A cantina luminosa de Avillez

A cidade de Lisboa está quase a ganhar uma praça nova. O Campo das Cebolas foi requalificado e o chef português mais consagrado pôs lá uma lança. Bem-vindos à Cantina Zé Avillez.

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTOS Cortesia José Avillez

Já não há dedos das mãos para contar os restaurantes com a assinatura de José Avillez. O mais recente fica no renovado Campo das Cebolas e é uma boa opção numa zona povoada de fraudes turísticas.
A ideia é servir “cozinha familiar e simples, num ambiente muito informal”, segundo a comunicação do restaurante. Numa visita recente, a clientela oscilava entre turistas informados disponíveis para um almoço primaveril por 25 euros e executivos e governantes dos ministérios vizinhos do Terreiro do Paço, mesmo ali ao lado. Ou seja, informal sim, mas não se via ninguém de meia e chinelo.
Até porque, lá dentro, estamos de facto em espaço sem atoalhados (recorre-se ao individual de papel), mas temos design, como acontece sempre nos restaurantes do grupo, pelo atelier Anahoryalmeida, de Ana Anahory e Felipa Almeida. O ambiente é luminoso, com grandes janelões, e pesca elementos populares, como o azulejo, e outros popular-chique, como a louça de Bordallo Pinheiro. Cá fora há uma esplanada em zona pedonal, também ela recente.Mas vamos para a mesa. A carta é uma mistura de pratos tradicionais e outros usando produtos portugueses, mas importando aromas e técnicas de fora. Uma refeição pode começar com uns pastéis de bacalhau clássicos, com uma mostarda clássica; passar para um tataki de carapau picante com pera abacate (o peixe cru cortado em cubos), seguir por uns ovos verdes de influência asiática, passar pelo escabeche de pato com batata palha e acabar um tradicional bitoque ou numas iscas.
Para sobremesa, Avillez foi buscar uma das suas criações doces mais conhecidas, a avelã ao cubo, originária do Cantinho do Avillez, um copo com várias texturas, com uma mousse fofa e leve e pedrinhas de flor de sal à superfície.
Uma das grandes apostas acontece, contudo, só ao fim-de-semana. O cozido à portuguesa tem um preço de 25 euros e inclui um festim carnívoro, tratado com delicadeza. Inclui carnes fumadas (barriga de porco, pernil, orelha e faceira) e carnes salgadas com 24 ou 48 horas de antecedência (aba de novilha, entrecosto e mãozinhas de vitela).
Nos enchidos, há farinheira de Mação, morcela de sangue, morcela de porco preto e chouriço. Tudo devidamente cortado com os típicos legumes (couve-lombarda, couve-penca, nabo, cenoura, batata), feijão branco e arroz, num caldo perfumado de hortelã.
O cozido custa 25 euros e só é servido de Outubro a Maio, antes de o calor começar a apertar. Despache-se.

Cantina Zé Avillez
R. Arameiros 15 (Campo das Cebolas), Lisboa
215 807 625
Seg-Dom. 12h00-00h00

Edição Nº13, Maio 2018

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