Quinta das Marias Dão com estilo desde 1991

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Peter Eckert é suíço e fez carreira em Portugal, no sector dos seguros. Quando pensou reformar-se optou pela compra de uma pequena propriedade no Dão, em Oliveira do Conde, perto de Carregal do Sal. Nunca se arrependeu da decisão e dos 2 hectares iniciais chegou aos 12. Hoje passa mais tempo entre nós do que na terra natal.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Anabela Trindade[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Todos sabemos que nem sempre é fácil ser estrangeiro em terras do interior, mas também já aprendemos que a maior ou menor receptividade depende muito da atitude de quem vem de fora. Peter, com uma simpatia muito contagiante, não teve problemas, “gosto das pessoas e nunca senti qualquer animosidade, sempre me receberam muito bem; estou muito contente por estar aqui e sinto-me em família”. Isso mesmo foi evidente quando fomos almoçar a um pequeno restaurante não muito longe de Oliveira do Conde: recebido como cliente habitual, com a simpatia das gentes do interior, Peter retribui com aquele sentimento do “somos todos cá da terra”, a mesma terra que teve Aristides de Sousa Mendes como figura emblemática.

Passaram 12 anos desde a minha primeira visita à Quinta das Marias. Na altura foi em época de vindima e, se agora voltasse no mesmo período, muito provavelmente iria encontrar os mesmos personagens, amigos suíços que fazem questão de voltar sempre para a vindima. E o médico ginecologista que então me recebeu poderá estar lá de novo que, diz Peter, “faz questão de ser ele a limpar a prensa”. Por aqui é assim, há amigos, há cumplicidades que se prolongam no tempo e há também a boa colaboração de Luis Lopes, enólogo, que após deixar a Quinta da Pellada assumiu a enologia desta propriedade. Vizinhos são também quintas conhecidas: Quinta Mendes Pereira, Magnum Carlos Lucas e União Comercial da Beira.

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Aquando da visita, em fins de Junho, a vinha estava o que se pode chamar um “mimo”: verdejante, bem tratada, com boa carga de uvas, já com os excessos de folhagem cortados e sem sinais de problemas fitossanitários. Mas Peter e Luis sabem que é cedo para grandes conclusões; é preciso esperar, estar atento, acompanhar e, se for caso disso, intervir. Em frente ao portão principal da quinta, onde entre várias bandeiras hasteadas lá está também a da Suíça, fica uma propriedade que Peter adquiriu e onde tem sobretudo o Encruzado plantado. Conta-nos: “quando comecei, apesar de serem só 2 hectares, a CVR obrigou-me a plantar quatro castas brancas e quatro tintas, mas quando essa obrigatoriedade acabou fiquei só com Encruzado.” É verdade, mas não totalmente porque à volta da vinha de Encruzado que fica do lado de lá da rua, existem várias parcelas “alugadas” a um vizinho em regime de comodato, ou seja, o proprietário mantém a posse da terra, Peter não paga nada pelo aluguer e o proprietário se quiser e quando quiser pode vender a parcela. A vantagem é que tem a terra tratada em vez de abandonada. Aí, nessa vinha, Peter e Luis levaram a cabo um programa de re-enxertia por borbulha (aproveitando a cepa original e o competente sistema radicular) tendo então plantado Uva Cão, Barcelo, Bical e Gouveio.

E, do que plantou no início, concluiu que aquelas não eram terras para  a Tinta Pinheira, “não dava nada, nem sequer cor ou aroma, só líquido” mas, ao contrário da ideia que Luis Lopes trazia da Pellada, a Roriz, de que Peter gosta bastante, dá-se aqui muito bem; Luis conclui que foi uma boa surpresa porque “a Roriz aqui não tem os taninos perros que tinha na Pellada”, e entra por isso sempre na Cuvée TT. Num ponto estão ambos de acordo: aqui é terra de Alfrocheiro, uma casta e tanto, que desde o primeiro momento – as primeiras plantações datam de 1991 – nunca foi uma decepção. Já as alterações climáticas e o aumento previsível da temperatura não auguram nada de bom nem para a Jaen (de que ambos são grandes adeptos) nem para a Bical. É provável que no futuro se tenham de fazer mudanças de castas.

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Uma vertical de Touriga Nacional

Na visita à Quinta das Marias, escolhi alguns vinhos para fazer uma prova mais alargada. Peter optou pela Touriga Nacional, mas foi evidente, ao longo de toda a visita, que a Alfrocheiro é também uva da sua eleição e que, contrariando o que por vezes se ouve dizer, também nunca teve nada contra a Tinta Roriz. A prova de 7 vinhos de Touriga Nacional da Quinta das Marias revela que aqui a casta conserva as suas boas características, mesmo em anos diferentes, e a qualidade é também muito consistente. Iniciámos a avaliação pelo Touriga de 2002, evoluído na cor mas muito fino e elegante, um verdadeiro prazer (17,5);  o 2005, mais jovem de aroma, mantém as notas de fruta em calda, com muita expressão e delicadeza apesar da boa garra (17,5); ainda cheio de cor mostrou-se o 2008, combinando as notas florais da Touriga com um toque vegetal de Alfrocheiro (tem 5% desta casta), intensamente gastronómico (17,5); o 2011 é o que mais se evidencia no momento, vigoroso, complexo e rico (18); muito jovem ainda, o 2014 conjuga o floral elegante, com um tom mais sério dado por taninos finos mas bem presentes (17,5); o 2015, afina pelo mesmo diapasão, fino mas estruturado e cheio de classe (17,5). Publicada à parte nestas páginas, a prova do 2016, agora no mercado, e que confirma a enorme consistência dos Touriga da Quinta das Marias.

