Bairrada, a excelência em tons de branco

A Bairrada é uma pequena região de grandes vinhos. E a sua dimensão qualitativa vai muito além da notoriedade dos sólidos tintos de Baga e dos frescos espumantes. Na verdade, a Bairrada é uma das melhores regiões do país para produção de belíssimos vinhos brancos, com uma longevidade invejável. TEXTO Valéria Zeferino FOTOS Ricardo Gomez […]
A Bairrada é uma pequena região de grandes vinhos. E a sua dimensão qualitativa vai muito além da notoriedade dos sólidos tintos de Baga e dos frescos espumantes. Na verdade, a Bairrada é uma das melhores regiões do país para produção de belíssimos vinhos brancos, com uma longevidade invejável.
TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Gomez
Há até quem considere que a Bairrada é mais região de brancos do que de tintos e é fácil de perceber porquê. A casta predominante na Bairrada é a Baga, que amadurece tarde, muitas vezes ultrapassando as chuvas de equinócio e, quanto a chuva se prolonga, nem sempre consegue a melhor performance. As castas brancas, amadurecendo mais cedo, têm mais condições para uma maturação perfeita e consistente de ano para ano.
Esta prova evidenciou que os vinhos brancos da Bairrada são de altíssima qualidade e que melhoram substancialmente com o tempo em garrafa.
Em termos quantitativos, os vinhos brancos certificados (sem contar com os vinhos base para espumantes) são em minoria e correspondem a cerca de 20% da produção na Bairrada (de 400 a 450 mil garrafas). Isto deve-se a uma menor popularidade de brancos entre os consumidores e, tirando os Vinhos Verdes, a verdade é que o tinto predomina em todas as regiões do país.Condições edafo-climáticas
A Bairrada está situada no centro litoral do país, orientada no sentido Norte-Sul entre as cidades Águeda e Coimbra e os rios Vouga e Mondego. A leste fica naturalmente demarcada pelas serras do Caramulo e do Buçaco e a oeste estende-se até à orla marítima que exerce forte influência atlântica na região. O clima é temperado, com verões não demasiado quentes, invernos brandos e moderada amplitude térmica anual. As temperaturas médias anuais situam-se entre os 12,5˚C e os 15˚C (em comparação, no Alentejo varia de 15˚C a 17,5˚C). A maioria das zonas da Região da Bairrada usufrui de cerca de 2.500 horas de sol por ano. A precipitação vai de 800 a 1600 mm/ano (este último valor está ao nível da região dos Vinhos Verdes), aumentando de Oeste para Este e concentrando-se nos meses de Outono e Inverno.
Trata-se uma região bastante plana com colinas pouco acentuadas. As vinhas encontram-se plantadas entre os 40 e 120 m de altitude, o que faz sentir a influência Atlântica em toda a região. Geologicamente é muito heterogénea e os solos variam em composição de argila e calcário, com algumas zonas arenosas. Os solos mais argilosos precisam de ser bem drenados e dificultam a sua mobilização e os com mais calcário apresentam cor esbranquiçada e uma maior pedregosidade. Actualmente, conta com cerca de 6000 hectares de vinha.Marcos históricos
A cultura da vinha na região remonta à época da Reconquista cristã aos Mouros que teve início no século VIII. Demonstrou um grande crescimento nos séculos X – XII graças a ordens monásticas.
A produção de vinho estagnou após a demarcação da região do Douro em 1756, quando o Marquês de Pombal decretou o arranque das vinhas nas margens e campinas dos rios Mondego e Vouga. Para além de proteger a origem dos Vinhos do Porto, queria substituir o cultivo da vinha na região, que era abundante, pelo cultivo dos cereais, pois o pão escasseava.
No início do sêculo XIX, lentamente, a vitivinicultura bairradina começou a recuperar, mas mal o vinho voltou a ser valorizado, muitos produtores gananciosos cederam à tentação de plantar vinha em terrenos impróprios. Isto levou à primeira tentativa da demarcação na Bairrada que foi feita pelo político e cientista António Augusto Aguiar em 1867, baseada na relação entre constituição geológica dos terrenos e tipos de vinho.
O vinho de melhor qualidade chamava-se “Vinho de Embarque” e era destinado à exportação, e o vinho de qualidade mais fraca – “Vinho de Consumo” para o mercado interno. Os vinhos brancos de embarque eram produzidos na margem esquerda do rio Cértima até Óis do Bairro, São Lourenço do Bairro e Mogofores. No século passado, a partir dos anos 20, na Bairrada começaram a proliferar as Caves (Irmãos Unidos/Caves São João, Caves do Barrocão, Cave Central da Bairrada, Caves Messias, Caves Aliança, Caves Valdarcos, Caves Borlido, Caves Neto Costa, Caves do Solar de S. Domingos entre outras) que não tendo vinha própria, compravam vinho feito e estagiavam-no nas suas instalações. E não eram vinhos provenientes só da Bairrada, loteavam-se com os vinhos de outras regiões, nomeadamente Ribatejo, Beiras, Douro e Trás-os-Montes. A maior parte do vinho vendia-se a granel, algum em garrafões e muito pouco em garrafas. Os principais mercados de venda, para além do interno, eram as antigas colónias.
Os anos 50 foram marcados pela criação de adegas cooperativas – Adega de Cantanhede, de Mealhada, de Souselas, de Mogofores e Vilarinho do bairro. Até aos dias de hoje sobreviveu apenas a primeira.
Em meados da década de 70 com a independência das colónias, os produtores tinham que procurar mercados alternativos. O vinho foi canalizado para o mercado da saudade nos países europeus (França, Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Alemanha) e nas Américas (Estados Unidos, Canadá, Brasil e Venezuela). Mas só este mercado também não era sustentável a longo prazo, à medida que os emigrantes da primeira geração regressavam à Patria e os seus filhos tinham hábitos diferentes. Os novos destinos de exportação trouxeram maiores exigências em termos de qualidade e assim a pouco e pouco começou-se a investir na modernização: higiene, novos equipamentos, cubas de inox, controlo de temperatura, clarificação dos mostos. Esta revolução tecnológica, que se deu um pouco por todo o país, contribuiu para a qualidade crescente dos vinhos – com aromas mais limpos, vinhos menos oxidativos e com óptimo equilibrio.
Em 1979 a Bairrada foi reconhecida como Denominação de Origem e procedeu-se à sua demarcação oficial que recentemente festejou os 40 anos. Nas decadas 70 e 80 surgem os primeiros produtores engarrafadores, que produzem vinho da sua vinha e com a sua marca. A demarcação, embora tenha colidido com o negócio de volume, encorajou os pequenos e médios produtores a avançarem com os seus projectos próprios.
Luís Pato, Quinta das Bágeiras, Casa de Saima, Campolargo, Sidónio de Sousa, entre outros, deram credibilidade e potenciaram a nova imagem da Bairrada a partir do início do século XXI.A polémica Maria Gomes
De acordo com os dados da Comissão Vitivinícola da Bairrada, 70% a 75% uvas produzidas na região são tintas, deixando os restantes 25 a 30% para castas brancas. A mais expressiva em termos de plantação é a Maria Gomes, conhecida noutras regiões como Fernão Pires, seguida de Bical e Arinto. Nos últimos anos registou-se um incremento de Cercial e Sauvignon Blanc. O Chardonnay é bastante valorizado para a produção de espumantes.
O trio principal para um lote bairradino consiste em Maria Gomes, Bical e Cercial, onde cada variedade tem o seu papel. A Maria Gomes, sendo a mais aromática das três, é responsável pelos aromas, sobretudo nos primeiros anos. O Bical dá corpo e untuosidade ao vinho e o Cercial contribui com a estrutura acídica.
A casta Maria Gomes, conhecida também como Fernão Pires no resto do país e que é a casta branca mais cultivada a nível nacional. A sua origem é desconhecida, mas foi mencionada em 1788 relativamente às regiões Tejo, Beiras e Douro. Alguns produtores constatam que nos encepamentos antigos esta casta na Bairrada apresenta uma morfologia ligeiramente diferente e tem bagos mais pequenos, que, provavelmente, poderão ser alguns dos clones diferentes de outras regiões.Maria Gomes amadurece cedo e tem uma curta janela de vindima, pois acumula muito açúcar e perde rapidamente a acidez. Muitas vezes é mal-amada pelos enólogos. As “culpas” são exuberância aromática e falta de acidez. João Soares, o enólogo da Messias aponta as mesmas razões “baixa acidez e normalmente com potencial de guarda reduzido, é muito terpénica, não deixa reflectir o solo”.
O produtor Nuno do Ó também confessa que não morre de amores por esta casta, mas se trabalhar com ela, prefere apanhá-la mais cedo “com carácter mais mineral e menos exuberante”.
Já Mário Sérgio da Quinta das Bágeiras defende a casta que, embora tenha menos acidez, tem aromas interessantes de geleia e floral. E a sua experiência diz-lhe que a qualidade depende da quantidade de uva na videira. A casta naturalmente é muito produtiva e este aspecto tem que ser controlado. Frequentemente colhe Maria Gomes em óptimo estado de maturação, com 14% de álcool, e perfeito equilíbrio ácido, com 7,5 g/l de acidez total e 3 pH.
O experiente Luís Pato, exemplo para muitos produtores de dentro e fora da região, planta a Maria Gomes em solo arenoso para manter acidez (no barro dá vinhos mais gordos), mas com rega, porque a casta é muito sensível ao stress hídrico, “os bagos mirram ainda antes de amadurecerem”. É uma casta muito importante para vinhos de entrada de gama, fornecendo-lhes aromas imediatos e apelativos, mas também ser a base de vinhos de topo.A elegante Bical
Bical, também apelidada como Borrado das Moscas devido às pequenas manchas castanhas que apresentam os bagos maduros. É uma casta autóctone, situada maioritariamente nas regiões das Beiras. Por não ter o porte erecto, dificulta a vida dos viticultores. É muito sensível aos ataques de oídio na floração e a sua produção varia bastante de ano para ano. Comporta-se melhor em solos medianamente férteis, com boa drenagem e não muito alcalinos.
Amadurece mais tarde do que a Maria Gomes, em meados de Setembro e é resistente à podridão graças aos seus cachos com bagos soltos.
É mais neutra em termos aromáticos, confere estrutura e corpo ao vinho. Atinge menos grau alcoólico do que a Maria Gomes e tem menos acidez do que a Cercial. Também tem que ser colhida no momento certo, porque “facilmente perde acidez numa semana”, refere Luís Pato.
O enólogo da Casa de Saima, Paulo Nunes, que também trabalha muito no Dão, confessa que nunca plantaria Bical no Dão, mas que na Bairrada com o clima Atlântico e neblinas matinais frequentes preserva muito melhor a acidez.
Já João Soares é um fã da Bical. Para ele, é a casta que melhor mostra a região, com notas de barro, iodo, maresia, se for apanhada atempadamente. Quando sobremadura desenvolve notas tropicais e de goiabas. Com idade, os vinhos de Bical evoluem para resinas e cera de abelha, fazendo lembrar o cheiro de pranchas de surf. Acha que não tem grande aptidão para ir à barrica e apresenta grande capacidade de envelhecimento em garrafa que considera o mérito da região.
Nuno do Ó também gosta de Bical pela sua austeridade e potencial de guarda. Aguenta vinificação oxidativa (o mosto fica acastanhado por uns tempos, mas depois já não oxida). Utiliza prensa aberta, onde os chachos vão com engaço. Prefere barricas usadas, porque a casta já tem aromas de especiaria e o excesso de barrica não lhe fica bem. Com 2-3 anos de guarda os vinhos cheiram a barro molhado.A nova estrela: Cercial
Deve ser uma das castas cujo nome provoca mais confusão, não só no meio de consumidores, mas também na sua classificação e caracterização histórica. Cercial da Bairrada não é a mesma casta que Cerceal Branco utilizado no Dão e Douro, e também não tem nada a ver com Sercial da Madeira (que no continente é chamado Esgana Cão). Apenas a acidez natural elevada é comum a estas três castas, de resto são bem diferentes.
Amadurece relativamente tarde e é suceptível à podridão dos cachos devido à sua película bastante fina. Tem aroma discreto e enorme capacidade de envelhecimento.
Na opinião de João Soares, a Cercial, tal como Bical, é bastante neutra aromaticamente (fruta branca delicada com um toque de bechamel) , “transparecem atlanticidade”, mas a Cercial é mais vertical, mais tensa.
Mário Sérgio não tem dúvidas que Cercial é uma casta fabulosa. É capaz de, com 14% de álcool provável apresentar 8 g/l de acidez e 2,98 de pH. O problema é que apodrece com facilidade. Porta-se melhor em talhão estreme do que misturada com outras nas vinhas velhas (matura mais sedo e apodrece) e tem maior potencial. Ao envelhecer desenvolve os aromas de favos de mel. Produz relativamente pouco, 5 a 6 mil litros por hectare.
Segundo Luís Pato, a casta tem acidez vibrante, demonstra elegância e tem óptima aptidão para estágio em madeira.
Entre as outras uvas presentes nas vinhas bairradinas, releva a Arinto, que é uma casta nobre plantada em quase todo o país, conferindo acidez aos lotes em que entra. Na Bairrada amadurece mais tarde, nos finais de Setembro, é normalmente a última a ser vindimada, explica Nuno do Ó. Mostra o seu lado “mais salino, mais calcário, com frescura nervosa, o vinho é mais vertical e austero, menos gordo do que em Bucelas”.
Há ainda outras castas com menos expressão, como o Rabo de Ovelha que produz muito e tem cachos grandes, de maturação tardia e conhecida pela acidez alta. Sercialinho, que é muito aromática e com óptima acidez. E as castas internacionais, como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pinot Blanc e Viognier também são permitidas na legislação regional de DOC (com excepção da categoria Bairrada Clássico), sendo muitas vezes utilizadas em lote com as variedades tradicionais, mais raramente engarrafadas a solo.
Independentemente da casta, o terroir bairradino imprime o seu carácter nos vinhos ali produzidos, e os brancos da região, amplos, vibrantes, longevos, merecem toda a atenção do apreciador exigente.
