Quinta do Côtto Grande Escolha, o renascer de um clássico

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]A Quinta da Marinha foi o local escolhido para a prova vertical deste tinto que já foi uma referência do Douro e que hoje procura recuperar o tempo perdido, regressando ao convívio dos consumidores. O produtor, o enólogo e o distribuidor estão agora apostados no renascimento destes tintos do Baixo Corgo, quase na fronteira com a região dos Vinhos Verdes.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

O anfitrião da prova foi Miguel Champalimaud, que herdou do pai o nome e, agora, a responsabilidade da condução do negócio da Quinta do Côtto e do Paço de Teixeiró, propriedade vizinha do Douro e onde se produzem Verdes muito personalizados. A Quinta do Côtto começou por ser conhecida nos anos 60 e 70, quando editava uns tintos com indicação de casta, algo raro para a época.
Havia no mercado um tinto de Sousão e outro de Bastardo. Este último não seria seguramente o mesmo Bastardo que conhecemos hoje na região, porque, ao contrário dos actuais, era um tinto carregadíssimo na cor. Além dos tintos, a quinta também produzia brancos, um deles elaborado com a casta Avesso, a mesma que conhecemos na vizinha zona de Baião, já na região dos Vinhos Verdes. Há poucos anos tive oportunidade de provar um destes brancos de Avesso, de 1979, com uma impressionante cor citrina e uma saúde invejável para a idade, um branco que se bebia com muito prazer.
Numa época, anos 70 e 80, em que os vinhos do Douro de referência se contavam por muito poucos, a Quinta do Côtto era já uma marca prestigiada. Não é assim de admirar que o crítico inglês Charles Metcalfe, no seu The Wines of Spain & Portugal (1988) a tenha incluído nas duas únicas referências que fez aos vinhos do Baixo Corgo, ao lado dos da Quinta da Pacheca e salientando, no Côtto, a aposta nas castas portuguesas e regionais, ao contrário da Pacheca, onde se estavam a dar os primeiros passos nas castas brancas internacionais. O Quinta do Côtto surgia assim aos olhos de Metcalfe como “one of Portugal’s rising stars”, sobretudo o Grande Escolha, referenciado como usando madeira nova para o estágio, algo também inovador para a época.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32611″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Nos anos 80, os vinhos Quinta do Côtto granjearam justificada fama. Não eram os únicos vinhos durienses, uma vez que além dos vinhos da Ferreira (Planalto em branco, Barca Velha, Reserva Especial, Vinha Grande e, a partir da colheita de 1984, o Esteva, todos tintos), existiam outras marcas com algum prestígio, como os vinhos da Real Vinícola e Real Companhia Velha e os Vinhos Borges (marca Lello).
O Quinta do Côtto beneficiou de três factores que contribuíram para a sua fama: a qualidade do vinho, a irreverência do proprietário (uma voz bem sonora contra o estado das coisas na região e as instituições que lhe estavam associadas) e, por último, uma boa imprensa, apesar da timidez do jornalismo vinícola de então e que permaneceu até finais dos anos 80. Relembro as crónicas de José Salvador no semanário “Expresso”, quando apelidava de “três reis magos” o trio maravilha – Barca Velha, Reserva Especial e Quinta do Côtto Grande Escolha – e quando, no seu O Livro dos Vinhos (1989), reservou um texto de boa dimensão para dar a conhecer Miguel Champalimaud, iconoclasta e defensor dos vinhos dos chamados “produtores-engarrafadores”, bradando bem alto contra tudo e contra todos. Mesmo uns anos mais à frente, também Richard Mayson no seu “Portugal’s Wines & Winemakers” (1992) salienta o carácter irreverente do produtor mas não deixa de afirmar de forma bem categórica o seu apreço pelo Grande Escolha: “The wine deserves acclaim!”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Vinhos com política pelo meio” color=”black”][vc_column_text]Não foi a primeira vez que fiz uma prova vertical deste vinho, mas a última já foi há seguramente duas décadas. Na altura em casa de Miguel Champalimaud, na Quinta da Marinha, num jantar muito animado e para o qual convidou muitos dos seus amigos que tinham estado bem activos nos anos da brasa, a seguir ao 25 de Abril. Nem é preciso falar da animação que foi. As “hostilidades” começaram com a prova vertical, a apropriada hora de final de tarde, a que se seguiu o jantar confeccionado pelas “senhoras da casa”, capitaneadas pela mulher de Miguel. O que já não recordo é a sequência dos vinhos e sobretudo, se estariam todas as colheitas, algo que agora aconteceu e que segundo Miguel (filho) é provável que não se repita porque, de várias colheitas, já não há vinhos.
O tema do jantar não poderia deixar de fora as aventuras de vários dos presentes, sobretudo aquando do período mais quente da turbulência que varreu o país nos anos da revolução. É caso para dizer que os vinhos aí provados foram bem saboreados. Memórias vínicas e políticas de mãos dadas.[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UMA PROVA HISTÓRICA
