma casta muito bem adaptada a esta região, foi formatada pela natureza, está aqui há séculos…

MSN – Para mim é inquestionável que a Baga tem um comportamento completamente diferente no argilo-calcário e na areia. A Baga é uma casta de argilo-calcário, de preferência de encosta ou meia-encosta, para não ter problemas de excesso de humidade. Mas muitos desses terrenos foram abandonados por serem difíceis de mecanizar. No início da década de 90, quando veio dinheiro para a vinha, muita gente abandonou a Baga dos terrenos mais complicados de trabalhar e plantou-a nas zonas baixas de areia. Um erro tremendo. Mas isso também se explica pela pequena propriedade, dispersa por muitas parcelas. As pessoas não faziam só vinha, tinham batata, milho. Possuiam um único tractor que servia para tudo, mas não conseguia entrar nas encostas de barro…

Para além da resistência às doenças, uma grande vantagem da Baga, quando plantada nos solos certos, de argila e calcário, é que dificilmente tem problemas de stress hídrico, mesmo nos anos mais secos e quentes. E a Baga resiste muito bem ao escaldão.

Amigos Baga
“Eu trabalho com algum empirismo, a experiência é importante para mim, mas respeito muito a ciência, não há evolução sem ciência” – Mário Sérgio Nuno

 

O trabalho efectuado ao nível do apuramento dos clones de Baga foi importante para vocês ou, quando plantam uma nova vinha de Baga, preferem confiar na reprodução das melhores cepas das vinhas antigas?

MSN – As duas situações são importantes. Ao longo dos últimos anos, nas vinhas que originam os meus melhores vinhos, tenho feito uma seleção das melhores videiras, para tirar varas e enxertar nas vinhas novas. São cepas que conheço, sei o que dali vai sair. Mas a Estação Vitivinícola da Bairrada tem feito um óptimo trabalho de selecção clonal que eu tenho usado também em algumas plantações. Eu trabalho com algum empirismo, a experiência é importante para mim, mas respeito muito a ciência, não há evolução sem ciência.

LP – A selecção clonal é fundamental para a Baga. E dou um exemplo. Em 1990 plantei a vinha da Quinta do Moinho. E verifiquei que as uvas eram muito mais regulares em termos de maturação, muito mais homogéneas no cacho, do que antes. A história de que a Baga amadurecia mal era também devida a não se ter feito um trabalho de selecção clonal. Infelizmente, nessa época, a Estação Vitivinícola, em vez de trabalhar para melhorar a Baga, seleccionando os melhores clones, por imposição dos agentes económicos entreteve-se a estudar e plantar Cabernet Sauvignon… Quando resolveu apostar na Baga o resultado foi imediato. Sou fiel adepto da selecção clonal, mas não devemos ter só um clone à disposição, devemos poder escolher entre clones mais ou menos produtivos, com bago mais pequeno ou cacho menos fechado, etc.

MSN – Para a região evoluir, é crucial haver um estudo rigoroso sobre a Baga e, nomeadamente, sobre a maturação. Porque o resto, ela tem tudo: cor, corpo, tanino, acidez. Se for feita uma selecção no sentido de obter clones com maturação um pouco mais precoce, para fugir às chuvas, será o ideal. É que ainda há muita vinha de má qualidade na Bairrada. E as pessoas que tem vinhas más de Baga, acham que o problema é da casta, não acreditam que ela pode ser excelente com os clones certos nos locais certos.

Esse é um trabalho que a Estação Vitivinícola deveria desenvolver, orientando os viticultores para clones adequados ao seu modelo de negócio, clones adequados a vinhos tintos e clones adequados a espumantes, estes necessariamente mais produtivos.

 

O Luis foi o primeiro produtor em Portugal a mencionar as vinhas velhas na rotulagem como elemento diferenciador. Também o Mário Sérgio, desde há muito, comunica as vinhas velhas como mais valia qualitativa em alguns dos seus vinhos. As vinhas velhas da Bairrada, onde a Baga se destaca, fazem realmente a diferença? E porquê?

LP – As vinhas velhas fazem diferença. Primeiro, produzem menos. Depois, são conduzidas num sistema típico da Bairrada, amparadas numa estaca, em que ficam em três dimensões com os cachos dispersos e arejados. Agora, com a mecanização, já ficam em duas dimensões, mais apertadas e por vezes com os cachos sobrepostos. E finalmente, as raízes são mais profundas o que lhes proporciona um superior nível de resiliência. Por exemplo, na Vinha Barrosa as cepas são muito velhas e nos anos de calor extremo ela quase não sente nada…

MSN – Eu acredito que, na vinha velha, o enraizamento profundo é mesmo o factor qualitativo mais importante. É que nem sempre a vinha velha produz pouco… Como o Luís já referiu, há muitos exemplos de vinhas velhas plantadas com porta enxertos que fomentam o vigor e a produção, e que originam fruta de baixa qualidade. Por isso, eu prefiro, de longe, uma vinha nova (15, 20 anos) plantada num local de excelência do que uma vinha velha mal concebida e no local errado. O local, o terroir, é o fundamental.

 

Como caracterizam, então, o terroir ideal para a Baga?

LP – Em poucas palavras, meia-encosta, solo argilo-calcário e exposição este-sul-poente. A exposição norte é para vinhos brancos.

MSN – Eu também procuro sempre a exposição sul-poente. Da experiência que eu tenho, a Baga de argilo-calcário sofre pouco com o calor, não tem problema em estar virada para o sol. Por vezes, mesmo nas épocas mais secas, basta levantarmos umas pedras na vinha e encontramos humidade…

 

E, na Bairrada, onde estão, em vosso entender, esses locais de excelência?

LP – Para mim, as melhores zonas da Bairrada para fazer grandes tintos de Baga são Silvã, Enxofães, Murtede, Ventosa, Óis, Ancas e também, a zona já a caminho do Luso, Vacariça.

MSN – Os meus locais preferidos são muito coincidentes com os do Luís, acrescentando aí Barcouço, Pisão, e, mais a sul, Ourentã, Cordinhã e Souselas, que originam um estilo de Baga diferente daquele que nós produzimos aqui. Mas dentro destas zonas, há de tudo. Em Ancas, por exemplo, de um lado da estrada temos areia, do outro existe barro. No Pisão, temos aquelas encostas cheias de argilo-calcário, mas também zonas cobertas de areia de pinhal. A heterogeneidade de solos é enorme.

