Maçanita é nome de Douro

Joana e António são irmãos e são enólogos, tendo o seu nome, individualmente ou em conjunto, associado a diversos projectos vínicos, que vão desde o Algarve aos Açores, passando pelo Alentejo. No Douro criaram uma empresa com um propósito firme: fazer vinhos que lhes deem prazer.

 

TEXTO Luís Lopes FOTOS Ricardo Palma Veiga

ANTÓNIO, o mais velho dos irmãos, foi quem primeiro se adiantou no mundo do vinho, através da bem-sucedida Fita Preta, no Alentejo, projecto lançado em 2004. Joana juntou-se-lhe dois anos depois, na empresa de consultoria enológica Wine ID, que dá apoio a diversos produtores vitivinícolas um pouco por todo o país. O Douro, no entanto, era um sonho antigo que faltava tornar realidade. O convite, em 2010, para trabalharem o vinho Mãos, levou-os a aprofundar o conhecimento e a paixão pelo Douro. Mas uma coisa é fazer vinho para outros, outra é fazer o seu. A oportunidade surgiu em 2011, com a aquisição das uvas de uma pequena vinha em Castedo. Nos anos seguintes os irmãos estenderam a sua “exploração” a todo o Douro, do Baixo Corgo ao Douro Superior. Hoje, fazem vinhos de muitas vinhas diferentes, em alguns casos misturando origens, idades, castas, altitudes, noutros isolando na garrafa o “terroir” específico do vinhedo.

Na verdade, Joana e António nem sabem dizer bem o que procuram. Talvez a “vinha certa” para fazer o “vinho certo”. Claro que, como todos os projectos, este também é um negócio. Mas a componente mais racional (representada pelo “base de gama” Maçanita Douro, 20.000 garrafas de tinto e 7.500 de branco, mais coisa menos coisa), não impede que os irmãos enólogos materializem as suas “manias” (a palavra é deles) e intuições, em experiências que depois originam autênticos “vinhos de garagem”, vinhos únicos de vinhas singulares, com produções que, no máximo, pouco passam as 1000 garrafas e, no mínimo, nem a metade disso chegam (uma barrica, e é tudo).

Nomes originais para vinhos que fazem da originalidade apenas um dos seus muitos atributos: “Gouveio by Joaninha”, “Malvasia Fina by António”, “É Sousão ou será Vinhão?”, “As Olgas”, “Os Canivéis”. Nomes intimistas, também, e estes vinhos convidam-nos a descobrir a sua intimidade, os seus segredos, as estórias que têm para contar. Como se descreve uma vinha com mais de três dezenas de castas, chamadas Praça, Malvasia Parda, Reconco, Trincadeira Branca, Chancelar, Carrega Branco, Donzelinho tinto, Tinta Bastardinha? O Douro de Joana e António é assim. E os irmãos sentem-se como dois miúdos largados num quarto cheio de brinquedos. A próxima brincadeira chama-se Vinho do Porto. Aposto que se vão divertir.

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