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Volúpia
Branco - 2018 -
Laboeira
Branco - 2017 -
Vadio
Branco - 2018 -
Pinho Leão
Branco - 2015 -
RS
Branco - 2018 -
Regateiro
Branco - 2016 -
Rama Vale de Sá
Branco - 2018 -
Quinta do Poço do Lobo
Branco - 2017 -
Marquês de Marialva
Branco - 2015 -
Niepoort V.V. Vinhas Velhas
Branco - 2017 -
Quinta dos Abibes Sublime
Branco - 2015 -
Quinta das Bágeiras
Branco - 2017 -
Kompassus
Branco - 2017 -
Encontro 1
Branco - 2014 -
Campolargo
Branco - 2017
Edição Nº30, Outubro 2019
Dão tinto: prazer e carácter por menos de €8

Têm um preço muito conveniente, são grandes companheiros da refeição e deixam-nos saudades. São os tintos do Dão que continuam, passado mais de um século, a serem o que sempre deles esperámos: vinhos elegantes, envolventes e com sentido regional. TEXTO João Paulo Martins FOTOS Ricardo Gomez Foi no longínquo ano de 1908 que o Dão […]
Têm um preço muito conveniente, são grandes companheiros da refeição e deixam-nos saudades. São os tintos do Dão que continuam, passado mais de um século, a serem o que sempre deles esperámos: vinhos elegantes, envolventes e com sentido regional.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Gomez
Foi no longínquo ano de 1908 que o Dão ganhou foros de região demarcada mas só depois do 25 de Abril a região adquiriu novo impulso. Neste sentido pode dizer-se que seguiu de perto o movimento que, a partir daquela data varreu todas a regiões, criou organismos e estabeleceu regras precisas do que se podia ou não produzir. A fama que então já tinha e que vinha do início do século XX manteve-se e os consumidores sempre lhe notaram a qualidade dos vinhos. E numa época – anos 70 e 80 – em que ainda tudo estava por fazer, o Dão marcava presença no mercado com o selo da região demarcada.
As regras que se impuseram na altura foram claras: quem quisesse plantar vinha tinha de cumprir alguns requisitos e nos tintos apontava-se, basicamente, para quatro castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen. A variedade Jaen era a mais plantada na região, logo seguida da casta Baga, a mesma que hoje conotamos com a Bairrada. Quatro décadas depois, uma muito elevada percentagem dos tintos da região mantém aquelas quatro variedades como as eleitas, quase em exclusivo. Nesta prova há nove vinhos que têm aquela composição e um outro que, além das quatro, ainda tem Rufete. Foi assim durante uns bons anos mas cremos que actualmente se está a caminhar num sentido um pouco diferente; a Jaen está a perder terreno nos lotes da região e assim, as restantes – Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro – estão a surgir cada vez mais em trio em vez do tradicional quarteto.
Fomos tentar perceber o porquê e Manuel Vieira, enólogo com muita experiência na região, diz-nos que a Jaen é uma boa casta mas que funciona melhor para ser usada a solo num determinado tipo de vinho; “gera vinhos mais abertos de cor, mais joviais e que nem sempre acrescenta grande coisa em lote com as outras três. Para mim o grande lote da região são mesmo as restantes castas tintas desde que a Touriga Nacional tenha um peso maior, uma vez que é casta mais completa que temos no Dão”. Ficamos então num trio onde entra a mal-amada Tinta Roriz, uma variedade que tem adeptos e detractores. Pelo que pudemos observar, a Roriz tem comportamentos diversos conforme a localização da vinha, mas, se colocada nos terrenos mais pobres e bem arejados, pode dar um bom contributo para o lote de tintos. Peter Eckert, da Quinta das Marias é dessa opinião e a Roriz faz parte do seu trio de eleição. A tradição falava muito também de uma variedade hoje meio escondida: a Tinta Pinheira ou Rufete. Manuel Vieira volta à carga: com pouca cor e pouca estrutura, a Tinta Pinheira perde no lote mas, com as novas tendências de vinhos abertos, menos escuros e pouco álcool, a casta pode conhecer um certo renascimento. E foi por ser menos rica que foi arrancada na Quinta dos Carvalhais e também na Quinta das Marias.
O carácter regional
Tida como uma das regiões onde se nota um maior equilíbrio nos vinhos, o Dão tem quase tudo o que é preciso para fazer um belo tinto: tem solos graníticos, pobres em matéria orgânica que geram vinhos de boa concentração ainda que de baixa produção; tem dois rios – Dão e Mondego – que definem sub-regiões e marcam o perfil dos vinhos, algo que Paulo Nunes, enólogo na Quinta da Passarela, afirma categoricamente: “se comparamos por exemplo a zona de Silgueiros ou a zona da Serra da Estrela vemos que nesta última estão a começar as vindimas quando na outra estão já a acabar”. Em todas as sua sub-regiões o Dão gera vinhos de muito boa acidez que, em geral, não requerem qualquer correcção. Mas o facto de a região estar rodeada de montanhas leva a que haja uma maior protecção em relação à influência marítima. Paulo, que também faz vinhos na Bairrada salienta a menor intervenção que é necessária no Dão, onde as doenças fito-sanitárias têm menor expressão.
Mas não é tudo: as castas disponíveis aqui são uma importante ajuda para os enólogos quando chega a hora de fazer o lote. Salienta Manuel Vieira que “a diversidade que temos à disposição ajuda imenso quando se faz um lote e o perfil específico de cada casta permite resultado mais completo, ao contrário por exemplo do Douro onde há mais semelhança entre as principais variedades”. Se a isto juntarmos a disponibilidade de água no solo, a altitude, as 2500 horas de sol/ano e as noites frescas que se fazem sentir mesmo em pleno Verão temos um quadro completo que nos ajuda a entender melhor a região do Dão.
No que respeita aos tintos é também curioso verificar que algumas das castas mais plantadas na região não aparecem nas indicações dos contra-rótulos. É o caso da Baga, a segunda mais plantada a seguir à Jaen, e a Trincadeira que também é omissa nos rótulos embora tenha mais área de plantação que a Alfrocheiro e poucas foram as vezes que foi comercializada como varietal. Já nos brancos acontece algo de parecido porque a Fernão Pires, por exemplo, tem o dobro da área de vinha da Encruzado e, no entanto, é provável que poucos consumidores associem aquela variedade ao Dão.
O Dão e o mercado
Apesar de todas as suas qualidades, o Dão não está nas primeiras escolhas dos consumidores nacionais, situando-se actualmente em 5º lugar, atrás do Alentejo, Vinhos Verdes, Setúbal e Douro mas, se analisarmos apenas o consumo na restauração, está em 4º lugar nas preferências do mercado. No entanto, a região tem feito uma grande aposta nos vinhos DOP em detrimento dos Regionais (IGP) e a região está em 2º lugar atrás de Vinho Verde e Douro nas regiões que maior percentagem de vinhos DOP vendidos. No 1º trimestre de 2019, dados disponibilizados no site do IVV, nota-se uma pequena subida dos vinhos IGP e descida nos DOP mas ainda é cedo para conclusões.
O Canadá e o Brasil são os destinos principais dos vinhos do Dão; a China está em franco crescimento e os EUA em queda. Segundo informação da CVR do Dão, um problema com um importador nos EUA foi quanto bastou para que as vendas se ressentissem de imediato. A região conheceu uma completa mudança desde os anos 90 do século passado quando cresceram os produtores engarrafadores, diminuiu o número dos armazenistas (que compravam vinho a granel e o engarrafavam com as suas marcas) e fecharam algumas adegas cooperativas. Mudou assim, e muito, o panorama regional e hoje, para além de empresas grandes que marcam a região, como a Sogrape e Dão Sul, por exemplo, o Dão é campo fértil para empresas de média dimensão (casos de Lusovini, Caminhos Cruzados, Magnum-Carlos Lucas, Álvaro Castro, entre outros) e ainda muitos pequenos produtores, numa conjugação de experiências e ideias inovadoras.
A região tem mostrado que mesmo nas gamas de entrada e no patamar até aos 8/10 euros pode produzir vinhos de bom gabarito e a nossa prova demonstra isso mesmo. A qualidade média é muito boa, nota-se que há uma preocupação em originar vinhos equilibrados e intensamente gastronómicos. Paulo Nunes é claro: “nesta gama de preço o Dão permite fazer vinhos com muita qualidade, desde que não se abuse nem das extracções nem da madeira em excesso”. Ora neste painel a esmagadora maioria dos vinhos apresentou, de facto, aquela que é a mais notória característica da região: bom equilíbrio entre acidez/álcool, com taninos macios e muito elegantes (segundo Manuel Vieira a presença da Roriz justifica-se exactamente pela contribuição tânica), com resultados muito positivos. As classificações reflectem essa qualidade média bem elevada: estes são vinhos amigos do consumidor, um verdadeiro porto-seguro na hora da escolha. São também excelentes opções para os restauradores pela ampla margem de associação vinho/comida que permitem.
Com razoável visibilidade nas grandes superfícies e boa presença na restauração os tintos do Dão têm tudo para agradar ao apreciador exigente.
VINHOS EM PROVA
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Casa da Passarella Abanico
Tinto - 2015 -
Casa da Carvalha
Tinto - 2014 -
Terras de Sto. António
Tinto - 2016 -
Quinta do Sobral Santar
Tinto - 2016 -
Morgado de Silgueiros
Tinto - 2017 -
Índio Rei
Tinto - 2015 -
Vinha de Reis
Tinto - 2015 -
Terras Madre de Água
Tinto - 2016 -
Tesouro da Sé Private Selection
Tinto - 2015 -
Quinta do Paúl
Tinto - -
Borges Quinta de São Simão da Aguieira
Tinto - 2015 -
Quinta das Estrémuas
Tinto - 2015 -
Quinta da Ponte Pedrinha
Tinto - 2015 -
Quinta da Falorca Traditional Blend
Tinto - 2012 -
Quinta da Espinhosa Unigénito
Tinto - 2015 -
Quinta da Bica
Tinto - 2015 -
Pedra Cancela Selecção do Enólogo
Tinto - 2016 -
Opta
Tinto - 2015 -
Dom Vicente Field Blend
Tinto - 2017 -
Castelo de Azurara
Tinto - 2016 -
Adega da Corga
Tinto - 2013 -
Vale Divino
Tinto - 2016 -
Ribeiro Santo
Tinto - 2016 -
Quinta do Serrado
Tinto - 2014 -
Maias
Tinto - 2015 -
Ladeira da Santa
Tinto - 2015 -
Fonte do Ouro
Tinto - 2017 -
Casa do Castelo
Tinto - 2017 -
Casa de Santar
Tinto - 2016 -
Casa de Mouraz
Tinto - 2015 -
Casa da Ínsua
Tinto - 2015 -
Quinta dos Carvalhais
Tinto - 2017 -
Quinta de Saes
Tinto - 2016 -
Quinta das Marias Lote
Tinto - 2017
Edição Nº28, Agosto 2019
A revolução silenciosa dos Verdes

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de […]
Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de grande qualidade e longevidade. São estes últimos que aqui mostramos e que representam um novo caminho que se abre para os Vinhos Verdes.
TEXTO E NOTAS DE PROVA Mariana Lopes
FOTOS Mário Cerdeira
Não está na hora de mudar a forma como olhamos para o Vinho Verde. É, sim, tempo de ver o outro lado da moeda, não reduzindo a região apenas ao estilo que sempre conhecemos. Há um novo (antigo) Verde e, por mais que alguns esperneiem em discórdia, esta Grande Prova veio demonstrar que assim é.
Como foi escrito num editorial da Grandes Escolhas, exactamente há um ano, desde a sua fundação, em 1908, que a região dos Vinhos Verdes se viu em vários momentos de fractura. Estes pontos de agitação permitiram que esta se desenvolvesse positivamente e, mesmo quando deu um passo atrás, a região acabou sempre, mais tarde, por dar dois em frente. Refiro-me, por exemplo, ao fenómeno a que Luís Lopes chamou de “Verdes de Quinta”, lá para o final da década de 80, em que as grandes casas e solares da região prosseguiram um estilo de vinho mais seco, estruturado e sério. Mas nem o país, nem as pessoas, nem o mercado estavam preparados para esta disrupção do Vinho Verde, e o sol acabou por ser de pouca dura, com estes projectos a reverter para um perfil mais comercial. Porém, nada disto foi em vão, pois deixou no ar um bichinho que se tem vindo a apoderar, mais uma vez, de algumas empresas, num tempo em que tudo isso já é realista. E é realista por¬que uma parte muito importante do sector também sofreu uma grande revolução nos últimos anos, em todo o país: a viticultura. E isso não foi excepção nos Vinhos Verdes. Com novas técnicas, mais sabedoria, e a sensatez de saber ir buscar ao passado aquilo que pode fazer bem ao presente, as uvas mais nobres da região exprimem-se cada vez mais nos vinhos, dando-lhes sentido de lugar.
