A última quinzena de Abril foi dramática para muitos vitivinicultores europeus, que se viram a braços com a maior vaga de geada desde 1991. E isto num ano também marcado por episódios severos de queda de granizo. França, Itália e Reino Unido foram os países mais afectados, mas os episódios de devastação causada pelo frio ocorreram um pouco por todo o lado, incluindo Portugal, onde a geada surgiu em sítios sem qualquer historial deste fenómeno meteorológico.
Os prejuízos na zona de Bordéus, onde se antecipa uma quebra de produção de cerca de 50 por cento, podem atingir os dois mil milhões de euros, no cenário mais pessimista. Como é habitual neste tipo de ocorrências, os estragos variam muito, mesmo em áreas geográficas pequenas – há produtores que poderão ter perdido praticamente toda a colheita, enquanto outros estimam as perdas em 15 a 30 por cento. Para combater o gelo, houve quem usasse helicópteros, acendesse fogueiras ou ligasse aquecedores, mas em muitos casos o esforço revelou-se inglório.
Quase todas as regiões francesas foram afectadas entre 20 e 27 de Abril: Champagne reporta 25 por cento das vinhas afectadas, Borgonha fala em mais de dez por cento. E um pouco por toda a Europa os relatos coincidiram na listagem de prejuízos. Alguns produtores britânicos assumem quebras de 90 por cento, muitas vinhas de Riesling na Alemanha enfrentaram o gelo, no Norte de Itália os produtores de Prosecco viveram o mesmo pesadelo alguns dias antes (entre 17 e 19 de Abril).
Com quebras na produção, há já quem antecipe uma subida de preços. Mas os analistas mais prudentes reservam um balanço final para o final de Junho, mês em que se pode ainda verificar alguma recuperação das plantas.