Barão do Hospital: Cresce a vinha e nasce um reserva

Legenda da foto: A Quinta do Hospital tem a sua origem no século XII e era local de abrigo para muitos peregrinos na sua viagem até Santiago de Compostela.

A Quinta do Hospital, em Valinha, Monção, foi adquirida pela Falua em Fevereiro de 2020 e desde logo se percebeu que a coisa era séria. É que esta é uma das mais notáveis propriedades da sub-região de Monção e Melgaço, com uma história riquíssima que remonta ao século XII e à Ordem do Hospital, ostentando um bonito solar e capela do século XVI.

Os terrenos abrangem 25 hectares, estendendo-se pelos dois lados da estrada. Quando da sua aquisição pela Falua (desde 2017 integrada no grupo Roullier) já havia vinha plantada do lado do solar, dez hectares de Alvarinho, videiras hoje com cerca de uma década. Mas logo ali, quer Rui Rosa, administrador da Roullier para Portugal, quer Antonina Barbosa, Directora Geral e de Enologia da empresa, tiveram em mente a ampliação vitícola, aproveitando ao máximo o terroir de excepção onde se situa a Quinta do Hospital.

Antonina Barbosa tem as suas raízes em Monção e conhece como poucos este terroir, onde solo, clima e casta se aliam para produzir excelência.

A vinha está plantada em cordão unilateral retumbante (com 1.75m de altura), um sistema de condução comum na região e que já mostrou a sua validade. Ainda assim, a Falua tem vindo a fazer melhoramentos graduais, no sentido de obter uma vegetação retumbante bem dividida entre os dois lados da sebe, melhorando assim o microclima na zona dos cachos. A área de videiras vai, entretanto, duplicar com a nova plantação a realizar em 2024. Neste momento, o terreno está a ser preparado e, segundo Antonina Barbosa, o sistema de condução ainda está em estudo, com base em ensaios que estão a fazer noutras vinhas da região. “Acima de tudo”, diz Antonina, “queremos que preserve as características genuínas da casta naquele lugar.”

Mas nem só de Alvarinho vivem os projectos Falua na região dos Vinhos Verdes. A empresa tem igualmente um Loureiro de primeira linha e, para garantir e até ampliar sua qualidade e consistência, chegou a um acordo com a Casa da Torre, propriedade da Companhia de Jesus, situada em Vila Verde, com um solar do século XVIII onde funciona um Centro de Espiritualidade. Antonina Barbosa conhece bem o potencial vitícola do lugar, pois a Falua recebe desde há anos as uvas provenientes da vinha de 1,5 hectares ali existente. Esse conhecimento levou a empresa a fazer um aluguer a longo prazo dos terrenos agrícolas da Casa da Torre e a plantar, no ano que passou, uma vinha de raiz, com 10 hectares de Loureiro e 1 de Padeiro. “Acredito profundamente que esta vai ser uma vinha muito especial e duplamente ‘abençoada’”, refere a enóloga.

A Falua tem, na verdade, investido bastante em viticultura, e não apenas no terreno, também no que é mais importante, as pessoas. Miguel Mesquita é o responsável por uma equipa que trabalha Tejo e Vinhos Verdes, com um técnico de viticultura residente em cada uma das regiões. E desde 2021, o experiente Professor Rogério de Castro assume a consultoria externa. O plano de investimento vitícola da Falua, a executar até 2024, e no valor de 5 milhões de euros, totaliza 200 hectares no Tejo (foram já adquiridos 80 hectares ao lado da emblemática Vinha do Convento) e 31 nos Vinhos Verdes.

Com tanto para dizer sobre a vinha (é aqui que tudo começa, afinal!), quase me esquecia de falar do vinho que aqui nos trouxe. Pois o Barão do Hospital Reserva branco 2020 vem da parcela situada mesmo à frente do solar e tem a madeira (metade do lote fermentou e descansou em barrica nova e usada de 500 litros) e o tempo de estágio (um ano sobre as borras) como principal factor diferenciador do Alvarinho “normal” da casa. E é, sem dúvida, um belíssimo vinho.

(Artigo publicado na edição de Maio de 2023)

 

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