Seguindo esta linha de pensamento, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) tem posto em marcha um plano de marketing, promovendo estes Verdes mais ambiciosos e diferenciadores. Não é uma campanha em detrimento dos mais correntes, dos mais jovens, com gás e doçura, que servem o seu propósito e representam a maior parte do mercado da região. Felizmente, esses vendem-se tão bem que não carecem de grandes investimentos de marketing. Aliás, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, conta que “Hoje exporta¬mos mais de metade do Vinho Verde produzido e, em mercados como a Alemanha ou os EUA, mais de metade do vinho português é Vinho Verde”. Consultando os dados estatísticos da CVRVV, constatamos que, em 2018, se exportou uns atordoantes 13 milhões de euros para os EUA, e 11 milhões para a Alemanha. Se tivermos em conta os 16 maiores importadores de Vinho Verde, estamos a falar de 57 milhões. Depois desta informação assentar, e voltando à campanha, nas peças publicitárias pode ler-se, por exemplo, “Os Vinhos Verdes estão mais ricos, descubra-os”, com imagens gastronómicas que sugerem capacidade de harmonização. O objectivo das novas acções de pro¬moção é, segundo o presidente da Comissão, “Valorizar as castas, as sub-regiões, os vinhos que melhor afirmam esta ambição de valorização”. Relançar a Rota dos Vinhos Verdes é outra medida em curso, que quer intensificar “a ligação dos produtores aos territórios, sendo essencial para a afirmação, até comercial, dos mais pequenos”. Quanto à maneira, por vezes distorcida, como o Vinho Verde é visto pelos consumidores nacionais e internacionais, Manuel Pinheiro não está preocupado: “Sei que é uma visão que se está a desvanecer. Aliás, ela não existe em mercados novos como, por exemplo, o Japão, que valoriza os Vinhos Verdes como grandes vinhos, com uma personalidade própria”. Mas tem também consciência de que a realidade de hoje é totalmente diferente da de outrora, e explica que “Quem compara os Vinhos Verdes de hoje com os de há duas décadas, não reconhece a mesma região”. E aponta o papel da viticultura, dizendo “Estamos a reconverter entre 600 e 700 hectares de vinha por ano, a mudar a paisagem do Minho vinha a vinha, e com isso a produzir uvas muito mais interessantes, com uma estrutura de custos muito mais competitiva”. Isto leva-nos à questão dos preços, que, como desmistifica o jurista de formação, pode estar a ser interpretada de um modo falacioso: “Há uma ideia de que o Vinho Verde é um vinho barato, mas essa ideia desaparece com um simples olhar aos números Nielsen para o mercado nacional, ou aos números de exportação do Intrastat”. Não nos podemos esquecer também de um factor incontornável, sem o qual nenhuma revolução teria lugar, os enólogos. “Hoje, a vinificação está concentrada em centros bem equipados, dirigidos por enólogos que não hesitam em inovar, e as castas do Vinho Verde são a melhor testemunha desta nova parceria vinha/enologia. Mais do que o valor que se trouxe para a região, é relevante o conhecimento que se adquiriu nesta área”, valorizou Manuel Pinheiro.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40440″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]VINHOS BRANCOS DE GUARDA
Nesta prova incluíram-se 29 vinhos com um preço de venda ao público médio superior a sete euros e sem qualquer adição de gás carbónico. Não foram pedidos vinhos da sub-região Monção e Melgaço, pela sua especificidade e por representarem, em si mesmo, uma categoria diferenciada junto do consumidor, nem foram contemplados Regional Minho. Em primeira instância, o que destacou foi a qualidade generalizada, com a nota mínima de toda a prova a situar-se nos 16 valores, significando que tivemos apenas vinhos muito bons e vinhos excelentes. Em segundo lugar, a predominância de Avesso e de lotes de Alvarinho com Avesso, ou Alvarinho com Loureiro. Por último, o teor alcoólico dos vinhos, com muitos a recair nos 13% ou mais. Está na hora de arregaçar as mangas e descortinar tudo isto, com a ajuda de quem põe a mão na massa, os enólogos, os viticultores e os produtores. E como é que eles próprios vêem esta onda de ambição? Ou será que não a vêem, de todo? João Camizão, autor dos vinhos Sem Igual, reconhece-a: “É uma pequena onda que alguns de nós já estão a ‘apanhar’ há alguns anos e que, finalmente, empresas com negócios de referência na região vão começar a ‘surfar’. Provavelmente, apenas começa agora a ter notoriedade e a ser cobiçada, pois a região dos Vinhos Verdes tem uma tipicidade tão intrínseca (até as cartas de quase todos os restaurantes têm uma secção para os Vinhos Verdes e outra para os brancos), que é como nascer num berço de ouro. Ou seja, não houve necessidade de reinventar e inovar o estilo de vinho. E esta tipicidade gera, per si, grande volume de negócio com muita exportação e preços que não são os mais baixos do país (é das regiões que mais valoriza a uva)”. E revela aquilo que acha ser a chave para o sucesso, tocando num ponto fundamental, a longevidade, e dizendo “Nos dias de hoje, muitos produtores da região ambicionam ter vinhos de grande qualidade, mesmo tendo de se desviar do perfil da casa. Portanto, há que estar preparado para investir e esperar uns anos com o vinho na adega, para aferir à longevidade e deixar a acidez vibrante ser arredondada pelo tempo. Penso que esta será condição necessária para o sucesso. Estamos numa região com grande potencial para fazer vinhos brancos de guarda, de classe mundial”. Já Gonçalo Sousa Lopes, produtor e viticultor dos vinhos Quinta do Cruzeiro, assume que “É o único caminho que o pequeno produtor-engarrafador tem de fazer, atingindo assim um nicho de clientes apreciadores e conhecedores. Existem produtores que já estão nesta linha há muto tempo, mas como a região sempre foi vista como produtora de vinhos ‘do ano’ e pouco complexos (há excepção de Monção e Melgaço), estes sempre ficaram na sombra e, para se afirmarem, tinham de se por nas pontas dos pés, ou gastar muito dinheiro para divulgarem os seus ‘vinhos sérios’”. Mostrando que há visões diferentes sobre os preços a que o Vinho Verde é vendido, defende que, desta maneira, “diferenciam-se dos grandes armazenistas que vendem Vinho Verde (muito gaseificado e doce) a preços incompreensivelmente baixos e desprestigiantes para a região”. Por sua vez, Rui Cunha, enólogo dos Covela, é implacável na sua visão e alerta “Fala-se muito de Verdes ambiciosos, mas, na verdade e em geral, o que existe são vinhos com um pouco menos de gás e um pouco me¬nos de açúcar”. Na posição de quem lida com dois perfis de Vinho Verde, João Cabral de Almeida, enólogo da Quinta da Calçada e produtor dos vinhos Camaleão, esclarece: “Os dois caminhos são interessantes e os dois têm lugar no mercado. Quando faço vinhos mais ‘sérios’ (se bem que há seriedade em ambos) estou focado naquilo que a vinha tem para oferecer e no terroir, quando faço vinhos mais ‘jovens’ estou a pensar nas sensações, na experiência imediata que estou a dar a um consumidor”.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40441″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]A SOLUÇÃO ESTÁ NA VINHA
E a questão que a seguir se coloca é inevitável. Como lá chegar? Que castas são mais propícias? O álcool e a barrica são factores fundamentais para atingir este estilo de Verde mais, digamos, complexo? As respostas variam, mas há um ponto em que todos concordam: viticultura, viticultura, viticultura. Márcio Lopes, criador e enólogo dos Pequenos Rebentos, faz a sua eleição. “O Alvarinho, que já tem provas dadas. O Loureiro é uma casta delicada, mas num bom local pode originar grandes vinhos, e o Avesso que também é complicado, mas tem grande potencial. Já o Azal é uma casta excelente para contrariar as alterações climáticas. Com a viticultura mais avançada, é agora mais fácil cuidar das uvas mais sensíveis”. Não podendo deixar de pegar no tema do clima, fazemos Márcio alongar-se nele: “A ramada e o enforcado são sistemas de condução muito pertinentes para um Verde com ambição, pela resistência às alterações climáticas, porque criam maturações mais lentas e equilibradas, folhagem que protege as uvas e impede o escaldão. Devem ser hipóteses a considerar na viticultura. Temos de encontrar um meio termo entre o passado e o futuro”. Para Rui Cunha, destacam-se o Alvarinho, o Avesso e o Arinto, sem esquecer o Loureiro. “Infelizmente, o Loureiro não é uma casta que tenha o peso devido na região, porque é fantástica. Sobre o Arinto, há a vantagem de já se conhecer bem e saber-se que tem bom envelhecimento, assim como o Avesso. Esta última é a minha favorita. É difícil ‘competir’ com a fama que o Alvarinho tem, no sentido em que, lá fora, muita gente pensa que a região se reduz a esta casta”. Gonçalo Lopes elege as mesmas que os dois anteriores, mas com um extra, a Trajadura. Tal como Márcio Lopes, também dá importância às vinhas velhas e com diversas castas mistura¬das, admitindo que dão ainda mais complexidade aos vinhos, e aponta o terroir como factor determinante de qualidade. João Cabral de Almeida lembra, ainda, que “urge saber mais sobre castas antigas ainda desconhecidas, muitas presentes nas vinhas velhas, que se podem revelar muito interessantes”, mas acha redutor associar este perfil mais ambicioso a castas em concreto.
No que toca a madeiras e álcool, reina a palavra “equilíbrio”. Mas é Márcio Lopes que mais simplifica o caminho para chegar a um grande Verde: “O fundamental é a qualidade da uva, depois é não estragar. Acima de tudo, a boa acidez é importante. Não nos interessa que o álcool vá subindo e a acidez descendo. Quanto à necessidade de barrica, a própria uva pode dar estrutura, corpo e complexidade. Tem mais que ver com os rendimentos da vinha. Se ela produzir muito, vai ter muitos filhos para alimentar e esgotar-se a si própria, se produzir menos, consegue conferir mais às uvas. Ou seja, tem tudo mais que ver com a nascença do que com os extras. Uma região granítica e de frescura natural é uma região de futuro no mundo actual”. João Camizão também não dá valor ao álcool e afirma que este deve ser controlado, acima de tudo “com os novos sistemas de condução”. “Devemos ter a ambição de fazer grandes vinhos com álcool abaixo dos 13%, o que é difícil, mas torna tudo bem mais equilibrado”. Mais do que a barrica, que considera útil, mas não necessária, releva outras opções enológicas, sugerindo “Deixar a fermentação ir até ao fim, para ficarmos sem açúcar residual. Ou, por exemplo, fazer brancos de curti¬menta, estágios em cubas de cimento, etc., práticas que eram muito comuns nos Vinhos Verdes. Temos a sorte de estar numa região com uma história tão rica em temos de práticas de vinificação, que será uma pena se não explorarmos estes caminhos”. Gonçalo Lopes acrescenta elementos à lista: “Existem outras técnicas, na vinificação, que se podem usar. Refiro-me à maceração pelicular a frio antes da prensagem, bâtonnage de borras totais a frio pré-fermentativa e estágio prolongado com borras finas. Associado a estas técnicas, qualquer vinho ganha sempre com o estágio em garrafa. Vinhos produzidos assim, mui¬tas vezes não necessitam de teores alcoólicos elevados nem de ir à barrica, esta pode mesmo ser um elemento a mais”. Depois, Rui Cunha vem abrir a cortina a outra perspectiva, concordando que há qualidade na uva para que esta brilhe por si só, mas recordando “Até os grandes brancos alemães estagiam em madeira. Se me disserem ‘faz um grande branco’, provavelmente vou utilizá-la. O que não quer dizer que precisemos dela para lá chegar”.[/vc_column_text][image_with_animation image_url=”40447″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_column_text]POTENCIAR UMA MARCA
Podemos dizer que há aqui uma estrela no meio da trama: a vinha. Quando ela se porta bem, quando se cuida bem dela e não se desvirtua o produto com excessos disto ou daquilo, é difícil que o resultado não seja um vinho ambicioso. Principalmente numa região com matéria-prima deste nível, frescura natural, e técnicos inteligentes, arroja¬dos, que pesquisam o que já se fez e o que se pode fazer para ser cada vez melhor. Mas vamos por as coisas em pratos limpos: o facto de o Vinho Verde ser, para muita gente, mais uma cor do vinho, como o branco, o tinto ou o rosé, é uma desvantagem, acima de tudo porque não é verdade e está associado apenas ao estilo de vinho doce e com gás. Porém, isso também significa que o Vinho Verde se enraizou como uma marca forte, num fenómeno muito semelhante ao da Gillette, do Kispo, ou do Tupperware. Lá fora, muita gente conhece a palavra Vinho Verde, bem mais até do que outros nomes de regiões portuguesas. Há que pegar nela e mostrar que é marca de grandes vinhos, nunca esquecendo que todos os estilos têm o seu lugar no mercado. E as perspectivas são muito positivas. O que se vê é que os enólogos estão cada vez mais apaixonados pela uva, pela terra, trabalhando em uníssono com os viticultores. Já lá vai o tempo em que não entravam na vinha, com medo de sujar o sapato. E isso, além de bonito, é benéfico para vinhos melhores, mais puros, singulares, fiéis à sua origem. A revolução dos Vinhos Verdes não será televisionada. Será bebida, e com muito prazer.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][heading]VINHOS EM PROVA[/heading][vc_column_text]
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Zulmira
Branco - 2018 -
Via Latina
Branco - 2018 -
Quinta de Linhares
Branco - 2018 -
Quinta de Azevedo
Branco - 2018 -
Casa das Buganvílias
Branco - 2018 -
Camaleão
Branco - 2018 -
Adega Ponte da Barca Reserva dos Sócios
Branco - 2017 -
Quinta das Arcas
Branco - 2015 -
Portal das Hortas
Branco - 2018 -
Opção B
Branco - 2017 -
Chapeleiro
Branco - 2016 -
Castelo Negro 150
Branco - 2018 -
Vila Nova
Branco - 2015 -
Singular
Branco - 2017 -
Quinta do Tamariz
Branco - 2017 -
Paço de Teixeiró
Branco - 2017 -
Maria Bonita Barrica
Branco - 2017 -
Covela Edição Nacional
Branco - 2017 -
Casal de Ventozela Prime Selection
Branco - 2017 -
Casa da Senra Premium
Branco - 2016 -
Quinta do Cruzeiro
Branco - 2013 -
Quinta de San Joanne
Branco - 2015 -
Quinta da Calçada
Branco - 2016 -
Sem Igual Ramadas Wood
Branco - 2017
Edição Nº27, Julho 2019
A Touriga que é Nacional

A Touriga Nacional é uma casta de grande personalidade, capaz de produzir todo o tipo de vinhos – desde espumantes de alta qualidade até Vinhos do Porto. É expressiva, com muita frescura aromática, numa fina elegância que integra os traços inconfundíveis de violeta, bagas e citrinos de bergamota. Mesmo tendo o carácter varietal bem definido, […]
A Touriga Nacional é uma casta de grande personalidade, capaz de produzir todo o tipo de vinhos – desde espumantes de alta qualidade até Vinhos do Porto. É expressiva, com muita frescura aromática, numa fina elegância que integra os traços inconfundíveis de violeta, bagas e citrinos de bergamota. Mesmo tendo o carácter varietal bem definido, deixa transparecer o terroir, a abordagem enológica e até o estilo do produtor, sem perder a sua identidade. Nesta prova de 50 vinhos de Touriga Nacional, a grandeza e versatilidade da casta ficaram bem evidentes.
