Caminhos Cruzados: Em modo Clandestino

Legenda da foto: Os Clandestino foram ideia de Lígia Santos, aqui com a enóloga residente Carla Rodrigues, à esquerda, e o enólogo consultor Manuel Vieira.

Em 2012, o empresário Paulo Santos iniciava o seu negócio de produção de vinho em Vilar Seco, Nelas. Anos mais tarde, a sua filha Lígia tomava as rédeas da empresa, mas o destino mostrou ser outro: Em finais de 2020, a empresa foi adquirida pelos empresários Paulo Pereira e o casal Maria do Céu Gonçalves e Álvaro Lopes, do Grupo Terras e Terroir, proprietário da famosa Quinta da Pacheca, no Douro, e de outras quintas na Bairrada e Alentejo. A nova gestão não só manteve a estrutura de produção, como continuou receptiva à experimentação. Esta equipa é a responsável pelos vinhos Titular, a marca mais conhecida da empresa do Dão, mas também por vinhos com Descarada, Caminhos Cruzados, Vinhas da Teixuga e Teixuga.

Nesta casa com 40 hectares de vinha, a enologia está a cargo de Carla Rodrigues, uma engenheira química industrial convertida em enóloga (depois de formação adicional). Carla não está só: os enólogos consultores Manuel Vieira e Carlos Magalhães dão-lhe apoio há vários anos, aportando à adega décadas de experiência.

 

A linha Clandestino nasceu da cabeça da jovem Lígia Santos, actualmente responsável pelos departamentos de comunicação e sustentabilidade do grupo Terras e Terroir. O primeiro elemento surgiu em 2017, o Clandestino tinto, que agora vai na colheita de 2019. E logo no ano a seguir, surge o branco, que está na versão de 2022. Este é oriundo de castas estrangeiras plantadas junto à adega, na Quinta da Teixuga, e que, por razões legais, não podem dar origem a vinhos com Denominação de Origem Dão. Como é Clandestino, a bem-disposta Lígia armou o seu melhor sorriso e não quis dizer quais as castas usadas: Chardonnay, Sémillon… quem sabe?

O mais recente da linha é outra provocação da equipa: um vinho com mistura de uvas brancas e tintas, que recebeu o nome de Clandestino Cuvée EC + TN. É da colheita de 2022 e resulta da adição de películas de Touriga Nacional (resultantes da produção de um rosé) ao mosto de Encruzado. Afinal, diz Lígia, estas são as duas “castas rainhas do Dão”.

É um tinto de cor clara mas, também pelo corpo que apresenta, hesitamos em classificá-lo. Manuel Vieira diz que “não é um clarete e certamente não é um rosé”. E talvez não seja um palhete. Afinal, diz Carla Rodrigues, “é um vinho fora da caixa”. Ou, diríamos nós, um vinho de perfil “Clandestino”.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2023)

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