Lisboa e os seus tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De Colares a Leiria estamos na região de Lisboa. Os seus melhores tintos procuram agora afirmar-se como referências, deixando para trás o paradigma que durante muitos anos esteve associado à região: granel e vinhos baratos. Numa Lisboa […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De Colares a Leiria estamos na região de Lisboa. Os seus melhores tintos procuram agora afirmar-se como referências, deixando para trás o paradigma que durante muitos anos esteve associado à região: granel e vinhos baratos. Numa Lisboa com evidente diversidade, o potencial para a grandeza está lá e começa a ser descoberto pelos apreciadores.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Fazer uma prova de vinhos tintos da região de Lisboa, outrora conhecida com Estremadura, resulta num encontro entre mundos diferentes, entre passado e futuro. A região é demasiado extensa para poder ser considerada uma unidade territorial com pontos de contacto a unir as várias zonas que a integram. Quando se fez a demarcação da região em sub-regiões terá sido esta diversidade que esteve na mente do legislador, para além das rivalidades regionais. Criaram-se então múltiplas sub-regiões com identidade e uniformidade próprias. Para além das clássicas e antigas regiões à volta da cidade de Lisboa (Colares, Bucelas e Carcavelos), a região desdobrou-se depois em várias sub-regiões: Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Óbidos, Encostas d’Aire, Lourinhã e Alta Estremadura.
De tão vasta região chegam vinhos tão diferentes que vão dos antigos e famosos vinhos de Colares, Bucelas e Carcavelos até ao Vinho Leve e às aguardentes da Lourinhã. Mas, apesar das várias sub-regiões, a região de Lisboa é sobretudo produtora de vinhos com a indicação Vinho Regional. Esta categoria é bem mais maleável em termos de castas e procedimentos e terá sido essa a razão que levou a maioria dos produtores a adoptarem esta designação e não a DOC (Denominação de Origem Controlada), o que é evidente nos vinhos provados: para além de dois vinhos de Colares, somente três pertencem à denominação Óbidos; das outras sub-regiões não chegaram representantes à nossa mesa.
A região como um todo continua muito ligada à produção de vinho a granel, mas agora é possível exportar vinho a granel com Indicação Geográfica (IG) e engarrafada no destinatário com supervisão da CVR. Mesmo no mercado interno é normal que circule vinho entre regiões, uma vez que a designação Vinho Regional autoriza que 15% do lote seja de fora da região. Para António Ventura, enólogo com larga experiência na região, Lisboa tem de “fazer melhor e subir preços médios, porque é muito mau para a região que ela esteja colada ao estigma de vinhos baratos, ainda que muito bons”. O crescimento das exportações tem sido constante e, ainda segundo Ventura, os provadores e wine writers internacionais que provam os vinhos acham escandalosamente baixos os preços a que são oferecidos no mercado externo. Assim sendo, há que cambiar o paradigma da região: em vez de ser terra sobretudo produtora de “vinhos de entrada de gama”, há que mostrar valor acrescentado nos vinhos e subir preços.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Uma região e tanto” title_align=”separator_align_left” align=”align_left”][vc_column_text]Lisboa é terra de vinho. Segundo dados do IVV, a região de Lisboa teria, em 2017, 18.641 hectares (ha) de vinha. Destes, apenas 1.041 estão inscritos para a produção de vinhos com direito a DOC e 7.255 para a produção de Vinho Regional. O site da CVR tem números diferentes, especialmente no total, referindo mais de 30.000ha! No site referem-se ainda as antigas e clássicas regiões à volta de Lisboa: 17ha em Colares, 10 em Carcavelos e 142 em Bucelas. Por outro lado, a região da Lourinhã, onde só as aguardentes têm direito à Denominação de Origem, integra 50ha de vinhas. Em 2018 (ainda sem números definitivos) a região chegará aos 100 milhões de litros produzidos e aos 50 milhões de garrafas, com um aumento significativo de 18% em relação a 2017. Lisboa é, segundo Carlos Pereira da Fonseca, produtor e vogal da Direcção da CVR, a segunda região que mais produz a seguir ao Douro e a que mais exporta, absorvendo o mercado externo cerca de 80% da produção. Outrora bem mais numerosas, as adegas cooperativas em laboração, são actualmente nove, contando-se alguns gigantes, como S. Mamede da Ventosa, Azueira ou Labrujeira; outras bem pequenas, como Alcobaça, Batalha, Cadaval ou Vermelha; e duas de média dimensão, Dois Portos e Carvoeira.
J.P.M.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”default”][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34079″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mudar ou conservar?
A região teve inicialmente de repensar os seus encepamentos quando criou as denominações de origem. Muitas das castas estavam vocacionadas para a produção excessiva, contando sobretudo a quantidade em detrimento da qualidade. Basta uma vista de olhos na listagem de castas autorizadas na região, sobretudo para a produção de Vinho Regional, para se perceber que é quase tudo possível, mas que estamos perante uma ficção: a maioria das castas não existe ou está em extinção e são as novas castas, muitas delas internacionais ou vindas de outras regiões nacionais, que acabaram por vingar.
No caso dos tintos será que alguém se arrisca a colocar no mercado um tinto de lote com a participação das variedades Amostrinha, Cabinda, Preto Cardana e Tintinha? E, mesmo que se disponha a isso, encontrará plantas para iniciar o projecto? Ao lado destas castas que hoje não têm mais do que um interesse meramente ampelográfico, chegaram à região as variedades que hoje todos plantam: Syrah, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Caladoc e, em algumas zonas, Pinot Noir.
O perfil está assim a mudar, ainda que castas como o Castelão devam ser mantidas. É essa a opinião de Sandra Tavares da Silva, enóloga em Chocapalha, onde mantém cerca de 7ha de Castelão, agora com 30 anos. Já em relação à Tinta Miúda, decidiram “arrancar porque apodrecia facilmente”, mas em relação a outras tiveram de “ter paciência, porque a Touriga Franca, por exemplo, só agora com 15 anos de idade é que começou a mostrar o que vale e o Alicante Bouschet funciona muito bem, mas somente nas vinhas velhas”.
Também António Ventura vem em defesa do Castelão, que vê como “casta altamente diferenciadora e que merece continuar a fazer parte dos encepamentos”: “A Tinta Miúda, outrora tão vulgar em Arruda, precisa de condições especiais de calor para se dar bem, mas era uma boa casta. Já a Caladoc, cada vez mais vulgar, parece-me ser casta que não acrescenta qualquer valor aos vinhos da região; para além de produzir muito, é bastante atípica e favorece apenas os vinhos de entrada de gama. Das novas que aqui chegaram, sem dúvida que a Syrah foi a que melhor se mostrou e essa é para continuar, mas a aposta deverá ser sobretudo nas castas portuguesas, já que é daí que vem a diferenciação”, disse.
Os pontos fortes da região de Lisboa são conhecidos e sublinhados por Sandra: uma frescura muito grande nos mostos, quer brancos quer tintos, maturações fenólicas mais integradas, acidez bem equilibrada. Os tintos são estáveis e com boa longevidade, todos beneficiando do clima ameno e das maturações prolongadas, tão habituais na região que levam a que as vindimas se estendam bem mais no tempo do que em outras zonas do país.
Por vezes mais referida como região de brancos, Lisboa tem excelentes condições para os tintos e disso foi prova este conjunto de vinhos agora provados. Cá continuam os originais e “fora do baralho” tintos de Colares, que são sempre vinhos que precisam de ser enquadrados para melhor serem apreciados. Os estilos possíveis são muitos, as combinações de castas também. Tudo a favor de tintos com grande aptidão gastronómica e boa capacidade para resistir à cave e ao tempo.
Muito há ainda por fazer e por mudar (a começar pelo website da CVR Lisboa, assustadoramente desactualizado, até na imagem que dá da região), mas o potencial, natural e humano, está todo lá.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº21, Janeiro 2019

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Tintos do Douro, A perfeição cada vez mais perto

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Douro produz vinhos tintos de excelência, diferentes entre si, mas cada vez mais frescos e elegantes, com a barrica usada com precisão e o álcool mais contido. Sente-se uma procura pela expressão do terroir de cada vinha ou local, numa busca incessante do vinho perfeito.

TEXTO: Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS: Ricardo Palma Veiga

