[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Os vinhos de Setúbal têm vindo a conquistar números de vendas muito importantes, mercê da sua excelente relação qualidade-preço. No entanto, os seus tintos, sobretudo, vão muito para além do bom e barato, como Dirceu Vianna Júnior teve ocasião de comprovar.
TEXTO Dirceu Vianna Junior MW
FOTOS Ricardo Palma Veiga
Certos livros apontam a região de Setúbal como possível berço da viticultura na Península Ibérica, quando vinhedos foram cultivados pela civilização tartessa, cerca do ano 2000 A.C. Arquivos históricos mostram que a região já exportava vinho no século XII, mas passou a ganhar notoriedade a partir do século XIV, quando Richard II solicitou que o Moscatel de Setúbal fosse servido durante eventos da corte real inglesa. A região foi oficialmente reconhecida em 1908 e conta com 7.213 hectares de área total plantada, de acordo com os dados recentes do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Apesar da pressão comercial pelo espaço urbano, Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) da Península de Setúbal, constata que a área plantada tem permanecido razoavelmente estável durante a última década.
A casta Castelão, com 3227 hectares (ha), representa cerca de 49% da área total, sendo, de longe, a mais plantada. Moscatel de Setúbal corresponde a 8% da área plantada com 541ha, seguida por 512ha de Fernão Pires, 419ha de Syrah e 287ha de Aragonez. Outras castas plantadas incluem o Alicante Bouschet (252ha), Cabernet Sauvignon (243ha), Touriga Nacional (216ha), Trincadeira (168ha) e Arinto (125ha), dentre outras. A produção total da região nos últimos anos tem oscilado entre 408.000 hectolitros (hl) em anos menos abundantes, como 2013, e 525.000 hl em anos mais prolíficos, como 2017. A média das últimas cinco vindimas é de 480.000 hl. Apesar de o nome da região estar intrinsecamente associado com vinhos licorosos, os famosos Moscatéis de Setúbal representam apenas cerca de 6% da produção total. A maior parte das uvas regionais são destinadas à elaboração de vinhos tintos, que representam 64% do volume total.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”30591″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Percepção e qualidade
De acordo com Frederico Falcão, CEO do grupo Bacalhoa, os vinhos tintos da região têm vindo a conquistar quota de mercado devido à excelente relação entre qualidade e preço que oferecem ao consumidor. Jaime Quendera, gerente geral da Cooperativa Agricola de Santo Isidro de Pegões, concorda e acredita que o sucesso também tem a ver com a facilidade de o consumidor associar a região com as marcas e importantes casas da região. José Mota Capitão, enólogo e administrador da Herdade do Portocarro, julga que o consumidor terá a percepção de que os vinhos tintos de Setúbal apresentam frutas maduras generosas, perfil redondo, com taninos suaves, portanto fáceis de beber. Por outro lado, Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo chefe do grupo José Maria da Fonseca, alerta para o facto de que haver um número elevado de uvas plantadas e existir grande variação de estilos acaba por confundir o consumidor.
Os vinhos da região têm enorme sucesso no mercado português, ocupando a terceira posição, com uma quota de mercado correspondente a 5,8% do volume total engarrafado, abaixo de Alentejo, que conta com 16,8%, e o Minho (Vinho Verde), com 7,4% (IVV 2017). Porém, na mente do consumidor internacional ainda existe bastante trabalho para ser feito. Apesar de a maioria dos profissionais ter conhecimento da região através da reputação de seus Moscatéis, poucos consumidores fora de Portugal percebem a região como produtora de vinhos tintos de qualidade.
Quanto à qualidade dos vinhos tintos, Jaime Quendera acredita que Setúbal esteja no mesmo patamar das regiões mais desenvolvidas do país, tanto no campo da viticultura, com vinhas mecanizáveis e de extensão, quanto na vinicultura, com adegas modernas, totalmente equipadas e com profissionais habilidosos. Na opinião de Domingos Soares Franco, Setúbal estaria num patamar abaixo do Douro pelo facto de ter menos experiência com diversas altitudes e exposições, e mais elevado do que o Dão, por essa região ter estado durante muitos anos dependente de adegas cooperativas e somente ter despertado para a viticultura mais tarde, embora reconheça que sempre ali houve quintas privadas a produzir excelentes vinhos. De um modo geral, na opinião de Domingos Soares Franco, a qualidade dos vinhos da região de Setúbal é comparável à do Alentejo, talvez pela proximidade geográfica, embora solos e clima sejam distintos. Filipe Cardoso, o gestor da Quinta do Piloto, acredita que a qualidade em geral é boa, mas que faltam vinhos de patamares super-premium e ícones para se aproximar das outras regiões produtoras de grande reputação.