 

Falemos de adega e de vinho. Aos 72 anos de idade, Luis é desde há décadas apontado como revolucionário. E Mário Sérgio, ainda que mais jovem (54), ganhou notoriedade como conservador/clássico. Apesar dos vossos conceitos e vinhos serem bem distintos chegam aos mesmos consumidores e são valorizados no mercado por essa assinatura de identidade. Em termos de Baga e Bairrada, o que é ser revolucionário ou rebelde, o que é ser clássico ou conservador? Ou colocando as coisas de forma mais simples, como gostam de trabalhar a Baga na adega?

LP – Logo que comecei a trabalhar em vinhos procurei levá-los para fora da região e do país. E percebi que muitos consumidores, gostando dos vinhos, os achavam algo adstringentes e difíceis, só amaciando com a idade. Aí, a minha “rebeldia” foi procurar perceber como tornar a Baga mais redonda e apreciada desde cedo. Eu fazia uma quantidade grande de vinho tinto e não podia esperar dez anos para o vender. Fazendo a monda de cachos para antecipar a maturação fenólica, utilizando o desengace (tirar o lenho do cacho antes da fermentação), com controlo de temperatura, a minha preocupação foi sempre fazer os vinhos mais elegantes. Mas sempre com Baga, não com Merlot! Aí sou um tradicionalista como o Mário! Há dois anos um crítico internacional disse-me que os vinhos que agora faço são tão redondos e elegantes que já não vão durar o mesmo que antes. E eu respondi-lhe que sim, tem razão, agora só vão durar 30 anos e não 40. Mas para mim chega, já cá não estarei! (risos)

MSN – Eu tenho uma dimensão muito menor do que o Luís [28 para 55 hectares de vinha] e trabalho também por isso de maneira diferente. Basicamente, quando comecei a engarrafar, na colheita de 1987, prossegui o trabalho dos meus avós na adega que eles mesmo fizeram. A dimensão é muito importante aqui, determina tudo. E apesar de os meus vinhos serem mais difíceis para os consumidores que os provam pela primeira vez, a minha dimensão permite-me ir ao encontro dos apreciadores que os valorizam precisamente por isso. Acredito que há mercado para todos os estilos, desde que o vinho seja de qualidade. O meu classicismo vem assim de aproveitar o que já havia: manter os lagares, manter o engaço, utilizar para estágio os grandes e velhos tonéis de madeira. Madeira nova, ali não entra! (risos)

 

Fazem vinhos de Baga há muitos anos e, naturalmente, a experiência e as exigências de qualidade, levam à evolução. Quais foram as principais mudanças que fizeram na vossa forma de trabalhar a Baga?

MSN – No meu caso, claramente, a grande mudança foi feita na viticultura, sobretudo com a monda de cachos. Ainda tive a sorte de trabalhar dez anos com o meu avô, que me ensinou muito, mas quando comecei a deitar cachos para o chão fui quase excomungado. A monda permitiu uma maturação muito mais regular e acabou com aquela história de “em cada década há dois bons anos de Baga”. Os cuidados na vinha fizeram, na Quinta das Bágeiras, a grande diferença. Depois, o facto de termos um alambique para fazer aguardente e, a partir de determinada altura, termos começado a produzir espumante rosé, permitiram fazer duas ou três passagens na vinha em cada vindima, deixando apenas a melhor Baga para os tintos. De resto, em termos de vinificação, houve muito poucas alterações no processo de vinificação desde 1987. Talvez, a utilização de barricas velhas borgonhesas para o estágio do Pai Abel tinto seja a mais relevante. Claro, fomos aprimorando um ou outro detalhe, mas nada de mais.

LP – Quando comei a fazer o vinho em casa da minha sogra, era em lagares. Em 1980 fui a Bordéus e fiquei fascinado com a remontagem mecânica. O pessoal que trabalhava na adega era mais velho do que eu sou hoje e era complicado e até perigoso andarem em cima do lagar. Fiz então os primeiros vinhos em cuba, ainda com engaço. Na vindima de 1985 comecei a desengaçar. Depois, em 1988 iniciei as fermentações com controlo de temperatura. Em 1989, começaram as experiências de monda (apesar dos professores de viticultura serem, na época, contra a monda…) que só ficaram afinadas em 1995. A partir de 2001, comecei utilizar os cachos da monda para fazer espumante branco de uvas tintas. Hoje, os meus tintos são feitos com cepas que tiveram 50 a 70% de monda.

MSN – Para fazer um tinto a sério, a Baga tem de produzir pouco. Por isso, os Bairrada de Baga só podem ser caros…

 

Amigos Baga
Luis Pato e Mário Sérgio Nuno

Mas a Baga não serve só para tintos. Como avaliam o desempenho da casta no espumante e nos rosés?

LP – Na Bairrada podemos produzir uvas de Baga para espumante muito mais baratas do que para um tinto. Assim, em minha opinião, o espumante de Baga pode alavancar o negócio de vinho da Bairrada em todo o mundo. Desde que os agentes económicos não pensem que vender espumante é vender aos preços miseráveis que encontramos no nosso mercado…

O Baga em espumante é uma categoria fantástica para colocar, sobretudo, no mercado externo. Porque lá fora pagam melhor do que cá aquele nível de qualidade. De qualquer forma, mesmo por cá, o espumante Baga já tem um preço médio acima do espumante Bairrada feito de uvas brancas. E tem mais carácter. Assim, eu vejo o espumante Baga como o produto que vai espalhar o nome da casta e a sua origem. É no espumante Baga que vamos conseguir fazer volume, criar massa crítica. Depois, os grandes tintos serão a cereja no topo do bolo.

MSN – Eu utilizo apenas 5 ou 10% de Baga no meu espumante branco de entrada de gama. Todos os outros espumantes brancos Bágeiras são “blanc de blancs”, só uva branca, porque acredito que a Bairrada tem condições extraordinárias para fazer vinhos brancos e bases para espumantes brancos. Por isso, quando penso na Baga em espumante, penso em rosé. Acho que é aí que ela pode expressar melhor as suas qualidades, em termos de fruta e complexidade. Mas ressalvo que, na Quinta das Bágeiras, não temos ainda um histórico que me permita ser definitivo sobre isto. Vamos continuar a experimentar, claro, mas a minha grande aposta com a Baga é o vinho tinto, primeiro, e o espumante rosé, depois.

 

O grupo Baga Friends foi criado em 2008 com o objectivo de criar um núcleo duro que ajudasse a promover a região e a casta. Como avaliam os resultados obtidos?

LP – Os resultados são visíveis. Acho que os Baga Friends conseguiram inverter a imagem da Baga na região, levámos os outros produtores a reconhecer que afinal a Baga identificava a Bairrada. Hoje, todos querem ter um vinho de Baga.