O consumidor atento sabe bem que o Douro é uma das regiões com mais prestígio no mercado, sobretudo quando falamos de tintos. A fama (mais do que merecida) do Vinho do Porto ajuda a essa percepção e, desde a segunda metade dos anos 90, a região encetou um movimento de criação de valor aos vinhos DOC. Actualmente, e falando ainda de DOC, é uma região pujante, quer ao nível dos números de produtores, quer ao nível da qualidade dos vinhos.
Trata-se de uma região grande em dimensão, com uma área de vinha de mais de 42.000 hectares (metade só no Cima Corgo), mas a produção por hectare é muito baixa se comparada com outras regiões. Em 2017, e apenas quanto a vinhos certificados, depois do Alentejo, Minho e Península de Setúbal, a região do Douro é quem mais vende em Portugal, com uma quota de mercado de 4,8%. As projeções para 2018 são de crescimento, para uma quota de 5,5%. O nível de crescimento nos últimos anos é importante, sendo a região apenas suplantada em 2018 pela Península de Setúbal como aquela que mais cresceu em relação a anos anteriores.
Mas mais ainda do que o volume que produz e vende, o Douro é uma região com valor, com um número de vinhos premium e super-premium absolutamente avassalador (como as dezenas de tintos provados neste painel atestam). Aliás, no que respeita a vendas em euros, é a segunda região do país e aquela que regista a subida mais acentuada nos últimos anos. E no que respeita ao preço médio por litro, tirando os casos muito específicos do Algarve (devido ao consumo turístico local) e das Terras de Cister (centrado nos espumantes de Távora-Varosa), é o Douro que reina.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33139″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Buscar a diferença” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Com tanto sucesso, o desafio do Douro é outro que não apenas a liderança dos números: é buscar diferenciação face a outras regiões e com estilos diferentes dentro da região. No primeiro caso, e dada a existência de significativa área de vinha velha com dezenas de castas autóctones misturadas, bem como a quase exclusão de castas estrangeiras (excepção de Syrah e Alicante Bouschet, esta última, todavia, presente em alguns vinhedos antigos), a diferenciação está relativamente assegurada.
Quanto ao segundo aspecto, os anos 1990 e início do novo milénio apontaram para um perfil quase generalizado da região, centrado em tintos com fruto muito maduro e de recorte encorpado. No que respeitava a topos de gama, a essas características caberia adicionar o uso de barrica (quase sempre maioritariamente) nova e alguma tendência para elevados teores alcoólicos.
Atualmente a situação é bem diferente, como demonstra a nossa prova, onde os vinhos das colheitas mais recentes de 2015 e 2016 confirmam que estamos a viver um momento pivot, uma verdadeira mudança de paradigma, aspeto para o qual João Paulo Martins já tinha salientado na prova de topos de gama do ano passado (edição de novembro de 2017). Para tal, foi crucial a verificação de dois movimentos convergentes: por um lado, vários foram os produtores que passaram a procurar um estilo mais aberto e vivo, menos centrado no fruto maduro e no álcool quase sempre por imposição do mercado (vindimando mais cedo e fugindo da obsessão pela maturação fenólica); por outro lado, novos produtores e enólogos (muitos deles jovens) apareceram na região, e sentiram a necessidade de desenvolver estilos de tintos menos padronizados, procurando distinguir-se dos restantes, ora evitando barrica nova, ora procurando uvas em altitude e/ou com exposição que garantisse menor risco de sobrematuração.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Rolhas de topo” color=”black”][vc_column_text]Ao contrário do que sucedera na grande prova de vinhos topo de gama do Douro realizada em 2017, praticamente não tivemos problemas de rolha nesta prova. Apenas um caso de desclassificação foi taxativamente qualificado como tendo TCA, e em apenas duas outras situações foi necessário provar uma segunda garrafa para despistar problemas de rolha (não necessariamente de TCA). Tendo em consideração as várias dezenas de vinhos provados, e em comparação com outras provas menos recentes, é de notar este registo muito positivo. Os mais inovadores procedimentos de tratamento e/ou avaliação rolha a rolha poderão estar já a dar os seus frutos…[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”2016, ano de frescura e elegância” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Acresce ainda um significativo investimento estrangeiro (vindo de países como Alemanha, Angola, Brasil ou França), que tem ajudado a uma renovação mais rápida ao nível do perfil dos vinhos. Tintos provenientes dos projetos Xisto e Chryseia, ou das propriedades Quinta da Romaneira, Quinta do Pessegueiro (sobretudo nas primeiras edições) ou ainda Quinta Maria Izabel, todos resultados de maior ou menor investimento transfronteiriço, mostram alguma apetência por registos mais em elegância do que em músculo.
Por fim, e no que respeita à colheita de 2016, tratou-se de um ano climatericamente mais moderado do que o habitual, com poucas oscilações e raros picos de calor. Tal significou um ciclo tardio na maturação das uvas e permitiu o raro fenómeno de a fruta ter atingido a maturação fenólica mantendo acidez elevada e um grau alcoólico relativamente baixo para a média habitual da região. Por isso, os vinhos de 2016 revelam um equilíbrio absolutamente ímpar e uma prova de boca mais fresca e menos larga do que o normal, conservando-se a potência e profundidade comuns nos grandes tintos da região.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”33138″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso mesmo foi-nos confirmado pelo enólogo e produtor Jorge Serôdio Borges (Wine & Soul, Quinta do Passadouro e Maritávora), para quem o ano de 2016 foi muito específico, posto que “o ciclo muito longo e um ano muito ameno proporcionaram vinhos que não precisaram de ser vindimados cedo para se manterem frescos e com boa acidez; isso fez toda a diferença”. O enólogo e também produtor Jorge Moreira (Poeira, Real Companhia Velha e Passagem) concorda e confirma que 2016 foi muito diferente de 2015. “Em regra, os 2015 são mais encorpados e têm uma fruta muito bonita e profunda, resultante de um ano quente, enquanto os 2016 são mais frescos e elegantes”, diz-nos.
Curiosamente, confrontámos este último profissional com a circunstância de dois dos seus vinhos presentes no painel parecerem contradizer a matriz dos anos, pois o Poeira 2015 revela-se fresco e elegante e o Carvalhas Vinhas Velhas de 2016 mostra-se cheio e potente. “Nesse caso, a justificação é o terroir, pois enquanto a vinha da Quinta do Poeira tem muita sombra e é virada a norte, as vinhas velhas das Carvalhas tem bastante exposição solar todo o dia e proporcionam sempre vinhos de grande concentração”, confessa-nos. Ou seja, afinal o terroir ainda é o mais importante…
Por isso mesmo, reforçamos, nas várias dezenas de vinhos provados foram visíveis diferentes registos, resultantes da localização das propriedades (por exemplo o Baixo Corgo é, em regra, mais chuvoso e fresco do que o Cima Corgo e este mais fresco e chuvoso do que o Douro Superior,) ou mesmo resultantes do preciso posicionamento das vinhas dentro das próprias propriedades (cotas mais altas perante mais baixas, por exemplo, ou consoante a exposição a sul e poente, as mais quentes, ou a norte e a nascente, as mais frescas). Em suma, é um puzzle complexo que significa, no final do dia, a riqueza de uma região que se diversifica a cada ano que passa e que, mais importante ainda, tem na diversidade de estilos mais um caminho para um sucesso que, tendo já sido alcançado, teima em ser superado.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº20, Dezembro 2018

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Alentejo, terra de grandes tintos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Provámos quase quarenta vinhos e os resultados confirmaram o que já sabíamos: a região gera grandes tintos e eles vêm de zonas tão distintas quanto Beja ou a serra de São Mamede. O actual Alentejo, que é muito mais diverso do que se poderia imaginar, já pouco tributário é das castas de antigamente, mas há quem teime no regresso à tradição. Tudo isto com alterações climáticas pelo meio.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Os vinhos alentejanos continuam a ter a preferência dos consumidores nacionais. A palavra Alentejo soa, a muitos enófilos, como vinho de qualidade, encorpado, macio e fácil de beber, que se consegue consumir jovem, sem ter de esperar muito por ele. Só vantagens, em época em que tudo se faz no momento e a paciência da espera é coisa do passado. Os tintos são ainda hoje a principal produção da região. É que, dos cerca de 21.300 hectares plantados e aptos à produção de vinho com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica (dados de 2017), cerca de 16.500 estão ocupados pelas castas tintas, com a restante área reservada a brancos.
As castas plantadas têm importância muito diversa e não são usadas da mesma forma para todos os lotes de vinho. Assim, apesar da importância crescente da Alicante Bouschet nos grandes vinhos da região (ver caixa), ela está muito longe de ser actualmente a casta mais plantada; esse lugar pertence, com grande destaque, à Aragonez e, de seguida, à Trincadeira, ou seja, as castas tradicionais da região ainda são as mais plantadas, ocupando um pouco mais de 44% da área de vinha. A própria tinta Castelão, actualmente arredada da primeira fila quando o assunto são os grandes vinhos, ainda tem uma presença muito forte, com mais de 1000 hectares plantados.
Temos assim dois tipos de Alentejo, o das marcas de referência, dos vinhos que fazem os consumidores falar, dos que são cobiçados e caros e que, há que não esquecer, dão nome e prestígio à região; e, depois temos o Alentejo dos tintos genéricos, que estão abundantemente presentes nas grandes superfícies, dos vinhos abordáveis, baratos e bem-feitos e que alegram as refeições e animam as mesas. No primeiro grupo vamos, como se imagina, incluir também a Syrah e a Touriga Nacional e, de forma mais marginal, a Cabernet Sauvignon (que ainda ultrapassa os 800ha), com uns “temperos” de Alfrocheiro e Touriga Franca.
De 2015 para 2017 a Touriga Nacional ultrapassou a Castelão em área de vinha, a Alicante Bouschet foi a que mais cresceu e a Trincadeira a que mais diminuiu de área. A Touriga Nacional, lembra Luís Cabral de Almeida, enólogo da Herdade do Peso, “como tem um ciclo longo e confere boa frescura aos vinhos pode ser um bom complemento para as castas que formam o núcleo duro, a Alicante Bouschet e a Syrah. Mas nos vinhos há vários Alicante Bouschet e não apenas um e isso ficou para mim bem claro quando tomei agora contacto com as vinhas da serra de São Mamede: feitos da mesma maneira obtiveram-se dois vinhos de Alicante completamente distintos”, disse.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32597″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Este é o novo Alentejo, aquele com que se pretende projectar a região como geradora de vinhos de referência, em Portugal e no estrangeiro. A preferência dos consumidores é clara, já que cerca de 40% do que se consome entre nós tem origem no Alentejo. No entanto, se falarmos com responsáveis de garrafeiras, verificamos que no Norte há um menor interesse nos tintos do Alentejo, exceptuando-se as marcas mais clássicas. Ivone Ribeiro (Garage Wines) diz-nos que que o que mais vende é Douro e em seguida os tintos do Dão, Alentejo muito pouco. Na Garrafeira Tio Pepe, também no Porto, a quebra tem sido significativa, uma vez que “em 1995, por exemplo, era a região que tinha mais procura mas de então para cá tem vindo a decair embora se note o interesse por especialidades, coisas originais, vinhos de talha”. “Só nesta época do Natal e por via de encomendas de empresas para prendas natalícias é que o negócio dos tintos alentejanos anima um pouco”, confirmou Luís Cândido, o proprietário. Uma situação completamente diferente da que encontramos no centro e sul do país, e sobretudo na região da Grande Lisboa, tradicionalmente um excelente mercado para os vinhos alentejanos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]O consumo interno absorve a grande fatia da produção mas a exportação tem-se diversificado – abrange 118 países –, apesar de estar assente sobretudo em três mercados: Angola, Brasil e Estados Unidos. Fica a pergunta: que Alentejo queremos promover, que estilo queremos privilegiar? Para Paulo Laureano, enólogo e produtor, o Alentejo precisa de se mostrar como realmente é: uma manta de retalhos (sic), uma região muito diversa mas onde as diferenças não são suficientemente explicadas aos consumidores. “Até na zona da Vidigueira, que é a que conheço melhor, há diferenças enormes, logo a começar nos solos e exposições e a zona mais perto da fronteira com Espanha tem muito pouco a ver com a zona mais a oeste, mais marcada pela influência atlântica”, especifica.
É esta ideia de diversidade que poderia eventualmente levar a uma nova reorganização das sub-regiões do Alentejo, mas a CVR diz-nos que não estão para já em cima da mesa decisões nesse campo, apesar de haver debate no âmbito do Conselho Geral, a entidade que pode mudar o estado das coisas no que respeita ao desenho das regiões com direito a Denominação de Origem (DO). O consumidor depara-se com muito mais frequência com vinhos que têm a indicação Regional Alentejano do que com vinhos DOC Alentejo. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32599″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” bg_color=”#e2e2e2″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”A marca do Alicante Bouschet” color=”black”][vc_column_text]Avaliando as castas que integraram os vinhos provados, ressalta uma evidência: a crescente importância da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo. Dir-se-ia que começa a ser difícil pensar-se num grande tinto do Alentejo que não a tenha no lote. Com frequência, com a companhia da Syrah e Touriga Nacional. Esta situação é relativamente nova na região, já que há 30 anos a Alicante Bouschet apenas tinha posição predominante em duas propriedades, a Quinta do Carmo e a Herdade do Mouchão. Houve uma enorme renovação dos vinhedos e os produtores descobriram na Alicante a casta que lhes confere consistência aos vinhos, uma vez que produz quase sempre bem e pode ter expressões diferentes conforme o local onde está plantada. Quer Paulo Laureano quer Luís Cabral de Almeida, ambos enólogos na região, apontam-lhe imensas virtudes, mas reconhecem que o Alicante Bouschet da serra de São Mamede nada tem a ver com o da Vidigueira, por exemplo. Mas Luís não tem dúvidas em afirmar que “o Alicante Bouschet está para o Alentejo tal como o Malbec está para Mendoza, na Argentina”, querendo com isto salientar que pode ser a espinha dorsal dos tintos da região. Mas a procura de novas castas por parte de alguns produtores continua e recentemente a CVR Alentejo aprovou, com o acordo do IVV, o pedido de reconhecimento para certificação de 14 castas novas onde, em tintas, se incluem Cabernet Franc, Carmenère, Camarate, Monvedro, Vinhão e Marselan. Entre tintas e brancas, estamos a falar de 100 hectares destas novas variedades para a região.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Há mais do que um Alentejo” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Durante muito tempo isto decorreu das limitações geográficas que existiam para que um vinho tivesse direito à DO, mas, e ainda segundo a CVR Alentejana, actualmente cerca de 73% da área de vinha está inserida nas oito regiões que têm direito à DO Alentejo. A realidade encarrega-se de baralhar estes dados, já que a maioria dos vinhos comercializados são Regional Alentejano.
O grande desafio para o futuro pode assentar em dois pilares: manter e mesmo acentuar a diversidade dos vinhos, conseguindo-se que eles espelhem as diversas zonas onde nascem e, em segundo lugar, perceber que as alterações climáticas nos poderão fazer regressar a variedades que, sendo antigas e fora de moda, mostraram ao longo do tempo uma boa adaptação à região, como a Tinta Grossa, a mal-amada Trincadeira, a Moreto, entre outras tintas; ou a Perrum, nos brancos.
O Alentejo, como alguém me dizia, não pode estar satisfeito por estar a servir cachorros quentes e ter uma grande fila de gente para os comprar; com o tempo, os consumidores enjoam-se de cachorros quentes e depois querem outras coisas e a região tem de estar preparada para diversificar, mudar o que for para mudar e não se dar por satisfeita. Costuma dizer-se que o Alentejo está na moda, mas, como lembra Laureano, “estar na moda é, no sector dos vinhos, um conceito muito perigoso”: “Estar permanentemente a optar por castas que geram vinhos fáceis mas sem história pode ser um caminho, mas para mim é para evitar.”
O Alentejo é um mundo, portanto, em diversidade, qualidade, preço. É líder nos vinhos de volume, como se sabe. Mas também no segmento superior do mercado, nos tintos de nicho, como ficou demonstrado na nossa prova, a região mostra dar muito boa conta de si.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32600″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

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Tintos do Dão: Carácter e elegância de uma região histórica

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região que este ano celebrou 110 anos desde a sua demarcação já foi líder de mercado, quase caiu quase no esquecimento e agora está a renascer com força, novas ideias, produtores e marcas, mas baseando-se na tradição de sempre, mantendo os seus valores, a sua personalidade e a sua riqueza vitivinícola.

