A Kopke lançou, no mercado, a Library Collection, uma edição especial com três vinhos com 100 anos, composta por um Porto Very Very Old Tawny, um Vermute e um Quinado, estes criado a partir de uma base de vinho do Porto. Integram a “livraria” histórica da Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto, cuja fundação data de 1638, ou seja, têm estado em repouso há muito tempo nas suas caves de Vila Nova de Gaia.
Segundo Carlos Alves, diretor de viticultura e enologia do Grupo Sogevinus, onde a empresa está integrada, são vinhos que estão em barrica há mais de um século, que são apenas lançados em edições especiais, como esta, ou são guardados como memória, sobretudo quando as quantidades já são muito pequenas, para servirem de exemplo a quem faz hoje os Vinhos do Porto desta casa.
“Para produzir esta edição também foi feito um pequeno trabalho de investigação, que permitiu contar melhor a história destes vinhos que nasceram no Douro e desceram o rio para ficarem armazenados nas caves da Kopke”, contou Carlos Alves durante o lançamento, que decorreu na sala do tribunal do Palácio da Bolsa, no Porto. A The Library Collection, que é comercializada numa caixa em formato de livro com três garrafas de 37,5 cl é, assim, uma edição que pretende mostrar o resultado de tradições e métodos ancestrais.
Após uma demorada imersão ao espólio de vinhos antigos e raros da Kopke, detentora de uma autêntica biblioteca vínica, as três referências históricas foram resgatadas pela sua equipa de enologia para comemorar o longo percurso deste produtor de vinhos do Porto. Os três seleccionados, cuja curadoria tem atravessado gerações, contam histórias passadas de forma singular. O Very Very Old Tawny, um lote criado por Carlos Alves com vinhos do Porto de 1890 a 1930, mostra nariz expressivo e intenso, fresco e complexo, onde se salientam notas de chá preto, caramelo, turfa, um pouco de verniz e madeira, resultantes dos anos de envelhecimento em pipas. A boca, fresca, tem volume e doçura, e um final onde se salientam notas de frutos secos e açúcar queimado. Um vinho maravilhoso, para apreciar numa pausa bem longa, como todas as coisas boas o devem ser.
Foi lançado também um Vermute, criado a partir de uma receita secreta que remonta ao começo do século passado, que permaneceu em cave, quase intocado, durante mais de 100 anos. No seu aroma complexo e atractivo, para além de notas de Porto envelhecido em cascos, salientam-se alguns frutos secos, turfa, água oxigenada e acetona. É um vermute que nunca foi replicado, porque a receita que lhe deu origem se perdeu, e só existe um pequeno volume ainda em barricas. Uma raridade e uma tentação pela sua qualidade ao fim de tanto tempo.
A terceira novidade deste lançamento foi um Quinado, género outrora abandonado, agora resgatado para completar esta tríade desta edição limitada, cuja caixa está à venda por três mil euros. É um vinho também distinto, que mostra aromas de frutos secos, acetona e madeira encerada e uma boca doce, com persistência de notas de bolacha maria, lápis aparado e castanhas e um final longo e ligeiramente amargo. Este tipo de vinho, feito com base em Vinho do Porto, levava quinino e era vendido para as antigas colónias portugueses, onde servia ao mesmo tempo de bebida e de medicamento para a malária. J.M.D.