A taberna pôs-se fina

O taberneiro André Magalhães, o homem por trás da Taberna da Rua das Flores, abriu um restaurante sofisticado, mas com o mesmo espírito aventureiro de sempre. Na cozinha estará Guilherme Spalk, um dos mais promissores chefs da nova geração.

 

TEXTO Ricardo Dias Felner FOTOS Ricardo Palma Veiga

NO dia da entrevista, André Magalhães tinha passado por um calafrio. À chegada de São Tomé e Príncipe, no aeroporto, desviaram-no para a Alfândega, onde a sua mala foi inspeccionada. Lá dentro, estavam substâncias misteriosas de que os inspectores não gostaram: fruta-pão, coentros da terra, safu, sancha culantro — tudo produtos estrangeiros habitualmente confiscados na fronteira. “Mostrei-lhes a jaleca de chef e eles deixaram passar”, conta André, horas depois do episódio, à mesa da sala da Taberna Fina.

Na cozinha, alguns desses produtos estão a ser preparados agora, para o jantar. “Gosto de integrar a influência das minhas viagens no meu trabalho”, diz Magalhães, que antes de abrir o seu novo restaurante já punha em prática esta filosofia. A sua A Taberna da Rua das Flores, uma das mesas mais lotadas de Lisboa, mesmo ali ao lado, sempre foi uma espécie de baú culinário cheio de surpresas.

A diferença com a irmã Fina começa pelo espaço. Situado no Le Consulat, um edifício com apartamentos de luxo, galeria de arte e bar, em pleno Praça Luís de Camões, a nova taberna de André Magalhães é mais sofisticada. De resto, aqui, os clientes também não podem escolher à carta, ficando nas mãos do chef para um menu com vários momentos.

E por falar em chef, eis que chega Guilherme Spalk. Na mão, traz o primeiro prato para ser fotografado, uma raia com funcho e miso. Spalk não se limita a ser um operacional. Apesar de jovem, já tem experiência de alta cozinha, tendo causado sensação a solo, no ano passado, no pop up do restaurante secreto da Pensão Amor. A sua técnica é sólida e, para além da importância dada ao empratamento, nota-se uma preocupação em cada prato com o sabor. “Ele é que é o chef”, diz Magalhães, retribuindo um elogio de Spalk: “Com o André estou sempre a aprender. Ainda hoje chegou com 50 produtos e eu não conhecia nenhum.”

A ideia é que o menu de degustação integre este lado de improviso numa equipa pequena (sete pessoas na cozinha, três na sala) com uma lotação limitada (24 comensais).

A degustação conta com três snacks, um amuse bouche, pão da Gleba e manteigas, um prato de carne, outro de peixe, uma pré-sobremesa, sobremesa e petit fours.

André Magalhães gosta da ideia de oferecer um banquete oriental, no que isso tem de harmonia entre sabores e ingredientes, aliado à sofisticação ocidental. E quer que a experiência seja saudável e digerível. “Não queremos que as pessoas vão para casa a arrotar a pimento.”

O menu só é conhecido in loco, mas o preço está fixado nos 56 euros, sem vinho.

A grande aposta é nos jantares, com este conceito, mas estava previsto começarem a ser servidos almoços em Março, no espírito de “cantina fina”.

Taberna Fina. Praça Luís de Camões
22, 1º andar, Lisboa. 938 596 429.

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