TEXTO Valéria Zeferino
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A produção de vinho no Dão é milenar, e os vestígios arqueológicos, como as lagaretas encontradas em vários sítios da região, são testemunhos disto. A filoxera, um temido e imparável insecto que destrói a raiz da vinha, veio parar a Portugal com as videiras americanas em 1867. Para além de dizimar os vinhedos no Douro e a seguir no Dão, originou ainda outro problema que no início até não parecia problemático de todo. Portugal (como também Espanha, Itália e Hungria) tornou-se num dos principais fornecedores de vinhos para famosas regiões francesas, onde a filoxera tinha chegado mais cedo, e os estragos eram substancialmente maiores.
Esta conjuntura comercial impulsionou um enorme desenvolvimento na plantação das vinhas nas regiões, como o Dão e a Bairrada, na década de 80 do século XIX. Em 1882 foi até estabelecida a isenção da contribuição predial de dez anos para a plantação da vinha, e cinco anos para a replantação. Isto levou a que propriedades que cultivavam cereais passassem ao cultivo da vinha sem peso nem medida. As plantações invadiram os terrenos mais férteis e os volumes de produção dispararam.
Por volta de 1900, França deixou de ser o mercado preferencial de exportação, devido ao aumento de produção própria e ao facto de ter encontrado novos fornecedores de vinhos mais baratos, como a Argélia, por exemplo. A procura interna não era suficiente para escoar todo o vinho produzido – uma consequência da crise de abundância.
A conjuntura em Portugal também não era fácil. A vizinha região do Douro sempre teve mais privilégios a nível legislativo, e ao mesmo tempo começou a sentir-se a invasão dos vinhos do Sul (das actuais regiões de Tejo e Lisboa), que sofreram menos com oídio e filoxera e eram significativamente mais baratos.
A necessidade de demarcação da região tornou-se óbvia, o que acabou por acontecer em 1908. Poucos meses antes da queda da monarquia, em 1910, era aprovado o regulamento de produção e comercialização dos vinhos de mesa (chamados à época “vinhos de pasto”) da região do Dão.
Na altura do Estado Novo, o objetivo do Governo era criar cadeias de produção. Como o vinho era considerado um produto agrícola de importância, teriam que ser garantidas condições para que fosse produzido de uma forma estável e na quantidade necessária.
No Dão, sempre dominou o minifúndio. Um patchwork de parcelas minúsculas de cerca de 0,5ha, retalhadas entre florestas, faz 90% de vinha na região. Muitos agricultores que plantavam vinha não tinham capacidade de produzir vinho, nem de vendê-lo. As adegas cooperativas providenciaram equipamento e asseguraram a comercialização do produto acabado. A questão de competitividade não se colocava.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”31998″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A maior parte dos produtores entregava uvas a adegas cooperativas, mas também existiam diversas casas proprietárias de vinhedos que produziam vinho e vendiam a granel para as grandes marcas. A Casa da Ínsua, a Casa da Passarella ou a Casa Santos Costa, por exemplo, produziam vinho desde finais do século XIX e eram famosas junto dos principais engarrafadores. Os responsáveis pela criação das marcas nos anos 60 foram empresas na época chamadas “armazenistas” (correspondendo ao que em França se designa por “negociant”) e que compravam vinho aos pequenos produtores e às adegas cooperativas, engarrafando-o e comercializando-o sob a sua insígnia.
As Caves São João, um dos grandes negociantes em Portugal à data, lançou assim Porta dos Cavaleiros, a seguir ao bairradino Frei João. A Sogrape, que alargou as suas operações para o Dão em 1957, produzia um Dão Reserva conhecido como Dão Pipas e lançou a marca emblemática Grão Vasco, que teve um enorme sucesso. Tal como o Meia Encosta, da Sociedade dos Vinhos Borges, lançado em 1970, ou o Terras Altas, da José Maria da Fonseca.
O próprio Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, liderado pelo engenheiro agrónomo Cardoso Vilhena, que andava a explorar as potencialidades das castas da região, fez vinhos lendários, como os de 1963, 1970, 1975, 1980 e 1983.
O meu sogro costumava dizer “O vinho é do Norte” e para ele existiam só duas regiões – Douro e Dão. Era um consumidor fiel e acredito que muita gente da geração dele assim o era. Mas as gerações mais novas não partilharam desta lealdade e nas décadas 80 e 90 o Dão deparou-se novamente com ampla concorrência dos vinhos de mesa de outras regiões do país.
O Douro apostou em força nos vinhos de mesa, mas Alentejo e Setúbal também apareceram com vinhos em grande quantidade e de qualidade que os produtores do Dão não estavam a conseguir acompanhar. O consumidor virou-se para outras regiões, deixando ao Dão o desafio de se reinventar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Na viragem do século” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Os anos 90 assinalaram grandes mudanças na região. Começaram a aparecer os produtores de quinta com vinhos de excelência (Quinta dos Roques, Quinta da Pellada, Quinta dos Carvalhais, foram os que mais se destacaram na época) e até os negociantes investiram na vinha. Segundo o presidente da CVR do Dão, Arlindo Cunha, a partir de 2005 fez-se sentir a inversão do paradigma. Agora, a pouco e pouco, o consumidor vai (re)descobrindo os vinhos do Dão, começando pelos brancos.
Entretanto, as principais características orográficas da região não mudaram: as montanhas, os rios e os solos continuam a formar o seu terroir de excelência. O que realmente melhorou, no ponto de vista de Arlindo Cunha, é a parte da viticultura: restruturaram-se as vinhas, começaram a plantar em zonas mais secas e mais altas, com melhores condições para produção de vinhos de qualidade. Vieram à região muitos jovens profissionais: enólogos, viticultores e produtores dinâmicos. “Nos últimos cinco anos a produção dos vinhos DO Dão e IG Terras do Dão aumentou 47%”, frisa o presidente da CVR.
O enólogo Manuel Vieira lembra-se do seu início de trabalho na Sogrape, sendo responsável pela Quinta dos Carvalhais. Refere que em 1990, na sua primeira vindima, “as ideias eram muito indefinidas; as castas não eram pensadas”.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”31999″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Na altura começaram a aprender sobre as castas em colaboração com o Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas, que estava a desenvolver um grande trabalho neste sentido. “Era importante perceber o que era o Dão e comunicar isto ao consumidor.”
Mais ainda há muito trabalho pela frente, diz Manuel Vieira, pois a região continua a ser “reconhecida pela elite e desconhecida pelo consumidor comum”.
O potencial da região confirma-se também pelo interesse que o Dão tem vindo a despertar em produtores de outras zonas vitivinícolas, sobretudo do Douro. O Grupo Amorim, proprietário da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, adquiriu recentemente a Quinta da Taboadella com adega e cerca de 40 hectares de vinhas a 500 metros de altitude. O projecto da Niepoort no Dão avançou em 2012. O trio de conceituados enólogos do Douro – Jorge Moreira (Poeira), Francisco Olazabal (Quinta do Vale Meão) e Jorge Borges (Wine&Soul) – lançou-se num projecto conjunto que resultou em vinhos M.O.B., produzidos na Quinta do Corujão. Jorge Moreira explica que escolheram o Dão porque queriam fazer um projecto interessante e de excelência numa outra região, sem ser o Douro. O Dão pareceu-lhes desafiante neste sentido. Aqui conseguem-se boas maturações fenólicas com grau de álcool provável mais baixo, preservando a preciosa acidez, e os vinhos adquirem equilíbrio com menos extração.
Estas empresas e figuras incontornáveis no mundo vitivinícola português de certa forma atraíram as atenções dos enófilos para o potencial da região.
O enólogo e produtor Carlos Lucas aponta para a importância de, na viragem do século, terem “dado entrada projetos sólidos”, com novos produtos que aliaram “boa enologia e visão do mercado”. Julia Kemper, Quinta do Sobral, Casa da Passarella, Pedra Cancela, Caminhos Cruzados são alguns dos exemplos que aponta. “Fazem belos vinhos, adaptados ao mercado, sem perder a essência do Dão. O valor de base é muito importante, e o marketing não resolve tudo, porque é a qualidade que fideliza os consumidores. Mas ao acrescentar aqui bom marketing – temos uma grande região!”, diz o produtor.
Até Robert Parker através de Marc Squires, ultimamente tem conferido pontuações a nível de 93-95 aos vinhos do Dão, algo que há 10 anos era impensável.