A história do Grande Escolha liga-se também à vida atribulada que a marca teve no mercado interno: muito presente nas prateleiras e na restauração nos anos 90, a marca perdeu terreno porque a oferta de vinhos da região foi maciça nessa década e o consumidor passou a dispor de imensa oferta; depois, o facto de ter optado pelo vedante de rosca em vez da tradicional cortiça e de no ano 2000 ter decidido fazer apenas Grande Escolha em quantidade que se veio a mostrar desajustada para o mercado a que se destinava, tudo foi contribuindo para a perda de popularidade e o afastamento em relação ao consumidor.
É esse “terreno perdido” que a nova equipa, que além de Miguel Champalimaud inclui o enólogo Lourenço Charters Monteiro – desde 2015 ligado ao projecto –, procura conquistar de novo. O topo de gama continua a chamar-se Grande Escolha, embora tal designativo seja actualmente utilizado por imensos produtores, o que lhe fez perder algum impacto. A nova imagem também teve isso em conta e destaca agora o nome da quinta, deixando em segundo plano o designativo de qualidade.
Até aos anos 90 a madeira usada foi o carvalho nacional, uma tendência de resto seguida por vários produtores e enólogos, mas que no final da década deu lugar ao uso de madeira francesa, considerada mais fina e dando melhores resultados.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][divider line_type=”No Line” custom_height=”20″][image_with_animation image_url=”32612″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Por opção, abandonou-se a produção de vinho branco e desde 2001 que também deixou de se fazer Vinho do Porto. Em termos de vinha, temos neste momento 77 hectares na Quinta do Côtto e 8ha no Paço de Teixeiró. Do Quinta do Côtto fazem-se cerca de 70.000 garrafas e do Grande Escolha, em 2015, encheram-se 1600 garrafas, muito longe dos montantes atingidos em 1995, com mais de 60.000 garrafas de Grande Escolha lançadas no mercado.
A prova foi bem interessante porque os vinhos se mostraram em muito boa forma, com a natural variação que o tempo incute em cada garrafa, e com a particularidade de Miguel Champalimaud ter conseguido reunir todas as colheitas produzidas, sem excepção.
O primeiro Grande Escolha, de 1980 (7981 garrafas) foi feito em auto-vinificadores, chamados cubas argelinas, sem sistema de frio; ainda deu boa prova mas está claramente em terreno descendente. O 1982 foi, à época, um caso muito falado porque sempre apresentou um perfil duro, difícil e sem qualquer preocupação de agradar a quem gosta dos tintos novos; evoluiu com nobreza, não perdeu a rudeza mas ganhou mesmo alguns mentolados que lhe assentam muito bem; o 1985 foi na altura considerado um caso muito sério, com muita qualidade e elegância (26.750 garrafas); o tempo não o molestou e agora as leves notas licoradas dão-lhe muita classe, sem que se perca a energia Muito, muito bom! Os vinhos das colheitas de 1987, 1990 e 1994 mostraram-se num patamar elevado, aqui e ali com alguns pontos menos conseguidos, como um leve toque de couro no 1987, alguma falta de concentração no 1990 e mesmo uma acidez volátil um pouco mais elevada no 1994, a mostrar-se um pouco mais evoluído do que se poderia esperar. O 1995 revela também alguma evolução mas dá excelente prova e o 2000 (o ano em que toda a produção foi considerada apta a Grande Escolha) mostra-nos agora um esqueleto um pouco débil, resultando depois com um tanino algo agressivo; seguramente não justificará mais guarda. O 2001 e 2007 mostraram-se muito bem, aqui com perfeito equilíbrio entre estrutura, barrica e fruta. Dois bons exemplares do que se pretende com este topo de gama que, em 2007, reduziu a produção para uns razoáveis 5500 exemplares. O tinto da colheita de 2009, já com Touriga Nacional e algum Tinto Cão, mostrou-se em muito boa forma, concentrado mas elegante, a dar muito prazer a beber. A colheita de 2011 trouxe aquele que será, para mim, o melhor vinho da prova (18 pontos), ainda jovem e poderoso, negro na fruta, floral e com um belo equilíbrio de conjunto, com óptima frescura de boca. O 2012 vem um pouco na continuação do 2011, com taninos redondos, com bom desenho de boca, fino e bem equilibrado. Deixo em baixo a nota de prova completa do novo vinho agora apresentado, 2015, e que teve origem em duas parcelas de vinhas velhas, estagiou em madeira de carvalho francês de 2º ano e português de terceira utilização.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32618″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]As marcas de prestígio não percorrem sempre um caminho seguro e linear; têm altos e baixos e vão-se adaptando às mudanças, quer da técnica quer do gosto. Foi o que aconteceu com o Quinta do Côtto Grande Escolha, um clássico pela qualidade e antiguidade e que quer voltar a ser referência da região.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº19, Novembro 2018

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

SIGA-NOS NO INSTAGRAM
SIGA-NOS NO FACEBOOK
SIGA-NOS NO LINKEDIN
APP GRANDES ESCOLHAS
SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER
Fique a par de todas as novidades sobre vinhos, eventos, promoções e muito mais.