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Na Primavera passada estiveram aqui durante três dias o casal Claude e Lydia Bourguignon, verdadeiros gurus da viticultura e especialistas dos solos, conselheiros de múltiplos produtores em todo o mundo. Vieram analisar o solo, perceber a relação entre os vários tipos de solo e os porta-enxertos usados, dar, em função disso, conselhos sobre podas e nutrição dos terrenos. Para isso fizerem doze buracos no terreno, espalhados em várias zonas da propriedade, em geral com 1,5 m de profundidade e depois da análise muito minuciosa de cada um foram feitas sugestões sobre o que fazer e o que mudar. Sobre as castas plantadas “não quiseram dar opinião, mas gostaram muito dos vinhos”, diz Peter, sobretudo Encruzado, Alfrocheiro e Touriga Nacional. Disseram que a terra era de grande qualidade para plantar vinha, mas que tinha muita areia na primeira parte do solo. Há também alguns problemas de excesso de humidade, e por isso aqui a vinha é de sequeiro. Diz-nos Luis, “temos em solos húmidos problemas de armilária, que é um fungo parasitário do carvalho que ficou na terra; nesses solos algumas cepas morreram e outras originam pouca produção. Há compensações a fazer e há erros que não se devem cometer, é para isso que serve um profundo conhecimento do solo que temos à disposição”.

A experiência foi boa conselheira e assim Peter, ao decidir ficar apenas com o Encruzado, arrancou o Borrado das Moscas (Bical), Malvasia Fina e Cercial. Curiosamente, voltou ao Bical nas re-enxertias do comodato. Nessa vinha havia castas como Semillon e Assaraky, um híbrido feito em Portugal de cruzamento de Assario com Sarak, uma casta que veio da Casa da Ínsua. Diz-nos Luis que “temos Uva Cão do Centro Estudos de Nelas e da Quinta da Passarela. Terrantez não plantámos porque não consegui arranjar varas. Falta-nos a Douradinha que é casta antiga e muito ácida que merece ser plantada”. Da vinha do comodato será posteriormente tirada a Tinta Roriz que lá está e em cujos pés se fez a enxertia. As varas de Touriga Nacional vieram também do Centro de Estudos de Nelas mas, como que a confirmar a tese clássica, “os resultados são muito diferentes conforme a localização e orientação da parcela e, claro, em função do subsolo”, lembra Peter. Se voltássemos aos anos 90, era seguro que as vindimas dos tintos só começavam depois de 5 de Outubro mas “actualmente começamos entre 20 e 25 de Setembro”. Coisas do clima, como é evidente. A produção ronda as 60.000 garrafas, das quais 40% se destinam ao mercado interno e o resto é exportado, sobretudo para o Canadá, Brasil e Macau.

[/vc_column_text][vc_gallery type=”nectarslider_style” images=”40686,40687,40688,40689,40690″ bullet_navigation_style=”see_through” onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O estudo e a atenção

Segundo Peter Eckert, quando na Suíça perguntava a opinião sobre os vinhos portugueses, ouvia invariavelmente que faltava consistência de qualidade e oferta no mercado para o consumidor. Foi nesses dois pontos – qualidade e consistência – que procurou pegar para alterar essa imagem. A prova dos Touriga Nacional que fizemos mostra exactamente essa consistência. Mas isso não surge por acaso: a produção de vinho exige alguns cuidados que Peter faz questão de salientar: a higiene é factor primordial em todos os trabalhos ao longo do ano, a atenção a todos os pormenores exige estar sempre em cima do acontecimento, há que manter uma atitude de estudo e curiosidade sobre o que se passa. O enólogo afirma mesmo que “Peter é estudioso e está sempre interessado nas coisas que lhe digo e ele vai informar-se sobre qualquer assunto e, quando voltamos a falar, ele já sabe muito sobre a matéria”, por isso sente-se habilitado para todas as tarefas da adega.

A vinda de Luis Lopes pode também levar à procura de novos vinhos e novas experiências, como Peter refere: “quero conciliar a linha de continuidade com a produção anterior, mas vamos ter projectos que o Luis vai assumir com ensaios e coisas novas que podemos experimentar”. Coisas novas, lembra Luis, como por exemplo o uso de extracto de grainha como substituto do sulfuroso; “já usámos e vamos agora engarrafar o ensaio a ver como se comporta na garrafa; para já, não ganhou acidez volátil nem brett (fenóis voláteis) o que é bom sinal. Mas vamos ver e vamos aprender”. Peter e Luis afinam claramente pelo mesmo padrão, procurando manter um estilo e um histórico, mas sem enjeitar experimentação e novidades. 27 anos depois do seu nascimento, a Quinta das Marias continua em grande no Dão.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”VINHOS EM PROVA”][divider line_type=”No Line” custom_height=”30″][vc_column_text]

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Edição Nº28, Agosto 2019

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