O enólogo da Casa da Passarella, Paulo Nunes, observa que no início de 2000 os produtores do Dão sentiam-se tentados a apanhar a onda do Novo Mundo, com muita concentração, seguindo perfis de maior valorização no palco internacional. Isto criava uma certa incoerência com o perfil dos vinhos dos anos 60, quando o Dão era chamado “Borgonha de Portugal”. Na sua opinião, os produtores actualmente estão mais fiéis à região: “Estamos mais próximos dos anos 60 agora, em termos de perfis de vinho, do que estávamos na viragem do século.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”A grande Touriga Nacional
” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Segundo aos dados do IVV de 2017, a área total da vinha no Dão é de 14.837ha. Destes, cerca de 80% corresponde a castas tintas. Mesmo na fase de reconquista do consumidor, o Dão resistiu ao boom das castas internacionais que se deu um pouco em todas as regiões. Pelo contrário, apostou fortemente na preservação das suas castas tradicionais, tintas e brancas. Como diz Arlindo Cunha: “A principal mudança no Dão foi a continuidade!”
Não se pode falar no Dão sem pensar na Touriga Nacional, a uva identitária da região e que, tudo indica, ali teve origem. O percurso da Touriga Nacional tem algo melodramático. Lembram-se do conto de fadas da Cinderela, que era a filha querida do papá, mas que passados os anos de desprezo da sua madrasta e as filhas desta, tornou-se finalmente uma princesa? É praticamente história da casta. Antes da filoxera, a Touriga Nacional estava muito presente no encepamento regional e era bastante apreciada pelas suas qualidades aromáticas e corantes. No Estudo da Ampelografia Portuguesa de 1865 era de longe a casta mais plantada no Dão, seguida de Alvarelhão e Jaen. A filoxera deu cabo não só das vinhas, mas também da reputação dela, pois a nossa Cinderela não funcionou bem com os enxertos americanos, que era a medida mais eficiente para combater a devastadora praga.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][image_with_animation image_url=”32002″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A expressão “muita parra e pouca uva” tornou-se num sinónimo da Touriga Nacional, cujo vigor vegetativo comprometia a produção.
O que é que representavam dois cachos pequenos de bagos pequenos (100-150 g) por pé para um viticultor que vendia as suas uvas às adegas cooperativas? Pouca remuneração, claro, pois pagava-se por quilo. Assim começou o desinteresse dos produtores e consequente diminuição de plantações. Os ensaios de Cardoso Vilhena no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão começaram por restabelecer a reputação qualitativa da casta. E o trabalho de seleção clonal, realizado a partir dos anos 80, resolveu o problema da escassez de produção, tornando-a de novo querida dos viticultores.
É uma autêntica trabalhadora nas vinhas, aguenta bem temperaturas elevadas, a sua película grossa protege os bagos do calor, contribuindo com grande nível de polifenóis e fornece muita matéria corante ao vinho. A casta é pouco sensível ao míldio e oídio. Também é resistente às chuvas de Outono.
É muito fiel a si própria. Segundo Paulo Nunes, com 12% ou com 14% continua a ser Touriga Nacional. Ela também se comporta muito bem na adega, moldável a diferentes tipos de vinificação e com elevada capacidade de envelhecimento, particularmente em madeira.
Dá excelentes vinhos monovarietais, evidenciando os seus aromas primários pronunciados, e acrescenta riqueza ao lote onde entra (se bem que às vezes puxa a primazia para si e é acusada de “ser muito Touriga Nacional”). É facilmente reconhecível pelo aroma e o consumidor geralmente gosta daquilo que lhe é familiar.
Gostos à parte, não podemos negar que a Touriga Nacional tem um papel fundamental, ao lado do Encruzado, na identidade da região. O Dão não é só Touriga, mas também o Dão não seria o mesmo sem ela. Em termos de plantação actual na região, corresponde a 22%, ocupando uma área de 3191ha.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32004″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Além da Touriga” font_container=”tag:h6|text_align:left” google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text]Há vida (e castas) além da Touriga Nacional. A Jaen, por exemplo. Casta ibérica, cultivada na região do Dão desde século XIX, na Ampelografia Portuguesa de 1865 já é uma das castas dominantes no concelho de Mangualde. Em 2008 passou a ser a casta com o maior encepamento no Dão, com 2484ha, e continua assim até aos dias de hoje, ocupando uma área de 3528ha, o que corresponde a 24% das plantações da região.
Em Portugal tem pouca expressão fora da região, mas em Espanha, com o nome de Mencia, é responsável pelos vinhos elegantes do Bierzo. O seu nome tem origem espanhola e supõe-se que os peregrinos dos Caminhos de Santiago a teriam trazido até nós. Produz muito, sobretudo em terrenos férteis, pelo que a produção tem que ser controlada para evitar vinhos acídulos e aguados. Apodrece com facilidade, o que obriga a evitar zonas mais húmidas. Mas também não gosta de muito calor e, segundo Paulo Nunes, “tem uma janela de vindima muito pequena, pois com 12% de álcool provável fica muito verde, com 14% muito queimada”. Plantada no sítio certo, origina vinhos com boa cor, delicados em termos de acidez e com aromas florais nos primeiros meses de vida, desenvolvendo fruta vermelha como morango e framboesa.
Quanto ao Alfrocheiro Preto, apareceu no Dão após a filoxera, não se sabe exactamente quando. Tem sinonímias nas terras espanholas, sendo chamada Bruñal em Arribez del Duero, Caiño Gordo na Galiza, Albarín Tinto nas Astúrias e Baboso Negro nas ilhas Canárias. Está disseminada por toda a região, é a quarta casta em termos de plantação, ocupando uma área de 896ha e representando 6% do encepamento. É uma casta precoce, sensível ao calor e ao stress hídrico. Enologicamente proporciona equilíbrio notável entre álcool, taninos e acidez. Produz vinhos de cor e aromas intensos de morango selvagem maduro e amora. Os vinhos geralmente têm bom corpo, taninos firmes, mas delicados. Estando prontos para beber jovens, também envelhecem bem ao longo de vários anos.
Finalmente, a Tinta Roriz. A casta ibérica mais conhecida internacionalmente e que assume nomes diferentes em cada região onde é plantada: Tempranillo em Rioja é o mais popular, Tinto Fino em Ribeira del Duero, Tinta de Toro em Castilla-La Mancha, Ull de Llebre em Catalunha, Cencibel em várias regiões. Pensa-se que foi trazida para Portugal antes da filoxera, entrou pelo Douro e desceu até ao Alentejo, onde se tornou uma das castas mais importantes, com o nome Aragonês. É talvez a mais recente “aquisição” do Dão, onde apareceu já no final do século passado devido ao reconhecimento das suas aptidões pelo Centro de Estudos de Nelas. Em 1983 existiam apenas dois hectares de Tinta Roriz, mas assinalou o maior crescimento na região, ficando em terceiro lugar em termos de área e ocupando agora 2756ha, o que dá 19% da plantação.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]É uma variedade que produz bem, dependendo do clone, clima e tipologia de solo. Facilmente atinge produções elevadas, o que a faz perder drasticamente a qualidade. Quando o ano vitícola corre bem e assegurando produções controladas, origina vinhos de boa cor, intensos, complexos aromaticamente e bem estruturados. Desenvolve aromas de ameixa e frutos silvestres, ganha complexidade com envelhecimento e tem aptidão para estágio em madeira.
Para além destas quatro principais castas tintas, o património vitivinícola do Dão é bastante grande. A Baga tem uma presença relevante, correspondendo a 5% do encepamento, e Rufete, também conhecido como Tinta Pinheira, corresponde a 3%. Alvarelhão e Bastardo eram as mais cultivadas castas tintas a seguir à Touriga Nacional na Ampelografia Portuguesa de 1865, agora encontram-se nas vinhas velhas ao lado de Tinto Cão, Trincadeira Preta (Tinta Amarela), Marufo (Mourisco), Malvasia Preta (Moreto), Cornifesto e muitas outras a salvaguardar o património vitivinícola da região.
Juntando estas castas, ao clima, aos solos, e aos profissionais cada vez mais competentes e empenhados, o Dão é, na verdade, uma região que nasceu para o vinho. O que o Dão precisa agora é de criar a diferenciação, comunicando bem as suas castas tradicionais, e afirmar-se dentro e fora de portas como região de produção de grandes vinhos com frescura, riqueza aromática e notável equilíbrio, Na realidade, já o é.
[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][image_with_animation image_url=”31996″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos últimos anos, também têm saído produtos de grande qualidade da região dos Vinhos Verdes, sobretudo a partir da casta Alvarinho, mas também Douro, Dão, Tejo ou Alentejo estão a produzir cada vem mais espumantes e com qualidade muito consistente. Agora é só erguer um flute ou copo ao alto (ou uma tacinha, como dantes de dizia) e… SAÚDE![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº18, Outubro 2018

