Se num lançamento, o vinho é o “verbo”, a vertiginosa veia de projecção e criação de Luísa Amorim insiste em levar-nos para a imensidão de feitos que, desta vez na Quinta Nova, se moldam e erguem numa constante busca do sublime e exclusivo.
Dentro do edifício original, construído em 1764, ungido pela pequena capela que a ladeia, nasce uma nova adega onde a tecnologia mais recente convive com a inspiração tradicional, onde o cimento possui, agora, um papel cada vez mais presente e persistente na concepção e definição de perfil dos vinhos DOC Douro. A orografia duriense replica-se na disposição das cubas de cimento de fabrico italiano, criadas à medida da adega, imitando os altos patamares e as curvilíneas formas das vinhas. São 35 novas cubas que aliam a tecnologia às fórmulas tradicionais de vinificação, valorizando-se a preservação da matéria-prima, permitindo uma evolução lenta do vinho e uma micro-oxigenação não redutiva dos vinhos. Com uma vertente promoção de identidade, valoriza-se igualmente a microflora que se desenvolve no interior das cubas nos processos de fermentação e estágio, conduzindo à expressão única de cada uma delas e a vinhos diferenciados e únicos. As mudanças climáticas e a antecipação dos seus efeitos são, igualmente, uma preocupação latente associada à preservação das florestas. A opção pelo cimento é uma prática cada vez mais difundida nos mais reconhecidos produtores franceses, vanguardismo que o universo de Luísa Amorim – Quinta Nova, Taboadella e Aldeia de Cima- procura seguir.
Não revelando os valores do investimento, a produtora afirmou com segurança que, não obstante o montante elevado, augura-se que o mesmo seja amortizado num espaço de 4 a 5 anos.
Prevista para estar concluída no final de 2024 a início de 2025, está a ampliação da unidade de alojamento e serviços de enoturismo de vertente ecológica. Serão mais 6 a 8 quartos, inseridos numa nova unidade dotada de spa e piscina semiolímpica panorâmica, com vista privilegiada para o rio Douro.
Dois tintos e um Vintage
No já longínquo ano de 1979 e até 1981, decorreram na Quinta Nova os primeiros estudos para a plantação monovarietal no Douro, centrados nas castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e também Touriga Francesa. No âmbito desses trabalhos, foram criadas várias parcelas de vinha, cifrando-se hoje em 41, cada uma com cerca de 3500 plantas por hectare, plantadas entre a cota mínima de 80 metros e a máxima de 287 metros. Os Quinta Nova Vinha Centenária P28/P21 e P29/P21, ambos da colheita de 2020, resultam desse compromisso entre duas parcelas de Touriga Nacional, num caso, e Tinta Roriz, noutro, com a magnificência e complexidade das Vinhas Centenárias, património genético com um total de 7 hectares onde pontificam cerca de 80 castas identificadas.
O primeiro Vintage da Quinta Nova nasce apenas em 1992 e, desde então, procura-se manter um perfil com um cunho muito pessoal da casa, afirmando um estilo próprio e identificável na prova. O Quinta Nova Porto Vintage 2021 é um arauto de personalidade e manutenção dessa marca, impondo concentração de fruta, robustez e estrutura, não descurando a tensão e a frescura num conjunto de profunda harmonia.
(Artigo publicado na edição de Novembro de 2023)