MSN – Os Baga Friends são, acima de tudo, um exemplo. Assim como eu vi o Luís Pato a fazer monda e resolvi experimentar e avaliar os resultados, também os produtores da região viram este grupo de produtores, com preços médios bem acima dos seus, conquistar notoriedade no mercado nacional e internacional com vinhos de Baga. E acho que mesmo sem fazer muita coisa, porque nós não fizemos muitos eventos ou acções de comunicação, os Baga Friends acabaram por mudar o modo da Bairrada encarar a Baga. E a mudança veio através do seu exemplo individual e colectivo, isso é incontornável.

LP – Até o sucesso do espumante Baga-Bairrada junto dos agentes económicos e consumidores beneficiou da notoriedade que os Baga Friends trouxeram à casta…

 

Como sabem, desde 2002, numa garrafa que ostenta a denominação de origem Bairrada pode estar um vinho de uma enorme variedade de castas nacionais e internacionais. Nestas condições, qual a melhor forma de destacar e comunicar a identidade da Baga e da região?

LP – Com tanta casta, eu nem sei como uma câmara de provadores regional consegue detectar se é Bairrada ou não… O Bairrada é Merlot, Syrah, Petit Verdot, Baga, Cabernet? Se juntarmos a isto o facto de a Baga, hoje, significar talvez menos na vinha da Bairrada do que as outras castas tintas juntas, pode estar aí a explicação para o meu vinho mais puro de Baga, o Pé Franco plantado em solos de argila e calcário, ter reprovado na câmara de provadores. E não por questões analíticas, por não cheirar a Baga! A enormidade de castas que foi admitida para DOC teve como consequência que um vinho de Baga hoje não é reconhecido pelos provadores regionais.

 

Quer isso dizer que, por um lado, temos uma maior notoriedade da casta Baga, mas por outro, uma perda de identidade regional devido às muitas castas exógenas admitidas?

LP – Exactamente, sem dúvida alguma.

MSN – Não devia ter acontecido. Até porque a Bairrada tem o que muito poucas regiões têm: a possibilidade de produzir, comunicar e vender várias categorias de produto: espumante, branco, tinto… Não consigo entender porque é que um produtor da Bairrada, sobretudo se for de pequena dimensão, aposta em vinhos elementares de Cabernet, Syrah ou Merlot. Onde vai fazer a diferença? Ainda se for misturado com Baga… Não sou fundamentalista quanto aos varietais de Baga, até porque sabemos que a Bairrada, tradicionalmente, tem outras castas misturadas na vinha, Jaen, Tinta Pinheira, Castelão, Bastardo, etc. Mas comunicar a sua identidade, nesta região, através de uma casta estrangeira? Não percebo.

 

É possível fazer marcas de volume, na Bairrada, em torno da Baga, ou as características da casta e da região, nomeadamente o minifúndio, tornam isso muito difícil?

LP – É difícil fazer tintos de grande volume na região. A Bairrada vitícola é pequena (bem menor do que era há 15 anos) e os custos de produção da Baga são elevados.

MSN – Na década de 80, as Caves de São João vendiam 600 mil garrafas de Frei João de muito bom nível. O Frei João era uma grande marca associada a uma grande consistência de qualidade. Só que, entretanto, boa parte das vinhas que o sustentavam desapareceram ou foram plantadas outras castas. Hoje, seria impossível fazer Baga de qualidade naquela quantidade. Também por isso, acredito que os tintos de Baga na Bairrada devem ser vinhos especiais, vinhos cuidados e valorizados pela qualidade, carácter e identidade regional.

 

Há quem diga que, internacionalmente, Baga é mais conhecida que Bairrada, e o Luís Pato até tem alguma “culpa” no assunto. Isso é bom ou mau?

LP – Eu acho que é bom. É que, apesar de poder existir noutras regiões, a Baga é praticamente indissociável de Bairrada. Portanto, quando se fala de Baga, fala-se quase sempre de Bairrada. E a casta tem uma enorme vantagem internacional: é mais fácil de identificar do que a região e é muito simples de pronunciar em qualquer língua. É uma boa marca.

MSN – Nós não temos só Baga na região. Temos outras castas tintas e temos, acima de tudo, vinhos brancos de nível mundial. Mas a Baga é a nossa casta identitária e devemos associar sempre a casta à região. É o mesmo que o Alvarinho. Hoje planta-se Alvarinho em todo o país, mas para o consumidor português, Alvarinho é Monção e Melgaço. E a Bairrada ainda tem a sorte de a Baga ser menos adaptável do que o Alvarinho, viaja pior para outras regiões. Também há Pinot em muito sítio, mas Pinot a sério é Borgonha. Por isso, bem trabalhada, a Baga pode abrir caminho para comunicar a Bairrada e os outros grandes vinhos que aqui fazemos.

 

Por último, exceptuando os vinhos de ambos, que tintos de Baga escolhem para a vossa mesa?

LP – Os outros vinhos dos Baga Friends (Sidónio de Sousa, Quinta de Baixo, Filipa Pato e Quinta da Vacariça), e também Outrora, Vadio, Kompassus…

MSN – Acho que estamos sintonizados nas escolhas (risos). Mas dentro do estilo que eu mais gosto, acho que se destacam Sidónio de Sousa, Kompassus, Filipa Pato e Outrora.

 

(Artigo publicado na edição de Janeiro de 2021)

Seco ou doce? Vinhos da Alsácia passam a ter indicação obrigatória nos rótulos

Alsácia açúcar rótulos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Até agora era necessário conhecer bem os vinhos brancos e os produtores da Alsácia, região do nordeste de França, para saber se um vinho seria mais seco ou mais doce, mas desde a colheita de 2021 que […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Até agora era necessário conhecer bem os vinhos brancos e os produtores da Alsácia, região do nordeste de França, para saber se um vinho seria mais seco ou mais doce, mas desde a colheita de 2021 que a indicação do nível de açúcar nos rótulos dos “D.O. Alsace” ou “Vin d’Alsace” (excptuando os Vendanges Tardives e os Sélection de Grains Nobles) passou a ser obrigatória, o que também é aplicável à publicidade do vinho (em qualquer tipo de plataforma), brochuras, facturas e recipientes, incluindo as garrafas.