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Brancos do Douro, carácter e sedução

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A produção de uvas brancas na região duriense é muito antiga, mas esteve durante mais de um século associada ao Vinho do Porto. Por essa razão, a localização das vinhas, a altitude ou as castas usadas não […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A produção de uvas brancas na região duriense é muito antiga, mas esteve durante mais de um século associada ao Vinho do Porto. Por essa razão, a localização das vinhas, a altitude ou as castas usadas não eram factores preponderantes. Mas tudo isso mudou e hoje a região pode, com orgulho, mostrar os seus grandes vinhos brancos.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

Na tradição portuguesa mais antiga, o Douro, tal como as outras regiões, produzia uvas brancas e tintas, não raramente misturadas na mesma vinha e vindimadas em simultâneo. Esse lote feito na vinha marcou a forma de trabalhar e de pensar o vinho durante séculos; o método era válido para os tintos – com as castas misturadas – mas era também para os brancos. Ainda hoje se encontram no Douro vinhas centenárias onde apenas pontificam cepas de uvas brancas e nessa “misturada” encontramos um lote muito alargado de castas e por vezes até uvas de mesa, tradicionalmente mais vocacionadas para serem comidas do que usadas para fazer vinho.
A vinificação destas uvas para fazer um branco não generoso não foi, ao longo do séc. XX, prática que interessasse a muitos produtores e foram assim bastante escassas as marcas com alguma expressão comercial. Neste capítulo temos de recordar as etiquetas quer da Real Vinícola quer da Real Companhia Velha que, enquanto empresas fortemente concorrentes, iam criando marcas à medida da “resposta a dar” à empresa rival. Assim, rótulos como Grandjó, Evel, Grantom, Granléve, Marquis de Soveral eram conhecidos dos apreciadores, mas a palavra Douro nem andava associada a estes vinhos. Era a época em que a região não estava demarcada para vinhos DOC mas apenas para vinhos do Porto e onde proliferavam muitas adegas cooperativas que acabavam por abranger quase todas as escolhas de vinhos da região.
Alguns brancos eram também o resultado de lotes de vinhos de várias proveniências (algo não comunicado ao consumidor), mas a circulação pela restauração tinha algum significado; vinhos como Monopólio (Constantino) ou Lello (Borges) marcavam o terreno nos anos 60 e 70, tendo ainda nessa década surgido o Quinta do Côtto. Em verdade se diga que apresentar a alguém um branco de referência do Douro era tarefa ingrata; além de faltar massa crítica, havia pouco conhecimento sobre a potencialidade das castas brancas. Esse quadro manteve-se até aos anos 80 do século passado, quando se começou a estudar e a fazer microvinificações das castas mais conhecidas da região. A necessidade de fazer um estudo com validade estatística levou ao inevitável afunilamento do número de variedades, situação que se manteve até há poucos anos, quando alguns produtores começaram a vinificar castas tradicionais caídas em desuso. Estamos agora em período de intenso experimentalismo, sentindo-se um interesse cada vez maior pelas castas que estiveram fora de moda. E não são só os produtores de DOC Douro que lhes estão a dedicar mais atenção, são também empresas totalmente vocacionadas para o Vinho do Porto, como é o caso da Fladgate Partnership.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Altitude e exposição solar”][vc_column_text]Altitude e exposição solar
É comummente aceite que a altitude, sobretudo numa zona de clima quente como o Douro, pode jogar um papel determinante nos vinhos que origina. É assim normal que as melhores uvas para branco venham de vinhas da cota 500 metros ou acima disso, zonas já não utilizadas para a produção de Vinho do Porto. Aí se conseguem uvas com grande frescura e acidez elevada, condição indispensável para se conseguir um bom vinho branco.
Mas o Douro é muito extenso e muito diversificado e, em consequência, é possível encontrar boas parcelas que desafiem aquela lógica da altitude. Aqui então já não estamos a falar de altitude, mas sim de localização e de exposição solar. Nas duas margens do rio encontramos vinhas que, estando abaixo daquela cota dos 500m, podem também originar vinhos complexos e ricos. Estamos a pensar em encostas viradas a norte, menos castigadas pelo escaldão estival e que conseguem conservar uma boa acidez nas uvas.
Para Jorge Moreira, enólogo e produtor na região (Poeira, La Rosa e Real Companhia Velha), o mais importante é conseguir-se uma boa maturação, mas em que se conserve a acidez e, neste ponto, a localização da vinha é fundamental.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”28990″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Em zonas mais extremadas de clima, quer para o lado seco quer para o lado mais pluvioso da região, é mais difícil. Mas Jorge é peremptório ao afirmar que existe “ainda pouca experiência de vinhos brancos no Douro, falta estudar as castas que estiveram esquecidas e que podem dar grandes resultados”. Samarrinho e Donzelinho são castas agora a serem trabalhadas na Real Companhia Velha e que podem “renascer das cinzas”, regressando ao lote das eleitas da região.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”As zonas de eleição”][vc_column_text]Já no que respeita às variedades mais plantadas, Jorge coloca um pé no “bloco central” – Viosinho e Gouveio –, enquanto pilares dos brancos durienses, mas é especialmente apreciador de outras, como a Arinto e Boal; em relação a outras variedades, tem menos apreço pela Malvasia Fina e pelo Moscatel, sobretudo usado em lote. “Mas”, diz, “há outras que conheço mal e que ainda tenho pouca experiência, como a Códega do Larinho.”
Fica a dúvida: há castas específicas de cada uma das três sub-regiões durienses (Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior)? Jorge Moreira tem uma resposta segura: “Rabigato é claramente do Douro Superior, enquanto Malvasia Fina e Códega são claramente do Baixo Corgo; no entanto quero deixar claro que temos muito a esperar das castas que estamos a redescobrir e que que nos irão ajudar à diversidade, algo que nas últimas décadas se perdeu no Douro. E isto é válido tanto para tintos como brancos.”
Já o também enólogo e produtor Jorge Borges (Guru, Manoella) acrescenta o Arinto às duas atrás citadas e foi esse trio que plantou numa pequena vinha de 2,5ha nas zonas altas. É de resto na faixa que vai de Murça até Carrazeda de Ansiães que Jorge Borges situa a melhor zona para a produção de grandes brancos, “porque tem uma mistura de zonas de xisto com granito e porque, do ponto de vista climático, oferece um clima mais abrigado onde se conseguem maturações de boa qualidade”.
As experiências de João Nicolau de Almeida nos anos 80 na empresa Ramos Pinto e os trabalhos sobre viticultura que partiram dos investigadores da Universidade de Trás-os-Montes ajudaram a que os brancos reconquistassem o gosto dos consumidores. A marca Duas Quintas surgiu nos inícios dos anos 90 e mostrou que, com tecnologia moderna, era possível fazer vinhos de grande longevidade, o que sucessivas provas verticais têm vindo a demonstrar. Até aparecer o Duas Quintas Reserva, já com fermentação em barrica, colocava-se a dúvida sobre a capacidade desses vinhos feitos em inox resistirem ao tempo. Há mesmo, segundo Jorge Moreira, algumas castas como o Arinto e Samarrinho que até ganham em serem vinificadas apenas em inox. Os anos 90 foram assim tempos de experimentação onde de tudo isso se falou e discutiu e onde os consumidores foram ouvindo falar de zonas de eleição para a produção de brancos: Murça, Alijó, S. João da Pesqueira, Favaios, entraram aos poucos no léxico dos apreciadores.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”O papel da barrica”][vc_column_text]No Douro, tal como noutras regiões, começou-se nos anos 90 a usar a barrica para fermentar brancos. Resta saber se, para se fazer um bom branco do Douro, é ou não preciso recorrer à fermentação em barrica e, na sequência, em que tipo de barrica. Nova é indispensável? De segunda e terceira utilização é mais útil? Velha é o caminho a seguir?
Foi seguindo os ditames das modas de então que surgiram os primeiros vinhos fermentados em barrica nova, algo totalmente inovador e surpreendente que animou debates e conversas. No entanto, de então para cá, muito se experimentou e muito a investigação sobre barricas avançou para se chegar à fórmula actual: pouca barrica nova, maior percentagem de barrica usada e, prática cada vez mais generalizada, uso de barricas velhas.
Mas a fórmula não é mágica. Jorge Borges confessa que gosta de usar barrica com 3 ou 4 anos, mas que depois dessa idade passa a usar essas barricas apenas para tintos. E, ao contrário do que aconteceu com os primeiros brancos da marca Guru, a versão mais recente tem pouco mais de 10% de barrica nova e o resto com a idade citada. É determinante usar barricas para fazer um grande branco porque “a barrica confere estabilidade e conservação ao vinho, dando-lhe mais resistência à oxidação; a madeira muito velha acaba inevitavelmente por conferir aromas do tipo ranço e favorece a acidez volátil e, por isso, há que ter o máximo cuidado”, explica Borges.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”40″][image_with_animation image_url=”28992″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text] E reforça: “Não é por ser velha que a madeira é boa para brancos; pode ser mas também pode correr mal.” Luís Sottomayor, enólogo da Sogrape, confessa estar ainda numa fase de experimentação de barricas e tem utilizado a madeira sobretudo para o final da fermentação e estágio dos brancos, não tendo ainda ainda certezas quanto às castas, a não ser a Arinto, que, “como tem muito boa acidez, pode aguentar bem a fermentação em madeira”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”CASTAS BRANCAS DO DOURO” color=”black”][vc_column_text]O Douro tem um grande número de castas brancas e nas vinhas velhas encontram-se variedades bem antigas, de nomes exóticos como Praça, Malvasia Parda, Trincadeira Branca, Reconco, Chancelar, Rabigato Miranda, Samarrinho ou Donzelinho Branco. Arinto ou Fernão Pires, uvas transversais a todo o Portugal, têm também um papel importante no Douro, tal como a Códega (a Síria/Roupeiro). Mas as que se seguem serão talvez as que mais contribuem para a identidade dos modernos brancos durienses.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”VIOSINHO”][vc_column_text]Conhecida no Douro desde o séc. XVIII. Está presente em quase todas as novas plantações do Douro, produz vinhos bem estruturados, aromáticos e intensos, embora lhe falte por vezes alguma acidez, sobretudo nas cotas mais baixas. Aromas e sabores de marmelo, ananás, citrinos maduros.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”GOUVEIO”][vc_column_text]Referida desde o séc. XVI, é no Douro (e não só) chamada muitas vezes de Verdelho, o que origina confusão com o Verdelho madeirense. É a mesma uva que o Godello da Galiza. Bastante adaptável a diferentes solos e climas, consegue uma boa maturação sem perder acidez, originando vinhos de boa intensidade aromática (pêssego, maçã) e equilíbrio.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”MOSCATEL GALEGO”][vc_column_text]A família Moscatel (nas suas muitas variantes) é provavelmente a mais antiga família de uvas conhecida. O Moscatel Galego duriense (conhecido internacionalmente como Muscat à Petit Grain) está sobretudo plantado no planalto de Alijó e Favaios, acima dos 500 metros de altitude. Muito aromático, floral, exuberante, marca presença em lotes de brancos mais simples, mas começam a aparecer alguns varietais ambiciosos. Para além de fazer o licoroso Moscatel do Douro, claro.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”RABIGATO”][vc_column_text]Mencionada desde o séc. XVI, marcando outrora presença um pouco por todo o país, está hoje centrada sobretudo no Douro. De baixa produtividade, com muita acidez natural, boas notas citrinas, perfeita para lotes com outras castas mais ricas, mas menos frescas.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”CÔDEGA DO LARINHO”][vc_column_text]Casta típica do Douro e Trás-os-Montes. Bem produtiva, aromática (frutos tropicais, flores silvestres) mas muitas vezes com baixa acidez (sobretudo se plantada em cotas mais baixas), necessitando da companhia de castas mais ácidas, como Gouveio e Rabigato.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”MALVASIA FINA”][vc_column_text]A Malvasia Fina (o Boal da Madeira) está bem presente nas vinhas velhas e também em plantações mais recentes no Douro. De produtividade elevada, é muito aromática e perfumada (quase melosa, por vezes), ganhando boa maturação. Quando vindimada cedo, e em cotas altas, consegue conservar a frescura. [/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”O que faz falta”][vc_column_text]Tal como em muitos outros items que aqui poderíamos enumerar, falta informação ou, se se quiser, quem dê a informação técnica que o trabalho agrícola requer. Jorge Borges lembra-nos que não há um organismo técnico no âmbito do IVDP que seja conselheiro de um lavrador que queira plantar uma nova vinha, “não há quem venha ver as condições específicas do local para sugerir o que plantar, como plantar, se é zona de brancos ou se é de tintos, se é melhor plantar esta casta ou aquela; é verdade que existe a ADVID mas é uma associação, o que quer dizer que é preciso ser-se sócio para ter apoio técnico”. Sobre o tema, quisemos também ouvir a opinião de Rosário Janeiro, técnica da Sogrape, que lembrou que os pequenos lavradores, se quiserem reconverter uma vinha, podem apresentar candidaturas agrupadas, mas a candidatura isolada não tem apoio técnico; o próprio Centro de Estudos Vitivinícolas da Régua não tem equipas no terreno, confirmando-se assim os receios expressos por Jorge Borges.
Das opiniões que recolhemos, fica-nos a sensação de que o Douro branco é assunto ainda em progresso e falta mais tempo e experiência para se tirarem conclusões; as castas bancas já têm um “núcleo duro”, mas nos próximos anos poderá haver notícias interessantes nesta matéria; a vinha velha (mais de 40 anos, segundo Jorge Borges) é o local onde se podem produzir brancos de melhor qualidade e longevidade; as zonas altas da região tendem a gerar mostos mais equilibrados e as barricas, indispensáveis a um grande vinho, deverão ser maioritariamente usadas. Estas serão as ideias-chave, as excepções existem para confirmar a diversidade e grandiosidade da região duriense.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”28999″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº16,  Agosto 2018

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Vinho Verde Branco, frescura garantida

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos […]