TEXTO Valéria Zeferino FOTOS Ricardo Gomez
A casta tinta mais nacional nem sempre foi apelidada como tal. Ao longo da sua existência teve muitas sinonímias em várias zonas do país – Tourigo e Touriga, Tourigo Fino e Touriga Fina, Mortágua, Preto Mortágua e até Azal. Considera-se que, precisamente, os nomes Tourigo e Mortágua indicam a origem da casta, ligando-a à região do Dão, onde existem duas localidades com o mesmo nome. De acordo com o Estudo de Ampelografia Portuguesa de 1865, a Touriga era de longe a casta mais plantada no Dão antes da filoxera.
As primeiras referências do seu cultivo surgem em 1790 por Lacerda Lobo e em 1791 é Rebelo da Fonseca que a caracteriza como “uma casta produtiva e de maturação precoce”. Vis¬conde de Villa Maior em 1865 elogia a Touriga, dizendo que “é excelente e dá vinho muito coberto, resiste ao oídio (…)”.
Em 1900, Cincinato da Costa referiu a variedade no seu monumental O Portugal Vinícola como “casta tinta de valor, geralmente aprecia¬da em todo o norte do país pelo grande rendimento que dá e a superior qualidade dos vi¬nhos que origina.” Dizia ainda que na região da Beira e em especial entre os rios Mondego e o Dão, “os vinhedos têm um cunho muito característico e são justamente afamados, é a Touriga a casta predominante (…)”.
O potencial enológico da Touriga Nacional foi com¬provado, o que não só a salvou da extinção, como fez dela o primeiro objecto de investigação clonal aprofundada em Portugal, que permitiu identificar do universo de 197 clones os melhores em termos de resistência a doenças, rendimento, açúcar, acidez etc.
O combate da filoxera obrigou o uso de porta¬-enxertos americanos, resistentes ao insecto malicioso. Esta medida, embora tenha resolvido o problema da praga, não foi particularmente acertada no caso da Touriga Nacional, reduzindo drasticamente a sua produtividade. A casta, com “muita parra e pouca uva”, passou de bestial a besta no meio dos viticultores, pois o rendimento baixíssimo (menos de 800 gramas por planta) não era comercialmente viável.
A recuperação da fama foi lenta e só aconteceu a partir de meados do século passado graças aos estudos de Gastão Taborda no Douro nos anos 50 (continuados posteriormente por José António Rosas e João Nicolau de Almeida) e Alberto Vilhena no Dão dos anos 60. O potencial enológico da Touriga Nacional foi com¬provado, o que não só a salvou da extinção, como fez dela o primeiro objecto de investigação clonal aprofundada em Portugal, que permitiu identificar do universo de 197 clones os melhores em termos de resistência a doenças, rendimento, açúcar, acidez etc.
ADAPTÁVEL MAS COM MUITA PERSONALIDADE
A Touriga dá-se bem em todos os tipos de solos, mesmo pesados e férteis. Continua a ser uma casta com vigor vegetativo notável e tem porte retumbante, crescendo para os lados, o que exige mais trabalho na vinha e pode causar danos físicos à planta em condições de ventos fortes. Para além do baixo rendimento, a Touriga Nacional ainda tem a tendência para o desavinho e a bagoinha, com abrolhamento e floração precoce, problemas que podem acentuar-se nas condições climáticas adversas na primavera. Actualmente, com conhecimento adquirido, é possível controlar o vigor e o rendimento através de clones e porta-enxertos apropriados e da poda correcta conforme as condições.
A Touriga Nacional amadurece algo tarde, sendo uma casta de ciclo longo, cujo amadurecimento completo às vezes pode ser comprometido pelo frio e chuvas de outono. Produz cachos pequenos de cerca de 100-200 gramas, raramente atingindo 250 gramas. Os seus pequenos e relativamente soltos bagos possuem uma película bastante grossa que é rica em polifenois e protege o bago do sol e do calor. É uma autêntica trabalhadora, resiste bem ao calor e continua a fazer fotossíntese até a última graças à elevada eficiência do uso da água. Entretanto, o stress hídrico tem que ser controlado, sobretudo quando combinado com calor excessivo. Nestas condições, a Touriga é sensível ao escaldão das folhas e tem tendência a livrar-se delas, expondo os cachos ainda mais ao sol.
N’O Portugal Vinícola, a Touriga é referida como uma casta aneira que produz muito num ano para dar pouco noutro. O enólogo Manuel Vieira (Caminhos Cruzados) não a considera aneira do ponto de vista enológico e é até bastante regular em termos qualitativos: não varia do óptimo para péssimo, antes oscila entre óptimo e muito bom ou bom. Tinta Roriz e Alfrocheiro, neste aspecto, são mais aneiras, diz Manuel Vieira. Mas o factor ano acaba por ser importante quando se quer fazer um vinho varietal de grande qualidade, repara o enólogo da Quinta do Crasto, Manuel Lobo. Como diz, e bem, Pedro Rodrigues, da Quinta dos Termos, a Touriga Nacional dá o que toda a gente quer: cor, álcool, tanino, acidez e um aroma atraente.
É uma casta terpénica pela concentração elevada de terpenos livres, responsáveis pelos aromas florais e frutados que, curiosamente, são mais intensamente encontrados sobretudo em variedades brancas como Moscatel, Gewurztraminer, Viognier ou Alvarinho.
A Touriga ainda é particularmente rica em norisoprenóide beta-ionona, associado ao aroma de violeta. Conforme os estudos do Instituto Superior de Biotecnologia, a concentração deste composto diminui com a presença de oxigénio, o que explica porque os aromas de violeta são mais evidentes quanto menos barrica se usa na vinificação.
Sabe-se também que a nossa Touriga é atreita a desenvolver fenóis voláteis (o desagradável aroma de suor de cavalo) por ter grande teor de ácido ferúlico e cumárico, utilizados no metabolismo de brettanomyces. Se, ainda por cima, o vinho for estagiado em barricas novas que mais rapidamente absorvem o sulfuroso, é preciso um controlo redobrado.
A Touriga funciona bem nos vinhos de entra¬da de gama por ter um aroma imediatamente atractivo e ser naturalmente muito equilibra¬da. Mas existem Tourigas que evoluem muito bem. Manuel Lobo atribui à Touriga uma longevidade média, já Graça Gonçalves afirma que na Quinta do Monte D’Oiro tem Tourigas de 2004 e estão óptimas, e Manuel Vieira lembra-se de provar no final dos anos 80 as mini-vinificações de Touriga Nacional feitas nos anos 50 pelo Eng.º Vilhena em Nelas, que estavam de perfeita saúde.
A TOURIGA E A BARRICA
“Touriga é uma casta muito plástica, capaz de dar vinhos bem diferentes uns dos outros. Sem barrica dá vinhos elegantes, mas também tem especial apetência pela barrica, não se deixa comer pela madeira. Tem personalidade, é uma casta criativa.” – defende Manuel Vieira. O enólogo costuma fazer maceração pré e pós-fermentativa, ao que Touriga responde bem. Utiliza barricas de primeiro, segundo e terceiro ano, prefere tosta média, mas varia o nível de tosta para fazer um lote final.
Já Manuel Lobo indica que a casta não tem muito tanino, comparativamente com a Tinta Roriz ou Touriga Franca. Às vezes falta-lhe um pouco de dimensão e de persistência e não tem camadas como algumas outras castas. Precisa de madeira para lhe conferir algum tanino, mas prefere barricas com porosidade apertada e não gosta de tosta muito elevada.
Graça Gonçalves menciona que a Touriga Nacional se porta muito bem na fermentação alcoólica, costuma ser a mais rápida a atingir o pico, por isto é necessário um bom arrefecimento na vinificação. Tem uma cor fabulosa, mas perde-a com alguma facilidade por não ter muito tanino a fixar antocianinas. Prefere Touriga em barricas usadas, mas utiliza 30% de barrica nova com tosta média.
Na Quinta dos Termos opta-se por um lote de barricas de carvalho francês e húngaro. Pro¬curam “não matar a frescura”. Utilizam madeiras com tempo de secagem longo (8 anos) pela convicção que é preferível do que usar uma barrica velha com poros saturados, ex¬plica Pedro Rodrigues.
Bernardo Cabral, enólogo da Companhia das Lezírias, afirma que quando é feito um bom trabalho de campo, a Touriga equilibra-se bem na adega. Não gosta de utilizar carvalho americano, que mascara a personalidade da Touriga Nacional, ao contrário do carvalho francês que eleva a casta. E sempre tem uma parte sem barrica para compor o lote final.
Na opinião do enólogo e produtor António Maçanita é o perfil aromático que define a casta, por isto não utiliza barrica para preservar a pureza dos aromas varietais. “É mais difícil fazer uma grande Touriga de concentração do que uma Touriga igual a si própria. Não vale a pena forçar. Há outras castas para potência”, refere.
MANTENDO O CARÁCTER REGIONAL
O terreno do Douro com um número infinito de exposições multiplicadas por diversas altitudes permite fazer um lote de vinhas como, por exemplo, acontece na Quinta do Crasto. Utilizam uvas oriundas das três vinhas com exposições diferentes: uma virada a nascente, outra a sul e a terceira apanha um pouco de exposição norte. As vinhas ficam à altitude de cerca de 300m, que parece ser a ideal, por¬que estão afastadas dos calores das cotas baixas, mas sem comprometer a maturação. Como as vinhas não são rega¬das, é importante que em baixo do xisto, a um metro de profundidade, exista argila que retém água do inverno.
No mais húmido Dão, a resistência da casta às chuvas é um requisito importante. Manuel Vieira explica que a película da Touriga Nacional é bastante elástica e não deixa o bago rebentar quando incha, como acontece com Alfrocheiro. A Touriga Nacional do Dão tem frescura, equilíbrio e complexidade. Os aromas raramente chegam a lembrar fruta em compota. O clássico aroma ao citrino bergamota é para Manuel Vieira associado a pouca maturação.
António Maçanita trabalha com Touriga Nacional em duas regiões. No Alentejo, inicialmente andava à procura da concentração na Touriga. Em 2015 ficou impressionado com o seu perfil aromático (pétalas de rosas, flor de laranjeiro), quando vindimada mais cedo.
A partir daí privilegia a elegância à concentração. No Douro, a sua Touriga do Cima Corgo também só estagia em inox para acentuar os aromas, mas a do Douro Superior tem mais consistência e estrutura, por isto já utiliza alguma barrica.
Segundo Pedro Rodrigues, na Beira Interior a Touriga demora muito a amadurecer, sendo geralmente das últimas a ser colhida. A acumulação de açúcares não acontece rápido, por isso tem tempo para desenvolver os aromas. Mesmo que chova não há problema, porque resiste à chuva. Considera que o factor ano é importante para o perfil do vinho monovarietal. Em 2016 conseguiram o perfil que tanto procuravam – leve, elegante e aromático.
A TOURIGA E O CONSUMIDOR
Nas lojas de vinhos nacionais os consumidores, normalmente, não procuram os vinhos pela variedade, diz Vanessa Neves da garrafeira Empor Spirits & Wine em Lisboa, mas quando se sugere a Touriga Nacional a maioria reconhece e valoriza a casta. Ivone Ribeiro, a proprietária da garrafeira Garage Wines em Matosinhos, nota que há algum interesse pelos monovarietais, quando o consumidor vai à procura da essência das castas. Alguns grupos de clientes até se juntam para provar, por exemplo 10 Tourigas diferentes.
Ambas apontam que a casta funciona sempre bem como opção de oferta. Os Tourigas estruturados e com madeira normalmente impressionam, mas os consumidores mais “exigentes” ou com mais conhecimento de marcas e estilos procuram Touriga mais fresca e elegante.
Mesmo tendo muito orgulho na nossa Touriga Nacional, temos que ter noção que para maioria dos consumidores estrangeiros a casta continua uma ilustre desconhecida. Marco Alexandre – diretor do Table Group com 8 restaurantes no centro de Lisboa, onde 95% da clientela é internacional, afirma que os estrangeiros procuram mais aquilo que conhecem – Sauvignon Blanc, Chardonnay e Cabernet Sauvignon. Mas aceitam provar um vinho de Touriga Nacional quando é sugerido e normalmente gostam.
Inegável é o facto de que, entre as mais de 250 castas portuguesas, a Touriga Nacional é a variedade tinta que possui mais notoriedade e imagem mais consolidada entre os enófilos e os profissionais. O ritmo de crescimento da Touriga nas novas plantações é o reflexo disso mesmo. E lá fora, é quase sempre a casta bandeira do país, autêntica embaixadora quando se fala de vinhos de Portugal. Elegante, personalizada, impositiva, exuberante (demasiado, por vezes), a Touriga Nacional não deixa ninguém indiferente.
Cada vez mais plantada
Em 1989 (há 30 anos) a Touriga Nacional nem sequer fazia
parte das 15 castas mais plantadas de Portugal, ou seja,
representava menos de 1% dos encepamentos nacionais
(na altura a lista era liderada por Fernão Pires, Castelão e
Baga com 9, 8 e 5% respectivamente).
De acordo com os dados mais recentes do Instituto da
Vinha e do Vinho, a Touriga Nacional subiu ao terceiro lugar
(a seguir a Aragonez e Touriga Franca) e ocupa 13.032 ha, o
que corresponde a 7% da plantação nacional. A maior área
da Touriga está no Douro – 4.524 ha. No Dão é a 2ª casta
mais plantada, a seguir à Jaen, com 3.191 ha. No Alentejo
ocupa 1.313 ha, em Trás-os-Montes 1.169 ha, ficando as
Beiras (Bairrada + Beira Interior) com 930 ha, a região de
Lisboa com 646 ha e o Tejo com 504 ha.
