Mamoré em versão velhíssima

A aguardente vínica é um destilado muito exigente. Pode ser feito de várias maneiras, sendo que é obrigatório ser um destilado de vinho, para que assim se distinga das aguardentes que são feitas quer de bagaços quer de frutos. No fundo, qualquer produto que tenha açúcar e seja passível de fermentar, hortícola ou frutícola, pode, depois, dar origem a uma aguardente. Quando falo em várias maneiras de ser elaborada estou a pensar que, basicamente, a aguardente pode resultar da destilação de vinho que não encontrou comprador (as razões podem ser múltiplas), algo que tem muita tradição em Portugal; a Junta Nacional do Vinho (organismo que após o 25 de Abril se transformou em IVV) adquiria os excedentes da produção e depois enviava para destilação. Mas pode também resultar de uma vinificação específica para aguardente, com o vinho a ser destilado imediatamente a seguir a terminar o processo fermentativo, sem adição de sulfuroso. Este é o método mais usado em Cognac e na elaboração das aguardentes da Lourinhã, mas, entre nós, sempre foi a destilação de vinhos já feitos e, por vezes, guardados há muito, que se vulgarizou.

Creio que esta aguardente destilada na Sovibor, casa fundada em 1968 e adquirida por Fernando Tavares em 2014, se enquadrará na primeira categoria. Tanto quanto o proprietário pode adiantar, estaremos perante uma aguardente com cerca de 50 anos, uma idade que, se estivéssemos em Cognac, daria origem a um produto com preço de ourivesaria… Note-se que, a partir de uma certa idade (digamos, 20 anos) já não adianta manter a aguardente mais tempo em casco porque nada mais o tempo lhe acrescenta e, antes pelo contrário, rouba, uma vez que a evaporação é constante.

Portugal já foi pródigo em inúmeras aguardentes vínicas velhas que eram produzidas em quase todas as regiões, mas, as limitações à destilação, os preços altíssimos dos impostos e o “cerco” das autoridades alfandegárias levaram a que muitos produtores abandonassem a destilação. É com gosto que assistimos actualmente a um certo renascimento e ao surgimento de novas marcas, com preços muito ajustados à raridade e originalidade dos produtos.

Esta aguardente tem uma apresentação magnífica, com uma tampa em mármore, material bem abundante em Borba. Foram cheias 2000 garrafas de 500 ml.

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