Para este fim, os produtores da Alsácia devem utilizar na rotulagem um dos quatro termos definidos pelos regulamentos da “Association des Viticulteurs d’Alsace”, ou incorporar uma escala com estes mesmos termos, divulgados em despacho:

SEC
Se o teor de açúcar não ultrapassar:
– 4 gramas por litro, ou
– 9 gramas por litro quando a acidez total não é superior a 2 gramas por litro abaixo do teor de açúcar residual.

DEMI-SEC
Se o teor de açúcar for superior ao máximo estabelecido acima, mas não exceder:
– 12 gramas por litro, ou
– 18 gramas por litro quando a acidez total não é superior a 10 gramas por litro abaixo do teor residual de açúcar.

MOELLEUX
Se o teor de açúcar for superior ao máximo permitido, mas não ultrapassar 45 gramas por litro.

DOUX
Se o teor de açúcar for mais de 45 gramas por litro.

Em alternativa, os modelos de escala aceites são os seguintes: 

Alsácia[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Produção de Cava de Guarda Superior será 100% biológica até 2025

Cava biológica

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Novas regulações da D.O. Cava sairam este ano — a Denominação de Origem espanhola mais exportada, de espumante produzido pelo método tradicional na Catalunha — respeitantes à produção da categoria Guarda Superior, estabelecendo-se que será 100% biológica […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Novas regulações da D.O. Cava sairam este ano — a Denominação de Origem espanhola mais exportada, de espumante produzido pelo método tradicional na Catalunha — respeitantes à produção da categoria Guarda Superior, estabelecendo-se que será 100% biológica até 2025.

Os Cava de Guarda Superior são os que têm maior estágio em cave, incluindo os Reserva (mínimo de 18 meses), Gran Reserva (mínimo de 30 meses) e os Cava de Paraje Calificado (resumidamente, são de uma zona específica e estagiam pelo menos 36 meses).

Com as novas regras, a D.O. Cava reforça também os seus padrões de qualidade, com um mínimo de 10 anos de idade das vinhas, produção limitada a 10 mil quilos de uva por hectare, menção do ano de colheita na garrafa e traçabilidade rigorosa (da vinha ao engarrafamento).

Javier Pagés, presidente do Conselho Regulador da Denominação de Origem Cava, refere que “a D.O: Cava está a evoluir. O número de garrafas produzidas, de Cava biológico, atingiu quase 14 milhões, com 34% a corresponder às categorias Premium. Sabemos que tanto o consumidor como o mercado estão a exigir o biológico, e este tipo de cuidado e preservação do território é algo com que nos identificamos muito”.

A D.O. Cava é protagonizada por 3 castas brancas, Macabeu, Xarel·lo e Parellada (apesar de haver outras autorizadas) e alguns dos seus produtores mais conhecidos são Recaredo, Juvé y Camps, Freixenet, Codorníu, Gramona ou Castellroig.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Vinalda traz para Portugal vinhos da italiana Filipetti

Vinalda Filipetti

A Vinalda está agora a distribuir em Portugal os vermutes e os espumantes do produtor italiano Filipetti, casa prestes a comemorar 100 anos. A Filipetti foi fundada em 1922 por Giovanni Giuseppe Filipetti, enólogo de Piemonte, em Canelli, uma das mais famosas zonas em que a casta Moscato, apta para a produção de Asti DOCG […]

A Vinalda está agora a distribuir em Portugal os vermutes e os espumantes do produtor italiano Filipetti, casa prestes a comemorar 100 anos.

A Filipetti foi fundada em 1922 por Giovanni Giuseppe Filipetti, enólogo de Piemonte, em Canelli, uma das mais famosas zonas em que a casta Moscato, apta para a produção de Asti DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida). Segundo a Vinalda, “a empresa foi uma das primeiras a produzir vermutes na região, mas sobretudo espumantes, que eram, e continuam a ser, a sua principal vocação”. Nos anos 90, a Filipetti foi comprada pela Perlino, e “é líder na produção de vinhos espumantes e vermutes”, diz a Vinalda.

Edoardo Laugieri, CEO do grupo, afirma que “esta nova parceria é muito relevante para a Filipetti. Podemos agora beneficiar da rede comercial e dos conhecimentos especializados da Vinalda para crescer no mercado português”. Por sua vez, José Espírito Santo, director-geral da Vinalda, considera: “Com esta parceria, alargamos o nosso portefólio a espumantes de duas prestigiadas regiões demarcadas, Asti e Prosecco, muito apreciadas pelos consumidores portugueses, e também aos genuínos e tradicionais vermutes de Piemonte”.

O portefólio da Filipetti, distribuído pela Vinalda em Portugal:

Filipetti, Asti DOCG – Asti Dolce, Espumante;
Filipetti, Prosecco DOC – Prosecco Extra Dry, Espumante;
Filipetti – Moscato, Espumante;
Filipetti – Vermouth Bianco, Vermute;
Filipetti – Vermouth Rosso, Vermute;
Filipetti – Vermouth Extra Dry, Vermute.

Portalegre – O apelo da Serra

Serra Portalegre

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Integrada na denominação de origem Alentejo-Portalegre, a Serra de São Mamede possui características muito particulares que fazem dela um polo vitivinícola absolutamente diferenciador, mesmo dentro desta sub-região. Para perceber o carácter dos seus vinhos, visitámos quatro produtores com histórias, conceitos e abordagens distintas, mas com um denominador comum: a resposta apaixonada e entusiástica ao irresistível apelo da Serra.

Texto: Luis Lopes

 

ADEGA DE PORTALEGRE WINERY

A Adega Cooperativa de Portalegre foi fundada em 1954, mas apenas no início dos anos 90, com a demarcação do Alentejo vitivinícola, ganhou estatuto de primeira linha. Os mais antigos recordam o famoso “VQPRD” de 1991 e tantos outros que se seguiram, vencedores crónicos dos concursos locais e nacionais. Já na altura, a Adega recebia a esmagadora maioria da sua matéria prima de pequenos viticultores instalados nas cotas altas de Serra de São Mamede. Em 2005, a então ainda cooperativa terá dado um passo maior do que a perna, adquirindo à família Avillez a Quinta da Cabaça, propriedade de 22 hectares situada no Reguengo, entre 600 e 700 metros de altitude. Devido a conjunturas económicas desfavoráveis, os grandes empreendimentos (nova adega, enoturismo) previstos para a Cabaça acabariam por não se realizar, a Cooperativa entrou em dificuldades, e parte dos seus activos foram adquiridos em 2017 pela família Redondo, proprietária do Licor Beirão, que constituiu a Adega de Portalegre Winery (APW). Desde então, a família tem revitalizado e revolucionado o projecto, procurando tirar o máximo partido da singularidade daquele terroir de excelência.