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Quinta do Pinto
Tinto - 2015 -
Quinta da Lapa
Tinto - 2015 -
Quinta das Estrémuas
Tinto - 2010 -
Monte da Caçada
Tinto - 2016 -
Castelo de Azurara
Tinto - 2014 -
Bridão
Tinto - 2016 -
Adega de Pegões
Tinto - 2016 -
Sanguinhal
Tinto - 2015 -
Quinta da Cuca
Tinto - 2016 -
Quinta da Caldeirinha
Tinto - 2015 -
Borges
Tinto - 2016 -
Adega Mayor
Tinto - 2016 -
A Touriga Vai Nua Unoaked
Tinto - 2018 -
Adega Mãe
Tinto - 2016 -
Tyto Alba Vinhas Protegidas
Tinto - 2015 -
Touriga Nacional da Peceguina
Tinto - 2015 -
Terras de Sto. António
Tinto - 2015 -
Ribeiro Santo
Tinto - 2014 -
Quinta dos Termos
Tinto - 2016 -
Quinta de S. José
Tinto - 2016 -
Quinta de Saes
Tinto - 2015 -
Quinta do Monte d’Oiro
Tinto - 2015 -
Quinta das Marias
Tinto - 2015 -
Quinta dos Carvalhais
Tinto - 2017 -
Quinta do Cardo
Tinto - 2016 -
Herdade do Rocim
Tinto - 2017 -
Fonte do Ouro
Tinto - 2016 -
Elpenor
Tinto - 2014 -
Casa Burmester
Tinto - 2016 -
Vale da Raposa
Tinto - 2015 -
Quinta de Ventozelo
Tinto - 2016 -
Quinta da Romaneira
Tinto - 2016 -
Quinta de Lemos
Tinto - 2010 -
Paulo Laureano Selectio
Tinto - 2013 -
Passadouro
Tinto - 2016 -
Cortes de Cima
Tinto - 2015 -
CH By chocapalha Vinhas Velhas
Tinto - 2016 -
Vallado
Tinto - 2016 -
Quinta do Portal
Tinto - 2003 -
Quinta do Noval
Tinto - 2016 -
Quinta do Cume
Tinto - 2015 -
Monte Meão Vinha dos Novos
Tinto - 2016 -
Allgo
Tinto - 2016
Edição Nº25, Maio 2019
A revolução silenciosa dos Verdes

Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de […]
Esqueça tudo o que pensa que sabe sobre Vinho Verde. Ou já não é verdade, ou não é suficiente. Ao longo de mais de 100 anos, foram vários os momentos de mudança, a culminar no que hoje temos: uma região multifacetada, com vinhos que vão desde os mais despretensiosos e simples aos mais ambiciosos, de grande qualidade e longevidade. São estes últimos que aqui mostramos e que representam um novo caminho que se abre para os Vinhos Verdes.
TEXTO Mariana Lopes FOTOS Mário Cerdeira
Não está na hora de mudar a forma como olhamos para o Vinho Verde. É, sim, tempo de ver o outro lado da moeda, não reduzindo a região apenas ao estilo que sempre conhecemos. Há um novo (antigo) Verde e, por mais que alguns esperneiem em discórdia, esta Grande Prova veio demonstrar que assim é.
Como foi escrito num editorial da Grandes Escolhas, exactamente há um ano, desde a sua fundação, em 1908, que a região dos Vinhos Verdes se viu em vários momentos de fractura. Estes pontos de agitação permitiram que esta se desenvolvesse positivamente e, mesmo quando deu um passo atrás, a região acabou sempre, mais tarde, por dar dois em frente. Refiro-me, por exemplo, ao fenómeno a que Luís Lopes chamou de “Verdes de Quinta”, lá para o final da década de 80, em que as grandes casas e solares da região prosseguiram um estilo de vinho mais seco, estruturado e sério. Mas nem o país, nem as pessoas, nem o mercado estavam preparados para esta disrupção do Vinho Verde, e o sol acabou por ser de pouca dura, com estes projectos a reverter para um perfil mais comercial. Porém, nada disto foi em vão, pois deixou no ar um bichinho que se tem vindo a apoderar, mais uma vez, de algumas empresas, num tempo em que tudo isso já é realista. E é realista porque uma parte muito importante do sector também sofreu uma grande revolução nos últimos anos, em todo o país: a viticultura. E isso não foi excepção nos Vinhos Verdes. Com novas técnicas, mais sabedoria, e a sensatez de saber ir buscar ao passado aquilo que pode fazer bem ao presente, as uvas mais nobres da região exprimem-se cada vez mais nos vinhos, dando-lhes sentido de lugar.
Seguindo esta linha de pensamento, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) tem posto em marcha um plano de marketing, promovendo estes Verdes mais ambiciosos e diferenciadores. Não é uma campanha em detrimento dos mais correntes, dos mais jovens, com gás e doçura, que servem o seu propósito e representam a maior parte do mercado da região. Felizmente, esses vendem-se tão bem que não carecem de grandes investimentos de marketing. Aliás, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, conta que “Hoje exportamos mais de metade do Vinho Verde produzido e, em mercados como a Alemanha ou os EUA, mais de metade do vinho português é Vinho Verde”. Consultando os dados estatísticos da CVRVV, constatamos que, em 2018, se exportou uns atordoantes 13 milhões de euros para os EUA, e 11 milhões para a Alemanha. Se tivermos em conta os 16 maiores importadores de Vinho Verde, estamos a falar de 57 milhões.
Depois desta informação assentar, e voltando à campanha, nas peças publicitárias pode ler-se, por exemplo, “Os Vinhos Verdes estão mais ricos, descubra-os”, com imagens gastronómicas que sugerem capacidade de harmonização. O objectivo das novas acções de promoção é, segundo o presidente da Comissão, “Valorizar as castas, as sub-regiões, os vinhos que melhor afirmam esta ambição de valorização”. Relançar a Rota dos Vinhos Verdes é outra medida em curso, que quer intensificar “a ligação dos produtores aos territórios, sendo essencial para a afirmação, até comercial, dos mais pequenos”. Quanto à maneira, por vezes distorcida, como o Vinho Verde é visto pelos consumidores nacionais e internacionais, Manuel Pinheiro não está preocupado: “Sei que é uma visão que se está a desvanecer. Aliás, ela não existe em mercados novos como, por exemplo, o Japão, que valoriza os Vinhos Verdes como grandes vinhos, com uma personalidade própria”. Mas tem também consciência de que a realidade de hoje é totalmente diferente da de outrora, e explica que “Quem compara os Vinhos Verdes de hoje com os de há duas décadas, não reconhece a mesma região”. E aponta o papel da viticultura, dizendo “Estamos a reconverter entre 600 e 700 hectares de vinha por ano, a mudar a paisagem do Minho vinha a vinha, e com isso a produzir uvas muito mais interessantes, com uma estrutura de custos muito mais competitiva”. Isto leva-nos à questão dos preços, que, como desmistifica o jurista de formação, pode estar a ser interpretada de um modo falacioso: “Há uma ideia de que o Vinho Verde é um vinho barato, mas essa ideia desaparece com um simples olhar aos números Nielsen para o mercado nacional, ou aos números de exportação do Intrastat”. Não nos podemos esquecer também de um factor incontornável, sem o qual nenhuma revolução teria lugar, os enólogos. “Hoje, a vinificação está concentrada em centros bem equipados, dirigidos por enólogos que não hesitam em inovar, e as castas do Vinho Verde são a melhor testemunha desta nova parceria vinha/enologia. Mais do que o valor que se trouxe para a região, é relevante o conhecimento que se adquiriu nesta área”, valorizou Manuel Pinheiro.
Nesta prova incluíram-se 29 vinhos com um preço de venda ao público médio superior a sete euros e sem qualquer adição de gás carbónico. Não foram pedidos vinhos da sub-região Monção e Melgaço, pela sua especificidade e por representarem, em si mesmo, uma categoria diferenciada junto do consumidor, nem foram contemplados Regional Minho. Em primeira instância, o que destacou foi a qualidade generalizada, com a nota mínima de toda a prova a situar-se nos 16 valores, significando que tivemos apenas vinhos muito bons e vinhos excelentes. Em segundo lugar, a predominância de Avesso e de lotes de Alvarinho com Avesso, ou Alvarinho com Loureiro. Por último, o teor alcoólico dos vinhos, com muitos a recair nos 13% ou mais. Está na hora de arregaçar as mangas e descortinar tudo isto, com a ajuda de quem põe a mão na massa, os enólogos, os viticultores e os produtores. E como é que eles próprios vêem esta onda de ambição? Ou será que não a vêem, de todo? João Camizão, autor
dos vinhos Sem Igual, reconhece-a: “É uma pequena onda que alguns de nós já estão a ‘apanhar’ há alguns anos e que, finalmente, empresas com negócios de referência na região vão começar a ‘surfar’. Provavelmente, apenas começa agora a ter notoriedade e a ser cobiçada, pois a região dos Vinhos Verdes tem uma tipicidade tão intrínseca (até as cartas de quase todos os restaurantes têm uma secção para os Vinhos Verdes e outra para os brancos), que é como nascer num berço de ouro. Ou seja, não houve necessidade de reinventar e inovar o estilo de vinho. E esta tipicidade gera, per si, grande volume de negócio com muita exportação e preços que não são os mais baixos do país (é das regiões que mais valoriza a uva)”. E revela aquilo que acha ser a chave para o sucesso, tocando num ponto fundamental, a longevidade, e dizendo “Nos dias de hoje, muitos produtores da região ambicionam ter vinhos de grande qualidade, mesmo tendo de se desviar do perfil da casa. Portanto, há que estar preparado para investir e esperar uns anos com o vinho na adega, para aferir à longevidade e deixar a acidez vibrante ser arredondada pelo tempo. Penso que esta será condição necessária para o sucesso. Estamos numa região com grande potencial para fazer vinhos brancos de guarda, de classe mundial”. Já Gonçalo Sousa Lopes, produtor e viticultor dos vinhos Quinta do Cruzeiro, assume que “É o único caminho que o pequeno produtor-engarrafador tem de fazer, atingindo assim um nicho de clientes apreciadores e conhecedores. Existem produtores que já estão nesta linha há muto tempo, mas como a região sempre foi vista como produtora de vinhos ‘do ano’ e pouco complexos (há excepção de Monção e Melgaço), estes sempre ficaram na sombra e, para se afirmarem, tinham de se por nas pontas dos pés, ou gastar muito dinheiro para divulgarem os seus ‘vinhos sérios’”. Mostrando que há visões diferentes sobre os preços a que o Vinho Verde é vendido, defende que, desta maneira, “diferenciam-se dos grandes armazenistas que vendem Vinho Verde (muito gaseificado e doce) a preços incompreensivelmente baixos e desprestigiantes para a região”. Por sua vez, Rui Cunha, enólogo dos Covela, é implacável na sua visão e alerta “Fala-se muito de Verdes ambiciosos mas, na verdade e em geral, o que existe são vinhos com um pouco menos de gás e um pouco menos de açúcar”. Na posição de quem lida com dois perfis de Vinho Verde, João Cabral de Almeida, enólogo da Quinta da Calçada e produtor dos vinhos Camaleão, esclarece: “Os dois caminhos são interessantes e os dois têm lugar no mercado. Quando faço vinhos mais ‘sérios’ (se bem que há seriedade em ambos) estou focado naquilo que a vinha tem para oferecer e no terroir, quando faço vinhos mais ‘jovens’ estou a pensar nas sensações, na experiência imediata que estou a dar a um consumidor”.
E a questão que a seguir se coloca é inevitável. Como lá chegar? Que castas são mais propícias? O álcool e a barrica são factores fundamentais para atingir este estilo de Verde mais, digamos, complexo? As respostas variam, mas há um ponto em que todos concordam: viticultura, viticultura, viticultura. Márcio Lopes, criador e enólogo dos Pequenos Rebentos, faz a sua eleição. “O Alvarinho, que já tem provas dadas. O Loureiro é uma casta delicada, mas num bom local pode originar grandes vinhos, e o Avesso que também é complicado mas tem grande potencial. Já o Azal é uma casta excelente para contrariar as alterações climáticas. Com a viticultura mais avançada, é agora mais fácil cuidar das uvas mais sensíveis”. Não podendo deixar de pegar no tema do clima, fazemos Márcio alongar-se nele: “A ramada e o enforcado são sistemas de condução muito pertinentes para um Verde com ambição, pela resistência às alterações climáticas, porque criam maturações mais lentas e equilibradas, folhagem que protege as uvas e impede o escaldão. Devem ser hipóteses a considerar na viticultura. Temos de encontrar um meio termo entre o passado e o futuro”. Para Rui Cunha, destacam-se o Alvarinho, o Avesso e o Arinto, sem esquecer o Loureiro. “Infelizmente, o Loureiro não é uma casta que tenha o peso devido na região, porque é fantástica. Sobre o Arinto, há a vantagem de já se conhecer bem e saber-se que tem bom envelhecimento, assim como o Avesso. Esta última é a minha favorita. É difícil ‘competir’ com a fama que o Alvarinho tem, no sentido em que, lá fora, muita gente pensa que a região se reduz a esta casta”. Gonçalo Lopes elege as mesmas que os dois anteriores, mas com um extra, a Trajadura. Tal como Márcio Lopes, também dá importância às vinhas velhas e com diversas castas misturadas, admitindo que dão ainda mais complexidade aos vinhos, e aponta o terroir como factor determinante de qualidade. João Cabral de Almeida lembra, ainda, que “urge saber mais sobre castas antigas ainda desconhecidas, muitas presentes nas vinhas velhas, que se podem revelar muito interessantes”, mas acha redutor associar este perfil mais ambicioso a castas em concreto.
