WineStone com os olhos no topo: Alentejo, Douro, Verdes, Lisboa…

Legenda da foto: Vasco Rosa Santos, CEO, David Baverstock, director de Enologia, Mafalda Bahia Machado, enóloga responsável pelo Côtto, Teixeiró e Retiro Novo, Ana Filipa Pereira, enóloga residente Ravasqueira, Vasco Costa, enólogo residente Pancas e Francisco Garcia, enólogo, a equipa da enologia do Winestone Group.

Ligada ao grupo José de Mello, o Winestone Group integra, no seu portfolio, as marcas Ravasqueira (Alentejo), Quinta de Pancas (Lisboa), Paço de Teixeiró (Verdes), Quinta do Côtto (Douro) e Krohn (Vinho do Porto). Foi num ambiente de celebração que fomos recebidos na Quinta do Retiro Novo, onde pontificam os lendários tonéis dos vinhos do Porto Krohn e que “em breve fruto da modernização das instalações em curso produzirá também vinhos Douro”. Para o CEO da empresa, Pedro Pereira Gonçalves, “celebrar o primeiro ano da Winestone e podermos partilhar e dar a provar os novos vinhos, é um motivo de enorme satisfação. Queremos estar nas regiões mais importantes de Portugal, criando bases sólidas para o futuro, ambicionando figurar, a curto/médio prazo, no top três do setor dos vinhos, sendo um agente ativo também na promoção além-fronteiras. É o nosso primeiro evento neste local e de comemoração.”
Uma das grandes diretrizes do grupo é a de manter e honrar o legado, inovar e potenciar, sempre com o respeito pelas gerações, preservando o sentido de lugar de cada casa e a identidade de cada quinta, transportando assim a sua autenticidade. Para isso, conta com uma jovem equipa de enologia, local, coordenada a nível nacional pelo experiente David Baverstock.
Com os olhos postos em 2025, a empresa apostará na continuidade da “reorganização de portefólio, reestruturação do património vitivinícola e capacitação de recursos humanos”, e prepara um “investimento relevante” na Quinta do Retiro Novo (Douro) e na Quinta de Pancas (Lisboa).

O kick-off na Ravasqueira

Foi na Ravasqueira onde tudo começou, ou não tivesse sido esta a primeira propriedade adquirida pelo grupo José de Mello. Só este ano o investimento foi de seis milhões “na capacitação das infraestruturas produtivas, espaço e equipamento”, entre outros “em linhas de engarrafamento” no centro de vinificação, uma fatia de um investimento global de 30 milhões de euros em aquisições e recapacitação de ativos, salienta Pedro Pereira Gonçalves. Os vinhos estão cada vez mais afinados e num patamar de qualidade superior, em resultado do trabalho de precisão da enóloga residente, Ana Pereira. Destaque, na prova efetuada, para o sofisticado Ravasqueira Espumante de 2015, produzido exclusivamente da casta Alfrocheiro, o Ravasqueira Alvarinho, fresco e citrino, com complexidade pouco comum fora de Monção e Melgaço ou o tinto 100% Touriga Franca, com uma fruta muito pura e gulosa. Entre outros vinhos naturalmente, como por exemplo os “clássicos” Vinha das Romãs. Qualidade inegável.

Winestone

Foi na Ravasqueira onde tudo começou, ou não tivesse sido esta a primeira propriedade adquirida pelo grupo José de Mello

 