Serra Portalegre
Miguel Sistelo e João Gabriel dão vida nova à Adega de Portalegre.

Para além da Quinta da Cabaça, seu principal património, a APW possui igualmente a vinha Serra da Penha, com oito hectares e diferentes castas plantadas em solos graníticos, que vão dos 450 aos 650 metros, e compra uva a um conjunto de lavradores locais, cerca de 60 antigos associados da Adega Cooperativa, 40 dos quais situados no Parque Natural da Serra de São Mamede, desde Urra até Marvão e Castelo de Vide. À antiga cooperativa, a APW arrendou as instalações de vinificação e engarrafamento. A consultoria enológica está a cargo de Nuno do Ó, com Miguel Sistelo como enólogo residente e João Gabriel  –  que veio do “grupo Licor Beirão” em 2018 – a assumir a direcção geral.

A Adega de Portalegre foi o primeiro avanço no mundo do vinho por parte da família Redondo, até então centrada nas bebidas espirituosas. Porquê Portalegre, pergunta-se. “Sentíamos que esta região, que na altura começava a mexer, era um diamante por lapidar”, refere João Gabriel, “um Alentejo de altitude, que permite perfis de vinho diferentes.”

A APW arrancou a sua actividade comercial com base nos stocks produzidos pela antiga cooperativa e a primeira vindima, já feita segundo o modelo e perfil pretendido aconteceu em 2017. Em 2020, estreou-se Miguel Sistelo, hoje com 31 anos, vindo da UTAD, com passagem pelos EUA, Nova Zelândia, Austrália e Bordéus. É pois uma equipa jovem mas experiente, e sobretudo motivada, que tem como missão recuperar a notoriedade da marca Adega de Portalegre.

Miguel Sistelo acompanha de perto os viticultores que entregam uvas na APW, dando-lhes apoio técnico no sentido de garantir que recebe a matéria prima correspondente ao pretendido. “Queremos acidez, frescura, capacidade de envelhecimento em garrafa”, diz Miguel Sistelo. Mas também “vinhos fáceis de beber, prontos a apreciar enquanto jovens e capazes de dar prazer passado muitos anos, refere.”

A Quinta da Cabaça é o coração da APW. Com uma parte dos 22 hectares em sequeiro e outra com rega, reúne uma grande variedade de castas regionais, incluindo parcelas plantadas em field blend e ainda um campo experimental com uma colecção de cerca de 30 variedades, uma linha de cada. Miguel Sistelo confessa-se surpreendido com a qualidade das uvas e carácter dos vinhos que a APW conseguiu obter na vindima de 2020. Quando indagado sobre as suas preferências, não hesita: “Para além das vinhas velhas, claro, castas como Trincadeira, Castelão, nos tintos, e Bical e Tamarez, nos brancos, fazem toda a diferença em Portalegre.”

Serra Portalegre
A Quinta da Cabaça tem uma fantástica coleção de castas tradicionais.

No total, a APW vinifica anualmente cerca de 500 mil litros, tendo recentemente efectuado uma parceria comercial com a Niepoort, que seleciona e elabora lotes ali produzidos para engarrafar com as suas marcas. No portefólio da APW, a o vinho bandeira continua a ser o sucessor do icónico “VQPRD”, simplesmente denominado Portalegre. Mas a linha Conventual e o histórico Morgado do Reguengo (marca outrora pertencente à família Avillez) continuam a merecer especial atenção. A ideia não é produzir mais, antes pelo contrário. “Queremos reduzir”, diz João Gabriel, “fazer menos vinho e criar mais valor.”

TERRENUS

Com raízes na região do Tejo e vinhas herdadas de seu pai, em Almeirim, seria natural que o enólogo Rui Reguinga se tivesse estabelecido naquela região enquanto produtor. Mas, embora ali mantenha o seu projecto Tributo, foi no Alentejo e em Portalegre que veio instalar-se, sendo dos primeiros “de fora” a apostar nas vinhas velhas da Serra. “No início da minha carreira, em 1991, enquanto enólogo assistente de João Portugal Ramos, acompanhei vindimas na Tapada do Chaves e, sobretudo, na então Adega Cooperativa de Portalegre”, diz Rui. “Na Adega de Portalegre entrei em contacto directo com as vinhas velhas da Serra e percebi que era aquilo que, um dia, queria para mim. Fui alimentando o sonho com muitas visitas à região – passava as férias em Marvão – até que o sonho se tornou realidade em 2004, nascendo o Terrenus.”

Serra Portalegre
Rui Reguinga instalou o seu projecto na Serra de São Mamede em 2004.

Todas as vinhas do projecto Terrenus se encontram inseridas dentro do Parque Natural da Serra de São Mamede. Foram aquisições espalhadas no tempo, há medida da disponibilidade financeira, e as parcelas escolhidas por serem muito velhas, pela altitude entre os 600 e 760 metros e, em alguns casos, pela exposição a norte. De entre as vinhas Terrenus, três destacam-se claramente não apenas pela qualidade produzida, mas também pelo enquadramento paisagístico. A mais impressionante será, porventura, a Vinha Clos dos Muros, que dá origem ao vinho com o mesmo nome. É a vinha mais antiga de Rui, plantada em 1902, com dois terços de uvas tintas (destaque para a Grand Noir) em pouco mais de meio hectare. “O anterior proprietário contou-me que o seu avô ainda fez a vindima desta vinha antes de partir para a primeira Guerra Mundial”, diz o produtor. Mas não é só a idade que a torna tão especial. O muro de xisto que que a rodeia totalmente, feito com as pedras retiradas do terreno durante a plantação, confere-lhe uma beleza inédita. E a elevada densidade de plantação (mais de 8000 plantas/ha, dois terços de castas tintas) é outro factor singular.

Mas a Vinha da Serra, a primeira a ser adquirida para o Terrenus, não lhe fica atrás. Aqui, a 760 metros de altitude, este vinhedo centenário cultivado em modo orgânico evidencia-se pelo seu declive acentuado, tendo por isso sido plantado em patamares, como no Douro. Cerca de 80% são castas brancas, maioritariamente Bical, entre muitas outras.

Já a vinha da Ammaia, no concelho de Marvão, assim denominada por se encontrar muito próxima das ruínas da cidade romana homónima (séc. I), consiste em 0,6 hectares murados, com cepas de 80 anos de idade, brancas e tintas em igual proporção. Daqui saem as uvas para os vinhos Terrenus “de barro”, com fermentação em talhas antigas e estágio em ânforas novas.

