Julia Kemper: Paixão pelo vinho e respeito pela Natureza

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]As vinhas de Julia Kemper têm uma história que começou nos seus antepassados, mas está agora com ela, que aterrou neste mundo vinda de outra profissão. O maior destaque é mesmo o respeito pelo ambiente e a certificação biológica desde o início. Nada fácil no Dão, diga-se de passagem.

TEXTO António Falcão
NOTAS DE PROVA João Paulo Martins
FOTOS Anabela Trindade

“Nunca na vida fui agricultora; eu era advogada em São Paulo e Lisboa, mas fui a escolhida para herdar esta quinta. E levei três anos a dizer que sim.” É assim que começa a insólita história recente desta casa de Mangualde, contada pela própria Julia Kemper (www.juliakemperwines.com). Só aceitou com duas condições: “Se passássemos para a agricultura biológica. E assim foi.” E que começassem a vender vinho, “porque a quinta nunca o vendeu”. Nunca? Na verdade, a família (enorme) consumia o vinho, ou dava-o a amigos e clientes (um conjunto com mais de mil pessoas, recorda Julia). O restante ia para outras paragens…
Isto não significa que se tratasse a uva e o vinho ‘às três pancadas’, nada disso. Julia diz-nos que o seu avô “era muito vaidoso do seu vinho”: “Chegou a fazer milhares de quilómetros para o mostrar numa exposição em Berlim.” [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]E ganhou mesmo um prémio, exibido com orgulho numa das paredes da adega, sob forma de diploma emoldurado. Apenas não precisava de vender. Outro indício do amor à terra do avô, que aqui passava uma parte do ano, vindo de Lisboa, era o investimento em capital humano: quando aqui chegou, Julia diz-nos que a quinta (de 60 hectares) tinha 54 empregados!
O avô faleceu e, alguns anos depois, Julia começa a trabalhar na quinta, mas, como não percebia nada, chamou “uns franceses”. “Não porque eles saibam fazer melhor vinho do que nós, mas porque são mestres a vender. Ora, os franceses eram a favor dos vinhos varietais e eu queria também introduzir algumas diferenças em relação à tradição.” Por exemplo, deixar de fazer apenas um branco e um tinto (com as castas todas misturadas) e passar a fazer alguns ‘monocastas’.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”27938″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Isso obrigou Julia a alterar o encepamento, plantando por parcelas e castas. Com a reestruturação, acabou por reduzir a área de vinha. Optou por ficar com 20 hectares (menos de metade), receando, sensatamente, dar um passo maior do que a perna. Mas, confessa, “hoje teria mantido tudo”. E sabemos também que teria preservado alguma vinha muito velha (Julia fala em plantas com bem mais de 100 anos!) mas, por acidente, foi tudo fora. A escolha do novo encepamento foi para as castas tintas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen, e, nas brancas, Encruzado, Malvasia Fina e Verdelho. Muito típico do Dão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” equal_height=”yes” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Biologia polémica na região
Por aqui passaram muitos especialistas, incluindo técnicos de agricultura biológica. “Gastei muito dinheiro”, diz Julia, que acabou a contratar a empresa Vines & Wines, famosa no Dão, para continuar todo o processo. António Lopes, o encarregado de sempre (já falecido), e conhecedor profundo do terreno, assistia a tudo com alguma incredulidade. Os métodos biológicos eram estranhos para ele, mas aceitou e terá mesmo tentado evangelizar os amigos da região, que lhe diziam “ó António, tens a vinha cheia de ervas”.
Para Julia, a natureza tem forma de se equilibrar e só em casos anormais o humano tem de intervir. Ainda assim, não faltaram vozes na região (e fora dela) a augurar o ‘estampanço’ do projecto. Um técnico consagrado disse uma vez a Julia que aquilo tudo era “uma estupidez pegada”.
Afinal, o equilíbrio natural prevaleceu e o projecto foi avançando. “Comecei em 2003 a replantar a vinha, mas o primeiro vinho só saiu da colheita de 2008. Decidi não ter pressa. Sempre assim foi na minha vida.” A falta de pressa continua hoje, como se pode ver pelas notas de prova anexas, de vinhos tintos de 2011 e 2012. Não há mesmo pressas, e ainda bem. Os vinhos agradecem…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”image_grid” images=”27937,27940,27939″ layout=”3″ gallery_style=”1″ load_in_animation=”none”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Para o desenvolvimento da actividade e da região, José Castelo Branco não esquece que “o dinamismo do Alqueva veio dar um aqui boost muito grande. Proporcionou mais investimento nas redondezas, trouxe o movimento financeiro que estava a faltar”.
