TEXTO Luís Lopes
Até agora, que saibamos, em Portugal nenhuma entidade sugeriu o financiamento da vindima em verde como possível medida de apoio ao sector do vinho no âmbito da covid-19, mas em Espanha o governo já a incluiu no pacote de medidas para esta área.
Tal como acontece em Portugal, aqui ao lado também a destilação de crise recolhe a maior fatia dos apoios directos, que se estendem também ao subsídio ao armazenamento. Mas novidade são os 15 milhões de euros destinados exclusivamente à vindima em verde, ou seja, o corte para o chão dos cachos ainda não maduros, reduzindo a produção e, ao mesmo tempo, aumentando a qualidade.
Os apoios para a vindima em verde definidos pelo Ministério da Agricultura de Espanha e pelas regiões autónomas, assentam em duas vertentes: pagamento de 60% dos custos directos (mão de obra mecânica ou manual) da operação de redução de produção; e uma compensação pela quantidade perdida, calculada com base em 60% do valor médio da uva nas três últimas colheitas. Esta medida aplica-se apenas a vinhas com denominação de origem e o valor a pagar por hectare varia, naturalmente, de região para região, pois tem em conta o preço da uva.
Várias autonomias anunciaram já os valores envolvidos para os apoios à poda em verde. Por exemplo, na região autónoma de Castilla y Leon (que abrange 13 Denominações de Origem), os apoios para a operação de poda/eliminação de cachos são de €1.200/ha para a eliminação manual, €1000/ha para a mecânica e €300/ha para a química; e a compensação pela produção perdida pode ir de até €600/ha em Arribes, €1300/ha em Cigales e em Toro, €2000/ha em León, €2.800/ha em Bierzo, €3500/ha em Rueda e, o valor mais elevado, €4.700/ha em Ribera del Duero.
Em Espanha teme-se uma colheita bastante generosa em quantidade, que trará sérias implicações ao nível da armazenagem, comercialização e preços de venda. Também França e Itália esperam colheitas volumosas o que, em conjunto, significa uma enormidade de produtores a procurarem vender a qualquer preço nos mercados internacionais. Portugal será inevitavelmente atingido, de forma directa e indirecta, por esta “tempestade perfeita”.