Esta quase obsessão pelas vinhas velhas tem, para Rui Reguinga, inteira razão de ser: “As vinhas velhas fazem muita diferença. Originam vinhos mais complexos, mais minerais.” E para quem torce o nariz à expressão, tão usada e abusada, o produtor reforça: “Sim, a mineralidade nos vinhos existe! E quem tem dúvidas compare um vinho branco de vinhas velhas – e, no meu caso, vinha velha tem mais de 90 anos – e um vinho branco de uma vinha jovem.”

A idade das vinhas é um detalhe, sem dúvida importante. Mas mais importante ainda será o carácter da Serra. “Os vinhos que nascem aqui, a mais de 600 metros de altitude, são mais frescos, com uma acidez mais presente, e obviamente com um grande potencial de envelhecimento em garrafa”, diz Rui. “Além disso, a Serra de São Mamede tem um micro clima, com mais chuva anual – comparado com o resto do Alentejo – e uma grande amplitude térmica entre o dia e a noite, especialmente no verão, com lenta maturação das uvas, preservando acidez e aromas.”

Serra Portalegre
Todo o projecto Terrenus assenta em vinhas velhas da Serra.

Certamente por tudo isso, Rui Reguinga é dos que defende uma zonagem mais precisa dentro das 8 sub-regiões alentejanas, e particularmente em Portalegre. E aí tem mais um objectivo, ambicioso, a conquistar: “Gostaria de lançar as bases para uma associação dos produtores da Serra de São Mamede, para a promoção dos vinhos locais, com vista à criação futura, dentro da DOC Portalegre, da micro-região Serra de São Mamede.”

O projecto Terrenus abarca já cerca de 70.000 garrafas. Até agora, a vinificação tem sido feita em espaço de adega arrendado. Mas na vindima de 2021 foi cumprido mais um sonho: estreou-se a adega Terrenus, em Marvão, na Ponte dos Olhos de Água. Pequena, dimensionada para as diferentes vinhas, permite vinificar cada parcela em recipientes separados e variados: inox, ovo de cimento, balseiro de carvalho, talha antiga. O Terrenus ganhou, finalmente, casa própria.

SUSANA ESTEBAN

Espanhola de nascimento (ou melhor, galega, de Tui), Susana Esteban tem desde há muito Portugal como país de adopção. Foi por aqui que a enóloga construiu carreira, primeiro no Douro, a partir de 1999, depois no Alentejo, desde 2007, trabalhando em diferentes produtores e acumulando em cada vindima um enorme capital de prestígio, assente no seu conhecimento, capacidade de trabalho, segurança e talento. Como todos (ou quase todos) os enólogos que atingem um elevado nível profissional, também Susana sentiu, a dada altura, a necessidade de um projecto vitivinícola a que pudesse chamar seu. Dois anos andou à procura em várias regiões do Alentejo, por vinhas que fizessem sentido para os vinhos que queria fazer. E certamente por isso, quando finalmente encontrou o que buscava, em 2011, o vinho de estreia chamou-se Procura.

Na verdade, não foi uma, mas sim duas vinhas, situadas em Portalegre, que a fizeram dar a busca por concluída. A primeira, uma vinha velha em Salão Frio, pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, com muitas castas misturadas e baixíssima produção. A outra, uma parcela de Alicante Bouschet, na altura com 25 anos. Aqui teve início a aventura (já agora, Aventura é o nome de outro vinho da enóloga/produtora).

Serra Portalegre
Susana Esteban aposta na mistura de castas existente nas vinhas antigas.

“Quando encontrei Portalegre, deparei-me com um Alentejo que não parecia Alentejo”, diz Susana Esteban. “Ainda que erradamente, associamos sempre Alentejo a planície, quando há muitos Alentejos. Mas Portalegre foi para mim uma enorme surpresa, pela altitude, pelo granito, pelas castas tradicionais. Vi desde logo que era, para mim, a região perfeita, com as vinhas perfeitas”, acrescenta.

A frescura que a região de Portalegre, e em particular a Serra de São Mamede, imprime aos vinhos foi algo que desde logo a fascinou. “A altitude, a maior humidade, o granito, fazem com que um tinto com 14,5% de álcool tenha uma enorme frescura natural”, realça. “A vinha, aqui, é completa. Podemos interpretá-la de uma forma ou de outra, mas ela dá-nos tudo o que precisamos para fazer o vinho que queremos.”

Granito. Outro factor que Susana não dispensa. Todas as vinhas que trabalha hoje em Portalegre estão plantadas em solos de granito, embora também exista bastante xisto na sub-região. “O granito oferece vinhos muito mais directos, francos, minerais”, defende. A quase obsessão pelo granito não veio pré-concebida, no entanto. Desde 2011 que Susana Esteban experimenta e vinifica uvas de diferentes origens em Portalegre e, a dada altura, tomou consciência de que o granito era o denominador comum aos vinhos que mais gostava.

Numa dezena de anos, o portefólio de Susana Esteban, que representa hoje 35 mil garrafas por vindima, entende-se já por 10 referências diferentes. A “culpa”, mais uma vez, é das vinhas, pois cada um destes vinhos tem uma origem concreta, uma parcela, um terroir. As fontes de matéria prima distribuem-se por distintas áreas de Portalegre e resultam de contratos com lavradores locais. Quatro pequenas parcelas estão na localidade de Salão Frio, todas com vinhas velhas, entre 80 e 90 anos de idade, a cerca de 700 metros de altitude e viradas a norte. Ali, as castas brancas dominam em 60%. Susana compra igualmente uvas de uma parcela maior, em Castelo de Vide, com 2 hectares, cepas com 45 anos e uma mistura de uvas brancas e tintas que utiliza na linha de vinhos Aventura. Em Marvão, a produtora arrendou recentemente duas parcelas de vinha velha, das quais em breve irão sair novos vinhos. Finalmente, Alicante Bouschet e o Castelão têm origem em vinhas mais recentes (cerca de 35 de anos) e a vinha de Touriga Nacional tem à volta de 25 anos.

Todas estas vinhas estão sob contratos de arrendamento ou de compra de uvas. A única excepção é a mais recente paixão de Susana, a Quinta das Sesmarias, que adquiriu em Alegrete, com vista para o castelo. Com 24 hectares, 15 deles de montado de sobro, plantou ali este ano 5 hectares de bacelo, em sequeiro, bacelo esse que será enxertado em 2022 com varas das melhores cepas das vinhas velhas que utiliza. A ideia é reproduzir o encepamento e o carácter das vinhas tradicionais. “Vou fazer ali uma vinha à antiga, para durar 100 anos!”, diz Susana Esteban com um brilho nos olhos.

