Vercoope, uma adega muito especial

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Que caso especial é este? De facto, não existe nenhum projecto semelhante em Portugal. E existe há umas boas décadas na região dos Vinhos Verdes, embora poucos enófilos o conheçam. Veja o relato de uma associação que não só teima em singrar, como está apostada em fazer mais e melhor.

TEXTO António Falcão       NOTAS DE PROVA Luís Lopes      FOTOS Anabela Trindade

Em Portugal, a maioria das cooperativas vitivinícolas nasceu nos anos 60 do século passado. Nestas últimas décadas, a história encarregou-se de validar este modelo empresarial (e social) e, olhando para trás, chegamos à conclusão de que foram muitas as que, entretanto, tombaram, caindo no esquecimento dos consumidores. Sobretudo por falhas de gestão, e, dentro destas, por falta de capacidade comercial.
Nos anos 60, um conjunto de seis cooperativas da região dos Vinhos Verdes teve a visão de se associar para, em conjunto, conseguirem ter mais força no mercado. Assim nasceu a Vercoope, criada em 1964 e que reuniu sete adegas cooperativas: Alto Cávado, Amarante, Felgueiras, Guimarães, Paredes, Vale de Cambra e Vila Nova de Famalicão. Algumas tinham já anos de laboração, como Felgueiras e Amarante. Outras tinham acabado de nascer.
O objectivo era o de criar uma espécie de braço comum para receber os vinhos vinificados por cada um dos associados, fazer os respectivos lotes, engarrafar e tratar de todo o marketing e da comercialização do vinho.
Esta filosofia de funcionamento seria pouco comum nos dias de hoje, mas nos anos 60 terá certamente sido extraordinária. Melhor ainda, o projecto foi singrando ao longo dos anos e hoje mantém-se de pedra e cal. Implica entre 4.000 e 5.000 viticultores e muita gente se teria questionado que, se não tivesse existido a Vercoope, quantas destas adegas ainda estariam vivas…
A Cooperativa de Felgueiras é a maior por boa margem e por isso não espanta que o administrador da Vercoope tenha vindo de lá.

DA VINHA ATÉ À ADMINISTRAÇÃO

A ‘cabeça’ da Vercoope chama-se Casimiro Alves e é engenheiro agrónomo de formação. Teve, contudo, um percurso muito sui generis, quase sempre ligado à Adega de Felgueiras: começou na vinha, mas passou depois para a adega, como enólogo. Algum tempo depois transitou para a área comercial, antes de entrar, em 2011, como administrador da Vercoope. Ou seja, Casimiro conhece todo o processo de produção e, melhor ainda, os meandros da comercialização. Esse conhecimento certamente lhe faz muito jeito no dia a dia, nomeadamente no relacionamento com João Gaspar, o enólogo residente da Vercoope.
O trabalho de João passa fundamentalmente por provar (e analisar) os vinhos nas respectivas adegas e depois fazer lotes, já nas instalações da Vercoope. A maioria do vinho vem das adegas em monocasta e o facto de ir para lote ou ser engarrafado como varietal é depois decisão de João Gaspar, que toma resoluções depois de consultar a área comercial e de gestão. Em alguns casos, João faz lotes de meio milhão de litros, como o Escolha da marca Via Latina.
No total, contudo, a Vercoope produz anualmente cerca de 9 milhões de garrafas.

UMA ADEGA DE GENEROSO TAMANHO

Já se adivinha que, para armazenar e engarrafar todo este vinho, a adega tem de ser grande. E é de facto enorme, ocupando vários pavilhões industriais junto à estrada nacional 105, vizinha à povoação da Agrela, concelho de Santo Tirso. Estas instalações foram inauguradas em 1980, mas já foram alvo de muitas obras. Como as que foram feitas para acomodar as duas linhas de engarrafamento, usadas não só para os produtos da casa, mas ainda para algumas marcas feitas pelas próprias adegas associadas. Ou ainda para terceiros. Uma das linhas consegue 5 a 6 mil garrafas/hora; a outra, mais moderna e totalmente automatizada, de 8 a 10 mil. Estas linhas trabalham praticamente to¬dos os dias da semana.
A adega inclui um laboratório bastante completo, agrupando a parte química e microbiológica. “Todos os dias se fazem aqui análises, de vinhos a encher até vinhos que recebemos”, diz o administrador. E continua: “os vinhos são pagos consoante a qualidade; aqui fazemos a parte laboratorial; a prova organoléptica é feita na Comissão de Viticultura, no Porto”.
O quê? Análises? Químicas e sensoriais? E de repente, nós paramos, atónitos.

