TEXTO Ricardo Dias Felner FOTOS Ricardo Palma Veiga
POR mais que viva, nunca hei-de esquecer o sumo de melancia que bebi ao chegar a Luxor, no Egipto, com o Nilo mesmo ali ao lado, há quase 20 anos. Estavam mais de 40ºC e não podia haver nada melhor para me restabelecer da viagem.
Fora razões emocionais, parte da sensação de bem-estar terá resultado do facto de a melancia ser um super-alimento, rico em vitaminas e minerais. A Associação de Nutricionistas Portugueses garante que é também uma bomba do antioxidante lipoceno e contém citrulina, aquele nutriente maroto dos comprimidos azuis.
Com origem em África, a chegada da melancia à Península Ibérica só terá ocorrido no século X, pelas mãos dos mouros, tendo Espanha e Portugal, actualmente, magníficos campos de produção, sobretudo nas regiões mais quentes.
É, agora, em Agosto, que elas estão no seu auge de doçura. Escolha as mais pesadas e, se tiver ouvido, dê-lhe uma pancada seca e procure um Si bemol.
Quanto a aplicações culinárias, vão muito para além da talhada simples. Há quem a lamine só com aros de pimentos picantes poblano e lima, quem acompanhe com queijo de cabra ou quem faça pickles (no reputado restaurante Momofuku Noodles Bar, em Nova Iorque, do chef David Chang, alguns pratos vêm com pickles de casca de melancia, uma receita que pode experimentar fazer em casa).
De qualquer forma, aqui como no Egipto, onde existe desde 2000 a.C., é sobretudo quando comida simples que nos salva do calor. Lembrando as palavras sábias de Mark Twain: “Quando a provamos, sabemos o que é que os anjos comem.”