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O Vinho Verde branco de hoje pouco tem a ver com o que tínhamos à nossa disposição há uma década. Não apenas o estilo mais “tradicional”, com gás e leve doçura, cresceu muito na qualidade, como nos últimos anos vem ganhando peso junto dos apreciadores um perfil bem diferente de Verde, que se afirma pela secura, elegância e superior ambição. Em comum, apenas a vibrante frescura tão característica dos brancos desta região.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A extensa região dos Vinhos Verdes começa no rio Minho, na ponta mais ao norte do país, e termina já a sul do rio Douro. Faz fronteira com a região do Douro, mas não perde a sua individualidade. Estamos na terra do Vinho Verde, onde nascem vinhos muito apreciados pelos consumidores. Uma zona marcada pelo clima, pelo solo e pela presença de alguns importantes cursos de água. A água é, de resto, elemento que não falta nestas terras.
São três os principais rios que marcam a paisagem minhota e determinam estilos e castas. A norte temos o rio Minho, que percorre a sub-região de Monção e Melgaço; no centro da região, o rio Lima, e a sul o rio Douro. Curiosamente (ou não) cada uma destas zonas corresponde à preponderância de uma casta sobre as outras, marcando assim os vinhos com um “selo” que os faz distinguir dos restantes. Temos então, e de norte para sul, a Alvarinho, a Loureiro e a Avesso, três das principais castas brancas da Denominação de Origem (ver texto anexo). A região é bastante rica de variedades de uva e algumas delas continuam ainda numa certa penumbra, como que à espera da redescoberta por parte dos produtores e, por via deles, dos consumidores. Estamos em terras onde a tradição impôs os vinhos de lote, mas onde cada vez mais descobrimos o interesse pelos vinhos varietais, e não só pelas três castas que acima referi.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27918″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A região dos Vinhos Verdes tem imensos pontos de contacto com a sua vizinha galega das Rias Baixas, partilhando com ela o clima – não esqueçamos que estamos na zona mais pluviosa do país –, as castas e as formas de plantio. No entanto, com uma tão grande extensão territorial, é compreensível que os estilos de vinhos sejam bem diferentes, sobretudo à medida que caminhamos para sul. Foi também essa diferenciação que levou à criação de sub-regiões, mas, diga-se, a única que ganhou estatuto de “autonomia” junto do consumidor foi a de Monção e Melgaço, muito por “culpa” da uva Alvarinho. As restantes sub-regiões, apesar de possuírem razões para se distinguirem, nunca se conseguiram afirmar enquanto tal junto do consumidor. Serão poucos os que conseguem associar as suas marcas preferidas a sub-regiões Cávado, Paiva, Sousa ou do Ave, só para citar algumas. As informações dos rótulos e contra-rótulos também nunca privilegiaram esta indicação e, desta forma, com a já referida excepção de Monção e Melgaço, a região é, aos olhos do consumidor, um todo. São Vinhos Verdes e são assim há muito tempo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Do tinto para o branco”][vc_column_text]O plantio da vinha na região hoje conhecida como dos Vinhos Verdes é tão antigo quanto a nacionalidade. Ali, como noutras zonas, foram as ordens religiosas que incentivaram e desenvolveram quer as técnicas de viticultura quer as da produção do próprio vinho. Com frequência, o que chegava às abadias era mosto, resultado de uvas pisadas perto da própria vinha, em lagaretas dispersas que ainda hoje se encontram em algumas zonas da Beira Alta e Minho. Esse mosto era depois fermentado nas abadias e muito provavelmente não haveria uma distinção clara entre o vinho branco e vinho tinto, dicotomia que apenas terá entrado no léxico da região dos Verdes já bem dentro do séc. XIX.
Assim, é muito difícil afirmar que a tradição minhota é de branco ou é de tinto. Já foi de tinto – provavelmente desde a filoxera (segunda metade do séc. XIX) até aos anos 90 do século passado – e só de então para cá o branco suplantou o tinto. As estatísticas disponibilizadas no site da CVR dos Vinhos Verdes mostram claramente que só a partir da campanha de 1992/93 é que a quantidade de vinho branco produzido ultrapassou o tinto. Até então estávamos em reino de tintos. Em relação a tempos mais antigos, não é só a distinção entre branco e tinto que poderá não ter cabimento, é também o tipo de vinho, seguramente muito menos alcoólico (tal como acontecia, de resto, em todo o Portugal e Europa vinícola).
Como atrás se disse, foi então a partir dos anos 90 que os brancos suplantaram os tintos, com um crescimento que não tem parado desde então. A região está hoje a produzir menos do que outrora e, mesmo que apenas analisadas a produções deste século, vemos que têm variado na última década entre um mínimo de 61,6 milhões de litros na campanha de 2012/13 e um máximo de 93,2 milhões de litros na campanha em curso, com máximos históricos de mais de 194 milhões na campanha de 91/92. Os concelhos onde a produção atinge por norma os valores mais altos são Felgueiras e Penafiel, mas a sub-região que abrange os concelhos de Monção e Melgaço tem tido um enorme crescimento, aproximando-se dos 9 milhões de litros.
Os vinhos tintos conhecem também alguma modificação na forma como chegam ao consumidor: à prevalência quase total da casta Vinhão, muito querida de lavradores e de muitos consumidores por ser casta tintureira, taninosa e muito estruturada, assistimos hoje ao ressurgimento de outras castas, como a Alvarelhão, Folgosão e Borraçal, e à modificação do próprio Vinhão, que perdeu o seu lado mais agreste, sendo hoje possível encontrar vinhos bem mais macios e afinados, sem que o seu traço mais forte – a cor – se tenha perdido.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27921″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Novas tendências”][vc_column_text]A região é das que mais vinha tem renovado, logo a seguir ao Douro. Renovar aqui, significa muitas vezes mudar práticas culturais antigas, seleccionar castas e procurar melhores rendimentos. As uvas do Vinho Verde, face à procura que tem havido, estão a ser pagas, segundo Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, acima da média nacional e a casta Alvarinho é mesmo das mais bem pagas do país, com um preço sempre na casa de €1/quilo, o que a aproxima do valor das uvas autorizadas para Vinho do Porto. A procura absorve toda a produção e as próprias adegas cooperativas da zona mostram uma vitalidade que não se compara com as de outras regiões demarcadas.
O melhor exemplo da renovação vitícola é dado pelos elevados investimentos que empresas como a Avelada estão a fazer na região, apostando em 200 novos hectares de vinha, criados de raiz na zona de Ponte de Lima. Em Monção e Melgaço sucedem-se os novos projectos e a região como um todo só pode beneficiar com isso, nomeadamente na projecção e imagem do Verde noutras terras. As novas plantações têm abrangido entre 600 e 700 hectares por ano, sobretudo em reconversão de vinhas já existentes, e o que mais se tem plantado é Loureiro, Alvarinho, Arinto e Avesso. No fundo as três castas emblemáticas da região, aqui acrescentadas da Arinto, a ubíqua uva branca que todos os produtores nacionais querem na sua região.
Em termos de adega e de perfil de vinhos, os Verdes continuam a apostar cada vez mais nos vinhos brancos, mas com o segmento dos rosés a avolumar-se. Também há a salientar o crescente interesse pelos vinhos espumantes, que, embora em muitos casos produzidos em pequenas quantidades, não deixam de ser uma nova área de negócio que interessa a cada vez mais produtores. Globalmente, a qualidade dos Vinhos Verdes tem crescido imenso na última década, seja do estilo “tradicional” (com gás e leve doçura), seja no estilo moderno, seco e com mais álcool, corpo, e ambição na qualidade e no preço.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Mas existem também tendências menos interessantes, sobretudo aquilo a que poderia chamar de “Sauvignonização”. De facto, surgem com alguma frequência no mercado vinhos excessivamente aromáticos, exuberantes de frutas tropicais (maracujá, manga), características pouco comuns nas castas locais. Acredito que este caminho nada acrescenta à região, tornando os vinhos iguais ao que se pode fazer em qualquer parte do mundo. Mais sentido fará continuar a melhorar um estilo que ganhou raízes e tradição nos Vinhos Verdes, com sejam os vinhos com gás adicionado e com açúcar residual.
É isso o que defende, por exemplo, o enólogo Manuel Vieira: “Um vinho branco com álcool moderado, acidez evidente, presença de gás e de açúcar residual, é, na minha opinião, uma interpretação, em termos técnicos exequíveis, do vinho branco tradicional da região, que fazia a fermentação maloláctica na garrafa.” E acrescenta: “A viticultura da região sofreu entretanto enorme evolução e outros tipos de Vinho Verde surgiram. Hoje em dia, e devido a essas alterações, o nível de álcool subiu, a acidez reduziu-se e o leque de vinhos expandiu-se, tornando a região um viveiro de excelentes vinhos. Penso que só aceitando esta realidade é que poderemos ir mais além, no intuito de valorizar cada vez mais os vinhos produzidos, sejam eles com gás ou sem gás!”[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27920″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#e0e0e0″ scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_text_separator title=”As uvas brancas do Vinho Verde” color=”black”][vc_column_text]Ainda que em crescimento no resto da região dos Vinhos Verdes, a uva Alvarinho está sobretudo ligada à sub-região de Monção e Melgaço, onde nasceu. Pela sua especificidade, optámos por deixar os Alvarinho de Monção e Melgaço fora desta prova, e focámo-nos nos outros Vinhos Verdes, elaborados, na sua maioria, a partir destas cinco castas.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Arinto”][vc_column_text]A casta é originária de Bucelas, mas sempre esteve bem presente nos Vinhos Verdes, com o nome de Pedernã. É uma variedade usada para dar alegria ao lote, uma vez que mantém a elevada a acidez do mosto mesmo em clima (ou ano) mais quente.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Avesso”][vc_column_text]Casta do interior da região, está sobretudo presente nas zonas que fazem a transição entre os Verdes e Douro; encontramo-la assim em Baião, mas também em Amarante, por exemplo. Foi durante muito tempo subestimada, mas conhece agora uma maior atenção pelos produtores. É uma casta com perfil muito próprio, mais contida na sua exuberância, mas que origina vinhos muito equilibrados.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Azal”][vc_column_text]Presente sobretudo nas zonas de Amarante, Basto e Baião, é também uma variedade que, tal como a Avesso, prefere as terras de interior, longe da influência atlântica. Foi durante muito tempo (até ao final do século XX) uma casta que, em virtude da viticultura tradicional, originava vinhos difíceis, de acidez elevadíssima. Citrino na cor e aroma, o vinho resultante, hoje bem mais atractivo, é sobretudo usado em lotes e para apreciar enquanto jovem.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Loureiro “][vc_column_text]É a rainha do vale do Lima, também muito presente em terras galegas. Prefere zonas mais próximas do mar, húmidas e frescas. Muito completa em todos os itens, produz bem e tem boa capacidade de viver em garrafa. Origina muito bons vinhos varietais, mas é também importante em lotes, sobretudo com Arinto e Trajadura e, mais recentemente, com Alvarinho[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Extra-Color-1″ text=”Trajadura”][vc_column_text]Com aromas e sabores de fruta madura, tende a evidenciar baixa acidez. Boa para lote e muito usada em ligação com Alvarinho, originando então vinhos muito atractivos. Muito divulgada também na Galiza.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″ custom_height=”20″][divider line_type=”No Line” custom_height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][vc_custom_heading text=”Valorizar o Vinho Verde”][vc_column_text]Os números do Vinho Verde são bastante positivos, mas o desafio passa agora por aumentar o preço médio de venda. As exportações não têm parado de crescer e se, em 2000, apenas 15% do negócio resultava das vendas ao exterior, já em 2017 essa percentagem subiu para os 50%. Passou-se também dos 9 milhões de litros exportados em 2005 para 25,5 milhões em 2016. Esse crescimento é tanto mais significativo quanto foi feito sem sacrificar o preço: €2,30 por litro hoje em dia, contra €2 em 2004. No entanto, longe ainda do que a região pode e deve ambicionar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A esse respeito, Manuel Pinheiro afirmou à Grandes Escolhas que “o exemplo da sub-região de Monção e Melgaço tem de ser seguido nas outras, mas por enquanto não há massa crítica, faltam produtores em número suficiente a promover a imagem de cada sub-região; mas estou convencido que Baião (onde domina a casta Avesso) começa a reunir condições para ser a próxima sub-região a dar o salto, em termos de notoriedade”.
Muito do futuro passa por aí: sub-regiões personalizadas e afirmativas, criação de cada vez mais segmentos de valor acima do patamar “gás e doçura”, um número maior de vinhos ambiciosos que apaguem do Verde a associação ao vinho barato, que ainda permanece sobretudo no mercado externo e apesar de os preços reais continuarem a subir.
Vinhos de casta e valorização das sub-regiões parece ser o caminho a traçar por agora. Já foi o tempo (anos 80 e 90) em que o Vinho Verde chegava aos consumidores com a “marca de solar”, casas bonitas, de traça antiga, onde se produzia vinho em pequenas quantidades, mas muitas vezes sem estratégia e visão de mercado, assente em muito amadorismo. Hoje, a região conhece um movimento muito grande de investimentos, alguns bastante importantes e assentes em estruturas altamente profissionais. Um bom sinal, certamente.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27919″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Em Prova” title_align=”separator_align_left” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº14,  Junho 2018

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BAIRRADA: 25 tintos com alma

O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas […]

O que poderia parecer à partida uma desvantagem comercial para a Bairrada – ter produtores com diferentes filosofias e estilos, e várias castas tintas por utilizar – é, afinal, mais uma razão para seguir de perto a região. Dos vários perfis a partir da emblemática uva Baga aos blends com Touriga Nacional e castas francesas – difícil é escolher.