Paço de Teixeiró e Quinta do Côtto

Pertencentes anteriormente ao grupo Champalimaud e hoje no seio da Winestone, ambos são projetos com muita tradição e identidade. Sob a batuta da enóloga Mafalda Machado, ganham novo fôlego, a recuperação de referências clássicas e a criação de novas.
A Quinta do Côtto, situada entre Mesão Frio e Peso da Régua, possui uma localização privilegiada com vinhas ancestrais, muitas delas com mais de 100 anos, plantadas entre os 120 e os 430m de altitude. Um terroir onde se produzem há mais de 50 anos alguns dos vinhos mais icónicos da região, repletos de elegância e frescura, o que se veio a comprovar na prova efetuada, onde, nos tintos, se mantém a aposta nos monovarietais Bastardo e Sousão – vinhos realmente especiais e nos lendários Grande Escolha e Vinha do Dote – tintos arrebatadores. Mas é nos brancos que reside a maior novidade, com o regresso dos Côtto Branco e Côtto Reserva branco para completar o portfolio.
O Paço de Teixeiró é a casa da casta Avesso. Situado em Baião, este terroir único está localizado em solos xistosos, ao contrário da maioria dos produtores de Vinho Verde. É o local perfeito para produzir vinhos brancos minerais e de acidez crocante, principalmente a partir das castas Avesso, Loureiro e Alvarinho. A criação da nova gama Teixeiró (blend, Avesso e Alvarinho), com uvas adquiridas a produtores locais, dá origem a “vinhos leves, frescos e acessíveis”, enquanto a gama Paço de Teixeiró acrescenta, ao já seu carismático Avesso, um outro vinho feito exclusivamente da casta Loureiro “permitindo, assim, exprimir as castas por si só, num terroir de eleição”, salienta Mafalda. Mas a grande novidade é a criação, pela primeira vez, de um vinho branco de parcela, o Paço de Teixeiró Vinha de Sousais, um branco delicioso e que dará seguramente que falar, mostrando, na plenitude, a parcela especial que lhe deu origem

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Quinta de Pancas, legado de Lisboa

Fundada em 1945, a Quinta de Pancas fica uma propriedade histórica que remonta ao século XV. Com uma área total de 75 hectares, tem mais de 60 hectares de vinhas situadas em Alenquer, a 35 quilómetros a leste do Oceano Atlântico. As vinhas estão plantadas numa paisagem protegida pela Serra de Montejunto. Com Vasco Costa à frente da enologia, o objetivo passa por resgatar o legado de “um terroir único, que produz alguns dos melhores Cabernet Sauvignon e Chardonnay de Portugal”. Para já assistimos a uma imagem mais clean e renovada da marca, onde pontificam branco, tinto e rosé, todos reserva, com enorme frescura e equilíbrio, e os monovarietais Chardonnay e Cabernet Sauvignon, num recomeço auspicioso. Ainda em projeto está a construção de uma nova adega, que nascerá de uma intervenção nos edifícios contíguos aos utilizados atualmente. “Queremos dar, à Quinta de Pancas, uma adega como ela nunca teve e transformá-la numa marca de referência da região de Lisboa.”, salienta Pedro Pereira Gonçalves.

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A magia dos Vintage da Krohn

Para fim de festa estava destinado o ponto alto do dia, com a prova dos Vintage Krohn numa viagem de mais de 60 anos, entre 1960 e 2022. Se a Krohn é sobejamente conhecida pela qualidade dos seu Porto Colheita, ficou claro que, nos Vintage, a magia também está presente. Vintages deliciosos, em que o equilíbrio doçura/acidez foi notório em toda a prova. Assim, tivemos oportunidade de apreciar o 2022, ainda em amostra de cuba, naturalmente nesta fase bastante exuberante nas notas de fruta vermelha e preta, mas com frescura e elegância, a prometer muito. O Krohn Vintage 2017, de um ano clássico, tem fruta de muita qualidade, notas de esteva e perfumes florais, taninos lineares, saboroso expressivo, com a profundidade e intensidade desta vindima (18,5 pontos). Já o Vintage de 2003 revela cor negra bem carregada, aromas concentrados de fruta madura e algum fruto seco, num registo encorpado e carnudo (17,5). Em grande forma o 1970, muito complexo, fruto seco, café, notas de farmácia e vinagrinho a engrandecer um conjunto de final extremamente longo (19). A prova terminou em beleza com o Krohn Vintage 1960. Seis décadas em garrafa num Vintage delicado e etéreo, que exibe discretas notas de especiarias sobre um fundo de aroma de caramelo e noz, e algum vinagrinho. Mais morno que o 1970, mas igualmente esplendoroso (19).
No conjunto, a Winestone pode hoje orgulhar-se de deter cinco marcas de prestígio que correspondem a outras tantas denominações de origem espalhadas pelo país vinícola. E, tendo em conta o objetivo anunciado de chegar ao top três nacional em volume e faturação, certamente não vai ficar por aqui…

Nota: O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Artigo publicado na edição de Dezembro de 2024

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