Serra Portalegre
A bacelada da Quinta das Sesmarias, em Alegrete, vai ser enxertada no próximo ano com varas das vinhas velhas.

Mas afinal, o que procura nas vinhas velhas? “Antes de mais, uma vinha não é boa por ser velha. E já fiz excelentes vinhos com vinhas jovens. Mas a verdade é que os melhores vinhos que consigo fazer aqui, na Serra de São Mamede, têm por base as vinhas velhas. E acredito que a razão para isso está na mistura de castas, e na complexidade que isso traz. Mas não sou fundamentalista de vinhas velhas. Estou certa, aliás, que a vinha que estou a fazer em Alegrete, em field blend, vai em poucos anos atingir a riqueza de uma vinha velha pois, além da mistura de castas, não tem água, terá de lutar para viver. Por isso, para mim, a vinha velha é mais um conceito do que uma idade concreta.”

Até agora, Susana Esteban tem vinificado os seus vinhos num espaço arrendado em Mora, onde montou uma pequena adega. Como fica fora da DOC Alentejo-Portalegre não tem tido, por isso, direito à denominação de origem, com os vinhos a serem comercializados como Regional Alentejano. Um problema que fica resolvido a partir desta vindima de 2021. A vinificação foi feita em aluguer de serviços na Herdade do Porto da Bouga, bem dentro da sub-região, e os vinhos serão depois estagiados na sala de barricas já montada em “casa” de Susana, a Quinta das Sesmarias, em Alegrete, onde mais tarde nascerá também uma adega.

QUINTA DA FONTE SOUTO

A aquisição, em 2017, da Quinta da Fonte Souto a João Lourenço (fundador do projecto Altas Quintas) por parte da família Symington, apanhou quase toda a gente de surpresa. Não apenas porque estávamos a falar de uma das maiores e mais imponentes propriedades da Serra de São Mamede, com 207 hectares no total, dos quais 42 hectares de vinha, como também por serem os compradores quem eram. Profundamente enraizada no vinho do Porto e no Douro desde há 135 anos e 5 gerações, com todos os seus investimentos empresariais e pessoais naquela região, poucos imaginavam a família Symington a sair da sua “zona de conforto”, que conhece como poucos, para se lançar numa região que até então desconhecia.

Serra Portalegre
Charles e Rupert Symington acreditam que o primeiro investimento da família, fora do Douro, tem tudo para dar certo.

“Já tínhamos há algum tempo a ideia de diversificar investimentos, fora do Douro”, diz Rupert Symington, administrador do grupo familiar. “E a partir de muita pesquisa e muitas conversas com diferentes pessoas, chegámos à conclusão de que Portalegre, e em especial a Serra de São Mamede, seria o local ideal para encontrar a qualidade e perfil de vinhos que buscávamos”, acrescenta. Mas o “mapa” para o tesouro escondido em Portalegre veio também com um aviso: “Fomos alertados de que a generalidade dos investimentos feitos na produção de vinho do Alentejo, por parte de empresas de fora da região, tiveram dificuldades de afirmação. Mas avançámos mesmo assim, conhecendo os riscos – desde logo, não sabíamos se os vinhos iam atingir o nível que esperávamos – , mas também o potencial. O resto é história…”, refere Rupert.

A verdade é que, para quem está acostumado a vinhos Porto e Douro de primeira grandeza, a vindima de estreia na Quinta da Fonte Souto foi uma enorme surpresa. “O branco, de 2017, foi logo uma revelação, pelo seu brilho e personalidade, qualidades que se vieram a confirmar nas colheitas seguintes”, lembra Charles Symington, director de enologia da casa. “Do mesmo modo, o topo de gama tinto, Vinha do Souto 2017, embora fechado no início, como por vezes acontece num grande vinho, evidenciou rapidamente toda a sua classe”, reforça. “Até fazer os vinhos, nunca sabemos se demos o passo certo numa nova propriedade. Mas aqui, não podíamos ter começado da melhor forma.”

Ainda assim, a dimensão e diversidade da Quinta obrigou a um estudo profundo das suas características, para suprir carências nos vinhedos e orientá-los no sentido pretendido. O enólogo José Daniel, que trabalha com a família Symington desde 2010, foi logo em 2017 “deslocado” para Portalegre. “Viemos para cá sem quaisquer preconceitos, antes de tudo queríamos conhecer a vinha e aprender com ela”, assume. Para a sua primeira vindima, realizada na adega existente na quinta (entretanto bastante reformulada) trouxeram com eles pequenas cubas para experimentar diferentes castas em distintas fases de maturação, o que desde logo lhes trouxe novos conhecimentos. E nada é deixado ao acaso, quando se trata de tomar decisões com efeitos de longo prazo, como reestruturar uma vinha: pequenas quantidades de uvas de vinhas da serra têm sido compradas localmente e microvinificadas, para “perceber o terroir”. “Não estamos amarrados ao que sabemos do Douro, nem sequer ao que é o vinho ‘clássico’ de Portalegre”, diz José Daniel, “pretendemos fazer o melhor que pudermos e soubermos”.

Plantada entre os 490 e 550 metros de altitude, em solos de xisto e granito, a vinha de 42 hectares que encontraram em 2017, com cerca de 20 anos de idade,  já não é exactamente a mesma, com mudanças quer ao nível das práticas vitícolas (nutrição, podas, etc.) quer das variedades. Isto, apesar de, como faz questão de vincar Charles Symington, “o encepamento inicial estava, globalmente, muito bem escolhido.” Assim, e sempre através de sobreenxertias (técnica que permite mudar castas conservando um vinhedo maduro), foi reforçada a aposta nos brancos, Arinto e Verdelho (Gouveio, no caso), eliminado o Cabernet Sauvignon, reduzido o Aragonez, e introduzido o Grand Noir (casta tradicional de Portalegre) e a Touriga Nacional (já com alguma presença na região). Para além destas, a propriedade conta igualmente com Syrah, Alicante Bouschet (as duas castas que, com 5 vindimas feitas, Charles coloca no patamar mais alto de consistência qualitativa), Tinta Amarela, Alfrocheiro, e ainda 2,5 hectares de vinha velha em field blend.

Serra Portalegre
Sala de barricas, na Quinta da Fonte Souto.