TEXTO Nuno de Oliveira Garcia
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A ideia tradicional que alguns dos consumidores ainda poderão ter da Bairrada – que se trata de uma região pouco dinâmica e com vinhos uni-direcionados – não poderia estar mais longe do momento em que a mesma atravessa do ponto de vista vitivinícola. É certo que existem outras regiões com um maior número de vinhos lançados por ano, e outras que assentam num protótipo regional mais característico ou identificativo. Mas dificilmente encontramos tanta diversidade, com qualidade e bom preço, como nesta região do centro-norte do país que se espraia entre Coimbra e Aveiro.
Até na excelência dos vários tipos de vinho que produz – espumantes, tintos (maioritários) e brancos (para não falar das aguardentes e dos abafados) – se comprova que, na Bairrada, como acima começamos o texto, o mais difícil é escolher… É certo também que a região ainda não se libertou totalmente do estereótipo de fazer tintos “pouco amigos” do consumidor, difíceis, ácidos, adstringentes. Mas também é verdade que, atualmente, não existe enófilo exigente que não reconheça as qualidades e o forte carácter dos fantásticos vinhos da região. E os números do crescimento entre os consumidores estão aí para o provar.Podemos, pois, afirmar que tem existido mudança e inovação na Bairrada, e não começou nos dias de hoje. Produtores como Luís Pato e Carlos Campolargo, entre outros, tudo fizeram para que a região, ainda antes dos anos 90 do século passado, mantivesse uma aura de qualidade e modernidade e cativasse consumidores. Do primeiro, surgiram os mais relevantes ensaios com o estágio da Baga em barricas de carvalho francês, e do segundo provieram vinhos apelativos e modernos com base, em muitos casos, em castas menos comuns, algumas estrangeiras.
A par destes produtores, outros como Mário Sérgio Nuno (Quinta das Bágeiras), Sidónio de Sousa e João Póvoa (Quinta de Baixo e, atualmente, Kompassus), iam produzindo alguns dos vinhos mais míticos da região do início dos anos 90 também. Mais recentemente, produtores de uma geração mais nova alcançam sucessos dificilmente imaginados há algum tempo junto da crítica especializada, como sucede com os vinhos Vadio, de Luís Patrão, ou os Outrora, de João Soares e Nuno do Ó, verdadeiros blockbusters internacionais, com destaque para Filipa Pato, que viu o Nossa Calcário Baga 2015 obter a melhor classificação de sempre para um vinho da região na “Wine Advocate”.
De resto, vários dos produtores emblemáticos da região também parecem não querer perder o foco recente que o público está a dar à Bairrada, curiosamente com lançamentos num estilo que procura recuperar tradições mais antigas, como sucede com os vinhos centrados na designação Garrafeira ou na categoria Clássico (neste caso, sendo indispensável que, nos tintos, a Baga entre em, pelo menos, 50% no lote e o vinho estagie 3 anos, um dos quais em garrafa), como acontece com as propostas mais recentes das Caves São João, Aliança, Caves São Domingos e Messias.
Ainda no passado mês de maio, a Adega de Cantanhede – um dos projetos com maior dinamismo e modernidade – divulgou que, desde o início do ano, os seus vinhos foram galardoados com 74 medalhas em concursos internacionais; isto depois do anúncio de que 2017 terminou com um novo recorde de vendas. E se ainda houvesse dúvidas do que se vem escrevendo sobre o crescimento da atenção para com a região, há cerca de meia dúzia de anos (no final de 2012), a Bairrada viu uma das suas mais conhecidas propriedades ser adquirida pela Niepoort Vinhos, o que, só por si, revela bem o potencial da região aos olhos de uma das mais empreendedoras empresas durienses.Toda esta vitalidade foi-nos ainda confirmada pela Comissão Vitivinícola da Bairrada, que nos avançou dois dados muito interessantes; a saber: em primeiro lugar, refere-nos José Pedro Soares, presidente da Comissão, que as vendas dos vinhos Bairrada têm crescido, nos últimos dois anos e de forma continuada, na restauração e hotelaria (vulgo canal Horeca); em segundo lugar, e talvez ainda mais relevante, revelou que a Bairrada foi a região no país cujos vinhos sentiram, nos últimos anos, um maior crescimento de valor no preço médio.
Fomos confrontar Miguel Pereira (Messias) com esses dados e este corroborou-nos que na restauração, sobretudo em Lisboa, o crescimento das vendas dos vinhos Bairrada nas gamas premium e ultra-premium é surpreendente. Para este responsável comercial, têm sido os vinhos da Bairrada a estrela dos últimos anos no que respeita ao portefólio da Messias, que inclui também vinhos do Douro e Dão. Quanto ao aumento da certificação dos vinhos, esse é igualmente notável, com um crescimento constante de 10% por ano. As mesmas boas notícias surgem do lado da exportação, que regista um aumento de 17%.
No mesmo sentido, releva destacar que, até ao início anos 90, a Bairrada (a par do Dão) era a grande região de vinho de mesa, sendo que os principais players se abasteciam de uvas e vinhos um pouco por todo o país. A este respeito importa não esquecer que a Bairrada nunca foi uma região de pouca produção, bem pelo contrário. Prova disso mesmo é que teve um dos mais pujantes sectores cooperativos do país, com 6 cooperativas a funcionar em simultâneo (atualmente apenas duas se encontram em funções, Cantanhede e Souselas).
Talvez por isso, o primeiro sintoma da modernização da região tenha sido, precisamente, o abandonar da produção de grandes lotes de vinho de origem dispersa, para o controlo de áreas de vinha dentro da própria região, algo que sucedeu com as empresas Aliança, Messias, Caves São João (um desses primeiros passos foi, sem dúvida, a aquisição da Quinta do Poço do Lobo pelas Caves São João, ainda nos anos 70 do século passado) e Caves São Domingos, que passaram a olhar para a vinha e não apenas para a comercialização.
E dúvidas não nos restam de que é esse o futuro da região, no sentido em que produzir um grande vinho na Bairrada pode ser mais dispendioso do que noutras regiões. Afinal, o clima da região, e as próprias características da casta-rainha Baga, obrigam a um redobrar de atenções na vinha e na adega. Algo que nos é confirmado por Francisco Antunes, enólogo da Aliança, que menciona as chuvas de setembro, no equinócio de Outono, como um dos maiores riscos no que respeita ao ano agrícola, sobretudo por na região reinarem castas tardias como a Baga, a Touriga Nacional e o Cabernet Sauvignon (ver caixa). No caso da Baga, salienta o enólogo, são mesmo precisos muitos tratamentos, e no seu devido tempo, uma vez que o cacho apertado dificulta a condição fitossanitária no mesmo. Por tudo isto, as últimas colheitas, desde 2011 (ano perfeito em todo o país), têm sido muito desafiantes para a Bairrada, apesar de se poder concluir que a qualidade geral dos tintos não se ressentiu, em especial em 2017, ano do qual se prevêem vinhos de grande qualidade.
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Por isso, o posicionamento da região não deve ser procurar competir no melhor preço ou na maior produção por hectare (nesses parâmetros outras regiões são mais eficientes). Luís Patrão, do projeto Vadio, confirma as dificuldades com a casta Baga, tardia e vigorosa, e realça que vinicultura da região é ainda pouco organizada, com uma média de área por produtor muito inferior a um hectare. Luís Patrão, que tem ao seu dispor apenas 4,5 hectares, lembra que foi sempre esse o paradigma da região, onde em cada casa havia uma adega e, assim sendo, nos dias que correm, é difícil produzir grandes vinhos em quantidade e a baixo preço. Para produzir mais, e ter melhores preços, diz-nos que é preciso ser muito profissional na vinha, em especial ter cuidado nos tratamentos, e podar convenientemente privilegiando arejamento do cacho da Baga.
Com tantos desafios, não admira que a quota de mercado na moderna distribuição – na qual o preço é o fator principal de compra – tenha vindo a diminuir para a região, algo compensado, como acima se referiu, pelo aumento significativo nas vendas noutros canais. Dúvidas não restam de que a Bairrada tem condições para produzir vinhos únicos, de perfis diferentes e tendencialmente mais frescos do que o resto do país. Essa unicidade é sobretudo valorizada junto da restauração e da distribuição mais clássica (como garrafeiras ou charcutarias finas). E, note-se, esse posicionamento não implica a venda de vinhos caros, nem a criação apenas de produtos para elites. Pelo contrário, e como resulta do presente painel, são vários os topos de gama bairradinos que não ultrapassam os 15€. Boas notícias, portanto!
Os produtores da região, beneficiando de uma legislação mais “aberta” do que o habitual nos DOC portugueses, utilizam uma grande variedade de castas, desde variedades antigas na região a outras vindas de outras zonas do país ou ainda as chamadas castas internacionais. Estas são algumas das mais utilizadas nos vinhos tintos bairradinos.
É a principal casta tinta da região, apesar de já ter sido mais maioritária. Terá sido introduzida na região em consequência do oídio, sendo esta casta resistente ao fungo. Tem uma maturação tardia, o que na Bairrada pode ser problemático em anos de chuvas no início de setembro, tanto mais que é sensível à podridão. Vigorosa, quando lhe é permitida produção abundante dá origem a vinhos pouco alcoólicos e com muita acidez. Com o vigor controlado e, sobretudo, em terrenos argilo-calcários com boa exposição solar, produz os melhores vinhos da região, ricos em taninos e suportando muito bem o envelhecimento.
À semelhança da Baga, é de maturação tardia e pode ser muito produtiva, apesar de pouco sensível à podridão. Permite a produção de vinhos com muita cor e taninos, com boa longevidade, as características varietais – notas apimentadas – bastante pronunciadas, adapta-se bem a lotes com castas mais suaves, como a Jaen ou o Castelão.Omnipresente no país, terá viajado do Dão para a Bairrada, entrando em muitos lotes onde a Baga também está presente. Permite mostos com teores de álcool provável e acidez médios, ricos em substâncias fenólicas e carregados de cor (com tonalidades violáceas), e muito aromáticos, com frutado intenso a frutos pretos maduros e silvestres. É essa expressão aromática, bem como permitir vinhos encorpados e o facto de ser uma casta consistente em termos da qualidade dos vinhos que origina, que a tornam um trunfo na região.Casta bordalesa de elevado rendimento e de maturação precoce, o que é uma vantagem para a Bairrada. Tem semelhanças com o Cabernet Sauvignon, mas com taninos mais suaves, permitindo elaborar vinhos encorpados, ricos em álcool e em cor, relativamente pouco ácidos, pelo que é por vezes utilizada na região para atenuar mostos mais ácidos e com taninos mais vivos provenientes de Baga.
Outra estrela um pouco por todo o país, é uma casta produtiva, mas muito apta a produzir vinhos de grande qualidade. De maturação tardia, permite mostos muito corados, de um vermelho intenso com nuances violetas durante a juventude, e sempre com grande potencial aromático. Tem-se adaptado bem à Bairrada, sobretudo nos anos mais quentes, originando vinhos pujantes e especiados.

Edição Nº14,  Junho 2018

A marca do Cabernet Sauvignon

Edição nº12, Abril 2018 Omnipresente, nobre e famosa, a casta Cabernet Sauvignon tem personalidade vincada e deixa a sua marca em tudo por onde passa. Facilmente reconhecível, na maior parte das vezes faz uma aposta segura em provas cegas. Produz vinhos varietais em todos os cantos do mundo e, mesmo quando entra em lotes, não […]

Edição nº12, Abril 2018

Omnipresente, nobre e famosa, a casta Cabernet Sauvignon tem personalidade vincada e deixa a sua marca em tudo por onde passa. Facilmente reconhecível, na maior parte das vezes faz uma aposta segura em provas cegas. Produz vinhos varietais em todos os cantos do mundo e, mesmo quando entra em lotes, não passa despercebida.

TEXTO: Valéria Zeferino
FOTOS: Ricardo Palma Veiga

Não obstante a fama que tem, a Cabernet Sauvignon é uma casta relativamente recente. Apareceu no departamento da Gironda, em Bordéus, apenas nos finais do século XVIII, originada pelo cruzamento espontâneo entre Cabernet Franc e Sauvignon Blanc, facto descoberto em 1997 pela Universidade de Davis, na Califórnia. Isto explica porque a Cabernet Sauvignon tem aromas semelhantes a ambas as suas progenitoras.
Tem cachos e bagos pequenos, com uma pele muito grossa e muitas grainhas. Isto traduz-se num perfil de vinho com uma estrutura robusta, tanino poderoso e cor intensa, características aliadas a uma acidez pronunciada. Para além disto revela uma grande capacidade de expressar o terroir e envelhecer positivamente em garrafa ao longo de muitos anos.
Mas a força não é tudo. O seu esqueleto maciço também precisa de carne, de um traje elegante e de um perfume sedutor, o que muitas vezes se resolve por loteamento com outras castas como Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot, Syrah etc.
A fama e a disseminação têm o outro lado de moeda. A expressão varietal muito pronunciada pode tornar-se cansativa e provocar uma certa fadiga sensorial no consumidor. Não é por acaso que nos Estados Unidos, onde a casta é extremamente popular, surgiu o conceito ABC – acrónimo de Anything But Cabernet (or Chardonnay), o que quer dizer “Eu bebo qualquer coisa menos Cabernet” ou Chardonnay, respectivamente. Por outras palavras, exprime a ideia de que existe uma grande variedade de castas e não vale a pena consumir sempre a mesma.