Ao longo da propriedade, que acompanha as margens do rio Guadiana, existem nove pequenas barragens, nove “oásis no deserto” que embelezam ainda mais aquilo que já é um local pleno de encanto. Percorrendo os caminhos da herdade, uma surpresa a cada passo, uma perdiz a descansar na estaca de uma vinha sem preocupações, o Guadiana a espreitar, quando menos se espera, entre dois montes que o encerram como que a impedir que ele fuja, o olhar sereno de um vitelo, um campo de flores silvestres a pintar o quadro de amarelo. A produção integrada e a consciência ecológica são evidentes.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Terroir de altitude
A Quinta do Cruzeiro está situada numa região de altitude, e os vinhos resultantes precisam de tempo para ‘casar’ na garrafa e, no caso dos tintos, amaciar os taninos. As vinhas estão situadas entre os 450 e 520 metros, mas os terrenos estão protegidos por quatro serras – Estrela, Caramulo, Buçaco e Nave. Lá em baixo, um conjunto de casarios forma a aldeia chamada Oliveira.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]De resto, é típico Dão, até na decoração do terreno: só vemos a vinha quando lá chegamos. Tudo se encontra no meio da floresta. Esta zona, aliás, foi fustigada por um fogo em 2016 e só se salvou porque os meios aéreos chegaram a tempo. Ainda assim, Júlia perdeu um dos 10 imóveis da quinta, completamente destruído pelas chamas. A outra característica típica de (algum) Dão é o predomínio do granito. A prová-lo estão vários rochedos de imponente tamanho que se encontram junto à vinha. Mas também existem alguns pedaços com solo xistoso.
O sistema de rega está instalado, mas pouco funciona, porque não tem sido necessário. O subsolo tem muita água e o velho António Lopes sabia isso muito bem. E contrariou inclusive, com razão, a varinha de um vedor que foi contratado para ver onde havia água. Facto curioso: uma história de análises e observações indica que os terrenos que mais fazem sofrer a vinha são aqueles de onde vêm as melhores uvas e onde se fazem os melhores vinhos.
Vê-se que a proprietária gosta de passear pela vinha. Ou melhor, correr, como tinha feito nessa madrugada. “Na agricultura biológica temos que ver a vinha todas as semanas, mesmo no Inverno.” Não é só a visão romântica do assunto, mas também uma maneira de perceber se algo se está a passar: “Aqui temos que jogar sempre em antecipação”, confessa a proprietária.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”27951″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Rumo à adega
A fazer vinhos há mais de um século, a Quinta do Cruzeiro possuía, claro, uma adega própria. O avô de Julia ampliou-a e a neta também. Mas não foi preciso fazer muita coisa. O avô era visionário e mandou fazer depósitos em cimento, uma revolução na altura. Julia dividiu os depósitos em espaço mais pequenos, para flexibilizar o armazenamento dos vinhos. E mandou fazer revestimentos em epoxy e instalar sistemas de controlo de temperatura. Outra inovação do antepassado foi para o percurso da uva e mostos: tudo é feito por gravidade, sem se usarem bombas. A adega comporta ainda lagares de pedra, que ainda hoje são usados para fazer a pisa a pé nos tintos. As maiores modificações ocorreram nos brancos, feitos com recurso à tecnologia mais moderna, com controlo de temperatura e inertização. Infelizmente há pouca uva branca, situação que deverá mudar num futuro próximo. Até porque Julia passou a gostar muito de brancos, especialmente depois de estagiarem alguns anos.
A vindima chega a juntar 30 ou 40 pessoas, algumas delas com um histórico de décadas: “Temos inclusive emigrantes que vêm fazer a nossa vindima, porque gostam”, diz-nos a proprietária. Tudo é feito à mão, para caixas de pequeno tamanho, mas, mesmo assim, existe uma mesa de escolha vibratória na adega, para refugar qualquer cacho ou bago em más condições. Ou seja, a uva é aqui muito bem tratada, da vinha à adega.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_custom_heading text=”Em Prova”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº15, Julho 2018

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