Patriarca e um dos grandes arquitectos da Sogrape, Fernando Guedes faleceu hoje. Tinha 87 anos de idade.
Fernando Guedes era o mais velho dos sete filhos e nasceu a 29 de Dezembro de 1930, na Quinta da Aveleda, uma propriedade da família. Estudou no Colégio Brotero, na Foz do Douro, e no Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, antes de uma breve passagem pela Faculdade de Economia de Lisboa.
Em 1952 pediu ao Pai para ingressar na Sogrape, onde começou a trabalhar como “aprendiz de tanoeiro”. Três anos depois está em França para frequentar a Faculdade de Ciências da Universidade de Dijon, onde é um dos três primeiros portugueses a diplomar-se em Enologia.
Regressado a Lisboa casa-se, em 1956, com Ana Mafalda Maria Antónia de Mello Falcão Trigoso da Cunha Mendonça e Menezes, de quem viria a ter três filhos: Salvador, Manuel Pedro e Fernando, actualmente a ocupar direcção do grupo Sogrape.
Em 1957 assume a Direcção Técnica de Produção da Sogrape, desenvolvendo um profundo trabalho de construção e modernização das infra-estruturas da empresa em todo o país, e em 1969 ascende à administração da empresa, a que passou a presidir em 1987, após o falecimento de seu pai. Fernando Guedes veio a revelar-se um agente decisivo na criação do grupo empresarial de sucesso em que a Sogrape se transformou.
Na viragem do século, então com 70 anos, entendeu ser o momento de se reformar e passar o testemunho aos mais novos. Com o sucesso que se conhece.
Nas palavras de João Paulo Martins, da equipa editorial da revista Grandes Escolhas, “Fernando Guedes estava retirado da gestão quotidiana da Sogrape (a maior empresa portuguesa de vinhos) mas a sua presença era diária, sempre com o seu sentido crítico, sempre com a boa disposição com que o conhecemos, há quase 30 anos. Foi com ele que a Sogrape deu os primeiros passos no Dão, inicialmente com a Vinícola do Vale do Dão e posteriormente, já nos finais da década de 80 com a construção da adega dos Carvalhais. Foi também ele que esteve a acompanhar a internacionalização da empresa, quer para a América do Sul, quer para a Nova Zelândia.
Fernando Guedes era um senhor, no que isso implica de boa disposição, de educação, de atenção aos pequenos pormenores, de disponibilidade para receber convidados, fossem jornalistas ou fossem homens de negócios. Sempre pronto para visitar as várias adegas da empresa, em todo o lado punha o seu cunho, quer na decoração, quer na exigência de perfeição de procedimentos que exigia a todos os seus funcionários e que todos acabaram por incorporar. Seria quase um “método Sogrape”, um manual de bem-estar, de bem-fazer e bem-receber. O país perde uma das suas grandes figuras do vinho, mas o seu legado é enorme. Na forma de estar, e no vinho Legado que criou há poucos anos e que ficará como memória de um grande Senhor do Vinho, prémio concedido por esta equipa editorial, corria o ano de 2001”.
Toda a equipa da Grandes Escolhas apresenta as condolências à família Guedes e à enorme equipa da Sogrape, empresa que tão bem Fernando Guedes soube gerir.