A sede da Sovibor fica no centro de Borba, em instalações com mais de dois séculos e foi estabelecida em 1968, em resultado da fusão de dois negócios de vinhos de famílias diferentes. Produz vinhos a partir de 80 hectares de vinhas próprias, mais 120 de parceiros, uma parte significativa das quais de vinha velha.
Chegou a ser uma das maiores empresas da região, mas, com o tempo, foi perdendo relevância e o seu negócio entrou em decadência até ser adquirido, em 2014, pelo empresário Fernando Tavares, proprietário da distribuidora Sotavinhos, que opera a nível nacional. Depois dessa data foram feitos investimentos na melhoria das instalações, e do processo de vinificação e engarrafamento da adega, que permitiram, à empresa, seguir novos padrões de qualidade e criar novas marcas de vinho. “A Mamoré de Borba, criada em 2015, é a nossa referência premium”, conta Rita Tavares, filha de Fernando Tavares e enóloga residente da empresa. Inclui uma gama alargada de vinhos e vinhos de talha, bagaceiras e aguardentes vínicas.
A apresentação da nova colheita do topo de gama tinto, o Mamoré de Borba Grande Reserva 2020, decorreu no restaurante Magano, em Lisboa, um lugar de sabores e aromas apropriado para um evento deste tipo, como se notou na parceria de dois dos petiscos que vieram para a mesa no início com o novo Mamoré de Borba Reserva branco 2023, as saladas de bacalhau com grão e de polvo, que se equilibraram muito bem com a sua textura, volume e frescura de boca, ou os sabores e aromas do cabrito assado no forno, que fizeram grande parceria com o Mamoré de Borba Grande Reserva 2020.
“A marca Mamoré de Borba, criada em 2015, é a nossa referência premium”, diz Rita Tavares, enóloga residente da empresa
O conforto das vinhas velhas
Trata-se somente da segunda colheita desta referência, o topo de gama da Sovibor, produzido a partir das vinhas velhas de sequeiro desta casa. Segundo António Ventura, enólogo consultor da empresa, estão situadas numa zona caracterizada por uma precipitação superior à média do resto do Alentejo, a uma altitude de 420 metros, onde existem sobretudo solos xistosos e argilo-calcários. “As vinhas velhas em causa vegetam sobre xistos castanhos, que são porosos, o que contribui para que se sintam confortáveis, porque têm grande capacidade de retenção da água”. Após a vindima, as uvas destinadas a produzir o Mamoré de Borba Grande Reserva 2020 são refrigeradas em camião frigorífico, pisadas a pé em lagar de mármore duas vezes por dia, com maceração pré e durante a fermentação que decorrer durante 48 e 72 horas. O estágio em madeira durou 18 meses, em barricas de carvalho francês de Allier e de Vosges de 300 e 500 litros, de primeira e segunda utilização, antes do engarrafamento. É um tinto que se pode beber agora ou durante muito mais tempo e merece as honras de figurar como estrela de primeira grandeza, não apenas do portefólio Sovibor, mas entre os vinhos do Alentejo.
(Artigo publicado na edição de Novembro de 2024)