TEXTO Luis Lopes
A Herdade do Rocim acaba de estrear no mercado o Grande Rocim branco, da vindima de 2018, apresentado online pela dupla Catarina Vieira/Pedro Ribeiro. Tal como acontece com o Grande Rocim tinto, topo de gama da casa, o conceito passa por escolher a melhor casta de cada ano e, dentro desta, as melhores barricas. Para este primeiro Grande Rocim branco, a eleita foi a Arinto. Até agora, a versão tinto tem sido feita, em todas as vindimas, com base na mesma casta, Alicante Bouschet, mas, segundo Pedro Ribeiro, nada garante que isso venha a acontecer com o branco da mesma marca.
No entanto, dada a “enorme consistência de qualidade” (palavras de Catarina Vieira) das uvas de Arinto oriundas da parcela com 20 anos de idade existente no Rocim e, acrescento eu, o facto de já existir na casa um 100% Antão Vaz de primeira linha (Olho de Mocho Reserva), a probabilidade de os próximos Grande Rocim continuarem a ser feitos de Arinto é bastante elevada.
Catarina e Pedro revelam que desde que começaram a pensar este vinho quiseram um branco de perfil mais leve, pensado num estilo que privilegiasse a elegância, mineralidade e frescura, mas sempre com potencial de longevidade. Escolhida a parcela de Arinto, num afloramento granítico, apesar da heterogeneidade de maturação e acidez das uvas entre a zona mais baixa e a cota mais alta, esta foi vindimada em conjunto, no sentido de se obter o melhor equilíbrio entre corpo e frescura. No final, o mosto ficou com 12,5% de álcool provável e 6,3 g/l de acidez, valores que revelam bem o enorme potencial da casta Arinto nestas terras da Vidigueira (e no Alentejo em geral…).
Após 12 horas de maceração na prensa, aproveitou-se apenas o mosto de lágrima (sem aperto) que iniciou a fermentação em cubas de cimento e terminou em barricas novas e usadas. Seguiu-se um estágio de 16 meses em 20 barricas, tendo sido escolhidas apenas as três melhores para o lote final. O resultado é um Arinto de excelência, de enorme expressão, precisão e finura, verdadeiro hino à casta e à região.