UM MODELO BASEADO NA RESPONSABILIDADE

Pois é, apesar de os fornecedores serem associados (leia-se, sócios), aqui não há facilidades. Ou o vinho que vem das adegas é bom, e o preço compensa, ou é fraco e mal se paga a si mesmo. E os parâmetros de análise são os mais completos que vimos até hoje. Refira-se que a prova sensorial na Comissão dos Vinhos Verdes é cega: os provadores/avaliadores não sabem o que estão a provar. Este serviço, claro, é pago pela Vercoope.
Quer isto dizer que se um vinho não vier em condições, ele pode nem ser pago pela Vercoope ao associado. É para se ver a seriedade com que se trabalha aqui; ou seja, não existem filhos e enteados. “Trabalhamos em clima de confiança total com os nossos accionistas”, garante o administrador.
O preço base do litro adquirido ronda os 75 cêntimos para o branco (o tinto é mais barato) e depois pode ir valorizando até quase ao euro. A única excepção é a casta Alvarinho, que vale quase o dobro. A propósito, a Vercoope também tem Alvarinho de Monção e Melgaço, mas adquire-o na região a produtores locais.
Embora possam parecer baixos, estes preços são compensadores para os associados. De tal maneira que, segundo nos revelou José Sequeira Braga, presidente da Adega de Guimarães e membro da administração da Vercoope, não existem grandes tentações de os próprios accionistas fazerem, por exemplo, o seu vinho ‘especial’ à margem da Vercoope.

EM CONSTANTE CRESCIMENTO

A adega foi sendo remodelada ao longo dos anos, no sentido de melhorar as condições, modernizar a tecnologia e criar condições para certificações cada vez mais exigentes. E agora vai ser ampliada, diz-nos Casimiro. Mais milhão e meio de litros de armazenagem, mas também para fermentação de mostos fora de época. Os mostos são amua¬dos (não se deixam fermentar por acção de sulfuroso) e vão sendo fermentados à medida das necessidades. Isto é benéfico para vinhos de baixa gama, que ficam assim com fruta mais fresca e maior vivacidade. A parte técnica também vai receber novos equipamentos, para aumentar a eficiência e a qualidade dos vinhos. Este ano e nos próximos a Vercoope vai investir 300.000 euros por ano.
Em termos de quantidades, a adega está a receber 10% mais vinho todos os anos. O enorme crescimento vem da reconversão e novas plantações nas vinhas/terras dos associados das respectivas adegas. Este ano deverá superar-se a barreira das 10 milhões de garrafas.
As vendas crescem também mais de 10% ao ano. “Não há muita gente que se possa orgulhar disto”, garante Casimiro Alves, visivelmente satisfeito. Os pagamentos às adegas associadas são por isso rápidos e já ocorreram casos que foram antecipadas, por alguma necessidade pontual. A Vercoope tem estofo financeiro para isso…

Equipa ganhadora: José Castro, marketing e exportação, João Gaspar, enologia e Casimiro Alves, administrador.

3 VINHOS NO TOP 10 DA REGIÃO

As grandes marcas da casa são duas: Via Latina e Pavão. Mas aqui que são também feitas outras referências muito importantes, como Terras de Felgueiras e Urbe Augusta (esta exclusivo Pingo Doce), as duas com mais de um milhão de unidades por ano. A Via Latina vai, na sua maioria (60%), para a exportação, com a Rússia à frente. Todas as outras marcas são muito fortes no mercado interno. No total, a Vercoope tem 3 marcas no top 10 da região.
Só para se ter uma ideia do que tem sido o percurso desta empresa, há 15 anos, por vasilhames, a casa vendia um terço em garrafão, outro terço em garrafa de litro e o restante na normal garrafa de 0,75l. Hoje é quase tudo em garrafa de 0,75. “Ainda não conseguimos acabar com o garrafão, porque alguns clientes, incluindo internacionais, o exigem”, explica Casimiro Alves. Outra exigência do mercado é o vulgar gás adicionado a praticamente todos os vinhos da casa na altura do engarrafamento.

UMA CASA A AUMENTAR EM VELOCIDADE

Casimiro diz-nos ainda que “as vendas estão a correr bem e diversificamos bastante o nosso portefólio, com vários varietais e bi-varietais (Alvarinhos, Loureiro, Azal, Arinto, Espadeiro, etc), Escolhas e Grandes Escolhas…” O monocasta que mais vende é o de Loureiro, mas é a uva Arinto a mais usada nos vinhos da Vercoope. Vai é sobretudo para lotes…
Em termos de mercados, a VVV apenas exporta cerca de 30% da produção. O objectivo, contudo, é aumentar este valor, tarefa a cargo de José Castro, responsável de exportação: “queremos vender este ano 3 milhões de euros em exportação”.
A nossa visita chega ao fim. Não vimos um pé de vinha, quase não se falou em terroir, solos ou climas. São temas importantes, claro, mas aqui na Vercoope o fulcro é manter esta associação de boa saúde para que possa cumprir os seus encargos e que sobre espaço para crescer. Afinal, tal como qualquer empresa que se preze. O que lhe falta? O bem-disposto Sequeira Braga diz na brincadeira que falta “um brasão no portão, o palacete, o charme”. Casimiro Alves pensa em outros voos, como os de fazer conseguir aumentar paulatinamente o preço médio dos vinhos. Afinal, diz ele, “os nossos vinhos têm vindo a melhorar bastante”.

Edição Nº25, Maio 2019

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