No que toca a madeiras e álcool, reina a palavra “equilíbrio”. Mas é Márcio Lopes que mais simplifica o caminho para chegar a um grande Verde: “O fundamental é a qualidade da uva, depois é não estragar. Acima de tudo, a boa acidez é importante. Não nos interessa que o álcool vá subindo e a acidez descendo. Quanto à necessidade de barrica, a própria uva pode dar estrutura, corpo e complexidade. Tem mais que ver com os rendimentos da vinha. Se ela produzir muito, vai ter muitos filhos para alimentar e esgotar-se a si própria, se produzir menos, consegue conferir mais às uvas. Ou seja, tem tudo mais que ver com a nascença do que com os extras. Uma região granítica e de frescura natural é uma região de futuro no mundo actual”. João Camizão também não dá valor ao álcool e afirma que este deve ser controlado, acima de tudo “com os novos sistemas de condução”. “Devemos ter a ambição de fazer grandes vinhos com álcool abaixo dos 13%, o que é difícil mas torna tudo bem mais equilibrado”. Mais do que a barrica, que considera útil mas não necessária, releva outras opções enológicas, sugerindo “Deixar a fermentação ir até ao fim, para ficarmos sem açúcar residual. Ou, por exemplo, fazer brancos de curtimenta, estágios em cubas de cimento, etc., práticas que eram muito comuns nos Vinhos Verdes. Temos a sorte de estar numa região com uma história tão rica em temos de práticas de vinificação, que será uma pena se não explorarmos estes caminhos”. Gonçalo Lopes acrescenta elementos à lista: “Existem outras técnicas, na vinificação, que se podem usar. Refiro-me à maceração pelicular a frio antes da prensagem, bâtonnage de borras totais a frio pré-fermentativa e estágio prolongado com borras finas. Associado a estas técnicas, qualquer vinho ganha sempre com o estágio em garrafa. Vinhos produzidos assim, muitas vezes não necessitam de teores alcoólicos elevados nem de ir à barrica, esta pode mesmo ser um elemento a mais”. Depois, Rui Cunha vem abrir a cortina a outra perspectiva, concordando que há qualidade na uva para que esta brilhe por si só, mas recordando “Até os grandes brancos alemães estagiam em madeira. Se me disserem ‘faz um grande branco’, provavelmente vou utilizá-la. O que não quer dizer que precisemos dela para lá chegar”.
Podemos dizer que há aqui uma estrela no meio da trama: a vinha. Quando ela se porta bem, quando se cuida bem dela e não se desvirtua o produto com excessos disto ou daquilo, é difícil que o resultado não seja um vinho ambicioso. Principalmente numa região com matéria-prima deste nível, frescura natural, e técnicos inteligentes, arrojados, que pesquisam o que já se fez e o que se pode fazer para ser cada vez melhor. Mas vamos por as coisas em pratos limpos: o facto de o Vinho Verde ser, para muita gente, mais uma cor do vinho, como o branco, o tinto ou o rosé, é uma desvantagem, acima de tudo porque não é verdade e está associado apenas ao estilo de vinho doce e com gás. Porém, isso também significa que o Vinho Verde se enraizou como uma marca forte, num fenómeno muito semelhante ao da Gillette, do Kispo, ou do Tupperware. Lá fora, muita gente conhece a palavra Vinho Verde, bem mais até do que outros nomes de regiões portuguesas. Há que pegar nela e mostrar que é marca de grandes vinhos, nunca esquecendo que todos os estilos têm o seu lugar no mercado. E as perspectivas são muito positivas. O que se vê é que os enólogos estão cada vez mais apaixonados pela uva, pela terra, trabalhando em uníssono com os viticultores. Já lá vai o tempo em que não entravam na vinha, com medo de sujar o sapato. E isso, além de bonito, é benéfico para vinhos melhores, mais puros, singulares, fiéis à sua origem. A revolução dos Vinhos Verdes não será televisionada. Será bebida, e com muito prazer.
18 €25 B
Anselmo Mendes Private
Vinho Verde Loureiro 2017
Anselmo Mendes Vinhos
Loureiro é isto: folha de louro, floral muito delicado, folhas verdes, infusão de camomila, enorme pureza. Elegante e sublime, é ainda muito jovem, adivinhando longevidade em garrafa, enorme frescura de boca e expressividade, mas tudo isto com uma primorosa leveza. Belíssimo vinho. (12%)
18 €25 B
Sem Igual Ramadas Wood
Vinho Verde Escolha branco 2017
Arrochela e Camizão
Arinto e Azal. Muito cítrico de limão maduro, casca de lima, flor de limoeiro. Com a barrica perfeitamente integrada e discreta, potenciando a fruta, tem grande percepção de frescura, ananás no final de boca, com os citrinos verdes a reinar. Vibrante, tem imensa presença e carácter. (13,5%)
17,5 €16 B
Quinta da Calçada
Vinho Verde Reserva branco 2016
Agrimota
Fermentado em barrica, que se expressa em discretas notas de baunilha, tem pêssego, alperce e geleia de fruta branca. Cremoso e bem equilibrado, mostra a complexidade conferida pelo tempo e uma acidez perfeita que lhe dá muita frescura e elegância, num corpo volumoso. (12,5%)
17,5 €15 B
Quinta de SanJoanne
Vinho Verde Escolha branco 2015
Casa de Cello
Excelente evolução com notas de pederneira, sílex, casca de citrinos, tangerina, leve kumquat. Fino e elegante na boca, é muito cítrico, tem laranja, acidez acutilante, citrinos cristalizados e flores. Um vinho pleno de personalidade. (12%)
17,5 €15 A
Quinta do Cruzeiro
Vinho Verde Reserva branco 2013
Gonçalo Sousa Lopes
Alvarinho e vinhas velhas, estágio em barrica usada. Cor acentuada, evolução saudável com bela complexidade aromática, maçã verde, resinas, aloe vera, salinidade. De belo equilíbrio de boca, complexo e muito presente, enche o palato, tem tangerina e leve mineral. Está no ponto óptimo de consumo. (13%)
17 €20 A
Casa da Senra Premium
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro branco 2016
Abrigueiros
Estagiado em carvalho francês. Leves fumados, casca de citrinos, folha de louro, mineral delicado e toque de sílex. Cremoso apesar do álcool bem moderado, laranja e toranja, final de muito boa acidez, com notas fumadas. Complexo, mas leve. Excelente integração, sem madeira impositiva. (12%)
17 €17 B
Casal de Ventozela Prime Selection
Vinho Verde Grande Escolha branco 2017
Soc. Agr. Casal de Ventozela
Alvarinho e Avesso em partes iguais. Perfil cítrico, também alperce, folhas verdes, leve fumo, bastante delicadeza. Muito leve e preciso, tem um belo equilíbrio, cheio de graça e presença. Elegante e bem aprazível. (12,5%)
17 €15 B
Covela Edição Nacional
Vinho Verde Avesso Reserva branco 2017
Lima & Smith
Muito mineral, fósforo, grafite, conjugados com ameixa branca e damasco. Grande volume de boca, bela integração da barrica quase imperceptível, tem uma certa austeridade e seriedade sedutoras. Com tons de marmelo, é fresco e amplo, tem tudo para crescer na garrafa. (13%)
17 €18,77 B
Maria Bonita Barrica
Vinho Verde Loureiro 2017
Lua Cheia em Vinhas Velhas
Floral e elegante com a casta bem expressiva, citrinos e folhas verdes. Muito boa estrutura, é um branco delicado e firme, com muita frescura, citrinos exóticos, raspa de limão, belos amargos finais. (12%)
17 €15,99 B
Paço de Teixeiró
Vinho Verde Baião Avesso branco 2017
Montez Champalimaud
Biscoito de laranja e maçã reineta introduzem a prova. Muito elegante e delicado, é envolvente, fino e expressivo. A amplitude anda a par da boa estrutura, num branco com carácter e frescura. Bastante sedutor. (13%)
17 €17,50 B
Pequenos Rebentos Vinhas Velhas
Vinho Verde Loureiro Reserva branco 2018
Márcio Lopes
Estágio em barrica usada. De aroma levemente floral, com a casta ainda tímida. Bem mais expressivo na boca, intenso, com citrinos e leve especiaria, complementado por ervas aromáticas. Tem boa estrutura e volume, é sério, bastante jovem e promete uma bela evolução em garrafa. (12,5%)
17 €22 B
Quinta do Tamariz
Vinho Verde Cávado Grande Reserva branco 2017
Soc. Agr. Quinta de Santa Maria
Marmelo e gila, também citrinos maduros e um toque de verniz. Firme, tem um lado de fruta asiática e bela acidez, é sólido e fresco. Um vinho com muito nervo e persistência, que ainda vai crescer na garrafa. (12,5%)
BOA ESCOLHA 2019
17 €10 B
Singular
Vinho Verde branco 2017
A&D Wines
Leve evolução a conferir complexidade, fumados e alguma pimenta branca, um toque de lima e limão. Cremoso, amplo, com muita frescura e bela acidez, é firme, puro e expressivo. Conjunto bastante bonito e sedutor. (13%)
17 €25 A
Vila Nova
Vinho Verde Reserva branco 2015
Soc. Agr. Casa de Vila Nova
Fermentado em barrica. 100% Avesso. Alperce e ananás com leve fumado de fundo, toque de ervas aromáticas e infusão. Especiado na prova de boca, toque tostado e fruta madura, é untuoso e intenso no retrogosto, envolvente, a mostrar evolução muito positiva. (12,5%)
16,5 €9,50 B
Casa de Vilacetinho
Vinho Verde Avesso/Alvarinho Superior branco 2018
Soc. Agr. Casa de Vilacetinho
Maçã e tropical, pêssego e leve ananás no nariz. Excelente acidez e mineralidade, conjunto que é bem fresco, persistente, expressivo, estruturado e macio. Um vinho de excelente “drinkability”. (13,5%)
BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Castelo Negro 150
Vinho verde Alvarinho/Avesso Colh. Selec. branco 2018
Guapos Wine Project
Nariz de citrinos verdes como lima e limão, toque floral, perfume bonito. Na boca apresenta ameixa verde, pêssego, boa estrutura ácida, é leve, fresco, com acidez cítrica final. Bem prazeroso e chamativo. (13%)
16,5 €18 A
Chapeleiro
Vinho Verde Reserva branco 2016
Carlos Gabriel Fernandes
Citrino maduro tipo limão, boa evolução, leve fumado e sílex. Óptima acidez a dar frescura, cremosidade de boca, citrinos cristalizados, gordo, cheio e com leve perfume de barrica a surgir no final. (12,5%)
16,5 €17 B
Opção B
Vinho Verde Avesso branco 2017
AB Valley Wines
Um Avesso fermentado em barrica, com notas fumadas, ananás e flores secas. Fruta cristalizada e geleia na boca, encorpado mas com óptima acidez que suporta e dá vivacidade, a barrica sempre presente, perfil sério, alguma especiaria e retorna ao fumo no final. (13%)
BOA ESCOLHA 2019
16,5 €7 A
Portal das Hortas
Vinho Verde Baião Avesso Grande Escolha branco 2018
Quinta & Casa das Hortas
Plena expressão da casta, com fruta branca tipo pêssego e maçã, também um toque tropical de ananás. Bem volumoso, tem pureza e firmeza, é elegante e sólido, com equilíbrio e persistência. (12%)
16,5 €14,50 A
Quinta das Arcas
Vinho Verde Trajadura Escolha branco 2015
Quinta das Arcas
De vinha biológica. Cor amarelada que indicia a idade. Geleia de frutos, leve tropical de ananás. Bem mais expressivo na boca, é cheio e com toque de “banana passi”. Profundo e rico, tem acidez quanto baste para manter a sua frescura. Original, é um raro vinho desta casta, nem sempre muito considerada. (12,5%)
16,5 €10 A
Quinta de Santa Cristina
Vinho Verde Reserva branco 2015
Garantia das Quintas
Evolução notória na cor. Marmelo, geleia, toranja madura no nariz. Denso e cremoso, é gordo mas não chega a ser pesado graças à boa acidez. Um vinho bastante maduro, num estilo com teor alcoólico pouco comum na região, mas que mantém um belo equilíbrio. (14%)
16 €15 A
Adega Ponte da Barca Reserva dos Sócios
Vinho Verde Loureiro branco 2017
Adega Coop. Ponte da Barca
As notas florais da casta envolvidas em nuances fumadas, geleia. Boa presença de boca, muito cheio e untuoso, algumas notas picantes no final preciso. Um Verde sereno, gordo e envolvente. (13%)
16 €7,25 A
Camaleão
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Escolha branco 2018
João Cabral de Almeida
Toque floral no nariz contido, leve tangerina e fruto tropical. Muito cítrico na prova de boca, com bom volume, meloso e tem boa acidez, transmitida por notas de casca e folha de árvore. Bela frescura de conjunto. (12%)
16 €8,50 A
Casa das Buganvílias
Vinho Verde Alvarinho/Loureiro Escolha branco 2018
De Figueiredo’s
Muito perfumado e tropical, folha de louro, maracujá e goiaba. Bastante puro, sumarento mas seco, exuberantemente frutado, tem também maçã ácida estilo granny smith. Conjunto alegre e bem agradável. (12,5%)
16 €7,49 A
Quinta da Raza
Vinho Verde Avesso Colh. Selec. Branco 2017
Quinta da Raza
Tom tropical de ananás, rebuçado, perfil puro e fiel à casta. Bem jovem, invoca leve doçura frutada, volumoso mas com acidez vibrante a cortar, toque floral. Alegre e muito fácil de gostar, tem boa estrutura e presença. (13%)
16 €7 A
Quinta de Azevedo
Vinho Verde Loureiro/Alvarinho Reserva branco 2018
Sogrape
Delicado e perfumado, assenta muito nas notas florais, pêssego e alguma laranja. Leve e harmonioso na prova de boca, é bonito e mostra muita fruta branca, um vinho bem equilibrado que se bebe com prazer, acompanhando pratos leves ou como aperitivo. (12%)
16 €7 A
Quinta de Linhares
Vinho Verde Avesso branco 2018
Agri-Roncão
Perfil exótico e perfumado, lado misterioso, orientado para os frutos tropicais, ananás e manga. Equilibrado e encorpado, é crispy debaixo da língua. Com boa frescura de boca e amplitude, o amargo final prolonga-o. (13%)
16 €7 A
Via Latina
Vinho Verde Grande Escolha branco 2018
Vercoope
Fruta cristalizada e casca de citrino, algum fumado, fruta branca como alperce e damasco. Belo volume de boca mas leve, traz novamente o alperce e demonstra boa estrutura ao lado de uma certa leveza. Bem agradável, afirmativo e vibrante. (11,5%)
16 €9,90 A
Zulmira
Vinho Verde Superior branco 2018
Quinta de São Bento da Batalha
Loureiro e Arinto. Muito aromático e super limonado, intenso e perfumado com flores secas de limoeiro e laranjeira. Cremoso e muito exuberante, com casca de citrinos, é bem sumarento, cheio de fruto, com leve doçura final. (12,5%)
Edição Nº27, Julho 2019
Lisboa e os seus tintos

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TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Fazer uma prova de vinhos tintos da região de Lisboa, outrora conhecida com Estremadura, resulta num encontro entre mundos diferentes, entre passado e futuro. A região é demasiado extensa para poder ser considerada uma unidade territorial com pontos de contacto a unir as várias zonas que a integram. Quando se fez a demarcação da região em sub-regiões terá sido esta diversidade que esteve na mente do legislador, para além das rivalidades regionais. Criaram-se então múltiplas sub-regiões com identidade e uniformidade próprias. Para além das clássicas e antigas regiões à volta da cidade de Lisboa (Colares, Bucelas e Carcavelos), a região desdobrou-se depois em várias sub-regiões: Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas d’Aire, Lourinhã e Alta Estremadura.