Na verdade, existe um pequeno núcleo de produtores responsáveis pela maioria do volume produzido e em termos de enologia, de um modo geral, a região está na linha da frente. Mesmo assim, existe um caminho a percorrer para que a qualidade continue crescendo, principalmente no que diz respeito ao uso excessivo de madeira, incluindo também a utilização de aduelas e outras alternativas. A solução seria tentar assegurar boa maturação e preservar o frescor que a fruta possui devido à proximidade do oceano Atlântico e não ofuscar isso com o uso excessivo de madeira. Também é necessário erradicar um dos maiores problemas encontrado nos vinhos desta região, que é a extração excessiva, o que faz com que os vinhos lançados jovens cheguem ao mercado demasiadamente firmes, tânicos e adstringentes. De um modo geral, é importante não ceder às modas que vêm do exterior, interferir menos e buscar mais a elegância.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Estilos de vinhos
Frederico Falcão considera os vinhos desta região, de forma geral, macios e fáceis de beber. Ao mesmo tempo, a região é capaz de produzir vinhos com estrutura, e muito equilíbrio entre o teor alcoólico e acidez, simultaneamente vinhos elegantes, fáceis de beber enquanto jovens, mas também com capacidade de envelhecimento.
Filipe Cardoso, da Quinta do Piloto, acredita que os vinhos regionais exibem um estilo mais internacional, similar aos vinhos do Novo Mundo, pois são frutados, concentrados e fáceis de beber e frequentemente com madeira evidente. Segundo José Mota Capitão, esses vinhos têm a tendência para ser demasiadamente comerciais, e, como tal, por vezes, perdem um pouco de seu carácter e personalidade. No que diz respeito aos Palmela de gama mais alta, Filipe Cardoso descreve vinhos mais clássicos, vinhos de terroir comparáveis com o estilo Velho Mundo. Para Jaime Quendera, os tintos de Setúbal são tintos maduros, mas apresentam frescura natural devido à sua proximidade ao mar e será esta a sua grande diferenciação.
O facto é que não existe clareza ou consenso em relação ao estilo dos vinhos na região. Por um lado, isso é bom, pois demonstra a personalidade e diversidade, por outro lado torna-se difícil selecionar um produto regional com segurança, devido à falta de coerência no que diz respeito aos estilos de vinhos.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”30592″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso pode ser considerado uma desvantagem em comparação às outras regiões onde os estilos são mais uniformes, como Brunello de Montalcino, Rioja, ou mesmo o Cabernet Sauvignon de Napa Valley ou o Merlot do Chile. Nestes casos, o profissional e, principalmente, o consumidor internacional que adquire o produto, tem uma boa ideia de qual será o estilo de vinho que o espera quando sacar a rolha.
Os consumidores estão dando cada vez mais valor aos vinhos de carácter e que conseguem preservar a personalidade do seu terroir. Existe uma oportunidade para crescer no mercado externo, que hoje é responsável por cerca de 35% do consumo da produção local. Um dos caminhos para que a região se afirme como confiável produtora de excelentes tintos seria valorizar sua casta tinta, o Castelão, como a bandeira principal dos vinhos tintos de qualidade da região. Hoje, uma carta de vinhos verdadeiramente internacional deve contar com a presença de, pelo menos, um Malbec argentino, um Shiraz australiano e um Sauvignon Blanc neozelandês, por exemplo. Além disso, precisa de conter os clássicos do Velho Mundo, como por exemplo Barolo, Ribeira del Duero, Nuits St Georges, entre outros. A região de Setúbal deveria trabalhar no sentido de produzir vinhos tintos onde a casta Castelão fosse maioritária e que atingissem esse nível de notoriedade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Desafios e estratégias
Frederico Falcão defende um trabalho que ajude fortalecer a percepção de que os vinhos da Península de Setúbal oferecem excelente custo/benefício para consumo do dia-a-dia e, ao mesmo tempo, tentar surpreender com vinhos de topo de gama. Sugere o foco em mercados como Brasil e Angola, que já são fortes importadores dos vinhos da região. Felipe Cardoso incluiria Inglaterra, Estados Unidos e Canadá como países ideais. Para Domingos Soares Franco, o Canadá, Escandinávia, América Central e América do Sul apresentam as melhores oportunidades. Uma coisa é certa: os produtores precisam de trabalhar em conjunto e gastar a sola do sapato, viajar mais e mostrar os seus vinhos ao mundo com mais confiança.
