Quinta de Monforte: Cem hectares de pujança e ambição

Já falámos anteriormente do projecto da Quinta de Monforte. Fizemo-lo para destacar a raiz familiar e a história do seu fundador Daniel Rocha que, literalmente, cresceu a olhar para a propriedade que viria a adquirir anos depois. Falamos de uma propriedade com origem no século XVII, atualmente com 100 hectares, cerca de metade com vinha plantada entre 2015 e 2016. O projecto vitivinícola arrancou com pujança e ambição. Pujança relativamente aos investimentos: um sistema de drenagem, em toda a propriedade, e levantamento de muros de granito a suster os terraços de vinha, entre outros melhoramentos. Ambição, pois o objectivo é de atingir as 500 mil garrafas no prazo de 10 anos.

Voltámos a falar com Francisco Gonçalves, técnico encarregue dos vinhos e com muita experiência também no Douro e em Trás-os-Montes, que nos confirmou a excelência do terroir da propriedade, já de si sita numa das sub-regiões da região dos Vinhos Verdes com mais horas de sol e menor pluviosidade. A aposta em castas tradicionais, algumas até esquecidas, como veremos, todas muito bem-adaptadas à região, e as referidas condições climatéricas, asseguram uma produção regular e uma qualidade excepcional, mesmo que as vinhas sejam relativamente novas.
A par do terroir e clima, a filosofia da Quinta de Monforte parece também ser vencedora, num conceito de gama premium e ultra-premium com vinhos diferenciados do perfil habitual, ou seja, privilegiando-se vinhos complexos e estruturados, ainda que mantendo a frescura e acidez, e apostando em castas tradicionais, mas, como acima referimos, quase esquecidas.

Quinta de Monforte
O enólogo Francisco Gonçalves

Pode-se assim falar de algum exotismo, sobretudo nos novos vinhos da Quinta de Monforte, agora lançados, que demonstram ousadia e confiança. É o caso da casta Padeiro, anteriormente conhecida por Padeiro de Basto que, apesar de pouco valorizada, revela nas mãos do enólogo Francisco Gonçalves uma faceta fascinante, sobretudo para os aficionados de vinhos leves e com fruto encarnado definido. O enólogo diz-nos que, nesta quinta do interior da região dos Vinhos Verdes, a variedade Padeiro consegue preservar alguns taninos que lhe dão estrutura, sem que o lado adstringente habitual se manifeste. E é o caso também da casta Azal, normalmente utilizada para corrigir vinhos devido à sua elevada acidez, que consegue, uma vez mais nas encostas ensolaradas da Quinta de Monforte, uma maturação longa, mantendo, também aqui, a acidez viva que se pretende.

Para o produtor Daniel Rocha, vive-se um momento especial para a sua propriedade, com o lançamento de dois vinhos muito diferentes, fermentados em barricas de carvalho francês, de duas variedades pouco trabalhadas na região. Com este atrevimento, diz-nos, “quisemos dar um lado nobre e sério a estas variedades”. No lançamento, provámos ainda dois varietais de Vinhão, nas versões tinto e rosé, e um Colheita Selecionada branco a partir de Loureiro com uma pequena parte de Alvarinho. No portefólio do produtor, há ainda um varietal de Loureiro e outro de Alvarinho, e um entrada de gama.

(Artigo publicado na edição de Julho de 2023)

 

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