De tão vasta região chegam vinhos tão diferentes que vão dos antigos e famosos vinhos de Colares, Bucelas e Carcavelos até ao Vinho Leve e às aguardentes da Lourinhã. Mas, apesar das várias sub-regiões, a região de Lisboa é sobretudo produtora de vinhos com a indicação Vinho Regional. Esta categoria é bem mais maleável em termos de castas e procedimentos e terá sido essa a razão que levou a maioria dos produtores a adoptarem esta designação e não a DOC (Denominação de Origem Controlada), o que é evidente nos vinhos provados: para além de dois vinhos de Colares, somente três pertencem à denominação Óbidos; das outras sub-regiões não chegaram representantes à nossa mesa.
A região como um todo continua muito ligada à produção de vinho a granel, mas agora é possível exportar vinho a granel com Indicação Geográfica (IG) e engarrafada no destinatário com supervisão da CVR. Mesmo no mercado interno é normal que circule vinho entre regiões, uma vez que a designação Vinho Regional autoriza que 15% do lote seja de fora da região. Para António Ventura, enólogo com larga experiência na região, Lisboa tem de “fazer melhor e subir preços médios, porque é muito mau para a região que ela esteja colada ao estigma de vinhos baratos, ainda que muito bons”. O crescimento das exportações tem sido constante e, ainda segundo Ventura, os provadores e wine writers internacionais que provam os vinhos acham escandalosamente baixos os preços a que são oferecidos no mercado externo. Assim sendo, há que cambiar o paradigma da região: em vez de ser terra sobretudo produtora de “vinhos de entrada de gama”, há que mostrar valor acrescentado nos vinhos e subir preços.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Uma região e tanto” title_align=”separator_align_left” align=”align_left”][vc_column_text]Lisboa é terra de vinho. Segundo dados do IVV, a região de Lisboa teria, em 2017, 18.641 hectares (ha) de vinha. Destes, apenas 1.041 estão inscritos para a produção de vinhos com direito a DOC e 7.255 para a produção de Vinho Regional. O site da CVR tem números diferentes, especialmente no total, referindo mais de 30.000ha! No site referem-se ainda as antigas e clássicas regiões à volta de Lisboa: 17ha em Colares, 10 em Carcavelos e 142 em Bucelas. Por outro lado, a região da Lourinhã, onde só as aguardentes têm direito à Denominação de Origem, integra 50ha de vinhas. Em 2018 (ainda sem números definitivos) a região chegará aos 100 milhões de litros produzidos e aos 50 milhões de garrafas, com um aumento significativo de 18% em relação a 2017. Lisboa é, segundo Carlos Pereira da Fonseca, produtor e vogal da Direcção da CVR, a segunda região que mais produz a seguir ao Douro e a que mais exporta, absorvendo o mercado externo cerca de 80% da produção. Outrora bem mais numerosas, as adegas cooperativas em laboração, são actualmente nove, contando-se alguns gigantes, como S. Mamede da Ventosa, Azueira ou Labrujeira; outras bem pequenas, como Alcobaça, Batalha, Cadaval ou Vermelha; e duas de média dimensão, Dois Portos e Carvoeira.
J.P.M.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34079″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mudar ou conservar?
A região teve inicialmente de repensar os seus encepamentos quando criou as denominações de origem. Muitas das castas estavam vocacionadas para a produção excessiva, contando sobretudo a quantidade em detrimento da qualidade. Basta uma vista de olhos na listagem de castas autorizadas na região, sobretudo para a produção de Vinho Regional, para se perceber que é quase tudo possível, mas que estamos perante uma ficção: a maioria das castas não existe ou está em extinção e são as novas castas, muitas delas internacionais ou vindas de outras regiões nacionais, que acabaram por vingar.
No caso dos tintos será que alguém se arrisca a colocar no mercado um tinto de lote com a participação das variedades Amostrinha, Cabinda, Preto Cardana e Tintinha? E, mesmo que se disponha a isso, encontrará plantas para iniciar o projecto? Ao lado destas castas que hoje não têm mais do que um interesse meramente ampelográfico, chegaram à região as variedades que hoje todos plantam: Syrah, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Caladoc e, em algumas zonas, Pinot Noir.
O perfil está assim a mudar, ainda que castas como o Castelão devam ser mantidas. É essa a opinião de Sandra Tavares da Silva, enóloga em Chocapalha, onde mantém cerca de 7ha de Castelão, agora com 30 anos. Já em relação à Tinta Miúda, decidiram “arrancar porque apodrecia facilmente”, mas em relação a outras tiveram de “ter paciência, porque a Touriga Franca, por exemplo, só agora com 15 anos de idade é que começou a mostrar o que vale e o Alicante Bouschet funciona muito bem, mas somente nas vinhas velhas”.
Também António Ventura vem em defesa do Castelão, que vê como “casta altamente diferenciadora e que merece continuar a fazer parte dos encepamentos”: “A Tinta Miúda, outrora tão vulgar em Arruda, precisa de condições especiais de calor para se dar bem, mas era uma boa casta. Já a Caladoc, cada vez mais vulgar, parece-me ser casta que não acrescenta qualquer valor aos vinhos da região; para além de produzir muito, é bastante atípica e favorece apenas os vinhos de entrada de gama. Das novas que aqui chegaram, sem dúvida que a Syrah foi a que melhor se mostrou e essa é para continuar, mas a aposta deverá ser sobretudo nas castas portuguesas, já que é daí que vem a diferenciação”, disse.
Os pontos fortes da região de Lisboa são conhecidos e sublinhados por Sandra: uma frescura muito grande nos mostos, quer brancos quer tintos, maturações fenólicas mais integradas, acidez bem equilibrada. Os tintos são estáveis e com boa longevidade, todos beneficiando do clima ameno e das maturações prolongadas, tão habituais na região que levam a que as vindimas se estendam bem mais no tempo do que em outras zonas do país.
Por vezes mais referida como região de brancos, Lisboa tem excelentes condições para os tintos e disso foi prova este conjunto de vinhos agora provados. Cá continuam os originais e “fora do baralho” tintos de Colares, que são sempre vinhos que precisam de ser enquadrados para melhor serem apreciados. Os estilos possíveis são muitos, as combinações de castas também. Tudo a favor de tintos com grande aptidão gastronómica e boa capacidade para resistir à cave e ao tempo.
Muito há ainda por fazer e por mudar (a começar pelo website da CVR Lisboa, assustadoramente desactualizado, até na imagem que dá da região), mas o potencial, natural e humano, está todo lá.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]
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Tinto - 2013
Edição Nº21, Janeiro 2019
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
Tintos do Douro, A perfeição cada vez mais perto

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada vinha ou local, numa busca incessante do vinho perfeito.
TEXTO: Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS: Ricardo Palma Veiga
O consumidor atento sabe bem que o Douro é uma das regiões com mais prestígio no mercado, sobretudo quando falamos de tintos. A fama (mais do que merecida) do Vinho do Porto ajuda a essa percepção e, desde a segunda metade dos anos 90, a região encetou um movimento de criação de valor aos vinhos DOC. Actualmente, e falando ainda de DOC, é uma região pujante, quer ao nível dos números de produtores, quer ao nível da qualidade dos vinhos.
Trata-se de uma região grande em dimensão, com uma área de vinha de mais de 42.000 hectares (metade só no Cima Corgo), mas a produção por hectare é muito baixa se comparada com outras regiões. Em 2017, e apenas quanto a vinhos certificados, depois do Alentejo, Minho e Península de Setúbal, a região do Douro é quem mais vende em Portugal, com uma quota de mercado de 4,8%. As projeções para 2018 são de crescimento, para uma quota de 5,5%. O nível de crescimento nos últimos anos é importante, sendo a região apenas suplantada em 2018 pela Península de Setúbal como aquela que mais cresceu em relação a anos anteriores.
Mas mais ainda do que o volume que produz e vende, o Douro é uma região com valor, com um número de vinhos premium e super-premium absolutamente avassalador (como as dezenas de tintos provados neste painel atestam). Aliás, no que respeita a vendas em euros, é a segunda região do país e aquela que regista a subida mais acentuada nos últimos anos. E no que respeita ao preço médio por litro, tirando os casos muito específicos do Algarve (devido ao consumo turístico local) e das Terras de Cister (centrado nos espumantes de Távora-Varosa), é o Douro que reina.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33139″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Buscar a diferença” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Com tanto sucesso, o desafio do Douro é outro que não apenas a liderança dos números: é buscar diferenciação face a outras regiões e com estilos diferentes dentro da região. No primeiro caso, e dada a existência de significativa área de vinha velha com dezenas de castas autóctones misturadas, bem como a quase exclusão de castas estrangeiras (excepção de Syrah e Alicante Bouschet, esta última, todavia, presente em alguns vinhedos antigos), a diferenciação está relativamente assegurada.
Quanto ao segundo aspecto, os anos 1990 e início do novo milénio apontaram para um perfil quase generalizado da região, centrado em tintos com fruto muito maduro e de recorte encorpado. No que respeitava a topos de gama, a essas características caberia adicionar o uso de barrica (quase sempre maioritariamente) nova e alguma tendência para elevados teores alcoólicos.
Atualmente a situação é bem diferente, como demonstra a nossa prova, onde os vinhos das colheitas mais recentes de 2015 e 2016 confirmam que estamos a viver um momento pivot, uma verdadeira mudança de paradigma, aspeto para o qual João Paulo Martins já tinha salientado na prova de topos de gama do ano passado (edição de novembro de 2017). Para tal, foi crucial a verificação de dois movimentos convergentes: por um lado, vários foram os produtores que passaram a procurar um estilo mais aberto e vivo, menos centrado no fruto maduro e no álcool quase sempre por imposição do mercado (vindimando mais cedo e fugindo da obsessão pela maturação fenólica); por outro lado, novos produtores e enólogos (muitos deles jovens) apareceram na região, e sentiram a necessidade de desenvolver estilos de tintos menos padronizados, procurando distinguir-se dos restantes, ora evitando barrica nova, ora procurando uvas em altitude e/ou com exposição que garantisse menor risco de sobrematuração.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Rolhas de topo” color=”black”][vc_column_text]Ao contrário do que sucedera na grande prova de vinhos topo de gama do Douro realizada em 2017, praticamente não tivemos problemas de rolha nesta prova. Apenas um caso de desclassificação foi taxativamente qualificado como tendo TCA, e em apenas duas outras situações foi necessário provar uma segunda garrafa para despistar problemas de rolha (não necessariamente de TCA). Tendo em consideração as várias dezenas de vinhos provados, e em comparação com outras provas menos recentes, é de notar este registo muito positivo. Os mais inovadores procedimentos de tratamento e/ou avaliação rolha a rolha poderão estar já a dar os seus frutos…[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”2016, ano de frescura e elegância” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Acresce ainda um significativo investimento estrangeiro (vindo de países como Alemanha, Angola, Brasil ou França), que tem ajudado a uma renovação mais rápida ao nível do perfil dos vinhos. Tintos provenientes dos projetos Xisto e Chryseia, ou das propriedades Quinta da Romaneira, Quinta do Pessegueiro (sobretudo nas primeiras edições) ou ainda Quinta Maria Izabel, todos resultados de maior ou menor investimento transfronteiriço, mostram alguma apetência por registos mais em elegância do que em músculo.
Por fim, e no que respeita à colheita de 2016, tratou-se de um ano climatericamente mais moderado do que o habitual, com poucas oscilações e raros picos de calor. Tal significou um ciclo tardio na maturação das uvas e permitiu o raro fenómeno de a fruta ter atingido a maturação fenólica mantendo acidez elevada e um grau alcoólico relativamente baixo para a média habitual da região. Por isso, os vinhos de 2016 revelam um equilíbrio absolutamente ímpar e uma prova de boca mais fresca e menos larga do que o normal, conservando-se a potência e profundidade comuns nos grandes tintos da região.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33138″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso mesmo foi-nos confirmado pelo enólogo e produtor Jorge Serôdio Borges (Wine & Soul, Quinta do Passadouro e Maritávora), para quem o ano de 2016 foi muito específico, posto que “o ciclo muito longo e um ano muito ameno proporcionaram vinhos que não precisaram de ser vindimados cedo para se manterem frescos e com boa acidez; isso fez toda a diferença”. O enólogo e também produtor Jorge Moreira (Poeira, Real Companhia Velha e Passagem) concorda e confirma que 2016 foi muito diferente de 2015. “Em regra, os 2015 são mais encorpados e têm uma fruta muito bonita e profunda, resultante de um ano quente, enquanto os 2016 são mais frescos e elegantes”, diz-nos.
