TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTO Ricardo Palma Veiga
Sim, encontra feijão-verde todo o ano. Mas se é uma pessoa atenta aos preços sabe que noutras épocas pode pagar três euros ou mais por quilo — e ainda assim ter mau produto. É no Verão, sobretudo em Julho e Agosto, que esta leguminosa está no seu esplendor em Portugal e isso significa vagens tenras, frescas e baratas.
Agora, vamos directos ao drama, ao horror: o fio. O fio do feijão-verde é uma chatice inultrapassável. Há no mercado variedades sem fio. A invenção dessa espécie foi, aliás, considerada de tal importância para a humanidade que o horticultor norte-americano que a inventou ficou com o epitáfio de “pai do feijão-verde sem fio” (Calvin N Keeney, 1858 – 1922). Sucede que nunca encontrei nenhum feijão-verde tão bom como o de fio, achatado e com mau-feitio.
Posto isto, enfrente-se o calvário. Como minorá-lo? Esqueça a faca e agarre num descascador. Com um movimento suave de cada lado do feijão verde vai ver que o fio sai fino, de uma só vez. A tarefa, contudo, ainda não acabou. Se a ideia é fazer sopa de feijão-verde, depois de descartar as pontas, corte a vagem em quatro ou cinco troços oblíquos. Lembre-se ainda que sopa de feijão-verde sem segurelha não é sopa de feijão-verde.
Se a ideia é cozer, então vai ter de recorrer a outro truque. Feijão-verde cozido inteiro e feijão-verde cozido em tiras ao comprido são duas coisas diferentes. E a segunda coisa é a melhor coisa. É outra chatice, mas se é fã do produto aconselho a compra de um equipamento muito simples que cumpre o corte de forma eficaz. No final, depois de cozido em água abundante (de 5 a 15 minutos, dependendo da maturação do feijão), tempere com alho laminado, vinagre e azeite. Um petisco.
Edição Nº15, Julho 2018