Apesar de a região ter comercializado €49.238.124 de vinhos tranquilos (Dados do IVV 2017), com um crescimento de 3,8%, existem vários desafios a serem enfrentados. Na área de viticultura, além das ameaças das alterações climáticas, na opinião de Domingos Soares Franco os trabalhos de campo poderão vir a ser comprometidos devido à falta de mão-de-obra. Filipe Cardoso acredita que um dos maiores patrimónios que a região possui deve ser protegido energicamente, ou seja, não deixar morrer as vinhas velhas de Castelão, Fernão Pires e Moscatel, pois é isso que dá identidade à região. Para José Mota Capitão, um grande problema são os preços demasiadamente baixos que produtores recebem pelo seu produto, influenciando negativamente a região como um todo. Acredita que a região precisa de se afirmar como produtora de vinhos de qualidade a preços mais altos e justos. E afirma ser triste e desagradável receber propostas de exportação em que o limite máximo para vinhos da Península de Setúbal está abaixo de 1,79 euros por garrafa.
Porém, muita coisa positiva aconteceu nos últimos anos. Jaime Quendera explica que a região, há menos de duas décadas, era composta praticamente por duas empresas e que em termos de vendas ocupava a sexta ou sétima posição do país. Foi precisamente por oferecer preços médios competitivos que foi possível estimular o desenvolvimento. Hoje, defende, existe um número maior de empresas e essas estão gradativamente mais fortes.
A verdade é que, apesar de a região se mostrar bem capaz de fazer brancos e tintos de qualidade superior, o preço médio está entre os mais baixos do país. De forma geral, é essencial trabalhar com o objetivo de valorizar mais os produtos e adequar os preços ao seu valor intrínseco para assegurar, além de uma margem de lucro correcta, que seja possível seguir investindo e apostando no aprimoramento contínuo, consequentemente garantindo o futuro da região.
Em relação ao futuro, Jaime Quendera acredita que tudo continuará a desenvolver-se como tem ocorrido nos últimos tempos, com produtores buscando melhorar a qualidade e seguir oferecendo ao consumidor vinhos com boa relação entre qualidade e preço. Para Filipe Cardoso não existe duvida de que a região vai continuar a crescer, pois existe um grande número de profissionais jovens, curiosos e criativos à frente da maioria das adegas, o que vai impulsionar o desenvolvimento da região. José Mota Capitão também se mostra optimista e diz que existe espaço para novos produtores, mesmo que o futuro próximo esteja fortemente dependente do que será feito pelas quatro maiores empresas da região.
O interesse renovado por vinhos do Chile e Argentina em vários mercados, nos últimos tempos, tem muito a ver com o que foi feito não pelas grandes marcas mas por pequenos projetos em sub-regiões novas que quebram paradigmas, demonstram criatividade e aumentam a percepção positiva da região e do país como um todo.
É natural que os grandes produtores continuem focados em promover as suas próprias marcas, mas existem méritos e vantagens que justificam fazer um trabalho colectivo em paralelo, com o objetivo de divulgar a região de um modo geral. Definir com mais nitidez os estilos de vinhos tintos, para que fique mais claro na mente do consumidor sobre o que esperar, encorajar pequenos produtores para energizar positivamente a região, continuar a focar na qualidade sem perder identidade com vinhos que não transmitem o seu terroir, não ter medo de ultrapassar limites e lançar vinhos-ícone. Estes serão alguns dos passos necessários para que os vinhos tintos da região atinjam o reconhecimento que precisam e merecem.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][heading]Em Prova[/heading][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
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Edição Nº 17, Setembro 2018
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