Curiosamente, confrontámos este último profissional com a circunstância de dois dos seus vinhos presentes no painel parecerem contradizer a matriz dos anos, pois o Poeira 2015 revela-se fresco e elegante e o Carvalhas Vinhas Velhas de 2016 mostra-se cheio e potente. “Nesse caso, a justificação é o terroir, pois enquanto a vinha da Quinta do Poeira tem muita sombra e é virada a norte, as vinhas velhas das Carvalhas tem bastante exposição solar todo o dia e proporcionam sempre vinhos de grande concentração”, confessa-nos. Ou seja, afinal o terroir ainda é o mais importante…
Por isso mesmo, reforçamos, nas várias dezenas de vinhos provados foram visíveis diferentes registos, resultantes da localização das propriedades (por exemplo o Baixo Corgo é, em regra, mais chuvoso e fresco do que o Cima Corgo e este mais fresco e chuvoso do que o Douro Superior,) ou mesmo resultantes do preciso posicionamento das vinhas dentro das próprias propriedades (cotas mais altas perante mais baixas, por exemplo, ou consoante a exposição a sul e poente, as mais quentes, ou a norte e a nascente, as mais frescas). Em suma, é um puzzle complexo que significa, no final do dia, a riqueza de uma região que se diversifica a cada ano que passa e que, mais importante ainda, tem na diversidade de estilos mais um caminho para um sucesso que, tendo já sido alcançado, teima em ser superado.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]
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Quinta das Tecedeiras
Tinto - 2015 -
Quinta das Brolhas
Tinto - 2013 -
Poças
Tinto - 2016 -
Pacheca Vale de Abraão
Tinto - 2015 -
Messias Vinha de Santa Bárbara
Tinto - 2013 -
Grandes Quintas Vinhas do Cerval
Tinto - 2013 -
Flor do Côa
Tinto - 2016 -
Dona Berta Vinha Centenária
Tinto - 2011 -
Casa Velha
Tinto - 2016 -
Vinha da Urze
Tinto - 2014 -
Vale de Pios
Tinto - 2014 -
Vale da Raposa
Tinto - 2015 -
Santos da Casa Fazem Milagres
Tinto - 2015 -
Quinta de Ventozelo
Tinto - 2015 -
Terras do Grifo
Tinto - 2015 -
Quinta de S. José
Tinto - 2016 -
Quinta da Romaneira
Tinto - 2016 -
Quinta da Costa das Aguaneiras
Tinto - 2015 -
Monte Cascas Vinha das Lameiras
Tinto - 2013 -
Maritávora n.º 2
Tinto - 2015 -
Laura
Tinto - 2015 -
Castello d’Alba Limited Edition
Tinto - 2015 -
Quinta do Valbom
Tinto - 2013 -
Quinta dos Murças VV47
Tinto - 2013 -
Passadouro
Tinto - 2016 -
Kopke Vinhas Velhas Limited Edition
Tinto - 2014 -
Duas Quintas
Tinto - 2016 -
Batuta
Tinto - 2016 -
Quinta da Touriga-Chã
Tinto - 2016 -
Poeira
Tinto - 2015 -
Quinta do Vale Meão
Tinto - 2016 -
Pintas
Tinto - 2016
Edição Nº20, Dezembro 2018
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
Alentejo, terra de grandes tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é […]
[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é muito mais diverso do que se poderia imaginar, já pouco tributário é das castas de antigamente, mas há quem teime no regresso à tradição. Tudo isto com alterações climáticas pelo meio.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Os vinhos alentejanos continuam a ter a preferência dos consumidores nacionais. A palavra Alentejo soa, a muitos enófilos, como vinho de qualidade, encorpado, macio e fácil de beber, que se consegue consumir jovem, sem ter de esperar muito por ele. Só vantagens, em época em que tudo se faz no momento e a paciência da espera é coisa do passado. Os tintos são ainda hoje a principal produção da região. É que, dos cerca de 21.300 hectares plantados e aptos à produção de vinho com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica (dados de 2017), cerca de 16.500 estão ocupados pelas castas tintas, com a restante área reservada a brancos.
As castas plantadas têm importância muito diversa e não são usadas da mesma forma para todos os lotes de vinho. Assim, apesar da importância crescente da Alicante Bouschet nos grandes vinhos da região (ver caixa), ela está muito longe de ser actualmente a casta mais plantada; esse lugar pertence, com grande destaque, à Aragonez e, de seguida, à Trincadeira, ou seja, as castas tradicionais da região ainda são as mais plantadas, ocupando um pouco mais de 44% da área de vinha. A própria tinta Castelão, actualmente arredada da primeira fila quando o assunto são os grandes vinhos, ainda tem uma presença muito forte, com mais de 1000 hectares plantados.
Temos assim dois tipos de Alentejo, o das marcas de referência, dos vinhos que fazem os consumidores falar, dos que são cobiçados e caros e que, há que não esquecer, dão nome e prestígio à região; e, depois temos o Alentejo dos tintos genéricos, que estão abundantemente presentes nas grandes superfícies, dos vinhos abordáveis, baratos e bem-feitos e que alegram as refeições e animam as mesas. No primeiro grupo vamos, como se imagina, incluir também a Syrah e a Touriga Nacional e, de forma mais marginal, a Cabernet Sauvignon (que ainda ultrapassa os 800ha), com uns “temperos” de Alfrocheiro e Touriga Franca.
De 2015 para 2017 a Touriga Nacional ultrapassou a Castelão em área de vinha, a Alicante Bouschet foi a que mais cresceu e a Trincadeira a que mais diminuiu de área. A Touriga Nacional, lembra Luís Cabral de Almeida, enólogo da Herdade do Peso, “como tem um ciclo longo e confere boa frescura aos vinhos pode ser um bom complemento para as castas que formam o núcleo duro, a Alicante Bouschet e a Syrah. Mas nos vinhos há vários Alicante Bouschet e não apenas um e isso ficou para mim bem claro quando tomei agora contacto com as vinhas da serra de São Mamede: feitos da mesma maneira obtiveram-se dois vinhos de Alicante completamente distintos”, disse.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32597″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Este é o novo Alentejo, aquele com que se pretende projectar a região como geradora de vinhos de referência, em Portugal e no estrangeiro. A preferência dos consumidores é clara, já que cerca de 40% do que se consome entre nós tem origem no Alentejo. No entanto, se falarmos com responsáveis de garrafeiras, verificamos que no Norte há um menor interesse nos tintos do Alentejo, exceptuando-se as marcas mais clássicas. Ivone Ribeiro (Garage Wines) diz-nos que que o que mais vende é Douro e em seguida os tintos do Dão, Alentejo muito pouco. Na Garrafeira Tio Pepe, também no Porto, a quebra tem sido significativa, uma vez que “em 1995, por exemplo, era a região que tinha mais procura mas de então para cá tem vindo a decair embora se note o interesse por especialidades, coisas originais, vinhos de talha”. “Só nesta época do Natal e por via de encomendas de empresas para prendas natalícias é que o negócio dos tintos alentejanos anima um pouco”, confirmou Luís Cândido, o proprietário. Uma situação completamente diferente da que encontramos no centro e sul do país, e sobretudo na região da Grande Lisboa, tradicionalmente um excelente mercado para os vinhos alentejanos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]O consumo interno absorve a grande fatia da produção mas a exportação tem-se diversificado – abrange 118 países –, apesar de estar assente sobretudo em três mercados: Angola, Brasil e Estados Unidos. Fica a pergunta: que Alentejo queremos promover, que estilo queremos privilegiar? Para Paulo Laureano, enólogo e produtor, o Alentejo precisa de se mostrar como realmente é: uma manta de retalhos (sic), uma região muito diversa mas onde as diferenças não são suficientemente explicadas aos consumidores. “Até na zona da Vidigueira, que é a que conheço melhor, há diferenças enormes, logo a começar nos solos e exposições e a zona mais perto da fronteira com Espanha tem muito pouco a ver com a zona mais a oeste, mais marcada pela influência atlântica”, especifica.
É esta ideia de diversidade que poderia eventualmente levar a uma nova reorganização das sub-regiões do Alentejo, mas a CVR diz-nos que não estão para já em cima da mesa decisões nesse campo, apesar de haver debate no âmbito do Conselho Geral, a entidade que pode mudar o estado das coisas no que respeita ao desenho das regiões com direito a Denominação de Origem (DO). O consumidor depara-se com muito mais frequência com vinhos que têm a indicação Regional Alentejano do que com vinhos DOC Alentejo. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32599″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”A marca do Alicante Bouschet” color=”black”][vc_column_text]Avaliando as castas que integraram os vinhos provados, ressalta uma evidência: a crescente importância da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo. Dir-se-ia que começa a ser difícil pensar-se num grande tinto do Alentejo que não a tenha no lote. Com frequência, com a companhia da Syrah e Touriga Nacional. Esta situação é relativamente nova na região, já que há 30 anos a Alicante Bouschet apenas tinha posição predominante em duas propriedades, a Quinta do Carmo e a Herdade do Mouchão. Houve uma enorme renovação dos vinhedos e os produtores descobriram na Alicante a casta que lhes confere consistência aos vinhos, uma vez que produz quase sempre bem e pode ter expressões diferentes conforme o local onde está plantada. Quer Paulo Laureano quer Luís Cabral de Almeida, ambos enólogos na região, apontam-lhe imensas virtudes, mas reconhecem que o Alicante Bouschet da serra de São Mamede nada tem a ver com o da Vidigueira, por exemplo. Mas Luís não tem dúvidas em afirmar que “o Alicante Bouschet está para o Alentejo tal como o Malbec está para Mendoza, na Argentina”, querendo com isto salientar que pode ser a espinha dorsal dos tintos da região. Mas a procura de novas castas por parte de alguns produtores continua e recentemente a CVR Alentejo aprovou, com o acordo do IVV, o pedido de reconhecimento para certificação de 14 castas novas onde, em tintas, se incluem Cabernet Franc, Carmenère, Camarate, Monvedro, Vinhão e Marselan. Entre tintas e brancas, estamos a falar de 100 hectares destas novas variedades para a região.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Durante muito tempo isto decorreu das limitações geográficas que existiam para que um vinho tivesse direito à DO, mas, e ainda segundo a CVR Alentejana, actualmente cerca de 73% da área de vinha está inserida nas oito regiões que têm direito à DO Alentejo. A realidade encarrega-se de baralhar estes dados, já que a maioria dos vinhos comercializados são Regional Alentejano.
O grande desafio para o futuro pode assentar em dois pilares: manter e mesmo acentuar a diversidade dos vinhos, conseguindo-se que eles espelhem as diversas zonas onde nascem e, em segundo lugar, perceber que as alterações climáticas nos poderão fazer regressar a variedades que, sendo antigas e fora de moda, mostraram ao longo do tempo uma boa adaptação à região, como a Tinta Grossa, a mal-amada Trincadeira, a Moreto, entre outras tintas; ou a Perrum, nos brancos.
O Alentejo, como alguém me dizia, não pode estar satisfeito por estar a servir cachorros quentes e ter uma grande fila de gente para os comprar; com o tempo, os consumidores enjoam-se de cachorros quentes e depois querem outras coisas e a região tem de estar preparada para diversificar, mudar o que for para mudar e não se dar por satisfeita. Costuma dizer-se que o Alentejo está na moda, mas, como lembra Laureano, “estar na moda é, no sector dos vinhos, um conceito muito perigoso”: “Estar permanentemente a optar por castas que geram vinhos fáceis mas sem história pode ser um caminho, mas para mim é para evitar.”
O Alentejo é um mundo, portanto, em diversidade, qualidade, preço. É líder nos vinhos de volume, como se sabe. Mas também no segmento superior do mercado, nos tintos de nicho, como ficou demonstrado na nossa prova, a região mostra dar muito boa conta de si.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32600″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]
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Vinhas da Ira
Tinto - 2014 -
Vidigueira
Tinto - 2015 -
Quetzal
Tinto - 2015 -
Pousio
Tinto - 2016 -
Monte Cascas
Tinto - 2015 -
Maria Mora Enamorada
Tinto - 2014 -
Fonte Mouro
Tinto - 2015 -
Conde d’Ervideira Private Selection
Tinto - 2015 -
Comenda Grande 6 castas
Tinto - 2014 -
Adega de Borba
Tinto - 2014 -
Sericaia Tapada do Coronel
Tinto - 2015 -
Ravasqueira Vinha das Romãs
Tinto - 2015 -
Quinta do Carmo
Tinto - 2013 -
Ponte das Canas
Tinto - 2014 -
Palpite
Tinto - 2015 -
Herdade Paço do Conde Winemakers Selection
Tinto - 2015 -
Herdade Grande
Tinto - 2013 -
Herdade dos Grous
Tinto - 2015 -
Herdade do Sobroso Cellar Selection
Tinto - 2016 -
Herdade do Peso
Tinto - 2015 -
Herdade de São Miguel
Tinto - 2015 -
Herdade das Servas
Tinto - 2015 -
Herdade Monte da Cal Saturnino
Tinto - 2011 -
Encostas de Estremoz
Tinto - 2014 -
Blog ’15
Tinto - 2015 -
Adega Mayor Pai Chão
Tinto - 2014 -
Scala Coeli
Tinto - 2015 -
Santos da Casa
Tinto - 2015 -
Procura Vinhas Velhas
Tinto - 2014 -
Nunes Barata Family Collection
Tinto - 2014 -
Monte Branco
Tinto - 2015 -
Marquês de Borba
Tinto - 2015 -
Malhadinha
Tinto - 2016 -
Incógnito
Tinto - 2014 -
Herdade do Rocim Clay Aged
Tinto - 2016 -
Esporão Private Selection
Tinto - 2013 -
Dona Maria
Tinto - 2013
Edição Nº19, Novembro 2018
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