A Quinta de Malvedos fica localizada no Cima Corgo, perto do rio Tua e já muito próximo do limite da sub-região, ou seja, já a chegar ao Douro Superior. A quinta dispõe de adega própria, com lagares robóticos onde são vinificadas as uvas desta e da quinta do Tua que lhe fica bem perto. A proximidade entre a vinha e a adega é uma excelente oportunidade para poder vindimar exactamente quando se pretende e ter assim a certeza de que as uvas chegam à adega em minutos. Muitos enólogos continuam a defender a vantagem da pisa a pé sobre os lagares robóticos, mas não é o caso de Charles Symington que está muito satisfeito com os resultados e, inclusivamente, nos diz que “nem percebo como é que não há mais quintas a adoptar este método”.
The Stone Terraces identifica as parcelas da quinta que estão implantadas em terraços, cuja origem remonta ao séc. XVIII e que foram reconstruídos na era pós-filoxera. Uma delas, chamada de Port Arthur é constituída por duas parcelas, uma orientada a nascente e outra a poente e a vinha dos Cardenhos, virada a norte. Ao todo as duas parcelas ocupam 3ha. Na edição de 2021 este vinho representou apenas 2% da produção da quinta. Charles diz-nos que, enquanto lavrador, bem gostaria de produzir mais, mas a vinha “não dá” e isto apesar de, acrescenta, terem sido incorporadas este ano uvas de três novas castas ali plantadas: Alicante Bouschet, Sousão e Touriga Francesa. O plantio mais antigo nestes terraços remonta aos anos 90 do século passado.
Em todas as declarações do Vintage The Stone Terraces, a opção da empresa tem sido por colocar no mercado apenas uma quantidade relativamente pequena. Da edição de 2021 fizeram-se 4800 garrafas. Do 2017 foram produzidas 6360 garrafas, Portugal absorveu 32% desta quantidade. Em 2016 fizeram-se 4200 garrafas e em 2015 4800. Na primeira edição, em 2011, foram produzidas apenas 3000 garrafas. O mercado nacional é um muito importante “cliente” deste que é o mais exclusivo e caro Vintage da família Symington.
O entusiasmo em torno desta prova era grande, já que, como nos disse Charles, “nunca se fez uma vertical deste The Stone Terraces e cremos que, com 10 anos de vida, já dá para ficar com uma ideia clara do perfil destes vinhos” e, em jeito de conclusão não teve dúvidas em afirmar que “este vinho é a celebração de tudo o que é Malvedos, funciona como uma espécie de homenagem ao Douro de antigamente”.
O ano de 2021 não foi declarado com Vintage clássico pela Graham’s porque, como disse Charles, “não conseguimos na generalidade das quintas a qualidade e concentração que se exigem e um ano clássico”.
No que à prova vertical do Graham’s The Stone Terraces respeita, ficámos com uma noção clara da singularidade e qualidade desta vinha. Assim, o 2011 mostrou à evidência o ano em que nasceu, concentrado, cheio de força, um Vintage de longa duração, pleno de carácter (19); já o 2015 revelou fruta madura, tanino fino, enorme frescura ácida, dá imenso prazer a beber desde já (19); bem diferente o 2016, químico, austero, repleto de fruta negra e chocolate amargo, sisudo, ainda por desenvolver (19); finalmente, o penúltimo a chegar ao mercado, 2017, revelou-se denso na fruta, groselha preta e amoras, austero e químico, algo fechado, a revelar uma estrutura de taninos muito firme dizendo que ganhará muito em cave. Com o 2021 que apresentamos em separado, estes Vintage formam um quinteto de excelência, que faz justiça ao honroso nome da Graham’s e da Quinta de Malvedos.
(Artigo publicado na edição de Junho de 2023)