O cartão de visita aromático

O aroma mais conhecido de Cabernet Sauvignon é o de pimento verde, pelo qual é responsável um composto chamado pirazina, que se encontra presente nas uvas do Cabernet Sauvignon (e não só). O palato humano detecta pirazina num vinho com apenas 2 nanogramas por litro. Na altura do pintor a casta contém cerca de 30 ng/l de pirazina, que é lentamente destruída pelo sol. Por isto, nos países com clima mais frio é difícil evitar a presença deste aroma herbáceo no vinho, enquanto num clima mais quente e soalheiro, onde o Cabernet Sauvignon consegue atingir um perfeito ponto de maturação, a pirazina pode ser quase imperceptível. O aroma de pimento verde não é considerado um defeito, mas pode-se tornar desagradável, se for em excesso.
Outros aromas do Cabernet no registo de fruta são mirtilos e cereja preta que, com a sobrematuração, transformam-se em doces e compotas, aquilo que os ingleses chamam “jammy”.
Aromas mentolados são muitas vezes associados a regiões que são suficientemente quentes para manter o nível de pirazina relativamente baixo, mas não demasiado quentes. Um bom exemplo será Coonawarra, na Austrália, ou algumas áreas de Washington, nos EUA.
Com tempo, vinhos feitos de Cabernet Sauvignon desenvolvem aromas de cedro, tabaco, terra e, por vezes, couro.

À volta do mundo

Das castas destinadas à produção de vinho, Cabernet Sauvignon é a mais plantada a nível mundial, ocupando uma área de 341.000ha (é superior a toda a área de vinha em Portugal), o que representa 4% da área de vinha no mundo, de acordo com os dados da OIV de 2015.
Até há relativamente pouco tempo a França era o país com o maior número de hectares de Cabernet Sauvignon, mas em 2015 a China ultrapassou o país de origem da casta, e não foi por pouco. Hoje, Cabernet encontra-se em 60.000 hectares da vinha chinesa e em França em 48.000ha. E, ao contrário da ideia comum, Cabernet Sauvignon não é a casta mais plantada em França – fica muito atrás da Merlot e ocupa apenas 6% da área de vinha. Mas na China sim, é de longe a casta mais plantada, excluindo uvas de mesa.
No Chile tornou-se a casta mais importante, ocupando uma área de 43.000ha. Nos Estados Unidos, com 41.000ha, ultrapassa a Merlot em quase o dobro, perdendo um pouco para a Chardonnay.
Fora de Bordéus há algumas zonas no mundo onde a Cabernet Sauvignon é muito bem sucedida. Nos Estados Unidos, Napa e Sonoma. Na Austrália, Coonawarra (no Sul do continente) e Margaret River (na Australia Ocidental), esta conhecida pela versão particularmente refinada e elegante da casta.

Cabernet Sauvignon em Portugal

Em Portugal a casta mais famosa do mundo, embora esteja presente quase em todas as regiões, tem uma posição muito mais humilde. Não encontrou grande protagonismo em termos varietais, limitando-se na maior parte das situações à participação em lotes. Em algumas regiões é permitida para produção de vinhos com designação DO, como é o caso do Alentejo, Do Tejo ou Bairrada, por exemplo.
Encontra-se entre as 35 castas mais plantadas, na 22º posição do ranking, ocupando uma área de 2.649ha, o que corresponde aproximadamente a 1% do total das plantações. Nos últimos 10 anos, mesmo com algumas oscilações, a dinâmica tem sido positiva, especialmente nas regiões do Alentejo, Lisboa e Tejo.
A enóloga Sandra Tavares da Silva trabalha com esta casta há bastante tempo na Quinta da Chocapalha. Foram plantados 2 hectares em 1988 pelo seu pai. Considera a Cabernet Sauvignon “uma casta extraordinária mas muito sensível ao local onde é plantada”.
Acharam “que o Cabernet Sauvignon num lote tem sempre um carácter muito forte, em que mesmo em percentagem muito pequena é facilmente identificável e com características muito diferentes das castas portuguesas” e assim decidiram fazer um monovarietal que “pudesse mostrar bem o potencial e perfil desta casta no nosso terroir”. A primeira edição de um monovarietal saiu em 2000. Os anos de experiência mostraram que “na região de Lisboa o Cabernet Sauvignon adquire um perfil clássico, com excelente equilíbrio, frescura e boa maturação fenólica”.
Hamilton Reis, responsável de enologia de Cortes de Cima, considera que Cabernet Sauvignon é “uma das castas nobres do mundo, que gera amores e ódios e tem crescido muito em popularidade junto do consumidor português”. E continua: “Requer enorme atenção em todo o processo e pode no Alentejo fazer vinhos de topo, sendo que ajuda em lotes entregando profundidade e complexidade.”
Em Cortes de Cima, a casta Cabernet Sauvignon foi plantada há alguns anos em diferentes parcelas. Ao fim de vários anos de ensaios e com base na experiência acumulada, avançaram com um monocasta de Cabernet Sauvignon porque estavam certos de que atingiram “o difícil equilíbrio entre a correcta expressão da casta do ponto de vista aromático e a maturação dos taninos”. Procuravam o mesmo que em todos os seus monocastas: “A tipicidade da casta, aquilo que sendo dela a evidencia ao mesmo tempo que a diferencia de outras castas.”
No caso de Cabernet Sauvignon privilegiam “as suas notas de pimento e fruta vermelha, fugindo no entanto à componente quer vegetal, quer sobremadura que muito facilmente desvirtuam a qualidade e o equilíbrio do vinho”. Hamilton diz que a Cabernet Sauvignon passa muito rapidamente “de carácter vincadamente verde a sobremadura”, onde na primeira situação “os taninos mostram dureza e amargor” e na segunda “ficam flácidos e com doçura”, destruindo o equilíbrio. A textura de boca é também essencial; é um ponto tão difícil quanto vital.

Vigorosa na vinha

Cabernet Sauvignon é uma casta vigorosa e forte, aguenta temperaturas bastante baixas, mas precisa de sol e de calor para amadurecer bem. É uma casta de maturação lenta e tardia. Sandra Tavares da Silva nota que na Quinta da Chocapalha, na região de Lisboa, “é sempre a última casta a ser colhida, muitas vezes em meados de Outubro”.
Mas a Cabernet Sauvignon não é de confiança: nos anos mais frescos e húmidos, sobretudo se plantada em solos pesados que não drenam bem, tem dificuldades em atingir uma boa maturação, mantendo uma dose de pirazina bem notável. Por isto em Bordeaux é acompanhada de Merlot e outras castas que amadurecem mais cedo e dão mais segurança, independentemente das condições de cada ano.
O enólogo Bernardo Cabral trabalhou com Cabernet Sauvignon em várias casas e terroirs, desde a Casa Santa Vitória e Bombeira do Guadiana, no Baixo Alentejo, até à Companhia das Lezírias, no Tejo.
Da sua experiência conclui que é “uma casta que precisa de calor para amadurecer os taninos na película, mas que com excesso pode desidratar e perder a elegância aromática”. Dá importância à “conjugação dos solos quentes arenosos com um clima quente durante o dia, mas com noites frescas e húmidas”. Nas zonas mais quentes do Alentejo é “especialmente importante uma grande parede vegetativa para manter os cachos protegidos do sol” e também é “frequente a rega prolongar-se até à data da vindima”, pois “em anos muito quentes e secos, a Cabernet Sauvignon tende a desidratar, exigindo uma desafiante e trabalhosa selecção de uva”.
Sandra Tavares da Silva refere a importância da idade das vinhas, que na Quinta da Chocapalha “já têm 30 anos e fazem toda a diferença em termos de produção equilibrada e bom sistema radicular”. Hamilton Reis também acha que é uma das castas que “necessita de idade para atingir equilíbrio em vinha, para que proporcione maturações consistentes e homogéneas”.
O facto de ser uma casta tardia ajudou a Cabernet Sauvignon na sua adaptação ao Alentejo. Mas Hamilton Reis refere que “a gestão da rega é critica, um stress hídrico por excesso induz maturações extemporâneas e desequilibradas”. Ao mesmo tempo, “com excesso de água, as produções podem ser demasiado elevadas, levando a deficientes maturações e resultando em vinhos verdes e duros”. A condução deve privilegiar a exposição solar e no caso de anos mais frios ou de chuva deve ser considerada a desfolha na zona de crescimento da uva.
A data de colheita de Cabernet Sauvignon “assume na região do Alentejo uma importância extrema, define o estilo e a qualidade, em função do que foi o ciclo de maturação do ano” – acrescenta Hamilton Reis.

Cor, tanino e acidez

Rica em compostos fenólicos, a Cabernet Sauvignon fornece ao vinho os componentes estruturais como o tanino e acidez e confere cor concentrada graças ao alto nível de antocianas. De um modo geral a remontagem, quando o sumo retirado da cuba é bombeado para cima da manta, é preferível à pigeage (quando a manta se empurra para baixo com ajuda de um “macaco”), que dá ao Cabernet Sauvignon um carácter mais rústico; ou a délestage (quando uma parte do mosto é retirada para uma outra cuba e depois bombeada para cima da manta), que é uma técnica bastante extractiva.
Para Bernardo Cabral “a vinificação depende muito da qualidade dos taninos na altura da vindima”. No caso de serem muito bons, gosta de fazer macerações muito longas, que chegam a um mês, “e nesses casos obtêm-se vinhos fantásticos”. Por outro lado, “se os taninos forem mais verdes, é preferível fazer macerações pré-fermentativas a frio e retirar o vinho das massas o mais cedo possivel”.
Hamilton Reis afirma que, garantindo boas maturações de uva, procuram extrações completas. “Esta casta tem intensidade, profundidade e complexidade, se associarmos taninos maduros e frescura aromática, a nobreza da casta permite trabalhos de extração para a obtenção de tintos ricos, densos, completos e reactivos de boca.” No caso de anos difíceis, por excesso ou falta de maturação, “os contactos peliculares devem de ser repensados, encurtando tempos e gerindo prensas ao pormenor”. Já Sandra Tavares da Silva prefere trabalhar “sem grande extracção e boas macerações pós-fermentativas”.
No que todos concordam, é que a Cabernet Sauvignon é uma casta cheia de personalidade, à qual ninguém fica indiferente. A nossa prova evidenciou isso mesmo: independentemente dos estilos, uns mais clássicos, outros mais frutados, presente a 50% no lote ou ocupando os 100%, a Cabernet Sauvignon deixa sempre a sua marca…

Sabia que…

• Cabernet Sauvignon pode estar “escondido” atrás de algumas designações, como por exemplo:
– Bordeaux Blend é um lote tipicamente bordalês que para além do Cabernet Sauvignon normalmente inclui Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e às vezes Malbec e Carmenère.
– Meritage: vinhos dos EUA inspirados em Bordeaux. O termo apareceu em 1981 para distinguir os blends das castas bordalesas dos monovarietais rotulados simplesmente como “Cabernet Sauvignon”, “Merlot” etc. Apenas os produtores que fazem parte da Meritage Association podem colocar a designação “Meritage” nos seus rótulos. A maior parte deles encontra-se na Califórnia.
– Super Toscana: termo que abrange vinhos de alta qualidade produzidos com Cabernet Suvignon na região de Toscana, Itália. Quando este movimento nasceu nos meados do século passado, a regulamentação de DO não permitia utilização de castas estrangeiras, sendo os vinhos inicialmente rotulados como vinhos de mesa.
• Merlot e Carmenère são irmãos de Cabernet Sauvignon, partilhando o mesmo parente Cabernet Franc.
• Nos Estados Unidos gostam tanto de Cabernet Sauvignon que até definiram um dia em sua homenagem – na terça-feira uma semana antes do Dia do Trabalhador.