Que estilo de vinho pretende a família Symington para Fonte Souto? “Queremos vinhos, brancos e tintos, com grande potencial de envelhecimento, mas também com muito boa fruta, sem precisarem de esperar muito tempo para serem bebidos”, esclarece Charles Symington. “E, acima de tudo, estamos focados em vinhos que, além da superior qualidade, evidenciem o carácter da Quinta da Fonte Souto e da Serra de São Mamede.”

A Quinta da Fonte Souto é um “work in progress” permanente. “Desde que chegámos que ainda não parámos de fazer obras”, diz Rupert Symington. O enoturismo vai, por isso, ser uma ambição concretizada a breve prazo. “Fonte Souto tem dimensão, com floresta, montado, vinha, castanheiros, e um potencial tremendo em termos de turismo de natureza. Juntando a isso os maravilhosos vinhos que aqui produzimos, temos tudo o que ambicionámos.”

(Artigo publicado na edição de Outubro de 2021)

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Bairrada abre inscrições para Prova Especial de Espumantes em Lisboa

Prova Especial Espumantes Bairrada

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[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Encerrar o ano 2021 com “bolhas” de ouro é a sugestão da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), que acaba de abrir as inscrições para a Prova Especial de Espumantes, que acontecerá no dia 30 de Dezembro, em Lisboa, às 18h30.

Esta prova — que vai selar as celebrações dos 30 Anos de Denominação de Origem atribuída aos espumantes Bairrada, e os mais de 130 anos deste tipo de vinho na região — terá lugar na Sala de Provas da ViniPortugal, situada na Ala Poente do Terreiro do Paço. Será composta por 11 referências, todas elas com Denominação de Origem Bairrada e que em comum têm o facto de terem ganho Grande Ouro e Ouro na edição deste ano do Concurso de Espumantes Bairrada: Borga Bruto branco 2010 (Campolargo Vinhos); Íssimo Baga-Bairrada Bruto branco 2016 (Caves Arcos do Rei); Aliança Grande Reserva Bruto branco 2015 (Aliança Vinhos de Portugal); António Marinha Reserva Bruto rosé 2018 (António Marinha); Casa do Canto Grande Reserva Bruto branco 2016 (Anadiagro); Luiz Costa Pinot Noir e Chardonnay 5ª Edição branco 2016 (Caves São João); Marquês de Marialva Bical & Arinto Reserva branco 2017 (Adega de Cantanhede); Montanha Real Grande Reserva Bruto branco 2015 (Caves da Montanha); Primavera Bical Reserva Blanc de Blancs Brut branco 2015 (Caves Primavera); Quinta dos Abibes Sublime Brut Nature branco 2011 (Quinta dos Abibes); e Trabuca Grand Cuvée 2ª Edição Brut Nature branco 2016 (Pedro Guilherme Andrade).

A Prova Especial de Espumantes Bairrada tem um limite de 20 participantes e um valor simbólico de €10. Será conduzida por Pedro Soares, bairradino, enólogo e presidente da CVB, e por Luís Carreira, coordenador de provas da Sala de Provas da ViniPortugal em Lisboa. A inscrição é obrigatória e pode ser feita de várias formas: junto do local da prova, por telefone para o número 213420690, ou por e-mail para provas.salalisboa@viniportugal.pt, sendo que cada tentativa de inscrição carece de confirmação de disponibilidade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/3″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

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Manuel Pinheiro vai deixar CVR dos Vinhos Verdes

Manuel Pinheiro Vinhos Verdes

Texto: Luís Lopes É um dos mais conhecidos, carismáticos e, seguramente, o presidente de Comissão Vitivinícola Regional há mais tempo no cargo. Mas nas próximas eleições para a presidência da comissão executiva da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que deverão ocorrer no final do primeiro trimestre de 2022, Manuel Pinheiro não […]

Texto: Luís Lopes

É um dos mais conhecidos, carismáticos e, seguramente, o presidente de Comissão Vitivinícola Regional há mais tempo no cargo. Mas nas próximas eleições para a presidência da comissão executiva da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que deverão ocorrer no final do primeiro trimestre de 2022, Manuel Pinheiro não se irá recandidatar, como o próprio anunciou recentemente aos representantes das empresas e produtores da região. 

Manuel Pinheiro entrou na CVRVV muito jovem, em 1997, como vogal da Comissão de Viticultura, e 25 anos depois, a maior parte enquanto responsável pelo organismo que gere a região dos Vinhos Verdes e os seus produtos, deixa um legado considerável. Nestas duas décadas e meia a região sofreu profundas transformações, ao nível da viticultura, das adegas, dos recursos humanos, do sempre difícil equilíbrio entre as estratégias, modelos de negócio e ambições das empresas grandes e dos produtores mais pequenos. A sua invulgar capacidade de negociar e estabelecer pontes permitiu manter uma certa “paz interprofissional” dentro de uma região com algumas fragilidades estruturais, muito difícil de gerir e conciliar, a todos os níveis. Pelas suas mãos, entre muitos outros, passaram dossiers tão sensíveis quanto o “Acordo do Alvarinho”, que permitiu associar a casta à denominação de origem fora de Monção e Melgaço e, como contrapartida, lançou as bases para a promoção autónoma desta sub-região e, quem sabe, para uma futura DO. Nos últimos anos, o foco da CVRVV tem estado no evidenciar da região como produtora de vinhos muito diversos, na qualidade, no perfil e no preço. Um dos vários projectos de vulto actualmente em cima da mesa, ainda em apreciação pelo Conselho Geral da CVRVV, mas longe de ser consensual, tem precisamente a ver com a estratégia de valor para o Vinho Verde, que poderá passar pela estratificação dos vinhos produzidos em diferentes segmentos bem identificados. Ou seja, por outras palavras, visa deixar claro ao consumidor, através da rotulagem e das acções de comunicação, o que é o Verde leve, fresco, com gás e doçura e o que é o Verde ambicioso, longevo e gerador de maior valor.  

No seu discurso de despedida, perante o Conselho Geral da CVRVV, Manuel Pinheiro referiu a noção de ter dado o seu melhor e de sair com “um sentimento de missão cumprida”. Mas também que “é importante saber quando se deve sair, e que este é o momento certo”, adiantando que, “aos 55 anos, ou abraço outro projecto ou me reformo aqui”.

Manuel Pinheiro deixa uma CVRVV que se tornou referência entre as suas congéneres pelo dinamismo e capacidade de intervenção, e também uma entidade economicamente bastante robusta, com um fundo social de quase 5 milhões de euros e um superavit estrutural. Como declarou na sua despedida, “Saio do Vinho Verde mas o Vinho Verde não sai de mim”. O que significa que, muito provavelmente, vamos continuar a vê-lo por aí…